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Doença do disco intervertebral em trabalhadores da perfuração de petróleo.

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Academic year: 2017

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Doença do disco int ervert ebral em

t rabalhadores da perfuração de pet róleo

Inte rve rte b ral d isk d ise ase amo ng

o il d rilling wo rke rs

1 Cen tro d e Estu d os d a Saú d e d o Tra b a lh a d or, Secret a ria d e Sa ú d e d o Est a d o d a Ba h ia . Ru a Ped ro Lessa 123, Sa lv a d or, BA 40110- 050, Bra sil. m d a roch a @sv n .com .b r 2 Facu ld ad e d e Med icin a, Un iv ersid a d e Fed era l d a Ba h ia . Av. Reit or M igu el Ca lm on s/no, Sa lv a d or, BA 40110- 100, Bra sil. fm c@sv n .com .b r

Rit a d e Cá ssia Pereira Fern a n d es 1 Fern a n d o M a rt in s Ca rv a lh o 2

Abst ract A cross- sect ion a l st u d y a m on g 1,026 oil d rillin g w ork ers in N ort h ea st Bra z il fou n d a p reva len ce ra t e of 5% for in t ervert ebra l d isk d isea se, va ryin g from 1.8% (a ct iv it ies w it h ou t h ea v y li f t i n g) a n d 4.5% (o cca si o n a l li f t i n g) t o 7.2% (ro u t i n e li f t i n g). D i sea se p rev a len ce w a s 10.5% a m on g d rillin g w ork ers w it h m ore t h a n 15 yea rs in t h e in d u st ry a n d 11.3% a m on g t h ose ov er 40 yea rs of a ge. Prev a len ce ra t io (PR) for t h e a ssocia t ion b et w een w ork in g in oil d rillin g op era t ion s a n d in t erv ert eb ra l d isk d isea se w a s 2.3 (95% CI: 1.3- 4.0). Ret rosp ect iv e in form a t ion a b ou t ex p o-su re w a s collect ed t o m in im iz e t h e h ea lt h y w ork er o-su rv iv a l effect . Usin g in form a t ion on cu rren t occu p a t ion in st ea d of occu p a t ion a l life h ist ory w ou ld ca u se a n u n d erest im a t ed PR of 1.1 (95% CI: 0.61.9). Logist ic regression sh ow ed resu lt s sim ila r t o t h e t a bu la r a n a lysis. N eit h er con fou n d -in g n or -in t era ct ion w a s ev id en t . Grow t h of t h e Bra z ilia n oil -in d u st ry a n d recen t ch a n ges -in t h e w ork force con t ra ct a n d m a n a gem en t , in v olv in g ch a n ges in risk m a n a gem en t a n d h ea lt h con -t rol, in d ica -t e a n eed for p rom p -t ergon om ic in -t erv en -t ion in ord er -t o con -t rol in -t erv er-t eb ra l d isk d isea se a m on g oil d rillin g w ork ers.

Key words Pet roleu m In d u st ry; In t ervert ebra l Disk ; Bon e Disea ses; Occu p a t ion a l Hea lt h

Resumo Est u d o t ra n sv ersa l em 1.026 t ra b a lh a d ores em d ist rit o d e p erfu ra çã o d e p et róleo d o N ord est e b ra sileiro m ost rou p rev a lên cia glob a l d e d oen ça d o d isco in t erv ert eb ra l lom b a r d e 5%, va ria n d o d e 1,8% (a t iv id a d es sem m a n u seio d e ca rga ), 4,5% (m a n u seio oca sion a l) a t é 7,2% (m a -n u seio h a bit u a l). Ta l p reva lê-n cia foi d e 11,4% em op era d ores d e so-n d a d e p erfu ra çã o d e p et róleo com m a is d e 40 a n os d e id a d e e d e 10,5% n a q u eles com m a is d e 15 a n os d e em p resa . A ra z ã o d e p rev a lên cia (R.P.) à a ssocia çã o en t re t ra b a lh o em op era çã o d e son d a e d oen ça d o d isco foi 2,3 (I.C. 95%: 1,3, 4,0). Pa ra m in im iz a r o efeit o sobrev iv ên cia d o t ra ba lh a d or sa d io fora m u sa d a s in -form a ções ret rosp ect iva s a cerca d a ex p osiçã o. A in -form a çã o referen t e à ocu p a çã o a t u a l em lu ga r d o h ist órico ocu p a cion a l resu lt a ria em RP su best im a d a d e 1,1 (I.C. 95%: 0,6, 1,9). A regressã o logíst ica ra t ificou os a ch a d os d a a n á lise t a b u la r. N ã o h ou v e con fu n d im en t o n em in t era çã o. O in crem en t o d a in d ú st ria d e p et róleo n o p a ís e a s a lt era ções n a gest ã o e con t ra t a çã o d a força d e t ra -ba lh o im p lica m m u d a n ça s n o geren cia m en t o d e risco e con t role d e sa ú d e, a lém d e p ron t a in t er-ven çã o ergon ôm ica p a ra con t role d a d oen ça .

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Int rodução

A p rob lem ática d o ad oecim en to d a colu n a ver-teb ra l fo i referid a co m o fo rm a im p o rta n te d e d e sga st e d o s t ra b a lh a d o re s d e sd e o s p rim e i-ro s m om en tos d a revolu ção in d u strial. En gels (1985), em A Sit u a çã o d a Cla sse Tra b a lh a d ora n a In glaterra, ob ra escrita n a m etad e d o sécu lo

XIX, já fazia referên cia às freq ü en tes d eform a-ções d a colu n a verteb ral q u e acom etiam op erários d e fáb ricas, em qu e se trab alh ava d u ran -te m u itas h oras p or d ia, com o efeito d a sob re-carga d e trab alh o. O NIOSH (N ation al In stitu te for Occu p a t ion a l Sa fet y a n d Hea lt h), en tid ad e

govern am en tal am erican a, defin iu – com o u m a das p rim eiras p rioridades p ara a década de 1990 – o estu d o d as afecções d a colu n a, em esp ecial, a lom balgia, con hecida p or associar-se ao tran s-p o rte m a n u a l d e ca rga s (Kn o s-p lich , 1995). No Brasil, as d oen ças m ú scu lo-esq u eléticas, com p red om ín io d a s d oen ça s d a colu n a , sã o a p ri-m eira cau sa d e p agari-m en to d o au xílio-d oen ça e a te rce ira ca u sa d e a p o se n ta d o ria p o r in va li-d ez (Alexan li-d re et al., 1992; Kn op lich , 1995). Isto sign ifica q u e con sid erável p arcela d a p op u -lação qu e trab alh a, afasta-se tem p orária ou d efin itiva m en te d o p ro cesso p ro d u tivo em fu n -ção d as lom b algias.

A h istória d os agravos à saú d e d o trab alh a-d or caracteriza-se p or gran a-d e su b -registro re-su lta n te d a fa lta d e recon h ecim en to d o n exo-cau sal en tre as d oen ças e as con d ições d e tra-b alh o n o Brasil (Possas, 1989; Rêgo, 1994). Este q u ad ro n ão é d iferen te p ara as d oen ças d a co-lu n a, qu e têm sid o m ais freqü en tem en te ab or-d aor-d as, n a p op u lação geral, em p ersp ectiva clí-n ica, iclí-n d ivid u al, p ou co eclí-n focaclí-n d o gru p os p op u lacion ais esop ecíficos, tais com o gru op os ocu -p a cio n a is n o s d iverso s ra m o s d a eco n o m ia . A con trib u ição d as con d ições d e trab alh o n a d eterm in a çã o d a s lo m b a lgia s d e esfo rço – q u a -d ros agu -d os q u e retiram su b itam en te o trab a-lh a d o r d a a tivid a d e – é reco n h ecid a em va sta literatu ra (Nach em son , 1992; An d erson , 1995). Estes qu ad ros rep resen tam cau sa exp ressiva d e afastam en to d o trab alh ad or d a in d ú stria atra-vés d o s a cid en tes típ ico s d o tra b a lh o. Po r su a vez, as lesões d e evolu ção in sid iosa, em b ora re-p resen tem com u m en te form as m ais graves d e ad oecim en to d a colu n a, n em sem p re têm a su a rela çã o co m o tra b a lh o reco n h ecid a (Ha d ler, 1987). “(...) O ca rá t er cu m u la t iv o e d em ora d o d os efeit os, (...), d ificu lt a a p ercep çã o d o n ex o-cau sal en tre o trabalh o e a d oen ça, m u ito m ais claro n o caso d o acid en te d o trabalh o d ad o o seu caráter sú bito e trau m ático”(Possas, 1989:89).

Este estu d o b u sco u estim a r a p reva lên cia d e d o en ça d o d isco in ter verteb ra l lo m b a r em

trab alh ad ores d e u m a in d ú stria d e p erfu ração d e p etróleo, d escreven d o-a d e acord o com o tip o d e ativid ad e lab oral d esem tip en h ad a e id en tifican do p ossíveis fatores de risco p ara a doen -ça d o d isco.

M et odologia

Fo i d esen vo lvid o estu d o h íb rid o tra n sversa l, com com p on en te retrosp ectivo (Pereira, 1995) em tra b a lh a d o res d a in d ú stria d e p erfu ra çã o d e p etró leo. A p o p u la çã o d o estu d o fo i o u n iverso d e trab alh ad ores d e u m d istrito d e p erfu -ração d e p etróleo em setem b ro d e 1994.

Co n fo rm e p revisto n a fa se d e d esen h o d o estu d o, a h istória ocu p acion al foi u tilizad a n o sen tid o d e p erm itir an álise tan to d e exp osição p regressa co m o a tu a l d o tra b a lh a d o r n a em -p resa.

Op to u -se p o r co leta r to d o s o s ca so s d e a fa sta m en to p o r lo m b a lgia (CID 724) e d o en ças d o d isco (722) a p artir d o b an co d e ab sen teísm o. Em seguida, p artiuse p ara levan tam en to d o s p ro n tu á rio s, a fim d e co leta r in fo rm a -ções d o p eríod o d e afastam en to, p ara resgatar aqu eles casos cu jo d iagn óstico in icial d e “lom -b algia in esp ecífica” foi d efin itivam en te classi-fica d o co m o “lo m b a lgia ca u sa d a p o r d o en ça d o d isco in ter verteb ra l” a p ó s a in vestiga çã o p rop ed êu tica d u ran te o afastam en to.

Foram con sid erad os “casos” tod os os trab alh ad ores qu e, n o m om en to d o estu d o, ap resen -ta va m d o en ça d o d isco in terverteb ra l lo m b a r q u e tivesse d eterm in ad o sin tom as d olorosos e gerad o in cap acid ad e tem p orária ou d efin itiva p ara o trabalh o. Todos os diagn ósticos de doen -ça d o d isco h aviam sid o feitos com exam e físico, tom ografia com putadorizada de colun a lom -b o -sa cra e/ o u m ielo gra fia e/ o u resso n â n cia m a gn ética . A q u eixa clín ica d e lo m b a lgia – e n ão u m resu ltad o d e exam e d e im agem – foi o ach ad o in icial p ara o d iagn óstico d e d oen ça d o d isco in terverteb ral lom b ar. Ap ós in vestigação clín ica, os m eios d e im agem u tilizad os su geri-ram , p ara estes casos, o com p rom etim en to d a estru tu ra d o d isco in terverteb ral, ten d o-lh e si-d o atrib u ísi-d o o qu asi-d ro clín ico.

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Os d ad os coletad os em cam p o p or in term é-d io é-d as in sp eções e en trevistas, b em com o com a a va lia çã o d a exp o siçã o a ca rga s m ecâ n ica s, foram an alisad os e su m ariad os, o q u e p ossib i-litou a d efin ição d e três gru p os h om ogên eos d e exp osição, aten tan d o-se, p ortan to, p ara as ati-vidades desen volvidas e a h istória ocu p acion al. Foi realizad a d escrição d os d ad os, segu id a d a an álise tab u lar e an álise estratificad a. Utili-zou -se tam b ém a an álise m u ltivariad a através d a regressão logística.

Result ados

A p o p u la çã o d e estu d o fo i co m p o sta d e 1.026 trab alh ad ores, com id ad e d e 25 an os ou m ais, sen d o 978 h om en s e 48 m u lh eres. Nã o existiu valor p erd id o p ara n en h u m a d as variáveis tem -p o d e em -p resa, id ad e, estad o civil, escolarid a-d e, gên ero, regim e a-d e trab alh o, ocu p ação.

O gru p o h om ogên eo 1 foi com p osto p or 278 trab alh ad ores, ao p asso q u e o gru p o 2 con tou co m 290 tra b a lh a d o res e o gru p o h o m o gên eo 3, 458, o q u e co rresp o n d e resp ectiva m en te a 27%, 28,3% e 44,6% d a p op u lação (Tab ela 1).

A Ta b e la 2 m o st ra q u e, n o gr u p o d e a t ivd aivd e 3, n ão tin h a trab alh aivd or ivd o sexo fem in i-n o. Ap ei-n a s i-n o gru p o 1, q u e co i-n cei-n tro u a tivi-d ativi-d es tivi-d e escritório, 16,2% tivi-d a p op u lação foi tivi-d o sexo fem in in o. Neste gru p o estavam 93,7% d as m u lh eres (n = 45). A p o p u la çã o fo i co m p o sta p o r gra n d e m a io ria d e tra b a lh a d o res ca sa d o s

(86,5%), e o n ível d e esco la rid a d e d e segu n d o gra u com p leto ou m a is ch egou a ser d e 87,4% p ara os trab alh ad ores d o gru p o 1. A m en or es-colarid ad e foi en con trad a n o gru p o 3, em q u e m etade dos trabalh adores (51,1%) n ão tin h a se-gu n d o grau com p leto. O regim e d e trab alh o era em tu rn o in in terru p to d e revezam en to p ara to-d o s o s tra b a lh a to-d o res to-d o gru p o 3; p a ra 71,0% d os trab alh ad ores d o gru p o 2; e p ara 36,0% d os trab alh ad ores d o gru p o 1. Este d ad o refletiu a com p osição d e cad a gru p o, ten d ose em m en te qu e tod as as ocu p ações d efin id as p ara o gru -p o 3 eram d a área o-p eracion al, cu jo regim e d e tra b a lh o era em tu rn o. O gru p o 1 a b ra n gia a l-gu m a s o cu p a çõ es d a á rea d e a p o io e d a á rea o p era cio n a l – a u xilia r d e segu ra n ça p a trim o -n ia l e téc-n ico d e flu id o, p o r exem p lo –, o q u e exp lica qu e 36,0% d os trab alh ad ores d este gru p o estivessem em regim e d e tu rn o. A p revalên -cia d e h érn ia d e d isco in cap acitan te foi d e 5,0% n a p o p u la çã o d e estu d o, va ria n d o d e 1,8% n o gru p o 1, 4,5% n o gru p o 2 a 7,2% n o gru p o 3. A d istrib u ição d a p revalên cia en tre os gru p os p o-d e ser vista n a Figu ra 1.

A Tab ela 3 m ostra qu e a p op u lação d o estu -d o tin h a i-d a-d e m é-d ia -d e 38,3 an os. A m é-d ia -d e tem p o d e em p resa p ara a p op u lação foi d e 13,4 a n o s. A id a d e m éd ia à ép o ca d a a d m issã o n a em p resa foi d e 24,9 an os. As três covariáveis ti-vera m va lo res m éd io s sem elh a n tes en tre o s três gru p os.

A ob servação d a Tab ela 4 m ostra q u e, com o a u m en to d a fa ixa etá ria , h á ten d ên cia

cres-Tab e la 1

G rup o s ho mo g ê ne o s d e e xp o siç ão d e finid o s p ara a p o p ulaç ão d e trab alhad o re s d e ind ústria d e p e rfuraç ão d e p e tró le o na Bahia, 1994.

Grupo O cupações n %

1) Trab alhad o re s c uja histó ria o c up ac io nal imp lic a Eng e nhe iro s; assiste nte , ajud ante e auxiliar ad ministrativo s; 278 27,0 e xc lusivame nte ativid ad e s ad ministrativas o u d e e sc ritó rio , té c nic o s d e fluid o ; q uímic o s; vig ilante s e o utras o c up aç õ e s

trab alho se ntad o c o m p o ssib ilid ad e d e mud anç a p o stural, c o m c o nte úd o d e trab alho se me lhante d o p o nto d e vista c o mo le vantar e and ar, se m manuse io d e c arg as d a d e mand a so b re a c o luna ve rte b ral

2) Trab alhad o re s c uja histó ria o c up ac io nal imp lic a ativid ad e s Me c ânic o s, so ld ad o re s e e le tric istas 290 28,3 c o m manuse io d e p e ç as e e q uip ame nto s, manuse io d e

c arg a o c asio nal, trab alho e m b anc ad as e e m o fic inas

3) Trab alhad o re s c o m histó ric o o c up ac io nal d e ativid ad e s Platafo rmistas, to rristas e auxiliare s d e p latafo rma 458 44,6 q ue imp lic am manuse io hab itual d e c arg a, le vantame nto

e m fle xão e ro taç ão simultâne as, fle xão d e tro nc o p ara suste ntaç ão d e c arg a c o m b raç o s

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cen te d a p revalên cia d e d oen ça in cap acitan te d o d isco p ara a p op u lação total d o estu d o. Nes-ta Nes-ta b ela , a p reva lên cia d a d o en ça fo i d e 0,0% p ara a faixa etária d e 25 a 29 an os, 3,2% p ara os tra b a lh a d o res co m 30 a 34 a n o s d e id a d e, su -b in d o p ara 4,3% p ara aqu eles n a faixa etária d e 35 a 39 an os, atin gin d o 7,5% p ara aq u eles com 40 an os ou m ais. A p revalên cia d a d oen ça cres-ceu d e 4,7% n a faixa etária d e 35 a 39 an os, p a-ra 11,4% n a q u eles co m id a d e d e 40 a n o s o u m ais, en tre os trab alh ad ores d o gru p o 3. Para o gru p o 2, a p reva lên cia foi d e 6,7% p a ra a fa ixa etária igu al ou m aior d o q u e 40 an os. Em fu n -ção d o p equ en o n ú m ero d e casos n o gru p o h o-m o gên eo 1, n ã o fo i feita a estra tifica çã o p a ra este gru p o.

A ob servação d a Tab ela 5 m ostra q u e, p ara a p o p u la çã o to ta l d o estu d o, h á ta m b ém ten d ên cia crescen te d a p revalên cia d e d oen ça in -cap acitan te d o d isco com o au m en to d o tem p o d e em p resa. No gru p o 3, a p revalên cia au m en -to u d e 4,6%, en tre o s tra b a lh a d o res co m 5 a 9 an os d e em p resa, p ara 5,2%, en tre aqu eles com 10 a 14 an os, e atin giu 10,5% en tre aqu eles com 15 an os ou m ais d e em p resa.

Em an álise b ru ta in icial d a associação en tre doen ça e exp osição ao tip o de atividade ocu p a-cion al m ostrada n a Tabela 6, vê-se que a doen ça d e d isco in cap acitan te é m ais p revalen te en tre Tab e la 2

Carac te rístic as d a p o p ulaç ão d e trab alhad o re s d e ind ústria d e p e rfuraç ão d e p e tró le o na Bahia, 1994.

Covariáveis População Tot al Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

n = 1.026 % n = 278 % n = 290 % n = 458 %

Gênero

Masc ulino 978 95,3 233 83,8 287 99,0 458 100,0

Fe minino 48 4,7 45 16,2 3 1,0 0 0,0

Est ado civil

Casad o 888 86,5 226 81,3 256 88,3 406 88,6

So lte iro 138 13,5 52 18,7 34 11,7 52 11,4

Escolaridade

≥2og rau c o mp le to 673 65,6 243 87,4 206 71,0 224 48,9 < 2og rau c o mp le to 353 34,4 35 12,6 84 29,0 234 51,1

Trabalho de t urno

Sim 764 74,5 100 36,0 206 71,0 458 100,0

Não 262 25,5 178 64,0 84 29,0 0 0,0

Doença do disco

Sim 51 5,0 5 1,8 13 4,5 33 7,2

Não 975 95,0 273 98,2 277 95,5 425 92,8

Fig ura 1

Pre valê nc ia d e d o e nç a d o d isc o d e ac o rd o c o m o g rup o ho mo g ê ne o d e e xp o siç ão , e m trab alhad o re s d e ind ústria d e p e rfuraç ão d e p e tró le o na Bahia, 1994.

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Grup o 3 Grup o 2

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os trab alh ad ores d o gru p o 3, com razão d e p re-valên cia bruta de 4,0 (I. C. 95%: 1,6, 10,1), ao pas-so que o grup o 2 ap resen ta R. P. de 2,6 (I. C. 95%: 0,9, 6,9) quan do o referen te é o grup o 1. Quan do se com param os grupos 2 e 3 – sen do o 2 o grupo referen te – a R. P. é d e 1,6 (I. C. 95%: 0,9, 3,0).

A Tab ela 7 revela associação p ositiva, estatisticam en te sign ifican te, en tre h istórico ocu -p acion al d e trab alh o em ocu -p ações d o gru -p o 3 e d oen ça d o d isco in cap acitan te: R. P. 2,3 (I. C. 95%: 1,3, 4,0). Pa ra o estra to d e tra b a lh a d o res com m en os d e 16 an os d e em p resa, a associa-ção en tre d oen ça d o d isco e trab alh o em ativi-d a ativi-d es ativi-d o gru p o h o m o gên eo 3 é p o sitiva , R. P. 1,7, aum en tan do n aqueles com 16 an os ou m ais d e em p resa , R. P. 3,9 (I. C. 95%: 1,3, 11,4). Do m esm o m od o, p ara a covariável id ad e, a R. P. é d e 1,8 en tre a q u eles co m m en o s d e 42 a n o s, p a ssa n d o p a ra R. P. d e 3,3 (I. C.95%: 1,3, 8,2) n os in d ivíd u os com 42 an os ou m ais. Con tu d o, q u an d o a d efin ição d e exp osição u tilizou ap en as a ocu p ação atu al a fim d e estab elecer com -p a ra çã o co m resu lta d o s a n terio res, em lu ga r d e recorrer a o h istórico ocu p a cion a l, p ôd e-se ob servar qu e d esap arece a associação p ositiva, esta tistica m en te sign ifica n te, co m R. P. 2,3 (I. C. 95%: 1,3, 4,0), m o stra n d o R. P. d e 1,1, sem sign ificân cia estatística. Os estratos p ara as cova riá veis id a d e e tem p o d e em p resa evid en cia m co m p o rta m en to sem elh a n te. A a sso cia -ção en con trad a p ara os trab alh ad ores com id a-d e igu a l o u m a io r a-d o q u e 42 a n o s a-d e 3,3 (I. C. 95%: 1,3, 8,2) cai p ara 1,9, sem sign ificân cia esta tística , e a q u ela d etecesta d a p a ra os tra b a lh a -d o res co m tem p o -d e em p resa -d e 16 a n o s o u m a is, d e 3,9 (I. C. 95%: 1,3, 11,4) ca i p a ra 1,3, sem sign ificân cia estatística.

A an álise d e regressão logística foi realizad a ad otan d ose, com o exp osto, o gru p o 3, e o gru p o referen te fo i fo rm a d o p elo s gru p o s h o m o -gên eos 1 e 2, con form e u tilizad o n a an álise

ta-b u la r. Da s cova riá veis estu d a d a s, d ecid iu -se in clu ir, n a an álise d e regressão logística, id ad e e tem p o d e em p resa, ten d o em vista os resu lta-d os lta-d a an álise tab u lar e a p lau sib ililta-d alta-d e b ioló-gica d e su a associação com o efeito estu d ad o. Além d isso, o red u zid o n ú m ero d e ca so s (n = 51) d ificu ltaria a u tilização d e m od elos am p los. Foram ad otad os os m esm os p on tos d e corte d a an álise tab u lar – ap ós ob servad a a p revalên cia d o efeito – segu n d o q u a rtis, u tiliza n d o -se a cu r va em p t ren d s. A p a rtir d a s m esm a s va riá

-veis, d ep en d en te e in d ep en d en te p rin cip a is, fo ra m d efin id o s o s m o d elo s p a ra a n á lise. Os term o s p ro d u to s fo ra m cria d o s e a a n á lise d e m od ificação d e efeito foi feita a p artir d os m o-d elo s co m p leto s e reo-d u zio-d o s, u tiliza n o-d o -se o teste d e ra zã o d a verossim ilh a n ça . Nã o se en -con trou m od ificação d e efeito p ara as covariá-veis tem p o d e em p resa (p = 0,32) e id a d e (p = 0,58). A an álise d e con fu n d im en to p ara as co-va riá veis “tem p o d e em p resa” e “id a d e” n ã o m o stro u m u d a n ça sign ifica n te n a od d s ra t io

(O. R.) ou n os in tervalos d e con fian ça q u an d o cad a u m a foi retirad a d o m od elo.

Tab e la 3

Carac te rístic as so c io d e mo g ráfic as e o c up ac io nais d a p o p ulaç ão to tal e p o r g rup o d e ativid ad e o c up ac io nal d e trab alhad o re s d e ind ústria d e p e rfuraç ão d e p e tró le o na Bahia, 1994.

Covariáveis População Tot al Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3

(n = 1.026) (n = 278) (n = 290) (n = 458) Mé d ia DP Mé d ia DP Mé d ia DP Mé d ia DP

Id ad e (ano s) 38,3 5,4 38,3 6,1 37,9 5,3 38,5 5,0

Te mp o d e e mp re sa 13,4 4,2 13,2 5,6 12,9 3,5 13,9 3,6 (ano s)

Id ad e na ad missão 24,9 4,2 25,2 4,2 25,0 3,5 24,7 3,9 (ano s)

Tab e la 4

Pre valê nc ia d e d o e nç a d o d isc o d e ac o rd o c o m a faixa e tária, e m trab alhad o re s d e ind ústria d e p e rfuraç ão d e p e tró le o na Bahia, 1994.

Idade (anos) Doença

Po p ulaç ão G rup o 2 G rup o 3

n % n % n %

25 a 29 0 0,0 0 0,0 0 0,0

30 a 34 9 3,2 2 2,3 6 5,2

35 a 39 15 4,3 5 4,8 8 4,7

≥40 27 7,5 6 6,7 19 11,4

(6)

Portan to, os resu ltados da an álise de regres-sã o lo gística , a in d a q u e rea liza d a em ca rá ter exp loratório, m ostram q u e o trab alh o em op e-ração de son da de p erfue-ração de p etróleo é p os-sível fa tor d e risco p a ra d oen ça in ca p a cita n te d o d isco in terverteb ral lom b ar, in d ep en d en te d o tem p o d e em p resa e d a id a d e, q u e n ã o se con firm aram en q u an to m od ificad oras d e efei-to n em com o con fu n d id oras.

De acord o com a literatu ra (Zocch etti et al., 1997), as m ed id as d e razões d e p revalên cia e O. R. são sem elh an tes q u an d o a d oen ça ap resen -ta p revalên cia ab aixo d e 10%. Neste caso, as razõ es d e p reva lên cia o b tid a s co m a a n á lise ta -b u la r n ã o d iferira m d a s m ed id a s d e O. R. ca l-cu lad as.

Discussão e conclusões

Os resu ltados do p resen te estu do estão em con -cord ân cia com gran d e p arte d a literatu ra sob re lom b algia e trab alh o, q u e id en tifica im p ortan -te fator d e risco p ara d oen ça crôn ica d a colu n a lom b ar n o trab alh o físico p esad o. A m aior con -trib u ição d este estu d o, n o en tan to, está n o fato d e ab ord ar u m a p op u lação in serid a n a in d ú s-tria d e p etróleo, cu ja exp osiçã o a os fa tores d e risco foi avaliad a a p artir d o p rocesso d e trab a-lh o, revela n d o n ã o a p en a s o s fa to res d e risco em geral p ara a colu n a lom b ar, m as as ativid ad es ad e risco p ró p ria s ad a in ad ú stria ad e p erfu ra -ção d e p etróleo. A m etod ologia ad otad a p rivi-legiou o h istórico ocu p acion al d e cad a in d iví-d u o e n ão ap en as a exp osição corren te, p erm i-tin d o, d esta fo rm a , m in im iza r o viés d e sele-çã o, q u e o co rre co m ra zo á vel freq ü ên cia em estu d os tran sversais, ocasion an d o o efeito so-b revivên cia d o traso-b alh ad or sad io.

As ca ra cterística s gera is d a p o p u la çã o d e estu d o refletem , em algu n s asp ectos, a p op u la-ção in serid a n o m ercad o d e trab alh o d a in d ú s-tria: p rep on d eran tem en te d o gên ero m ascu lin o e estad o civil casad o (Tab ela 2). A p revalêlin -cia d e d oen ça d o d isco in cap acitan te n esta p o-p u lação foi d e 5,0%, elevan d o-se o-p ara 7,2% n o gru p o h o m o gên eo 3, a q u ele cu ja s a tivid a d es im p lica m m a n u seio h a b itu a l d e ca rga . Estes resu ltad os in d icam relação d oseresp osta, con -sid eran d o o grad ien te d e carga m ecân ica en tre os três gru p os d e ativid ad e (Figu ra 1).

Um asp ecto q u e ch am a a aten ção é o tem -p o d e em -p resa d e 13 an os em m éd ia (Tab ela 3). Esta p ecu liarid ad e p od e ser exp licad a p elo fato d e tratarse d e p op u lação qu e trab alh a em em -p resa esta ta l, a q u a l ga ra n te a esta b ilid a d e n o em p rego. Além d isto, a em p resa d e p etró leo ap resen ta n íveis salariais e b en efícios in d iretos Tab e la 5

Pre valê nc ia d e d o e nç a d o d isc o d e ac o rd o c o m o te mp o d e e mp re sa e m trab alhad o re s d e ind ústria d e p e rfuraç ão d e p e tró le o na Bahia, 1994.

Tempo de Doença

empresa (anos) Po p ulaç ão G rup o 2 G rup o 3

n % n % n %

5 a 9 4 1,5 0 0,0 4 4,6

10 a 14 23 5,3 9 6,3 10 5,2

≥15 24 7,2 4 6,4 19 10,5

Tot al 51 5,0 13 4,5 33 7,2

Tab e la 6

Razão d e p re valê nc ia b ruta p ara a asso c iaç ão e ntre d o e nç a d e d isc o e trab alho e m so nd a d e p e rfuraç ão d e p e tró le o , e m trab alhad o re s d e ind ústria d e p e rfuraç ão d e p e tró le o na Bahia, 1994.

Grupo homogêneo n RP I.C. 95%

G rup o 1 G rup o d e re f.

G rup o 2 568 2,6 (0,9 6,9)

G rup o 3 736 4,0 (1,6 10,1)

G rup o 2 G rup o d e re f.

G rup o 3 748 1,6 (0,9 3,0)

Tab e la 7

Razão d e p re valê nc ia b ruta p ara a asso c iaç ão e ntre histó ric o o c up ac io nal o u o c up aç ão atual e m o p e raç ão d e so nd a d e p e rfuraç ão d e p e tró le o e d o e nç a d e d isc o e se g und o as variáve is id ad e e te mp o d e e mp re sa, to mand o c o mo e xp o sto o g rup o 3, e m trab alhad o re s d e ind ústria d e p e tró le o na Bahia, 1994.

Covariáveis Hist órico ocupacional O cupação at ual

n RP I.C. 95% RP I.C. 95%

Asso c iaç ão b ruta 1.026 2,3 (1,3 4,0) 1,1 (0,6 1,9)

Id ad e

< 42,0 776 1,8 (0,9 3,8) 0,7 (0,3 1,6)

≥42,0 250 3,3 (1,3 8,2) 1,9 (0,8 4,3)

Te mp o d e e mp re sa

< 16,0 787 1,7 (0,8 3,3) 1,0 (0,5 2,2)

(7)

q u e fa vo recem a p erm a n ên cia d esta fo rça d e tra b a lh o está vel n o em p rego, u m a vez q u e a s ofertas n o m ercado extern o n ão su p eravam , até o an o d o estu d o, as con d ições oferecid as n esta em p resa d o p etróleo.

A an álise d e regressão logística con firm a os resu ltad os d a an álise tab u lar b ru ta, ou seja, as covariáveis id ad e e tem p o d e em p resa n ão m o-d ifica m o efeito o-d a a tivio-d a o-d e em o p era çã o o-d e son d a d e p etróleo sob re a colu n a verteb ral d o tra b a lh a d o r e n ã o se co n stitu íra m en q u a n to con fu n d id oras. Ou seja, em b ora id ad e e tem p o d e em p resa estejam associad as p ositivam en te co m a d o en ça em estu d o, crescen d o a p reva -lên cia n os estratos de m aior faixa etária e m aior tem p o d e em p resa, a an álise m u ltivariad a n ão m o stro u in tera çã o en tre esta s e a exp o siçã o. Utilizan d o ap en as a exp osição atu al n ão se en -con trou associação d a d oen ça com a exp osição ao trab alh o com gran d es cargas m ecân icas. Es-te resu ltad o isolad o in d icaria q u e o m an u seio h ab itu al d e cargas, a flexão e rotação d e tron co freqü en tes e o levan tam en to d e cargas n ão p o-d eriam ser con sio-d erao-d os com o p ossíveis fato-res d e risco p ara o ad oecim en to crôn ico d a co-lu n a lo m b a r. A p reva lên cia d a d o en ça seria a m esm a p ara o gru p o exp osto e gru p o referen te. Neste ca so, a seleçã o in a d eq u a d a d o s in d iví-d u os, u tilizan iví-d o-se a ocu p ação corren te, resu lta ria n o ôn u s d a fa lsa n ega tivid a d e d os a ch a -d os (Fern an -d es, su b m eti-d o).

Hab itu alm en te, o con trole m éd ico d a força d e tra b a lh o esta b elece restriçõ es a o in gresso n o m ercad o d e trab alh o d e in d ivíd u os com faixa etária m ais avan çad a. Com relação às d oen -ças crôn icas d a colu n a, este con trole e seleção d a m ãod eob ra tam b ém se resp ald am n a con -cep ção d e qu e a d oen ça é d e origem d egen era-tiva , d eco rren te d o p ro cesso n a tu ra l d e en ve-lh ecim en to e rela tiva m en te in d ep en d en te d e cargas extern as ou p ostu rais sob re a estru tu ra d a colu n a verteb ral e, d en tre estas, as cargas d e tra b a lh o. Da í p o rq u e, co m essa co n cep çã o, a exclu sã o d o s in d ivíd u o s d e m a io r fa ixa etá ria ao trab alh o p od eria ser a m elh or form a d e p reven ção d a d oen ça. Além d esta exclu são, a com -p reen são corren te n o cor-p o geren cial d o d istri-to estu d a d o é a d e q u e o en velh ecim en istri-to d o s p la ta fo rm ista s seria a ca u sa d o a d o ecim en to d a colu n a. En tretan to, n este estu d o, a associação p ositiva, estatisticam en te sign ifican te, en -tre op era çã o d e son d a e d oen ça d o d isco com R. P. d e 2,3 – m a n tid a a p ós a n á lise d e con fu n -d im en to e in tera çã o p a ra i-d a -d e e tem p o -d e em p resa – d em on stra a im p ortâ n cia d os fa to-res d e risco d o trab alh o e, p ortan to, d a exp osi-çã o a estes fa to res d o tra b a lh o n a o co rrên cia d a d oen ça crôn ica d a colu n a lom b ar. Os resu

ltados do p resen te estu do, ain da qu e sejam con -sid erad os seu s lim ites an alíticos e in feren ciais, estã o d e a co rd o co m a d iscu ssã o tra zid a p o r Scotti & Mon ti (1981), p ara q u em as alterações in vo lu tiva s a rticu la res, iso la d a m en te, seria m ach ad o fisiológico, m as, ao se associarem com a sob recarga fu n cion al, d eterm in ariam o q u a-d ro p atológico a-d a osteoartrop atia a-d o trab alh o. Em am p la revisão acerca d os fatores d e ris-co p ara lom b algia e ciatalgia, Heliovaara (1989) – citan d o os estu d os d e Farfan e colab orad ores a resp eito d o p a p el d a to rçã o n a estru tu ra d o d isco – refere q u e estes a u to res en co n tra ra m qu e a ru p tu ra d e d isco in d u zid a exp erim en tal-m en te p o r to rçã o etal-m esp écital-m es d e n ecro p sia p rod u ziria m u d an ças sem elh an tes àqu elas vista s em d egen era çã o d o d isco n ã o exp erim en -talm en te p rod u zid as, su gerin d o qu e am b as re-su ltariam d o m esm o m ecan ism o cau sal. Helio-vaara, en tão, con clu i qu e o an el fib roso d o d isco in ter verteb ra l n ã o d eterio ra ria a p en a s isco m o resu ltad o d a id ad e, lem b ran d o qu e o levan -tam en to d e p eso e rotação d o tron co p od eriam in d u zir fissu ras n o an el fib roso.

Deve-se to m a r em co n ta o p a p el d o d ia g-n ó stico d a d o eg-n ça o cu p a cio g-n a l. A a sso cia çã o p ositiva en tre trab alh o físico p esad o e lom b al-gia n ã o é d esco n h ecid a ; n o en ta n to, o n exo cau sal en tre d oen ça crôn ica d a colu n a lom b ar e tra b a lh o é, em gera l, d esca ra cteriza d o seja n o s ser viço s p ró p rio s d a s em p resa s, seja n a s in stitu içõ es d e segu ro so cia l. Esta rea lid a d e n ão é diferen te n a in dú stria de p etróleo n o Brasil, o n d e a em p resa esta ta l d e p etró leo, co m p orta n d o a tivid a d es q u e vã o d esd e a exp lora -çã o a té a d istrib u i-çã o d e co m b u stível, p o ssu i m u ito s ser viço s d e sa ú d e em su a estru tu ra . Neste tip o d e em p resa, a gran d e d iversid ad e d e regiõ es e rea lid a d es n a s q u a is ta is serviço s d e saú d e estão in serid os, d em on stra h eterogen ei-d aei-d e n a p olítica ei-d e saú ei-d e.

(8)

-p lem en ta çã o d e a çõ es d e -p reven çã o d esta s d o en ça s ta m b ém n ã o tem sid o p rio riza d a . É evid en te q u e os p rob lem as d e saú d e sem visi-b ilid ad e n ão se torn am ovisi-b jeto d e in terven ção.

O a ch a d o p rin cip a l d este estu d o é a a sso -ciação p ositiva en tre d oen ça d o d isco in terver-teb ral in cap acitan te tem p orária ou d efin itiva-m en te p ara o trab alh o e ativid ad es q u e iitiva-m p licam m an u seio h ab itu al d e carga, levan tam en -to em flexão e rotação sim u ltân eas e flexão d e tro n co p a ra su sten ta çã o d e ca rga co m m em -b ros su p eriores. A carga p rin cip al id en tificad a p ara o gru p o h om ogên eo 3 é rep resen tad a p ela cu n h a – m eio d e trab alh o d o p lataform ista n a “b oca d a m esa” –, q u e p esa 96,5 kg ou 58,0 kg. Esta ferram en ta é m an u sead a sim u ltan eam en -te, n a m a io r p a rte d a s vezes, p o r, n o m ín im o, dois trabalh adores n a son da. Os resu ltados d es-te estu d o m o stra m q u e esta é a tivid a d e q u e, em b ora ap resen te p equ en a variab ilid ad e en tre a s jo rn a d a s d e tra b a lh o, p o d e ca ra cteriza r-se co m o a tivid a d e h a b itu a l, cu ja d u ra çã o to ta l d os ciclos p od e ser d e até 12 h oras em u m d ia d e trab alh o.

Po n d era n d o -se estes fa to s, é p o ssível a fir-m ar a in ad eq u ação d a legislação b rasileira efir-m vigor, q u e estab elece – n o Artigo 198 d a Seção XIV d o Cap ítu lo V d a Con solid ação d as Leis d o Trab alh o (Brasil, 1998) – o p eso d e 60 kg com o lim ite d e tolerân cia. Pod e-se in ferir qu e este li-m ite li-m áxili-m o p erli-m itid o ven h a d eterli-m in an d o, p o ssivelm en te, o co rrên cia d e a lta m o rb id a d e em trab alh ad ores su b m etid os a cargas n o tra-b alh o, aten tan d o-se in clu sive p ara os resu lta-d o s lta-d o p resen te estu lta-d o, q u e m o stra m lta-d o en ça em trab alh ad ores com m an u seio d e carga m e-n or d o qu e o lim ite estab elecid o em lei.

É in teressan te referir tam bém qu e o NIOSH, en tid a d e a m erica n a , a o in vés d e co n sid era r u m a ca rga com o lim ite d e tolerâ n cia , tem d e-sen volvid o critérios p ara avaliação d e levan ta-m en to ta-m an u al d e cargas, reu n in d o d iversos fa-tores d a situ ação d e trab alh o. Para esta avalia-ção, o NIOSH recom en d a qu e se exam in e a fre-q ü ên cia d e leva n ta m en to, ro ta çã o la tera l d o tro n co, q u a lid a d e d a p ega d a ca rga , d istâ n cia vertical p ercorrid a com a carga d esd e a origem até o d estin o, altu ra vertical d a carga n a origem d o esforço e d istân cia h orizon tal d o in d ivíd u o à carga. Portan to, é p reciso qu e se faça ab ord a-gem m ais ad eq u ad a d esta q u estão, ab rin d o-se d iscu ssã o co n cern en te à red efin içã o d o s d is-p ositivos legais e lim ites d e tolerân cia is-p ara m a-n u seio d e carga a-n o Brasil.

O sofrim en to físico e p síq u ico d e trab alh a-d ores vitim aa-d os p ela a-d oen ça crôn ica a-d a colu n a lom b ar, o alto cu sto fin an ceiro d a assistên cia a estes trab alh ad ores e o alto cu sto social cau

sa-d o p ela saísa-d a p recoce sa-d estes trab alh asa-d ores sa-d o m ercad o d e trab alh o ou d as ativid ad es p ara as q u a is fo ra m q u a lifica d o s, b em co m o a ca rga p revid en ciá ria p rovoca d a p elos a fa sta m en tos d o trab alh o em fu n ção d a d oen ça (Fern an d es, 1995), d eterm in a m a n ecessid a d e d e p o lítica vo lta d a à in ter ven çã o n o s p ro cesso s, m eio s e am b ien tes d e trab alh o, su b ord in an d o-os a rea-dequ ação ergon ôm ica. Este asp ecto é reforçado p ela a u sên cia d e evid ên cia s d e m a ior eficá cia d as m ed id as d e p reven ção d e lom b algias ocu -p acion ais voltad as -p ara o in d ivíd u o, a exem -p lo d o u so d e cin to ou su p orte p ara o d orso, a sele-ção d e in d ivíd u os com m elh or com p leisele-ção físi-ca, a p rática de exercícios físicos, o trein am en to p ara levan tam en to d e cargas, sob retu d o qu an -d o a -d o ta -d a s iso la -d a m en te (An -d erso n , 1995; Van -Pop el et al., 1997).

Um a sp ecto a ob serva r d iz resp eito à n ova form a d e gestão d a força d e trab alh o n a em p re-sa d e p etróleo estu d ad a, q u e tem favorecid o a crescen te in corp oração d e trab alh ad ores su b -con tratad os. Na atu alid ad e, o p recário -con trole d e sa ú d e d estes tra b a lh a d o res terceiriza d o s é o b jeto d e estu d o n o Bra sil (Ferreira & Igu ti, 1996), e vá rio s a u to res têm co n firm a d o q u e a força d e trab alh o su b con tratad a está h ab itu alm en te su b alm etid a à s p io res co n d içõ es d e tra -b alh o. Desta form a, os resu ltad os d a p resen te in vestigação, ao revelarem alta p revalên cia d e d o en ça en tre o s tra b a lh a d o res q u e o p era m son d as d e p erfu ração d e p etróleo, estab elecem a n ecessid a d e d e q u e a p reven çã o d a d o en ça d e colu n a esteja voltad a tan to p ara trab alh ad ores co m vín cu lo d ireto q u a n to p a ra tra b a lh a -d ores su b con trata-d os, p ois estes têm si-d o in se-rid os n aq u ela ativid ad e d e op eração d e son d a. Os ser viço s co n tra ta d o s p ela em p resa esta ta l d e p etróleo d evem ser p or ela a com p a n h a d os q u a n to à p o lítica d e geren cia m en to d e risco s o cu p a cio n a is e, n o ca so esp ecífico, q u a n to à p reven ção d e riscos ocu p acion ais p ara o ad oe-cim en to d a colu n a lom b ar.

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Referências

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