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Organizações complexas e sociedade da informação: o "sofrimento" como metáfora organizacional.

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Academic year: 2017

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O

RGANIZAÇÕES

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COMO

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RGANIZACIONAL

M a r co Au r é l i o N o g u e i r a *

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ESUMO

ar t igo pr ocu r a ar gu m en t ar qu e a m et áf or a do “ sof r im en t o or gan izacion al” pode ser u m r ecu r so par a qu e se v olt e a discu t ir o t em a da gest ão dem ocr át ica e da con v i-v ên ci a em o r g a n i za çõ es co m p l ex a s. Um a r á p i d a r eco n st r u çã o d a t r a j et ó r i a d o or gan icism o n os est u dos sociológicos e n as t eor ias or gan izacion ais ser v e par a qu e se possa dist inguir ent r e um or ganicism o funcionalist a e out r o, dialét ico. A par t ir da fix a-ção de algu n s pon t os par a a com pr een são das sociedades con t em por ân eas com o socieda-des in f or m acion ais, su bm et idas à in ov ação t ecn ológica con t ín u a e à m u dan ça aceler ada, pr ocu r a su st en t ar qu e o “ sof r im en t o” apar ece com o r ef lex o de u m qu adr o or gan izacion al cor t ado pela dificuldade de com por difer enças e unificar .

A

BSTRACT

he ar t icle t r ies t o ar gue t hat t he m et aphor of t he “ or ganizat ional suffer ing” can be a r esou r ce t o discu ss t h e dem ocr at ic m an agem en t an d t h e liv in g t oget h er in com plex or ganizat ions. A br ief hist or ical r econst r uct ion of t he or ganicist v ision in sociological st udies is used t o dist inguish bet w een a funct ionalist and a dialect ical or ganicism . The or ganizat ions ar e t hen analy zed in int er act ion w it h t he social am bient . Aft er t o pr esent t h e con t em p or an eou s societ ies as in f or m at ion al societ ies, su b m it t ed t o a con t in u al t echnological pr ogr ess and t o an acceler at e change, t he ar t icle sust ain t hat t he “ suffer ing” r eflect s an or ganizat ional scenar io in w hich is difficult t o com pose differ ences and unify ing.

* Pr of. da Faculdade de Ciências e Let r as/ UNESP, Cam pus de Ar ar aquar a.

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p r esen t e t ex t o p r et en d e d iscu t ir o est ad o at u al d as or g an izações com p le-x as. Ou sej a, d e p r at icam en t e t od as as or g an izações d ot ad as d e u m cer t o p or t e, d e u m a cer t a d im en são, d e u m a cer t a cap acid ad e d e ex ist ir n o t em -p o e in t er ag ir at iv am en t e com a socied ad e g lob al. Seu -p r in ci-p al -p r essu -p os-t o é q u e as or g an izações esos-t ão os-t en d o d if icu ld ad es p ar a r eag ir e se ad ap os-t ar às p r essões d o am b ien t e sócio- cu lt u r al, d a in ov ação t ecn ológ ica e d o sist em a econ ô-m ico – ou sej a, d o p r ocesso d e r ep osição e sof ist icação d o cap it alisô-m o – , q u e, ao m en os n u m a p r im eir a im p r essão, ap on t am p ar a a f r ag m en t ação e a “ d esor d em ” , e or ig in am u m a sit u ação q u e j á f oi su g est iv am en t e ch am ad a d e “ caos est ab iliza-d o” ( Beck , 1 9 9 9 , p . 1 6 1 ) . Pr ession ailiza-d as p or t oiliza-d os os lailiza-d os, at acailiza-d as sem t r ég u a p ela lóg ica m er can t il p r ev alecen t e e t en d o d e lid ar com p essoas e con t ex t os t u m u lt u ad os, as or g an izações n ão est ão sen d o cap azes d e v in cu lar seu s in t eg r an -t es, d ar a eles u m a v id a p r of ission al d ig n a e p r od u -t iv a, p r een ch en d o ao m esm o t em po os r equ isit os básicos par a cu m pr ir u m a ef et iv a f u n ção social.

No con t ex t o at u al, en t r ecr u zam - se t an t as n ov id ad es e m od if icações q u e o cam p o d as or g an izações m er g u lh ou n u m a esp écie d e m al- est ar q u e in com od a e se esp alh a d e m an eir a ir r ef r eáv el. Nad a f u n cion a m u it o b em n as or g an izações, n ad a p ar ece t er f or ça su f icien t e p ar a alt er ar o r u m o d as coisas. As d if icu ld ad es ob j et iv as d a v id a cot id ian a, as f r at u r as n as su b j et iv id ad es, o im p act o d as n ov id a-d es t ecn ológ icas su cessiv as, a escassez r eal a-d e r ecu r sos, o au m en t o a-d a in cer t eza e da in segu r an ça bloqu eiam a in t er ação din âm ica dos in div ídu os, aceler am os t em -p os e r ef or çam r ot in as im -p r od u t iv as, em n om e d a n ecessid ad e q u e t od os t er iam d e ser p r ag m át icos, d ef en d er os p r óp r ios in t er esses e v en cer n a v id a. Par ad ox al-m en t e, t u d o isso é v iv id o coal-m o sin al d e al-m od er n id ad e, n o sen t id o d e q u e t u d o est ar ia, f in alm en t e, en t r egu e à in iciat iv a in div idu al, à con cor r ên cia, ao m er cado. Na ou t r a p on t a, p ou cas p r op ost as alt er n at iv as e m u it a m ov im en t ação im p ot en t e p ar a p r od u zir con sen sos at iv os, con t r a- t en d ên cias con sist en t es ou m u d an ças ef e-t iv as n o coe-t id ian o or g an izacion al. Hoj e, as or g an izações p ar ecem d esen can e-t ad as e car en t es d e sen t i d o .

Cr eio ser p ossív el associar a est e q u ad r o a id éia d e “ sof r im en t o” , en t en d en -d o- a com o u m a m et áf or a q u e su g er e a p r esen ça -d e u m q u a-d r o -d e in ef icácia g en e-r alizad a, n o q u al o f u t u e-r o f icou em b açad o, a com u n icação est á t e-r u n cad a e as d eci-sões são ab su r d am en t e cu st osas e p ou cos ef icazes; p or ex t en são, o clim a n as or g an izações f ica m ar cad o p ela an g ú st ia e p ela in sat isf ação. Tr at se d e u m q u a-d r o q u e n ão an u n cia o caos n em a im p ossib ilia-d aa-d e a-d e êx it o, m as q u e con v u lsion a a v ida cot idian a, as con sciên cias in div idu ais e as cu lt u r as or gan izacion ais. Par a ser en f r en t ad a d e m od o p osit iv o, r eq u er a assim ilação d e n ov os h áb it os e p r oce-d im en t os, u m a con v er são n os t er m os m esm os oce-d a v ioce-d a or g an izaoce-d a, a r ecu p er ação d e cer t as t r ad ições p er d id as e, an t es d e t u d o, a p r od u ção em sér ie d e r ecu r sos h u m an os in t elig en t es.

O

RGANIZAÇÕES

, F

ISIOLOGISMO E

O

RGANICISMO

Quando se fala em “ sofr im ent o” , pensam os im ediat am ent e em um cor po v iv o, d ot ad o d e est r u t u r a e p ar t es ar t icu lad as. Ap en as or g an ism os d est e t ip o p od em efet iv am ent e sofr er . Os hum anos t am bém sofr em em ocionalm ent e, por t er em sen-t im en sen-t os e v alor es, possu ír em u m a su bj esen-t iv idade, u m a psiqu e, u m a essen-t r u sen-t u r a de per son alidade. Aplicada à sociedade ou a or gan izações, a idéia su ger e u m m ov i-m en t o d e p essoalização, d e con v er são d aq u ilo q u e é coi-m p ost o p or p essoas ei-m algo qu e é, ele pr ópr io, u m a pessoa. Posição n o m ín im o discu t ív el, m as qu e t em lar go t r ân sit o n o m u n do das ciên cias sociais e das t eor ias sobr e or gan izações.

Boa p ar t e d a h ist ór ia d o p en sam en t o social t r an scor r eu sob a in f lu ên cia d o f isiolog ism o: a socied ad e ser ia u m t ip o esp ecíf ico d e ser v iv o, d e or g an ism o, e p od er ia ser est u d ad a a p ar t ir d e an alog ias com o cor p o h u m an o. Hav er ia t an t o u m a m or f ologia qu an t o u m a f isiologia a ser em con sider adas. O or gan ism o t er ia m ú s c u l o s e e s t r u t u r a f ís i c a , p a r t e s e s i s t e m a , u m a m a t e r i a l i d a d e e u m a

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espir it u alidade, u m a con sciên cia colet iv a, u m a m or al com u m , n or m at iv a. Poder ia, p or t an t o, “ sof r er ” ou “ v iv er f eliz” , d o m esm o m od o q u e d ev er ia ser est u d ad o ob j e-t iv am en e-t e e, q u an d o d eb ilie-t ad o, ser ab or d ad o m ed ian e-t e d iag n óse-t icos e e-t er ap ias cr it er iosas.

Du r an t e pr at icam en t e t odo o sécu lo XI X, dif er en t es cor r en t es in t elect u ais se p er g u n t ar am a r esp eit o d a ciên cia q u e d ev er ia r eceb er a in cu m b ên cia d e est u -d ar a socie-d a-d e e, p or ex t en são, as -d iv er sas p ar t es ( g r u p os, or g an izações, in st i-t u ições) q u e a in i-t eg r ar iam . Ser ia esse esi-t u d o u m a ex i-t en são d a b iolog ia, d a f ísica, d a p sicolog ia, ou d ev er ia p er t en cer a u m a ciên cia esp ecíf ica, r ev est id a d e m ét od o e ap ar at o con ceit u al p r óp r ios?

No in ício d aq u ele sécu lo, at in g id as p elos ef eit os er u p t iv os e cat ast r óf icos d a r ev olu ção in d u st r ial e d a Rev olu ção Fr an cesa, as socied ad es eu r op éias su g er iam aos p en sad or es m u it as im ag en s d e cr ise e sof r im en t o. O d iscu r so p r ev alecen t e n a ép oca d ir ia q u e a socied ad e ad oecer a, en f ar t ad a p or m ales e in j u st iças f lag r an -t es. Es-t av a d esag r eg ad a e sob am eaça d e u m in d iv id u alism o q u e se af ir m av a r ap id am en t e. Hav iam caíd o p or t er r a as p r om essas b u r g u esas d e lib er d ad e, ig u al-d aal-d e e f r at er n ial-d aal-d e. Dian t e al-d os olh os, al-d escor t in av a- se u m q u aal-d r o social q u ase m on st r u oso. Mar x d ir ia q u e se p od ia ou v ir o “ d ob r e d e f in ad os” p elo p r og r am a cien t íf ico da bu r gu esia, qu e in gr essav a n u m a clar a decadên cia ideológica, com o se, en v er g on h ad a, aq u ela classe t iv esse p er d id o t od a p u j an ça r ef or m ad or a e p assasse a ser , ag or a, ab an d on ad a p or t od os os d eu ses q u e h av ia cr iad o. Par a os esp ír it os d a ép oca, r ecu p er ar a d im en são colet iv a d o v iv er m ost r av a- se in d is-p en sáv el. A r ev olu ção h av ia is-p r od u zid o d est r u ição e n eg at iv id ad e, r ev elan d o- se com o ex p r essão p er f eit a d e u m a “ ép oca cr ít ica” . Er a h or a d e r econ st r u ir os laços d e solid ar ied ad e, colar os p ed aços d a or d em social d esp ed açad a, p ôr em cu r so u m em p r een d im en t o p osit iv o, or g ân ico, alg o q u e se ap oiasse ou n a t r ad ição e n a au t or i d ad e d o p assad o, ou n a r azão e n a i n v en ção d e n ov os si st em as d e i d éi as cien t íf icas, ou ain da, com o pen sar iam os socialist as m ais pr óx im os de Mar x , n a ação d et er m in ad a d a classe t r ab alh ad or a, q u e er a, af in al, a q u e m ais sof r ia com a in d u st r ialização. Tais op er ações d ar iam n ov a con sciên cia às socied ad es e, com isso, as aj u d ar iam a r et om ar a n or m alid ad e e av an çar . O p r og r esso d ep en d er ia assim , par a os m ais r ev olu cion ár ios, de u m a r ef or m a r adical ou m esm o de u m a n ov a r ev olu ção, q u e con t in u asse e ap r of u n d asse a ob r a d o I lu m in ism o; p ar a os m ais con ser v ad or es ou r eacion ár ios, ele sim p lesm en t e ser ia u m a v olt a at r ás, u m a r ecom p osição d a or g an icid ad e p er d id a.

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Seg u in d o a m esm a t r ilh a, a sociolog ia d e Au g u st e Com t e ( 1 7 9 8 - 1 8 5 7 ) n as-cer ia n o âm b it o d e u m a f ilosof ia p osit iv a p r eocu p ad a em p r ep ar ar as socied ad es par a u m a ev olu ção t ida com o in ev it áv el. Sem or dem – v ale dizer , or gan ização, disciplin a, v igor m or al e r ef er ên cias colet iv as – , n ão h av er ia desen v olv im en t o in -d u st r ial, m as ap en as caos e -d est r u ição. A sociolog ia p r o-d u zir ia os con h ecim en t os e as or ien t ações p r át icas a r esp eit o d est a ár ea esp ecíf ica d a n at u r eza, o social. Com b at er ia a an ar q u ia in t elect u al q u e, em n om e d a t ese d e q u e o p r og r esso con sist ir ia n u m a ex t en são con t in u ad a d a lib er d ad e e d os p od er es h u m an os, em -p u r r av a as socied ad es -p ar a a an ar q u ia social e m or al. A v er d ad eir a lib er d ad e, d ir ia Com t e, n ad a m ais ser ia d o q u e u m a esp écie d e “ su b m issão r acion al” à p r e-p on d er ân cia d as leis n at u r ais. A or d em n ecessár ia ex ig ir ia u m a “ sáb ia r esig n a-ção” d ian t e d os m ales p olít icos in cu r áv eis. Er a in d isp en sáv el, p or t an t o, q u e se con st it u ísse u m a ciên cia posit iv a – qu e ele ch am ar ia pr im eir o de “ f ísica social” e d ep ois d e sociolog ia – com a q u al f osse p ossív el or ien t ar cr it er iosam en t e a ação d est in ad a a m elh or ar a sor t e d a socied ad e. Dif er en t em en t e d e Sain t - Sim on , n a b ase d est a ciên cia est ar ia o p r in cíp io d e q u e as socied ad es são ser es n at u r ais, e n ão m áq u in as cr iad as a p ar t ir d e p lan os p r é- con ceb id os p elos h om en s.

Pouco depois, na I nglat er r a, Her ber t Spencer ( 1820- 1903) – um evolucionist a pr eocupado em descobr ir a m ola im pulsionador a das sociedades –com plet ar ia a idéia: as sociedades per t enciam ao univ er so dos or ganism os v iv os, e dev er iam ser t r at a-das com o t ais. Elas se for m ar iam incent iv aa-das pelas v ant agens decor r ent es da coo-per ação e ev oluir iam r egular m ent e, passando de for m as m ais sim ples par a for m as m ais com plex as, ou sej a, m ais r icas em ór gãos e funções, m ais difer enciadas e or gâ-n icas. Ser ia assim egâ-n fat izado o qu e h av er ia de “ espogâ-n t âgâ-n eo” gâ-n a v ida social, qu e sem pr e r esult ar ia de causas int er nas, não de im pulsos ex t er ior es e m ecânicos. Pouco depois, Alfr ed Espinas t r aduzir ia em t er m os m ais pr ecisos essa especificidade, afir -m ando que as sociedades dist inguir - se- ia-m dos or ganis-m os pur a-m ent e físicos pelo fat o de ser em essencialm ent e “ consciências v iv as, or ganism os de idéias” , em sum a, sist em as concat enados de r epr esent ações. A sociologia e a psicologia apar ecer iam ent ão com o dois r am os da m esm a cepa, a biologia, “ que div er gem a par t ir de um cer t o pont o m as que conser v am em seu desenv olv im ent o um cer t o par alelism o” , so-br et u do por qu e ex ist em , t an t o n u m a com o n ou t r a, “ as r epr esen t ações, as em oções, as im pulsões que se agr upam e se or ganizam ” . A sociologia t er ia a at r ibuição, assim , de pesqu isar com o se for m am e se com bin am as r epr esen t ações colet iv as qu e dão for ça e sent ido às sociedades. ( Dur kheim , 1970, p. 124- 125) .

Quando est a linha de pensam ent o chega a Dur k heim , per t o da v ir ada do sécu-lo, a sociologia adquir e plena m at ur idade. Já não se sust ent ar á m ais sobr e concep-ções genér icas e esquem át icas, dedicadas a t r açar com par aconcep-ções ent r e sociedades e or ganism os v iv os ou a buscar leis do pr ogr esso e da ev olução. Ela passa a “ ent r ar em r elação dir et a com os fat os e a adquir ir dest e m odo o sent im ent o da sua div er sidade e da sua especificidade, buscando aplicar a eles um m ét odo que sej a im ediat am ent e apr opr iado à nat ur eza especial das coisas colet iv as” ( Dur k heim , 1970, p. 126) . A sociologia er a assim lev ada a se especializar e apur ar seu foco. Dur k heim r epet ir á sist em at icam ent e que “ a sociedade não é sim ples som a de indiv íduos, e sim sist em a for m ado pela sua associação, que r epr esent a um a r ealidade específica com car act er es pr ópr ios” . A v ida social, par a ele, r esult ar ia da “ com binação das consciências par t icu-lar es” e ser ia ex plicada por est a com binação. “ Agr egando- se, penet r ando- se, fundin-do- se, as alm as indiv iduais dão nascim ent o a um ser , psíquico se quiser m os, m as que const it ui indiv idualidade psíquica de nov o gêner o. O gr upo pensa, sent e, age difer en-t em enen-t e da m aneir a de pensar , senen-t ir e agir de seus m em br os, quando isolados” . Ser ia im possív el, por t ant o, par t ir dos indiv íduos ou t ent ar ent ender o fenôm eno soci-al pelo fenôm eno psíquico. A “ consciência colet iv a” ser ia soci-algo especisoci-al, pois “ os est a-dos que a const it uem difer em especificam ent e daqueles que const it uem as consciên-cias part iculares” . ( Durkheim , 1968, p. 96- 97) .

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v alor es, q u e se in t er ior izam n a p er son alid ad e m esm a d os m em b r os, solid ar izan -d o- os en t r e si e com o t o-d o. Os in -d iv í-d u os n ão são can cela-d os, m as a f or ça e o êx it o d e u m a socied ad e d ep en d em d o q u an t o ela con seg u e con st r an g er ou m o-der ar os im pu lsos e as pu lsões in div idu ais, disciplin an do- os e dir ecion an do- os par a a ad eq u ad a r ep r od u ção d o t od o. Com o os i n t er esses d o i n d i v íd u o n ão são os d o g r u p o, su r g e u m v er d ad eir o an t ag on ism o en t r e essas d u as in st ân cias. “ É p r eciso, p or t an t o, q u e ex ist a u m a or g an ização q u e f aça os in d iv íd u os se lem b r ar em d os in t er esses sociais, q u e os ob r ig u e a r esp eit á- los. Est a or g an ização n ad a m ais é do qu e u m a disciplin a m or al, u m con j u n t o de r egr as qu e pr escr ev em ao in div ídu o aq u ilo q u e ele d ev e f azer p ar a n ão com p r om et er os in t er esses colet iv os, p ar a n ão per t u r bar a or dem social de qu e f az par t e” ( Du r k h eim , 1 9 7 8 , p. 3 5 ) .

As d ist in t as t eor ias or g an izacion ais q u e se af ir m ar ão n o d ecor r er d o sécu lo XX e st a r ã o t o d a s, d e m o d o m a i s o u m e n o s d i r e t o , v i n cu l a d a s a e st a v i sã o or gan icist a. Dialogar ão com ela, ev iden t em en t e, in cor por an do m u it os n ov os t e-m as e asp ect os, e-m as n ão ab an d on ar ão su as in f lex ões t íp icas. Tr at ar ão a or g an i-zação com o sist em a, com o u m a r ealid ad e con st it u íd a p or p essoas m as q u e n ão se r ed u z à m er a som a d as p essoas q u e a con st it u em , ou sej a, q u e é su p er ior a elas e in depen den t e delas, poden do por isso est abelecer r egr as e r elações “ im posit iv as” , a ser em r esp ei t ad as e o b ed eci d as.

Alg u m as d essas escolas d er am m aior at en ção à d im en são “ m at er ial” e r aci-on al- leg al d as or g an izações – à su a m or f olog ia – , acen t u an d o, às v ezes d e m a-n eir a ab er t am ea-n t e u a-n ilat er al, a f or ça coa-n st r u t iv a do or g aa-n og r am a e d o coa-n t r ole, a h ier ar q u ia f u n cion al e as f in alid ad es p r od u t iv ist as d o f at o or g an izat iv o. A est r u t u -r a d as o-r g an izações p esa-r ia m ais q u e seu s in t eg -r an t es e d ev e-r ia se-r v i-r d e g u ia d e con d u t a e f r eio p ar a eles. Essas f or am t eor ias q u e seg u ir am b em d e p er t o o qu e pr egav a a or gan ização cien t íf ica do t r abalh o de Fr eder ick W. Tay lor : a discipli-n a r ig or osa – ob j et iv ad a t adiscipli-n t o sob a f or m a d e codiscipli-n t r oles r íg id os, q u adiscipli-n t o sob a f or m a d e u m a en t r eg a h ed on ist a d os in d iv íd u os – ser ia o r eq u isit o essen cial d o êx it o or g an izacion al. Pu lsões in d iv id u ais, d esej os, p ost u lações em ocion ais, in t e-r esses p ae-r t icu lae-r es ou cae-r act ee-r íst icas p essoais, d ev ee-r iam see-r m an t id os cat eg oe-r i-cam en t e f or a d e q u est ão, ou en t ão com b at id os a f er r o e f og o. Se n o p assad o, dizia Tay lor , “ o h om em v ier a pr im eir o” , n o f u t u r o a pr ior idade ser ia t oda do sist e-m a. Pou co in t er essav a a in iciat iv a d as p essoas. O q u e se esp er av a d elas é q u e obedecessem às or den s e f izessem o qu e os su per ior es det er m in av am . ( Tay lor , 1 9 9 0 ; Kanigel, 1 9 9 7 ) .

Na m esm a ép oca em q u e Tay lor p u b licou seu The Pr inciples of Scient ific

Managem ent ( 1 9 1 1 ) , o en gen h eir o f r an cês Hen r y Fay ol escr ev eu Adm inist rat ion I ndust rielle et Général ( 1 9 1 6 ) . Fay ol é con sider ado por m u it os o v er dadeir o pai da

m oder n a t eor ia adm in ist r at iv a ( a ch am ada “ t eor ia clássica” ) . Ele deslocar ia o f oco pr iv ilegiado por Tay lor par a o t er r en o da capacidade de adm in ist r ar , m ais qu e da or g an ização, est ab elecen d o os p r in cíp ios b ásicos d a ad m in ist r ação: p r ev er , or g a-nizar , com andar , coor denar e cont r olar . A ciência dev er ia cr iar as m elhor es condi-ções or g an izacion ais – a d iv isão d o t r ab alh o, a u n id ad e d e com an d o, a au t or id ad e, a r esp on sab iliad aad e, a ad iscip lin a, a coesão ad o p essoal, a su b or ad in ação ad o p ar -t icu lar ao g er al – -t en d o em v is-t a a ef iciên cia e a p r od u -t iv id ad e. O ad m in is-t r ad or ag ir ia com o u m m éd ico, p r ocu r an d o con ser v ar a saú d e d as em p r esas e d os escr i-t ór ios m ed ian i-t e o esi-t u d o m ei-t icu loso d e su a an ai-t om ia e d e su a f isiolog ia.

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or gan icist a per sist ir ia in cólu m e, m as f icar ia desaf iada a def in ir o qu e f azer par a

racionalizar os f at or es n ão- p r ev isív eis e ap r ov eit á- los com o r ecu r so p ar a o b om

f u n cion am en t o d o t od o.

An os m ais t ar d e, Talcot t Par son s d ir á q u e t od o or g an ism o social d ep en d e da ex ist ên cia de “ sist em as cu lt u r ais n or m at iv os” , com par t ilh ados, a par t ir dos qu ais as ações in d iv id u ais ou g r u p ais são or ien t ad as e d iscip lin ad as, d an d o v id a a u m a or d em “ im p ost a” , sem a q u al n ad a f u n cion a. Par son s in cor p or ar á at iv am en t e a sociolog ia d e Max Web er , f azen d o d ela u m a esp écie d e p ólo m ag n ét ico q u e at r ai e or gan iza ou t r as t r adições t eór icas im por t an t es, com o a de Du r k h eim . Ser á pela in f lu ên cia d a id éia w eb er ian a d a com preensão, p or ex em p lo, q u e Par son s ch eg ar á à t eor ia d o sist em a social d e ação, qu e m u it os con sider am su a m aior con t r ibu ição. ( Par son s, 1 9 6 4 ) . Vist os com o sist em as d e p er son alid ad e, os in d iv íd u os in t er ag em a p ar t ir d os m ar cos n or m at iv os q u e, p or ser em r ecu r sos d e or ien t ação e d e est a-b ilização g er al d o sist em a, n ão t êm com o ser p or eles n eu t r alizad os ou d issolv idos. Sist em a social e sist em a cu lt u r al, por t an t o, ain da qu e dist in t os, in t er pen et r am -se r ecip r ocam en t e em q u alq u er esp aço d e v id a colet iv a, d an d o or ig em a or g an iza-ções d ot ad as d e g r an d e cap acid ad e d e con t r olar a ação e a in t er ação d e seu s in t eg r an t es. O or g an icism o f u n cion alist a est ar á n o cen t r o d e t u d o. Na p er sp ect iv a ev olu t iv a d e Par son s, o h om em in t eg r a o m u n d o or g ân ico e “ a socied ad e h u m an a e a cu lt u r a d ev em ser an alisad as cor r et am en t e n o q u ad r o g er al ad eq u ad o ao pr ocesso da v ida. A ev olu ção sociocu lt u r al, com o a ev olu ção or gân ica, av an çou , at r av és d e v ar iação e d if er en ciação, d e f or m as sim p les a f or m as p r og r essiv am en -t e m ais com plex as” . ( Par son s, 1 9 6 9 , p. 1 2 - 1 3 ) .

Nov as escolas su r gir ão em r it m o de sof ist icação e r ef in am en t o con ceit u al. I r ão se ab r ir p ar a o p r ocesso d ecisór io ( decision m aking) , incor por ar a v isão ciber -n ét ica e a rat io-nal choice, p assar ão p elo com port am e-nt alism o do psicólogo Kurt Lewi-n

e pelos d if er en t es t ip os d e in st it u cion alism o, d esem b ocan d o n o m ar ab er t o d as

t eor ias pr opr iam en t e con t em por ân eas, em qu e a f r en ét ica div er sif icação t em át ica f ar á cor o com o cr u zam en t o de in f lu ên cias da sociologia, da econ om ia, da f ilosof ia, d a ciên cia p olít ica, d a an t r op olog ia e d a p sicolog ia. Pr og r essiv am en t e, os est u d os or g an izacion ais t en d er ão a p r iv ileg iar a p ar t icip ação, o acaso, o com p or t am en t o, a s i n f l u ê n c i a s v a l o r a t i v a s e i n t e r p e s s o a i s , a l i d e r a n ç a , a a p r e n d i z a g e m or gan izacion al. ( Mot t a, 1 9 9 1 ) . Hav er á m en os t ecn icism o f or m al e m ais pr eocu pa-ção com as su bj et iv idades. A r igidez r acion alist a de an t es per der á f or ça: com o d ir á Sim on ( 1 9 7 6 ) , os p r ocessos d ecisór ios n ão ser ão m ais f u n d am en t ad os p ela r acionalidade, m as por um a “ r acionalidade cer ceada” ( bounded rat ionalit y) . Seguindo t r ilh a sem elh an t e, Mar ch & Olsen ( 1 9 8 9 ) apr esen t ar ão as or gan izações com o “ an ar -q u ias or g an izad as” , n as -q u ais p r ob lem as, solu ções e d ecisões são ex p er im en t a-d os p er m an en t em en t e, im p ossib ilit an a-d o a f ix ação a-d e p aa-d r ões r acion ais r íg ia-d os.

Ser ão m u it as as n ov id ad es e ex p r essiv os os g an h os an alít icos, m as o m ar co d e r ef er ên cia p er m an ecer á associad o à im ag em d as or g an izações com o sist em as q u e p od em ser “ r acion alm en t e” r eg u lad os, in t er ag em com o am b ien t e ex t er n o e se d ed icam a con v er t er input s em ou t pu t s, op er an d o p or en cad eam en t os r íg id os d e d em an d as- p r ocessam en t o- d ecisões- im p lem en t ação- r esu lt ad os: sist em as d e r eg r as, or ien t ações e in cen t iv os, cap azes d e in f lu en ciar ações e com p or t am en t os m ed ian t e o u so d e “ san ções p osit iv as e n eg at iv as” . Um a m esm a “ r acion alid ad e g er en cial h eg em ôn ica” d ar á o t om em t u d o, sem r u p t u r as cat eg ór icas com o t ay lor ism o e p r od u zin d o “ sist em as d e d ir eção q u e se alicer çam n o ap r ision am en t o d a v on t ad e e n a ex p r op r iação d as p ossib ilid ad es d e g ov er n ar d a m aior ia. Est es sist em as, m ais d o q u e com p r ar a f or ça d e t r ab alh o, ex ig em q u e os t r ab alh ad or es r en u n ciem a d esej os e in t er esses, su b st it u in d o- os p or ob j et iv os, n or m as e ob j e-t os d e e-t r ab alh o alh eios ( ese-t r an h os) a eles” . ( Cam p os, 2 0 0 0 , p . 2 3 ) .

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q u ais est r u t u r as e v alor es, r eg r as e in t er esses, cu lt u r a e m at er ialid ad e, in t er ag em at iv am en t e e g er am ser es colet iv os d ot ad os d e sin g u lar id ad e, d e u m a “ p er son a-lidade” pr ópr ia, qu em sabe de u m a “ alm a” . Por ser on t ologicam en t e pr ior it ár ia, a or g an ização est á r ev est id a d o p od er d e ag ir sob r e os in d iv íd u os, p r ession á- los, m od elá- los e con t r olá- los, em n om e d a su a p r óp r ia sob r ev iv ên cia, d a su a “ saú d e” com o or g an ização.

D est e p o n t o d e v i st a , a m et á f o r a d o “ so f r i m en t o ” est a r i a p l en a m en t e j u st if icada e legit im ada. Ela in dicar ia u m a sit u ação em qu e a solidar iedade f alt ar ia, os in d iv íd u os e as p ar t es op er ar iam com o f or ças cen t r íf u g as, d esar r an j an d o o t od o. As or g an izações “ sof r er iam ” p or q u e f u n cion ar iam m al ou t er iam d e su p or t ar t ax as elev adas de in sat isf ação, con f lit o e in com u n icabilidade. O com bat e ao “ sof r i-m en t o” , por t an t o, ii-m plicar ia u i-m a r eposição da or dei-m , u i-m r et or n o à sit u ação ei-m q u e as p ar t es con t r ib u ir iam p ar a a h ar m on ia e o b om f u n cion am en t o d o t od o. O t r at am en t o n ão d isp en sar ia, em caso d e n ecessid ad e, o em p r eg o d e r em éd ios am ar gos, de nat ur eza coer cit iv a ou disciplinar .

Com ist o, a idéia de “ sofr im ent o” t er m inar ia por nos j ogar nos br aços da or ga-nização t ot al, que em t udo pr ecede ao indiv íduo e, no lim it e, ex ige sua com plet a subm issão. I ndicar ia um est ado de per igo im inent e, a ser debelado sem v acilação.

A h ip ót ese d o p r esen t e t ex t o é ou t r a. A m et áf or a d o “ sof r im en t o” n ão p r e-cisa ser ex clu siv idade do or gan icism o f isiologist a e f u n cion alist a, con cen t r ado n a in t eg r ação, n a or d em e n a coesão a q u alq u er cu st o. Pod e g an h ar ou t r os f or os, alçar v ôo em ou t r as d ir eções, ab r açar ou t r as escolas d e p en sam en t o e in t en ções. Su a f or ça su g est iv a p od e op er ar d e m an eir a d iv er sa.

I st o é assim por qu e n ão ex ist e u m ú n ico t ipo de or gan icism o. Ao lado da escola t r adicional, de base fisiológica, há um out r o or ganicism o, m ais m et afór ico qu e an alógico, m ais r eflex iv o qu e descr it iv o, qu e v alor iza o t odo m as n ão o im agin a p r eced en d o às p ar t es, com o sen d o in d ep en d en t e d elas ou su p er ior a elas. Em sum a, ao lado do or ganicism o funcionalist a oper a um organicism o dialético. O pr oble-m a, por t an t o, n ão é o or gan icisoble-m o, oble-m as o oble-m odo cooble-m o ele é assioble-m ilado e u t ilizado.

F

UNCIONALISMO E

D

IALÉTICA

A t en são en t r e f u n cion alism o e d ialét ica é r ecor r en t e n as ciên cias sociais. Ref let e u m a d isp u t a em t or n o d a id éia d e t od o, ou sej a, d a q u est ão d e sab er com o est u d ar e com p r een d er cr it icam en t e as socied ad es, v ist as com o u m con j u n -t o d o-t ad o d e esp ecif icid ad e. Cer -t am en -t e, n ão é aq u i o m elh or lu g ar p ar a r econ s-t r u ir as b ases d ess-t a p olêm ica ou p ar a ap r esen s-t ar , em d es-t alh e, os p r essu p oss-t os e o m odus oper ant i d e cad a u m a d est as con cep ções. Pr et en d o ap en as d em ar car alg u m as d if er en ças, q u e m e p ar ecem p ar t icu lar m en t e su g est iv as p ar a o ob j et o d a p r esen t e d i scu ssão .

( a ) O or g an icism o f u n cion alist a op er a t en d o p or eix o as id éias d e f u n ção e

sist em a. É o or g an icism o m ais au t ên t ico, j á q u e se p õe sem p r e d a p er sp ect iv a d a ad eq u ação en t r e p ar t es e t od o, p en san d o as socied ad es com o u m or g an ism o an álog o ao d os ser es v iv os. A d ialét ica, p or su a v ez, t r ab alh a com b ase n os con -ceit os d e con t r ad ição, p r ocesso e t ot alid ad e. No p r im eir o caso, o sist em a se d es-cola, g an h a v id a p r óp r ia e im p õe p au t as m ais ou m en os r íg id as às su as p ar t es ( set or es, g r u p os ou in d iv íd u os) . Há n ele u m a esp écie d e r ot eir o a ser seg u id o p elos at or es. No or g an icism o d ialét ico, ao con t r ár io, é o p r óp r io p r ocesso, com seu s at or es e con t r adições, qu e pr odu z t ot alidades din âm icas e sem pr e r en ov áv eis. Os at or es est ab elecem su as p au t as e seu s p r oj et os, m ed in d o- os com as p au t as e os p r oj et os in st it u cion ais. Há v ín cu los e d et er m in ações, m as n ão su b m issão ou h ier ar qu ias en t r e as par t es. Por m ais qu e a cu lt u r a in st it u cion al r ef er en cie e dir ij a os at or es, n ão h á q u alq u er n ar r at iv a p r é- est ab elecid a.

( b ) O si st e m a p e n sa d o p e l o f u n ci o n a l i sm o é u m dado , r ev est i d o d e m at er ialid ad e p r óp r ia e in d ep en d en t e d as p ar t es q u e o com p õem . Em su m a, u m

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sen t ir q u e ap r esen t am a p r op r ied ad e m ar can t e d e ex ist ir f or a d as con sciên cias in d iv id u ais e est ão d ot ad as d e u m p od er im p er at iv o e coer cit iv o, em v ir t u d e d o qu al se im põem ao in div ídu o, qu er ele qu eir a, qu er n ão” ( Du r k h eim , 1 9 6 8 , p. 2 ) . No sist em a, os at or es at u am seg u n d o n or m as g er ais e q u an t o m ais in t r oj et am e aceit am essas n or m as, m ais con t r ib u em p ar a o f u n cion am en t o n or m al e ad eq u a-d o a-d o t oa-d o. A su p er p osição a-d e in t er esses ou p r ef er ên cias p ar ciais ( g r u p ais, in a-d iv i-d u ais) às n or m as g er ais – ou a n ão- aceit ação i-d as n or m as p elos at or es – , acar r e-t ar ia con f lie-t os e e-t en sões d e n ae-t u r eza n ão- f u n cion al: com pore-t am ene-t os desviane-t es , qu e pr ecisar iam ser cor r igidos par a n ão com pr om et er a r egu lar idade do t odo. Com o af ir m a Par son s, “ a d im en são d e con f or m id ad e- d esv io é in er en t e a e cen t r al n a con cep ção ab r an g en t e d a ação social e d o sist em a social” ( Par son s, 1 9 6 4 , p . 2 4 9 ) . A v isão d ialét ica é a con t est ação cab al d est a id éia. Nela, o con f lit o n ão é u m pr oblem a: con cebido com o cont radição, ele n ão ap en as in t eg r a a n or m alid ad e, a r ot in a d a in st it u ição, com o t am b ém r esp on d e p or seu d esen v olv im en t o m ais ou m en os v ir t u oso, or g ân ico. A q u est ão, aq u i, é sab er d e q u e m od o o con f lit o se ex p licit a, o q u an t o ele seg u e p ar âm et r os colet iv os ou p ar t icu lar ist as, o q u an t o h á n ele d e p r oj et o in st it u cion al e d e p r oj et o “ cor p or at iv ist a” . Os at or es, p or isso, n ão in t r oj et am n or m as ger ais, m as in t er agem com elas, r epr odu zin do- as e as m odif i-can do. A or gan ização é u m v ir - a- ser per m an en t e, u m a con st r u ção colet iv a.

( c) A dist in ção en t r e f u n cion alism o e dialét ica f ica ain da m aior qu an do se

con sid er a a q u est ão d o p od er e d a d iscip lin a. Com o n ão h á or g an ização q u e ex ist a sem or dem , au ist or idade e dir eção, ist an ist o o fu n cion alism o qu an ist o a dialéist ica põem -se o p r ob lem a d e sab er com o or g an izar d e m od o ef icien t e -sem “ p er d er ” as p esso-as, qu er dizer , v in cu lá- las ao t odo sem con st r an gê- las em dem asia. A t om ada de d ecisões acom p an h a o r aciocín io: p od e a cú p u la d ecid ir sem in ser ir as b ases n a decisão, sem cr iar con dições de par t icipação?

O f u n cion alism o su p õe or g an izações m ais r íg id as, n as q u ais en t r e cú p u las e b ases est ab elece- se u m a r elação d e m ão ú n ica: p or t er em r esp on sab ilid ad es e m an d at os p ar a f azer com q u e o sist em a f u n cion e d o m elh or m od o p ossív el, os d ir ig en t es t êm a p r er r og at iv a d e sab er o q u e é m elh or p ar a as or g an izações. Em seu f av or , m obilizam div er sos r ecu r sos. Valem - se t an t o dos con h ecim en t os ( t écn i-cos, p olít icos ou in t elect u ais) q u e acu m u lam ou q u e est ão a seu alcan ce, q u an t o d os est at u t os e d a p ossib ilid ad e d e em it ir com an d os n or m at iv os f or m ais, d e car á-t er v in cu laá-t ór io e im posiá-t iv o ( or den s, por á-t ar ias, decr eá-t os) . Cen á-t r alizam as deci-sões de m odo r acion al- legal, ain da qu e possam adm it ir , em m aior ou m en or gr au , a u t ilid ad e d e se f azer con su lt as p r év ias às b ases, ou a seg m en t os d elas. Sem q u e r e r f o r ça r d e m a i s o a r g u m e n t o , se r i a p o ssív e l d i ze r q u e o o r g a n i ci sm o f u n cion alist a associa- se b asicam en t e a u m a m odalidade burocrát ica de cent ralism o. A v isão d ialét ica, p or su a v ez, esp ecialm en t e p or q u e con ceb e as or g an iza-çõ es co m o a l g o em co n st r u çã o p er m a n en t e, su p õ e u m a m a i o r f l ex i b i l i d a d e or g an izacion al, com o q u e en t r e cú p u las e b ases est ab elece- se u m a r elação d e m ão d u p la: os d ir ig en t es ex ist em n ão p or q u e saib am o q u e é m elh or , m as p or q u e p ossu em at r ib u t os d e lid er an ça q u e p od em aj u d ar as or g an izações a escolh er m elh or . Recor r em a ex pedien t es de t ipo r acion al- legal, m as n ão con cebem esses ex p ed ien t es com o r ecu r so p r in cip al, e sim com o m er o p ar âm et r o. Su a r azão d e ser r ep ou sa n a cap acid ad e d e f azer f r u t if icar o m ais am p lo d eb at e n as b ases sem p ost er g ar em d em asia as d ecisões f u n d am en t ais. Su a con d u t a, p or t an t o, é m ais dialógica e est r at égica do qu e n or m at iv a e sist êm ica. O or gan icism o dialét ico com bin a se, assim , com o qu e se cost u m a ch am ar de cent ralism o dem ocrát ico: a liber -d a-d e -d o -d eb at e e a p ar t icip ação -d as “ b ases” ar t icu lam - se com e alim en t am a n ecessár i a u n i d ad e d e ação d o t o d o .

( d) A d iscu ssão sob r e o cen t r alism o n os lev a n ecessar iam en t e ao t em a d a

b u r ocr acia: d a su a in ev it ab ilid ad e e d os ef eit os q u e t em sob r e as or g an izações e seu s in t eg r an t es. O t em a, q u e n ão ser á aq u i ap r of u n d ad o, t em sid o ob j et o d e u m a r ecor r en t e at en ção t eór ica e p od e ser v in cu lad o a u m a v ast a b ib liog r af ia.

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com o p r om ot or a d e h or r or es q u e n os lev ar iam a u m a “ ser v id ão” n o f u t u r o. A con -cep ção w eb er ian a, ain d a q u e d iscu t ív el em cer t os p on t os, p er sist iu in cólu m e p or t od o o sécu lo XX, sen d o esp elh ad a p ela r ealid ad e em p ír ica d as or g an izações, as d o m er cad o e p ar t icu lar m en t e as p ú b licas, sob r et u d o d ep ois d a con solid ação d os d if er en t es Est ad os d e Bem Est ar e d o cr escim en t o d as p olít icas sociais e d os ser -v iços p ú b licos. A b u r ocr acia d esen h ad a p or Web er t or n ou - se u m p ar ad ig m a d a m od er n id ad e cap it alist a e p r og r essiv am en t e, com a r ad icalização d est a m esm a m od er n id ad e, f oi se con v er t en d o em d esaf io.

En t r e as d écad as d e 1 9 8 0 e 1 9 9 0 , i n st i g ad o s p el o s p r o g r am as d e r ef o r m a d o Est ad o , m u i t o s est u d i o so s p assar am a t r ab al h ar co m o p r o p ó si t o d e su p er ar a b u r ocr acia m ed ian t e a ad oção d e p r oced im en t os p ós- b u r ocr át icos. A b u r ocr a-ci a t er i a p r est ad o i m p or t an t es ser v i ços n o p assad o m as, com as n ov as a-ci r cu n s-t ân ci as d a g l ob al i zação e d a soci ed ad e d a i n f or m ação, p r eci sar i a ser su b ss-t i s-t u íd a p o r o u t r as f o r m as d e o r g an i zação e g est ão , j á q u e n ão m ai s en co n t r ar i a co n d i ções p ar a se r ep r od u zir e se leg it im ar . A “ new public m anagem ent ” f i x ou se en t ão, m u n d ialm en t e, com o u m n ov o p ar ad ig m a n o t er r en o d a g est ão p ú b lica, sit u -an d o- se n u m a lin h a b em p r óx im a d as f or m u lações d a t eor ia d a escolh a r acion al ( Bu ch an an ) , q u e se su st en t a so b r e a h i p ó t ese d e q u e o s m ecan i sm o s d e m er ca-d o ser iam m ais ef icien t es p ar a r eg u lar p r oceca-d im en t os, or g an izar at iv ica-d aca-d es e co n t r o l ar g r u p o s d e i n t er esses, b u r o cr at as e p o l ít i co s g ast ad o r es. O m er cad o , af in al, ser ia o esp aço d e con v er g ên cia d a in iciat iv a e d os p r oj et os in d iv id u ais, p or u m lad o, e d o eq u ilíb r io social, p or ou t r o, g r aças à in d u ção v ir t u osa d a con -cor r ên cia e d a r acion alid ad e u t ilit ar ist a.

Ta n t o n o ca m p o e st a t a l q u a n t o n o m u n d o d a s e m p r e sa s, o d i scu r so g er en ci al i st a, em v ez d e se p r o p o r a r econst r uir a b u r ocr acia, p r ocu r a acu á- la. Pr iv ileg ia or ien t ações e in cen t iv os q u e d ev er iam , q u an d o m u it o, ser t om ad os com o elem en t os r ef or m ad or es ad icion ais, d eix an d o em p lan o secu n d ár io a r ecu -p er ação d as ca-p acid ad es b u r ocr át icas ou m esm o a in t r od u ção, n a b u r ocr acia, d e elem en t os d e v id a d em ocr át ica, com o q u e se p od er ia lev á- la a d ecid ir d e m od o m ais t r an sp ar en t e, a r ed u zir a ar r og ân cia d os t écn icos e a se ab r ir p ar a f or m as m ais ef icazes d e con t r ole social. Ain d a q u e op er e com con ceit os d e in sp ir ação d em ocr át ica – p ar t icip ação, au t on om ia, in iciat iv a, r ed u ção d e h ier ar q u ias – , o d iscu r so g er en cialist a n ão cr ia con d ições p ar a u m a ef et iv a in cor p or ação d a d e-m o cr aci a, so b r et u d o p o r q u e “ d esco n st r ó i ” d ee-m ai s as o r g an i zaçõ es. Acab a p o r r ep er cu t i r n eg at i v am en t e n o i n t er i o r d as o r g an i zaçõ es. De u m l ad o , p r o d u z d essolid ar ização, q u eb r a d e v ín cu los e d ilu ição d o et h os or g an izacion al, com f la-g r an t es ef eit os em t er m os d e d esv alor ização p r of ission al e d esm ot iv ação. De o u t r o l ad o , p r o d u z u m a esp éci e d e “ i n v er são d e ex p ect at i v as” q u e d esl o ca o u su b or d in a o m ér it o e d if icu lt a a im p lem en t ação d as d ecisões, g r aças à b an alização d a s h i er a r q u i a s e d a a u t o r i d a d e.

(11)

G

LOBALIZAÇÃO E

S

OCIEDADE

I

NFORMACIONAL

Pr ob lem as or g an izacion ais in t r in cad os e am p las m u d an ças ad m in ist r at iv as são, ev id en t em en t e, ex p on en ciad os p elo p r ocesso d a g lob alização cap it alist a, e ist o por v ár ios m ot iv os.

Se é v er dade qu e sem pr e t iv em os globalização, t am bém é v er dade qu e n u n -ca t iv em os um a globalização com o a at ual. Est am os diant e da r eposição r adi-calizada do capit alism o, fat o que nos põe em cont at o com um pr ocesso par t icular , do qual est á n ascen d o u m m od o d e v id a p ar t icu lar . Não se t r at a ap en as d e u m a socied ad e em qu e a in for m ação est á h iper - v alor izada e flu i com gr an de r apidez. Afin al, t odas as sociedades der am lu gar de dest aqu e à in f or m ação, à com u n icação de f at os e con h ecim en t os. Hoj e, por ém , est am os assist in do à em er gên cia de u m a sociedade n a qu al “ a ger ação, o pr ocessam en t o e a t r an sm issão da in f or m ação t or n am - se as f on t es f u n dam en t ais de pr odu t iv idade e poder ” , gr aças às n ov as con dições der iv a-das da aplicação in t en siv a e gen er alizada de t ecn ologia. ( Cast ells, 1 9 9 9 , p. 4 6 ) . Todas as esf er as de at iv idade, das econ ôm icas e m ilit ar es às da v ida cot idian a, passan do pelas polít icas e cu lt u r ais, são con t agiadas pelas n ov as f or m as sociais e t ecn ológ icas d e or g an ização. Mas n ão se t r at a d e u m a socied ad e p r od u zid a ou det er m in ada pela t ecn ologia. A n ov a est r u t u r a social “ est á associada ao su r gim en t o de um nov o m odo de desenv olv im ent o, o infor m acionalism o, hist or icam ent e m olda-do pela r eest r u t u r ação olda-do m oolda-do capit alist a de pr odu ção n o f in al olda-do sécu lo XX” ( Cast ells, 1 9 9 9 , p. 3 2 ) . As sociedades do n osso t em po, por t an t o, est ão se t or n an do infor m acionais sem deix ar em de ser capit alist as. E por m ais que sigam um a m esm a t en dên cia dom in an t e, n ão per dem su as car act er íst icas par t icu lar es: em boa m edi-da, n egociam os t er m os da su a in for m acion alização.

A aceler ação d o t em p o, as con ex ões em t em p o r eal, a v isu alização d e cen á-r ios sim u lt ân eos e a in clu são d as m ais d iv eá-r sas m an if est ações cu lt u á-r ais em á-r ed es d ig it ais, p r od u zem u m a im ag in ação solt a em r elação aos t er r it ór ios ( e aos Est a-d os n acion ais) e p er m an en t em en t e a-d isp on ív el em t er m os in t elect u ais, ét icos e com por t am en t ais. Um a cu lt u r a v ir t u al se im põe, t an t o sob a f or m a de u m a cu lt u r a elab or ad a e alim en t ad a p or m eios v ir t u ais, q u an t o sob a f or m a d e u m a cu lt u r a qu e se af ir m a n u m espaço su pr at er r it or ial: o ciber espaço. A pr ópr ia m or f ologia d as socied ad es at u ais se alt er a, assu m in d o a f or m a d a or g an ização social em r ed es. Com isso, t u d o se m od if ica – d a ex p er iên cia e d a cu lt u r a ao p od er e ao p r ocesso p r od u t iv o. O “ p od er d os f lu x os” t or n a- se m ais im p or t an t e q u e os “ f lu x os d o p od er ” , d o m esm o m od o q u e a m or f olog ia social p assa a t er “ p r im azia sob r e a ação social” . ( Cast ells, 1 9 9 9 , p. 4 9 7 ) .

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( 1 9 9 9 , p. 3 2 ) , “ as con dições de t em po n o n ov o capit alism o cr iar am u m con f lit o en t r e car át er e ex p er iên cia, a ex p er iên cia d o t em p o d escon j u n t ad o am eaçan d o a cap acid ad e d as p essoas t r an sf or m ar seu s car act er es em n ar r at iv as su st en t ad as” . A m u d an ça aceler ad a e a in ov ação t ecn ológ ica in in t er r u p t a f azem com q u e t u d o se ev ap or e n o ar com in éd it a v elocid ad e, p õem em x eq u e con v icções, cost u -m es, h áb it os e co-m p or t a-m en t os, e-m b ar alh a-m as r elações en t r e q u an t id ad e e qu alidade. A t écn ica e a t ecn ologia t or n am - se v alor es em si, im põem u m n ov o p ad r ão p r od u t iv o, ar r asam os p ar âm et r os d o em p r eg o e cau sam im p act os d e v as-t as p r op or ções n o m u n d o d as or g an izações, m ex en d o com su as h ier ar q u ias, seu s p r oced im en t os op er acion ais, su as r elações in t er n as. Na v er d ad e, a n ov a or d em n ão se af ir m a som en t e sob r e os escom b r os d o p assad o, m as cr ia su a p r óp r ia leg alid ad e, su a au t ocon sciên cia e u m m od o p r óp r io d e f u n cion am en t o: d ep lor a a r ig id ez b u r ocr át ica d e an t es, in su r g e- se con t r a as r ot in as e p õe em d ú v id a as au t or id ad es h ier ár q u icas, m as ao m esm o t em p o im p õe n ov os e su t is con t r oles. Vin d os d e m od o d issim u lad o e n o b oj o d e d iscu r sos cen t r ad os n a “ f lex ib ilid ad e” , t ais con t r oles t or n am - se d if íceis d e en t en d er : “ o n ov o cap it alism o é u m sist em a d e poder m u it as v ezes ilegív el” ( Bau m an , 1 9 9 8 , p. 1 0 ) . Seu s ef eit os são din âm icos e d esest ab ilizad or es, p r od u zem an g ú st ia, an sied ad e, d escon f or t o e ex cit ação, ain -da qu e t am bém possam su ger ir t em pos m elh or es, qu e v ir iam im pu lsion ados pela cap acid ad e d e se est ar sem p r e d escob r in d o coisas n ov as, u lt r ap assan d o lim it es, sat u r an d o o q u e est á est ab el eci d o .

Os ef eit os da m u n dialização do capit al com bin ada com r ev olu ção t ecn ológica e in f or m acion alização af et am de m odo par t icu lar m en t e f or t e os m ecan ism os e v a-lor es d a r ep r esen t ação, d a g ov er n ab ilid ad e d em ocr át ica e d o Est ad o. O p r óp r io m u n d o p r ecisa ser an alisad o d e ou t r a m an eir a, n a m ed id a m esm a em q u e os Est ad os- n ação são f or çad os a d iv id ir o cen ár io com or g an izações, com p an h ias e m ov im en t os t r an sn acion ais, a com par t ilh ar , em su m a, a su a sober an ia. For m a- se u m a socied ad e m u n d ial q u e n ão se f az acom p an h ar d e u m Est ad o m u n d ial, ou sej a, “ u m a socied ad e q u e n ão est á p olit icam en t e or g an izad a e n a q u al n ov as op or t u n id ad es d e p od er e d e in t er v en ção su r g em p ar a os at or es t r an sn acion ais, qu e n ão possu em a dev ida legit im idade dem ocr át ica” ( Beck , 1 9 9 9 , p. 5 8 ) .

Ju n t o com o Est ad o n acion al, t od os os cen t r os d ir et iv os e or g an izacion ais per dem f or ça e par ecem f r acassar . O pr ópr io poder m odif ica su a con f igu r ação: d esen car n a, d esp er son aliza- se e d ilu i- se p elas est r u t u r as, t r an sf er in d o- se p ar a sist em as e cir cu it os sem pr e m ais “ in v isív eis” , dif íceis de ser em r econ h ecidos, ev i-t ados ou com bai-t idos. A políi-t ica m u da de f or m a: deix a de se iden i-t if icar com o Esi-t a-d o - i n st i t u i çã o e é o b r i g a a-d a a a b r i r - se p a r a u m a so ci a b i l i a-d a a-d e e x p l o si v a e m u lt if acet ad a, sen d o f or çad a a r ev er seu sen t id o, seu s su j eit os e seu s m ar cos in st it u cion ais. A sen sação é d e q u e se p assou a v iv er n u m con t ex t o m u it o f r ag -m en t ad o, se-m cen t r os d e coor d en ação e se-m su j eit os ef et iv a-m en t e colet iv os, ca-pazes de fundar nov as for m as de com unidade polít ica. Às pr om essas da globalização e d as n ov as t ecn olog ias su p er p õem - se os h or r or es d e u m m u n d o cor t ad o p or f r acassos e p ar ad ox os. ( Nog u eir a, 2 0 0 1 ) .

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-t r e m od as e esq u em as g er en ciais. De m od o h om ólog o ao Es-t ad o, q u e p r iv a-t iza alg u m as d e su as p ar t es, as em p r esas t er ceir izam , d esp oj an d o- se p ar cialm en t e da car ga. Liv r am - se de algu m pat r im ôn io ( r ecu r sos h u m an os, sobr et u do) e aca-b am p or ser f or çad as a se r econ f ig u r ar , r ev en d o seu p r óp r io p assad o. A socied ad e g lob al d e r isco f az com q u e t u d o f u n cion e com b ase n o r isco e n a in cer t eza. Ex ag e-r an d o u m p ou co, é com o se t od a a v id a oe-r g an izad a m ee-r g u lh asse em est ad o d e sof r im en t o.

O “S

OFRIMENTO

COMO

M

ETÁFORA

As or gan izações est ão sen do con st r an gidas pelas im posições da globalização e da in f or m acion alização. Do econ ôm ico e do polít ico ao cu lt u r al, passan do pelo v ast o u n iv er so d as en t id ad es associat iv as e d e r ep r esen t ação d e in t er esses, a v id a or g an izad a en con t r a- se d e p er n as p ar a o ar . As em p r esas são d esaf iad as p elos p r ocessos q u ase in con t r oláv eis d a r eest r u t u r ação p r od u t iv a e d a con cor -r ên cia ex ace-r b ad a: d est -r oem - se -r ecip -r ocam en t e com g -r an d e -r ap id ez. Os sin d ict os oscilam d ian ict e d a v iolên cia com q u e esict ão sen d o alict er ad os o m od o d e ict r ab a-lh ar e os em p r eg os. As or g an izações cu lt u r ais – sej am elas escolas, cen t r os d e p esq u isa ou en t id ad es ar t íst icas – são cor t ad as p ela m er can t ilização e p or in t e-r esses q u e lh es im p õem u m a d in âm ica est e-r an h a, d esaj u st ad a. Passa- se o m esm o n o Est a d o .

De u m a per spect iv a ger al, o “ sof r im en t o or gan izacion al” t em a v er com a com p lex if icação d as or g an izações, f en ôm en o q u e acom p an h a a con f ig u r ação d as socied ad es m od er n as com o sociedades com plexas , ist o é, d esp oj ad as d e cen t r os u n if icad or es clar am en t e est ab elecid os e leg it im ad os d e m od o est áv el. Desse p on -t o d e v is-t a, as or g an izações im i-t am as socied ad es e -t en d em , elas -t am b ém , a f icar p r og r essiv am en t e “ d ecen t r ad as” , p ou co r ecep t iv as a esf or ços d e u n if icação e f i-x ação d e sen t id os. Não se t r at a, p or t an t o, d a id éia t r ad icion al d e or g an izações com plex as, t ípica das t eor ias adm in ist r at iv as, cu j o f oco r epou sa m u it o m ais n a con v er são b u r ocr át ica d as or g an izações, n a su a d ilat ação q u an t it at iv a e n a sof ist icação/ esp ecialização d as f u n ções or g an izacion ais, com d esd ob r am en ist os ev id en -t es n o p lan o d a d im en são, d os or g an og r am as e d as h ier ar q u ias in -t er n as. ( A es-t e r espeit o, cf. Et zioni, 1984) .

As or g an izações, assim , “ sof r em ” p or se r essen t ir em d a au sên cia r elat iv a d e cen t r os in d u t or es e v et or es con sist en t es d e d ir ecion am en t o. Ev olu em m eio f or a d e con t r ole, ou m eio ar t if icialm en t e, com o sist em as v azios d e d en sid ad e co-m u n icat iv a, in cap azes, p or t an t o, d e p r od u zir con sen sos in t er p r et at iv os, solid ar id aid e e f or m as esp on t ân eas id e coor id en ação. Os cen t r os est ão f or m alm en t e p r e-sen t es, m as op er am d e m od o p ou co ef et iv o, n ão se leg it im am com f acilid ad e e p r od u zem escassos ef eit os or g an izacion ais. Con seg u em , d ig am os assim , d isse-m in ar or den s adisse-m in ist r at iv as e coisse-m an dos de au t or idade, isse-m as n ão cr iaisse-m v ín cu los at iv os de v on t ade colet iv a. Dom in am , m as n ão se m ost r am capazes de dir igir . É p r ecisam en t e p or ist o q u e as or g an izações q u e “ sof r em ” n ão são n ecessar iam en -t e or g an izações m al or g an izad as ou d esp r ov id as d e es-t r u -t u r as ad m in is-t r a-t iv as v isív eis e b em - ap ar elh ad as. Elas est ão ad m in ist r at iv am en t e assen t ad as, m as o ap ar at o ad m in ist r at iv o n ão se m ost r a solid ar izad o com as p essoas e só con seg u e se v in cu lar a elas a par t ir “ de f or a” , com o m ecan ism o de coer ção, bloqu eio ou b u r ocr at ização.

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sim u lações ou en t r eg an d o- se sof r eg am en t e a j og os d e p od er ap ar en t em en t e r ecom p en sad or es. Par a t en t ar em ser f elizes, ou m en os in f elizes, os in d iv íd u os p assam a p r ocu r ar m u it o m ais a “ au sên cia d e sof r im en t o e d e d esp r azer ” d o q u e “ a ex p er iên cia d e in t en sos sen t im en t os d e p r azer ” ( Fr eu d , 1 9 9 7 , p . 2 5 ) . Sen t em -se p ar t icu lar m en t e am eaçad os p or aq u ele t ip o d e sof r im en t o q u e p r ov ém “ d e n os-sos r elacion am en t os com os ou t r os h om en s” e q u e, com o ob ser v a Fr eu d , é “ m ais p en oso d o q u e q u alq u er ou t r o” , j á q u e a “ f on t e social d o sof r im en t o” n os r ev olt a e n os ab at e, p ois n ão aceit am os q u e “ os r eg u lam en t os est ab elecid os p or n ós m esm os n ão r ep r esen t am p r ot eção e b en ef ício p ar a cad a u m d e n ós” ( Fr eu d , 1 9 9 7 , p . 3 1 ) . É com o se, p en san d o w eb er ian am en t e, t iv éssem os cr iad o a b u r o-cr acia t ão- som en t e p ar a n os en t r eg ar m os a ela e d eix á- la n os t or t u r ar . 1

O “ sof r im en t o” t am bém pr ov ém da dif icu ldade de se en x er gar com clar eza o q u e é “ su cesso p r of ission al” , o q u e se esp er a d e cad a in t eg r an t e d as or g an iza-ções, qu e ch an ces ele t em de “ su bir n a v ida” , pr oj et ar u m a car r eir a ou t r açar u m a t r aj et ór ia f u t u r a. “ Nesse m u n d o f lu íd o e f lu t u an t e d e est r u t u r as f lex ív eis d e em -p r eg o, o su cesso ev id en t em en t e ain d a ex ist e, m as seu s con t or n os t or n ar am - se im pr ecisos – é, qu em sabe, m ais u m con ceit o r et r ospect iv o qu e pr ospect iv o” ( Pah l, 1 9 9 7 , p . 1 8 ) . Ain d a p or cim a, as p essoas são f or çad as a ex p er im en t ar con t ín u os e com p licad os p r ocessos d e aq u isição d e n ov as id en t id ad es, p or f or ça d as n ov as con f ig u r ações p r of ission ais, d os v alor es em er g en t es e d as m u d an ças q u e se su -ced em n o t er r en o d as r elações d e g ên er o. Cr en ças e con v icções são in ev it av el-m en t e ab alad as, ar r ast an d o con sig o b oa p ar t e d os eq u ilíb r ios ex ist en ciais e d as au t o- im ag en s p r of ission ais e p essoais.

Nã o é d i f íci l i m a g i n a r a i n t er p o l a çã o d essa cu l t u r a g er a l n a s cu l t u r a s or g an izacion ais con cr et as, n o cot id ian o d as or g an izações. Com o os am b ien t es est ão t o m ad o s p el a m u d an ça i n cessan t e, p el a v el o ci d ad e, p el a sen sação d e p r ov isor ied ad e, p ela p r essa, eles se t or n am ain d a m ais su scet ív eis aos ef eit os d esor g an izacion ais d aq u ela in t er p olação. As cu lt u r as or g an izacion ais f icam m al com p ost as e d eix am d e f or n ecer ab r ig o e su p or t e aos in d iv íd u os, q u e se d escolam d elas e p assam ap en as a u su f r u í las, q u an d o p ossív el, a su g á las f isiolog icam en -t e, a -t oler á- las ou sim p lesm en -t e a sof r er as con seq ü ên cias d e v iv er em n elas. Re-d u zem - se os esp aços p ar a a p r op osição e a im p lem en t ação Re-d e ef et iv os p r oj et os in st it u cion ais.

O “ sof r im en t o” t r ad u z clar am en t e a au sên cia d e u m m ét od o d e g est ão q u e assim ile a com p lex id ad e or g an izacion al e saib a lid ar com os n ov os d ad os d a v id a, da sociedade da in f or m ação: dir eit os, dem ocr acia, par t icipação, v elocidade, m ú lt i-p las r acion alid ad es, m ov im en t ação, in d iv id u alid ad es ex acer b ad as. Com o as i-p es-soas são lev ad as a m u d ar seu s en f oq u es e su as ex p ect at iv as em in t er v alos cad a v ez m ais cu r t os, ad q u ir in d o sem p r e n ov os h áb it os, v alor es e h ab ilid ad es, elas p assam a p r od u zir ef eit os p ou co con t r oláv eis e p ou co p r ev isív eis sob r e as or g an i-zações. Na m ed id a em q u e a g est ão n ão cap t a est e p r ocesso e r eit er a p r át icas con sag r ad as, p r od u z- se u m d esaj u st e, u m a f alt a d e sin t on ia en t r e g est ão e v id a, en t r e ad m in ist r ação e cot id ian o. O “ sof r im en t o” , assim , ex p r essa o d esen con t r o e n t r e u m a “ r a c i o n a l i d a d e i n s t r u m e n t a l ” i n s t i t u íd a n a c ú p u l a d i r e t i v a e a m u lt iplicidade de lógicas e r acion alidades qu e v igor am n a or gan ização com o u m t od o. É com o se h ou v esse u m a f alt a d e con sid er ação p ar a com o f at o d e q u e as or g an izações com p lex as r ep r od u zid as p ela socied ad e d a in f or m ação são or g an zações plu r ais e r ef lex iv as, n as qu ais coex ist em dist in t os cen t r os din âm icos, m u i-t os in i-t er esses e ex p eci-t ai-t iv as, m ais d e u m a m ei-t a.

É v er d ad e q u e n as o r g an i zaçõ es at u ai s as p esso as j á est ão sen d o t r at ad as com o suj eit os , ser es at iv os, au t ôn om os, cr iat iv os e q u alif icad os p ar a f azer esco-l h a s. Cr e sce u m u i t o , p o r t a n t o , a se n si b i esco-l i d a d e p a r a co m a s e x i g ê n ci a s d a

1 Com o é ev ident e, faço uso int eir am ent e liv r e de O Mal- Est ar na Civ ilização, de Fr eud, sem t er

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m oder n idade r adicalizada. Mas as or gan izações con t in u am a ser ger en ciadas com o se h ou v esse u m a ú n ica r acion alidade ger en cial, der iv ada de u m t ay lor ism o n om n alm en t e u lt r ap assad o m as su cessiv am en t e at u alizad o e ain d a seg u id o em m u t os d e seu s f u n d am en t os: u m ú n ico cen t r o d e d elib er ação, u m a au t or id ad e t écn i-ca in con t est áv el, u m m od o cien t íf ico d e f azer coisas, con t r oles ob sessiv os, p lan os e t ar ef as ig u ais p ar a t od os. As or g an izações f u n cion am e seg u em em f r en t e, m as o m al- est ar é in ev it áv el. É com o se a m et áf or a w eb er ian a d a “ j au la d e f er r o” f izesse sen t id o d e u m m od o t r an sv er so: n ão h á m ais “ m áq u in as in er t es e esp ír i-t os coag u lad os” , u m a b u r ocr acia q u e a i-t u d o se im p õe, m as esp ír ii-t os in q u iei-t os, r ef lex iv os, r eiv in d icat iv os, q u e se sen t em t olh id os ou d esv alor izad os p or r eg r as d e p r oced im en t o e sist em as d e com an d o e con t r ole q u e n ão os am ed r on t am n em os r ot in izam . Em v ez do con f or m ism o in er en t e à bu r ocr acia, t em - se agor a “ lu t a pela v ida” , dedicação à car r eir a, pou ca lealdade e m u it o in div idu alism o.

Mas o “ sof r im en t o or g an izacion al” n ão se con f u n d e com caos. Há in ú m er as or g an izações b em - su ced id as, q u e f u n cion am com r eg u lar id ad e e ex ib em n ão só r esu lt ad os v it or iosos com o t am b ém in d icad or es d e coesão in t er n a e sat isf ação p essoal. Em p r esas e or g an izações d o m u n d o d os n eg ócios cer t am en t e in ser em -se n es-se con t ex t o d e su cesso e solid ez r elat iv a, at é m esm o p or q u e são in st ig ad as o t em p o t od o a ex p er im en t ar d ist in t as est r at ég ias p ar a v en cer a d u r a lu t a d a con cor r ên cia e d a sob r ev iv ên cia. A lit er at u r a esp ecializad a, aliás, acen t u a est e p on t o d e m od o r eit er ad o, sob r et u d o m ed ian t e a ap r esen t ação d e casos em q u e se r eg ist r ar am aj u st es v it or iosos ou g est ões p ar t icu lar m en t e em p r een d ed or as.

Par ece r azoáv el, por ém , v islum br ar , por t r ás dest a analít ica do sucesso em -pr esar ial, u m a con cen t r ação n os t em as qu e est ão -pr ecisam en t e n a base da h ipót e-se do “ sof r im en t o or gan izacion al” : v en cem as em pr esas qu e con e-segu em m ot iv ar seu pessoal, at in gir n ov os padr ões de iden t idade colet iv a, pr om ov er ar r an j os h ie-r áie-r qu icos in ov adoie-r es e, sobie-r et u do, pôie-r em pie-r át ica idéias e in iciat iv as in t egie-r adoie-r as, ou sej a, qu e con segu em su per ar u m est ágio m ar cado pelo desalen t o, pela cor r o-são das iden t idades, por h ier ar qu ias pou co f u n cion ais e pou co con f or t áv eis, pela f alt a de coesão e in t egr ação, f at or es est es qu e r espon der iam dir et am en t e pelo f r acasso d o em p r een d im en t o ou p or seu p r ecár io d esem p en h o. Est r at ég ias cap a-zes de ger ar laços af et iv os, r elações de iden t idade e espír it o de equ ipe poder iam , en t ão, n ão só lev ar os in div ídu os a com par t ilh ar u n iv er sos sim bólicos in t egr ador es com o t am bém , a par t ir daí, pr om ov er a pr ópr ia r eposição at iv a das or gan izações e o alcan ce de ín dices m ais elev ados de êx it o e sat isf ação.2

Não h á por qu e despr ezar o v alor dest as est r at égias. Mas é bem m ais plau sí-v el adm it ir qu e, n o m u n do dos n egócios, on de im per a a con cor r ên cia e pr epon de-r am a in cede-r t eza, a in st abilidade e a pde-r essão, a in t egde-r ação ode-r gan izacion al de-r esu lt a da colocação em pr át ica de m odalidades u n ilat er ais de au t or idade t écn ica e dir eção. É um t ay lor ism o m eio dissim ulado, m as de algum m odo um a pr ov a da v it alidade das idéias de Tay lor . Se a qu est ão é o m áx im o de eficiên cia e pr odu t iv idade, é bem m elh or apost ar n a “ gest ão cien t íf ica” e n o sist em a do qu e n as pessoas. A gest ão par t icipat iv a funciona apenas com o r et ór ica par a sinalizar um a ex pect at iv a de m u-dan ça. Na pr át ica, o qu e v igor a é a pr eocu pação em ot im izar a pr odu ção. A sat isfa-ção p essoal e a “ saú d e” or g an izacion al f icam , n est e caso, est ab elecid as em b ases pr ecár ias, suj eit as a oscilações e t ur bulências, m al conseguindo neut r alizar o m al-est ar cot idian o qu e, n ascido n o am bien t e ex t er n o, acaba por ser am plificado pelo con t ex t o in t er n o das or gan izações. Com a r adicalização da con cor r ên cia e a m aior v elocidade da sociedade da in f or m ação, é de se im agin ar qu e os ciclos “ sau dáv eis” das or gan izações sej am cada v ez m ais cu r t os. Mu it o pr ov av elm en t e, est e qu adr o funciona com o um adit iv o par a a pr olifer ação m eio caót ica de m odas ger enciais su ce ssi v a s ( q u a l i d a d e t o t a l , r e e n g e n h a r i a , v a l o r i za çã o d o cl i e n t e , e q u i p e s m u lt ifu n cion ais, em pr een dedor ism o) . Dada a at u al h egem on ia das posições m arket

orient ed, é fácil im agin ar com o t u do ist o n ão per m an eceu r epr esado n o u n iv er so

em pr esar ial e en con t r ou as por t as aber t as par a in gr essar n o set or pú blico.

2 Cf. Vasconcelos & Vasconcelos ( 2003) , que or ganizam um a bibliogr afia bast ant e indicat iv a a est e

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