• Nenhum resultado encontrado

Produção de textos narrativos em pares: reflexões sobre o processo de interação.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Produção de textos narrativos em pares: reflexões sobre o processo de interação."

Copied!
19
0
0

Texto

(1)

P r o d u ç ã o d e t e x t o s n a r r a t i v o s e m p a r e s :

re fle xões so bre

o pro ces so de in te ra ção

Tel ma Fer raz Leal

Pa trí cia San tos da Luz

Uni ver si da de Fe de ral de Per nam bu co

R e s u m o

O ar t i go ana li sa o pro ces so de in t e ra ção en t re pa res em pro du -ção de t ex t os n ar ra t i vos. A es co lha de t al t ema est á at re la da a uma con cep ção bá si ca de que a ela bo ra ção t ex t u al é uma at i vi

-da de cog ni t i va e so ci al que im põe uma co or de na ção de ações e de de ci sões de di f e ren t es t i pos. São ne ces sá ri os co nhe ci men t os quan t o à si t u a ção de i n t e ra ção ime di a t a, quan t o às prá t i cas cul t u ra is, quan t o ao gê n e ro t ex t u al e quan t o aos as pec t os lin güís t i cos f or ma is. Des sa f or ma, de f en de se a idéia de que o t ra -ba lho em pa res pode f a vo re cer a t o ma da de cons ciên cia acer ca das de ci sões a t o mar, pois idéi as con f li t an t es de sa u t o ma t i zam

a t a re f a da es cri t a. Argu men t a- se t am bém que a in t e ra ção pode le var as cri an ças a t ro ca rem i n f or ma ções e a t es t á- las du ran t e a ge ra ção do t ex t o, as sim como a par t i lhar es t ra t é gi as para co or -de nar as ações.

Fo ram re a li za das at i vi da des in di vi du a is e em du pla de es cri t a de no t í ci as, car t as e con t os em uma t ur ma de 3ª sé rie (ensi no f un -da men t al, es co la mu ni ci pal de Re ci f e, 21 cri an ças, 8 e 13 anos de ida de).

Os re sul t a dos mos t ram que os t ex t os pro du zi dos pe las du plas f o ram me lho res que os t ex t os in di vi du a is em com po si ções do

t ipo as si mé t ri co (f ra co- médio) e si mé t ri co (mé dio- médio), não sen do t al ef e i t o mar can t e em du plas com pos t as por cri an ças de ní ve is ini ci a is (f ra co f raco). As aná li ses dos pro t o co los evi den -ci a ram que em in t e ra ção as cri an ças ne go -ci am i n f or ma ções e es t ra t é gi as para ela bo ra ção t ex t u al e que apre sen t am di ver sos

t i pos de di nâ mi ca de t ra ba lho, po den do ha ver di vi são cla ra d e pa péis ou ne go ci a ção per ma nen t e em cada t re cho do t ex t o pro -du zi do.

P a la v r a s - c h a v e

Pro du ção de t ex t os - Int e ra ção - Ensi no f un da men t al. Cor res pon dên cia:

Tel ma Fer raz Leal

(2)

T h e p r o d u c t io n o f n a r r a t iv e t e x t s in p a ir s : reflections on

the interaction process

Tel ma Fer raz Leal

Pa trí cia San tos da Luz

Uni ver si da de Fe de ral de Per nam bu co

A b s t r a c t

The article analyzes the interaction process between pairs of

pupils in the production of narrative texts. The choice of this

issue is linked to the basic conception that the creation of

texts is a cognitive and social activity that entails a

coordination of actions and decisions of various types.

Knowledge is necessary about the situation of immediate

interaction, about the cultural practices, the text genre, and

about the formal linguistic aspects. Thus, the article defends

the idea that working in pairs can promote the awareness of

decisions to be made, because conflicting ideas de- automate

the task of writing. It also argues that the interaction can

make children exchange information and test them during the

production of the text, as well as to share strategies to

coordinate actions.

A ctivities were carried out with a third- year class (Primary

School in Recife, 21 children aged 8 to 13) involving

individual as well as pair writing of news, letters and short

stories.

The results show that the texts produced in pairs were better

than individual texts for pairs of asymmetric (weak- average)

and symmetric (average- average) arrangement; the same

effect was not noticeable in pairs of (weak- weak) symmetric

arrangement. A nalyses of the protocols reveal that, when

interacting, children negotiate information and strategies of

text creation, and that they display various types of work

dynamics that may include a clear division of tasks or a

continuous negotiation in each part of the text created.

K e y w o r d s

Creation of texts - Interaction - Primary education.

Cor res pon den ce: Tel ma Fer raz Leal

(3)

P o r q u e é im p o r t a n t e a n a li s a r o p r o c e s s o d e in t e r a ç ã o d u r a n t e a p r o d u ç ã o t e x t u a l?

A es co lha des t e t ema f oi de f i ni da por causa da gran de i m por t ân cia do t ra ba lho com pro du ção de t ex t os nas sé ri es ini ci a is, como

vêm su ge rin do as di ver sas pro pos t as cur ri cu la res de re des es t a du a is e mu ni ci pa is, apre sen t a -das des de o iní cio da dé ca da de 1980. Opt ou- se por t ra ba lhar com t ex t os nar ra t i vos, pois es ses cir cu lam bas t an t e en t re as cri an ças da Edu ca -ção Inf an t il e das sé ri es i n i ci a is sob f or m a de

t ex t os ora is (his t ó ri as re a is e f ic t í ci as) e sob f or ma de t ex t os es cri t os (le i t u ra de his t ó ri as, no t í -ci as, car t as, et c.).

O pres su pos t o bá si co que guia essa pro -pos t a é o de que a apren di za gem de pro du ção

de t ex t os com pre en de o de sen vol vi men t o d a ca pa ci da de de co or de nar co nhe ci men t os de vá -ri os n í ve is e at i vi da des t am bém di ver si f i ca das que es t ão em jogo no t ra ba lho de es cri t a. O es cri t or pre ci sa usar in f or ma ções acer ca das nor -mas de no t a ção da es cri t a; at en t ar para as

nor mas gra ma t i ca is de m ar ca ção de con cor dân cia gra ma t i cal; usar re cur sos co e si vos e si -na is de pon t u a ção; or ga ni zar o t ex t o em pa rá gra f os; de ci dir acer ca das es t ru t u ras das f ra ses; se le ci o nar vo cá bu los; ut i li zar co nhe ci

-men t os acer ca do t ipo de t ex t o a pro du zir, t ais como or ga ni za ção, se qüên cia de idéi as, es t i lo de enun ci a ção; re f le t ir acer ca do con t e ú do a ser ve i cu la do, en t re ou t ras de ci sões necessá -rias. Des sa f or ma, de f en de- se a idéia de que o t ra ba lho em pa res pode f a vo re cer a t o ma da de

cons ciên cia acer ca das de ci sões a t o mar, pois idéi as con f li t an t es de sa u t o ma t i zam a t a re f a d a es cri t a. De f en de- se, t am bém, qu e a in t e ra ção pode le var as cri an ças a t ro ca rem in f or ma ções e a t es t á- las du ran t e a ge ra ção do t ex t o, as sim como a par t i lhar es t ra t é gi as para co or de nar as ações du ran t e a at i vi da de. Res t a, por t an t o, in -ves t i gar mais de t a lha da men t e as f or mas como as cri an ças se or ga ni zam em t al t ipo de at i vi da de e se exis t em al guns t i pos de pa re a men t o (si

-mé t ri cos ou as si -mé t ri cos quan t o ao ní vel das cri an ças em pro du ção de t ex t os) mais van t a -jo sos que ou t ros no pro ces so de cons t ru ção

da com pe t ên cia t ex t u al.

A p r o d u ç ã o d e t e x t o s c o m o u m t r a b a lh o c o m p le x o e

m u l t i f a c e t a d o

M u i t os au t o res vêm pes qui san do as com pe t ên ci as de cri an ças em pro du ção d e t ex t os. Góes e Smol ka (1992), Aba ur re (1992), Kat o e Sca vaz za (1992), San t os (1997) sa li en

-t am as di f e ren ças de de sem pe nho de cri an ças em pro du ção de t ex t os ora is e es cri t os, mos -t ran do as di f i cul da des que as cri an ças -t êm , mu i t as ve zes, em ade quar os t ex t os às ca rac -t e rís -t i cas pró pri as da es cri -t a.

Em re la ção aos t ex t os ar gu men t a t i vos, au t o res como Ost dam, Glop per e Ei t ing (1994) e Gol der e Co i ri er (1994, 1996) mos t ram que cri an ças aba i xo de 14 anos são pou co ef i ci en t es em pro du zir t ex t os ar gu men t a t i -vos es cri t os. Os au t o res apon t am que as

cri an ças não apre sen t am t o dos os ele men t os cons t i t u in t es de um t ex t o ar gu men t a t i vo (pon t o de vis t a, jus t i f i ca t i va, con t ra ar gu -men t a ção e res pos t a). Gol der e Co i ri er (1994) apre sen t am al gu mas hi pó t e ses para t ais re sul

t a dos: cri an ças mais jo vens não t êm ain da do -mí nio de pro ces sos cog ni t i vos ne ces sá ri os à t a re f a; ou as ope ra ções são do mi na das se pa -ra da men t e, mas as cri an ças são in ca pa zes d e co or de ná las para pro du ção de um t ex t o ela -bo ra do; ou as ope ra ções são do mi na das, mas

as cri an ças ca re cem de um mo de lo de com por t a men t o ar gu men t a t i vo ge ral, par t i cu lar men t e a as so ci a ção en t re a met a e os cons t i -t u in -t es do dis cur so.

(4)

de cons t ru ção dos es que mas t ex t u a is e que a his t ó ria com ple t a (si t u a ção ini ci al, de se qui lí -brio e des f e cho) só é pro du zi da após um cer t o

t em po de in t er ven ção e con t a t o com esse gê ne -ro t ex t u al.

Ou t ras di f i cul da des t êm sido apon t a das. Góes e Smol ka (1992) des cre ve ram di f i cul da des

quan t o ao uso dos pro no mes em cons t ru ções com ple xas de re f e rên ci as su ces si vas. M u i t as ve -zes, não se sabe a que o “ ele” se re f e re em meio a duas ou mais pos si bi li da des. Pié ra ut - Le Bonniec e Va let t e (1991) e Kail e We is sen born (1991), en t re ou t ros, ve ri f i ca ram di f i cul da des

em ut i li zar co nec t i vos ló gi cos.

É i m por t an t e, no en t an t o, ve ri f i car qu e t ais di f i cul da des são vis t as, ge ral men t e, como f oco iso la do e que a cri an ça, ao pro du zir o t ex t o, pre ci sa li dar com t o das elas si mul t a ne a men

-t e. Em re la ção a esse pro ces so, Vi e i ra (1992) mos t ra, por exem plo, que o de sem pe nho das cri an ças quan t o ao uso de elip ses é di f e ren t e nos di ver sos t i pos t ex t u a is (nar ra t i vos, ar gu -men t a t i vos e des cri t i vos), ou seja,

o do mí nio de uma ca t e go ria re f e ren ci al de pen de

do do mí nio de um t ipo de es que ma. Para cons

-t ru ir uma ope ra ção de ní vel mais ba i xo como a

elip se, é pre ci so que a cri an ça do mi ne uma ca t e -go ria de ní vel mais ele va do, como o es que ma

t ex t u al.

Nes sa mes ma di re ção, Bran dão (1994) apon t a que as cri an ças que pro du zem as me -lho res hi s t ó ri as, além de abar ca rem t o dos os com po nen t es bá si cos des se t ipo t ex t u al, t am

bém apre sen t am ma i or ela bo ra ção na es t ru t u -ra ção das sen t en ças.

A co or de na ção en t re t o das as ações ( decidir con t e ú do, es t ru t u rar e re la ci o nar os pe río dos, or ga ni zar a se qüên cia, de li mi t ar pa -rá gra f os, no t ar o t ex t o, en t re ou t ras) e ní ve is de co nhe ci men t o (or t o grá f i cos, gra ma t i ca is, di s -cur si vos, t ex t u a is) deve ser gui a da pelo sen t i do pre t en di do n o t ex t o e pelo ef e i t o que se pre -t en de pro vo car.

Leal e Gu i ma rães (1999) at en t am que

as de ci sões aci ma ex pli ci t a das são t o ma das,

mu i t as ve zes, sem que o au t or per ce ba os di le mas, t al é sua f a mi li a ri da de com o t ipo de t ex

-t o ou -t al é a sua f al -t a de cons ciên cia acer ca das

múl t i plas pos si bi li da des. Além dis so, não são

de ci sões t o ma das t o das na f ase pre li mi nar de

pla ne ja men t o. M u i t as des sas de ci sões, as si m

como a co or de na ção com a bus ca dos re cur sos

co e si vos, são t o ma das na pró pria at i vi da de de

ge ra ção do t ex t o. Assim, mu i t os au t o res, como

Rego (1988), Góes e Smol ka (1992), We isz

(1992) e Kat o (1995), ad ver t em que a cri an ça

pre ci sa de sen vol ver ha bi li da des me t a cog ni t i

vas de pla ne ja men t o, mo ni t o ra ção da at i vi da -de, re vi são, ava li a ção do t ex t o pro du zi do.

Du ran t e t oda a t a re f a, a mo ni t o ra ção da ação

pos si bi li t a re t o ma das e re f ac ções. (p. 11)

A hi pó t e se bá si ca i n ves t i ga da nes se t ra -ba lho é que as di f i cul da des que as cri an ças en con t ram nas pro du ções não de cor rem sim ples men t e do des co nhe ci men t o de re gras gra

-ma t i ca is ou da f al t a de idéi as so bre as di ver sas par t es que de vem com por o t ex t o. Na re a li da de, a con ju ga ção dos vá ri os ní ve is de co nhe ci -men t o e a co or de na ção das vá ri as t a re f as a de sen vol ver du ran t e a es cri t a im pli cam u m

es f or ço per ma nen t e de con cen t ra ção em f un -ção do ob je t i vo ma i or, que é o de dar uni da de e co mu ni ca bi li da de ao t ex t o. Assim, t or na- se ne ces sá rio, a t odo mo men t o, pl a ne jar e exe cu t ar t an t o no pla no ge ral (ní vel ma cro: de ci -sões acer ca do con t e ú do e da es t ru t u ra ge ral

do t ex t o) quan t o n o pl a no das par t i cu la ri da -des (ní vel m i cro: as di ver sas par t es que o com põem).

(5)

de ci sões so bre a f or ma e o con t e ú do são es sen -ci a is para a pro du ção de qual quer t ipo de t ex t o e de vem ser f e i t as a par t ir da ima gem que se f az

do le i t or pro vá vel ou pre t en di do e da si t u a ção de in t e ra ção que será me di a da pelo t ex t o. Logo, é ne ces sá rio que se pro por ci o ne, na prá -t i ca pe da gó gi ca, si -t u a ções re a is de in -t e ra ção.

A in t e r a ç ã o c o m o e le m e n t o d e r e f le x ã o

A in t e ra ção so ci al vem sen do, des de a dé ca da de 1980, es t u da da e dis cu t i da en f a t i ca

-men t e por pes qui sa do res de di f e ren t es áre as. É co mum en con t rar mos ar t i gos sa li en t an do a im por t ân cia da in t e ra ção para cons t ru ção do co -nhe ci men t o. No en t an t o, ain da há mu i t o a ser f e i t o para elu ci dar, no ní vel mi cro ge né t i co, o

pa pel da in t e ra ção so bre a ação men t al e so bre o de sen vol vi men t o dos pro ces sos cog ni t i vos, as sim como para ca rac t e ri zar com mais de t a -lhes os di f e ren t es pro ces sos i n t e ra ci o na is e os seus im pac t os so bre a at i vi da de co le t i va e in di vi du al.

Ent re os pro f is si o na is da Edu ca ção, vi go -ra a con cep ção de que a in t e -ra ção pla ne ja da é uma “ es t ra t é gia pri vi le gi a da para pro mo ver e/ ou apri mo rar a cons t ru ção de co nhe ci men t os por par t e dos alu nos” (Da vis, Sil va e Espó si t o,

1989, p. 50). Ent re t an t o, não há cla re za, ain da, so bre qua is pro ces sos cog ni t i vos são at i va dos du ran t e di f e ren t es t i pos de in t e ra ções. Por isso, as i n t e ra ções são vis t as de modo ge né ri co, sem que seja pos sí vel “ elu ci dar qua is de las são re al -men t e út e is para a si t u a ção de sala de aula e

qua is de las cabe ao pro f es sor pro mo ver e/ ou in cen t i var” (Da vis, Sil va e Espó si t o, 1989, p. 50). Se gun do os au t o res ci t a dos, cabe ao pro f es sor/ in t er ven t or cri ar con di ções para a co la -bo ra ção, com pre en são mú t ua e co mu ni ca ção pro du t i va, além de dis cu t ir re gras de in t e ra ção (t ro ca).

Em re la ção ao con t ex t o es co lar, Vygot sky (1984) aler t a para a ne ces si da de de se con si de -rar o ní vel de de sen vol vi men t o po t en ci al dos

alu nos, ou seja, o quan t o a cri an ça é ca paz d e apren der sob a ori en t a ção de u m adu l t o o u em in t e ra ção com ou t ra cri an ça mais ca paz.

Esse de sen vol vi men t o po t en ci al, quan do con -f ron t a do com o de sen vol vi men t o real (o que a cri an ça é ca paz de f a zer so zi nha), cria a Zona de De sen vol vi men t o Pro xi mal, na qual as in

-t e ra ções são mais ef e -t i vas, f or ne cen do ba ses para no vas apren di za gens.

Da vis, Sil va e Espó si t o (1989, p. 52) af ir -mam que

a in t e ra ção com o ou t ro – seja ele um adul to

ou uma cri an ça mais ex pe ri en t e – ad qui re, as

-sim, um ca rá t er es t ru t u ran t e na cons t ru ção do

co nhe ci men t o n a me di da em que of e re ce, além da di men são af e t i va, de sa f io e apo io para

a at i vi da de cog ni t i va. A in t e ra ção so ci al at ua,

des sa f or ma, so bre a Zona de De sen vol vi men t o

Pro xi mal, f a zen do com que pro ces sos ma t u ra

-ci o na is em an da men t o ve nham a se com ple t ar,

f or ne cen do no vas ba ses para no vas apren di za

-gens.

Tais co lo ca ções pa re cem des t a car o pa -pel da in t e ra ção as si mé t ri ca (ex pe ri en t e X inex pe ri en t e) so bre a cons t ru ção do co nhe ci men t o. Po de se per gun t ar, en t ão, se as in t e -ra ções en t re i gu a is (si mé t ri cas) não po de ri am,

t am bém, se rem pro pul so ras da cons t ru ção do co nhe ci men t o. Tal ques t ão ne ces sa ri a men t e vem acom pa nha da de uma ou t ra: qual se ri a o pa pel da i n t e ra ção si mé t ri ca? Se os in di ví duos pos su em ní ve is pró xi mos quan t o ao co nhe ci men t o em ques t ão, como po de ri am i m pul si o

-nar a cons t ru ção do co nhe ci men t o? Há al gu ma ou t ra ca rac t e rís t i ca nas si t u a ções além do f or ne ci men t o de i n f or ma ções qu e pos si bi li t am a apren di za gem?

(6)

ob ser va si t u a ções de: re gu la gem mú t ua; imi t a ções; com ple men t a ção; ações opos t as de ini -ciat iva; e di vi são de t a re f as. Por t an t o, t an t o as

in t e ra ções cri an ça- criança (si mé t ri cas) como as in t e ra ções adu l t o- criança (as si mé t ri cas) são im por t an t es para que ocor ram pro gres sos ex -pres si vos na cons t ru ção cog ni t i va. M oro af ir ma

ain da que é im por t an t e um pri me i ro mo men t o in di vi du al do su je i t o com a si t u a ção pro ble ma a so lu ci o nar, pois a ação in di vi du al t em sen t i do e se t rans f or ma se de f ron t a da com ou t ras ações in di vi du a is.

A re f le xão so bre o pa pel da in t e ra ção em

du plas so bre o de sen vol vi men t o da ca pa ci da de de pro du ção de t ex t os é im pres cin dí vel, pois como su ge re Per ret - Clermont (1979), si t u a ções nas qua is as cri an ças pre ci sam co or de nar en t re si ações ou con f ron t ar opi niões po dem pro vo

-car mo di f i ca ções na es t ru t u ra ção cog ni t i va e re so lu ção de pro ble mas dos alu nos. Essa idéia é de f en di da por ou t ros au t o res como Bor ba (1996) e Ro az zi e Bryant (1999). Con ce be- se, pois, que é pos sí vel que, em in t e ra ção, as cri an -ças pas sem a ex pli ci t ar os co nhe ci men t os e

apre en dam es t ra t é gi as de co or de na ção en t re as at i vi da des ne ces sá ri as à pro du ção de um t ex t o.

Con vém des t a car que a pró pria at i vi da de de pro du ção t ex t u al, mes m o que re a li za da i n -di vi du al men t e, est á in se ri da numa si t u a ção d e

in t e ra ção. Nes se caso, i n t e ra ção en t re pro du t or e le i t or do t ex t o. Qu an do o t ex t o est á sen do pro du zi do, é a ima gem do in t er lo cu t or qu e orient a as de ci sões a t o mar. Nes se t ra ba lho, n o en t an t o, o f oco de at en ção est á vol t a do para a in t e ra ção en t re pa res du ran t e a ge ra ção do

t ex t o.

C o m o a n a li s a r o p r o c e s s o d e in t e r a ç ã o ?

Pes qui sas so bre in t e ra ção t êm sido con du zi das ge ral men t e me di an t e dois pro ce di men -t os bá si cos: aná li se do de sem pe nho de cri an ças in di vi du al men t e e em gru po, em t a re f as di ver sas; ou aná li se do dis cur so pro du zi do na si t u a

-ção de in t e ra -ção em f oco. A pri me i ra f or ma ana li sa os ef e i t os do pro ces so in t e ra t i vo por meio da aná li se do pro du t o des sa in t e ra ção.

Alguns es t u dos ado t am mé t o dos experimen -t ais em que se ma ni pu lam as ca rac -t e rís -t i cas das si t u a ções de in t e ra ção. A se gun da f or ma ana li sa o pro ces so de in t e ra ção por meio de

ins t ru men t os me t o do ló gi cos de abor da gens prag má t i cas de aná li se do dis cur so.

A con cep ção de lin gua gem como pro -ces so de in t e ra ção f or ne ce su por t e t eó ri co para os pro ce di men t os me t o do ló gi cos em qu e ações ver ba is são t o ma das como ob je t o de aná li se. Nes sa pers pec t i va, a lin gua gem é t o

ma da como um f e nô me no si t u a do e os pro t o -co los ver ba is são ma ni pu la dos at ra vés de aná li ses m i cro ge né t i cas.

Den t re os pre cur so res dos mo de los

at uais de An á li se do Dis cur so, po de- se ci t ar Gri ce (1971), que en f a t i zou o pa pel dos in t er -lo cu t o res nas si t u a ções de uso da lin gua gem, apon t an do que os mes mos in t e ra gem mu t u a men t e me di an t e um “ con t ra t o de co o pe ra -ção” . Bus ca- se, por meio des se mo de lo,

per ce ber a f or ma como os in t er lo cu t o res re co -nhe cem as in t en ções co mu ni ca t i vas do ou t ro. A aná li se de t ais in t en ções f oi re a li za da mais sis t e ma t i ca men t e por Aus t in (1962) e Se ar le (1969, 1975). Enf a t i zan do o prin cí pio

in t en ci o nal da f ala, t al abor da gem ex plo rou as t rês di men sões bá si cas dos enun ci a dos: at o lo cu ci o ná rio (con t e ú do pro po si ci o nal, o que é dit o); at o ilo cu ci o ná rio (in t en ção sub ja cen t e ao con t e ú do pro po si ci o nal, f or ça); at o per lo cu ci o ná rio (ef e i t o per lo cu ci o ná rio so bre o in

-t er lo cu -t or). Se ar le (1969, 1975) clas si f i cou o s at os de f ala se gun do suas in t en ções. Den t re as con t ri bu i ções da Te o ria dos At os de Fala, Blum- Kulka (1997) des t a ca a at en ção dada a qua t ro f e nô me nos:

1 – ex pres sões não ser vem ape n as para ex pres sar pro po si ções mas t am bém para exe cu -t ar ações lin güís -t i cas em con -t ex -t o;

(7)

em ní ve is de t rans pa rên cia ilo cu ci o ná ria e pro -po si ci o nal para per f or man ce em t o dos os at os de f ala;

3 – a mes ma ex pres são, de pen den do do con t ex t o, pode ser vir para exer cer di f e ren t es f un -ções prag má t i cas;

4 – at os de f ala po dem ser di f e ren ci a dos pe los

t i pos de pre con di ções con t ex t u a is ne ces sá ri as para seu su ces so na per f or man ce. (p. 47)

Tais pos t u la dos f or ne ce ram con t ri bu i ções re le van t es para o in cre men t o de mo de los t eó ri -cos, den t ro de uma pers pec t i va prag má t i ca, que bus cam re a li zar aná li se de dis cur so. Uma das

abor da gens t eó ri cas de des t a que, hoje, é a Aná -li se da Con ver sa ção. Se gun do M ar cus chi (1991, p. 6), os ob je t i vos ge ra is dos t eó ri cos da Aná li se da Con ver sa ção são des cre ver as es t ru t u ras da con ver sa ção e seus me ca nis mos or ga ni za do res;

es pe ci f i car os co nhe ci men t os lin güís t i cos, pa ra -lin güís t i cos e so ci o cul t u ra is que de vem ser part ilhados para que a in t e ra ção seja bem su ce di da; ana li sar os pro ces sos co o pe ra t i vos pre sen -t es na a-t i vi da de con ver sa ci o nal. É con si de ran do t ais ob je t i vos que t eó ri cos como Orso li ni e

Pont ecorvo (1992), Edwards (1997, 1998) e Pomerant z e Fehr (1997), en t re ou t ros, ut i li zam a Aná li se do Dis cur so como ins t ru men t o para com pre en der os pro ces sos in t e ra t i vos em sala de aula.

Dis pon do de t ais ins t ru men t os me t o do -ló gi cos, op t ou- se por ana li sar o pro ces so de pro du ção t ex t u al em pa res at ra vés dos pro du -t os das in -t e ra ções (os -t ex -t os in di vi du a is e em du plas) e da aná li se dos dis cur sos pro du zi dos em si t u a ção de pro du ção.

C o m o o s d a d o s f o r a m c o le t a d o s ?

Esse t ra ba lho f oi re a li za do com uma t ur -ma de 3ª sé rie do pri me i ro grau de u-ma es co la mu ni ci pal de Re ci f e, com pos t a por 21 cri an ças, de am bos os se xos, com ida de va ri an do en t re 8 e 13 anos de ida de.

Fo ram re a li za das at i vi da des de es cri t a de no t í ci as, car t as e con t os. Para cada t ipo de t ex

t o, f oi re a li za da uma t a re f a de es cri t a in di vi -du al de um t ex t o, a par t ir da qual as cri an ças eram clas si f i ca das em f ra cas, mé di as e f or t es.

Após a clas si f i ca ção, as cri an ças eram agru pa das em du plas (f ra co/ f ra co; f ra co/ mé dio; f ra -co/ f or t e; mé dio/ mé dio; mé dio/ f or t e; f or t e/ f or t e) para pro du ção de ou t ro t ex t o (em du

pl a), se guin do as mes mas ori en t a ções da pro -du ção i n di vi -du al. To dos os en con t ros f o ram f il ma dos e au di o gra va dos e os t ex t os re co lhi -dos para aná li se.

Q u a is f o r a m o s e f e i t o s d a in t e r a ç ã o ?

A pri me i ra at i vi da de f oi re a li za da a par t ir de uma dis cus são acer ca de uma no t í cia di vul -ga da na t e le vi são de que a mãe de um alu no de

uma es co la par t i cu lar, em Belo Ho ri zon t e, f oi pre sa por dis cri mi na ção ra ci al. A pes qui sa do ra per gun t ou ao gru po clas se se eles t i nham vis t o no dia an t e ri or, no Jor nal Na ci o nal, a no t í cia so bre a pri são de uma mu lher por ra cis mo. Algu mas cri an ças dis se ram que sim. Após isso,

as cri an ças f a la ram so bre a no t í cia, en quan t o a pes qui sa do ra f a zia per gun t as, pe din do mais de t a lhes, ha ven do, as sim, uma dis cus são so bre o ra cis mo, com t o ma das de po si ção.

As in f or ma ções di s cu t i das so bre a n o t í

-cia f o ram: dat a; lo cal; des cri ção das pes so as en vol vi das (des cri ção f í si ca, f u n ção n a es co la – pro f es so ra, alu no, mãe do alu no, di re t o ra, f un ci o ná rio); n ar ra ção dos f a t os; de t a lhes (of en sas, t es t e mu nhas, si t u a ção at u al na pri são, t ipo de cri me, pu ni ção pre vis t a para o cri

-me, f ala da pro f es so ra).

A par t ir dos re sul t a dos ob t i dos, as crianças f o ram clas si f i ca das em t rês ní ve is, se -guin do os cri t é ri os aba i xo:

(8)

M é dio: t ex t os nar ra t i vos, com boa es t ru t u ra se qüen ci al e com as in f or ma ções es sen ci a is (qua t ro a seis in f or ma ções), mas sem ex plo ra

-ção dos de t a lhes, que da ri am mais cre di bi li da de ao t ex t o.

For t e: t ex t os nar ra t i vos, com in t ro du ção, boa es t ru t u ra se qüen ci al, alt o t eor de in f or ma t i vi

da de (a par t ir de seis in f or ma ções da das) e pre -sen ça de re cur sos lin güís t i cos pró pri os ao t ipo de t ex t o so li ci t a do.

Fo ram an a li sa dos os t ex t os i n di vi du a is e os t ex t os das du plas se guin do os mes mos cri t é -ri os aci ma ex pli ci t a dos. A Ta be la 1 (na pá gi na

36) mos t ra que, após a int e ra ção, hou ve uma me lho ra nos re sul t a dos das du plas do t ipo f ra co médio e mé dio médio, uma vez que os t ex -t os pro du zi dos em du pla f o ram clas si f i ca dos em ní ve is su pe ri o res aos t ex t os pro du zi dos por

cada cri an ça i n di vi du al men t e. As du plas f ra -co- f ort e e mé dio- f ort e pro du zi ram t ex t os qu e f o ram clas si f i ca dos como f or t es, ou seja, no ní vel da cri an ça qu e ob t e ve me lhor re sul t a do i n -di vi du al men t e (não ha via uma ca t e go ria aci ma para se rem ob ser va das mu dan ças). As du plas

f ra co- f raco e f or t e- f ort e per ma ne ce ram n o mes mo ní vel.

Logo, po de mos di zer que a in t e ra ção si -mé t ri ca do t ipo f ra co- f raco não pos si bi li t ou me lho ria no t ex t o pro du zi do, pois, jun t as, as

cri an ças não con se gui ram mo di f i car ou re or ga ni zar as in f or ma ções t ex t u a is. Não hou ve ne -nhu ma du pla que apre sen t as se um t ex t o, em du pla, in f e ri or aos t ex t os in di vi du a is.

Para a pro du ção das car t as f oi re a li za da a le i t u ra de u ma his t ó ria (

Me mó ri as de um rio

)

so bre a po lu i ção de um rio ca u sa da por uma in -dús t ria. Após isso, os alu nos in t er pre t a ram a his t ó ria e dis cu t i ram so bre o t ema. A par t ir des -se t ra ba lho, a pes qui sa do ra pro pôs aos su je i t os que es cre ves sem uma car t a para o dono da in -dús t ria, f a lan do so bre o pro ble ma da po lu i ção no rio e su ge rin do so lu ções.

As cri an ças f o ram clas si f i ca das em t rês ní ve is, de acor do com a ade qua ção do t ex t o às ca rac t e rís t i cas t i po ló gi cas, ou seja, ob ser

-vou- se se os com po nen t es pró pri os ao t ipo so li ci t a do es t a vam pre sen t es. Os com po nen -t es ana li sa dos f o ram:

con tex tu a li za do res

(ca

-be ça lho, com lo ca li za ção no t em po e es pa ço, iden t i f i ca ção do des t i na t á rio e re me t en t e),

in tro du ção

(sa u da ção e apre sen t a ção dos ob -je t i vos da cor res pon dên cia),

cor po

(as sun t o,

com cla re za do ob je t i vo da car t a e ar gu men -t a ção),

des pe di da

(sa u da ção). Des sa f or ma, os cri t é ri os f o ram :

Fra co: t ex t os sem con t ex t u a li za do res (ou ape -nas al guns con t ex t u a li za do res), con f u so (sem cla re za dos ob je t i vos da cor res pon dên cia);

M é dio: t ex t os com cla re za dos ob je t i vos e boa or ga ni za ção das idéi as, mes mo que t e nham f a lhas no uso dos re cur sos co e si vos;

For t e: t ex t os com con t ex t u a li za do res, cla re za dos ob je t i vos e boa or ga ni za ção das in f or ma

-ções e de f e sa de ar gu men t os.

Em re la ção à pro du ção das car t as, po -de- se ob ser var na Ta be la 1 que, para t o dos o s su je i t os, a in t e ra ção f oi bas t an t e pro ve i t o sa, uma vez que ne nhum t ex t o em du pla f oi inf erior aos t ex t os in di vi du a is. As du plas f ra

co f raco, f ra co médio e mé dio médio apre -sen t a ram t ex t os me lho res qu e os t ex t os in di vi du a is. As du plas f ra co f ort e e mé dio f ort e apre sen t a ram t ex t os no mes m o ní -vel das cri an ças mais “ com pe t en t es” e a du pla

f or t e- f ort e per ma ne ceu no mes mo ní vel (não ha via ou t ra clas si f i ca ção pos sí vel). É i n t e res san t e ob ser var que du plas si mé t ri cas (f ra -co- f raco; mé dio- médio) apre sen t a ram t ex t os me lhor es t ru t u ra dos que os pro du zi dos in di vi du al men t e.

(9)

A hi s t ó ria é um t ex t o nar ra t i vo, li t e rá rio, que apre sen t a em sua es t ru t u ra t rês mo men t os di f e ren t es (si t u a ção ini ci al, de se qui lí brio, des

-f e cho), que são en ri que ci dos por des cri ções e nar ra ção de epi só di os que re che i am o en re do. Nes se t ipo de t ex t o, as cri an ças f o ram clas si f i -ca das em t rês ní ve is, se guin do os cri t é ri os de

clas si f i ca ção:

Fra co: t ex t os clas si f i ca dos nos ní ve is de 1 a 3. No ní vel 1, o t ex t o não era nar ra t i vo; no ní vel 2, a cri an ça i n t ro du zia per so na gem, mas não apre sen t a va con f li t o; no ní vel 3, apre sen t a va a in t ro du ção do per so na gem e de li ne a va con f li t o

sem de sen vol vê lo, sen do est e t ex t o uma re es -cri t a.

M é dio: t ex t os que f o ram clas si f i ca dos nos ní -ve is 3 ou 4. No ní -vel 3, a cri an ça in t ro du zia o per so na gem e de li ne a va o con f li t o, sem de sen

-vol vê- lo, mas t en do que cri ar t al con f li t o sem re es cre ver do t ex t o ori gi nal. No ní vel 4, o t ex t o apre sen t a va per so na gem, con f li t o e des f e cho sem “ epi só dio” (só nú cleo), sen do esse t ex t o uma re es cri t a.

For t e: t ex t os clas si f i ca dos no ní ve is 4 e 5. No

ní vel 4, in t ro du zia per so na gem, con f li t o e des -f e cho sem “ epi só dio” (só nú cleo), cri an do novo con f li t o. No ní vel 5, in t ro du zia per so na gem, con f li t o e des f e cho, com acrés ci mo de el e men -t os de re che io (epi só di os).

Po de- se ob ser var na Ta be la 1 que t o dos os t ex t os pro du zi dos em du plas f o ram clas si f i ca dos como f or t es, com ex ce ção da du pl a f or -ma da por cri an ças f ra co/ f ra co. Logo, é pos sí vel con clu ir que a in t e ra ção en t re pa res au xi li ou a pro du ção t ex t u al, f a zen do com que as cri an ças

pu des sem re f le t ir so bre os ob je t i vos para pro -du ção e so bre os as pec t os es t ru t u ra is do t ipo de t ex t o so li ci t a do. M ais uma vez a du pl a f ra -co- f raco não apre sen t ou pro gres so.

Em suma, po de- se ob ser var que nos t rês t i pos de t ex t o hou ve uma me lho ra sig ni f i ca t i va quan do eles f o ram pro du zi dos em pa res. É int eressant e re t o mar que t an t o du plas as si mé t ri cas (f ra co/ mé dio) quan t o si mé t ri cas (mé -dio/ mé dio) pro du zi ram t ex t os me lho res n a

si t u a ção de in t e ra ção en t re pa res, com ex ce -ção da du pla f ra co/ f ra co em no t í cia e his t ó ria. É im pres cin dí vel i n ves t i gar mais de t i da

men t e as si t u a ções de in t e ra ção do t ipo f ra -co- f raco. Nes se pes qui sa não hou ve ef e i t o do pro ces so in t e ra t i vo em pro du ção de no t í ci as e his t ó ri as. Tal re sul t a do pode ser de cor ren t e de

que es sas cri an ças es t a vam em um ní vel d e de sen vol vi men t o t ão ini ci al nes sa com pe t ên cia que não apre sen t a ram me lho ra, mas é pos -sí vel qu e em es t u dos de in t er ven ção, com re pe t i das si t u a ções de in t e ra ção em du plas, pos sa ha ver evo lu ção t am bém em in t e ra ções des se t ipo.

Qu an t o às du plas em qu e ha via uma ou mais cri an ças f or t es, t al aná li se pre ci sa ain da ser apro f un da da, pois uma das cri an ças j á apre sen t a va de sem pe nho mu i t o bom, po den

-do ser est a a res pon sá vel pelo bom t ra ba lho da du pla. Tal ques t ão será apro f un da da n u m t ra ba lho pos t e ri or.

É im por t an t e res sal t ar que a ca t e go ri za -ção ado t a da não es go t a os cri t é ri os re le van t es para cada um dos t i pos t ex t u a is, mas f o ram

con si de ra dos os mais es sen ci a is para clas si f i -ca ção dos t ex t os ora pro du zi dos, de ven do- se con si de rar que eram cri an ças de 3a sé rie (es co la pú bli ca) e que se os cri t é ri os f os sem mais rí -gi dos cor re ría mos o ris co de ni ve lar t o dos os

t ex t os, o que im pos si bi li t a ria as aná li ses acer -cas das di f e ren ças en t re as si t u a ções em aná li se.

O q u e a c o n t e c e u d u r a n t e a p r o d u ç ã o d o s t e x t o s ?

(10)

(enun ci a ção de cada t re cho). Des sa f or ma, f o -ram en con t ra das al gu mas pas sa gens em que a cri an ça que es t a va com o lá pi s enun ci a va e no -t a va o -t re cho, al gu mas pas sa gens em que uma cri an ça no t a va o t re cho e a ou t ra enun ci a va, al

-gu mas pas sa gens em que uma cri an ça de ci dia so bre o que se ria es cri t o e a ou t ra cri an ça de ci dia so bre como se ria dit o (enun ci a ção), al gu -mas pas sa gens em que a cri an ça que es t a va

com o lá pi s re gis t ra va t re chos sem sub me t er à apro va ção do par. Essas di f e ren t es at u a ções das cri an ças em pa res f o ram des t a ca das no t ex t o at ra vés das co res das f on t es, que pos si bi li -t am uma me lhor vi su a li za ção des sa di nâ mi ca.

Após essa aná li se, bus cou- se apre en der mais so bre as ope ra ções em ação du ran t e a ge ra ção do t ex t o. Os pro t o co los f o ram re t o ma dos e cada at o de f ala f oi clas si f i ca do. Des -sa f or ma, f o ram ob ser va dos at os de f ala com

di f e ren t es f un ções, t ais como:

1 - en u n ci a ção do t ex t o: a cri an ça pro põe a f or ma como o t ex t o (t re cho) deve ser re gi s -t ra do;

2 - pro pos t a de con t e ú do: a cri an ça pro põe o que será dit o, mas não de f i ne a es t ru t u ra do pe río do;

3 – apro va ção de su ges t ão: a cri an ça dá si nal de que con cor da com a pro pos t a do co le ga; Ta be la 1. Aná li se dos tex tos ( in di vi du a is e em du plas)

Notícia Carta Conto

Pro du ções Fra co Mé dio For te Fra co Mé dio For te Fra co Mé dio For te

Su je i to 01 X X X

Su je i to 02 X X X

Inte ra ção 01 X 02 X X X

Su je i to 03 X X X

Su je i to 04 X X X

Inte ra ção 03 X 04 X X X

Su je i to 05 X X X

Su je i to 06 X X X

Inte ra ção 05 X 06 X X X

Su je i to 07 X X X

Su je i to 08 X X X

Inte ra ção 07 X 08 X X X

Su je i to 09 X X X

Su je i to 10 X X X

Inte ra ção 09 X 10 X X X

Su je i to 11 X X X

Su je i to 12 x X X

(11)

4 – dis cor dân cia quan t o à su ges t ão apre sen t a -da;

5 – re pe t i ção como re gis t ro mne mô ni co: a cri

-an ça re pe t e o que f oi dit o para que o t re cho enun ci a do não seja es que ci do;

6 – re pe t i ção como au xí lio para o re gis t ro: a cri an ça re pe t e o que f oi dit o va ga ro sa men t e

para au xi li ar a no t a ção (f oco de at en ção em as -pec t os or t o grá f i cos);

7 – re pe t i ção para re t o ma da do t ex t o: a cri an ça re pe t e o que f oi dit o para dar pros se gui men t o ao pe río do em an da men t o;

8 – le i t u ra para re t o ma da do t ex t o: a cri an ça l ê

o t ex t o para re t o mar a se qüên cia e de ci dir so -bre a con t i nu a ção;

9 – le i t u ra para re vi são;

10 – so li ci t a ção de pros se gui men t o: a cri an ça so li ci t a que o par dê pros se gui men t o ao t ex t o;

11 – in t er ven ções para or ga ni zar a di nâ mi ca d a at i vi da de em du pl a.

Os di f e ren t es at os de f ala po dem ilus t rar, de f or m a cl a ra, a com ple xi da de do pro ces so de ge ra ção de um t ex t o e as di f e ren t es ações que o pro du t or pre ci sa co or de nar. As cri an ças, em

du plas, po dem ex pli ci t ar es t ra t é gi as e in f or ma -ções. O f at o de uma cri an ça pro ce der à le i t u ra do t ex t o para re t o mar o que f oi es cri t o pode au xi li ar a ou t ra cri an ça a ado t ar t al t ipo de es t ra t é gia quan do ela f or pro du zir o seu t ex t o in

-di vi du al men t e. Igual men t e i m por t an t es são as es t ra t é gi as de re pe t i ção, com di f e ren t es f un -ções (au xí lio mne mô ni co, re t o ma da do t ex t o para con t i nu i da de, au xí lio para re gis t ro) e le i -t u ra (para re -t o ma da do -t ex -t o e para re vi são do que já est á es cri t o).

Para i l u s t rar a di n a m i ci da de das ações em jogo, f o ram se l e ci o n a dos dois pro t o co los qu e exem pli f i cam al guns f e n ô me n os qu e po -dem evi den ci ar a com pl e xi da de dos pro ces sos du ran t e a ge ra ção de u m t ex t o. O pri me i ro pro t o co l o con s t ou de u m a si t u a ção de pro du ção de car t a. Os t ex t os pro du zi dos i n di vi du al -men t e pe l as cri an ças en vol vi das (

N

e

J

) f o ram cl as si f i ca dos como mé di os. N n ão co lo cou os con t ex t u a li za do res da car ta, pro du ziu um

t ex t o cu r t o e con f u so, com mu i t as vi o l a ções or t o grá f i cas.

J

u t i li zou os con t ex t u a li za do -res, m as f ora do f or ma t o pa drão.

J

f oi m e lhor

qu e

N

em or t o gra f i a e f ez u m t ex t o m ai s l on go por que enu me rou os ri os qu e n ão deve ri am ser po l u í dos, mas não apre sen t ou so l u ção para o pro ble ma.

de re t or por que quan do você

f ei se f a bre ca você não

bot o um f ico po re so

você acho que e t ra ze

nat a coze boa e você de re t or

você a cabo a f o re t a.

(Tex t o in di vi du al de N)

você dono da f a bri ca não que ria que t odo

mun do f ose joga lixo na sua casa não em t ão

por que você joga lixo da cua f a bri ca no Rio

Ca pi ba ri be nas não e so por voce e para t o dos

que t em f a bri ca at é os pi t al t udo nas e as pe so

-as não de ve ria joga lixo no Rio Ca bi ba ri be e

ot ros at é o de pa ris da xina e da af ri ca e da

aus t ra lha e nu sul em pa u lo nor t e eo São pa u lo

Rio de ja ne i ro Rio e t i ju ca Rio ama zo nas eo Rio

de ca ma ra ca o Rio da bra zi li t e

Re ci f e. 03 de ju nho de 1998

Ass. J...

(Tex t o in di vi du al de J)

O t ex t o pro du zi do em du pla, como pode ser vis t o aba i xo, f oi mais bem es t ru t u ra -do, com ut i li za ção dos con t ex t u a li za do res,

apre sen t a ção cla ra dos ob je t i vos e de sen vol -vi men t o co e ren t e da men sa gem.

Re ci fe, 20 de agos to de 1998 Para: Di re to da Fa bri ca

Por f avo dona da Fá bri ca man de faze ou tra Fa bri ca em ou tro lu gar si não vai aca ba com a

(12)

com a na tu re za é está po lu i do o mar e o ar

A ssi na do: Nel son é Ju li a na

(XX – tex to enun ci a do por N)

(XX – t ex to enun ci a do por J)

Para ana li sar me lhor a or ga ni za ção du ran

-t e a ge ra ção do -t ex -t o, op -t ou- se por de mar car quem es t a va enun ci an do cada par t e da car t a. Como pode ser ob ser va do,

N

(em it á li co) f oi res -pon sá vel pela enun ci a ção de qua se t odo o t ex t o. Por meio da aná li se do diá lo go, po de se per ce -ber que hou ve, nes se caso, uma dis t ri bu i ção d e

t a re f as. Enquan t o

J

(em ne gri t o), que se gu ra va o lá pis, pre o cu pa va se pri o ri t a ri a men t e em no -t ar o -t ex -t o,

N

pre o cu pa va- se em enun ci ar.

Po de se per ce ber, n o di á lo go, nas pá gi -nas 39 e 40, que

J

não t eve um pa pel mu i t o im

-por t an t e quan t o às decisões so bre o con t e ú do do t ex t o, mas ser vi u como re gu la do ra do t ex t o de Nel son, além de t er at i va do nele a ne ces si da -de -de co lo car os con t ex t u a li za do res. O f at o -de o lá pi s t er f i ca do com

J

f ez com que

N

pu des se pen sar mais so bre a es t ru t u ra t ex t u al e enun

-ciar um t ex t o mais co e so. A l e i t u ra do t ex t o individual de

N

pode le var a uma ava li a ção equi vo ca da quan t o à com pe t ên cia qu e o al u n o t em em pro du zir um t ex t o do t ipo so li ci t a do. Como f oi dit o ant e riorment e, o t ex t o in di vi du al

de

N

n ão t i nha os con t ex t u a li za do res;

N

não apre sen t ou com clareza os ob je t i vos da cor res pon dên cia e não con se guiu or ga ni zar as in f or -ma ções de f or -ma co e sa e cla ra. As di f i cul da des do alu no em or t o gra f ia po dem t ê- lo le va do a in ves t ir mais nes sa di men são, f a zen do com que

ele não con se guis se co or de nar as ações ne ces -sá ri as para ge rar o t ex t o. M u i t o i n ves t i men t o em or t o gra f ia era ne ces sá rio, f a zen do com que a enun ci a ção f i cas se em um pla n o i n f e ri or.

J

, por ou t ro lado, t i nha mais f a ci li da de em re gist rar o t ex t o, mas não pla ne jou bem os con t eúdos a ve i cu lar, t en do pro du zi do um t ex t o re -pe t i t i vo. No t ex t o em du pla,

N

pôde f un ci o nar como mo de lo para

J

quan t o ao pro ces so de ge ra ção e or ga ni za ção das idéi as e acer ca das con

-ven ções de uso dos con t ex t u a li za do res.

J

, por ou t ro lado, pos si bi li t ou que

N

exer ces se t al at i -vi da de por li be rá- lo da t a re f a de no t ar o t ex t o.

Di f e ren t e men t e da du pl a aci ma,

W

e

A

ado t a ram uma di nâ mi ca em que não hou ve uma di vi são t ão cla ra de t a re f as. Embo ra n os t ex t os in di vi du a is (aba i xo), as cri an ças t e

-nham pro du zi do n o t í ci as clas si f i ca das como mé di as, quan do pro du zi ram em du pla, o t ex t o me lho rou em qua li da de, t en do sido ava li a do com bom.

JONAL DO COM ECIO

Re ci f e, 20 de ou t u bro de 1998

Ti t u lo

A M ÃE DO M ENINO VIO APROFESORA FALANO DO M ENINO QUE ELE CHEGAVA

M UITO TATE NA ESCOLA PATICOLA EM

BEROLISONTE A M ÃE DO M ENINO QUE

CICHAM AVADENIS A M EA DE DENIFOI PRESA

PORQE CHIGO A PROFESORA DE SENO QUE

ELA É NEGRA E A M ÃE DE DENI FOI PRESA

ELA VAI SE APANHA DA PELO OS PULICIAL.

ELA VAI SE CASTIGADA

ASS: W...

(Tex t o in di vi du al de W)

FOLHA DE PERNAM BUCO?

x

Um me ni no che gou at ra za do na es co la a pro

-f es so ra -f i cou re cra man do com ele e a mãe dele

ou viu t udo e dis si com a pro f es so ra e no era

para você ser pro f es so ra não era para você ser

uma ba bar era bom que o car ro ba t es se em

você a de re t o ra e as mãe dois ou t ro me ni nos

f i ca ram ven do e a pro f es so ra cha mou a po lí cia

e a mãe do me ni no f i cou cho ran do f a lan do n o

ni cro f o ne e a po lí cia le vou a mãe do me ni no

pre za e ela sor sera sol t a ser ela pas sa do juga

men t o ser ela não pas sar ela sera pre za de 1 at é

3 ano isso f oi lar in be ro li zon de?

QUEM ESCREVEU FOI

A...?

(13)

Pro to co lo de in te ra ção en tre N x J em pro du ção de car ta

Diá lo go Aná li se dos atos de fala

(...)

N - Diz. N so li ci ta que J ini cie o tex to.

J - Diz tu tam bém... Por fa vor, dona da... J so li ci ta que o co le ga o faça, mas logo após co me ça a enun ci ar e re gis trar o tex to.

N - Fá bri ca, man de fa zer essa fá bri ca em ou tro lu gar. N as su me o tur no, con ti nu an do a enun ci a ção.

J - Essa fá bri ca... Man de fa zer essa fá bri ca em ou tro lu gar.

J re pe te o tex to, re gis tran do. A re pe ti ção pa re ce ter a fun ção de au xí lio mne mô ni co (para não es que cer o que foi enun ci a do) e au xí lio para o re gis tro (mo men to em que a me ni na pre o cu pa-se com as ques tões no ta ci o na is (re gis tro do tex to)

N - Aí tu bota... se não... N con ti nua a enun ci ar

J - Se não... J re pe te para fa zer o re gis tro

N - Se não vai aca bar com a na tu re za. N con ti nua a enun ci ar

J - Se não vai aca bar com a na tu re za. J re pe te

N - Aí tu bota... Se não bota... bo tar um fil tro para não aca bar com a na tu re za e está po lu in do o mar e o ar. Pron to.

N con ti nua a enun ci ar o tex to e si na li za que a ta re fa aca bou.

J - Pron to J con cor da com o co le ga

(...)

P - Pron to? Os dois con cor dam que aca bou? Não está

fal tan do mais nada? P pro cu ra con fir ma ção so bre o tér mi no da ati vi da de.

N e J - Não

P - E ago ra?

J - É bo tar re me ten te para o cara que man dou. J lem bra que é ne ces sá rio co lo car o nome do re me ten te (con tex tu a li za dor)

P - É isso?

N - É pra fa zer uma car ta, é? Ou é uma car ta nor mal?

N pro cu ra in for ma ções so bre o tipo de tex to que es tão pro du zin do (pa re ce que não ha via per ce bi do que de ve ria es cre ver uma car ta " de ver da de")

P - É uma car ta nor mal.

J - Bota re me ten te. J re pe te que é ne ces sá rio co lo car o re me ten te

P - É?

N Eita! E se fos se para fa zer o nome, aí a gen te ti -nha que bo tar Re ci fe, o lu gar onde a gen te tava. A gen te se es que ceu de tu di nho, não foi não?

A in ter ven ção de J ati va os co nhe ci men tos pré vi os de N so bre os con tex tu a li za do res do tex to

P - O que foi Nel son, que es que ceu?

(14)

W

in di vi du al men t e apre sen t ou um t ex t o com mu i t os pro ble mas or t o grá f i cos e organiza -cionais, sem ut i li zar uma lin gua gem apro pri a da

ao t ipo de t ex t o so li ci t a do e ba i xo t eor de in f or ma t i vi da de. Os de t a lhes que ser vem para dar cre -di bi li da de ao t ex t o jor na lís t i co não f o ram ex pli ci t a dos.

A

, por ou t ro lado, mos t rou ser me -lhor em or t o gra f ia do que

W

, mas o t ex t o in di vi -du al es t a va mais con f u so. Ne nhu ma das -duas

cri an ças de mons t rou f a ci li da de em or ga ni zar as in f or ma ções no t ex t o. É co mum, nes se t ipo de t ex t o, apre sen t ar ini ci al men t e as in f or ma ções

mais ge ra is e de po is os de t a lhes que ca rac t e ri zam a cena ou o f e nô me no que est á sen do des -cri t o.

A

, em seu t ex t o indivi dual, acres cen t ou in f or ma ções não ve rí di cas ao t ex t o, f at o que de mar ca um des com pro me t i men t o com a ve ri -di ci da de pró pria do t ex t o jor na lís t i co.

J - Mas, bota em ba i xo.

J pro põe que os con tex tu a li za do res se jam co lo ca dos em lo ca is não con ven ci o na is (da mes ma for ma que fez no tex to in di vi du al)

N - Não! N não ace i ta

P - Tem je i to ain da de fa zer isso?

N - Ter, tem. Só que aqui é mu i to gros so. Só se fa zer uma lis ta bem gran de aqui, olha!

N pro cu ra uma so lu ção para o pro ble ma, apro ve i tan do o es pa ço su pe ri or do pa pel

J - Bota uma ré gua. J so li ci ta que isso seja fe i to de for ma or ga ni za da (com ré gua)

P - Com bi na com ela.

N - Com quem?

P - Com Ju li a na.

N - Heim? Vai fa zer? Pron to, ago ra... bota Re ci fe, a data, onde a gen te tá, olha a vír gu la aqui... de 1998. Pron to. Aí bota o nome da pes soa. Como é o nome da pes soa?

N ori en ta J so bre a ma ne i ra como os con tex tu a li za do res de vem ser co lo ca dos.

P - Não é pro di re tor, né? Que a gen te tá es cre ven do?

N - É, aí bota o nome di re tor. N enun cia o tex to

P Eu não sei o nome dele, vo cês tam bém não sa -bem. Cha ma ele de di re tor.

N - Aí bota o nome di re tor. Aqui em ba i xo.

J - Di re tor da fá bri ca. J com ple men ta

N - Aqui em ba i xo tu bota: as si na do Nel son e Ju li a na, vai?Assi na do é com dois " s" , é? Vai, dita seu nome... Nel son e Ju li a na, bota um " i" , não?

N au xi lia J quan to ao re gis tro, ex pli ci tan do dú vi das quan to à or to gra fia.

J - Um " e" ? J res pon de so bre a dú vi da co lo ca da.

N - É um " e" mes mo?

J - Pron to.

(15)

O t ex t o em du pla, como pode ser vis t o aba i xo, apre sen t ou uma me lhor or ga ni za ção das idéi as, com uma ma i or quan t i da de de in

-f or ma ções re a is e au sên cia de in -f or ma ções in ven t a das.

UM ALUNO JEGOU ATRASADO NA ISCOLAPATICULA

EN BEROULISOTE A PROFESSORA FICOU

RECRAMANO COM ALUNO A M ÃE DO ALUNO

ESCUTO E COM EÇOU A CHIGA A PROFESSORA

DESENO QUE ELA ERA NEGRA E DISE QUANDO VISE

ELA NA RUA IA PASA PO PO SIM A DELA E A

PROFESSORA JAM O A POLICIA A POLI CI A LEVOU A M ÃE DO ALUNO PRESA E DESE QUE NO PODE PAGA FIANÇA ELA PODE SAI NO JUGAM ETO.

XX – TRECHO ENUNCIADO POR W

XX – TRECHO ENUNCIADO POR A

XX – TRECHO ENUNCIADO POR A E W

CONCOM ITANTEM ENTE

XX – TRECHO REGISTRADO POR W SEM

SUBM ETER À APRECIAÇÃO DE A

XX – TRECHO ENUNCIADO POR A E MODIFICADO POR W, SEM CONSULTA AO PAR

XX – TRECHO ENUNCIADO POR W E M ODI-FICADO POR A

At ra vés da vi su a li za ção do t ex t o é pos -sí vel per ce ber que não hou ve, nes se caso, uma di vi são rí gi da de pa péis, pois, em bo ra

W

t e -nha f i ca do com a t a re f a de no t ar o t ex t o, a enun ci a ção f oi re a li za da pe l as duas cri an ças.

Por ou t ro lado, po de- se ve ri f i car que

W

t i nha mais po der so bre o t ex t o, pois ele é quem f a -zia mo di f i ca ções nos t re chos enun ci a dos por

A

sem re a li zar con sul t a pré via, as sim como re gis t rou a pa la vra “ par t i cu lar” em si lên cio.

Tal ca rac t e rís t i ca f ica evi den t e na aná li se do pro t o co lo (aba i xo).

Pro to co lo de in te ra ção en tre W x A em pro du ção de no tí cia

(...)

W - Eu fico com o lá pis W in for ma so bre uma de ci são so bre a di nâ mi ca de tra ba -lho.

(...)

W - Diz aí. W so li ci ta que A enun cie o tex to.

A - No dia 20 de ou tu bro de 1998... A enun cia o tex to.

W - Diz alto me ni na.

P É. Tem que fa lar alto, você vai que rer ou vir de -po is na voz...

A - Um alu no che gou atra sa do na es co la. A enun cia o tex to.

W - Fala alto me ni na. Em Belo Ho ri zon te, não foi? W con fir ma o tre cho enun ci a do.

A - Em Belo Ho ri zon te. A con fir ma o tre cho enun ci a do.

W - A mãe do alu no es cu tou e co me çou a xin gar a

pro fes so ra. W enun cia o tre cho.

A - Não. A pro fes so ra re cla mou com o alu no. A re je i ta a pro pos ta do co le ga e pro põe ou tra or dem a ser re gis tra da.

(16)

W Re cla man do. A mãe do alu no es cu tou e co me -çou a xin gar a pro fes soa.

W mo di fi ca o tre cho enun ci a do man ten do o con te ú do e pros se gue re to man do o tre cho re je i ta do por A.

A - Escu tou...

A ace i ta o tre cho enun ci a do na nova or dem em que foi pos ta e au xi lia o co le ga re pe tin do o tre cho que ele es ta va re gis tran do.

W - E W re pe te en quan to re gis tra.

A - A pro fes so ra, di zen do que ela era ne gra.

A re pe te um pe da ço do tre cho, au xi li an do W a no tar (a pro fes so ra) e dá con ti nu i da de, enun ci an do o res tan te do pe río do.

W - Fala alto me ni na.

A - Di zen do que quan do ela fos se atra ves sar uma

rua... A enun cia novo pe río do.

W - E dis se que quan do vis se ela na rua, ia pas sar por cima dela. Aca bou... a his tó ria.

W mo di fi ca o tre cho enun ci a do e re gis tra- o no pa pel. W in for ma o tér mi no da ati vi da de.

A - Não, ain da tem mais. A não ace i ta a su ges tão, de fen den do que ain da é ne ces -sá rio com ple tar a no tí cia.

W - Então diz. W so li ci ta que ela as su ma a enun ci a ção do res tan te do tex to.

(...)

P - Pe raí, ele tá achan do que aca bou. Ela que não, não é isso? Então faz o se guin te: lê a his tó ria do co -me ço e vê se aca bou -mes mo. Vê se tá fal tan do, tá cer to?

A - Bota aí... A pen sa so bre o que irá pro por.

W - (lê o tex to) Um alu no che gou atra sa do em uma es co la em Belo Ho ri zon te. A pro fes so ra fi cou re cla man do com o alu no. A mãe do alu no es cu tou e co -me çou a xin gar a pro fes so ra...

W lê o tex to para re to mar e dar con ti nu i da de.

W e A - ... di zen do que ela era ne gra e dis se quan do vis se ela na rua ira pas sar por cima dela.

W e A con ti nu am a le i tu ra do tex to para dar pros se gui -men to ao mes mo.

W e A - E a pro fes so ra cha mou a po lí cia. W e A enun ci am novo tre cho con co mi tan te men te.

A - Po lí cia e dis se... A ten ta con ti nu ar o tex to.

W - Po lí cia e dis se... W ten ta con ti nu ar o tex to.

A - ... le vou a... um... mãe do alu no pre sa. A enun cia novo pe río do.

W - Pre sa. Aca bou, fim. W re pe te para no tar o fim do pe río do e su ge re que a ati -vi da de seja con clu í da.

(17)

Ape sar de

W

t er enun ci a do a ma i or par t e do t ex t o, f ica evi den t e que

A

t em um pa pel de ci si vo na or ga ni za ção das in f or ma ções, pois in -t er f e ria, quan do ne ces sá rio, para que

W

não co lo cas se os da dos de f or ma de sor de na da (por

exem plo, no iní cio, n ão de i xou que ele es cre -ves se que “ a mãe do alu no es cu t ou” an t es de di zer que “ a pro f es so ra re cla mou com o alu -no” ).

A

t am bém f ez in t er ven ções re le van t es para que uma ma i or quan t i da de de in f or ma -ções f os se re gis t ra da, pois não de i xou que seu

co le ga f i na li zas se a t a re f a na quar t a li nha. É in t e res san t e per ce ber que no t ex t o in -di vi du al de

W

, ele t eve di f i cul da des em f a zer a in t ro du ção e, no t ex t o em du pla, f oi

A

quem ini ci ou a en u n ci a ção, em bo ra eles t e nham per

-di do o co me ço do t re cho -di t a do, quan do

A

pro pu nha que f os se co lo ca da a dat a em que o epi só dio acon t e ceu (no dia 20 de ou t u bro de 1998).

Ape sar de

W

t er mos t ra do di f i cul da des em co nec t ar as idéi as no seu t ex t o in di vi du al,

ele pôde, com o au xí lio de

A

, pen sar em pe que nas pas sa gens do t ex t o, re t o man do o que já t i -nha sido es cri t o. Esse t ipo de com po si ção, como pode ser ob ser va do no t ex t o, é mu i t o rica, pro pi ci an do que cada cri an ça apre en da es

-t ra -t é gi as e i n f or ma ções do co le ga.

C o n c lu s ã o

Ve ri f i ca mos que, em du plas, as cri an ças, quan do ne go ci a vam as di f e ren t es con cep ções

que t i nham so bre uma de t er mi na da ques t ão,

ge ral men t e con se gui am me lho res re sul t a dos do que quan do es t a vam pro du zin do so zi nhas. Per ce be mos, t am bém, que, ao f i ca rem em t al si t u a ção, os su je i t os se vi ram ins t a dos a t o mar de ci sões não mais so zi nhos, e, por isso,

obri ga dos a ex pli ci t ar o que es t a vam que ren do f a zer, o que sa bi am f a zer, e para isso t i -nham que se f a zer en t en der pel o ou t ro, va li dar o que que ri am di zer, con f ron t ar suas idéi as, t ro cá- las. Enf im, de ci dir como es cre ver o t ex t o. De po is de pas sa rem por uma cer t a re -f le xão so bre sua es t ru t u ra, m o di -f i ca vam o u

não o que que ri am es cre ver, re sol ven do, por t an t o, en t re o que ele “ acha va” que de via co -lo car e o que o ou t ro “ acha va” , sen do t al de ci são t o ma da a par t ir da ex pli ci t a ção mais

con vin cen t e, ou, ain da, por aque le su je i t o que f os se mais au t o ri t á rio.

Con s t a t a mos que, ape sar de as pro du ções dos su j e i t os em i n t e ra ção t e rem apre -sen t a do me lho res re su l t a dos, o sim pl es f at o de co lo car t ais su j e i t os n es sa si t u a ção nem

sem pre é um f a t or de t er m i n an t e para se ob -t er u m m e lhor de sem pe n ho, com o pôde ser ob ser va do nos t ex t os pro du zi dos pe las du -pl as f ra co- f raco em n o t í ci a e con t o. Além di s so, f oi ob ser va do qu e al gu m as cri an ças

ex pl i ci t a ram boas su ges t ões para a es cri t a dos t ex t os t ra ba l ha dos, m as f o ram ven ci das pe l as ar gu men t a ções dos par ce i ros, t al vez m ai s per su a si vos.

A ma i o ria das du plas si mé t ri cas (f ra -co- f raco, em car t a; e mé dio- médio, em car t a,

con t o e no t í cia) apre sen t ou me lho res re sul t a W E dis se que ela não pode... não pode pa gar im

-pos to. W con ti nua a enun ci ar o pe río do de onde A pa rou.

A - ... pa gar fi an ça. A mo di fi ca o tre cho su ge ri do (im pos to / fi an ça)

W Ela não pode sair no jul ga men to. Aca bou. Aca -bou.

W enun cia fim do tex to e in for ma que a ati vi da de che gou ao fim.

(18)

dos em in t e ra ção. Acre di t a mos que es ses su je i -t os, quan do f o ram co lo ca dos nes se -t ipo de si t u a ção, pu de ram re f le t ir so bre suas res pos t as

ini ci a is e as res pos t as di f e ren t es das suas e, as -sim, re e la bo rar seus co nhe ci men t os.

Qu an t o às du plas as si mé t ri cas (f ra -co- médio em con t o, car t a e n o t í cia), t am bém

apre sen t a ram me lho res re sul t a dos, f a zen -do- nos acre di t ar que hou ve re al men t e uma boa me lho ra após as si t u a ções de in t e ra ção e qu e es t as, por t an t o, po dem f a ci li t ar a apren di za -gem das cri an ças.

As du plas que t i nham uma ou duas

crianças f or t es (f ra co f ort e, mé dio f ort e e f or t e f ort e) per ma ne ce ram f or t es quan do pro du -zi ram em día de. Tal t ipo de com po si ção será pos t e ri or men t e ex plo ra da mais de t i da men t e,

pois po de rá f or ne cer i n f or ma ções valiosas so -bre as es t ra t é gi as já ad qui ri das por cri an ças nes se n í vel de es co la ri da de.

As si t u a ções de in t e ra ção f or ne cem in -f or ma ções im por t an t es para o de sem pe nho de um me lhor t ra ba lho em sala de aula. Os su je i t os en vol vi dos per ce bem que exis t em res pos

-t as di f e ren -t es das suas e que a par -t ir des sas di f e ren ças po dem t ro car idéi as e re f a zer t ais res pos t as. Nós, edu ca do res, sa be mos qu e os alu nos po dem, ain da, me lho rá las, re e la bo rá las, após as ex pli ci t a ções, en quan t o t ro -cam es ses co nhe ci men t os, po den do, des sa

f or ma, f a vo re cer suas apren di za gens. Os t ra -ba lhos em du plas são, por t an t o, po de ro sos recursos no pro ces so de cons t ru ção do co nhe -ci men t o das cri an ças em sala de aula.

R e f e r ê n c i a s b i b li o g r á f i c a s

ABAURRE, M.B.M. O que revelam os textos espontâneos sobre a representação que faz a criança do objeto escrito? In: KATO, M. A concepção de escrita pela criança. 2 ed. Campinas: Pontes, 1992.

AUSTIN, J. How to do things with words. Oxford University Press, 1962.

BLUM-KULKA, S. Discourse Pragmatics. In: VAN DIJK, T. A. Discourse as Social Interaction. London: SAGE Publications,

1997.

BORBA, E.S.R. A resolução de problemas aditivos com inteiros relativos: conhecimentos anteriores e a interação de pares.

Recife; 1996. Projeto de Pesquisa – UFPE, 1996.

BRANDÃO, A.C.P. A. Produção e compreensão de histórias por crianças. Recife; 1994. Dissertação (Mestrado) – UFPE.

CAFIERO, D. A produção da informatividade na escrita. Boletim da Associação Brasileira de Lingüística, 19, p. 153- 162.1996.

DAVIS, C., SILVA, M & ESPÓSITO, Y. Papel e valor das interações sociais na sala de aula. Cadernos de pesquisa. 71, 1989.

p. 49- 54.

EDWARDS, D. Discourse and cognition. London: Sape, 1997.

EDWARDS, D. Em direção a uma psicologia do discurso em sala de aula. In: COLL, C. & EDWARDS, D. Ensino,

aprendizagem e discurso em sala de aula: aproximações do estudo do discurso educacional. Porto Alegre: Artes

Médicas, 1998.

GÓES, M.C.R. e SMOLKA, A.L.B. A criança e a linguagem escrita: considerações sobre produção de textos. In: ALENCAR, E.S. Novas contribuições da Psicologia aos processos de ensino e aprendizagem. São Paulo: Cortez, 1992.

GOLDER, C. & COIRIER, P. Argumentative text writing: developmental trends. Discourse Processes, 18, 1994. 187-219.

GOLDER, C. & COIRIER, P. The production and recognition of typological argumentative text markers. Argumentation, 10, 1996. 271- 282.

(19)

KAIL, M. & WEISSENBORN, J. Conjunctions: developmental issues. In: G. PIÉRAUT - LE BONNIEC & M. DOLITSKY (eds.).

Language bases... discourse bases. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 1991.

KATO, M. A. e SCAVAZZA, B. A produção de estruturas coordenadas reduzidas por crianças na linguagem oral e escrita. In: KATO, M.A. A concepção de escrita pela criança. 2 ed. Campinas: Pontes, 1992.

KATO, M. A. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística. 5 ed. São Paulo: Ática, 1995.

LEAL, T.F. e GUIMARÃES, G.L. Como as professoras avaliam os textos narrativos das crianças? 22a

REUNIÃO ANUAL DA ANPED. Anais (CD room). Caxambu: ANPED, 1999.

MARCUSCHI, L. A. Análise da conversação. São Paulo: Ática, 1991.

MORO, M. Crianças com crianças, aprendendo: interação social e construção cognitiva. Cadernos de pesquisa, 79, 1991.

p. 31- 43.

ORSOLINI, M. & PONTECORVO, C. Children’s talk in classroom discussions. Cognition and instruction, 9 (2), p. 113- 136, 1992.

OSTDAM, R.; GLOPPER, K. & EITING, M.H. Argumentation in written discourse: secondary school students’ writing problems. In: F.H. VAN EEMEREN & R. GROOTENDORST (eds). Studies in Pragma- dialectcs. Amsterdam: Sec. Sat, 1994.

PIÉRAUT - LE BONNIEC, G. & VALETTE, M. The development as argumentative discourse. In: G. PIÉRAUT - LE BONNIEC & M. DOLITSKY (eds). Language bases and discourse base. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company, 1991.

PERRET-CLERMONT, A. N. A construção da inteligência pela interação social. Lisboa: Sociocultural, Divulgação Cultural,

1979.

POMERANTZ, A. & FEHR, B.J. Conversation analysis: na approach to the study of social action as sense making practices. In: VAN DIJK, T. A. Discourse as social interaction. Discourse studies: a multidisciplinary introduction. vol. 2. London:

Sape, 1997.

REGO, L. L. B. A escrita de estórias por crianças: As implicações pedagógicas do uso de um Registro Lingüístico.

D.E.L.T.A., 2(2), p. 165- 180, 1986.

________. Literatura infantil: uma nova perspectiva da alfabetização na pré- escola. São Paulo: FTD, 1988.

ROAZZI, A e BRYANT, P.E. Interação social e inferência lógica. Recife; 1999. Mímeo (artigo ainda não publicado) – UFPE.

SANTOS, S.L. O desenvolvimento da escrita argumentativa. Arquivos Brasileiros de Psicologia, vol. 49, no 3, 1997. 23- 42.

SEARLE, J. Speech acts. Cambridge: Cambridge University Press, 1969.

SEARLE, J. Indirect speech acts. In P. COLE AND J. MORGAN (Eds.). Syntax and Semantics 3: Speech acts. New York:

Academic Press, 1975.

VIEIRA, M. A. C. O desenvolvimento da elipse em textos narrativos, descritivos e argumentativos. In: M. A. KATO (Org.). A

concepção da escrita pela criança. 2a ed. Campinas: Pontes, 1992.

VYGOTSKY, L.S. Interação entre aprendizado e desenvolvimento. In: M. COLE, V.J.STEINER, S.SCRIBNER E E. SOUBERMAN (Org.). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

WEISZ, T. Por trás das letras. São Paulo: FDE, 1992.

Re ce bi do em 27.06.01 Apro va do em 04.09.01

Telma Ferraz Leal é mestre em Psicologia Cognitiva, doutoranda em Psicologia Cognitiva e atualmente professora da Universidade Federal de Pernambuco (DMTE - Centro de Educação).

Patrícia Santos da Luz é professora da Escola Arco Íris (2a

Referências

Documentos relacionados

The results concerning the number of best known solutions of the asymmetric instances obtained by the proposed algorithms show that, in average, the algorithm ITVDS2R obtains the

Nos alunos de nível médio-suficiente, constatou-se uma dinâmica divergente: enquanto que na produção textual A, ambos os alunos MS fizeram um uso moderado de

The average number (aN) and average weight (aW) of the preys ingested by both species revealed that for Cichla cf.. ocellaris, the average number is high in the

The average time of particles retention in the raft (ATPR1); the average time in the rumen liquid phase (ATRLP2) and the average time of total ruminal retention

The results of the present study show that average gain in body weight of all the fish species together was less in the control pond than that in the pond treated with

Based on the distance between the observed and generated (monthly) average flows, the results using higher order chains were better than using order one, with the exception of

Conclusion: The presence of rectal content influences the manometric values of average res- ting pressure, average absolute contraction, average contraction, evacuation, and

A segunda etapa deste trabalho tinha como objectivo testar o sistema de expressão e purificação baseado no gene da lipoproteína OprI, quanto à sua capacidade para obtenção de