REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologiawww.sba.com.br
ARTIGO
CIENTÍFICO
Dexmedetomidina
retal
em
ratos:
avaliac
¸ão
dos
efeitos
sedativos
e
sobre
a
mucosa
Volkan
Hanci
a,∗,
Kanat
Gülle
b,
Kemal
Karakaya
c,
Serhan
Yurtlu
a,
Meryem
Akpolat
b,
Mehmet
Fatih
Yüce
d,
Fatma
Zehra
Yüce
be
Is
¸ıl
Özkoc
¸ak
Turan
daDepartamentodeAnestesiologiaeReanimac¸ão,DokuzEylulUniversity,SchoolofMedicine,Izmir,Turquia
bDepartamentodeHistologiaeEmbriologia,ZonguldakBulentEcevitUniversity,SchoolofMedicine,Zonguldak,Turquia cDepartamentodeCirurgiaGeral,ZonguldakBulentEcevitUniversity,SchoolofMedicine,Zonguldak,Turquia
dDepartamentodeAnestesiologiaeReanimac¸ão,ZonguldakBulentEcevitUniversity,SchoolofMedicine,Zonguldak,Turquia
Recebidoem1dejulhode2013;aceitoem9desetembrode2013 DisponívelnaInternetem1denovembrode2014
PALAVRAS-CHAVE Dexmedetomidina; Reto;
Rato; Anestesia; Mucosa
Resumo
Justificativaeobjetivos: Nesteestudopesquisamososefeitosanestésicosesobreamucosada aplicac¸ãoretaldedexmedetomidinaemratos.
Métodos: RatosmachosalbinosWistar,com250-300g,foramdivididosemquatrogrupos:Grupo S(n=8)foiumgruposhamqueserviudeparâmetroparaosvaloresbasaisnormais;GrupoC (n=8)consistiuemratosquereceberamaaplicac¸ãoretalapenas desorofisiológico;Grupo IPDex(n=8)consistiuemratosquereceberamaplicac¸ãointraperitonealdedexmedetomidina (100gkg−1)eGrupoRecDex(n=8)consistiuemratosquereceberamaaplicac¸ãoretalde dex-medetomidina(100gkg−1).Paraaadministrac¸ãodosfármacosporviaretal,usamoscânulas intravenosasdecalibre22,comosestiletesremovidos.Aadministrac¸ãoconsistiuemavanc¸ar acânula1cmnoretoeovolumedeadministrac¸ãoretalfoide1mLparatodososratos.Os tempos(min)delatênciaedeanestesiaforamregistrados.Duashorasapósaadministrac¸ãopor viaretal,75mgkg−1decetaminaforamadministradosatodososgruposparaanestesia intra-peritoneal,seguidoporremoc¸ãodosretosdosratosaumadistância3cmdistalpormeiode procedimentocirúrgicoabdominoperineal.Osretosforamhistopatologicamenteexaminadose classificados.
Resultados: A anestesia foi feita em todos osratos dogrupo RecDex após aadministrac¸ão dedexmedetomidina.OtempodeiníciodaanestesianoGrupoRecDexfoisignificativamente maislongoecomumadurac¸ãomaiscurtadoquenoGrupoIPDEx(p<0,05).NoGrupoRecDex,a administrac¸ãodedexmedetomidinainduziuperdaslevesamoderadasdaarquiteturadamucosa docóloneretoduashorasapósainoculac¸ãoretal.
Conclusão:Emboraaadministrac¸ãode100gkg−1dedexmedetomidinaporviaretalemratos tenharesultadoemumadurac¸ãosignificativamentemaiordaanestesia,emcomparac¸ãocom
∗Autorparacorrespondência.
E-mails:vhanci@gmail.com,volkanhanci@yahoo.com(V.Hanci).
0034-7094/$–seefrontmatter©2013SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todososdireitosreservados.
aadministrac¸ãoretaldesorofisiológico,nossasavaliac¸õeshistopatológicasmostraramquea administrac¸ãoretalde100gkg−1dedexmedetomidinaocasionoudanoslevesamoderadosà estruturadamucosaretal.
©2013SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.
KEYWORDS Dexmedetomidine; Rectum;
Rat; Anesthesia; Mucosa
Rectaldexmedetomidineinrats:evaluationofsedativeandmucosaleffects
Abstract
Backgroundandobjectives: Inthisstudy,weinvestigatedtheanestheticandmucosaleffects oftherectalapplicationofdexmedetomidinetorats.
Methods:MaleWistaralbinoratsweighing250-300gweredividedintofour groups:GroupS (n=8)wasashamgroupthatservedasabaselineforthenormalbasalvalues;GroupC(n=8) consistedofratsthatreceivedtherectalapplicationofsalinealone;GroupIPDex(n=8) inclu-dedratsthatreceivedtheintraperitonealapplicationofdexmedetomidine(100gkg−1);and GroupRecDex (n=8) includedratsthatreceivedtherectalapplicationofdexmedetomidine (100gkg−1).Fortherectaldrugadministration,weused22Gintravenouscannulaswiththe styletsremoved.Weadministeredthedrugsbyadvancingthecannula1cmintotherectum,and therectaladministrationvolumewas1mLforalltherats.Thelatencyandanesthesiatime(min) weremeasured.Twohoursafterrectaladministration,75mgkg−1ketaminewasadministered forintraperitonealanesthesiainallthegroups,followedbytheremovaloftherats’rectums toadistaldistanceof3cmviaanabdominoperinealsurgicalprocedure.Wehistopathologically examinedandscoredtherectums.
Results:AnesthesiawasachievedinalltheratsintheGroup RecDexfollowingthe adminis-trationofdexmedetomidine.The onsetofanesthesiainthe GroupRecDex wassignificantly laterandofashorterdurationthanintheGroup IPDEx(p<0.05).In theGroupRecDex,the administrationofdexmedetomidineinducedmild---moderatelossesofmucosalarchitecturein thecolonandrectum,2hafterrectalinoculation.
Conclusion:Although 100gkg−1 dexmedetomidineadministered rectallytoratsachieveda significantlylongerdurationofanesthesiacomparedwiththerectaladministrationofsaline, ourhistopathologicalevaluationsshowedthattherectaladministrationof100gkg−1 dexme-detomidineledtomild---moderatedamagetothemucosalstructureoftherectum.
©2013SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevier EditoraLtda.Allrights reserved.
Introduc
¸ão
Pré-medicac¸ãoéaadministrac¸ãopré-operatóriade medica-mentossedativosporvianasal,oral,retal,intramuscularou intravenosaparareduziromedodopacienteemrelac¸ãoà cirurgia,obtersedac¸ão,diminuiraansiedadeeaquantidade necessáriade anestésicos.1-6 Além dos benzodiazepínicos,
comomidazolam,comumenteusadosparaessefim,ousode alfa-2agonistas,como clonidinae dexmedetomidina,está ficandocadavezmaispopular.3-8Parapacientespediátricos,
éessencial queosagentesdepré-medicac¸ão sejam admi-nistradosdeformanãoinvasiva;istoé,porviatransmucosa, nasalouoral.3-5,7,8Aadministrac¸ãoporviaretaltambémé
preferida,especialmenteparaapré-medicac¸ãodecrianc¸as pequenas.2,3,9-11 Estudosanterioresmostraramque,similar
amidazolam ecetamina, clonidinapodeseradministrada porviaretalparapré-medicac¸ão.2,9-14
Dexmedetomidina é um agonista alfa-adrenérgico com altos níveis de especificidade e seletividade para os receptoresalfa-2. Dexmedetomidina pode ser usada para sedac¸ão, analgesia e anestesia em cenários de cuidados intensivos, bem como para aplicac¸ões de anestesia local e regional.8,15-17 Pesquisas mostraram também que esse
fármaco pode ser administrado como pré-medicac¸ão por via oral, nasal, transmucosa ou intramuscular.4,8,18-24 No
entanto,nãoexistemestudospublicadossobreaaplicac¸ão retaldedexmedetomidinacomopré-medicac¸ão.
Anossahipótesefoiqueaadministrac¸ãode dexmedeto-midinaa ratospor viaretal produziriaumefeito sedativo semcausardanoàmucosaretal.
Paratestaressa hipótese,comparamososefeitos anes-tésicosdedosesiguais dedexmedetomidinaadministradas aratosporviaretalouintraperitoneal.Alémdisso, compa-ramososefeitoshistopatológicosdaadministrac¸ãoporvia retaldedexmedetomidinasobreamucosaretal.
Materiais
e
métodos
com temperatura ambiente controlada (24±1◦C) em um ciclode12/12horas(claro/escuro)ealimentadoscomrac¸ão padrãoeáguaaté12horasantesdoprotocoloexperimental. TrintaedoisratosalbinosWistarmachos,compesoentre 250e300g,foramalocadosaleatoriamenteemquatro gru-posdeoitoratoscada.OGrupoS(n=8)foiumgruposham
queserviudeparâmetroparaosvaloresbasaisnormais;o GrupoC(n=8)consistiuemratosquereceberamaplicac¸ão retalapenasdesorofisiológico;oGrupoIPDex(n=8) consis-tiuemratosquereceberamaaplicac¸ãointraperitonealde dexmedetomidinaeGrupoRecDex(n=8)consistiuemratos quereceberamaaplicac¸ãoretaldedexmedetomidina.
Os ratos foram pesados antesdo experimento. Para a administrac¸ãodos fármacospor via retal,usamos cânulas intravenosasdecalibre22G,comosestiletesremovidos.A administrac¸ãoconsistiuemavanc¸aracânula1cmnoretoe ovolumedeadministrac¸ãoretalfoide1mLparatodosos ratos.25
Identificamosoinícioeadurac¸ãodaanestesiaemtodos os grupos e observamos o reflexo de endireitamento.26
Medimosalatênciadaanestesia(tempo necessárioparaa perda doreflexo de endireitamento) e o tempo de anes-tesia(durac¸ãodaperdadoreflexodeendireitamento)em minutos(min).26 Duas horas após a administrac¸ãopor via
retal domedicamento em estudo, 75mgkg-1 de cetamina
foram usados em todos os grupos para anestesia intrape-ritoneal, seguido pelaremoc¸ãodos retosdos ratosa uma distância 3cm distal por meio de procedimento cirúrgico abdominoperineal.25 Os retos foramhistopatologicamente
examinadoseclassificados.27
Estudopreliminar
Antes doexperimento, avaliamos aeficácia de diferentes doses de dexmedetomidina administrada por via retal em estudos anteriores.16,17,28 Administrados 1
gkg−1,
10gkg−1, 50gkg−1 e 100gkg−1 de dexmedetomidina
retal a dois ratos decada grupo.25 No estudo preliminar,
não obtivemos anestesia com a administrac¸ão retal de 1 ou 10gkg-1 de dexmedetomidina; contudo, obtivemos
anestesia em um dos ratos que receberam 50gkg-1 e
em ambos os ratos que receberam 100gkg-1 de
dex-medetomidina retal. Portanto, a dose de 100gkg-1 de
dexmedetomidina foi escolhida para seradministrada por viaretaleintraperitoneal.
Grupos
Osratosdogruposham(n=8)nãoreceberamadministrac¸ão dequaisquersubstânciasporviaretal.Essesratosforam usa-doscomocontrolesparaoexamehistopatológicodoreto. Elesreceberam75mgkg-1 decetaminaporvia
intraperito-neal,seguidoporremoc¸ãodos retosa umadistância 3cm distal, por meiode cirurgia abdominoperineal.25 Osretos
foramhistopatologicamenteexaminadoseclassificados.27
Os ratos do grupo controle (n=8) receberam 1mL de sorofisiológicoatravésdainserc¸ãode1cmdeumacânula intravenosa de calibre 22G, sem estilete, no reto. Após a administrac¸ão de soro fisiológico, medimos a durac¸ão daanestesianos ratos.26 Osretosforamremovidosauma
distância 3cm distal por cirurgia abdominoperineal.26
Os retos foram histopatologicamente examinados e classificados.27
Administramos100gkg-1dedexmedetomidina
intrape-ritonealaosratosdogrupoIPDex(grupodexmedetomidina intraperitoneal,n=8).Estabelecemosadose adequadade dexmedetomidina com a ajuda do estudo preliminar e pesquisasanteriores.16,17,28Apósaadministrac¸ãode
dexme-detomidina,avaliamosadurac¸ãodaanestesianosratos.26
Nogrupodexmedetomidinaretal(GrupoRecDex,n=8), sorofisiológicofoiadicionado a100gkg-1 de
dexmedeto-midinaparaumvolumetotalde1mL,administradoporvia retalcom cânula intravenosa decalibre 22G semestilete a 1cm no reto. Após a administrac¸ão da dexmedetomi-dina,avaliamosadurac¸ãodaanestesianosratos.26Osretos
foram removidosa uma distância 3cm distal via cirurgia abdominoperineal.25 Os retosforam histopatologicamente
examinadoseclassificados.27
Avaliac¸ãohistológicadalesãodamucosadocólon
Para a observac¸ão em microscopia de luz, as amostras de cólon distal foram embebidas em blocos de parafina depois de ser fixadas em soluc¸ão de formol a 10%. Cor-tesde cincomicrômetros (5m) foramobtidos e corados
comhematoxilina-eosinaetricrômicodeMasson,com méto-dosconvencionais.Umhistologistaclassificouasalterac¸ões patológicasdocólondemodocego,comaescaladelesão histológicadesenvolvidaporLeungetal.27Resumidamente,
alesãodamucosafoiclassificadade0a4,deacordocom osseguintescritérios:grau0,mucosanormal;grau1,lesão apenassuperficialdoepitélio;grau2,lesãodoepitélio da metadesuperiordaglândula;grau3,lesãodamaiorpartedo epitélioglandularquenãoseestendeatéabasedaglândula egrau4,destruic¸ãodoepitéliodetodaaglândula.
Análiseestatística
A análise estatística foi feita com o ProgramaEstatístico paraCiênciasSociais(SPSS)versão16.0paraWindows(SPSS, Chicago,IL).Paraosescoreseasvariáveiscomdistribuic¸ão não normal, os grupos foram comparados com o teste U
deMann-Whitney e o teste deKruskal-Wallis. Os resulta-dos foram expressos como medianas (percentil 25◦, 75◦). Umvalordep<0,05foiconsideradoestatisticamente signi-ficativo.
Resultados
Os resultados relacionados à durac¸ão da anestesia e as avaliac¸õeshistopatológicasdosretosforamregistrados.
Durac
¸ão
da
anestesia
Tabela1 Latênciadaanestesiaetempodeanestesiadeacordocomosgrupos(mediana[percentil25◦,75◦])
GrupoS(n=8) GrupoC(n=8) GrupoRecDex(n=8) GrupoIPDex(n=8) p
Latênciadaanestesia(min) 0(0-0) 0(0-0) 13,50(11,25-15,75)a,b,c 8,5(5-9,75)a,b 0,001
Tempodeanestesia(min) 0(0-0) 0(0-0) 62,50(47-79)a,b,c 111,5(96-115)a,b 0,001
ap<0,001comparadocomoGrupoS;testeUdeMann-Whitney. b p<0,001comparadocomoGrupoC;testeUdeMann-Whitney. c p<0,001comparadocomoGrupoIPDex;testeUdeMann-Whitney.
anestesianoGrupoIPDexfoisignificativamentemaislonga doquenogrupoRecDex(p<0,001)(tabela1).
Achadoshistopatológicos
Ascaracterísticashistológicasdasparedesdocólonedoreto dosgruposshamecontroleforamdeterminadascomo nor-mais(fig.1A-D).NoGrupoRecDex,ofármacoinduziuperdas levesamoderadasdaarquiteturadamucosadocólonedo retoduashorasapósainoculac¸ãoretal(fig.1E-F).Os exa-meshistológicosmostraramapresenc¸adelesãodamucosa comperdadecélulas epiteliais glandularese superficiais. Comomostraatabela1,aclassificac¸ãomicroscópica(2 [2-2])doscólonsdoGrupoRecDexfoisignificativamentemaior doqueadossegmentosdoretoecólondosratosdosgrupos
shamecontrole(p<0,001)(tabela2).
Discussão
Nesteestudo,aadministrac¸ãodedexmedetomidinaporvia retalmostrouteratividadeanestésica,mastambémcausar danosignificativoàmucosaretalderatos,emcomparac¸ão comosgruposcontroleesham.
Osagonistasalfa-2constituemumgrupodefármacos nor-malmente usados em anestesia para efeitos de sedac¸ão, analgesiaeanestesia.11-14,18-24 Clonidina,ummembrodesse
grupo,tambémpodeserusadacomopré-medicac¸ão.11-14A
administrac¸ãodepré-medicac¸ãoporviaretalé particular-mentepreferidaemcrianc¸aspequenasdevidoàfacilidade deadministrac¸ão.2,3,9-11
Estudos anteriores relataram que clonidina pode ser usada de forma eficaz por via retal.11-14 Ao comparar a
eficácia de clonidina e midazolam administrados por via retal,Bergendahl etal.11 descobriramqueo usode
cloni-dinacomopré-medicac¸ãoresultouemescoresmenoresde dordoquemidazolamnoperíodopós-operatórioimediato. Os autores também relataram que as crianc¸as que rece-beram cetaminapor via retal apresentarammais sedac¸ão nas primeiras 24 horas de pós-operatório do que as que receberam midazolam.11 Em um estudo que comparou a
administrac¸ão por via retal de clonidina (25gkg−1) e
midazolam (300gkg−1)paraprevenir o aumentode
neu-ropeptídeoY,causadoporintubac¸ãotraquealemcrianc¸as, Bergendaletal.13concluíramquenãohouvediferenc¸a
sig-nificativaentre osdois grupos. Um estudo que investigou as características farmacocinéticas de clonidina adminis-trada por via retal mostrou que a sua concentrac¸ão plasmática máxima foi de 0,77ngmL-1 e que o tempo
Tabela2 Escoresdeavaliac¸ãohistopatológicadeacordocomosgrupos(mediana[percentil25◦,75◦])
GrupoS(n=8) GrupoC(n=8) GrupoRecDex(n=8) p
Classificac¸ão microscópica
0(0-0) 0(0-0) 2(2-2)a,b 0,001
a p<0,001comparadocomoGrupoS;testeUdeMann-Whitney. b p<0,001comparadocomoGrupoC;testeUdeMann-Whitney.
necessáriopara atingir essaconcentrac¸ão foi de51min.14
O mesmo estudo mostrou que a meia-vida de clonidina retal foi de 12,5horas e a biodisponibilidade de 95%. Os autoresrelataramqueaconcentrac¸ãoplasmáticade cloni-dinaatingiu níveisclinicamenteeficazes10minutosapósa administrac¸ãoretal14etambémque2,5
gkg−1declonidina
administrados por via retal a crianc¸as aproximadamente 20minutosantesdainduc¸ãodaanestesiapodeatingiruma concentrac¸ãoplasmáticaclinicamenteeficaz.14
Dexmedetomidina é umagonistaalfa-adrenérgico alta-menteespecíficoesensívelquepodeseradministradopor via oral, nasal, transmucosa ou intramuscular como pré--medicac¸ão.4,8,18-24
Özcengizetal.20 mostraramquedexmedetomidinaoral
podepreveniraagitac¸ãopós-sevofluranoemcrianc¸as.Yuen etal.4relataramque1
gkg−1dedexmedetomidina
intrana-salproduziu sedac¸ãosignificativamentemaioremcrianc¸as comidadesentre2-12anos,em comparac¸ãocom midazo-lam oral.Osautores enfatizaramque dexmedetomidinae midazolamcriaramcondic¸õesdepré-medicac¸ão semelhan-tese queambos eramaceitáveis.4 Emoutro estudo,Yuen
et al.29 descobriram que, em média, a sedac¸ão teve
iní-cio25minutosapós a administrac¸ão dedexmedetomidina por via intranasal e que a média de durac¸ão dasedac¸ão foide85minutos.Sakuraietal.21relataramque3-4
gkg−1
dedexmedetomidinaadministradosporviaoralacrianc¸as umahoraantesdacirurgiaforamconfiáveiseeficazes.
Em uma comparac¸ão dos efeitos de dexmedetomidina (2gkg−1) e midazolam (2gkg−1) administrados como
pré-medicac¸ão por via intranasala pacientes pediátricos, Talonetal.22 descobriramqueosdoisfármacos
apresenta-ramcaracterísticassemelhantesdeinduc¸ãoerecuperac¸ão anestésica.No entanto,osautores relataram que dexme-detomidinafoi maiseficazna induc¸ãodosono e queesse fármacoeraumaopc¸ãoútilaomidazolamoral.22
Embora a administrac¸ão de clonidina por via retal e de dexmedetomidina por via oral, nasal e transmucosa como pré-medicac¸ãoesteja definida, nãoháestudo sobre aadministrac¸ãodedexmedetomidinaporviaretal.
Em nossoestudo, a administrac¸ão retal de100gkg−1
de dexmedetomidina proporcionou anestesia em todos os ratosdogrupo.Adurac¸ãodaanestesiaemambososgrupos que receberam dexmedetomidina por via intraperitoneal e retal foi significativamente maior do que nos grupos controle e sham. No entanto, o início da anestesia foi significativamente maistardio nogrupodexmedetomidina retaldoque nogrupodexmedetomidina intraperitoneale adurac¸ãodaanestesiafoisignificativamentemenordoque nogrupointraperitoneal.
A administrac¸ão por via retal é um método opcional de pré-medicac¸ão, especialmente em crianc¸as pequenas. Os mecanismos de absorc¸ão dos fármacos administrados
porvia retalsão semelhantesaos dosistema gastrintesti-nalsuperior.Otransportepassivoéoprincipalmecanismo de absorc¸ão de um medicamento retal. A velocidade de absorc¸ãodosfármacosadministradosporvia retalé influ-enciadaporfatorescomoopeso molecular,asolubilidade lipídicaeograudeionizac¸ãodomedicamento.Noentanto, há relato de que a administrac¸ão de medicamentos por viaretalcausaefeitossecundários,comoinflamac¸ãolocal, lesão da mucosa retal, ulcerac¸ão, sangramento e dor retais.30
A administrac¸ão retal de agentes anestésicos também podecausardanosàmucosaretal.25Estudosanteriores
mos-traramque a administrac¸ãoporvia retal demetoexital a 10%provocalesão namucosaretalderatos queiniciaem minutos,torna-seperceptívelem60minutoseprogrideem 24horas.25
No entanto, há poucos estudos dos efeitos dos alfa-2 agonistassobreamucosaretal.31,32 Maxsonetal.31
relata-ramousodeclonidinaemratosparadiminuiraproduc¸ão de muco em um modelo de isquemia/reperfusão intesti-nal.Em umrelato decaso,o usoprolongadodeclonidina foi relatado como causador de penfigoide cicatricial em mucosaanal,vulvarepeleperianal.32Nessecaso,oexame
deimunofluorescência direta das lesões indicou a pos-sibilidade de danos aos tecidos mediados pelo sistema Complementoentreascélulasbasaisdaepidermeea mem-branabasal.32
Em nossa revisão da literatura, não encontramos um estudo que avaliou os efeitos da administrac¸ão de clo-nidina por via retal sobre as células da mucosa retal. Em nosso estudo, descobrimos que a administrac¸ão de 100gkg−1dedexmedetomidinaporviaretalcausouperda
moderada da superfície da mucosa retal e das células epiteliaisglandulares.Acreditamosquealesãodamucosa causada por dexmedetomidina pode ter um mecanismo semelhanteaodaclonidina.31,32Contudo,nãoinvestigamos
osmecanismosdeformac¸ãodelesãodamucosanopresente estudo.Essesresultadospreliminaresem ratospodemnão serobservadosnamucosaretaldesereshumanos,devidoà doseelevadaealtaconcentrac¸ãoresultantedaaplicac¸ãoà mucosaretalnopresenteestudo.Acreditamosqueestudos futuros devem investigar os efeitos de dexmedetomidina sobreamucosaretaleareversibilidadedosdanos.
Adosededexmedetomidinausada emnossoestudofoi identificadacomoamaiseficazparaadministrac¸ãoretalno estudopreliminar.Váriosestudosrelataramosefeitos neu-roprotetoresdedexmedetomidina,embora em dosesmais elevadas(até100gkg−1).33---35
histopatológicarevelouqueotratamento anteriorlevoua danosmoderadosdaestruturadamucosaretal. Portanto, paraousosegurodedexmedetomidinacomopré-medicac¸ão administradaporviaretal,acreditamosqueestudosfuturos sãonecessáriosparaesclarecerosefeitosdofármacosobre amucosaretal.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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