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Violência intrafamiliar na adolescência na cidade de Puno - Peru

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Academic year: 2017

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VI OLÊNCI A I NTRAFAMI LI AR NA ADOLESCÊNCI A NA CI DADE DE PUNO - PERU

1

Tit a Flores Sullca2 Janine Schir m er3

Flores Sullca T, Schirm er J. Violência int rafam iliar na adolescência na cidade de Puno - Peru. Rev Lat ino- am Enferm agem 2006 j ulho- agost o; 14( 4) : 578- 85.

Tr at a- se de est u do epidem iológico caso- con t r ole. Est e ar t igo t em com o obj et iv o descr ev er o per f il epidem iológico da v iolên cia in t r af am iliar sof r idas pelas adolescen t es gr áv idas e n ão gr áv idas. O est u do f oi desenvolvido no am bulat ór io de assist ência int egr al ao adolescent e do Hospit al Regional Manuel Nuñez But r ón e escolas de ensino m édio na cidade de Puno, Peru. Os result ados foram obt idos por m eio da análise est at íst ica, v er if ican do- se dif er en ças est at ist icam en t e sign if ican t es par a a ocor r ên cia de v iolên cia f ísica ( p = 0 , 0 0 8 ) e v iolência sex ual- est upr o ( p = 0 , 0 1 ) . Concluiu- se que a m aior ia das adolescent es foi v ít im a de v iolência em su as div er sas f or m as de agr essão, per pet r ada t an t o pelos m em br os da pr ópr ia f am ília ( in t r af am iliar ) com o por pessoas alheias à fam ília ( ex t r afam iliar ) e as causas m ais fr eqüent es, associadas a essa agr essão, for am a desobediência, chegar t arde em casa, t er am igos/ nam orados e execut ar as t arefas dom ést icas com lent idão.

DESCRI TORES: v iolên cia; v iolên cia dom ést ica; gr av idez n a adolescên cia; f at or es de r isco; est u pr o; assédio sex u al

I NTRAFAMI LY VI OLENCE DURI NG ADOLESCENCE I N THE CI TY PUNO - PERU

Th is epidem iological case- con t r ol st u dy aim ed t o descr ibe t h e epidem iological pr of ile of in t r af am ily violence against pregnant and non pregnant adolescent s. The st udy was carried out at t he out pat ient clinic for cent ral care t o adolescent s of t he Regional Hospit al Manuel Nuñez But rón and at secondary schools in t he cit y of Pu n o - Per u . Th e r esu lt s w er e obt ain ed by m ean s of st at ist ical an aly sis, v er ify in g st at ist ically sign ifican t differences for t he occurrence of physical violence ( p= 0.008) and sexual- rape violence ( p= 0.01) . The m aj orit y of t he adolescent s w er e v ict im s of differ ent t y pes of aggr ession, ex ecut ed eit her by m em ber s of t he fam ily ( int r afam ily ) or by indiv iduals out side t he fam ily ( ex t r afam ily ) . The m ost fr equent causes associat ed t o t his ag g r ession w er e d isob ed ien ce, lat e ar r iv al at h om e, h av in g f r ien d s/ b oy f r ien d s an d d oin g d om est ic ch or es slow ly .

DESCRI PTORS: v iolence; dom est ic v iolence; pr egnancy in adolescence; r isk fact or s; r ape; sex ual har assm ent

VI OLENCI A I NTRAFAMI LI AR EN LA ADOLESCENCI A EN LA CI UDAD DE PUNO - PERU

El pr esen t e est u dio es de t ipo epidem iológico con diseñ o de caso- con t r ole. Est e ar t ícu lo t ien e por obj et iv o descr ibir el per fil epidem iológico de la v iolencia int r afam iliar sufr ida por adolescent es em bar azadas y n o em bar azadas. El est u dio f u e r ealizado en el ser v icio in t egr al al adolescen t e del Hospit al Man u el Nu ñ ez But r ón y colegios de educación secundar ia de la ciudad de Puno - Per u. Los r esult ados fuer on obt enidos por m ed io d el an álisis est ad íst ico, en con t r án d ose d if er en cia est ad íst icam en t e sig n if icat iv a en la ocu r r en cia d e v iolen cia f ísica ( p = 0 , 0 0 8 ) y v iolen cia sex u al- est u pr o ( p = 0 , 0 1 ) . El est u dio n os per m it ió con clu ir qu e la m ayoría de las adolescent es fue víct im a de violencia en sus diversas form as de agresión, perpet rada t ant o por los m iem br os de la pr opia fam ilia ( in t r afam iliar ) com o por per son as aj en as a la fam ilia ( ex t r afam iliar ) . Las causas m ás fr ecuent es asociadas a la agr esión física y psicológica fuer on: desobediencia, llegar t ar de a casa, t ener am igos o enam or ados y r ealizar el t r abaj o dom ést ico lent am ent e.

DESCRI PTORES: v iolen cia; v iolen cia d om ést ica; em b ar azo en ad olescen cia; f act or es d e r iesg o; v iolación ; acoso sex u al

1 Trabalho extraído da Tese de Doutorado; 2 Professor Tit ular da Faculdade de Enferm agem da Universidade Nacional do Alt iplano, Puno- Peru, e- m ail:

titaflores@denf.epm .br; 3 Professor Associado da Escola Paulist a de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo, Consult or da Área Técnica de Saúde da

Mulher do Ministério da Saúde, e- m ail: j anine@denf.epm .br

(2)

I NTRODUÇÃO

A

Convenção I nt eram ericana para Prevenir, Pu n i r e Er r a d i ca r a Vi o l ên ci a co n t r a a Mu l h er -Co n v e n çã o d e Be l é m d o Pa r á , a p r o v a d a p e l a Asse m b l é i a Ge r a l d a Or g a n i za çã o d o s Est a d o s Am ericanos ( ONU) , e assinada pelo Brasil em 1994, definiu claram ente a violência contra a m ulher com o, q u alq u er at o ou con d u t a b asead a n o g ên er o q u e r e su l t e e m d a n o o u so f r i m e n t o f ísi co , se x u a l , em ocional ou sofrim ent o para as m ulheres, incluindo am eaça a tais atos, coerção ou privação arbitrária da liberdade, sej a na vida pública ou privada(1-4). Por outro lad o, en t en d e- se v iolên cia in t r af am iliar com o as distintas form as de relação abusiva que caracterizam , de m odo perm anente ou cíclico, no vínculo fam iliar(5). Milh ões de m en in as e m u lh er es est ão em sit uação de v iolência, dev ido às desigualdades nas r e l a çõ e s d e g ê n e r o , t e n d o co m o u m a d e su a s co n seq ü ên ci a s a v i o l ên ci a co n t r a a m u l h er, q u e represent a grave violação dos direit os hum anos das m u l h er es. Essa si t u ação se car act er i za p el a su a prevalência dentro da fam ília, aceitação pela sociedade e grave im pact o sobre a saúde das m ulheres( 1).

Dados globais dem onstram que um a em cada três m ulheres sofre algum a form a de violência durante a vida. A violência pode iniciar desde a concepção e perdurar até à velhice, sendo as form as m ais com uns os abusos sexuais, em ocionais e físicos que m uit as vezes são prat icados pelos parceiros ou fam iliares( 6). Um f a t o r si g n i f i ca t i v o d a v i t i m i za çã o d a m ulher pode estar relacionado à construção social de g ên er o q u e est ab el ece p ap el d e d esv al o r i zação , passividade, resignação e subm issão. Sem dúvida, a explicação da origem desse fenôm eno e sua m agnitude encontram -se nos fatores culturais e psicossociais que p r e d i sp õ e m o a g r e sso r a co m e t e r v i o l ê n ci a , d e diversas form as, que são t oleradas pela sociedade e, inclusive, t al com port am ent o é est im ulado.

A m aior par t e da v iolên cia in t r af am iliar é suportada em silêncio, legitim a- se em leis e costum es e se j ust ifica com o t radição cult ural, sendo que sua form a m ais endêm ica são os m aus- t rat os à esposa e aos filhos, que ocorrem de form a universal em todos os g r u p os r aciais, cu lt u r ais e socioecon ôm icos( 6 ). I nclusive a idade j á não é m ais im pedim ento para os abusos e, a cada dia, m ais m eninas e adolescent es se t or n am v ít im as de at os v iolen t os, ao lado das m ulheres adult as( 7).

A prevalência real de m aus-tratos a m ulheres n ão se con h ece, u m a v ez qu e os casos de abu so continuam sendo pouco notificados, por vários m otivos: porque a m ulher se envergonha do fato, ou o aceita, t em e represálias do com panheiro, ou da fam ília, ou porque não encont ra apoio no sist em a j urídico( 6).

De fat o, a v iolên cia in t r afam iliar ex pr essa dinâm icas de poder/ afet o, nas quais est ão present es relações de dom inação- subordinação. Nessa relação - h om em / m u lh er, pais/ f ilh os, dif er en t es ger ações, ent re out ras, as pessoas est ão em posições opost as, desem penhando papéis r ígidos e cr iando dinâm ica própria, diferent e em cada grupo fam iliar( 8).

Est udos r ealizados em v ár ios países sobr e saúde da m ulher e violência dom éstica m ostraram que as m ulheres em situação de violência no Brasil, Japão e Peru têm até duas vezes m ais probabilidade de ter seu est ad o d e saú d e con sid er ad o com o r u im ou p éssi m o , e o s f i l h o s d e m ã es a g r ed i d a s p o d em apresent ar níveis m ais alt os de m ort alidade infant il. Mesm o que não seja o alvo direto do abuso, as crianças que t est em unham violência t êm m aior probabilidade de apresent ar problem as de aprendizado, em ocionais e co m p o r t a m e n t a i s. Essa s cr i a n ça s a p r e se n t a m tam bém m aior risco de se tornarem agressores ou de sofrerem abuso m ais t arde( 2). Port ant o, não há m ais dúvidas com o os padrões fam iliares de violência são reproduzidos no nível social( 1).

A quest ão da violência int rafam iliar ganhou dest aque pela repercussão causada no âm bit o social, passando a fazer part e de um a agenda int ernacional d e com b at e a esse m al. As con seq ü ên cias d e t al v iolên cia podem ser iden t if icadas n as r elações de t rabalho, saúde da m ulher, sendo m aior o im pact o sobre as crianças e adolescent es. Quant o à violência na adolescência e j uv ent ude, m ais especificam ent e a violência sexual, é um t em a de grande relevância na at ualidade. Mundialm ent e, t em - se presenciado o aum ent o da v iolência nos cent r os ur banos. Após a AI DS, a v iolência v em se t or nando a epidem ia do m om ento, ganhando cada vez m ais destaque na m ídia m undial, t ransform ando- se na ocorrência m órbida de m aior prevalência na adolescência( 9).

Na últ im a década, a violência deixou de ser tão som ente um fenôm eno social, para ser vista com o problem a de saúde pública. Essa posição ficou clara na publicação La Violência Juvenil em las Am éricas: Est udios innovadores de invest igación, diagnóst ico y p r e v e n ci ó n , p r o d u ci d o p e l a Or g a n i za çã o Pa n -a m e r i c-a n -a d e S-a ú d e - OPAS, -a o -a f i r m -a r q u e -a v iolência é um a das m aior es am eaças à saúde e à segur ança pública nas Am ér icas, na adolescência e j uvent ude( 10).

(3)

p e d a g ó g i co - d i sci p l i n a r e s, t r a n sm i t i d o s e n t r e a s fam ílias de geração a geração. O lim ite entre disciplina e violência é definido pelos padrões com unit ários de t oler ância ao uso da for ça física cont r a cr ianças e adolescent es( 12). Os pais acham que t êm dir eit o de “ educar” os filhos dessa form a, j á que foram educados assim por seus pais. A gravidade dos m ét odos que ut ilizam , aparent em ent e, só é percebida a part ir da denúncia de violência int rafam iliar.

Dessa for m a, a v iolência em seus div er sos t ipos, im prim e inúm eras seqüelas, especialm ent e na aut o- est im a das crianças e adolescent es. I sso sugere que um a adolescente com baixa auto- estim a, carente d e ap oio e af et o f am iliar, p od er ia ser in d u zid a a p r o cu r a r n a m a t e r n i d a d e p r e co ce o m e i o p a r a con seg u ir af et o in con d icion al, t alv ez u m a f am ília pr ópr ia e r eafir m ar o seu papel de m ulher ou ser indispensável para alguém( 13).

A v i o l ê n ci a se x u a l é u m d o s p r i n ci p a i s in d icad or es d a d iscr im in ação d e g ên er o con t r a a m u l h er. No Br asi l , r eg i st r ar am - se, n o g r u p o d as cr ianças agr edidas sex ualm ent e, com at é 12 anos, que 83,6% dos agressores eram pais ou padrast os, parentes próxim os, am igos ou conhecidos. Em m aiores de 12 anos, 59,4% das vít im as foram agredidas por desconhecidos( 14).

Apesar de a violência intrafam iliar igualm ente o co r r e r n o e sp a ço d o m é st i co , a t u a l m e n t e é reconhecida com o problem a de saúde pública.

Con sider an do qu e em Pu n o, Per u , n ão h á e st i m a t i v a s p r e ci sa s so b r e a i n ci d ê n ci a d e ssa ocorrência m órbida, por se t rat ar de um t em a ainda t a b u n e ssa so ci e d a d e , se n d o o s d a d o s a i n d a in cip ien t es, con sid er an d o q u e, p elas in f or m ações obt idas das est at íst icas oficiais de out ros países, se pode in f er ir qu e a in cidên cia de qu alqu er t ipo de v i o l ên ci a , co n t r a a s a d o l escen t es é cr escen t e e m erece at enção do Est ado e da sociedade, decidiu-se realizar o predecidiu-sent e est udo que t eve por obj et ivo d e scr e v e r o p e r f i l e p i d e m i o l ó g i co d a v i o l ê n ci a int r afam iliar sofr idas pelas adolescent es gr áv idas e não grávidas no Município de Puno, Peru.

MÉTODOS

A pesquisa foi realizada na cidade de Puno, Peru, capital do Estado de Puno. Trata- se de um estudo epidem iológico do t ipo caso- cont r ole. O est udo foi a p r o v a d o p el a D i r eçã o Reg i o n a l d e Sa ú d e, p el a Coor d en ação Ped ag óg ica d as u n id ad es d e en sin o m édio do Ministério de Educação de Puno, Perú e pelo Com it ê de Ét ica e Pesquisa da Unifesp, conform e a Resolução 196/ 96.

A população do grupo dos casos const it uiu-se de 472 adolescent es grávidas que freqüent aram o am b u lat ór io d e assist ên cia p r é- n at al d o Hosp it al Re g i o n a l Ma n u e l Nu ñ e z Bu t r ó n ( HRMNB) . E a p o p u l a çã o d o g r u p o co n t r o l e f o i co n st i t u íd a d e ad olescen t es n ão g r áv id as q u e f r eq ü en t av am as unidades de ensino m édio na sub- região de Educação de Puno, Peru, em 2003.

Pa r a o cá l cu l o d o t a m a n h o d a a m o st r a , u t ilizou - se a f ór m u la par a a com par ação de du as proporções para populações finitas( 15) . Aplicou- se essa f ór m u la, assu m in d o u m er r o d e 0 , 0 5 t em os q u e n= 100. A partir desse cálculo, a am ostra foi constituída p or 1 0 0 ad olescen t es g r áv id as p ar a o g r u p o d os ca so s, o q u e co r r e sp o n d e a 2 1 % d a q u e l a s q u e freqüent aram o am bulat ório de assist ência pré- nat al do HRMNB e o núm er o cor r espondent e de 100 não grávidas para o grupo dos cont roles.

Foram consideradas elegíveis para o est udo as adolescentes grávidas de dez a 19 anos, nulíparas que freqüent avam o am bulat ório de assist ência pré-natal do HRMNB, Puno, e as adolescentes não grávidas q u e f r eq ü en t av am r eg u l ar m en t e as u n i d ad es d e ensino m édio na sub- região de Educação, Puno, que aceit aram part icipar do est udo e assinaram o t erm o de consent im ent o livre e esclarecido.

Assim , as adolescentes não grávidas que não f r eq ü en t av am r eg u lar m en t e a escola, b em com o a q u e l a s q u e e r a m p r i m íp a r a s n o m o m e n t o d a pesquisa, não foram elegíveis para o estudo, ou sej a, não foram incluídas com o cont roles.

Reconhecendo a im por t ância da quant idade de variabilidade ent re as am ost ras est udadas, foram consideradas t rês variáveis para o em parelham ent o: id ad e en t r e d ez e 1 9 an os, zon a d e p r oced ên cia ( urbana, periferia urbana e rural) e natureza da escola, se n d o co n si d e r a d a a p e n a s a ca t e g o r i a p ú b l i ca ( m ant ida pelo governo do Est ado) , porque t odas as adolescentes grávidas pesquisadas ( casos) estudavam nesse t ipo de unidade de ensino. Os dados for am coletados por m eio de entrevista face a face realizada pela pesquisadora, com o auxílio de um form ulário, ent r e as adolescent es gr áv idas no Am bulat ór io de Assist ência Pré- nat al ou na Unidade de Puerpério do HMNB, e as adolescent es não grávidas nas Unidades de ensino m édio da rede pública de Puno, Peru.

(4)

RESULTADOS

Tabela 1 - Adolescen t es gr áv idas e n ão gr áv idas, segundo a ocorrência, form as de agressão, agressores e causas de violência física, Puno, Peru, 2003

( 3 8 e 6 1 % ) , p o n t ap és, ( 3 3 e 3 0 % ) , co m o b j et o s at irados ( 25 e 3% ) , socos ( 24 e 30% ) e expulsão de casa ( 18 e 29% ) .

Quanto aos agressores, o pai e a m ãe foram os m ais cit ados nos dois gr upos, r espect iv am ent e, por 45 e 55% e 35 e 54% . Em ordem decrescente, os outros agressores citados foram irm ãos ( 27 e 33% ) e t ios ( 18 e 15% ) .

Quant o às causas m ais cit adas da agressão encontrou- se a desobediência, chegar t arde em casa, t er a m i g o s/ n a m o r a d o e t er m en t i d o. Com m en or f r e q ü ê n ci a e n co n t r a - se a l e n t i d ã o n a s t a r e f a s dom ést icas, as m en t ir as, pais bêbados ou ir r it ados, ser r esp o n d o n a, sa i r d e ca sa sem p er m i ssã o. No grupo das adolescent es grávidas, a própria gr av idez é citada com o um a das causas da violência. No grupo das não grávidas, a falt a à escola é um a das causas da violência física sofrida, referida por 10% dessas.

Tabela 2 - Adolescen t es gr áv idas e n ão gr áv idas, segundo a ocorrência, form as de agressão, agressores e causas de Violência psicológica, Puno, Peru, 2003

* Questões de m últipla escolha * * Base de cálculo dos porcent uais

Na Ta b e l a 1 o b se r v a - se q u e , e n t r e a s adolescent es est udadas, expressiva m aioria, 63% do gr upo dos casos e 80% dos cont r oles, r efer ir am j á t er sof r id o v iolên cia f ísica. Qu an t o às f or m as d e agressão nos dois grupos, a m ais freqüente foi puxão de cabelos, 70% no grupo das grávidas e 84% das não gr áv idas, seguida de p u x ões d e or elh as, 32 e 2 9 % r e sp e ct i v a m e n t e , se n d o co n si d e r a d a s, socialm ent e, agr essões m enos gr av es.

Em am bos os gr upos, ent r et ant o, cham a a at en ção , as f o r m as m ai s v i o l en t as en co n t r ad as, dest acando o índice m aior no gr upo dos cont r oles, ent re elas sur r a com chicot e ( 38 e 64% ) , bofet adas

s o p u r

G Grávidas Nãográvidas Total

p s

o s a

C Controles

a i c n ê r r o c

O % % %

m i

S 99 99 100 100,0 199 99,5 6 1 3 , 0 o ã

N 1 1 0 0,0 1 0,5

l a t o

T 100 100 100 100,0 200 100,0

o ã s s e r g a e d s a m r o F o ã s n e e r p e

R 99 100 99 99 198 99,5 0,751 s

o t i r

G 58 58,6 60 60 118 59,3 0,774 s o tl u s n

I 36 36,4 37 37 73 36,7 0,883 s a ç a e m

A 32 32,3 16 16 48 24,1 0,008 * s a t s o p s e R e d l a t o

T 225 212 437

* * s e t n e d n o p s e r e d l a t o

T 99 100 199

s e r o s s e r g A i a

P 39 39,4 46 46,0 85 42,7 0,317 e

ã

M 64 64,6 66 66,0 130 65,3 0,767 s

o ã m r

I 28 28,3 33 33,0 61 30,6 0,443 o t s a r d a

P 6 6,1 2 2,0 8 4,0 0,149

a t s a r d a

M 0 0 2 2,0 2 1,0 0,155

s o i

T 20 20,2 17 17,0 37 18,6 0,585 s

ó v

A 1 1,0 7 7,0 8 4,0 0,030

s e õ r t a

P 27 27,3 15 15,0 42 21,1 0,037 * s a t s o p s e r e d l a t o

T 185 188 373

* * s e t n e d n o p s e r e d l a t o

T 99 100 199

s a s u a C a i c n ê i d e b o s e

D 54 54,5 63 63,0 117 58,8 0,31 a s a c m e e d r a t r a g e h

C 36 36,4 43 43,0 79 39,7 0,03 s a f e r a t s a n o ã d it n e L s a c it s é m o

d 25 25,3 23 23,0 48 24,1 0,74 o d a r o m a n / s o g i m a r e

T 24 24,2 14 14,0 38 19,1 0,04 z e d i v a r g

A 23 23,2 0 0,0 23 11,5 0,001 m e s a s a c e d r i a S o ã s s i m r e

p 22 22,2 31 13,0 53 26,6 0,15 o d a t i r r i r a t s e i a p

O 15 15,2 13 31,0 28 14,1 0,68 o d it n e m r e

T 10 10,1 34 34,0 44 22,1 0,04 a n o d n o p s e r r e

S 8 8,1 14 14,0 22 11,1 0,17 a l o c s e à a tl a

F 0 0,0 12 12,0 12 6,0 0,00 * s a t s o p s e r e d l a t o

T 217 247 464

* * s e t n e d n o p s e r e d l a t o

T 99 100 199

s o p u r

G Grávidas Nãográvidas Total

p s

o s a

C Controles

a i c n ê r r o c

O % % %

m i

S 63 63 80 80 143 71,5

8 0 0 , 0 o ã

N 37 37 20 20 57 28,5

l a t o

T 100 100 100 100 200 100,0

o ã s s e r g a e d s a m r o F s o l e b a c e d o ã x u

P 44 69,8 67 83,7 111 77,6 0,001 e t o c i h c a r r u

S 24 38,1 51 63,7 75 52,4 0,001 s a d a t e f o

B 24 38,1 49 61,2 73 51,0 0,001 s é p a t n o

P 21 33,3 24 30,0 45 31,5 0,611 s a h l e r o s a r a x u

P 20 31,7 23 28,7 43 30,1 0,606 s o d a r it a s o t e j b o m o

C 15 23,8 23 28,7 38 26,7 0,149 s

o c o

S 15 23,8 24 30,0 39 27,3 0,108 a s a c e d o ã s l u p x

E 11 17,5 2 28,7 13 9,1 0,010 * s a t s o p s e R e d l a t o

T 174 263 437

* * s e t n e d n o p s e r e d l a t o

T 63 80 143

s e r o s s e r g A i a

P 27 42,8 44 55,0 71 49,6 0,012 e

ã

M 22 34,9 43 53,7 65 45,4 0,003 s

o ã m r

I 17 26,9 26 32,5 43 30,1 0,081 o t s a r d a

P 4 6,3 2 2,5 6 4,2 0,407

a t s a r d a

M 0 0 2 2,5 2 1,4 0,155

s o i

T 11 17,5 12 15,0 23 16,1 0,825 s

ó v

A 1 1,6 4 5,0 5 3,5 0,174

s e õ r t a

P 8 12,7 4 5,0 12 8,4 0,234 * s a t s o p s e r e d l a t o

T 90 137 227

* * s e t n e d n o p s e r e d l a t o

T 63 80 143

s a s u a C a i c n ê i d e b o s e

D 54 85,7 63 78,7 117 81,8 0,196 a s a c m e e d r a t r a g e h

C 36 57,1 43 53,7 79 55,2 0,311 o d a r o m a n / s o g i m a r e

T 24 38,1 14 17,5 38 26,6 0,0,71 s a f e r a t s a n o ã d it n e L s a c it s é m o

d 12 19,0 4 5,0 16 11,2 0,037 o d it n e m r e

T 10 15,9 34 42,5 44 30,8 0,001 o d a t i r r i r a t s e i a p

O 10 15,9 26 32,5 36 25,2 0,003 o d a b ê b r a t s e i a p

O 10 15,9 25 31,3 35 24,5 0,005 a n o d n o p s e r r e

S 8 12,7 7 8,8 15 10,5 0,788 z e d i v a r g

A 7 11,1 0 0,0 7 4,9 0,007 m e s a s a c e d r i a S o ã s s i m r e

p 4 6,3 9 11,3 13 9,1 0,152 a l o c s e à a tl a

F 0 0 8 10,0 8 5,6 0,004

* s a t s o p s e r e d l a t o

T 175 233 408

* * s e t n e d n o p s e r e d l a t o

T 63 80 143

(5)

Os d ad os con t id os n a Tab ela 2 p er m it em const at ar que a violência psicológica foi sent ida pela q u ase t o t al i d ad e ( 9 9 , 5 % ) d as ad o l escen t es q u e part iciparam do est udo.

As form as de agressão psicológica referidas no grupo das adolescent es grávidas e não grávidas for am , r espect iv am ent e, em or dem decr escent e, a repreensão ( 100 e 99% ) , grit os ( 59 e 60% ) , insult os ( 36 e 37% ) e am eaças ( 32 e 16% ) .

Obser v a- se qu e, em am bos os gr u pos, as agressões são feitas com freqüência m aior pela m ãe, 6 5 e 6 6 % , r e sp e ct i v a m e n t e . Na se q ü ê n ci a decrescente foram referidos o pai ( 39 e 46% ) , irm ãos ( 28 e 33% ) , pat rões ( 27 e 15% ) e t ios ( 20 e 17% ) . Os avós, padrast o e a m adrast a foram m enos citados com o agr essor es.

A co m p a r a çã o d o s d a d o s co n t i d o s n a s Tabelas 1 e 2 per m it iram const at ar que as quat r o p r im eir as cau sas d a ag r essão p sicológ ica sof r id a foram as m esm as atribuídas à agressão física. Cham a a atenção, a freqüência nos dois grupos, dos m otivos citados com o “ lentidão nas tarefas dom ésticas” e “ sair de casa sem perm issão”.

A g r a v i d e z, co m o ca u sa d a v i o l ê n ci a psicológica, foi m ais freqüent e ( 23,2% ) em relação à v i o l ê n ci a f ísi ca ( 1 1 , 1 % ) , e n t r e a s a d o l e sce n t e s gr áv idas.

Tabela 3 - Adolescen t es gr áv idas e n ão gr áv idas, segundo a ocorrência, faixa etária, local e agressores do est upro com o violência sexual, Puno, Peru, 2003

s o p u r

G Grávidas Nãográvidas Total

p s

o s a

C Controles

a i c n ê r r o c

O % % %

m i

S 53 53,0 35 35,0 88 44,0 1 0 , 0 o ã

N 47 47,0 65 65,0 112 56,0 l

a t o

T 100 100,0 100 100,0 200 100,0

a i r á t e a x i a

F (emanoscompletos) 8

a

5 0 0,0 2 5,7 2 2,3

2 0 0 , 0 2 1 a

9 9 17,0 12 34,3 21 23,9 6

1 a 3

1 41 77,3 21 60,0 62 70,4 9

1 a 7

1 3 5,7 0 0,0 3 3,4

l a t o

T 53 100,0 35 100,0 88 100,0

l a c o L a s a c m

E 20 37,7 11 31,4 31 35,2 1 0 0 , 0 a u r a

N 22 41,5 12 34,3 34 38,7 o p m a c o

N 11 20,8 12 34,3 23 26,1 l

a t o

T 53 100,0 35 100,0 88 100,0

r o s s e r g A o d i c e h n o c s e

D 17 32,1 10 28,5 27 30,7

1 0 0 , 0 o d a r o m a n / o g i m

A 14 26,4 7 20,0 21 23,9 o h n i z i

V 12 22,6 7 20,0 19 21,6 o

ã r t a

P 7 13,2 5 14,3 12 13,6 o

i

T 3 5,7 5 14,3 8 9,1

o m i r

P - - 1 2,9 1 1,1

l a t o

T 53 100,0 35 100,0 88 100,0

dos casos e 3 5 % das não gr áv idas, do gr upo dos cont r oles.

Qu an t o à f ai x a et ár i a em q u e o co r r eu o est upro, os result ados perm it iram const at ar que, em am bos os grupos est udados, a m aior freqüência foi na faixa etária de 13 a 16 anos, respect ivam ent e 77 e 60% . Naquelas do grupo das adolescentes grávidas, a m enor faixa etária em que ocorreu o estupro foi de 9 a 12 anos ( 17% ) . Entre as adolescentes não grávidas do grupo dos cont roles a m enor faixa et ária foi de 5 a 8 anos, em 6% .

Quant o ao local de ocorrência do est upro, o m ais citado entre as adolescentes grávidas foi na rua ( 41,5% ) , seguido de em casa ( 37,7% ) e no cam po ( 20,8% ) . No grupo das não grávidas, a dist ribuição nos t r ês locais foi m ais hom ogênea, sendo que na r u a e n o ca m p o ap ar ecem com o m esm o ín d ice, 34,3% , e, em casa, 31,4% .

No que se refere ao agressor, cerca de um terço das adolescentes grávidas que sofreram estupro com o violência sexual, não o conheciam , seguido de am igo ou n am or ad o ( 26, 4% ) , v izin h o ( 22, 6% ) e o pat r ão ( 13,2% ) .

No g r u p o d as ad olescen t es n ão g r áv id as r e f e r i r a m q u e o a g r e sso r f o i u m d e s c o n h e c i d o ( 28,5% ) , seguido de um am igo ou o nam orado e um vizinho que aparecem com o m esm o índice ( 20,0% ) , enquant o, um t io e o pat r ão r epr esent ar am 14,3% para as duas cat egorias, respect ivam ent e, e apenas nesse grupo foi cit ado um pr im o ( 2,9% ) .

Tabela 4 - Adolescen t es gr áv idas e n ão gr áv idas, segundo a ocorrência, faixa et ária, local e agressor do abuso com o violência sexual, Puno, Peru, 2003

s o p u r

G Grávidas Nãográvidas Total

p s

o s a

C Controles

a i c n ê r r o c

O % % %

m i

S 72 72 63 63 135 67,5

4 7 1 , 0 o ã

N 28 28 37 37 65 32,5

l a t o

T 100 100,0 100 100,0 200 100,0

a i r á t e a x i a

F (emanoscompletos) 8

a

5 1 1,4 1 1,6 2 1,5

5 5 6 , 0 2 1 a

9 10 13,9 5 7,9 15 11,1 6

1 a 3

1 59 81,9 50 79,4 109 80,7 9

1 a 7

1 2 2,8 7 11,1 9 6,7

l a t o

T 72 100,0 63 100,0 135 100,0

l a c o L a s a c m

E 16 22,2 15 23,8 31 23,0 1 0 0 , 0 a l o c s e a

N 14 19,4 9 14,3 23 17,0 a

u r a

N 40 55,6 36 57,1 76 56,3 o p m a c o

N 2 2,8 3 4,8 5 3,7

r o s s e r g A o d i c e h n o c s e

D 37 51,4 17 26,9 54 40,0

1 0 0 , 0 a l o c s e a d o r i e h n a p m o

C 14 19,4 12 19,1 26 19,3 o h n i z i

V 8 11,1 14 22,2 22 16,3 o

ã r t a

P 7 9,7 8 12,7 15 11,1

o i

T 3 4,2 3 4,8 6 4,4

o m i r

P 3 4,2 2 3,2 5 3,7

o d a r o m a n / o g i m

A - - 7 11,1 7 5,2

l a t o

T 72 100,0 63 100,0 135 100,0 Os dados cont idos na Tabela 3 m ost ram que

(6)

Os resultados contidos na Tabela 4 perm item obser v ar qu e 7 2 % das adolescen t es gr áv idas, do grupo dos casos, e 63% das não grávidas, do grupo dos controles, foram vítim as de violência na categoria abuso sex ual.

Quanto à faixa etária em que aconteceu essa v i o l ê n ci a , a g r a n d e m a i o r i a n o s d o i s g r u p o s, respect ivam ent e, 82 e 79% , referiu a ocorrência na faix a de 13 a 16 anos. Cham a a at enção nos dois grupos que essa violência sexual aconteceu antes dos 13 anos, at ingindo 15% no grupo dos casos e 10% dos cont roles.

Entre as adolescentes do estudo que sofreram abuso sexual, o local m ais cit ado, nos dois grupos, foi a rua ( 56 e 57% ) , em casa ( 22 e 24% ) e a escola ( 19 e 14% ) .

Quant o ao agr essor, é im por t ant e dest acar q u e m a i s d a m et a d e d a s a d o l escen t es g r á v i d a s ( 51,4% ) foram vítim as de abuso sexual praticado pelo com p an h eir o d e escola ( 1 9 , 4 % ) , v izin h o ( 1 1 , 1 % ) , pat rão ( 9,7% ) , o prim o e o t io ( 4,2% ) cada. Não houve referência a am igo ou nam or ado.

No grupo das não grávidas, cerca de um terço referiu que o agressor se tratava de um desconhecido, seguido do v izinho ( 22,2% ) . Em ordem decrescent e v em a seguir o com pan h eir o de escola ( 19,1% ) , o pat r ão ( 12,7% ) , o am igo ou n am or ado ( 11,1% ) , o t io, ( 4,8% ) e pr im o( 3,2% ) .

Tabela 5 - Análise conjunta com o Modelo de Regressão Logística, segundo os fatores associados entre violência int rafam iliar e a adolescência, Puno, Peru, 2003

l e v á i r a

V p OddsRatio IC95%

a n a b r u a i r e f i r e P -a i c n ê d e c o r

P 0,004 3,74 1,76 7,98

a ç r o f à -l a u x e s o ã ç a l e r a d o p i

T 0,001 180,33 30,67 1060,40

Os d a d o s co n t i d o s n a Ta b e l a 5 sã o o s r esu lt ad os d a an álise con j u n t a com o m od elo d e r e g r e ssã o l o g íst i ca q u e p e r m i t i u i d e n t i f i ca r a in t en sidade das m ú lt iplas v ar iáv eis qu e pu dessem ex plicar o fenôm eno da v iolên cia in t r afam iliar e a r eper cu ssão n a adolescên cia. Os r esu lt ados dessa análise perm it em afirm ar que:

- a chance de um a adolescente que m ora na periferia u r b a n a p e r t e n ce r a o g r u p o d e g r á v i d a s é a p r o x i m a d a m e n t e 4 v e ze s a ch a n ce d e u m a adolescent e que não m ora na periferia pert encer ao grupo de grávidas;

- a chance de um a m enina que teve relação sexual à força pert encer ao grupo de grávidas é 180 vezes a

ch an ce de u m a m en in a com r elações con sen t idas pert encer a t al grupo.

DI SCUSSÃO

A v i o l ê n ci a r e p r e se n t a , h o j e , u m a d a s principais causas de m orbim ort alidade, especialm ent e na população j ovem e at inge crianças, adolescent es, hom ens e m ulher es. No ent ant o, análise cuidadosa d a s i n f o r m a çõ e s d i sp o n ív e i s d e m o n st r a q u e a v i o l ê n ci a t e m v á r i a s f a ce s e a f e t a d e m o d o difer enciado a população.

A respeit o dos result ados da violência física dest e est udo, a bibliografia int ernacional( 8,16), apont a que as cr ianças m ais nov as cor r em m ais r iscos de ag r essão p or ser em m ais f r ág eis e su scet ív eis a ferim ent os, possibilit ando o diagnóst ico sem m uit as dificuldades. Violência cont ra as crianças m ais velhas são p ou co d en u n ciad as p or q u e o com p or t am en t o adolescent e é considerado “ irreverent e”, j ust ificando at os abusivos.

A violência de gênero cria obstáculos à plena part icipação das m ulheres na vida social, econôm ica e política. Tam bém , é a violação de direitos hum anos m a i s a ce i t a so ci a l m e n t e . A v i o l ê n ci a é u m a ex p er iên cia t r au m át ica p ar a q u alq u er h om em ou m u l h e r, m a s a v i o l ê n ci a d e g ê n e r o é predom inantem ente inflingida por hom ens a m ulheres e j ov en s. Ref let e e ao m esm o t em p o r ef or ça as d e si g u a l d a d e s e n t r e h o m e n s e m u l h e r e s e co m p r o m et e a saú d e, a d i g n i d ad e, seg u r an ça e aut onom ia das vít im as( 16).

“ Um a das causas sociais para os m aus- tratos infant is r efer e- se à ext ensão do uso da for ça física na criação de filhos de fam ílias de diferent es classes so ci ai s e g r u p o s ét n i co s”. Car ên ci as eco n ô m i cas poder iam j ust ificar o m aior índice de agr essão em cr ianças, onde as fam ílias que m alt r at am os filhos são, elas próprias, vítim as do estresse da pobreza( 12). A f o r ça f ísi ca é u t i l i za d a q u a n d o o u t r o s m é t o d o s d i sci p l i n a r e s ( n ã o f ísi co s) m o st r a m - se ineficient es, com o conv er sar ou cham ar a at enção. Os pais, m uit as vezes, referem que a principal razão de se bater em um a criança é ensinar- lhe um a lição, f azê- la m u d ar cer t o com p or t am en t o. A v iolên cia d o m é st i ca , a i n d a q u e p o ssa o co r r e r co m f i n s “ pr et ensam ent e educat ivos”, t or na- se pr át ica social e cult uralm ent e aceit a.

(7)

psicológica ( gr it os, r epr eensões, am eaças, insult os) com o at os nor m ais, pois, desde a infância, sem pr e r eceb er am ag r essões v er b ais n o seu d ia- a- d ia. A violência física sem pre foi precedida da psicológica, sendo essa encont rada em 99,5% dos relat os.

Em relação ao estupro com o violência sexual, os result ados dest a pesquisa m ost ram que a m aioria d as ad olescen t es g r áv id as e n ão g r áv id as f or am forçadas a t er relação sexual, inclusive ocorrendo na infância.

As a d o l e sce n t e s sã o p a r t i cu l a r m e n t e vulneráveis à gravidez precoce, aos abusos sexuais, a o ca sa m e n t o d e cr i a n ça s e a o u t r a s p r á t i ca s nocivas( 16).

Esse s r e su l t a d o s sã o se m e l h a n t e s a o s ach ad os d e p esq u isas en con t r ad as n a lit er at u r a. Ain da qu e os est u dos r econ h eçam as dif icu ldades t écn icas d e m en su r ar in f or m ações sob r e o t em a, estim a- se que, em todo o m undo, um a de cada cinco m ulher es hav ia sido for çada a pr at icar sex o cont r a sua vont ade em algum m om ent o de sua vida( 14).

A violência sexual contra m eninas e m eninos é inclusive m ais difícil de quant ificar, igualm ent e a população de adolescentes, na m edida em que grande part e dos delit os ocorre no int erior dos lares e, em am p l a m ai o r i a, o s v i o l ad o r es o u ag r esso r es são m e m b r o s d a f a m íl i a o u co n h e ci d o s p r ó x i m o s, tornando o crim e m ais difícil de ser denunciado. Menos d e 1 0 % d os casos ch eg am às d eleg acias. Nesse se n t i d o , u m a p u b l i ca çã o a ssi n a l a q u e , i n d e p e n d e n t e m e n t e d a r e g i ã o g e o g r á f i ca o u d a cult ura, est im a- se que ent re 40 e 60% dos casos de abuso sexual ocorrem em m ulheres m enores de 16 anos. Estudos realizados em 18 países relatam história de violência sexual desde abuso at é est upro, sendo o incesto com índices de 34% em m eninas e de 29% em m eninos( 16).

Os d ad os ep id em iológ icos d o Per u f or am sem elh an t es aos d e ou t r os est u d os r ecen t es q u e d et er m i n a r a m a v i o l ên ci a sex u a l , co m o u m d o s f at or es p r in cip ais d e g r av id ez n a ad olescên cia. A autora m enciona que, 90% das gestantes de 12 a 16 anos, at endidas na m at ernidade de Lim a, em 2003, engr avidar am com o r esult ado de est upr o, com et ido pelos m em bros da própria fam ília( 17).

As m ulher es j ov ens e as adolescent es são esp ecialm en t e v u ln er áv eis à v iolên cia d e g ên er o. Quase 50% do total das agressões sexuais no m undo int eiro são cont ra j ovens com 15 anos de idade ou m en os. Gr an d e n ú m er o d e m u lh er es d iz q u e su a prim eira experiência sexual ocorreu com coação( 16).

A violência sexual produz seqüelas físicas e p si co l ó g i ca s. As p e sso a s a t i n g i d a s f i ca m m a i s vulneráveis a outros tipos de violência, à prostituição, a o u so d e d r o g a s, à s d o e n ça s se x u a l m e n t e t r a n sm i ssív e i s, à s d o e n ça s g i n e co l ó g i ca s, a o s dist úrbios sexuais, à depressão e ao suicídio( 11).

CONCLUSÕES

A violência int rafam iliar em seus diferent es t ipos é f r eqü en t e n a m aior ia das adolescen t es do est udo. A quase t ot alidade das pesquisadas for am v ít im as de v iolência psicológica e consider am essa agressão com o um at o norm al. Ent ret ant o, é sabido que pode deixar seqüelas que à prim eira vist a não é per cebida.

Na m aioria dos casos de violência física, essa f o i p r e ce d i d a d a v i o l ê n ci a p si co l ó g i ca , se n d o o agressor do gênero oposto ( pais, irm ãos, tios, patrão) , o q u e d em on st r a, clar am en t e a d iscr im in ação d e gênero. Os m ot ivos para a punição das adolescent es f or am a d esob ed iên cia e ou t r os com p or t am en t os adot ados pelas adolescent es para se prot egerem do con t r ole r ígido dos pais. As m ães da m aior ia das adolescent es dest e est udo t iveram gravidez precoce, m o t i v o p e l o q u a l o s p a i s u t i l i za m a s v i o l ê n ci a s psicológicas e físicas, com o int uit o de que não se repet isse a hist ória de gravidez da m ãe.

Est ão incluídos ent re as causas da violência os est ados de em briaguez e m udanças de hum or do p a i e m esm o a g r a v i d ez, n o ca so d e g est a n t es adolescent es.

Quant o ao abuso e est upr o com o v iolência sexual, a m aioria das adolescent es grávidas e m ais d e u m t er ço d as n ão g r áv id as f or am v ít im as d e est upro e a am pla m aioria das adolescent es relat ou t erem sido vít im as de abuso sexual. A idade em que ocorreu o est upro variou de 5 a 17 anos e o abuso sex u al de 7 a 1 8 an os, sen do qu e a m aior ia dos agr essor es t ant o do est upr o com o do abuso sexual foi um desconhecido, seguido de am igo/ nam or ado e v izin h o, o que algu n s au t or es ch am am de v iolên cia ext rafam iliar; a seguir vem o patrão, um tio e prim o q u e co n f o r m a m a f a m íl i a e x t e n si v a ( v i o l ê n ci a int r afam iliar ) .

(8)

Co n si d e r a - se d e g r a n d e i m p o r t â n ci a continuar realizando pesquisas sobre a violência contra cr ianças e adolescent es, na per spect iv a de gêner o, ut ilizando as abor dagens m et odológica quant it at iv a e qualit at iva para aprofundar o obj et o de est udo. É

necessário, tam bém , estudar a percepção que os pais e par en t es pr óx im os t êm sobr e con seqü ên cias da v i o l ê n ci a n a sa ú d e se x u a l e r e p r o d u t i v a d o s adolescentes, bem com o os custos sociais e de saúde desse flagelo.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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Tabela  1   -   Adolescen t es  gr áv idas  e  n ão  gr áv idas, segundo a ocorrência, form as de agressão, agressores e causas de violência física, Puno, Peru, 2003
Tabela  4   -   Adolescen t es  gr áv idas  e  n ão  gr áv idas, segundo a ocorrência, faixa et ária, local e agressor do abuso com o violência sexual, Puno, Peru, 2003
Tabela 5 - Análise conjunta com  o Modelo de Regressão Logística, segundo os fatores associados entre violência int rafam iliar e a adolescência, Puno, Peru, 2003

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