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Artigo
Original
Análise
da
curvatura
acromial
e
sua
relac¸ão
com
o
espac¸o
subacromial
e
os
tipos
de
acrômio
夽
José
Aderval
Aragão
a,b,∗,
Leonardo
Passos
Silva
c,
Francisco
Prado
Reis
be
Camilla
Sá
dos
Santos
Menezes
aaDepartamentodeMorfologia,UniversidadeFederaldeSergipe(UFS),Aracaju,SE,Brasil bEscoladeMedicina,UniversidadeTiradentes(Unit),Aracaju,SE,Brasil
cServic¸odeOrtopediaeTraumatologia,HospitalSantaCasadeBeloHorizonte,BeloHorizonte,MG,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem13desetembrode2013
Aceitoem24deoutubrode2013
On-lineem12deagostode2014
Palavras-chave:
Acrômio/anatomia&histologia
Síndromedecolisãodoombro
Bainharotadora
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Correlacionaracurvaturaacromial,pormeiodosângulospropostos,comoespac¸o
subacromialeostiposdeacrômio.
Métodos:Foramestudadas90escápulas.OsacrômiosforamclassificadosemtiposI,IIou
III.Acurvaturaacromialfoianalisadapormeiodosângulosalfa,betaeteta.Mensuramos
tambémadistânciaentreoextremoanteroinferiordoacrômioeotubérculosupraglenoidal
(DA).Asescápulasforamagrupadasemrelac¸ãoaosexoeàidade.Osângulospropostos
foramanalisadosemrelac¸ãoacadatipodeacrômioetambémemrelac¸ãoàmedidada
distânciaDA.
Resultados:Dototaldeacrômios,39(43,3%)foramdotipoI,43(47,7%)dotipoIIeoito(9%)
dotipoIII.AmédiadeidadeparacadatipodeacrômioI-IIIfoide45,6anos,55,2e51,1,
respectivamente.Aproporc¸ãodosdiferentestiposdeacrômiovariouemrelac¸ãoaosexoeà
idade.Aavaliac¸ãodasmédiasdosângulos(p=0,008)e(p=0,028),comparadasemrelac¸ão
acadatipodeacrômioeàsmedidasdadistânciaDA(p=0,037),mostrou-seestatisticamente
significativa.
Conclusão:Osângulospropostosnonossotrabalhopodemserusadosparaanálise
morfo-métricadoacrômio,emespecialdesuacurvatura,contribuirparaosestudosdasdoenc¸as
doombroeauxiliarnaprogramac¸ãocirúrgicaenaanálisedainclinac¸ãoacromialpormeio
deradiografiaouressonânciamagnética.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora
Ltda.Todososdireitosreservados.
夽
TrabalhodesenvolvidonosDepartamentosdeAnatomiaHumanadaUniversidadeFederaldeSergipe(UFS)edaUniversidade
Tira-dentes(Unit),Aracaju,SE,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:jaafelipe@infonet.com.br(J.A.Aragão).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2013.10.018
Analysis
on
the
acromial
curvature
and
its
relationships
with
the
subacromial
space
and
types
of
acromion
Keywords:
Acromion/anatomy&histology
Shouldercollisionsyndrome
Rotatorcuff
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: Tocorrelatetheacromialcurvature,usingtheanglesproposed,withthe
subacro-mialspaceandtypesofacromion.
Methods: Ninetyscapulaswerestudied.TheacromiawereclassifiedastypesI,IIor III.
Theacromialcurvaturewasanalyzedbymeansofthealpha,betaandthetaangles.We
alsomeasuredthedistancebetweentheanteroinferiorextremityoftheacromionandthe
supraglenoidtubercle(DA).Thescapulasweregroupedinrelationtosexandage.Theangles
proposedwereanalyzedinrelationtoeachtypeofacromionandalsoinrelationtothe
measurementsofthedistanceDA.
Results: Outofthetotalnumberofacromia,39(43.3%)weretypeI,43(47.7%)typeIIand
eight (9%) type III. The mean ages for each type of acromion (I-III) were 45.6, 55.2
and51.1years,respectively.Theproportionsofthedifferenttypesofacromionvariedin
relationtosexandage.Theevaluationsonthemeanbetaangle(p=0.008)andthetaangle
(p=0.028),withcomparisonsinrelationtoeachtypeofacromionandmeasurementsofthe
distanceDA(p=0.037),wereshowntobestatisticallysignificant.
Conclusion: Theanglesproposedinourstudycanbeusedformorphometricanalysisonthe
acromion,especiallyregardingitscurvature,andcancontributetowardsstudieson
dise-asesoftheshoulderandaidinsurgicalplanningandanalysisoftheacromialslope,by
meansofradiographyormagneticresonance.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora
Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Oestudodamorfologiadoacrômioganhouimportânciaapós
trabalhodeNeer,que,baseadonaanálisedecadáveres
huma-noseemobservac¸õesclínicas,relatouasíndromedoimpacto
(SI), associac¸ão entre morfologia acromial e uma entidade
clínica caracterizada por choques mecânicos repetidos do
manguitorotadornocompartimentosubacromial.1
Posteriormente,outrosautoresconfirmaramaassociac¸ão
entre a forma acromial e as lesões do manguito rotador
(LMR).2–4 Há uma grande variedadede formas de acrômio
na populac¸ão. Bigliani et al.5 propuseram um sistema de
classificac¸ão para o acrômio após estudocom 140 ombros
de cadáveres humanos. Eles identificaram três tipos de
acrômio: reto (tipo I), curvo (tipo II) e ganchoso (tipo III).
Quantomaiscurvoforoacrômio,maioréaprobabilidadede
diminuic¸ãodoespac¸osubacromial,comconsequente
desen-volvimentodaSIedasLMR.5
O sistema de classificac¸ão proposto por Bigliani et al.5
tem sido bastante usado para analisar a prevalência de
cada tipo de acrômio na populac¸ão e sua relac¸ão com a
idade.6–8
Apesardebastanteusada,aclassificac¸ãodoacrômioem
reto,curvoeganchosoéumconceitosubjetivo,especialmente
paradistinguirosacrômiostipoIIeIII,epassíveldeamplas
variabilidadesinterobservadores.9,10
Porisso,algunspesquisadorespropuseramousode
ângu-losparacompreender avariac¸ão dacurvaturaacromial.4,11
Entretanto,aclassificac¸ãotradicionaldeBiglianietal.5ainda
temsidobastanteusadaporserfacilmentelembradae
grafi-camentereproduzível,apesardesuasubjetividade.
Diantedetalsituac¸ão,criamosnesteestudotrêsângulos
pararelacioná-loscomostiposdeacrômioequetambém
for-necemumaideiaobjetivadoespac¸osubacromial.Medimosa
distânciaentreotubérculosupraglenoidaleoextremo
ante-roinferiordoacrômio(DA),afimdecompreenderoquantoa
curvaturaacromialécapazdeinterferirnesseespac¸oe,assim,
provocarpinc¸amentosnasestruturasaícompreendidas.
Materiais
e
métodos
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da Universidade
FederaldeSergipe,protocolon◦CAAE0041.0.107.000-08.Não
seaplicouotermodeconsentimentolivreeesclarecidoporse
tratardeestudocomcadáveres.Asescápulasforamobtidasde
acordocomaLei8.501,de30denovembrode1992,quedispõe
sobreousodecadávernãoreclamadoparafinsdeestudosou
pesquisascientíficas.
Foram estudadas 90 escápulas de esqueletos secos de
humanosadultos,catalogadoseidentificadosemrelac¸ãoao
sexoeàidade, pertencentesaosLaboratórios deAnatomia
HumanadasUniversidadesTiradenteseFederaldeSergipe.
Das 90 escápulas estudadas, 54 foram do sexo masculino
e36dofeminino.Amédiadeidadefoide51,9anos,variac¸ão
de14a81.
Asescápulasforamagrupadasemrelac¸ãoaosexoeàidade
(≤49anose≥50anos).
AsescápulasforamdigitalizadascomoscannerHPmodelo
DeskjetF4180®.Asimagensforamanalisadascomoprograma
ImageJ1.41(WayneRasband,ResearchServicesBranch,
Figura1–Esquemaderetaseângulosparaanálise dacurvaturadoacrômio.
disponívelpara downloadno sitehttp://rsbweb.nih.gov, que
permiteumamedic¸ãoprecisadedistânciasemfiguras,a
par-tirdeumparâmetroparacalibragem.Foiusadaumarégua
milimetradacomoparâmetroparacalibrac¸ão.
Acurvaturadoacrômiofoimensurada pormeio detrês
ângulos:alfa,betaeteta(fig.1).Osângulosforamdefinidos
entrecincoretas:A–entreoextremoanteroinferiordo
acrô-mioeopontomédiodotubérculosupraglenoidal;D–entre
oextremoanteroinferioreoângulodoacrômio;F–entreo
ângulodoacrômioeo pontomédiodotubérculo
supragle-noidal; G– entre o extremo anteroinferior doacrômio eo
processo coracoide;eH– queligao processo coracoideao
ponto médio dotubérculo supraglenoidal. Oângulo ␣ está
compreendidoentreasretasGeH,oentreasFeDeo
entreasAeD.Taisângulosfornecemumanoc¸ãodetalhada
doespac¸osubacromial.Asvariac¸õesdasmedidasdeles
forne-cemumaideiadocomportamentodaangulac¸ãodoacrômio
e,consequentemente,doestreitamento oualargamento do
espac¸osubacromial.Paratanto,medimostambéma
distân-ciaDA(fig.2),queavaliaadistânciaentreasestruturasósseas
(acrômioetubérculosupraglenoidal).
Osacrômiostambémforamclassificadosdeacordocomo
modelopropostoporBiglianietal.5(fig.3).
Figura2–Distânciadoextremoanteroinferiordoacrômio aotubérculosupraglenoidal.
Osdadosobtidos foramsubmetidosaanáliseestatística
pormeio dotestedeTukey,após otesteF tersemostrado
significativoparaaanálisedevariância,comnívelde
signifi-cânciade5%.Adistribuic¸ãodostiposdeacrômioemrelac¸ão
aosexoeàidadefoianalisadademaneiradescritiva.
Resultados
Foram estudadas 90 escápulas secas de cadáveres
huma-nos,ou90acrômios.Dessetotal,39(43,3%)foramdotipoI,
43(47,7%)dotipoIIeoito(9%)dotipoIII.Amédiadeidade
paracada tipodeacrômioI-IIIfoide 45,6anos,55,2e51,1,
respectivamente.
Emrelac¸ãoaosexo,houvevariac¸ãodaporcentagem
rela-tivadosdiferentestiposdeacrômio(tabela1).
Atabela2mostraadistribuic¸ãodecadatipodeacrômio
emrelac¸ãoàidade(≤49e≥50anos).
Paraanalisaracurvaturadoacrômio,usamososângulos
␣,epornóspropostos.Observamosqueosângulose
apresentaramumpadrãodecrescentedesuasmédiasquando
comparadoscomostiposI, IIeIIIdeacrômios,
respectiva-mente.Jáquandoanalisamosoângulo␣esuarelac¸ãocomos
Tabela1–Distribuic¸ãodostiposdeacrômiodeacordo comosexo
Sexo TipoI TipoII TipoIII
Feminino(n=36) 20(55,5%) 10(27,7%) 6(16,8%)
Direito 10 5 3
Esquerdo 10 5 3
Masculino(n=54) 19(35,1%) 33(61,1%) 2(3,8%)
Direito 11 15 1
Esquerdo 8 18 1
Total(n=90) 39(43,3%) 43(47,7%) 8(9%)
Tabela2–Distribuic¸ãodostiposdeacrômioemrelac¸ão àidadeeaosexo
Idade TipoI TipoII TipoIII
≤49anos(n=40) 20(50%) 15(37,5%) 5(12,5%)
Masculino 9 10 1
Feminino 11 5 4
≥50anos(n=50) 19(38%) 28(56%) 3(6%)
Masculino 10 23 1
Feminino 9 5 2
tiposdeacrômio,nãoobservamosumcomportamento uni-formedesuasmédias.
NaanálisedocomportamentodadistânciaDA, percebe-mosqueoaumentodacurvaturadoacrômio(tipoI-III)reduziu o espac¸o compreendido entre o extremo anteroinferior do acrômioeotubérculosupraglenoidal.
Osângulos,e␣eadistânciaDAforamrelacionadoscom ostiposdeacrômio.Aanálisedescritivaestáapresentadana tabela3.
Aavaliac¸ãodasmédiasdecadaumdosânguloseda
dis-tânciaDAemrelac¸ão acadaumdostrêstiposdeacrômio
(tabela4)mostrouquehádiferenc¸asestatisticamente
signifi-cativasnasmédiasdosângulos(p=0,008)e(p=0,028)eda
distânciaDA(p=0,037).Jáparaoângulo␣,essadiferenc¸anão
semostroucomsignificânciaestatística(p=0,810).
DeacordocomotestedeTukey,hádiferenc¸anasmédias
doânguloeentreostiposIeIIIdeacrômio,assimcomo
entreasmédiasdasdistânciasDAnostiposIIIenosdemais
tiposdeacrômio(IeII).
Discussão
Asíndromedoimpactosubacromial estádiretamente
rela-cionadacomograudeinclinac¸ãodoacrômio.Assimsendo,
Tabela4–Relac¸ãodasmédiasdosângulos edadistânciaDAparacadatipodeacrômio
Média DesvioPadrão F Valorp
ˇ
TipoI 41,9 4,8 5,50 0,008
TipoII 39,3 4,1
TipoIII 33,6 6,9
TipoI 77,5 8,9 3,88 0,028
TipoII 73,8 8,7
TipoIII 63,7 13,9
˛
TipoI 40,3 8,6 0,21 0,810
TipoII 41,7 8,2
TipoIII 39,3 7,6
Distância
TipoI 29,3 4,5 3,56 0,037
TipoII 28,7 3,8
TipoIII 23,1 6,1
DA,distânciadoextremoanteroinferiordoacrômioaotubérculo supraglenoidal.
variac¸ões na suacurvatura alterama dimensãodo espac¸o abaixodoarcocoracoacromialepodemprovocarlesõesdas estruturasanatômicascontidasnessaregião,especialmente ostendõesdomanguitorotador.3
Nessesentido,Biglianietal.5apresentaramumesquema
paraclassificac¸ãodoacrômiodeacordocomacurvaturade
suasuperfícieinferior.Otipoganchosoguardaumaíntima
relac¸ãocomaSIeasLMR.5Estudosposterioresconfirmaram
essacorrelac¸ão.4,8,12–16
Outros autores reconheceram a importância dessa
classificac¸ão eusaram-na paraestabelecer afrequência de
cadatipodeacrômioemdiversaspopulac¸ões.Nadescric¸ão
original,Biglianietal.5encontraramasseguintesproporc¸ões
paracadatipodeacrômio:reto,17%;curvo,43%;eganchoso,
39%.
Dentreosoutrosautoresqueusaramessaclassificac¸ão,as
proporc¸õesdecadatipodeacrômionosdiversosestudos
vari-aramamplamente:5,4%a67,7%paraotipoI;24,2%a83%para
otipoII;e0%a42,4%paraotipoIII.Taisdadosestãono
traba-lhoderevisãodaliteraturadeNatsisetal.10Nonossoestudo,
afrequênciadecadatipodeacrômiocomaclassificac¸ãode
Biglianietal.5foide43,3%tipoI;47,7%tipoII;e9%tipoIII.
Tabela3–AnálisedescritivadosângulosedadistânciaDArelacionadosaostiposI,IIeIIIdeacrômios
Tipo TipoI TipoII TipoIII
 ␣ DA  ␣ DA  ␣ DA
Média 41,9 77,5 40,3 29,3 39,3 73,8 41,7 28,7 33,6 63,7 39,3 23,1
Mediana 40,4 74,7 38,9 29,0 40,0 75,3 40,9 27,5 35,1 64,5 37,8 23,7
Variância 23,0 79,5 73,6 19,9 17,0 75,5 67,8 14,6 47,0 193,0 57,9 37,8
DP 4,8 8,9 8,6 4,5 4,1 8,7 8,2 3,8 6,9 13,9 7,6 6,1
Mínimo 33,4 59,5 22,8 21,0 30,4 51,6 28,8 22,6 24,1 49,8 32,2 16,3
Máximo 51,8 92,7 63,4 36,0 47,3 84,5 57,5 37,7 40,2 76,2 49,3 28,6
Essagrandevariabilidadeentreosdiversosautorespode
refletiranaturezasubjetivadométododeclassificac¸ão,otipo
deamostra(escápulas secas,escápulasdecadáveresoude
indivíduosvivos),apopulac¸ãoemestudoeométodousado
paraanálisedoacrômio(inspec¸ãodireta,radiografiaou
res-sonânciamagnética).10
Quandoanalisamosafrequênciadostiposdeacrômioem
relac¸ãoàidade,percebemosqueosacrômiostipoIIeIII
soma-dossãomaisfrequentesnosindivíduoscom50anosoumais
quandocomparadoscomaquelescom49anosoumenos,62%
e50%,respectivamente.Indivíduos≤49anosapresentam50%
deacrômiostipoIe≥50anos,apenas38%.Vähäkarietal.7
estudaram radiografias de indivíduos assintomáticos (21 a
71anos)enãoperceberamdiferenc¸asestatisticamente
signi-ficativasnasproporc¸õesdostiposdeacrômioentreasfaixas
etárias.
Aoanalisarafrequênciadostiposdeacrômioemrelac¸ão
ao sexo, percebemos que a proporc¸ão de tipo III é mais
altanofeminino(16,8%×3,8%),enquantoParaskevasetal.17
encontraramumamaiorporcentagemdetipoIIIemhomens
(56,2%×43,7%)edotipoIemmulheres(56,5%×43,4%),assim
comononossotrabalho(55,5%×35,1%).
Osistemadeclassificac¸ãodeBiglianietal.5ébastanteútil
eamplamenteusado,porémaclassificac¸ãopuramentevisual
(ainterpretac¸ãoéguiada apenaspelosignificado das
pala-vrasplano,curvoeganchoso)apresentagrandevariabilidade
interobservador.
Dessaforma,váriosautores,deformaindependente,têm
formuladodiferentesmodificac¸õesdoesquemaoriginale
pro-postoumaanálisemaisacuradadacurvaturaacromial.4,11,13
Epstein et al.13 propuseram, ainda baseados numa
classificac¸ãovisual,queoacrômiosejaclassificadocomotipo
IIseacurvaturaocorrer noterc¸omédio ecomo tipo IIIse
ocorrernoterc¸oanterior.Deumamaneiramaisobjetivado
queessesautores,Toivonenetal.4fizeramumarevisão
retros-pectivaderadiografiasparadeterminarummétodoobjetivo
de classificac¸ão do formato acromial. O “ângulo objetivo”
(denominadoângulo acromial)foicomparado comostipos
acromiaisdaclassificac¸ãodeBiglianietal.5eelesconcluíram
queotipoIdeacrômiotinhaânguloacromialde0◦a12◦;o
tipoII,13◦a27◦;eotipoIII,maiordoque27◦.
Outrosparâmetrostêmsidopropostosporoutrosautores
paraanalisarainfluênciadamorfologiadoacrômiocomofator
etiológicodasLMR.Dentreelescita-seainfluênciada
espes-suradoterc¸oanteriordoacrômiocomofatoretiológicodas
patologiassubacromiais.18
Outroparâmetro morfométrico é o índice acromial (IA)
(obtidopela razão entreasdistâncias cavidadeglenoidal e
bordalateraldoacrômioecavidadeglenoidalebordalateral
doúmero).19–21Miyazakietal.,21emestudonapopulac¸ão
bra-sileira,concluíramqueasLMRpodemestarassociadasaum
IAmaior,ouseja,aumamaiorprojec¸ãolateraldoacrômio.Em
estudoposterior,Miyazakietal.22compararamoIAemduas
populac¸õesdiferentes(brasileiraejaponesa)econcluíramque
esseíndiceéfatorpreditivoparaLMRnapopulac¸ãobrasileira,
masnãonajaponesa.
EdelsoneTaitz11propuseramumângulodeinclinac¸ãopara
oacrômioeafirmaramqueseassociacomalterac¸ões
degene-rativasequequantomaishorizontalforoacrômio,maiora
degenerac¸ão.
Diferentemente desse estudo, o presente trabalho não
analisouaassociac¸ãodacurvaturaacromialcomalterac¸ões
degenerativas.Paranós,oprincipalparâmetroéacomparac¸ão
da inclinac¸ão acromial com as alterac¸ões no tamanho do
espac¸osubacromial.
OsprópriosEdelsoneTaitz11analisaramtambémaaltura
do arco coracoacromial e perceberam que está associada
também com alterac¸õesdegenerativasno acrômio. No
tra-balhodessesautoresnãohouvedegenerac¸ãoemarcoscom
maisde15mmacimadotubérculosupraglenoidal,enquanto
que75%daamostracomalterac¸õesdegenerativastinhamum
arcocomalturamenordoque12mm.
AssimcomonoestudodeEdelsoneTaitz,11propusemos
analisaraalturadoarcocoracoacromial,porémcomos
ângu-lospornóscriados,afimdecompreenderoquantoavariac¸ão
nacurvaturaacromialécapazdealteraroespac¸o
compreen-didoentreoextremoanteroinferiordoacrômioeotubérculo
supraglenoidal.Aavaliac¸ãodasmédiasdadistânciaDAentre
ostrês tiposdiferentesdeacrômiomostrou-secom
signifi-cânciaestatística(p=0,037).Emrelac¸ãoacada umdostrês
tiposdeacrômio,mostrouquehádiferenc¸asnasmédiasdo
ângulo(p=0,008)e(p=0,028).Ouseja,dosângulos
propos-tosnonossotrabalho,oeoguardamrelac¸ãoestritacomo
comprimentodoespac¸osubacromial.
Umfatorimportanteéquemedidassemelhantesàs
amos-trasdeossosecopodemserobtidaspormeioderadiografias
(perfildeescápula–outletview).11,23,24Similarmente,os
ângu-loseaalturadoarcocoracoacromialpodemsercalculados.
Conclusão
Os ângulosbetaetetapropostosnonossotrabalhopodem
serusadosparaanálisemorfométricadoacrômio,em
espe-cialdesuacurvatura,contribuirparaosestudosdasdoenc¸as
doombroeauxiliarnaprogramac¸ãocirúrgicaenaanáliseda
inclinac¸ão acromialpormeio deradiografiaouressonância
magnética.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
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r
ê
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i
a
s
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