• Nenhum resultado encontrado

Anisocoria na fase crônica da doença de Chagas.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Anisocoria na fase crônica da doença de Chagas."

Copied!
3
0
0

Texto

(1)

R ev ista da So ciedade B rasileira d e M edicina Tro pical 2 8 (2 ): 1 3 1 - 1 3 3 , a b r- jun 1 9 9 5 .

N O TA PR EV IA

A N ISO CO RIA N A FA SE CRÔ N IC A D A D O EN Ç A D E CH A G A S

Jo ão A ntônio Prata, Jo ão A ntônio Prata Jú n ior, Cleudson N ery de C astro, V anize M acedo e A luízio Prata

P a ra v erifica r a f re q ü ê n c i a d e anis o co ria e m p o rt a d o re s d a f a s e crô n ic a d a d o e n ç a d e C hagas f o i fe it o es t udo p ro s pect iv o e dup lo cego . Fo ra m s ub m et ido s a e x a m e o ft alm o ló gico

131

p a c ie n t e s co m s o ro lo gia po s it iv a p a ra d o e n ç a d e C hagas e 1 3 8 indiv ídu o s co m s o ro lo gia negat iv a, d a p o p u la ç ã o do m un ic íp io d e M a m b a í (G O ), região^ e n d ê m ic a d e d o e n ç a d e C hagas . P a ra a av a liação d a p re s e n ç a o u n ã o d e anis o co ria f o i re a liz a d a a p up ilo m et ria co m ré gua . O b s erv am o s a p re s e n ç a d e anis o co ria e m 1 0 ( 7 ,6 % ) p a c ie n t e s cha gãs ico s e e m 3 ( 2 ,1 % ) co nt ro les . O teste do q u i-q u a d ra d o rev elo u i-q u e as d if e re nç a s det ect adas f o ra m es tatis t icam ent e s ignificant es ao nív el d e 5 % . A d o e n ç a d e C hagas d e v e s e r in c lu íd a e n t re a s ca us a s d e anis o co ria.

P alav ras - chav es : D o e n ç a d e C hagas . A nis o co ria.

O env o lv im ento o cu lar na d o ença d e Chagas (D C ) tem sid o d escrito na fo rm a co ng ênita e na fase agud a da fo rm a adquirid a. A s alteraçõ es na fase agud a, o co nhecid o sinal d e Ro m ana, co nstituem -se basicam ente de ed em a unilateral e ind o lo r da reg ião p eri- o rbitária asso ciad o a hip erem ia co njuntiv al p o d end o o co rrer d acrio ad enite, d acrio cistite e ceratite. Na fo rm a co ng ênita têm sid o d escritas alteraçõ es d o seg m ento p o sterio r d o o lho

c o m o ed em a d e p ap ila, hem o rrag ias

retinianas, co rio rretinite, aco m etim ento

m acular e o p acid ad es v ítreas1.

A inda não foram descritas no homem alterações oftalmológicas na fase crônica. O objetivo deste trabalho é estudar a freqüência de anisocoria entre pacientes portadores da forma crônica da doença de Chagas.

M A T ERIA L E M ÉT O D O S

Realiz am o s estu d o d u p lo -ceg o , em

habitantes d o m unicíp io d e M am baí, área end êm ica d e DC, selecio nad o s a partir de

estu d o s p o p u lacio nais p rev iam ente

co nd uz id o s na região . D o is grup o s fo ram co nstituíd o s, co nfo rm e o d iag nó stico da DC:

D is c ip lin a d e O f ta lm o lo g ia e D is c ip lin a d e D o e n ç a s In f e c c io sas e Parasitárias d a Fac u ld ad e d e M ed ic in a d o T riân g u lo M in e iro , U b e rab a, M G , D e p a rta m e n to d e O ftalm o lo g ia d a Esc o la Pau lista d e M ed ic in a, São Pau lo , SP e N ú c le o d e M e d ic in a T ro p ic al e N u triç ão d a U n iv ersid ad e d e Brasília, Brasília, D E

E n d e r e ç o p a r a c o r r e s p o n d ê n c i a: D r. Jo ã o A n to n io Prata. D isc ip lin a d e O ftalm o lo g ia/ FM TM . Av. G e tú lio G u aritá s/ n, 3 8 0 2 5 - 4 4 0 U b e rab a, M G.

R e ce b id o p ara p u b licação e m 1 8 / 0 1 / 9 5 .

um g rup o d e 138 ind iv íd uo s não chag ásico s e o o utro d e 131 p o rtad o res d a fo rm a crô nica da DC. Entre o s chag ásico s hav ia 54 d o sexo m asculino e 77 d o fem inino e entre o s não chag ásico s, resp ectiv am ente, 61 e 77. A id ad e está assinalad a na Tabela 1. N ão o co rreram d iferenças estatísticas entre o s g rup o s quanto ao s d ad o s d em o g ráfico s. O d iag nó stico d e in fec ç ão chag ásica fo i e stab ele c id o p elo achad o d e Try pano s o m a c ru z i atrav és d o xeno d iag nó stico o u p ela so ro lo g ia po sitiv a.

T abe la 1 - I d a d e d o s In div ídu o s c h ag ás ic o s e n ã o c h ag ás ic o s e s t u dado s e m M am baí.______________________

Idade (ano s)

Chagásico s

Sim Não

20-29 11 16

30-39 25 30

40-49 33 20

50-59 34 38

60 ou mais 28 34

Total 131

O s c hag ásico s p elo exam e c lín ic o ,

eletro card io g ráfico e rad io ló g ico d o tu b o d ig estiv o fo ram subd iv id id o s nas seg uintes fo rm as clínicas: Ind eterm inad a, card íaca, d igestiv a e m ista6. Os p acientes co m fo rm a

ind eterm inad a tinham eletro card io g ram a

no rm al e ausência d e alteraçõ es eso fág icas e d o có lo n no estud o rad io ló g ico 8.

O exam e o ftalm o ló g ico fo i realizad o no p erío d o d e ju lho a o utubro d e 1994, sem o exam inad o r sab er a qual g rup o p ertencia o p aciente.

Para a av aliação da p resença o u não de aniso co ria o s exam es fo ram feito s na m esm a sala, co m ilum inação unifo rm e. A aniso co ria

(2)

N o ta P rév ia. P rata JA , P rata Jú n io r JA , C astro CN, M acêdo V, P rata A . A niso co ria na fa s e crô nica d a d o ença d e C hagas. R ev ista da So ciedade B rasileira de M edicina Tro pical 2 8 :1 3 1 - 1 3 3 , ab r- jun, 1 9 9 5 .

fo i estab elecid a p ela sim p les insp eção e a

p u p ilo m etria fo i efetu ad a co m rég ua

m ilim etrad a. A lém d a m ed id a linear d o d iâm etro p up ilar, em p reg am o s aind a um

d isp o sitiv o d o tad o d e sem icírcu lo s d e

d iferentes d iâm etro s e g rad u ad o em

milím etro s. A v aliamo s tam bém o s reflexo s p up ilares (fo to m o to r, co nsensu al e p ara p erto ).

Para a análise d o s resultad o s em p regam o s o teste d o qui-quad rad o .

RES U LT A D O S

O b serv am o s an iso c o ria em 10 (7,6% ) p acientes no g rup o d e chag ásico s e em 3 (2,1% ) no grup o co ntro le (Tab ela 2). O teste estatístico ev id encio u q u e a d iferença na freq ü ên c ia d e aniso c o ria no s g rup o s fo i estatisticam ente sig nificante ao nív el d e 5%.

T abe la 2 - F r e q ü ê n c i a d e an is o c o r ia e m in div ídu o s c h ag ás ic o s e e m n ão c hag as ic o s , n o m u n ic íp io d e M am baí.

Pacientes A nisocoria

Sim Não

Chagásicos 10 (7,6% ) 121 (92,4% ) Não chag ásico s 3 (2,1% ) 135 (97,8% )

No s chag ásico s a d iferença d o s d iâm etro s p up ilares fo i d e ap ro xim ad am ente lm m em no v e ind iv íd uo s e d e 3m m em um. Em to d o s o s não chag ásico s a d iferença d o s d iâm etro s p up ilares não ultrap asso u lm m . D o s três caso s d e aniso co ria o bserv ad o s no grup o co ntro le, um ap resentav a v isão d e v ulto s em o lho p o rtad o r d e catarata. Entre o s d ez caso s d o

g ru p o c h ag ásic o , um era p o rtad o r d e

g lau co m a e c o re c to p ia u nilateral, sem

sinéq u ias. O s d em ais n ão ap resentav am alteração o cular, cap az d e ev entu alm ente influenciar o d iâm etro pupilar.

No g rup o d o s chag ásico s, seis p acientes ap resentaram p up ilas d e fo rm a circular e em quatro , um a era d e fo rm a o v al. Entre o s p acientes no rm ais, as p up ilas eram circulares. Em to d o s o s caso s o s reflexo s p up ilares

estav am p reserv ad o s. O utras alteraçõ es

o bserv ad as ao exam e o ftalm o ló g ico serão m encio nad as em outra o p o rtunid ad e.

Q u anto às fo rm as clínicas: 64 (48,8% ) p ertenciam à ind eterm inad a, 32 (24,4% ) à card íaca, 31 (23,6% ) à d ig estiv a, 3 (2,2% ) à m ista e em 1 (0,8) a fo rm a clínica não fo i d efinid a. D o s 10 co m aniso co ria, 6 (60% ) eram da fo rm a ind eterm inad a, 2 (20% ) d a fo rm a card íaca e 2 (20% ) d a fo rm a d ig estiv a (Tabela 3).

T abela 3 - F o r m a c lín ic a do s p ac ie n t e s c h ag ás ic o s c o m e se m an is o c o r ia e x am in ad o s e m M am baí.

Forma clinica Sem aniso co ria Com anisoco ria Forma indeterminada 64 (48,8% ) 6 (60% )

Cardíaca 32 (24,4% ) 2 (20% )

Digestiva 31 (23,6% ) 2 (20% )

Mista 3 (2,2% )

Não estabelecid a 1 (0,8% )

Total 131 ( 100%) 10 (100% )

Estes resultad o s fo ram ap resentad o s na X Reunião A nual d e Pesq u isa A p licad a em D o ença de Chagas7.

D IS C U S S Ã O

Este estud o m o stra q ue a d o ença d e Chagas d ev e ser incluíd a entre as causas d e aniso co ria.

Segund o Lo w enfeld 4, um a aniso co ria é

co nsid erad a, q u and o a d iferença d o s

d iâmetro s p up ilares é m aio r d o q ue 0,3m m . M o ses5 afirm a, q u e m esm o ino fensiv a a

an iso co ria nu nca é fisio ló g ica. Existem

ap arelho s3 q u e p o d em d etectar d iferenças p upilares d a o rd em d e 0,025m m .

A s aniso co rias o b serv ad as entre o s

chag ásico s, em M am baí, fo ram ev id entes,

ap esar d a p o u c a p recisão d o m éto d o

em p reg ad o na m ed id a d as p u p ilas. As

aniso co rias no s c h ag ásic o s p o d em ser

d eco rrentes d e alteraçõ es no p arassim p ático ocular. A d esnerv ação p arassim p ática da íris fo i sugerid a p o r Id iaquez 2.

A íris p articip a no p ro c e sso d e

ac o m o d ação , d iretam ente relacio nad a a

co nv erg ência, fato res estes cujas d isfunçõ es p o d em acarretar p erturbaçõ es v isuais, co m o p ro fund id ad e d e fo co , fo to fo b ia e sinto m as

c o m o d o r o cu lar, d esco nfo rto , cefaléia,

co ng estão co njuntiv al e o utras m anifestaçõ es. A ssim, há necessid ad e d e se esclarecer quais as co nseq u ências p o ssív eis da aniso co ria para

o s chag ásico s, p rincip aliíiente crianças,

ad o lesc en tes e ad ulto s jo v ens, o nd e o s d istúrbio s da aco m o d ação e d a co nv erg ência p ro v o cam m aio r sinto m ato lo g ia. N ão tiv em o s o p o rtunid ad e d e exam inar tais g rup o s de p acientes.

S U M M A RY

To c o m p a re t he f re q u e n c y o f anis o co ria in p at ient s unth c h ro n ic C h a ga s ’ dt s eas e a p ro s p ect iv e d o u b le- b lind s t udy w as d o n e in 1 3 1 p at ien t s w ith p o s it iv e s ero lo gy f o r C h a g a s ’ d is e a s e a n d 1 3 8 negat iv e, a t M a m b a í (G O - B raz il), w hich is a n

(3)

N o ta P rév ia. P rata JA , P rata Jú n io rJA , C astro CN, M acêdo V, P rata A . A niso co ria n a fa s e crô nica d a d o ença d e C hagas. R ev ista d a So ciedade B rasileira d e M edicina Tro pical 2 8 :1 3 1 - 1 3 3 , ab r- jun,

1995-e n d 1995-e m i c a r1995-e a f o r C h a g a s ’ d is 1995-ea s 1995-e . To d et e ct anis o co ria, p up ilo m et ry w as d o n e w ith a m illim et ric ruler. A nis o co ria w as s e e n in 1 0 ( 7 .6 % ) p at ien t s w ith C ha ga s ' dis ea s e a n d in 3 ( 2 .1 % ) n o rm a l subject s . T he q u i- s q u a re test s ho w e d st at ist ical s ig n ific a n c e at lev el o f 5 % . C h a g a s ’ dis eas e m us t b e i n c lu d e d a m o n g t he ca u s e s o f anis o co ria.

K ey - w o rds : C h a g a s ’ dis ease. A nis o co ria.

A G R A D EC IM EN T O S

O s auto res ag rad ecem ao Pro fesso r Uilho A nto nio G o m es p ela co lab o ração no s cálculo s estatístico s e ao Sr. D o m ing o s d as Virgens, A g ente d e Saúd e em M am baí, p o r ter auxiliad o em traz er o s p acientes p ara o exam e.

R EFERÊN C IA S BIB LIO G R Á FIC A S

1. A tiás A , M o rales N M , N un oz P, Barría C. El co m p ro m isso o cu lar en la en f erem ed ad d e C hagas co n gên ita. Revista C hilena de Pediatria 5 6 :1 3 7 - 1 4 1 ,1 9 8 5 .

2. Idiaquez J. Parasym p athetic denervation o f the iris in C h ag as d isease. C linical A u to n o m ic Research 2 :2 7 7 - 2 7 9 ,1 9 9 2 .

3. Le R e b e l l e r M J. P a th o l o g i e p u p i l l a i re . I n : En cy clo p éd ie M ed ico -C h iru rg icale O p h talm o lo g ie. Ed. rev isad a. Paris. Éditions Techniq ues, v.5. cap .21510A . l- 20p . 1994. 4. Loew en f eld IE. Sim ple cen tral an iso co ria.

T ran sactio n s A m erican A cad em y o f O phthalm ology and O tology 8 3 :8 3 2 - 8 3 9 ,1 9 7 7 . 5. M oses RA . Iris y Pupila. I n : A dler. Fisiologia del

ojo. Buenos A ires, Editora Panam erican a 1980.

6. Prata A . C lassificação da in f ecção ch ag ásica n o h o m em . Revista da S o cied ad e Brasileira de M edicina T ropical 2 3 :1 0 9 - 1 1 3 ,1 9 9 0 .

7 . Prata JA , Prata JA Júnior, C astro CN , M aced o V, Prata A . Resultados prelim inares sob re p acien tes ch ag ásico s. In: A nais da X Reunião A nual de Pesquisa A plicada em D o en ça de C hagas, U b erab a p .1 2 3 - 1 2 4 ,19 9 4 .

8. I Reunião de Pesquisa A plicada em D o en ça de C hagas. V alidade d o co n ce ito d a f o rm a indeterm inada de D o en ça d e Chagas. Revista da Sociedade Brasileira de M edicina T rop ical 18:46, 1985.

Referências

Documentos relacionados

As aplicações indiretas destacam - se na determ inação de substâncias, geradas em reações prelim inares e, subsequentem ente determ inadas pela reação quim

Os result ados obt idos at é agora são ainda prelim inares no que diz respeit o à relação ent re a presbiacúsia e as alt erações genét icas que podem cont ribuir para

Dos três indivíduos da zona rural de Mambaí, nos quais foi colhido sangue e realizado o xeno artificial quatro horas após, dois foram negativos e um foi positivo nos dois métodos,

A paciente, com doença de Chagas, na fase crônica, como conseqüência de imunodepressão medicamentosa que faz parte do transplante de rim, sofreu reativação da infecção pelo T.

O critério ad otad o para caracterizar aniso co ria neste estudo baseo u-se nas diferenças em diâmetro e área da pupila co nfo rm e o previamente apresentado na

[r]

[r]

COMPROVAÇÃO PARASITOLÓGICA NA FASE CRÔNICA DA DOEN­ ÇA DE CHAGAS POR HEMOCULTURAS SERIADAS EM MEIO “LIT”. Oto