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Um Interessante Problema de Vestibular Envolvendo a Não-Conservação da Energia Mecânica em um Referencial Acelerado.

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Um Interessante Problema de Vestibular Envolvendo

a N~ao-Conserva~ao da Energia Me^ania

em um Referenial Aelerado

Aninterestingaademiprobleminvolvingthenon-onservationofmehanialenergyinanaeleratedreferenesystem

JairC. C. Freitas

Departamento deFsia,UniversidadeFederaldoEspritoSanto,

Vitoria-ES,29060-900, Brasil

Reebidoem8demaro,2002. Aeitoem23deabril,2002.

Disutimos detalhadamente a solu~ao de um problema originalmente proposto para um exame

vestibular,envolvendoaosila~aodeumsistemamassa-molanumreferenialaeleradoe a

deter-mina~aodaamplitudedeosila~ao apartirdoinstanteemqueessa aaelera~ao doreferenial.

Mostramosqueovalordessa amplitudedependeessenialmentedarela~aoentreotempodurante

oqualpermanee aaelera~aodoreferenialeoperododeosila~ao. Na situa~aolimiteemque

operododeosila~aoemuitomaiordoqueotempodeaelera~ao, osistemaaproxima-sedeum

sistemaonservativoe aamplitudedeosila~aopodeserdeterminada poronserva~aodaenergia

me^ania. Oproblemaapresentadoonstituiuminteressanteexerioparaadisuss~ao(emnvel

medioouuniversitario)detemasomoforastias,mudanasdeoordenadasen~ao-onserva~ao

deenergiame^aniaemrefereniaisn~ao-ineriais.

Thedetailedsolutionofa problemoriginally proposed for aollege-admission examisdisussed.

Theprobleminvolvestheosillation ofamass-springsysteminaninitiallyaeleratedreferential

and the determination of the amplitude of vibration after the referential has reahed the rest.

We show that the value of this amplitude depends essentially onthe relation between the time

of aeleration and the periodof osillation. In the limit ase when the period of osillation is

muhlongerthan thetimeof aeleration, thesystem approahes aonservativesystem and the

answeranbefoundbyapplyingtheprinipleofonservationofmehanialenergy.Thepresented

problemonstitutesaninterestingexeriseforthedisussion(ateitherhigh-shoolorollegelevel)

of subjetsliketitiousfores,oordinateshange,andnon-onservationofmehanialenergyin

non-inertialreferenesystems.

I Introdu~ao

A seguinte quest~ao foi proposta na primeira etapa

(aquela prestada por todos os andidatos,

indepen-dente da area de onheimento do urso pretendido)

dovestibularde2002deumaoneituadauniversidade

brasileira: 1

Um vag~ao ferroviario move-se em um treho

re-tilneo de uma linha ferroviaria, om veloidade

ons-tante de modulo v

o

. No seu interior, ha um bloo de

massa m preso a extremidade de uma mola ideal de

onstanteelastia k. Aoutraextremidadedamolaesta

presaao vag~ao,onforme aguraabaixo:

m

k

0

v

&

Nesse estado de movimento, a mola esta relaxada

(n~aoestaomprimidanemdistendida). Apartirdeum

erto instante, o vag~ao e freado om aelera~ao

ons-tante a,ateatingirorepouso. Desprezando-se oatrito

doblooomopisodo vag~ao,aamplitudede osila~ao

1

(2)

dosistemamassa-mola,aposovag~aoatingirorepouso,

e:

A)0

B) q

k

m

C) ma

k

D) q

mv 2

0

k

E) mv0

k

O gabarito oial da universidade indiava omo

orreta aalternativa\C".Aposadivulga~aodo

gaba-rito,aquest~aofoi resolvidademaneiraaparentemente

simplespelosprofessoresdeursinho,queapresentaram

nos jornais aseguinte solu~ao(exatamente omo aqui

vaiesrito,semnenhumaexplia~aoadiional):

F =F

e

ma=kx

x= ma

k

logo: A= ma

k

E os omentarios apresentados pelos mesmos

pro-fessores de ursinho nos jornais foram que a referida

quest~aoeradenvel\normal".

Umaanalisemaisdetalhadadoproblemarevela

la-ramente que a quest~ao, em primeiro lugar, n~ao e de

failsolu~ao,sendo,aoontrario,deumnvelbastante

elevado para o onteudo de Fsia ministrado no

en-sino medio. Trata-se de um problema que envolve a

aplia~aodasegundaleideNewtonemrefereniais

ae-lerados eaobten~aodaequa~aodemovimentode um

osiladorharm^oniosubmetidoaumaforaonstante.

Oaspetoquetornaoproblemaompliado,laro,e

ofatodequeobloon~aosemoveemgeralomamesma

aelera~ao do vag~ao, o que invalida ompletamente a

solu~aoapresentadaaima. Emboran~aotenhamos

ob-tidoaessoasestatstiasdasrespostasobjetivas

apre-sentadaspelosalunos,imaginamosque,dentre aqueles

alunos que se detiveram em analisar o problema om

algum uidado,grandepartedeveterpartidopara

so-luiona-loapliandoaonserva~aodaenergiame^ania

ao sistema massa-mola, hegando portanto a

alterna-tiva\D".Osalunosmenosatentosdevemtermarado

aalternativa\B",devidoabemonheidaformulapara

a frequ^enia de osila~ao de um sistema massa-mola

tpio, sem se apereberem do problema dimensional

om essa alternativa (assim omo om a alternativa

\E").

Os alunos que \aertaram" a quest~ao, de aordo

om o gabarito oial, devem ter inorretamente

ra-ioinadoomoseoblooestivessesempreemrepouso

om rela~ao ao vag~ao. Essa hipotese paree razoavel

lidaromsistemasondeexistedissipa~aodeenergiaea

aelera~aovariasempresuavementedezeroateseu

va-lormaximo. Assim, duranteaaelera~aooufrenagem

deumtrem(ouautomovel,avi~ao,et),seobservarmos

omovimentodeumsistemaosilatorio,omoosistema

massa-molaaima ouum p^endulo simples,

perebere-mosqueosistematemsuaposi~aodeequilbrio

deslo-adamas, apos umurto intervalo de tempo, passa a

aompanharsolidariamenteomovimentodotrem. Sea

aelera~aoforretiradasubitamentenoinstanteemque

otrematingir orepouso, osistema osilara(deforma

amorteida) omamplitude iniialmente igual ao

des-loamentodasuaposi~aodeequilbrio. Esseraionio

leva asolu~ao\oial" da quest~ao de vestibular

apre-sentada(elaroque,omdissipa~aodeenergia,a

am-plitude de osila~ao do bloo deve diminuir ate zero

aposaretiradadaaelera~ao,de formaquea

alterna-tiva \A" seria amais apropriada nesse aso). O

pro-blemaequenesta quest~ao(i)n~aohaatrito,(ii)a

ae-lera~aoeapliadabrusamentee(iii) n~aohaqualquer

informa~aoa respeito da rela~aoentre otempoque o

vag~ao leva para atingir o repouso e o perodo de

os-ila~ao. Assim, n~ao ha omo supormos que o bloo

hegueasemovimentarsolidariamenteaovag~ao. Para

que aquest~ao tivesse a solu~ao simples desejada pela

equipe quea prop^os,seria neessario queo enuniado

deixasse laro que o bloo estava em movimento

so-lidario ao vag~ao durante a frenagem e antes de este

atingirorepouso. (Conformeveremosmais adiante,a

mesmarepostaseriaobtidaseaquest~aosereferisse

so-menteao intervalo detempodurante oqualovag~aoe

desaelerado,sementrarnadisuss~aodoque aontee

apos ovag~aoatingirorepouso.)

Oobjetivodesta notaeapresentar asolu~ao

om-pleta da quest~ao na forma omo ela foi proposta,

utilizando-se reursos matematios ertamente aima

donveldeensinomedio,masquepermitemum

enten-dimento larodo problema. Veremos que na verdade

havariassolu~oespossveis,sendoaeitaveisquaisquer

dasalternativasdimensionalmente orretas(\A", \C"

ou\D").Ointeresseemdisutiremdetalheessasolu~ao

n~aoemotivadosimplesmentepelointuitode\orrigir"

umproblemadevestibularmalformulado,mastambem

e prinipalmente pela possibilidade de apresentar um

exemplobastante rio de uma situa~ao que envolvea

onserva~ao(oun~ao)daenergiame^aniaem

refereni-aisn~ao-ineriais,assuntoarespeitodoqualperebemos

umaertaar^eniadedisuss~oesaprofundadasnos

tex-toslassiosde Fsia,tanto donvelmedioomo

uni-versitario[1-4℄. Aposenontrarmosasolu~aoompleta

doproblema,podemosexaminar algunsasos

partiu-larese assimganhar uma ompreens~ao maisprofunda

arespeitodesse aspeto.

Antes deprosseguir, quero ressaltarqueem minha

opini~aooproblema, aindaquesotivesseuma

alterna-tivaorreta,n~aoseriadeformaalgumaadequadopara

umaquest~aodevestibular,prinipalmenteemprimeira

(3)

apre-sino medio [1,2℄, ea onserva~ao de energiame^ania

nessessistemasn~aoetratadaomdetalhenemem

tex-tos de nveluniversitario [3,4℄. N~ao e demodoalgum

justo para om os estudantes de ensino medio propor

uma quest~ao que aparentemente tem todos os

ingre-dientes deum sistema onservativotpio(mola ideal,

aus^eniadeatritoentreoblooeopiso),masondena

verdadeoorretrabalhon~aoonservativorealizadopela

fora exerida pela mola sobre o bloo. Tenho serias

duvidas se estudantes de ensino medio teriam a

per-ep~ao neessaria para ompreender esse aspeto; por

issoaquest~aoapresentadan~aoserveparaavaliaro

o-nheimento dosandidatosaovestibular. Talfato a

tantomaisevidentenamedidaemqueosproprios

pro-fessoresdeursinhon~aoseapereberamdadiuldade

doproblemae resolveramaquest~ao deforma

omple-tamenteinorreta,emboraoerenteomogabarito

o-ial.

II Solu~ao do problema

en-quanto o vag~ao e desaelerado

II.1 Referenial inerial

Consideremos um referenialinerial S emrela~ao

ao qual o vag~ao e o bloo se movem, iniialmente,

om veloidade onstante de modulo v

o

ao longo da

dire~aox. Tomemosomo origemaposi~ao emque o

blooseenontravaemt=0,instanteemqueovag~ao

omeou a ser desaelerado om aelera~ao onstante

a

x

= a. O movimento desaelerado iradurar ate o

instante t

o = v

o

/a. A posi~ao do bloo num instante

qualquer entre t = 0 e t = t

o

sera representada por

x

B=S

(t), o omprimento da mola relaxada sera

deno-minado L e o movimento do vag~ao seradesrito pela

oordenadax

V=S

(t)querepresentaaposi~aodoponto

emqueamolaexaaovag~ao(verFig.1). Aelonga~ao

Æx da mola em qualquer instante, que interessa para

aplia~aodaleideHooke,seraent~aodadapor:

Æx=x

B=S x

V=S

+L (1)

(Comessadeni~ao Æx enegativopara amola

dis-tendidaepositivoparaamolaomprimida.)

No referenial S, a fora resultante sobre o bloo

e igual afora elastia exerida pela mola, a qual, se

assumirmosomovalidaaleideHooke,seradadapor:

F (e)

x

= kÆx=k(x

V=S x

B=S

L) (2)

A equa~ao de movimento do vag~ao entre t = 0 e

t=t

0 sera:

x

V=S

(t)=L+v

o t

1

2 at

2

(3)

Jaomovimentodoblooseradesritopelaequa~ao

diferenial abaixo, obtidaaposaplia~ao direta da

se-gundaleideNewton:

d 2

x

B=S

dt 2

+ k

m (x

B=S x

V=S

+L)=0; (4)

omasondi~oesiniiais:

x

B=S

(0)=0 (5)

dx

B=S

dt

0 =v

0

(6)

Asubstitui~aode(3)em(4)levaaequa~ao

diferen-ial:

d 2

x

B=S

dt 2

+ k

m x

B=S =

k

m (v

0 t

at 2

2

) (7)

A solu~ao dessa equa~ao (linear, de segunda

or-dem e om oeientes onstantes) e enontrada sem

maiores diuldades por meio dos metodos

tradiio-nais de alulo [5℄. Resolve-se iniialmente aequa~ao

homog^enea, que tem solu~ao harm^onia, e a seguir

enontra-seumasolu~aopartiulardaequa~ao

inomo-g^enea,aqualefailmentedeterminadajaqueomembro

direito da Eq. 7eum polin^omio de segundograu na

variavelt. Comasondi~oesiniiais(5)e(6),asolu~ao

exatadaEq. 7a:

x

B=S (t)=

ma

k

(1 os!t)+v

0 t

at 2

2

; (8)

onde!= p

k=meafrequ^enianaturaldeosila~aodo

sistemamassa-mola. Aveloidadedoblooemrela~ao

aSeimediatamenteobtidaporderiva~aodaEq. 8:

v

B=S (t)=

!ma

k

sen!t+v

0

at (9)

Fialarodessasduasultimasexpress~oesqueo

mo-vimentodoblooonsisteemummovimentoharm^onio

simples(MHS)superpostoaomovimentoaeleradodo

vag~ao (responsavel pelos doisultimos termos dasEqs.

8 e 9). Essa desri~ao a mais evidente atraves da

analise do problema do ponto de vista do referenial

aeleradodovag~ao,omodisutidonase~aoseguinte.

II.2 Referenial aelerado

Apassagemparaoreferenialaeleradosolidarioao

vag~ao, om origem no ponto em que a molae xaao

vag~ao(verFig. 1),efeitademaneiraimediata:

x

B=V (t)=x

B=S (t) x

V=S

(t) (10)

Usando(3)e(8):

x

B=V (t)=

ma

k

(1 os!t) L (11)

Assim,omovimentodo bloo em rela~ao aovag~ao

e um MHS, om posi~ao de \equilbrio"desloada de

ma=kparaadireita,similaraomovimentodeosila~ao

de um sistema massa-mola xo numa posi~ao

verti-al sob a~ao da fora da gravidade [6℄. O bloo

(4)

a posi~ao de equilbrio antes de o vag~ao ser

aele-rado) e x

B=V

= L+2ma=k . A amplitude do

mo-vimento e, portanto, igual a ma=k e a nova posi~ao

de \equilbrio",ou seja, oponto em que a aelera~ao

do bloo em rela~ao ao vag~ao e nula, loaliza-se em

x

B=V

= L+ma=k. Estaseria exatamente aposi~ao

emqueoblooentrariaemrepousoemrela~aoaovag~ao

(eonsequentementeemmovimentosolidarioaovag~ao)

sehouvessedissipa~aodeenergianosistema.

Figura1.Coordenadasusadasparadesreveromovimento

doblooemrela~aoaorefereialS (x

B=S

)eemrela~aoao

vag~ao(x

B=V

). OS representa aorigemdoreferenialS, a

qualoinideomaposi~aodobloonoinstanteemqueo

vag~aoomeouaserdesaelerado(t=0).

Asolu~aodoproblemanoreferenialdovag~ao,dada

pelaEq. 11,poderiaserobtidademaneiramaisdireta

(e elegante)sem aneessidadede seusaroreferenial

S. Bastaria para tanto empregar o oneito de fora

tia [3,4℄ no referenial aelerado do vag~ao. Neste

referenial o bloo estaria portanto sujeito a a~ao de

duasforasnadire~aohorizontal: aforaelastiadada

por(2) eaforatia dadapor:

F (f)

x

= ma

x

=ma (12)

O movimento do bloo no referenial aelerado e

ent~ao desrito omo um MHS forado e a solu~ao da

equa~aodiferenialquesurgeaoseempregarasegunda

lei deNewtonomasforasdadaspor(2) e(12),

jun-tamente omas ondi~oes iniiais (5) e(6) adaptadas

para oreferenial do vag~ao,eexatamente aexpress~ao

indiadaem(11).

III Solu~ao do problema om o

vag~ao em repouso

Apos o vag~ao atingir o repouso, o movimento do

bloolaramenteeumMHS omamesmaposi~ao de

equilbrio original (deantes de o vag~aoomear aser

desaelerado). Podemosaharaamplitudedeosila~ao

do sistema nessa situa~ao onsiderando que a energia

me^ania e onservada a partir do instante em que o

vag~ao deixa de ser aelerado. Basta assimenontrara

energiainetiadoblooeaenergiapotenialelastia

dosistemamassa-molanoinstantet=t

0 =v

0

=a,oque

podeserfeitotantonoreferenialSomonoreferenial

dovag~ao,jaquenesseinstanteambososrefereniaiss~ao

ineriaiseest~aoemrepousorelativo.Aenergiainetia

mv 2 B=S (t 0 ) 2 = ! 2 m 3 a 2 2k 2 sen 2 !v 0 a = m 2 a 2 2k sen 2 !v 0 a (13)

A energia potenial elastiae enontrada a partir

daelonga~aodamolaemt

o

,aqualpodeserobtidade

(8)ou(11):

kÆx 2 (t 0 ) 2 = m 2 a 2 2k (1 os !v 0 a ) 2 (14)

Apliandoaonserva~aodaenergiame^ania para

t > t

o : mv 2 B=S (t 0 ) 2 + kÆx 2 (t 0 ) 2 = kA 2 2 ; (15)

ondeAeaamplitudedesejada. Resolvendo,hegamos

a: A= ma k h 2 1 os !v 0 a i 1=2 (16)

Esta nalmente seria a resposta ao problema

pro-posto. Como era de se esperar, o valor da amplitude

depende da rela~aoentre operododo movimento

os-ilatorio T =2=! eo tempo deparada t

o

do vag~ao,

jaque!v

0

=a=2t

0

=T. Emprinpio,qualquervalor

desde0 ate2ma=k epossvel, dependendo da posi~ao

e da veloidade do bloo no exato instante em que a

veloidadedo vag~aohegaazero easua aelera~aoe

subitamenteretirada. Fialaro,ent~ao,queas

respos-tas\A" e\C"s~ao admissveisomo situa~oes

partiu-lares. Aamplitudeseriaiguala0(resposta\A"),seno

instantet

o

oblooestivesseexatamentenaposi~aoem

queamolaseenontrarelaxada(queeamesmaposi~ao

em que obloo estavaquando ovag~aoomeouaser

freado,omveloidade nulaem rela~aoao vag~ao). Ja

aresposta\C" seria admissvelna situa~ao partiular

emqueos(!v

0

=a)=1=2.

Equantoaalternativa\D"?Elaedimensionalmente

orreta,mashaveriaumasitua~aopartiularem quea

amplitudedadapor(16)fosseiguala p

mv 2

0

=k? A

res-posta a essa quest~ao depende fundamentalmente dos

valorespartiularesde m, a, k e v

o

. Consideremosos

seguintesvaloresarbitrarios(talvezrealistas)paraesses

par^ametros: m = 1kg,v

o

= 20m/s, k = 10N/m e

a=0,2m/s 2

. Obtemos, ent~ao,t

o

=100s,T =0,2 s,

ma=k= 0,2mme p

mv 2

0

=k=0,6 m.

E laroque,

nes-sas ondi~oes, a resposta \D" estaria muito aima da

amplitude orreta (em torno de 0,24 mm). Com tais

valoresnumerios, obloo efetuaria muitas osila~oes

ompletasantesdeovag~aoatingir orepouso.

A alternativa\D" seria a orretase houvesse

on-serva~aodaenergiame^aniaentret=0et=t

o .

Em-bora o bloo n~ao sofra a a~ao de nenhuma fora de

atrito, o fato de a fora resultante atuando sobre ele

depender expliitamente dotemponoreferenial

iner-ialS(verEqs. 2e3)tornaosisteman~ao-onservativo.

(5)

de-sistemas onservativos[3℄, mastambem daposi~aodo

pontoemqueamolaexaaovag~ao,sendoesteultimo

aelerado. Assim, a energia me^ania n~ao e

onser-vada. Uma forma mais direta para se pereber que

a energia me^ania n~ao e onservada numa situa~ao

omoessaonsisteemexaminarmosasitua~aoemque

obloosemovimentasolidariamenteaovag~ao

desaele-rado. Nesseasoaenergiainetiadoblooemrela~ao

ao referenial S diminui ontinuamente, mas a

ener-giapotenialelastiaarmazenadanamolaeonstante.

Fia ent~ao laroque afora exeridapela molan~aoe

onservativaquandoapropriamolaestaemmovimento

aelerado.

Masexisteumasitua~aolimiteparaoproblema

ori-ginal em que nos aproximamos muito de um sistema

idealmente onservativo: equando otempodeparada

dovag~aoemuitomaisurtoqueoperododeosila~ao

dosistemamassa-mola. Nesseaso,pratiamentetoda

a energiainetia queo bloo tinha em rela~ao a S e

transferidapara amola naformade energiapotenial

elastia. Dito demaneiraintuitivae informal,obloo

n~ao \perebe" a desaelera~ao do vag~ao porquanto o

tempo de frenagem e muito reduzido. Essa situa~ao

poderia ser veriada na pratia se o vag~ao sofresse

uma desaelera~ao muito intensa e/ou se a mola

ti-vesseumaonstanteelastiamuitopequena(umamola

muitoomprida, por exemplo[6℄). Emqualquer aso,

teramost

o

<< T. Tomandoportanto!v

o

=a << 1,

podemos expandir a Eq. 16 em serie de pot^enias e,

retendootermodemaisbaixaordemnaserie,obtemos

oresultado:

A

= ma

k

2

1

1 !

2

v 2

0

2a 2

1=2

= r

mv 2

0

k

(17)

Isso mostra que mesmo a alternativa \D", que a

prinpio pareia ser ompletamente desabida, e

ad-missvel omo um aso extremamente partiular. Na

medida em que oenuniado do problema n~ao

estabe-leeu restri~aoalguma sobre os valoresnumerios dos

par^ametros envolvidos, ate essa solu~ao passa a ser

possvel.

IV Conlus~ao

Conforme havamos anteipado, qualquer uma

den-tre as tr^es alternativas dimensionalmente orretas

apresentadas na quest~ao de vestibular pode ser

ad-missvel, dependendo das rela~oes partiulares entre

os par^ametrosenvolvidos no problema. Essa

indeter-mina~ao, alem do grau de diuldade elevado para

o nvel do ensino medio, inviabiliza ompletamente a

quest~ao apresentada omo uma quest~ao objetiva de

vestibular. Por outro lado, o problema mostra-se

ex-tremamente rio para uma disuss~ao aprofundada a

respeito da n~ao-onserva~ao da energia me^ania em

refereniais n~ao-ineriais. Numa disuss~ao em nvel

universitario, o problema pode ser apresentado omo

um exeriode grau dediuldade medio envolvendo

oneitos omo solu~ao de equa~oes difereniais n~

ao-homog^eneas, foras tias, mudanas de refereniais

e aproxima~oes por series de pot^enias. No nvel

do onteudo de me^ania do ensino medio, o

proble-ma pode ser abordado sem uso das ferramentas

ma-tematias de alulo diferenial, desde que seja

apre-sentado ooneito defora tia esejam usados

ar-gumentosqualitativosousemiquantitativos paraa

ob-ten~ao daequa~aoquedesreveomovimentodobloo

no referenial do vag~ao (Eq. 11). Quanto a quest~ao

da onserva~ao da energia, tanto em nvel de ensino

medioquanto universitario,a reupera~aodasitua~ao

onservativanoasolimiteem queotempodeparada

epequeno em ompara~ao omoperodode osila~ao

torna oproblemareonfortantee permite aaquisi~ao,

por parte do aluno, de uma intui~ao fsia a respeito

das raz~oes que levam o problema a serem geral n~

ao-onservativo.

Agradeimentos

AoProf. RiardoC.deBerredo,pelasvaliosas

dis-uss~oesiniiaissobre oproblema, eaos olegasque

le-ramomanusritoeapresentaramsugest~oes

enriquee-doras.

Refer^enias

[1℄ F.Ramalho,JoseIvanC.dosSantos,NiolauG.

Fer-raro e Paulo A. de Toledo Soares, Os Fundamentos

da Fsia,Vol. 1,Ed.Moderna, S~ao Paulo,4a edi~ao

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[2℄ A. Maximo Ribeiro da Luz e B. Alvarenga

Alvares,

Fsia: Volume

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[3℄ D. Halliday, R. Resnik, J. Walker, Fundamentos de

Fsia, Vol. 1, Ed. LTC, Rio de Janeiro, 4a edi~ao

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[4℄ F.G.Keller,W.E. GettyseM.J.Skove,Fsia,Vol.

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[5℄ W. E. Boyee R. C.Diprima, Equa~oes Difereniais

Elementarese Problemas deValoresdeContorno,Ed.

Guanabara,RiodeJaneiro,3aedi~ao(1977).

[6℄ D. Halliday, R. Resnik, J. Walker, Fundamentos de

Fsia, Vol. 2, Ed. LTC, Rio de Janeiro, 4a edi~ao

Imagem

Figura 1. Coordenadas usadas para desrever o movimento

Referências

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