• Nenhum resultado encontrado

Estilo de vida e vulnerabilidade social dos adolescentes no Bairro de Felipe Camarão, Natal/RN, 2005

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Estilo de vida e vulnerabilidade social dos adolescentes no Bairro de Felipe Camarão, Natal/RN, 2005"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

1 7 6

om

Est ilo de v ida e v u ln e r a bilida de socia l dos a dole sce n t e s n o Ba ir r o de Fe lipe Ca m a r ã o, N a t a l/ RN , 2 0 0 5 1

Est ilo de v ida y v u ln e r a bilida d socia l de los a dole sce n t e s e n e l Ba r r io de Fe lipe Ca m a r ã o, N a t a l/ RN , 2 0 0 5

St y le of h e a lt h fu l a n d socia l v u ln e r a bilit y of t h e a dole sce n t s in t h e Qu a r t e r of Fe lipe Ca m a r ã o, N a t a l/ RN , 2 0 0 5

Akem i I w at a Mont eir o I, Jovenal Dant as de Medeiros I I, Juliana Roque de Oliveir a I I I

RESUM O

Est e est udo descr eve o est ilo de vida e vulnerabilidade dos adolescent es do bairr o Felipe Cam arão em Nat al- RN, a fim de com pr eender seus com por t am ent os, conform e vulnerabilidades ident ificadas. Foram aplicados 145 quest ionár ios sem i- est r ut urados ent r e os adolescent es de 12 a 18 anos, no per íodo de j aneiro, a abril de 2005. O est ilo de vida descr it o, confor m e os dados colhidos, infor m a que 92,4% sabem da im por t ância de se alim ent ar bem , 86,9% t êm sono pr eser vado; 76,5% t êm boa r elação com seus pais. Por ém , 86,9% afir m ar am não haver ár ea de lazer / diver são no bair r o, enquant o os 31,0% não responderam sobre higiene corporal; 41,4% consom em dr ogas lícit as ( m aior ia álcool) , enquant o 37,9% , as ilícit as ( m aior ia cola) ; 51,7% dizem que não conver sam sobr e sexo, enquant o 30,3% conver sam com suas m ães; 38,0% est ão sexualm ent e at ivos, iniciados ent re 13 a 16 anos. Os com por t am ent os de alguns adolescent es est udados indicam um est ilo de v ida saudável, enquant o out r os dem onst r am j ust am ent e o cont r ár io, at r avés de pr át icas com o: pouca part icipação no lazer, por falt a de opção; consum o de drogas lícit as e ilícit as; a falt a de diálogo com os pais sobr e sexo; r elacionam ent o sexual pr ecoce, som ados às condições econôm icas e sociais desfavor ecidas que os expõem à adoção de um est ilo de vida que im plica em vulnerabilidade.

Pa la v r a s ch a v e : Análise de vulnerabilidade;

Est ilo de vida; Com por t am ent o do adolescent e.

ABSTRACT

This st udy it describes t he st yle of life and vulnerabilit y of t he adolescent s of t he quar t er of Felipe Cam arão in Nat al- RN, in order t o under st and it s behavior s, as ident ified vulnerabilit ies. The quest ionnaire half-st ruct uralized, w as applied in t he 145

adolescent s, bet w een 12- 18 year s, in t he per iod of j anuar y- apr il of 2005. The dr aw n st yle, as t he dat a had been 92.4% know of t he im port ance of if feeding w ell; 86.9% have pr eser ved sleep; 76.5% have good r elat ion w it h it s parent s. How ever , 86.9% had affir m ed not t o have leisur e area/ diversion in t he quart er. The 31.0% had not answ ered on cor por al hy giene; 41.4% consum e allow ed dr ugs ( m aj or it y alcohol) , w hile 37.9% ilíct as ( m aj or it y glue) ; 51.7% say t hat t hey do not t alk w it h nobody on sex, w hile 30.3% t alk w it h m ot hers; 38.0% are sexually act ive, init iat e bet w een 13- 16 year s. The behavior s of t he st udied adolescent s indicat e a st yle of healt hful life, w hile ot hers, not , such as: lit t le part icipat ion in t he leisure, due t o opt ion; consum pt ion of allow ed and illicit drugs; t he lack of dialogue w it h parent s on sex; pr ecocious sexual r elat ionship, added disfavor ed t he econom ic and social condit ions displays t hem in adopt ing a life st yle t hat im plies in vulnerabilit y.

Ke y w or ds: Vulner abilit y analysis; Life st yle;

Behavior of t he adolescent .

RESUM EN

Est o est udio describe el est ilo de vida y vulnerabilidad de los adolescent es del barrio de Felipe Cam ar ão, Nat al- RN, con la finalidad de

1Ar t igo const r uído a par t ir do desenvolv im ent o de t r abalho

de pesquisa de iniciação cient ífica apr esent ado à Univer sidade Feder al do Rio Gr ande do Nor t e com o t ít ulo: Per fil de adolescent es de um bair r o do m unicípio de Nat al.

I Enfer m eir a, Dr .em Enfer m agem , Pr ofessor a do

Depar t am ent o de Enfer m agem da Univer sidade Feder al do Rio Gr ande do Nor t e. Nat al- RN. E-m ail: ak em iiw at a@hot m ail.c

.br

I I Enfer m eir o do Hospit al de Macau- RN.

E-m ail: j ovenal.dant as@pop.com

.br

I I I Acadêm ica do 8º per íodo do Cur so de Enfer m agem da

(2)

com pr ender sus com por t am ient os, según vulnerabilidades ident ificadas. Fuer am aplicados 145 cuest ionarios sém e-est r uct ur ados, ent r e los adolescent es del 12- 18 años, en el período de enero- abril de 2005. El est ilo diseñado fue: El 92,4% saben de la im port ancia de alim ent arse bien; el 86,9 % t ienen sueño pr eser vado; el 76,5% t ienen buena r elación con sus padr es. Sin em bar go, el 86,9% afir m ar on no haber ár ea de ocio/ diversión en el barrio, m ient r as el 31% no cont est aron acerca de higiene corpor al; el 41,4% consum en drogas lícit as ( alcohol, la m ayoría) , m ient ras el 37,9% las ilícit as ( pegam ent o de zapat er o, la m ayor ía) ; el 51,7% dicen que no char lan con nadie acer ca de sexo, m ient r as el 30,3 % charlan con sus

m adr es; el 38 % est án sexualm ent e act ivas, em pezando ent r e 13- 16 años. Los com por t am ient os de algunos adolescent es est udiados indican un est ilo de vida saludable, m ient r as ot r os, no, t ales com o: poca par t icipación en el ocio, por falt a de opciones; consum o de drogas lícit as y ilícit as; falt a de diálogo con los padres acerca de sexo; r elación sexual pr ecoz, añadida a las condiciones económ icas y sociales desfavor ecidas los exponen al est ilo de vida que im plica en vulnerabilidad.

Pa la br a s cla v e : Análisis de vulnerabilidad;

Est ilo de vida; Com por t am ient o del adolescent e.

I N TROD UÇÃO

O pr esent e est udo foi desenvolvido na

Unidade Básica de Saúde da Fam ília, do Bairr o

de Felipe Cam ar ão, m unicípio de Nat al/ RN, em

quat r o m icr oár eas de abr angência dest e PSF.

Teve, com o pr opósit o, descr ever o est ilo de

vida dos adolescent es dessa ár ea, ident ificando

a vulnerabilidade social a qual est es j ovens

est ão expost os, o que per m it e t r açar um

diagnóst ico da sit uação, cont r ibuindo, assim ,

par a o planej am ent o e im plem ent ação de

ações de pr om oção à saúde desses

adolescent es.

Vale ressalt ar que a prom oção à saúde

const it ui, hoj e, um a per spect iva par a as ações

dest inadas à m elhor ia da qualidade de vida das

populações, o que com pr ova isso é a car t a de

Ot aw a, quando explicit a que " o pr ocesso de

capacit ação da com unidade par a at uar na

m elhor ia de sua qualidade de vida e saúde,

incluindo um a m aior par t icipação no cont r ole

dest e pr ocesso” ( 1). A pr om oção da saúde,

nesse pr ocesso, não é r esponsabilidade

exclusiva do set or saúde, pois vai par a além de

um est ilo de vida saudável, na direção de um

bem - est ar global. A saúde é o m aior r ecur so

par a o desenvolvim ent o social, econôm ico e

pessoal, assim com o um a im port ant e dim ensão

da qualidade de vida. Fat ores polít icos, sociais,

cult ur ais, am bient ais, com por t am ent ais e

biológicos podem t ant o favor ecer com o

pr ej udicar aquela ( 1).

Mas, par a que as ações de pr om oção à

saúde sej am im plem ent adas, é necessár io

conhecer a população em foco, que, na m aior ia

das vezes, m anifest a car act er íst icas pr ópr ias

do cont ext o social, com o é o caso dos

adolescent es. De acordo com a Or ganização

Pan- Am er icana de Saúde ( OPS) e a

Or ganização Mundial de Saúde ( OMS) , " a

adolescência const it ui um pr ocesso

fundam ent alm ent e biológico de vivência

or gânica no qual se aceler am o conhecim ent o

cognit ivo e a est rut uração da per sonalidade.

Abr ange a pr é- adolescência ( dos 10 aos 14

anos) e a adolescência ( dos 15 aos 19 anos) ”

( 2)

.

Por ém , esse pr ocesso de adolescer não

abr ange apenas m odificações de cunho

(3)

1 7 8 sexual, ideológico e vocacional, sendo esses

influenciados pela int er ação do adolescent e

com a fam ília, sociedade e em seus diversos

com ponent es ( econôm icos, inst it ucionais,

polít icos, ét icos, cult ur ais, físicos, am bient ais) .

Cer ca de 31 m ilhões de adolescent es

com põem a população brasileira ( 3). Eles

vivenciam r efor m ulações nos hábit os, conceit os

e valor es da sociedade, bem com o

m odificações na for m a de viver e enxer gar

quest ões, com o sexualidade e qualidade de

vida, influenciados pela sociedade, t am bém em

const ant e m udança. Deve- se aqui levar em

consider ação que a m aior ia dos adolescent es,

enquant o ser es cr ít icos/ r eflexivos t em a

capacidade de avaliar a incor por ação ou não de

t ais valor es e de m odificá- los de acor do com

suas pr ópr ias idéias.

Na adolescência, o perfil de m orbidade

m uda em relação à infância. Agora não são

m ais as doenças pr evalent es na infância que

vão car act er izar o per fil, m as um conj unt o de

doenças e agr avos decor r ent es, sobr et udo, do

com por t am ent o sexual, do uso ou não de

dr ogas e do convívio social, os quais com põem

o est ilo de vida de cada adolescent e. Segundo

Lar ousse ( 4), est ilo de vida é considerado “ o

conj unt o dos gost os, da m aneir a de ser de

alguém ; a m aneira pessoal de se vest ir, de se

pent ear , de se com por t ar , et c” . Pode ser

expr esso pelos com por t am ent os das pessoas e

pela m aneir a com o elas se r elacionam com os

out r os e com o am bient e.

Com o elem ent o det er m inant e da

pr om oção à saúde, o est ilo de vida pode

const it uir - se em significado im por t ant e no

pr ocesso de const rução de um a vida saudáv el

e com m ais qualidade de vida, a par t ir da

adoção de hábit os de vida saudáveis, t ais com o:

pr át ica de at ividade física, alim ent ação

saudável, de m odo que se possa enfr ent ar as

diver sas condições ou sit uações adver sas. As

r elações afet ivas solidár ias e de cidadania

devem ser est im uladas ent r e os adolescent es,

de m odo a levá- las a sent ir e est ar no m undo,

com o obj et ivo do bem viver . Nest e sent ido, a

qualidade de vida de um a pessoa é, na m aior ia

das vezes, or ient ada pelo est ilo que desenvolve

no seu dia- a- dia.

Nesse cenár io, a falt a de diálogo sobr e

sexualidade, uso de drogas e out ros pr oblem as

na fam ília, assim com o os t abus im post os por

est a e pela sociedade, levam o adolescent e a

iniciar a at ividade sexual pr ecocem ent e, par a a

qual, m uit as vezes, encont r a- se despr epar ado.

I sso gera um quadr o pr eocupant e,

car act er izado pelo aum ent o do núm er o de

adolescent es gr ávidas e a incidência cr escent e

de doenças sexualm ent e t ransm issíveis nest a

faixa et ária( 5) .

Out r os pr oblem as, com o a exposição ao

HI V/ AI DS e a pr át ica do abor t o, põem em r isco

a vida da adolescent e e do fet o. Aliados a est e

quadr o dest acam - se, ainda, agr avos

relacionados ao uso de drogas, acident es e

violência int r afam iliar . No que se r efer e a est a,

obser va- se que a violência est á pr esent e nas

diver sas classes sociais; ent r et ant o, a for m a de

violência m ais cr uel cont r a os adolescent es é a

violência física e psicológica, gerada pela

pr ost it uição( 6).

No Município de Nat al- RN, a explor ação

sexual e a prost it uição infant o- j uvenil t êm

r epr esent ado um sér io pr oblem a de saúde

pública, r equer endo ur gência na efet ivação de

ações sociais e educacionais consist ent es e

(4)

t ipo de com ércio que envolve os adolescent es

( 6)

.

Pode- se infer ir que o com por t am ent o

sexual dos adolescent es sofr e influência dir et a

da fam ília, da sociedade, de valores

t radicionais e conservadores, assim com o da

est r ut ur a econôm ica e social na qual est ão

inser idos. Nesse sent ido, o adolescent e é um

ser em pr ocesso de t r ansição, t ant o biológico

com o psicossocial, viv enciando um est ilo de

vida que necessit a de supervisão

dir et a/ indir et a de t odos os at or es sociais

envolvidos nesse pr ocesso: pais, educador es,

pr ofissionais de saúde, or ganism os sociais e

governam ent ais e a sociedade em geral.

Visualizar a m ult idim ensionalidade da

qualidade de vida desses j ovens não é um a

t ar efa fácil, pois é pr eciso obser var as

dim ensões físicas, psicológicas, o nível de

consciência, as r elações sociais, o m eio

am bient e e a espirit ualidade do indivíduo,

elem ent os, que com põem o seu est ilo de vida

( 7)

.

Assim , ent ende- se a prom oção da saúde

com o um elem ent o im prescindível par a

favor ecer um a m elhor qualidade de vida, a

par t ir dos det er m inant es da saúde, t ais com o:

est ilo de v ida; avanços da biologia hum ana;

am bient e físico e social e ser viços de saúde ( 7),

cam inhos que levam os pr ofissionais dessa

ár ea e educador es ao conhecim ent o do est ilo

de vida dos adolescent es do bair r o Felipe

Cam ar ão par a, a par t ir daí, com pr eender

m elhor a qualidade de vida dessa população.

Nesse sent ido, est ilo de vida deve ser

ent endido com o a for m a de ser e viver das

pessoas, suas escolhas r elacionadas à cult ura

da r egião, aos hábit os adquir idos no am bient e

fam iliar e social, ao longo do t em po.

Com preender a im port ância do est ilo de

vida para a saúde das pessoas é am pliar a

concepção de vida saudável e dar passos

im por t ant es no cam inho que leva à const r ução

dela. Por isso, adot ar hábit os de vida saudáv eis

é per seguir um par adigm a de saúde, no qual o

suj eit o at ivo é o pr ot agonist a do cont ext o

recriado. Dessa form a, ele cont ribui quando

part icipa da reform ulação e criação de polít icas

públicas que incidam posit ivam ent e na saúde

de t odos e, pr incipalm ent e, aperfeiçoando- se

para lidar com o m undo de um a form a posit iva

e conscient e.

Qualidade de vida não deve ser

cir cunscr it a a indicador es par a planej ar as

ações dos ser viços de saúde e sim aos “ ...

m odos de andar a vida, r evelador es de

sat isfações e dem andas, inclusões e exclusões,

com plexas int er ações colet ivas e par t icular es

com am bient es nat urais e sociais, incluindo

acesso a escolhas e m odos de sat isfazer

carências, possibilidades e lim it es do processo

de viver , além de const r uções cult ur ais e

sim bólicas sobr e est e m esm o pr ocesso” ( 2).

Por out r o lado, cont r apondo- se aos

conceit os de qualidade de vida e de pr om oção

da saúde, t em - se um a condição, denom inada

v ulnerabilidade, que pr edispõe o indivíduo a

sit uações que podem int er fer ir na busca de um

est ilo de v ida saudável e, por conseguint e,

num a qualidade de vida m elhor . O conceit o de

vulnerabilidade “ pode ser r esum ido j ust am ent e

com o esse m ovim ent o de consider ar a chance

de exposição das pessoas ao adoecim ent o

com o a r esult ant e de um conj unt o de aspect os

não apenas individuais, m as t am bém colet ivos,

cont ext uais, que acar r et am m aior

suscet ibilidade à infecção e ao adoecim ent o e,

(5)

1 8 0 disponibilidade de r ecur sos de t odas as or dens

par a se pr ot eger de am bos” ( 8). Assim é

pr em ent e a im por t ância de se consider ar a

disponibilidade ou a carência de recursos

dest inados à pr ot eção das pessoas.

Em out r a perspect iv a, v ulnerabilidade é o

“ r econhecim ent o da plur alidade e diver sidade

da vida hum ana e, por t ant o, do viver

adolescent e, e im põe a rupt ura com m odelos

de ações dir igidas a um suj eit o univer sal

inexist ent e, por pr oposições que par t am das

difer enças const ruídas, m ant idas e

t r ansfor m adas na vida social, incor por ando no

dir ecionam ent o da assist ência a discussão

sobr e est ilo de vida e agr avos à saúde, bem

com o de elem ent os que det erm inam a

necessidade de at enção m ais específica com o

educação, cult ur a, t r abalho, j ust iça, espor t e,

lazer , ent r e out r os” ( 2).

Out r o im por t ant e inst r um ent o conceit ual

par a os m odos de int er pr et ar , planej ar e

avaliar ações em saúde, confor m e Ayr es ( 8), é a

busca da sínt ese conceit ual,” t r azendo os

elem ent os abst r at os associados e associáveis

aos pr ocessos de adoecim ent o par a plano de

elabor ação t eór ica m ais concr et os e

par t icular izados, nos quais os nexos e

m ediações ent r e esses fenôm enos sej am o

obj et o pr opr iam ent e dit o do conhecim ent o” .

Nest e sent ido, a vulnerabilidade sob essa

per spect iva( 8) pode ser consider ada a par t ir de

t r ês planos analít icos básicos e int er ligados.

O individual que est á relacionado aos

com por t am ent os associados a m aior

vulnerabilidade, que im plica em qualidade da

infor m ação de que os indivíduos dispõem sobr e

o pr oblem a e a capacidade de elabor ar essas

infor m ações e as incor por ar aos seus

r eper t ór ios cot idianos e pelos gr aus de

consciência e poder de t r ansfor m ação

individuais em pr át icas pr ot egidas e pr ot et or as

( plano que inclui os fat or es biológicos) .

Já o social diz respeit o à avaliação das

colet iv idades, incluindo acesso à infor m ação e

sua ut ilização conscient e de m odo que haj a

m udanças pr át icas individuais que não

depende só dos indivíduos, m as aspect os com o,

acesso aos m eios de com unicação,

escolar ização, disponibilidade de r ecur sos

m at er iais, poder de influenciar decisões polít ica,

est ar em livr e de coer ções violent as,

invest im ent os na saúde, aspect os

sociocult ur ais ( com o a sit uação da m ulher ) ,

liberdade e direit o conquist ados e condições de

bem - est ar .

Finalm ent e, o pr ogr am át ico ou

inst it ucional, por sua vez, r em et e ao

desenvolvim ent o de ações inst it ucionais

volt adas a pr oblem as específicos, envolvendo

com prom issos oficiais, coalizão

int er inst it ucional, planej am ent o, qualidade,

ger enciam ent o, capacit ação, financiam ent o,

est r at égias de cont inuidade e avaliação.

Dessa for m a, com pr eende- se que o est ilo

de vida e a vulner abilidade coexist em na vida

cot idiana de t odas as pessoas e j am ais exist ir á

um cont r ole per feit o sobr e t ais aspect os, por

m ais que se t enha aum ent ado a qualidade de

vida. Dessa for m a, obj et iva- se analisar o est ilo

de vida dos adolescent es, em cont r aposição à

vulnerabilidade.

M ETOD OLOGI A

Tr at a- se de um est udo explor at ór io e

descr it ivo, com abor dagem quant it at iva,

r ealizado no bair r o de Felipe Cam ar ão, do

Município de Nat al/ RN. As quat ro m icro- áreas

(6)

da Unidade Básica de Saúde de Felipe Cam ar ão

est ão localizadas na per ifer ia da cidade.

Residem nele t r abalhador es que r ecebem de

um a dois salár ios- m ínim os, na sua m aior ia, os

quais se deslocam do seu bair r o par a t r abalhar

nos cent r os com er ciais da capit al.

O universo do est udo foi const it uído por

adolescent es, com idade ent r e 12 e 18 anos,

filhos desses t r abalhador es, per t encent es as

quat r o m icr o- ár eas de at uação das equipes da

Est r at égia de Saúde da Fam ília ( ESF) ,

ident ificados a par t ir de um levant am ent o feit o

no pr ont uário das fam ílias, baseando- se na

relação nom inal, por faixa et ária. Realizou- se

um processo de am ost ragem probabilíst ica

aleat ór ia sim ples, m ediant e sor t eio par a

seleção dos par t icipant es. A com posição da

am ost r a cor r espondeu a 145 ( 7% ) do t ot al de

2.069 adolescent es cadast r ados no r efer ido

pr ont uár io.

A colet a de dados foi feit a, m ediant e

ent r evist a individual, no dom icílio, pelos

aut or es da pesquisa, acom panhados pelo

Agent e Com unit ár io de Saúde ( ACS) da sua

ár ea de abr angência, no per íodo de j aneir o a

abr il de 2005. O inst rum ent o para a colet a foi

elabor ado e t est ado ant es da aplicação, a fim

de aj ust á- lo m elhor aos obj et ivos da pesquisa.

Est a foi const it uída de um quest ionár io sem

i-est r ut ur ado com per gunt as aber t as e fechadas,

r efer ent es à ident ificação dem ográfica,

condições sociais, econôm icas e am bient ais,

hábit o de vida, cidadania e qualidade de vida,

violência, saúde, afet ividade e sexualidade.

Foi resguardado o direit o ao anonim at o,

bem com o, o de desist ir da pesquisa a

qualquer t em po, sem que isso possa ocasionar

qualquer pr ej uízo ou const r angim ent o, a part ir

da assinat ur a do Ter m o de Consent im ent o

Livre e Esclarecido, com o est abelece a

Resolução 196/ 96 do Conselho Nacional de

Saúde ( CNS) , que dispõe sobr e a pesquisa

envolvendo ser es hum anos ( 9)

. O proj et o de

pesquisa foi apr ovado pelo Com it ê de Ét ica da

Univer sidade Feder a do Rio Gr ande do Nort e

sob r egist r o CEP- UFRN 92- 04.

Os dados for am analisados at r avés de

est at íst ica descrit iva e os result ados são

apr esent ados e discut idos sob form a per cent ual

e gr áfica, além de ser em analisados conform e

a lit er at ur a per t inent e.

RESU LTAD OS

Os r esult ados for am apr esent ados

inicialm ent e t razendo o perfil do grupo

est udado que inclui a ident ificação social,

econôm ica e am bient al e, post eriorm ent e,

r elat a- se o est ilo de vida que cor r esponde aos

hábit os cor r iqueiros; lazer violência; saúde;

afet ividade e sexualidade dos 145 adolescent es

ent r evist ados.

QUEM SÃO OS ADOLESCENTES?

São 145 j ovens, que se encont r am ent r e

12 a 18 anos, m or ador es do bair r o Felipe

Cam arão, do m unicípio de Nat al- RN, localizado

ent re as dunas que fazem part e das m argens

do r io Pot engi. Dist r ibuídos nas faixas et ár ias

de 12 e 13 anos, 33 ( 22,7% ) ; de 14 e 15 anos,

40 ( 27,6% ) ; de 16 e 17 anos, 50 ( 34,5% ) ; e

de 18 anos, 22 ( 15,2% ) . A am ost r a ficou

const it uída de 81 ( 55,9% ) par t icipant es do

sexo fem inino e 64 ( 44,1% ) do sexo

m asculino. Do t ot al de 145 par t icipant es, 128

( 88,3% ) são solt eir os. Quant o à sit uação de

est udo, obser vou- se que a gr ande m aior ia, 121

( 83,4% ) dos 145 adolescent es, est á

(7)

1 8 2 Ensino Fundam ent al, poucos est ão no 2º grau.

Dos adolescent es que est ão na escola, 50

( 34,5% ) r efer ir am gost ar de est udar .

Ent r et ant o, o bair r o não ofer ece o Ensino Médio

par a os j ovens que pr et endem dar

cont inuidade aos est udos. Além disso, a

localização do Ensino Médio não oferece m elhor

acesso aos adolescent es. A m aior ia vive em

casa de alvenar ia com quat r o a seis côm odos.

Dispõe de água encanada, ( provenient e da

r ede pública e é ut ilizada par a o consum o

hum ano) de ener gia elét r ica e de colet a pública

de lixo.

Sobr e at ividades desem penhadas pelos

adolescent es, obser vou- se que 16 ( 11,0% )

t r abalham , e 125 ( 86,2% ) aj udam seus pais

nos t r abalhos dom ést icos. É im por t ant e

salient ar que 73 ( 50,3% ) dos j ovens

ent r evist ados t êm ent r e 12 a 15 anos, faixa

et ár ia em que ainda não se concluiu os

est udos, enquant o apenas 22 ( 15,2% ) t êm 18

anos.

Sobr e as condições de m or adia, 80

( 55,2% ) r esidem em casas com 5 a 8 pessoas.

Os pais ou r esponsáveis por 99 ( 68,3% )

adolescent es t êm r enda ent r e 1 e 2 salár

ios-m íniios-m os; 5 ( 3,4% ) não r efer ir aios-m r enda

nenhum a, sendo que dest es, 4 ( 2,7% )

r ecebem doações e 3 ( 2,1) “ fazem bico” .

Tr int a e quat r o adolescent es ( 23,4% ) não

souber am r esponder . São,

por t ant o,caract er íst icas sociodem ogr áficas e

econôm icas t ípicas de per ifer ia de gr andes

cidades da r egião Nor dest e, não difer indo,

porém , das dem ais localidades do país ( 10).

Est ilo de v ida

Dent r e os aspect os que car act er izam o

est ilo de vida dos adolescent es do bair r o Felipe

Cam ar ão, os m ais obser váveis são os

HÁBI TOS, que se const it uem de alim ent ação,

higiene cor por al, sono, lazer / diver são, uso de

dr ogas, ent r e out r os, com o t am bém a par t e

AFETI VA, SEXUAL, e a SEGURANÇA. A

alim ent ação dos 134 ( 92,41% ) adolescent es é

baseada no consum o diár io de m assas, café e

fr ut as, no café da m anhã. No j ant ar , além das

m assas, há sopa e car ne. Já no alm oço, os

m ais cit ados for am : feij ão, ar r oz e car ne. Nos

lanches, novam ent e for am as m assas as m ais

cit adas, seguidas por suco e doce. Rar am ent e,

os adolescent es cit am ver dur as com o alim ent o

im por t ant e que deve fazer part e das suas

r efeições, o que denot a o desconhecim ent o

deles em r elação à sua necessidade nut r icional.

Esse fat o pode ser explicado pelas

pr ecár ias condições econôm icas e sociais nas

quais a m aior ia dos adolescent es est á inser ida.

É com um , ent r e os adolescent es, o excesso de

alim ent os gor dur osos e doces, o que t em

aum ent ado o núm er o de j ovens com doenças,

com o diabet es, hiper t ensão,

hipercolest erolem ia e obesidade. A alt eração

nut r icional pr edom inant e ent r e os adolescent es

é alert ada por alguns est udiosos ( 11).

Relacionados, com as condições sociais,

cult ur ais e econôm icas dos adolescent es e,

por t ant o, da sua r espect iva fam ília, os hábit os

alim ent ar es sofr em influência dir et a de t ais

condições.

HI GI ENE CORPORAL E SONO - Os

adolescent es est udados r efer em m ant er

higiene cor por al no cot idiano, com o se pode

obser var nos dados que seguem : 100 ( 69,0% )

referiram t om ar banho diário e 93 ( 64,1% )

escovar os dent es diar iam ent e. Ent r et ant o, 45

( 31,03% ) dos 145 adolescent es não

(8)

bucal, o que é m ot ivo para invest igar m elhor o

asseio cor por al e o est ado dent ár io desses

adolescent es. Quant o ao sono, 126 ( 86,9% )

referiram dor m ir bem à noit e, m ais de 8 horas

por dia, o que at ende à exigência biológica da

fase de aceler ação de cr escim ent o e

desenvolvim ent o ( 12).

LAZER/ DI VERSÃO- O bair r o não ofer ece

espaços e nem at ividades par a lazer / diver são

par a a m aior ia dos adolescent es, confor m e

r elat ado pelos par t icipant es do est udo. Dos

126 ( 86,9% ) adolescent es que afir m ar am não

haver ár ea de lazer / diver são no bair r o, 52

( 35,7% ) alegar am que falt a quadr a de

espor t es e 52 ( 35,7% ) pr aça, denot ando,

por t ant o, lacunas em duas for m as de

ent r et enim ent os básicos, indispensáveis à

população local.

Apesar das r espost as negat ivas, em

r elação ao lazer / diver são, foi per gunt ado sobre

sua par t icipação em algum a dessas at ividades.

Set ent a e quat r o ( 51,0% ) r esponder am que

não par t icipavam , por ém 40 ( 27,6% )

r elat ar am que gost am de sair par a passear ; 31

( 21,4% ) alegar am a falt a de t em po e a

ausência de lazer / diver são no bair r o.

DROGAS LÍ CI TAS - Álcool e cigar r os são

as principais drogas, dit as lícit as, consum idas

pela m aior ia dos 60 adolescent es que r eferir am

consum ir algum a dr oga lícit a, confor m e se

pode obser var no Gr áfico 01.

Gr á fico 0 1 : Tipos de drogas lícit as consum idas pelos adolescent es. Nat al- RN, 2005. n= 60

93,3% 100%

80%

60%

31,7% 40%

20%

3,3%

0%

Alcool Cigar r o Out r as

Os adolescent es que bebem expõem - se

aos r iscos e agr avos de for m a pr ecoce, pois a

ingest ão precoce de bebidas alcoólicas

cont r ibui par a a ocor r ência de violência ent r e

eles ( 13).

DROGAS I LÍ CI TAS - A facilidade dos

adolescent es em adquir ir as drogas ilícit as é

evident e pelas r espost as posit ivas; quando

quest ionados sobr e a facilidade de

consegui-las, 55 ( 37,9% ) r esponder am que j á

consum ir am t ais subst âncias. O Gr áfico 02

especifica as drogas ilícit as que os

adolescent es indicar am que t iveram acesso.

“ O acesso” r efer e- se à facilidade de adquirir

dr oga, por t ant o, não necessar iam ent e indica

(9)

Gr á fico 0 2 : Tipos de dr ogas ilícit as que os adolescent es t iver am acesso, Nat al- RN, 2005. n= 55

1 8 4 AFETI VI DADE E SEXUALI DADE - Nesse

t em a,foi abor dada a r elação afet iva dos

adolescent es com seus pais e par ceir os. Um

t ot al de 111 ( 76,5% ) r efer e t er boa r elação

com os pais, enquant o 7 ( 4,8% ) afir m am t er

péssim as r elações. Dest es últ im os, 2 ( 28,6% )

m encionaram o espancam ent o, provocado pela

m ãe, com o m ot ivo para t al pr oblem a. Essa

sit uação assem elha- se aos achados de out r os

est udos ( 13- 14) que t êm pont os com uns nas

sociedades per ifér icas, com o nas gr andes

cidades do país, em que o espaço dom ést ico

t em um for t e poder de r egulação social.

O Gr áfico 03 t em o propósit o de m ost r ar

as r espost as dos adolescent es ( n= 145) acerca

da for m a de r elacionam ent o sexual com seus

par ceir os.

Gr á fico 0 3 : For m a de r elacionam ent o com sexo opost o indicada pelos adolescent es. Nat al- RN,

2005. n= 145

Dos 54 ( 37,3% ) adolescent es que

r efer ir am pr efer ir “ ficar ” ao invés de nam or ar ,

15 ( 27,8% ) ar gum ent am que isso ocor r e

por que não quer em per der a liber dade, 37, 3%

25, 5% 25, 5% 11, 7%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Fica Nam or a Nem nam or ou e

nem ficou Tem Com panheir o ( a)

Cocaina 3,6%

Lança per fum e 5,5%

Cr aque 12,7%

Loló 30,9%

Maconha 65,5%

Cola 74,6%

(10)

enquant o 10 ( 18,5% ) relat am não t er achado a

pessoa ideal par a nam or ar e 29 ( 53,7% )

pr efer ir am não r esponder .

No que se refere ao assunt o sexualidade,

dos 145, 44 ( 30,3% ) r efer ir am não t er

int er esse no assunt o, 101 ( 69,7% ) m ost r ar am

-no, sendo que dest es ( 101) , 33 ( 32,7% )

gost ariam de saber m ais sobre as Doenças

Sexualm ent e Tr ansm issíveis ( DST) e 29

( 28,7% ) sobr e m ét odos cont r acept ivos.

Acredit a- se que a idade ( m enor) dos

adolescent es pode t er influenciado na r espost a

negat iva.

O Gr áfico 04 m ost r a com quem os

adolescent es conver sam sobr e sexo.

Gr á fico 0 4 : Pessoa com quem os adolescent es conver sam sobr e sexo. Nat al- RN, 2005. n= 145

60%

51,7%

50%

40%

30,3% 30%

20,7% 20%

10%

3,5% 2,8%

3,5% 2,1%

1,4% 0%

C

o

m

a

m

ig

o

s

O gr áfico 04 apr esent a a r ealidade do

t em a sexo, com o e com quem ela é apr eendida

ent r e os adolescent es. Apenas 24,2% , dos

145, conver sam com os pais, especialm ent e,

com a m ãe; a m aior ia ( 51,7% ) não conver sa

com ninguém , agr avando, acent uadam ent e,sua

sit uação.

Tam bém se per gunt ou aos adolescent es o

que favor ecia o r elacionam ent o sexual pr ecoce.

Quar ent a e seis ( 31,7% ) não souber am

r esponder , 51( 35,2% ) afir m ar am que o desej o

favor ece e 15 ( 10,3% ) apont ar am a falt a de

or ient ação dos pais ou influência dos am igos. A

precocidade do relacionam ent o sexual é

dem onst r ada por 55 ( 38,0% ) adolescent es que

disser am ser sexualm ent e at ivos. Do t ot al, 90

( 62,0% ) confirm ar am que ainda cont inuam

inat ivos. Não se sabe se essa infor m ação é

fidedigna, t endo em vist a que esse t em a é

m uit o velado.

O Gráfico 05 especifica a idade em que os

55 adolescent es iniciar am sua vida sexual,

C

o

m

a

m

ã

e

C

o

m

p

a

is

Ir

m

ã

o

s

C

o

m

p

a

n

h

e

ir

o

(a

)

C

o

m

n

in

g

u

é

m

T

ia

O

u

tr

o

(11)

dem onst r ando que a idade ent r e 13 a 15 anos foi a faixa et ár ia r elat ada com m ais fr eqüência.

Gr á fico 0 5 : I dade em que iniciou a vida sexual. Nat al- RN, 2005. n= 55

Não lem br a 7,3%

17 a 18 anos 7,3%

10,9% Menos de 13 anos

13 a 14 anos 34,6%

15 a 16 anos 40,0%

20% 30% 40% 50%

0% 10%

1 8 6 SEGURANÇA - Devido a o bairro ser

consider ado violent o, pr incipal pr oblem a

vivenciado por m uit as com unidades car ent es,

com o a de Felipe Cam ar ão, o qual apr esent am

núm er os alar m ant es de hom icídios sem anais,

os adolescent es t om am vár ias m edidas de

segur ança par a se sent ir em segur os.

As m edidas que os adolescent es r efer em

adot ar para se sent ir em m ais segur os est ão

r et r at adas no Gr áfico 06. O gr áfico dem onst r a

os r iscos aos quais os adolescent es est ão

expost os com o a violência dr oga/ t r áfico, real

pr oblem a que am eaça a segur ança pessoal,

além de const it uir um a lim it ação sim bólica,

r epr esent ada pelo sent im ent o de m edo.

Gr á fico 0 6 : Medidas adot adas pelos adolescent es par a se sent ir em segur os em seu bair r o. Nat

al-RN, 2005. n= 145

Ficar dent r o de casa 4,1%

Nada 5,5%

7,6% 32,4% Fechar as por t as

8,3%

Evit a sair a noit e Ter boas am izades 13,1%

Não ir a lugar es

29,7% per igosos

Out r os

Essa sit uação assem elha- se com os

com por t am ent os adot ados por m uit os

adolescent es de grandes m et rópoles,

(12)

Gonçalves ( 14) , o qual m ost ra a sit uação

caót ica dos j ovens em relação à sua segur ança

no Rio de Janeir o. Ent ret ant o, exist em 29,7%

dos adolescent es que r esponderam que não

fazem “ nada” . Pode- se concluir que, em

virt ude da violência urbana, esses são m ais

vulner áveis do que os out r os que dem onst r am

ser m ais conscient e ao ut ilizar algum m eio de

pr ot eção.

D I SCUSSÃO D OS RESULTAD OS

Os adolescent es das quat r o m icr o- ár eas

da ESF do bair ro pesquisado adot am bons

hábit os de higiene, sono adequado e est ão

inser idos no am bient e escolar . Por ém , na sua

preferência alim ent ar por m assas e poucas

ver dur as e fr ut as, associada a pouco exer cício

despor t ivo, t or nam - se vulner áveis aos

pr oblem as nut r icionais e físicos. Além disso, o

lazer , um a das at ividades im por t ant es no

pr ocesso de cr escim ent o e desenvolvim ent o

dos adolescent es par a for t alecer o cam inhar da

vida para a fase adult a, aparece com o um a

lacuna nas suas vidas, por falt a de

opor t unidade no bair r o. A esse r espeit o, Boff

( 15)

r esgat a a t r adição ocident al ligada à figur a

de Asclépio ( dos gregos) ou Esculápio ( dos

lat inos) , na qual se valor izava a dança, m úsica,

ginást ica, poesia, r it os e sono par a cur a das

doenças, dem onst r ando, com isso, a

im por t ância de lazer na vida cot idiana das

pessoas, j á naquela época.

Por out r o lado, esses adolescent es

gost am de consum ir álcool e t êm facilidade de

acesso às dr ogas ilícit as; dent r e as m ais

cit adas, est ão cola e m aconha. São at it udes de

r isco pr em ent e vislum br adas, na m aior ia das

vezes, por falt a de opção e per spect iva de

ascensão educacional e pr ofissional. I sso é

apont ado pelos adolescent es quando se

referem à falt a de colégio de nível m édio no

bairro.

Tam bém gost am de nam or ar e “ ficar ” ,

m as m uit os não falam sobr e sexo com

ninguém , o que é pr eocupant e. O

r elacionam ent o sexual ocor r e ent r e 13 a 16

anos, idade pr ecoce, com r isco par a a gr avidez

e a m at ernidade pr em at ura. Na m aior ia das

vezes, a adolescent e é solt eir a e sem condições

em ocionais, sociais e econôm icas par a cuidar e

educar seu filho, além do r isco de se expor em

a DST ( 16).

Quant o à segurança, prefer em

perm anecer m ais t em po em casa, com m edo

de violência. Ent r et ant o, a m aior ia deles gost a

do seu bair r o. Essa cont r adição é r eflet ida por

Maffesoli ( 17), quando afir m a que: “ o pr azer dos

sent idos, a vivência m inúscula, em r esum o, a

vida sem qualidades é o que garant e, em longo

pr azo, a m anut enção e o per durar societ ais” .

Ao cont inuar sua idéia, o aut or par t e de um a

hipót ese de que “ isso se dá por que o det alhe é,

de cer t o m odo, o m undo em súm ula, sua

condensação” .

Diant e de t al vulner abilidade expost a,

per gunt a- se de quem ser ia a r esponsabilidade

par a pr eveni- los e pr ot egê- los? E que t ipo de

t r abalhos educacionais est ão sendo feit os j unt o

a esses adolescent es, pelos set ores

r esponsáveis?

Acr edit a- se que é da responsabilidade da

sociedade com o um t odo, at r avés de ger ação

de pr ogr am as com unit ár ios que, dir ecionar iam

planos de ação que abar cassem as

necessidades da r ealidade a serem t r abalhadas

( 18)

. Ent ende- se que os pais são os pr im eir os

r esponsáveis por pr ot eger em os adolescent es.

(13)

1 8 9 esperada não é essa. A exclusão social dos que

não possuem bens m at er iais ocor r e de for m a

per ver sa, t or nando- os, t am bém , vít im as ou

r eféns desse esquem a capit alist a. Mor in ( 19)

r eflet indo sobr e a vida, aler t a que: “ at ingim os

o est ágio supr em o no desenvolvim ent o dos

m eios de t r ansform ação, subj ugação e

dest r uição da vida, e a quest ão da

r esponsabilidade hum ana em r elação à vida j á

não pode ser parcelada e dividida. Ao m esm o

t em po e corr elat ivam ent e, a vida da

hum anidade est á em j ogo na sua exist ência,

na sua qualidade, na sua finalidade” .

Nesse sent ido, é pr eciso que os pais,

pr ofissionais de saúde e educador es volt em os

olhar es par a esses adolescent es que est ão

m er gulhados nessa sociedade violent a, com

pouca opção e per spect iva. Que se

com pr eendam t odas as suas com plexidades

em t r ansfor m ação, definindo “ cont ext os

int ersubj et ivos geradores de vulnerabilidade e,

de m odo ar t iculado, cont ext os int er subj et ivos

favor áveis à const r ução de r espost as par a a

redução dessas vulnerabilidades” ( 19).

Const it ui, par a Ayr es ( 20), um dos m ais

novos e decisivos desafios par a a pr evenção,

a lut a por polít icas públicas volt adas

para o for t alecim ent o da fam ília, que par a o

aut or, é um a das saídas, j á que est a é o

espaço pr im eir o que sela o sent ido social de

t odos os seus com ponent es. A quest ão m aior ,

diant e desse est ilo de vida dos adolescent es, é

saber que est r at égias podem ser adot adas

pelos t r abalhador es de ser viços de saúde par a

se inst r um ent alizar em e r ecr iar em , r

e-apr opr iando- se dos inst r um ent os de ação.

A abor dagem dos adolescent es deve

par t ir dos t r ês pr essupost os t eór icos, a saber :

Fundam ent ais ( conceit o da saúde dos

adolescent es) , I nst rum ent ais ( est rat égias par a

a ação em saúde dos adolescent es) e Básicos

( est r ut ur ant es da ação em saúde dos

adolescent es)( 2)

. Os fundam ent ais baseiam - se

nos conhecim ent os sobr e adolescência; os

espaços do adolescer- fam ília, escola e m eio

social; pr ocesso saúde- doença ( 2). Os

inst r um ent ais são dir eit os e bioét ica, qualidade

de vida, pr om oção à saúde,vulner abilidade,

educação e saúde. Os básicos são polít icas

par a a j uvent ude, pr ocesso de t r abalho em

saúde e de enfer m agem e t ecnologia e

t r abalho em saúde. Ent ende- se que, ao

im plem ent ar os pressupost os, os pais,

educador es e pr ofissionais de saúde devem

r epensar o m odo com o se r elacionam e

int eragem , pois a vulnerabilidade t orna- se a

paut a do m om ent o hist ór ico e social, no qual

há dificuldade de se t er r econhecim ent o da

plur alidade e diver sidade da vida hum ana.

I sso significa que há um a exigência da

fam ília, das escolas e da sociedade par a um a

m aior com pr eensão e at enção a essa fase da

vida. Enquant o a at uação dos ser viços de

saúde ocorr e at r avés da ESF, exigindo, dos

pr ofissionais de saúde, a m udança de at it ude,

no sent ido de recriar para re- significar as

ações no seu pr ocesso de t r abalho. Os pais,

j unt o aos educador es e a equipe de ser viços

de saúde, devem est ar int egr ados, ar t iculados

e aguçados da “ [ ...] ação e da consciência

hum ana. Mas a consciência e a ação pr ecisam

de um pr incípio de conhecim ent o no qual o

hom em deixe de ser um m it o, um a abst r ação

ou um nada, par a apar ecer na nat ur eza de

Hom o com plex.” ( 19)

.

Cada vez m ais, há necessidade de

com pr eender e at uar com o adolescent e, na

(14)

singular e colet ivo, int erset orial,

m ult idisciplinar, pois, sem esse ent endim ent o

pode expô- los a r ealidade social, t am bém

com plexa e que não pára de invent ar novas

for m as de ex clusão.

CON CLUSÃO

Os adolescent es do bairro Felipe Cam arão

adot am um est ilo de vida com um , real e

passivo, expondo- se aos diver sos r iscos,

confor m e a condição ofer ecida pelo seu bair r o,

t ant o no pont o de vist a individual com o no

colet ivo.

Os hábit os de higiene cor por al e sono, da

m aior ia deles, são consider ados bons, com

exceção da alim ent ação, o que r em et e

diret am ent e à vulnerabilidade individual e

indiret am ent e à vulnerabilidade social.

I nver sam ent e à falt a de lazer , há um m aior

consum o de álcool e cigar r os. Enquant o isso, o

acesso ( porém não consum o) a drogas ilícit as

est á sem pr e pr esent e. Na sexualidade, há um

gost o pelo “ ficar ” , r elacionam ent o em que “ r ola

t udo” e, por t ant o, a iniciação sexual ocor r e

pr ecocem ent e. A falt a de diálogo sobr e sexo e

sexualidade com pessoas de cr edibilidade lev a

os adolescent es a um a vulner abilidade r eal que

j am ais poderia ser om it ida por fam iliares, por

educador es e pelas equipes de saúde.

Foi possível visualizar a ausência de

elem ent os, dit os essenciais, com o ensino

público de qualidade, lazer / diver são, am bient e

social ( t ipo pr aça e quadr as de espor t es,

bibliot ecas) , par a at ender à necessidade dessa

faixa et ária e à população com o um t odo, no

seu cam inhar cot idiano.

Diant e da análise, pode- se afir m ar que o

est ilo de vida adot ado pelos adolescent es t raz

conseqüências para a própria realidade de

qualidade de vida da sua fam ília, que j á é

pr ecár ia, e da sociedade. Ent r et ant o, ainda

levando em cont a que a pobreza é um

poder oso det er m inant e de vulner abilidade, é

pr eciso consider ar que, m esm o em populações

pobr es, há difer enças int er nas de ext r em a

relevância para a qualidade de vida, t ais com o

o gr au de escolar idade, cult ur a, r eligiosidade

de or igem ét nica, aspect os que, vist os na

dinâm ica confor m ador a de int er subj et ividade,

devem ser consider ados ( 20), necessit ando,

dessa for m a, de um a at enção volt ada, com

ênfase, para o m elhoram ent o global da

população do bair r o.

Essas reflexões conclusivas indicam que

há um a necessidade de que os pr ofissionais de

saúde inst rum ent alizem - se cada vez m ais,

adquir indo conhecim ent os e r ecur sos capazes

de operar, subsidiar e ou int erm ediar

t r ansfor m ações desej adas. Especificam ent e, o

t r abalhador de enfer m agem pr ecisa

com pr eender seu pr ocesso de t r abalho,

principalm ent e, seu inst rum ent o ou m eios de

t r abalho, que o capacit e na possibilidade de r

e-significação do t r abalho de enferm agem j unt o

a adolescent es, r ecr iando e r e- apr opr iando

inst r um ent os de ação, num a per spect iva

aut onom izant e do t r abalhador , de m odo que

possa const r uir os laços de solidar iedade e

com prom isso com a qualidade de vida dessa

população.

REFERÊN CI AS

1. Minist ér io da Saúde. Pr om oção da saúde: Car t a de Ot t aw a. Pr im eir a confer ência int er nacional sobr e pr om oção da saúde. Ot t aw a; [ serial on line] 1986. [ cit ed 2006 nov

(15)

1 9 1

URL: ht t p: / / w w w .opas.or g.br / pr om ocao/ upload

Ar q/ Ot t aw a.pdf

2. Ram os FRS. Bases par a um a resignação do t r abalho de enfer m agem j unt o ao adolescent e. I n: Associação Br asileir a de Enfer m agem . Adolescer : com pr eender , at uar ,acolher. Br asília ( DF) : ABEN; 2001. p.304.

3. I nst it ut o Br asileir o de Geogr afia e Est at íst ica. População j ovem no Brasil: a dim ensão dem ogr áfica; 1996. [ cit ed 2006 nov 04]

Available fr om : URL: ht t p: / / w w w .ibge.gov.br / hom e/ est at ist ica/

populacao/ populacao_j ovem _br asil/ com ent ar io 1.pdf.

4. Gr ande Dicionár io Lar ousse Cult ur al, São

w w w .br azilpednew s.org.br / set 2001 Paulo: Nova Cult ur al Lt da; 1998.

5. Vit alle MSS, Am ancio OMS. Gr avidez na adolescencia. [ cit ed 2006 nov 04] Available fr om :

URL: ht t p: / / / bnpar 101.ht m.

6. Diár io de Nat al. Prefeit o Most r a Ações de Com bat e ao Sexo Tur ism o em Nat al. Diár io de Nat al 2006 m aio 10: Cidade. [ cit ed 2006 nov 04] Available fr om :

URL: ht t p: / / pesquisa.dnonline.com .br / docum e

nt / ?v iew = 1904

7. Minayo MCS, Har t z ZMA, Buss PM. Qualidade de vida e saúde: um debat e necessár io.

e

,

r asil,1991- 1996. Brasília ( DF) :

: w w .br azilpednew s.or g.br / dezem 9 Ciên.saúde colet iva 2000; 5( 1) .

8. Ayr es JRCM et al. O conceit o de vulnerabilidade e as prát icas de saúde: novas per spect ivas e desafios. I n: Czeer esnia D, Fr eit as ECM. ( ORG) . Pr om oção da Saúde: conceit os,r eflex ões, t endências.Rio d Janeir o ( RJ) : Fiocr uz; 2003. p.117- 139.

9. Font inele Junior K. Pesquisa em Saúde: ét ica bioét ica e legislação. Goiânia ( GO) : AB; 2003. 10. I nst it ut o Brasileiro de Geografia e Est at íst ica. I ndicador es sobr e cr ianças e adolescent es. B

UNI CEF; 1997.

11. Medeir os EHGR, Chung SS. O adolescent e do cent r o de at endim ent o e apoio ao adolescent e ( CAAA) . UNI FESP- EPM. [ cit ed 2006 nov 04] Available fr om URL: ht t p: / / w

9/ ao99020.ht m.

12. Thom pson ED, Ashw ill JW. Um a int r odução à enferm agem pediát rica. 6. ed. Rio de Janeiro

úde. Cad.

Rev. Tem po soc. 2005 nov; 1( 2) , nov. 2005

( RJ) : Art es Médicas; 1998.

13. Melo, et al. Pr oj et o m eninos do Rio: m undo da vida, adolescência e r iscos de sa

Saúde Pública 2005 j an - fev; 21( 1) .

14. Gonçalves HS. Juvent ude br asileir a, ent r e a t r adição e a m oder nidade.

15. Boff L. Saber cuidar : ét ico do hum ano-com paixão pela t er r a. 6 ed. Rio de Janeir o ( RJ) : Vozes; 1999.

16. Silva PDB, et al. Com port am ent o de riscos par a as doenças sexualm ent e t r ansm issíveis em adolescent es escolar es de baixa renda. Revist a Elet r ônica de Enfer m agem 2005; . 7( 2) : 185- 189.

17. Maffesoli M. No fundo das apar ências.Tr adução de Ber t ha Halper n Gur ovit z. Rio de Janeir o ( RJ) : Vozes; 1996.

18. Gar cia I . Vulner abilidade e resiliência. Adolesc. Lat inoam 2001 abr ; 2( 3) .

19. Mor in E. O m ét odo 2: a vida da vida. Tr adução de Mar ina Lobo. 3ed. Por t o Alegr e ( RS) : Sulina; 2005, 528p.

20. Ay r es JRCM, et al. Pr át icas educat ivas e pr evenção de HI V/ Aids: lições apr endidas e desafios at uais. I nt er faces- com unic 2002

;

6( 11) .

Ar t igo r ecebido em 04.12. 06

Referências

Documentos relacionados

Os dados for am coletados por m eio de entrevista face a face realizada pela pesquisadora, com o auxílio de um form ulário, ent r e as adolescent es gr áv idas no Am bulat ór io

Os inst r um ent os são análise de pr ocessos, pr eenchim ent o dos m apas censit ár ios, elabor ação de genogr am a e ecom apa... Ciciar elli

Pr edom inam t r at am ent os m edicam ent osos e baix os índices.. de int

De m aneir a consist ent e, m aior es níveis de apoio social aum ent ar am as chances de r ealização de pr át icas adequadas do exam e Papanicolaou e de aut oexam e das m am as,

Est e est udo t eve com o obj et ivo conhecer as represent ações sociais de um grupo de nut rizes sobre o apoio para am am ent ar e, t am bém , ident ificar as ações do ent orno

Assim , esses significados em consonância com out r os est udos em difer ent es paises, nos lev am reflet ir na necessidade de fundam ent ar a assist ência ao prem at uro em t

Assim , cada ciclo teve 20 inst r um ent ais cont am inados, subm et idos a t r ês ciclos em cada prot ocolo avaliado.. Par a essa fase, a cont am inação int encional de 60 inst r

Todos os ent r ev ist ador es r eceber am t r einam ent o em t écnicas de ent r ev ist a, uso de instrum entos de rastream ento e em avaliação para ident ificação de t ranst