• Nenhum resultado encontrado

Análise das comparações e correlações entre problemas de comportamento, práticas parentais e habilidades sociais

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Análise das comparações e correlações entre problemas de comportamento, práticas parentais e habilidades sociais"

Copied!
122
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem

ANÁLISE DAS COMPARAÇÕES E CORRELAÇÕES ENTRE PROBLEMAS DE COMPORTAMENTO, PRÁTICAS PARENTAIS E HABILIDADES SOCIAIS

Jéssica Aline Rovaris

(2)

2 Jéssica Aline Rovaris

TÍTULO: Análise das comparações e correlações entre Problemas de Comportamento, Práticas Parentais e Habilidades Sociais.

Dissertação apresentada como requisito à obtenção do título de mestre à Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem, sob orientação da Profª Drª Alessandra Turini Bolsoni-Silva.

(3)

3

Rovaris, Jéssica Aline.

Análise das comparações e correlações entre Problemas de Comportamento, práticas Parentais e Habilidades Sociais/ Jéssica Aline Rovaris, 2015

Orientador: Alessandra Turini Bolsoni-Silva

Dissertação (Mestrado)–Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências, Bauru, 2015

(4)
(5)

5

Dedicatória:

(6)

6

Agradecimento especial

Agradeço, especialmente, à minha querida professora e orientadora Drª Alessandra Turini Bolsoni-Silva, que sempre muito paciente, acolhedora e compreensiva me ensinou sobre uma gratificante área de pesquisa e me estimulou a dar o meu melhor, sem nunca me deixar desamparada, neste caminho de descobertas.

Agradecimentos

Agradeço a Deus, que durante todo o tempo foi para mim fonte de força, mansidão, luz e providência.

Agradeço aos meus pais, João Francisco Rovaris e Regina Protti Rovaris que, com muita simplicidade e amor, acreditam nos meus sonhos e me auxiliam (com todas as formas e recursos) a manter-me no caminho.

Agradeço ao meu irmão, Jeferson Danilo Rovaris, sem o qual a vida teria menos graça e parceria e que, com toda certeza, me ensina diariamente as virtudes da paciência. E agradeço ao meu irmão caçula,Jonatan Rovaris que, como ainda criança, me motiva de forma simples e sincera, especialmente com suas célebres “pérolas infantis”.

Agradeço ao meu avô e minhas avós, tios e tias, primos e primas que sempre muito unidos a mim, preocupavam-se com o dia que eu viajava, o dia que eu voltava, o dia que eu estava cansada, com aquilo que eu comia (ou deixava de comer), com a carona que eu pegava; sempre num esforço grande para compreender e apoiar meus ideais.

(7)

7

numerosas dúvidas e apoio em toda e qualquer situação, fossem elas boas e ruins, além das constantes e singelas comemorações por toda e qualquer pequena conquista.

Agradeço aos meus amigos que, de longe ou perto, sempre acreditaram em mim, me auxiliaram nos momentos difíceis e vibraram nos alegres, sem dúvidas, fonte de força e motivação.

Agradeço aos Salesianos de Dom Bosco que, sendo mentores e produtos do carisma salesiano, foram os primeiros a me ajudarem na escolha do caminho profissional por meio da singeleza do serviço e gratuidade.

Agradeço aos meus professores por me ensinarem, além da psicologia, a ser mais humana e ética, principalmente na vida profissional. Agradeço, especialmente, à Profª Drª Ana Cláudia Almeida Verdu por ser a primeira a me incentivar a trilhar o caminho da vida acadêmica e por ser um (indiscutível) modelo de gentiliza.

Agradeço às mães e crianças que participaram da pesquisa, sem as quais todo esse trabalho não teria sido possível.

(8)

8

(9)

9

ROVARIS, J. A. Análise das comparações e correlações entre Problemas de Comportamento, Práticas Parentais e Habilidades Sociais, 2015, 122, Dissertação (Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem) – UNESP- Faculdade de Ciências, Bauru, 2015.

RESUMO

Diante da relevância em se avaliar as práticas educativas, bem como sua relação com os comportamentos infantis, neste trabalho, buscou-se descrever, comparar e correlacionar práticas educativas maternas com comportamentos de crianças diferenciadas por problema de comportamento, escolaridade e sexo. Participaram do estudo 155 mães de crianças matriculadas na rede pública de ensino, que cursavam a pré-escola ou ensino fundamental, de ambos os sexos. Foram respondidos aos instrumentos: CBCL, RE-HSE-P e QRSH-P (versão para pais). Foram conduzidos os testes Qui-quadrado e t de Student para análises de comparação, o teste de correlação de Pearson e a regressão linear. Os resultados demonstraram que, para crianças em idade pré-escolar e escolar, o repertório de habilidades sociais se constitui fator de proteção e as práticas negativas fator de risco para problemas de comportamento infantil. As meninas, especialmente das séries do ensino fundamental, foram identificadas como mais habilidosas e expostas, mais frequentemente, às práticas maternas positivas. Ao contrário, dosmeninos pré-escolares, para quem foi atribuído maior número de problemas de comportamento e exposição às práticas educativas maternas negativas, sinalizando a importância de se considerar a sexo da criança na avaliação dos comportamentos emitidos na relação mães-filhos,

(10)

10

crianças em idade escolar, em que o uso das práticas negativas foi mais frequente. Outro aspecto importante é a constatação de que as mães de crianças que estão no grupo clínicoapresentammais dificuldades para identificar e reforçar os comportamentos habilidosos dos filhos, na comparação com as mães das crianças sem problemas de comportamento.Além disso, essas mãesparecem emitir um padrão comportamental que ensinam as crianças a serem habilidosas apenas diante das interações positivas, principalmentese forem meninos pré-escolares. Os resultados das correlações para as meninas do ensino fundamentalapontou que elas conseguem ser habilidosas mesmo em situações adversas, resultado muito parecidoao encontrado para as crianças sem problemas de comportamento, do ensino fundamental.

A avaliação dos comportamentos específicos, demonstrou que a habilidade social conversar possui relevância como fator de proteção para os problemas de comportamento. Tambémfoi identificado maior número de problemas de comportamento externalizantes para os meninos pré-escolares e de internalizantes para os escolares, além disso, as práticas negativas pareceram direcionadas, mais frequentemente aos meninos, especialmente as práticas agressivas da mãe e do cônjuge. Por outro lado, a prática positiva ter a mesma opinião que o

cônjuge, foi significativa e atribuída, com maior frequência, às meninas e às crianças sem

problemas de comportamento.

(11)

11 ABSTRACT

Considering the relevance of evaluating educational practices as well as their relationship with infant behaviors, this paper aimed to describe, compare and correlate maternal educational practices the behavior of children classified by problems of behavior, education and gender. This research involved 155 mothers of children enrolled in public schools. These children were in kindergarten and elementary schools, they had both genders (boys and girls). The following instruments were answered: CBCL, RE-HSE-P e QRSH-P (version for parents). Were conducted Chi-square tests and Student‟s t-test to comparison analysis, Pearson correlation test and linear regression. Results demonstrated that, for kindergarten and elementary school children, the repertory of social skills constitutes protective factor and the negative practices constitute risk factor for behavioral problems. The girls, especially in elementary school grades, were identified as more skilled and more frequently exposed to positive maternal practices. On the other hand, boys in kindergarten period received the biggest number of behavioral problems and exposure to negative educational maternal practices, indicating the importance of considering the child‟s gender in the evaluation of the behaviors emitted in the mother-children relationship.

(12)

12

behavioral pattern that teaches children to be skilled only when they face positive interactions, mainly if they are kindergarten boys. The results of correlations for elementary school girls indicated they can be skilled even in adverse situations. This result is very similar to the one found for elementary school children without behavioral problems.

The evaluation of specific behaviors demonstrated that the social skill of talking has relevance as a protective factor for behavioral problems. Also was identified a bigger number of externalizing behavioral problems for the kindergarten boys and a bigger quantity of internalizing behavioral problems for the elementary school ones. Besides that, negative practices seemed to be more frequently directed to boys, especially aggressive practices from the mother and her spouse. On the other hand, the positive practice of having the same opinion as the spouse was significant and attributed, more frequently, to girls and to the children without behavioral problems.

(13)

13 Lista de Figuras

Capítulo 1

Figura 1- Caracterização de pré-escolares e escolares para grupos com e sem problemas de comportamento...42 Figura 2 – Caracterização de meninos e meninas para grupos com e sem problemasde comportamento, pré-escolares e escolares...42 Figura 3- Procedimento para comparação entre categorias do RE-HSE e QRSH-Pais com grupos de crianças com e sem problemas de comportamento...45 Figura 4 – Procedimento para comparação entre categorias do RE-HSE-P e QRSH-Pais com meninos e meninas...45

Capítulo 2

(14)

14 Lista de Tabelas

Capítulo 1

Tabela 1- Caracterização e comparação dos grupos com (PC) e sem problemas de comportamento (SPC), pré-escolar e escolar. ...46 Tabela 2- Comparação da variável sexo entre os grupos com (PC) e sem (SPC) problema de comportamento de pré-escolares e escolares (Emei/Emef), escolares (Emef) e pré-escolares (Emei)...47 Tabela 3- Categorias do RE-HSE-P e avaliação do QRSH-PAIS nas comparações dos grupos com (PC) e sem (SPC) problemas de comportamento entre crianças pré-escolares e escolares/ pré-escolares e escolares...48 Tabela 4- Categorias do RE-HSE-P e avaliação do QRSH-PAIS nas comparações com sexo para crianças de Pré-escolar/Escolares, Escolares e Pré-escolares...50 Tabela 5- Regressão Logística considerando as categorias do Roteiro de Habilidades Sociais Educativas Parentais (RE-HSE-P) e QRSH avaliadas para grupos com e sem problemas de comportamento, para amostra combinada, pré-escolares e escolares...51

Capítulo 2

(15)

15 Capítulo 3

(16)

16 Lista de Abreviaturas e Siglas

CBCL – Child Behavior Checklist

EMEI- Escola Municipal de Ensino Infantil

EMEF- Escola Municipal de Ensino Fundamental

HSE-P- Habilidades Sociais Educativas Parentais

HSE-P- Conjugal – Habilidades Sociais Educativas Parentais conjugais

PC – Com problemas de comportamento

PEN- Práticas Parentais Educativas Negativas

PEN- Conjugal – Práticas Parentais Educativas Negativas conjugais

QRSH-Pais – Questionário de Respostas Socialmente Habilidosas para pais

(17)

17 Sumário

1. INTRODUÇÃO...19

1.2. OBJETIVO GERAL...27

2. CAPÍTULO 1...29

2.1. Método...37

2.1.1- Participantes ...37

2.1.2 - Instrumentos ...37

2.1.3. Procedimento de coleta de dados ...39

2.1.4. Procedimento e tratamento e análise dos dados...40

2.2. Resultados...46

2.5. Discussão...52

2.6. Considerações Finais...57

3. CAPÍTULO 2...59

3.1. Método...65

3.1.1.Participantes ...65

3.1.2. Instrumentos ...66

3.1.3. Procedimento de coleta de dados ...68

3.1.4.Procedimento e tratamento e análise dos dados...69

(18)

18

3.3. Discussão...78

3.4. Considerações Finais...85

4. CAPÍTULO 3...87

4.1. Método...94

4.1.1.Participantes ...94

4.1.2.Instrumentos ...95

4.1.3.Procedimento de coleta de dados ...97

4.1.4.Procedimento de tratamento e análise dos dados...97

4.2. Resultados...99

4.3. Discussão...105

4.4 Considerações Finais...111

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS GERAIS...113

(19)

19 1. Introdução Geral

Os problemas de comportamento infantil têm sido alvo de investigação em muitas pesquisas(ACHENBACH; EDELBROCK, 1979; BARRETO, FREITAS; DEL PRETTE, 2011; BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2008; LEME; BOLSONI-SILVA, 2010a/b; MEYER, et al., 2010, PIZATO; MARTURANO; FONTAINE, 2014; REYNOLDS; SANDER; IRVIN, 2010), devido o prejuízo causado ao desenvolvimento da criança (BEE, 2003; FERREIRA; MARTURANO, 2002) e ao alto índice de queixas pelas famílias, uma vez que as elas encontram dificuldades para lidar com tais comportamentos infantis(BOLSONI-SILVA, PAIVA; BARBOSA, 2009; KAPLAN; SADOCK; GREBB, 1997). Para Bolsoni-Silva (2003), os problemas de comportamento infantil são identificados como

déficits e/ou excessos comportamentais que prejudicam a interação das crianças com pares e adultos ...e que dificultam o acesso da criança a novas contingências de reforçamento, que por sua vez, facilitariam a aquisição de repertórios relevantes de aprendizagem (p. 10).

(20)

20

mau humor, hiperatividade, desobediência frequente, acessos de raiva, entre outros (ACHENBACH; EDELBROCK, 1979). Os problemas de comportamento internalizantes, por outro lado, se manifestam na relação do indivíduo com ele próprio e, em geral, são mais difíceis de serem identificados, especialmente porque tais comportamentos são considerados sociáveis, contudo, são tão prejudiciais ao desenvolvimento infantil quanto os externalizantes. Exemplos dos problemas internalizantes são: isolamento social, ansiedade, timidez excessiva, fobias, tristeza, nervosismo e medo (ACHENBACH, EDELBROCK, 1979).

Para Bolsoni-Silva e Del Prette (2003), elementos como história de vida do indivíduo, a história familiar e variáveis atuais podem interferir no surgimento e manutenção dos problemas de comportamento, caracterizando-os como multideterminados. Essas variáveis podem ser consideradas fatores de risco ou proteção para o desenvolvimento infantil saudável (STORY; ZUCKER; CRASKE, 2004), a depender de quais comportamentos estimulam, uma vez que a infância é apontada como um período crucial para a identificação e prevenção de comportamentos que podem levar ao desenvolvimento de problemas de saúde metal na idade adulta (STORY; ZUCKER; CRASKE, 2004).

(21)

21

2009;BARRETOet al., 2011; BERRY; O´CONNOR, 2010; BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2011; BOLSONI-SILVA; MARTURANO; LOUREIRO, 2011;MOLINA; DEL PRETTE, 2006; PATTERSON; REID; DISHION, 2002).Deste modo, é possível inferir que as crianças que dispõe de maior repertório habilidoso (e de competência social) são capazes de vivenciar de forma saudável as mudanças características do seu desenvolvimento, uma vez que tal repertório as auxilia a emitir comportamentos valorizados socialmente nos diferentes ambientes que frequentam, aumentando as chances de conseguirem estabelecer melhores relacionamentos interpessoais, de obterem melhor desempenho escolar (ou de aprendizagem), sendo assim, expostas a maior gama de reforçadores sociais (BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2002; CIA; BARHAM, 2009).

Pesquisadores têm se preocupado em investigar as variáveisrelacionadas ao desenvolvimento de habilidades sociais infantis, bem como os fatores de risco e proteção para os problemas de comportamento (ALVARENGA; PICCININI, 2009;BANDEIRAet al., 2006;BOLSONI-SILVA; LOUREIRO; MARTURANO, 2011; BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2010;DESSEN, SZELBRACIKOWSKI, 2006; GOMIDE, 2006; LEME; BOLSONI-SILVA, 2010a/b; LINS; ALVARENGA; PAIXÃO; ALMEIDA; COSTA, 2012; OLSON; HONZA, 1993; PIZATO; MARTURANO; FONTAINE, 2014). Seus resultados apontam para o sexo (ACHENBACH; EDELBROCK, 1979; LEMAN; BJORNBERG, 2010;MARIN, PICCININI, TUDGE, 2011), a série escolar (PIZATO; MARTURANO; FONTAINE, 2014; REINOLDS; SANDER, IRVIN, 2010) e as práticas educativas parentais(ALVARENGA; PICCININI, 2009; BOLSONI-SILVA; LOUREIRO; MARTURANO, 2011; BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2010) como fatores relevantes para a determinação do repertório infantil, especialmente quando investigados conjuntamente.

(22)

22

BJORNBERG, 2010; MASSOLA; SILVARES, 2005; MELO; PERFEITO, 2006). Já as meninas, costumam ser mais habilidosas e quando são identificados os problemas de comportamento, estes tendem a ser internalizantes (BANDEIRAet al., 2006; LEMAN; BJORNBERG, 2010). Em acordo com a literatura,Gardinal e Marturano (2007) encontraram que os meninos apresentavam maior déficit quanto aos comportamentos acadêmicos, além de demonstrarem mais comportamentos externalizantes como agressividade, desrespeito e intolerância, que as meninas. Estas, por sua vez, foram avaliadas como mais habilidosas: demonstravam melhor desempenho acadêmico, mais independência e eram mais comunicativas.

Esta tendência comportamental apresentada por meninos e meninas deve-se ao fato de haverem estereótipos masculinos e femininos vigentes na sociedade (MILLER; LURYE; ZOSULS; RUBLE, 2009), por isso há uma tendência em se reforçar diferencialmente os comportamentos desarmoniosos dos meninose de oferecer menos reforço às habilidades sociais. Já as meninas têm altos modelos de comportamento moral, especialmente por parte das mães, e costumam ter os comportamentos habilidosos reforçados mais frequentemente (SAMPAIO; VEIRA, 2010). Além disso, deve-se também considerar a importância da influência do temperamento da criançana diferença comportamental entre os sexos (COSENTINO-ROCHA; LINHARES, 2014).

(23)

23

MARTURANO E FREIRIA, 2010; 2010; PIZATO; MARTURANO; FONTAINE 2014; REYNOLDS; SANDER; IRVIN, 2010).

O estudo de Pizato, Marturano e Fontaine (2014) demonstrou uma redução dos problemas de comportamento e aumento das habilidades sociais durante o ensino fundamental, em comparação com o ensino infantil. Bolsoni-Silva, Marturano e Freiria (2010), encontraram aumento de habilidades sociais e redução dos problemas de comportamento no ensino fundamental apenas para as crianças pertencentes ao grupo com problemas de comportamento. Por outro lado, contrapartida, Sallquist et al.(2009) não identificaram essa diferença. Esses achados apontam para a importância de se considerar a influência de múltiplasvariáveisjunto à série escolar em pesquisas que investiguem tal relação.

Os resultados deKumpfer e Alvarado (2003), ajudam a compreender a condição destes resultados. Os autores afirmam que a interação familiar pode influenciar nas relações interpessoais que a criança estabelece em outros contextos. Se a criança vive num ambiente familiar positivo, onde ela tenha condições aprender regras e valores sociais por meio de disciplina consistente, há maiores chances de que ela consiga obter reforçadores sociais na escola, por exemplo. Esses resultados corroboram a literatura que apontam as práticas educativas parentais enquanto um conjunto de fatores significativos ao desenvolvimento infantil (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2011;GOMIDE, 2006).

(24)

24

parentais podem ser classificadas em dois conjuntos distintos, as positivas e negativas. As práticas positivas se referem ao uso contingente dos reforçadores ao comportamento esperado pela criança,como a atenção, oferecimento de afeto, distribuição de privilégios, estabelecimento de regras, acompanhamento e supervisão (necessária) dos comportamentos infantis. As práticas negativas, por outro lado, referem-se aos comportamentos negligentes por parte dos pais, como: não oferecimento de atenção e afeto, abuso físico e psicológico, uso de ameaças, chantagem, humilhação e monitoria negativa (GOMIDE, 2006).

Assim como para as crianças, estudos têm apontado que pais que dispõem de maior repertório habilidoso conseguem utilizar mais frequentemente as práticas educativas positivas na interação com os filhos (BOLSONI-SILVA, 2003; BOLSONI-SILVA; MARTURANO; LOUREIRO, 2009). Bolsoni-Silva (2008) identificou as habilidades sociais de mães e pais mais relevantes na interação com as crianças e as denominou de Habilidades Sociais Educativas Parentais (HSE-P). Constatou-se que pais socialmente habilidosos conseguem ser mais positivos na interação com as crianças, além de conseguirem emitirmodeloscomportamentaisreforçadoresem diferentes situações e contextos sociais(KAPLAN;SADOCK; GREBB, 1997; WEBSTER-STRATTON, 1997).

Ademais, esses pais demonstram melhores condições para oferecerem carinho e atenção no decorrer no desenvolvimento do filho, sem esquecer-se de estabelecer limites (BOLSONI-SILVA; DEL PRETTE, 2002; LEME; BOLSONI-SILVA, 2010a). Ao contrário, pais com menor repertório habilidoso utilizam com mais frequência as práticas negativas,comobaixa consistência, reforçamento de comportamentos indesejáveis e uso da punição, além de ofereceremmodeloscomportamentais pouco habilidosos (BOLSONI-SILVA; DEL PRETTE, 2002; LEME; BOLSONI-SILVA, 2010b).

(25)

25

aumento da participação dos homens no cuidado com as crianças (COLEY, 2001; RODRIGUES; ASSMAR; JABLONKI, 2002;VIEIRA et al., 2014)as mulheresainda assumem a maior parte da responsabilidade pela educação infantil, especialmente pelos cuidados fundamentais, como alimentação, higiene e saúde (BENZIES; HARRISON; MAGILL-EVANS, 2004; WAGNER, et al., 2005). Por isso, grande parte das pesquisas, ainda dedica-se ao estudo da influência das práticas maternas sobre a criança.

No estudo de Leme e Bolsoni-Silva (2010a)foi investigado por meio do modelo Construcional de Goldiamond, o relato de 20 mães de grupo clínico e 20 de grupo não clínico para problema de comportamento, encontrou-se que as mães de crianças sem problemas de comportamento utilizam mais práticas positivas com os filhos e são mais habilidosas, corroborandooutrosestudos (ALVARENGA; PICCININI, 2001; BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2011; LINS, et al, 2012; LEME; BOLSONI-SILVA, 2010b).Contudo, as autoras também encontraram que essas mesmas mães também apresentavam práticas negativas, principalmente diante dos problemas de comportamento da criança que consideravam mais graves, como a birra, dados encontrados em outros estudos(PICCININI; FRIZZO; ALVARENGA; LOPES; TUDGE, 2007). Desta forma, pode-se afirmar que tanto práticas positivas quanto negativas podem assumir a função de estabelecer limites, porém, as práticas negativas podem gerar subprodutos negativos, como mágoa e contra controle (SIDMAN, 1995).

(26)

26

1985).Outros resultados demonstram que pais de crianças do grupo clínico para problemas de comportamento utilizavam práticas negativas como xingar, punição física e repreensões (LINSet al., 2012) e que mães de crianças sem problemas de comportamento costumam demonstrar mais HSE-P, especialmente as de expressão de sentimento e enfrentamento e comunicação, assim como as crianças que também apresentam maior repertório habilidoso (LEME; BOLSONI-SILVA, 2010b).

(27)

27

comportamento, auxiliam na identificação, teste e desenvolvimento de técnicas científicas visando intervenções que sejam efetivas e eficazes ao tratamento e prevenção desses problemas (PHEULA; ISOLAN, 2007).

1.2. ObjetivoGeral

Descrever, comparar e correlacionar práticas educativas parentais positivas e negativas a comportamentos dos filhos, quanto àshabilidades sociais, os problemas de comportamento, a escolaridade e o sexo das crianças, para grupos com e sem problemas de comportamento.

1.3. Capítulos

O trabalho está dividido em três capítulos, cada qual com objetivos específicos, a fim de possibilitar uma análise minuciosa a respeitos das questões que foram explicitadas e investigadas a partir do Objetivo Geral e que, apesar de possuírem independência entre si, instigam uma análise integrada dos fenômenos estudados, que foi realizada no final desta dissertação.

a) Capítulo 1. Práticas Educativas Maternas e Comportamentos infantis: um estudo preditivo e comparativo

Objetiva-se descrever e comparar práticas educativas de mães e comportamentos infantis em crianças diferenciadas por problema de comportamento, escolaridade e sexo, utilizando uma avaliação multimodal.

(28)

28

Objetiva-se realizar análise e discussão da correlação entre categorias de práticas educativas maternas positivas e negativas, habilidades sociais e problemas de comportamento a grupo clínico e não clínico (para problemas de comportamento infantil), pré-escolares, escolares e sexo da criança.

c) Capítulo 3. Práticas Educativas Maternas e repertório comportamental

Infantil diferenciados por sexo, escolaridade e problemas de comportamento.

(29)

29 2. Capítulo1:Práticas Educativas Maternas e comportamentos infantis: um estudo preditivo e comparativo considerando sexo e escolaridade

No estudo das interações sociais estabelecidas entre pais e filhos encontram-se múltiplas variáveis relacionadas. Dentre elas estão as práticas parentais (BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2008; LEME; BOLSONI-SILVA, 2010a), o sexo(BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2008; DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2001; REYNOLDS; SANDER; IRVIN, 2010) e escolaridade das crianças (BARRETO, et al., 2011; BERRY;O‟CONNOR, 2010;BORNSTEIN;HAHN; HAYNES 2010; REYNOLDS; SANDER; IRVIN, 2010).

Pesquisas atestam que o desenvolvimento de habilidades sociais infantis auxilia na adaptação às demandas que surgem ao ingressar na escola, em especial, nas séries mais avançadas como as do ensino fundamental (BOLSONI-SILVA;MARTURANO; FREIRIA, 2010; KETTLER;ELLIOTT; DAVIES; GRIFFI, 2011;MINER;CLARKE-STEWART, 2008; PIZATO;MARTURANO; FONTAINE,2014).Além disso, estudos tem apontadotambémque os problemas de comportamento estão associados às dificuldades no relacionamento entre pares e aos comportamentos de risco na adolescência (FANTI; HERICH, 2010; PIZATO;MARTURANO; FONTAINE2014), principalmente durante os anos do ensino fundamental (BERRY; O‟CONNOR,2010; BORNSTEIN;HAHN; HAYNES 2010; REYNOLDS; SANDER; IRVIN, 2010).

(30)

30

pessoas e são, normalmente, os maiores alvos de queixas pelos pais, devido à facilidade na sua identificação e por causarem maior incômodo social/familiar (ACHENBACH, 1966; BOLSONI-SILVAet al., 2009). Os comportamentos internalizantes são os que se manifestam na relação do indivíduo com ele próprio, como por exemplo: a timidez, medo, isolamento social, caracterizados como geradores de ansiedade(ACHENBACH; EDELBROCK, 1979; PATTERSON; REID;DISHION, 2002). Os problemas de comportamento infantil são considerados multideterminados, pois, variáveis como a história familiar e características da criança e da escola, por exemplo, podem interferir no seu surgimento e manutenção (BOLSONI–SILVA; DEL PRETTE, 2003).

(31)

31

meninos e meninas (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2003; SOUZA; RODRIGUES, 2002). O estudo de Marin et al. (2012),demonstra que mães tendem a reforçar positivamente e mais frequentemente as habilidades sociais das meninas, em detrimentos aos meninos.

As habilidades sociais podem se constituíremcomo fator de proteção para os problemas de comportamento por aumentarem as chances de que a criança desenvolva repertório de resolução de problemas e de interação social positiva (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2011; STORY;ZUCKER; CRASKE, 2004). Para Bolsoni-Silva e Carrara (2010) habilidades sociais podem ser compreendidas “como uma adjetivação de repertórios operantes, sobretudo verbais, pois são respostas „consequenciadas‟ por uma comunidade verbal e podem assumir funções” (p. 342) no ambiente onde ocorre, são repertórios comportamentais desenvolvidos, valorizados e consolidados nas práticas culturais, uma vez que são selecionados determinados comportamentos que passam a ser considerados pertinentes em certos ambientes. Desse modo, o baixo repertório de habilidades sociais pode serfator de risco para o desenvolvimento de problemas de comportamento nas crianças (CIA; BARHAM, 2009).

(32)

32

ensino infantil.Kumpfer e Alvarado (2003) ressaltam que a convivência da criança em um ambiente familiar positivo, onde ela tenha condições de aprender regras e valores sociais e ser exposta a disciplina consistente, aumentam chances de que ela consiga se relacionar de forma satisfatória inclusive em outros contextos, como o escolar, ressaltando a importância das práticas educativas utilizadas pelos pais para a apreensão de repertório social habilidoso pelos filhos, corroborando outros estudos (BERRY; O‟CONNOR, 2010; BOLSONI-SILVA; MARTURANO, FREIRIA, 2010; BOLSONI-SILVA;MARTURANO, 2008).

Práticas educativas parentais são compreendidas como as estratégias utilizadas por mães e pais no sentido de orientar os filhos para aquisição de determinados comportamentos e supressão de outros, considerados como socialmente desfavoráveis ou inadequados (NEWCOMBE, 1999). Nessa perspectiva, pais que utilizam práticas educativas que preveem o uso contingente da atenção, o estabelecimento de regras, associado ao contínuo oferecimento de afeto à criança, oferecem condições mais favoráveis ao seu desenvolvimento saudável(GOMIDE,2006), isto por que, agindo assim, mães e pais aumentam as chances das crianças aprenderem habilidades sociais, seja por modelagem ou modelação.

(33)

33

WEBSTER-STRATTON, 1997). Ao contrário, pais com menos habilidades sociais podem oferecermodelos inadequados aos filhos, apresentar baixa consistência, reforçar comportamentos não desejados e usar a punição diante de comportamentos habilidosos dos filhos, aumentando os riscos para problemas de comportamento. Há de se destacar que, dependendo da forma como os pais emitem as HSE-P, as crianças respondem contingentemente de maneira habilidosa ou não (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2011). Pais que dispõem de um maior repetório de habilidades sociais educativas parentaisaumentam as chances dos filhos também serem mais habilidosos, isso, por serem capazes de adotar práticas educativas positivas/indutivas mais frequentemente, (LEME; BOLSONI-SILVA, 2010 a/b; BOLSONI-SILVA, 2008), conseguindo expressar carinho e oferecer atenção sem deixar de estabelecer limites (BOLSONI-SILVA, 2003; BOLSONI-SILVA; DEL PRETTE, 2002; BOLSONI-SILVA; MARTURANO; LOUREIRO, 2009).

Vale destacar que, apesar da modificação na organização familiar e no aumento da participação dos pais, homens, no processo educativo dos filhos (RODRIGUES; ASSMAR; JABLONKI, 2002; COLEY, 2001; WAGNER, 2005), ainda há predominância das práticas educativas maternas e do reconhecimento, pela família, da grande influência da autoridade materna nesse processo (BENZIES; HARRISON; MAGILL-EVANS, 2004). Por isso, a maior parte das pesquisas encontradas, contam com maior população de mães para o estudo das práticas educativas (DESSEN; SILVA, 2000; LEWIZ; DESSEN, 1999).

Leme e Bolsoni-Silva (2010b), realizaram um estudo em que comparavam relatos sobre comportamentos de mães de crianças com e sem problemas de comportamento em idade pré-escolar, frente às habilidades sociais dos filhos. Elas identificaram que as mães das crianças sem problemas de comportamento apresentam com maior frequência HSE-P de

(34)

34

maior repertório habilidoso, em comparação com as mães e com as crianças do grupo clínico. Entretanto, crianças sem problemas de comportamento, quando irritadas, também ficavam mal

humoradas, agitadas e desobedeciam e, diante destes comportamentos, suas mães também

relataram apresentar Práticas Educativas não Habilidosas.

Bolsoni-Silva e Loureiro (2011) realizaram um estudocomparando mães de pré-escolares e pré-escolares. Verificaram que mães de crianças com e sem problemas de comportamento utilizam práticas educativas positivas e negativas na educação dos filhos. Contudo, crianças do grupo não clínico apresentaram maior variabilidade de habilidades sociais, especialmente contingentes aos comportamentos habilidosos das mães.Além disso, essas mães conseguiam identificar os comportamentos habilidosos dos filhos também com maior frequência.

(35)

35

Estudos semelhantes, como o de Bueno, Grossi, Santos, Silva e Moura (2011) também investigou a relação entre o repertório comportamental das crianças e a forma como mães respondem a esses comportamentos. As autoras verificaram que mães de crianças com comportamentos opositores emitiam poucos elogios aos comportamentos adequados dos filhos e, quando os fazia, ao mesmo tempo, emitiam muitas críticas que funcionavam como reforçador ao comportamento opositor das crianças, por meio da atenção. Portanto, pais que possuem menos habilidades interpessoais e que usam de comportamentos agressivos/violentos podem oferecer modelos inadequados aos filhos, apresentar baixa consistência, reforçar comportamentos não desejados e usar a punição de forma não contingentes aos comportamentos que pretendem extinguir (BOLSONI-SILVA; DEL PRETTE, 2002; LEME; BOLSONI-SILVA, 2010b; BUENOet al., 2011) aumentando as chances dos filhos desenvolverem problemas de comportamento, como de instabilidade emocional, baixo repertório de habilidades sociais na adolescência e problemas internalizantes, principalmente em meninas (TOPITZES; MERSKY; REYNOLDS, 2014).

Bolsoni-Silva e Marturano (2010/2006) constataram relação entre o relacionamento conjugal e problemas de comportamento infantil.Pais cujos filhos estavam no grupo não clínico para problema de comportamento, conversavam mais entre si para negociar e resolver problemas. Eles possuíam comunicação conjugal mais satisfatória e melhor interação com os filhos, na comparação com os pais cujos filhos apresentavamproblemas de comportamento.

(36)

36

Por meio da literatura apresentada foi possível selecionar e discutir algumas das variáveis que estão relacionadas aos problemas de comportamentos e às habilidades sociais infantis, tais como práticas educativas, repertório de habilidades sociais educativas parentais, a série escolar e o sexo da criança. Apesar da ampla gama de publicações na área, existem ainda algumas lacunas, cujapresente pesquisa procurará suprir: a) se há diferença no repertório de habilidades sociais e problemas de comportamento em crianças diferenciadas apenas pela escolaridade; b) se existem diferenças quando, além da escolaridade, inclui-se a variável sexo; c) semães de crianças com e sem problemas de comportamento, em idade pré-escolar e pré-escolar utilizam práticas educativas distintas e, d) se mães de meninos e meninas, pré-escolares e escolares, utilizam práticas educativas diferenciadas para cada grupo. Espera-se encontrar maior escore de habilidades sociais e menor índice de problemas de comportamento para crianças em idade escolar, e que os meninos de ambos os grupos, pré-escolar e pré-escolar, tenham maiores taxa de problemas de comportamento, em comparação com as meninas. Além disso, levanta-se a hipótese de que existem diferenças quanto às práticas educativas maternas aplicadas aos meninos e às meninas, com e sem problemas de comportamento.

2.1. Método

(37)

37

Participaram do estudo 155 mães de crianças matriculadas na rede pública de ensino de uma cidade do Centro-Oeste do estado de São Paulo, que cursavam a pré-escola em Escolas Municipais de Educação Infantil (Emei) (36 meninas e 43 meninos) ou ensino fundamental em Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emef), (26 meninas e 50 meninos) de ambos os sexos, totalizando 93meninos e 62 meninas, com média de6, 38 anos (DP= 2,82). As crianças pré-escolares tinham idade média de 4,16 anos (DP = 1,18) e as crianças escolares tinham média de 8,6 anos (DP = 2,09) e a idade média dos respondentes familiares foi de 27,8 anos (DP =12,4). Foram entrevistadas 79 mães de crianças matriculadas em Emei, com idade entre três e seis anos e 76 mães de crianças matriculadas em Emef, com idade entre sete e 12 anos.

Dentre a amostra de mães: (a) 61,2% eram casadas, 16,1%apresentavam união estável, 16,7% eramsolteiras, 3,22% divorciadas, 0,6% viúvas e 0,6% não informado; (b) quanto à escolaridade, 34,8% da amostra possuía o primeiro grau (completo ou incompleto), 46,4% o segundo grau completo, 17,4% o terceiro grau completo e 1,7% não informado; (c) quanto à renda familiar, em salários mínimos, os dados são: 27% - até um salário; 35,4% - 2 salários mínimos; 21,2% - 3 salários mínimos; 4,5% - 4 salários; 3,20% - 5 salários; 5,16% acima de seis salários e 2,5% não informado.

2.1.2. Instrumentos

(38)

38

escolar, social e familiar da criança. Os resultados são organizados em problemas internalizantes, externalizantes e totais, que podem ser classificados como clínicos, limítrofes e não clínicos.

2. Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educativas Parentais (RE-HSE-P, BOLSONI-SILVA; LOUREIRO; MARTURANO, 2011), que avalia funcionalmente e em termos de frequência comportamentos de pais/cuidadores, filhose variáveis contextuais. Para tal avaliação, o instrumento utiliza perguntas abertas organizadas em grandes categorias que, posteriormente são subdividas em categorias menores, são elas:

 Comportamentos parentais: 1)Habilidades sociais educativas parentais (relacionada a práticas educativas positivas): a) comunicando e negociando, b) expressando sentimentos positivos e de enfrentamento; c) sentir-se bem; 2) Habilidades sociais educativas parentais, específicas da interação conjugal: a) interação conjugal, b) motivo do entendimento do casal, c) quando discorda do cônjuge; 3) Práticas educativas negativas: a) não habilidoso ativo, b) não habilidoso passivo, c) sentir-se mal; 4) Práticas negativas específicas da interação conjugal: a) motivo do não entendimento do casal, b) comportamento quando discorda do cônjuge, c) sentir-se mal;

 Comportamentos Infantis: 1) Habilidades sociais infantis: a) disponibilidade social e cooperação; b) expressão de sentimento e enfrentamento; 2) Problema de comportamento infantil: a) problema de comportamento externalizante, b) problema de comportamento internalizante, c) outro problemas.

 Variáveis contextuais contingentes aos comportamentos parentais.

(39)

39

dois fatores: características positivas da interação (total positivo, habilidades sociais educativas, habilidades sociais infantis, variáveis de contexto e frequência positiva) e características negativas da interação - total negativo, práticas negativas, problemas de comportamento e frequência negativa (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2010).

3. Questionário de Respostas Socialmente Habilidosas (versão para pais) – QRSH-PAIS-P (BOLSONI-SILVA; MARTURANO; LOUREIRO, 2011). Trata-se de um instrumento destinado a pais, cujo objetivo é identificar as habilidades sociais das crianças de três a seis anos, por meio de 24 afirmações, com uma escala de três pontos (2 = se aplica; 1 = se aplica em parte; 0 = não se aplica). Após ser respondido, somam-se os escores, obtendo um escore total da criança avaliada. Estudo sobre as propriedades psicométricas do QRSH-Pais indicou consistência interna satisfatória e validade preditiva (BOLSONI-SILVA et al., 2011).

2.1.3. Procedimento de coleta de dados

(40)

40

atendimento especializado e, neste caso, eram encaminhadas ao Centro de Psicologia Aplicada (CPA). Nas escolas,foram conduzidas palestras informativas sobre práticas educativas e comportamentos infantis e foram entregues materiais informativos (BOLSONI-SILVA, 2009).

2.1.4. Procedimento e tratamento e análise dos dados

Após a coleta, os instrumentos foram corrigidos segundo instruções dos respectivos manuaise os dados obtidos foram organizados e utilizados da seguinte forma:

a) Os resultados referentes ao CBCL permitiram a classificação e categorização de grupos de crianças com e sem problemas de comportamento para as diferentes combinações realizadas com a amostra;

b) Os resultados referentes ao QRSH permitiram o levantamento das crianças que dispunham de maior ou menor repertório de habilidades sociais, com o intuito de complementar os dados adquiridos por meio do RE-HSE-P;

c) Já com os resultados do RE-HSE-P, foram realizadas tabulações a fim de separar as categorias comportamentais e detalhar quais comportamentos de mães e crianças apareceram com maior frequência e, por consequência, são mais relevantes dentro de cada categoria.

d) Vale destacar que, apesar do instrumento RE-HSE-P avaliarhabilidades e práticas educativas de pais e mães, ele foi utilizado apenas para mensurar os comportamentos maternos.

(41)

41

Studentpara as variáveis numéricas e Regressão Linear. Para tais análises foram considerados p menor ou igual a 0,05, num intervalo de confiança de 95%.

(42)

42

Em seguida, foram feitas as análises com o Test t de Student.Para essa fase da comparação, foi utilizado o escore de habilidades sociais do QRSH-PAIS-Pais e as categorias do RE-HSE-P. Optou-se por unir as categorias do RE-HSE-P habilidades sociais educativas

parentais e habilidades sociais parentais específicas da interação conjugal numa mesma

categoria denominada Interação Positiva e, também, unir as categorias práticas educativas

negativas e práticas negativa específicas da interação conjugal numa outra categoria

(43)

43

Sociais (segundo o RE-HSE-P) aos grupos com e sem problemas de comportamento; b) após, com uma parcela da amostra correspondente às crianças pré-escolares foi realizada a comparação das categorias Habilidades Sociais (segundo o QRSH-Pais), Interação Positiva, Interação Negativa, Problema de Comportamento (segundo o RE-HSE-P) e Habilidades Sociais (segundo o RE-HSE-P) a grupo clínico e não clínico; c) e por último, com a parcela da amostra correspondente ao grupo de escolares foi realizada a comparação das categorias Habilidades Sociais (segundo o QRSH-Pais), Interação Positiva, Interação Negativa, Problema de Comportamento (segundo o HSE-P) e Habilidades Sociais (segundo o RE-HSE-P) aos grupos com e sem problemas de comportamento (Figura 3).

(44)

44

(45)

45

2.2. Resultados

Os resultados são apresentados por meio de cincoTabelas. As Tabelas 1e 2apresentam os resultados do Teste Qui-Quadrado, nas Tabelas 3e 4encontram-se os dados referentes ao Test t de Student e na Tabela 5 os resultados referentes à Regressão Linear.

Tabela 1- Caracterização e comparação dos grupos com (PC) e sem problemas de comportamento (SPC), pré-escolar e escolar.

Categorias PC SPC x2 p

Pré-escolares

39 (49%) 40 (50,6%)

0,403 0,749

Escolares 40 (52,6%) 36 (47,3%)

(46)

46

Tabela 2-Comparação da variável sexoentre os grupos com (PC) e sem (SPC) problema de comportamento (CBCL)de escolares e escolares (Emei/Emef), escolares (Emef) e pré-escolares (Emei).

Categorias Menino Menina X2 P

Pré escolar e Escolar

PC 64(59,8%) 26(35,1%)

10,65 0,001

SPC 43 (40,1%) 48(64,8%)

Escolar PC 35 (61,4%) 12(35,2%)

5,814 0,016

SPC 22 (38,5%) 22(64,7%)

Pré Escolar

PC

29 (58 %) 14(35%)

4,712 0,030

(47)

47

Nas Tabelas 3 e 4 constam apenas as variáveis cujos valores das médias foram estatisticamente significativos(p ≤ 0,05).

Tabela 3- Categorias do RE-HSE-P e avaliação do QRSH-PAIS nas comparações dos grupos com (PC) e sem (SPC) problemas de comportamentoentre crianças pré-escolares e escolares/ pré-escolares e escolares.

Categorias gerais do RE-HSE-P e QRSH-PAIS

PC SPC

Média (DesvioPadrão) t P

RE-HSE-P e QRSH-PAIS – Frequências comportamentais

Pré-escolar

e Escolar

Habilidades Sociais Infantis

(QRSH-Pais) 28,81 (6,72) 32(3,6) 3,805 0,000

Problemas de comportamento

infantil (RE-HSE-P) 7,83 (4,56) 5,42 (3,76) 3,623 0,000

Habilidades Sociais infantis

(RE-HSE-P) 10,26 (4,15) 11,61(4,76) 1,952 0,053

Interação Negativa

(RE-HSE-P) 7,44 (387) 5,13 (3,53) 3,883 0,000

Escolar

Habilidades Sociais Infantis

(QRSH-Pais)

29,30 (6,08) 31,86 (3,94) 2,197 0,031

Problemas de comportamento

Infantil(RE-HSE-P)

6,72 (4,26) 5,00 (3,41) 1,956 0,054

Interação Negativa

(RE-HSE-P)

(48)

48 Pré-escolar

Habilidades Sociais Infantis

(QRSH-Pais)

28,30 (7,37) 32,30 (3,30) -3,119 0,003

Problemas de comportamento

Infantil (RE-HSE-P)

8,97 (4,63) 5,80 (4,01) 3,237 0,002

Interação Negativa

(RE-HSE-P)

7,56 (3,03) 5,75 (3,60) 2,422 0,018

Diferenças significativas ao nível de p ≤0,05.

(49)

49

Tabela 4- Categorias do RE-HSE-P e avaliação do QRSH-PAIS nas comparações com sexo para crianças de pré-escolar/escolares, escolares e pré-escolares.

Categorias gerais do RE-HSE-P e QRSH-Pais Menino Menina

Média (DesvioPadrão) t p

RE-HSE-P e QRSH-PAIS – Frequências comportamentais

Pré-escolar e Escolar

Problema de comportamento

Infantil (RE-HSE-P) 7,72 (4,71) 5,04 (3,13) 4,236 0,000 Interação Negativa

(RE-HSE-P) 6,93 (4,08) 5,37 (3,36) 2,600 0,10

Interação Positiva

(RE-HSE-P) 11,43 (4,48) 13,06 (4,94) -2,093 0,038

Escolar

Habilidades Sociais Infantis

(QRSH-Pais) 29,66 (5,83) 31,15(3,68) -2,273 0,026

Problema de comportamento

Infantil (RE-HSE-P) 6,64 (4,20) 4,50 (3,00) 2,553 0,013

Pré-escolar

Problema de comportamento

Infantil (RE-HSE-P) 8,97 (5,00) 5,44 (3,21) 3,791 0,000 Interação Negativa

(RE-HSE-P) 7,51 (3,29) 5,61 (3,35) 2,526 0,014

Diferenças significativas ao nível de p ≤ 0,05.

(50)

50

Tabela 5. Regressão Logística considerando as categorias do Roteiro de Habilidades Sociais Educativas Parentais (RE-HSE-P) e QRSH avaliadas para grupos com e sem problemas de comportamento, para amostra combinada, pré-escolares e escolares.

Categorias gerais do

RE-HSE-P e QRSH Grupos com e sem Problemas de Comportamento Amostra Combinada

I.C. 95%

Escolares

Inferior Superior P Tolerância Vif

Sexo -0,60 0,405 0,144 0,912 1,096

Interação Positiva 0,003 0,043 0,088 0,920 1,087

Interação Negativa -0,065 -0,014 0,003 0,0947 1,056

Pré-escolares

Inferior Superior P Tolerância Vif

QRSH Pais 0,51 1000 0,051 0,872 1,147

Habilidades sociais 0,098 -0,004 0,098 0,970 1,031

Problemas de

comportamento 0,012 -0,054 0,012 0,893 1,120

Diferenças significativas ao nível de p ≤0,05.

(51)

51

2.5. Discussão

Neste trabalho foram discriminados, por meio de entrevistas com mães, grupos de crianças com e sem problemas de comportamento, matriculadas no ensino infantil e fundamental, diferenciadas por sexo e escolaridade, levando-se em conta as variáveis problemas de comportamento e habilidades sociais (referentes aos comportamentos infantis) interação positiva e negativa (referente aos comportamentos maternos).Não foram encontradas diferenças significativas entre crianças com e sem problemas de comportamento em grupos diferenciados apenas por idade (pré-escolar e escolar), corroborando os estudos de (REYNOLDS; SANDER; IRVIN, 2010; SALLQUISTet al., 2009). Todavia, alguns estudos apontam para uma redução dos problemas de comportamento no ensino fundamental(BERRY; O´CONNOR, 2010; PIZATO et al., 2014; KONOLD et al., 2010; SKINNER; ZIMMER-GEMBECK, 2007).

Os resultados encontradoscorroboram com Bolsoni-Silva et al. (2010), que não encontraram redução dos problemas de comportamento ou aumento das habilidades sociais para crianças sem problemas de comportamento durante o ensino fundamental, e não concordam com os resultados de Pizatoet al. (2014) e Skinner e Zimmer-Gembeck, (2007) que encontraram essa diferença. Uma das hipóteses para a discrepância entre os estudos é a de que o trabalho de Pizato et al. (2014) utilizou instrumentos rastreadores de habilidades sociais e de problemas de comportamento, diferente do presente estudo que utilizou múltiplos instrumentose, dentre eles, um diagnóstico (CBCL) para avaliar problemas de comportamento infantil, considerando a importância do uso de instrumentos múltiplos em tais pesquisas (BOLSONI-SILVA et al., 2011).

(52)

52

achados na literatura (BOLSONI-SILVA; LEME, 2010a; BOLSONI-SILVA; MARTURANO et al., 2009; BUENO et al., 2011; CIA;PAMPLIM; DEL PRETTE,2006; LINS et al.,2013; PICCININI; FRIZZO; ALVARENGA; LOPES; TUDGE, 2007).Os dados da presente pesquisa demonstraram que crianças do grupo sem problemas de comportamento possuem maior repertório habilidoso (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2011; STORYet al., 2004), em especial, se forem meninas (BANDEIRA et al., 2006) e estiverem em séries escolares mais avançadas, como as do ensino fundamental (BOLSONI-SILVAet al., 2010; PIZATOet al., 2014). Além disso, encontrou-se relação entre osproblemas de comportamento e práticas negativas para o grupo com problemas de comportamento (BOLSONI-SILVAet al., 2009; LEME; BOLSONI-SILVA, 2010a) e, posteriormente, os problemas de comportamento, foram relacionados aos meninos (BOLSONI-SILVAet al., 2009).Desta forma, parece relevante considerar conjuntamente sexo e série escolar/idade ao se avaliar repertórios comportamentais de mães e crianças.

(53)

53

considerar grupos clínicos para problemas de comportamento: ser do sexo masculino e estar em idade pré-escolar, cujo repertório de habilidades sociais é menos desenvolvido.

Em contrapartida, houve correspondência de meninas escolares com habilidades sociais e de meninas da amostra totalcom Interação Positiva. Nota-se que estas crianças, quando comparadas ao grupo de meninos, estão expostas a um maior número de fatores de proteção para problemas de comportamento a nível clínico, como estarem no ensino fundamental (PIZATOet al., 2014; KONOLD et al., 2010), serem alvo das práticas positivas mais assiduamente (BOLSONI-SILVAet al., 2009), e, por consequência,possuírem maior repertório habilidoso (BUENO et al., 2010; MARINet al., 2012), compondo assim, com menos frequência, o grupo clínico para problemas de comportamento.O desenvolvimento de habilidades sociais pela criança aumentam as chances de que ela compreenda quais sãoos comportamentos esperados pelos adultos e pares nos ambientes em que frequenta, como a escola ou áreas de lazer, o que a auxilia no estabelecimento de relações satisfatórias e no seu desenvolvimento saudável (BOLSONI-SILVA; MARTURANO, 2009).

(54)

54

atestaram maior variabilidade de habilidades sociais, contingentes às HSE-P, para as crianças sem problemas de comportamento, além de ressaltarem a importância da análise dos itens do RE-HSE-P - referente aos comportamentos de pais e crianças - para a melhor compreensão das contingencias que envolvem a relação familiar.

De forma semelhante, na pesquisa de Leme e Bolsoni-Silva (2010a), cujo objetivo foi avaliar, segundo o Modelo Construcional de Goldiamond, o relato de 20 mães de crianças com e sem problemas de comportamento, encontrou-se que as mães das crianças do grupo não clínico relataram apresentar, diante dos problemas de comportamento emitidos pelas crianças, mais frequentemente práticas educativas negativas e com menos frequência HSE-P. Contudo ao comparar com as mães do grupo clínico, essas relataram apresentar mais vezes que as outras mães, práticas educativas negativas, sinalizando que um dos fatores que diferenciou os grupos foi a frequência no uso dessas práticas. Assim, a assiduidade e a qualidade das interações sociais positivas e negativas entre mães e filhos foram os fatores que diferenciaram grupos de crianças com e sem problemas de comportamento, de modo que, mães de crianças com e sem problemas de comportamento utilizam práticas positivas e negativas na relação com o filho.

(55)

55

diagnósticos e contou com o relato de professores, diferente do presente estudo que utilizou o relato de mães.

Sobre os resultados referentes à análise de regressão, encontrou-se que para as crianças pré-escolares, o repertório habilidoso e as queixas de problemas de comportamento foramas variáveis mais significativas ao se diferenciar grupo clínico e não clínico. Neste sentido, deve-se considerar que,comumente, as crianças pré-escolaresnão dispõem de um repertório comportamental habilidoso tão diversificado quanto as crianças em idade escolar, obtendo, por vezes, prejuízosnas relações interpessoais (PIZATOet al., 2013). Quanto às crianças escolares, as variáveis mais significativas foram sexo, práticas positivas e negativas. Pode-se supor queo avanço da maturação biológica, associado à exposição ambiental, às práticas educativas utilizadas pelas mães, bem como à apreensão, por meio dos papéis de sexo - comportamentos esperados para meninas e para meninos- influenciam de forma contundente os comportamentos das crianças em idade escolar, quando comparadas às pré-escolares (PATTERSON et al., 2002;WEBER; SELIG; BERNARDI; SALVADOR, 2006).Portanto, ao se analisar os resultados da análise preditiva, é possível inferir que as práticas educativas maternas exercem maior influência nos comportamentos das crianças em idade escolar, e que é provável que o sexo do filho seja relevante ao se definir as práticas utilizadas.

(56)

56

(LEME; BOLSONI-SILVA, 2010 a/b; GOMIDE, 2006) estimulando melhores relações sociais pela criança e oportunizando a aprendizagem de comportamentos adequados para determinados contextos (CAMPOS DE CARVALHO, 1993), fatores de proteção para problemas de comportamento (STORYet al., 2004). Com relação às práticas negativas associadas ao grupo clínico, estasse constituem fator de risco para o desenvolvimento de problemas de comportamento pela criança (STORYet al., 2004), uma vez que pais que as utilizam costumam ser inconsistente, apresentar dificuldades para conversarem com a criança e para estabelecer limites, sendo agressivos e oferecendo modelos comportamentais que não auxiliam no desenvolvimento de comportamentos habilidosos (GOMIDE, 2006).

2.6.Considerações Finais

(57)

57

(58)

58 3. Capítulo 2: Práticas educativas maternas e comportamentos infantis: um estudo correlacional considerando sexo e escolaridade das crianças

O desenvolvimento, pela criança, de repertórios comportamentais que a auxiliam no enfretamento das demandas encontradas durante as fases pré-escolar e escolar é influenciado por vários fatores, dentre eles: a) a história familiar (BOLSONI-SILVA; DEL PRETTE, 2003); b) variáveis atuais, como a forma como os pais interagem com a criança (BANDEIRAet al., 2006); c) as características da criança e da escola, (BOLSONI–SILVA; DEL PRETTE, 2003); d) série escolar em que a criança está inserida, (BERRY; O‟CONNOR, 2010); e) sexo da criança (OLSO; HOZA, 1993) e, f) nível sócio econômico (BOLSONI– SILVA; DEL PRETTE, 2003). A aprendizagem de repertórios comportamentais infantis pode ser estudada por meio de dois termos, o de competência e o de disfunção comportamental. Ambos podem ser compreendidos e analisados considerando os construtos de habilidades sociais e problemas de comportamento, respectivamente (BORNSTEIN; HAHN; HAYNES, 2010; REYNOLDS; SANDER; IRVIN, 2010).

(59)

59

negativamente a interação da criança com adultos e pares, além de impedir o acesso dela às contingências de reforçamento (BOLSONI-SILVA; DEL PRETTE, 2003).Tais classes comportamentais são organizadas em dois grupos: os externalizantes e os internalizantes (ACHENBACH; EDELBROCK, 1979).

Os comportamentos externalizantes são aqueles que se manifestam na relação da criança com as outras pessoas, como a agressividade física ou verbal, os comportamentos opositores e comportamentos anti-sociais, hiperatividade e desobediência frequente, por exemplo. Esses comportamentos são, normalmente, os maiores alvos de queixas por pais/cuidadores, devido à facilidade na sua identificação e por causarem muito incômodo social/familiar (ACHENBACH, 1966; BOLSONI-SILVA et al., 2009). Por outro lado, os comportamentos internalizantes são os que se manifestam na relação do indivíduo com ele próprio e são identificados por meio da depressão, do isolamento social, da ansiedade, da fobia, da tristeza (ACHENBACH; EDELBROCK, 1979), do medo e da timidez (PATTERSON et al., 2002), para citar alguns.

(60)

60

comportamentais na pré-escola e redução durante o ensino fundamental.Contudo, ainda não há consenso na literatura.

No estudo longitudinal de Bolsoni-Silva et al. (2010), 62 crianças, matriculadas no ensino infantil e fundamental da rede municipal, foram avaliadas por seus professores durante parte da trajetória do ciclo infantil/ensino fundamental como habilidosas ou com problemas de comportamento, por meio de instrumentos rastreadores. As autoras verificaram persistência dos problemas de comportamento no grupo indicado como mais problemático, apesar de ter ocorrido redução destes comportamentos no ensino fundamental, o que sugere uma trajetória positiva de desenvolvimento para essas crianças. Elas também encontraram maior expansão do repertório habilidoso das crianças indicadas para problemas de comportamento, em comparação com as sem indicação. Já as crianças consideradas habilidosas mantiveram-se com maior repertório de habilidades sociais do que as consideradas com problemas de comportamento, apesar de ter ocorrido um declínio dessas habilidades. Portanto, houve aumento das habilidades sociais no ensino fundamental apenas para o grupo de crianças avaliadas com problemas de comportamento.

Este resultado possibilita inferir queo aumento da idade e a participação em séries escolares mais avançadas podem ser considerados fatores que influenciam na diminuição dos problemas de comportamento infantil, bem como no aumento do repertório habilidoso.Mas, variáveis, como os estilos parentais (PARPAL; MACCOBBY, 1985), práticas educativas parentais (LEME; BOLSONI-SILVA, 2010b; MARIN et al., 2012), o desenvolvimento do comportamento verbal pelas crianças (SERIO, 2005), assim como a maneira como os pais aplicam regras e limites (BAUM, 1999) devem ser levadas em conta.

(61)

61

contribuir para aprendizagem de comportamentos considerados problemáticos, a depender do ambiente que é oferecido e das consequências oferecidas aos comportamentos dos filhos (GOMIDE, 2006, HOFFMAN, 1994; LEME; BOLSONI-SILVA; 2010a). Newcobe (1999), afirma que práticas educativas parentais são estratégias utilizadas pelos pais no sentido de orientar os filhos para aquisição de determinados comportamentos e supressão de outros, considerados como socialmente desfavoráveis ou inadequados.Elas podem sem categorizadas em práticas parentais positivas ou negativas (GOMIDE, 2006).

Assim como para as crianças, a escolha pelos pais das práticas que eles utilizam com os filhos depende do repertório de habilidades sociais que eles dispõem. Este repertório pode ser nomeado Habilidades Sociais Educativas Parentais (HSE-P), uma vez que se refere ao conjunto de habilidades sociais dos pais, aplicáveis à prática educativa dos filhos, e pode ser dividida em três grandes categorias: a) Comunicação; b) Expressão de Sentimentos e Enfrentamento e, c) Estabelecimento de Limites que ocorrem contingentes aos comportamentos dos filhos (BOLSONI-SILVA, 2008). Pais habilidosos têm mais chances de oferecer modelos comportamentais adaptativos aos filhos, com maior probabilidade de serem reforçados socialmente e menos chances de ocasionarem problemas no futuro.Além disso, o aumento no repertório de habilidades sociais dos pais está relacionado ao uso de práticas educativas positivas, como o oferecimento de carinho, atenção contingente, sem deixar de estabelecer limites (KAPLAN et al.,1997; LEME; BOLSONI-SILVA, 2010a/b; WEBSTER-STRATTON, 1997).

(62)

62

especialmente diante dos cuidados fundamentais para sua saúde e aprendizagem, ainda é maior (SILVA, 2000; WAGNER et al., 2005).

Neste cenário foram encontradas relações entre crianças com (grupo clínico) e sem problemas de comportamento (grupo não clínico) e práticas educativas parentais(BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2011; MERREL; HARLACHER, 2008; PATTERSON et al., 2002). Práticas educativas negativas são utilizadas por mães e pais de crianças com e sem problemas de comportamento, contingentes aos comportamentos dos filhos que os pais desaprovam (LEME; BOLSONI-SILVA, 2010a).Contudo, as estratégias educativas habilidosas utilizadas pelas mães do grupo não clínico, como práticas reforçadoras, assertivas e contingentes ao comportamento da criança são, em média, mais frequentes e diante de um maior número de comportamentos das crianças e correlacionam-se com indicadores de competência social dos filhos (ALVARENGA; PICCININI, 2009). Cia, Pamplin e Del Prette (2006) encontraram que a comunicação e a participação das mães nas atividades de lazer, cultural e escolar da criança têm relação positiva com o repertório de habilidades sociais infantis e, negativa, com comportamentos externalizantes.Além disso, mães/pais que expressam sentimentos positivos e são assertivos favorecem o desenvolvimento daempatia, civilidade, assertividade e o autocontrole dos filhos. Por outro lado, mães de crianças do grupo clínico, que por desaprovarem o comportamento do filho com mais frequência e em maior quantidade, usam práticas negativas também mais frequentemente, e são habilidosas menos vezes e inábeis diante dos comportamentos habilidosos da criança (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2011).

(63)

63

com os de externalização.Essas mães tendem a perceber seus filhos como mais problemáticos. Tais autores também encontraram que as meninas foram avaliadas com maior repertório de autocontrole e competência social que os meninos, demonstrando que as mães tendem a usar com maior frequência práticas positivas com as filhas, o que aumentam as chances delas aprenderem comportamentos habilidosos.

Os resultados do trabalho de Bolsoni-Silva, Paiva e Barbosa (2009) demonstrou que os comportamentos externalizantes da criança, como ser agressiva, não obedecer ou fazer birra, estão relacionados aos comportamentos de mães e pais de gritar ou bater diante dos comportamentos indesejados dos filhos, não concordarem quanto a educação deles, ser inconsistente, apresentar dificuldade para conversar com a criança e para estabelecer limites. Além disso, o uso de punição física possui relação negativa com o envolvimento das crianças em relações sociais adequadas, além de ser um preditor de comportamentos agressivos (VIEIRA; GUIMARÃES, 2010).

(64)

64

comportamento, e de meninos pré-escolares e escolares com e sem problemas de comportamento?

Há a expectativa de que a) as práticas educativas positivas e a HSE-P associem-se positivamente às habilidades sociais infantis, de ambos os sexos, contudo, mais fortemente para as meninas; b) as práticas educativas negativas associem-se positivamente aos problemas de comportamento infantil de ambos os sexos, porém, mais fortemente para os meninos; c) haja associação entre práticas educativas negativas e problemas de comportamentos de pré-escolares e pré-escolares; d) haja associação positiva entre práticas educativas positivas e habilidades sociais de pré-escolares e escolares e, e) haja associação negativa entre práticas educativas positivas e negativas, habilidades sociais infantis e problemas de comportamento, práticas educativas positivas e problemas de comportamento e práticas educativas negativas e habilidades sociais infantil (independente dos grupos aos quais esses comportamentos pertencem).

Objetiva-se realizar análise e discussão da correlação entre categorias de Práticas Educativas maternas Positivas e Negativas, Habilidades Sociais e Problemas de Comportamento a grupos clínico e não clínico (para problema de comportamento infantil), pré-escolares e escolares e sexo da criança.

3.1. Método

3.1.1. Participantes

(65)

65

meninos) de ambos os sexos, totalizando 93 meninos e 62 meninas, com média de 6,38 anos (DP= 2,82). As crianças pré-escolares tinham idade média de 4,16 anos (DP = 1,18) e as crianças escolares tinham média de 8,6 anos (DP = 2,09) e a idade média dos respondentes familiares foi de 27,8 anos (DP =12,4). Foram entrevistadas 79 mães de crianças matriculadas em Emei, com idade entre três e seis anos e 76 mães de crianças matriculadas em Emef, com idade entre sete e 12 anos.

Dentre a amostra de mães: (a) 61,2% eram casadas, 16,1%apresentavam união estável, 16,7% eram solteiras, 3,22% divorciadas, 0,6% viúvas e 0,6% não informado; (b) quanto à escolaridade, 34,8% da amostra possuía o primeiro grau (completo ou incompleto), 46,4% o segundo grau completo, 17,4% o terceiro grau completo e 1,7% não informado; (c) quanto à renda familiar, em salários mínimos, os dados são: 27% - até um salário; 35,4% - 2 salários mínimos; 21,2% - 3 salários mínimos; 4,5% - 4 salários; 3,20% - 5 salários; 5,16% acima de seis salários e 2,5% não informado.

3.1.2. Instrumentos

(66)

66

2. Roteiro de Entrevista de Habilidades Sociais Educativas Parentais (RE-HSE-P, BOLSONI-SILVA; LOUREIRO; MARTURANO, 2011), que avalia funcionalmente e em termos de frequência comportamentos de pais, filhose variáveis contextuais. Para tal avaliação, o instrumento utiliza perguntas abertas organizadas em grandes categorias que, posteriormente são subdividas em categorias menores, são elas:

 Comportamentos parentais: 1)Habilidades sociais educativas parentais (relacionada a práticas educativas positivas): a) comunicando e negociando, b) expressando sentimentos positivos e de enfrentamento; c) sentir-se bem; 2) Habilidades sociais educativas parentais, específicas da interação conjugal: a) interação conjugal, b) motivo do entendimento do casal, c) quando discorda do cônjuge; 3) Práticas educativas negativas: a) não habilidoso ativo, b) não habilidoso passivo, c) sentir-se mal; 4) Práticas negativas específicas da interação conjugal: a) motivo do não entendimento do casal, b) comportamento quando discorda do cônjuge, c) sentir-se mal;

 Comportamentos Infantis: 1) Habilidades sociais infantis: a) disponibilidade social e cooperação; b) expressão de sentimento e enfrentamento; 2) Problema de comportamento infantil: a) problema de comportamento externalizante, b) problema de comportamento internalizante, c) outro problemas.

 Variáveis contextuais contingentes aos comportamentos parentais.

Imagem

Tabela  1-  Caracterização  e  comparação  dos  grupos  com  (PC)  e  sem  problemas  de  comportamento (SPC), pré-escolar e escolar
Tabela 3- Categorias do RE-HSE-P e avaliação do QRSH-PAIS nas comparações dos grupos  com (PC) e sem (SPC) problemas de comportamentoentre crianças pré-escolares e escolares/  pré-escolares e escolares
Tabela 1- Itens com resultados significativos nas correlações de grupos com e sem problemas  de  comportamento,  meninos  e  meninas  com  as  variáveis  do  RE-HSE-P  e  escore  de  habilidades sociais do QRSH-PAIS para a amostra de pré-escolares
Tabela 2- Práticas negativas maternas na comparação com grupos com e sem problemas de  comportamento e sexo
+2

Referências

Documentos relacionados

Entretanto, na ausência da constituição de NASF no município, cabe a execução desta atividade, quando prescrita pelo médico, ter a supervisão de outros profissionais que

A seguir, apresenta-se, nas Figuras 1 e 2, fotos de um trágico acidente recentemente ocorrido envolvendo dois veículos de carga e um ônibus na BR 282 no oeste do Estado

A dificuldade é clara: por um lado não podemos aceitar que os impulsos provenham de partes distintas – isto vai contra o senso comum que diz que ambos são

15.1 - O representante do Município de Coronel Vivida, especialmente designado para acompanhar e fiscalizar a execução do contrato, juntamente com o fiscal do

Isto é, se ocorrem a mistura de resíduos infectantes e comuns, na fonte geradora e descarte inicial, nao é possível afirmar que os resíduos encaminhados á coleta

CORDOVA Normal 73,31 VALOR QUE SE EMPENHA COM DESPESA REFERENTE A AJUDA DE CUSTO (CRM) PARA REGULARIZAÇÃO.. CARVALHO JÚNIOR) Normal 595,00 VALOR QUE SE EMPENHA COM DESPESA REFERENTA

A demarcação da terra indígena da Raposa Serra do Sol (TIRSS) é um caso emblemático de demar- cação de terra indígena e reafirmação de direitos indígenas que foi decidido

Fonte: Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária (RREOs) disponibilizados pela Secretaria do Tesouro Nacional no Siconfi.. Em primeiro lugar, cabe salientar que a