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Instrumentos multidimensionais: aplicação dos cartões das qualidades da dor em crianças.

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Academic year: 2017

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I NSTRUMENTOS MULTI DI MENSI ONAI S: APLI CAÇÃO DOS CARTÕES DAS

QUALI DADES DA DOR EM CRI ANÇAS

1

Lisabelle Mariano Rossat o2

Fernanda Milani Magaldi3

Est udo pilot o, descr it ivo e ex plor at ór io de cam po. O obj et ivo foi ver ificar a r epr esent at ividade das qualidades da dor de crianças e adolescent es, aplicando os Cart ões das Qualidades da Dor a 50 crianças e adolescen t es n o pr im eir o sem est r e de 2 0 0 4 , após obt er a apr ov ação do Com it ê de Ét ica da Escola de Enferm agem , USP. Os result ados apont aram não haver correlação ent re faixa et ária e núm ero de respost as afir m at iv as. A ident ificação dos car t ões foi difer ent e par a cada gr upo, ou sej a, 61, 1% dos car t ões for am identificados para o pré- escolar, 77,8% para o escolar e 27,8% para o adolescente. A utilização do instrum ento m ost rou ser fact ível e capaz de avaliar, discrim inar e m ensurar as diferent es dim ensões da dor.

DESCRI TORES: m edição da dor; criança; enferm agem

MULTI DI MENSI ONAL TOOLS: APPLI CATI ON OF PAI N

QUALI TY CARDS I N CHI LDREN

This pilot , descript ive and field explorat ory st udy aim ed t o verify t he represent at ive of t he qualit y of pain, applying t he Pain Qualit y Cards t o 50 children and t eenagers hospit alized in t he first half of 2004, aft er being approved by t he Et hic Com m ission. Result s have shown t hat t here is no relat ionship bet ween t he age group and t he num ber of posit ive answers. The ident ificat ion of t he cards was different t o each group, 61,1% of t he cards were ident ified for t he pre- scholar, 77,8% for t he scholar and 27,8 for t he t eenagers. The use of t he inst r um ent has r ev ealed it self successful and able t o ev aluat e, discr im inat e and m easur e t he differ ent dim ensions of pain.

DESCRI PTORS: pain m easurem ent ; child; nursing

I NSTRUMENTOS MULTI DI MENSI ONALES: APLI CACI ÓN DE LAS TARJETAS DE LAS

CUALI DADES DEL DOLOR EN NI ÑOS

Est udio pilot o, descript ivo y explorat orio de cam po. El obj et ivo fue verificar la represent at ividad de las cualidades del dolor de niños y adolescent es, aplicando las Tarj et as de las Cualidades del Dolor a 50 niños y adolescent es en el prim ero sem est re de 2004, después de obt ener la aut orización del com it é de ét ica de la escuela de la enferm ería. Los result ados apunt aron no haber correlación ent re grupo de det erm inada edad y núm er o de r espuest as afir m at iv as. La ident ificación de las t ar j et as fue dist int a par a cada gr upo, es decir , 61,1% de las tarj etas fueron identificadas para el pre- escolar, 77,8% para el escolar y 27,8% para el adolescente. La ut ilización del inst r um ent o m ost r ó ser fact ible y capaz de ev aluar , discr im inar y m ensur ar las dist int as dim ensiones del dolor.

DESCRI PTORES: dim ensión del dolor; niño; enferm ería

(2)

I NTRODUÇÃO

A

dor é um a sensação t em ida por pessoas

d e t od as as f aix as et ár ias, p r in cip alm en t e p elas crianças. No entanto, há forte crença popular de que essas n ão sen t em dor. Em bor a esse con ceit o n ão t enha em basam ent o cient ífico, m uit os pr ofissionais da saúde perm anecem com essa crença.

Div er sas r azões ex plicam o por quê da dor em crianças não receber a m esm a at enção que a do adulto, entre elas, a dificuldade que o profissional da saúde apr esent a em m ensur ar a dor infant il, quer por não perguntar se sente dor, quer por desconhecer qu e a cr ian ça m en or possu i m aior dif icu ldade em com unicá- la.

Dent re os argum ent os para o subt rat am ent o e subident ificação da dor, os m it os ocupam um lugar significativo, destacando os opióides com o causadores d e d e p e n d ê n ci a f ísi ca , t o l e r â n ci a , d e p e n d ê n ci a p sicológ ica e d ep r essão r esp ir at ór ia. Além d isso, l i m i t a çõ e s d e co n h e ci m e n t o e t r e i n a m e n t o d e pr of ission ais sobr e dor, desin f or m ação e con f u são ent re os conceit os de t olerância, dependência física e psicológica, depressão respirat ória que im pedem a com unicação eficaz acerca desse assunt o, result ando n u m a a v a l i a çã o e m a n ej o i n a d eq u a d o s e p o u co

precisos da dor infant il( 1).

At é a década de 7 0 , acr edit av a- se que as crianças não eram capazes de quant ificar fenôm enos abst rat os com o a int ensidade da dor. Result ados de est udos m ost raram que elas são capazes de indicar os níveis de seu sofrim ento, caso o adulto proporcione um instrum ento adequado à sua execução, com o um a

escala, diagram a, ou desenho( 1).

Ex ist em v ár ios inst r um ent os que av aliam a d o r. Os u n i d i m e n si o n a i s m e n su r a m a p e n a s su a int ensidade, enquant o os m ult idim ensionais avaliam

suas qualidades, suas diferent es dim ensões( 2).

I nst r um ent os com o escala visual analógica, escala num érica, escala de copos e escala de cores av aliam a in t en sid ad e d olor osa d a cr ian ça e são relacionados ao seu nível de desenvolvim ent o. Para com p r een d ê- los, f az- se n ecessár io q u e a cr ian ça t enha noções de arit m ét ica, sej a alfabet izada, além

de ser capaz de discrim inar cores( 3).

A escala de faces tam bém se caracteriza por ser inst rum ent o de avaliação da int ensidade dolorosa e é const it uída por seis faces, par ecendo ser m ais adequ ada à cr ian ça pr é- escolar, qu e ain da n ão se

alfabet izou, ou recebeu conhecim ent os arit m ét icos( 3).

Em nosso contexto, destaca- se o instrum ento desenvolvido para a avaliação da int ensidade da dor com a cr ian ça escolar. Tr at a- se de u m a escala de f aces com post a por f igu r as f am iliar es às cr ian ças br asileir as, desenhadas pelo car t unist a Maur ício de

Souza, autor consagrado de revistas em quadrinhos( 4).

A aplicação dessa escala com crianças hospit alizadas e apresentando queixa dolorosa foi realizada por m eio

de out ra invest igação nacional( 1).

A a v a l i a çã o d a d o r p ed i á t r i ca é u m d o s problem as m ais desafiant es com que se deparam os provedores de assist ência à saúde. Acredit a- se que o ob j et i v o d a av al i ação d a d or n ão sej a ap en as determ inar sua intensidade, com o m ostram as escalas acim a.

Au t o r e s r e ssa l t a m a n e ce ssi d a d e d e realização de pesquisas sobre a qualidade, duração, i n f l u ê n ci a d a d o r n a e sf e r a p si co - a f e t i v a , possibilit ando auxílio para o diagnóst ico, escolha de

t erapia e avaliação de sua eficácia( 5).

A ut ilização de inst rum ent os para avaliação da dor possibilit a garant ir que sej a avaliado o que a criança estej a vivenciando, e não o que o profissional j ulgue que ela estej a sentindo. Para que haj a m elhor com preensão da dor, faz- se necessário considerar os processos que a criança vivencia, t ant o os est ágios de desenvolvim ent o físico quant o m ent al.

O d e sco n h e ci m e n t o d e i n st r u m e n t o s adequados, associado à dificuldade da cr iança em ex p r essar su a d or, p od e ser con sid er ad o u m d os obst áculos apresent ados por enferm eiras em relação

à avaliação da dor da criança( 6).

A e n f e r m e i r a e n co n t r a - se n u m a p o si çã o privilegiada para avaliar a dor da criança, podendo, so b r e t u d o , i n f l u e n ci a r n o se u co n t r o l e , a o t e r au t o n o m i a p ar a av al i ar e m ed i cá- l a m ed i an t e a pr escr ição m édica, se n ecessár io. Dev e, t am bém , ut ilizar - se dessa posição par a const r uir a aber t ur a e n t r e a p e sq u i sa so b r e d o r i n f a n t i l e a p r á t i ca h o sp i t al ar, n a t en t at i v a d e d i m i n u i r o u al i v i ar o sofrim ent o, aprendendo a avaliar a criança com dor at ravés de um a variedade de abordagens.

Um a lacuna exist ent e na avaliação quant o à qualidade da dor da criança ainda perm anece devido à ausência de inst r um ent os adequados ao nív el do desenvolvim ent o cognit ivo da criança.

(3)

Foi utilizado nessa pesquisa, um instrum ento d e a v a l i a çã o d est i n a d o a est i m a r a s d i m en sõ es

com port am ent al e percept ual da dor( 7). Considera- se

q u e a s co n t r i b u i çõ e s d o s r e su l t a d o s p a r a u m a avaliação m ais com pleta da dor da criança j ustifiquem seu desenvolvim ent o. Dessa form a, est e est udo t eve com o ob j et iv o v er if icar a r ep r esen t at iv id ad e d as q u a l i d a d e s d a d o r d e cr i a n ça s e a d o l e sce n t e s hospit alizados.

METODOLOGI A

O est u d o p ilot o t ev e car át er d escr it iv o e ex plor at ór io de cam po. A população foi const it uída por crianças pré- escolares, escolares e adolescent es, contem plando a faixa etária de 3 a 16 anos de idade. O núm ero t ot al de part icipant es do est udo foi de 50 crianças int ernadas e apresent ando queixa dolorosa, no prim eiro sem est re de 2004.

Os cr it ér ios p ar a a seleção d a p op u lação foram : est ar na faixa et ár ia pr é- escolar, escolar ou adolescent e; est ar apresent ando queixa dolorosa no m om ento da aplicação dos cartões ou ser criança com dor crônica, que est ivesse sent indo dor, ou não, no m om ent o da aplicação do inst rum ent o, além de ser cap az d e com u n icar - se, b em com o v er b alizar ou indicar suas necessidades.

A colet a de dados foi r ealizada pela aluna bolsist a, em unidade de int ernação pediát rica de um hospit al público da cidade de São Paulo, após obt er aprovação do proj et o de pesquisa pela Com issão de Ét ica para Análise de Proj et os de Pesquisa da Escola de Enferm agem da USP.

Antes de iniciar a coleta de dados, as crianças e ad olescen t es f or am esclar ecid os a r esp eit o d o p r o p ó si t o d o est u d o , sen d o g a r a n t i d o q u e su a s ident idades ser iam pr eser v adas e que se houv esse qualquer m anifest ação de dor, ou de desconfort o, a entrevista seria interrom pida im ediatam ente, podendo r ecom eçá- la ou desist ir de colabor ar em qu alqu er m om ento, sem que tivessem prej uízo no atendim ento pelo hospit al.

O presente trabalho foi desenvolvido a partir d o s r e su l t a d o s d e d o i s e st u d o s, o p r i m e i r o , o

Quest ionário para dor McGill( 5) e o segundo( 7) que foi

a cr i a çã o e a p l i ca çã o d e 1 8 d e scr i t o r e s d e d o r encam inhados ao cart unist a Maurício de Souza para criar as ilust r ações da elabor ação dos “ Car t ões das Qu a l i d a d e s d a D o r ” , u t i l i za n d o o p e r so n a g e m

“ Cebolin h a”. As ilu st rações dos descr it or es de dor f o r a m a v a l i a d a s p o r 4 j u íze s, p a r a v e r i f i ca r a adequação ent re o desenho e o descrit or de dor. As ilust r ações não apr ov adas pelos j uízes r et or nar am ao cart unist a para readapt ação.

Os “ Ca r t õ e s d a s Qu a l i d a d e s d a D o r ”( 7 ),

representando os 18 descritores de qualidade de dor, foram apresentados a 45 crianças sem dor com idade entre 3 e 6 anos, para avaliar se as crianças atribuíam à ilust r ação significado sem elhant e ao descr it or de dor r epr esen t ado. As cr ian ças com pr een der am 1 1 car t ões. Os car t ões for am consider ados apr ov ados por serem com preendidos por, no m ínim o, 70% das crianças. Com preender os cart ões significou at ribuir à s i l u st r a çõ e s o si g n i f i ca d o co r r e sp o n d e n t e a o descrit or de dor que se queria represent ar.

Neste estudo, os “ Cartões das Qualidades da

Dor ”( 7 ) f or am ap licad os às cr ian ças q u e est av am

apresent ando queixa dolorosa aguda, ist o é, após a r ealização de algum pr ocedim ent o que pr ov ocasse dor e, t am bém , às cr ianças que sofr essem de dor cr ônica e que est ivessem sent indo dor, ou não, no m om ent o da aplicação do inst r um ent o. Os car t ões, representando os 18 descritores de qualidade de dor, f o r am ap r esen t ad o s às cr i an ças p ar a av al i ar se at r ib u íam à ilu st r ação sig n if icad o sem elh an t e ao descrit or de dor represent ado.

As crianças foram ent revist adas e solicit adas a falar sobre cada um dos “ Cart ões das Qualidades

da Dor ”( 7 ) a p ar t ir d as q u est ões m ot iv ad or as: “ O

Cebolinha est á com dor” e “ Cont e- m e com o é a dor dele e o que ele sent e”. Na seqüência, foi solicit ado às crianças selecionadas que apont assem os cart ões que m ais representassem a sua dor. Após as crianças t er em escolhido um ou m ais car t ões, pediu- se que elas falassem sobre sua escolha a fim de com preender se as m esm as at r ib u íam à ilu st r ação sig n if icad o sem elhant e ao descrit or de dor represent ado.

Os resultados foram organizados em gráficos e t ab elas, com p er cen t ag em e n ú m er o ab solu t o. Foram aplicados testes estatísticos aos resultados dos car t ões das qualidades da dor j ulgados necessár ios segu n do or ien t ação est at íst ica, com o obj et iv o de su m ar izar as in f or m ações r ef er en t es aos escor es

obt idos para os “ Cart ões das Qualidades da Dor”( 7),

seguindo recom endação de( 8).

RESULTADOS

(4)

p o p u l ação d e aco r d o co m a co r r el ação en t r e o s cart ões e os descrit ores da dor.

Os suj eit os da pesquisa for am 50 cr ianças, sendo 24 ( 48% ) do sexo m asculino e 26 ( 52% ) do fem inino. Do t ot al, 1 3 ( 2 6 % ) er am do gr upo pr é-escolar, 20 ( 40% ) do grupo escolar e 17 ( 34% ) do gr upo adolescent e.

Ent re os ent revist ados do sexo m asculino, 7 ( 30% ) per t enciam ao gr upo pr é- escolar, 11 ( 45% ) ao gr upo escolar e 6 ( 25% ) ao gr upo adolescent e. Ent r e os ent r ev ist ados do sex o fem inino, 6 ( 25% ) eram do grupo pré- escolar, 9 ( 35% ) do grupo escolar e 11 ( 40% ) do gr upo adolescent e, com o m ost r a a Figura 1.

2TÃ'UEQNCT 'UEQNCT #FQNGUEGPVG

O

G

TQ

F

G

GP

VT

GX

KU

VC

F

Q

U

/GPKPQU /GPKPCU

Figura 1 - Distribuição dos entrevistados segundo sexo e faixa et ária. São Paulo, 2004

Os r e su l t a d o s f o r a m o r g a n i za d o s e m fr eqüências de sim ilar idade e não sim ilar idade das r espost as dadas pelas cr ianças e o r eal significado de cada car t ão. Além disso, f or am separ ados por g r u p o s ( p r é - e sco l a r, e sco l a r e a d o l e sce n t e ) e analisados por m eio de teste binom ial para pequenas am ostras. Nesse tipo de teste, a proporção entre dois níveis de um fat or é analisada em um a am ost ra. A dist ribuição binom ial indica, para um a relação ent re t am anho da am ost r a N e o núm er o de casos X do fat or analisado, o r espect ivo valor de pr obabilidade q u e p od e ser associad o ao n ív el d e sig n if icân cia est ab elecid o p r ev iam en t e. Foi est ab elecid o com o nível de significância p < 0,01. Os result ados gerais desse t ipo de análise est ão descrit os a seguir.

Obser v ou- se que o núm er o de car t ões que foram posit ivam ent e ident ificados foi diferent e para cada gr upo ( Figur a 2) . Não ex ist e cor r elação ent r e faix a et ár ia e núm er o de r espost as afir m at iv as. O t est e ch i- qu adr ado par a as pr opor ções de car t ões cor r et am ent e ident ificados por gr upo indica que os grupos e as respostas são independentes entre si ( qui o b se r v a d o = 9 , 4 5 , q u i cr ít i co = 5 , 9 9 1 , g r a u s d e liberdade= 2) .

Quanto ao núm ero de respostas consideradas cert as, ou não, est at ist icam ent e, por grupos e num t ot al de 18 car t ões, no gr upo pr é- escolar, 5 ( 28% ) ca r t õ e s f o r a m r e co n h e ci d o s e 1 3 ( 7 3 % ) n ã o reconhecidos. Já, no grupo escolar, 14 ( 78% ) cartões f or am r econ h ecidos e apen as 4 ( 2 2 % ) n ão f or am reconhecidos pelo grupo. No grupo adolescent e, 11 ( 62% ) car t ões for am r econhecidos, e 7 ( 38% ) não obt iveram reconhecim ent o, com o m ost ra a Figura 2.

2TÃGUEQNCT 'UEQNCT #FQNGUEGPVG

O

G

TQ

F

G

TG

UR

Q

U

VC

U

5KO

0ºQ

6QVCN

Figura 2 - Cont ingência das respost as afirm at ivas e negat ivas sobre a ident ificação dos cart ões ut ilizados no est udo. São Paulo, 2004

A ident ificação dos cart ões foi diferent e para cada gr upo ( Tabela 1) . Para o gr upo pr é- escolar, o t est e binom ial indicou que 61,1% dos cart ões foram cor r et am en t e id en t if icad os, p ar a o g r u p o escolar, 77,8% dos cart ões foram ident ificados corret am ent e e para o grupo adolescente 27,8% dos cartões foram ident ificados.

A se g u i r, o s ca r t õ e s co r r e t a m e n t e identificados por todos os grupos ( aperto e m ordida) .

Aperto Mordida

(5)

r o d e d s e r o t i r c s e d s e õ t r a

C Pré-escolar Escolar Adolescente

a d i c e r r o b

A Não Não Não

a d a h l u g

A Não Sim Sim

e t n a r o v a p

A Não Sim Sim

a d a t n e m r o t

A Não Sim Sim

a v it a s n a

C Não Sim Sim

a d i r o l o

D Sim Sim Não

e t r o

F Não Sim Sim

a r o d e c e u q u o l n

E Não Não Sim

o t r e p

A Sim Sim Sim

a d a o j n

E Não Sim Sim

a d a h l a p s

E Não Sim Sim

a d a g s i

F Não Não Não

o t n e m a g i m r o

F Sim Sim Não

a i r

F Não Não Não

e t n a j e t a

L Sim Sim Não

a d i d r o

M Sim Sim Sim

o ã ç a m i e u

Q Não Sim Sim

a x u p e

R Não Sim Não

Os ca r t õ e s a b o r r e ci d a , f r i a e f i sg a d a m o st r a d o s a b a i x o n ã o f o r a m i d e n t i f i ca d o s corret am ent e por nenhum dos grupos.

Aborrecida Fria Fisgada

Tabela 1 - I dentificação e reconhecim ento dos cartões em cada grupo est udado. São Paulo, 2004

A Figura 3 dem onst ra o reconhecim ent o dos ca r t õ e s, co n f o r m e o s co m p o n e n t e s se n so r i a i s, afet ivos, avaliat ivos e m iscelânea por grupo. Dent re os cart ões com com ponent es sensoriais, 4 ( dolorida, f o r m i g a m e n t o , m o r d i d a e l a t e j a n t e ) f o r a m r eco n h eci d o s p el o g r u p o p r é- esco l ar, 7 ( r ep u x a, d o l o r i d a , f o r m i g a m e n t o , l a t e j a n t e , a g u l h a d a , queim ação e m ordida) por escolares e 3 ( agulhada, q u e i m a çã o e m o r d i d a ) p e l o s a d o l e sce n t e s. No com ponent e afet ivo, nenhum cart ão foi reconhecido p e l o s p r é - e sco l a r e s, 4 ( a p a v o r a n t e , a t o r m e n t a , ca n sa t i v a e e n j o a d a ) f o r a m r e co n h e ci d o s p e l o s e sco l a r e s e 5 ( a p a v o r a n t e , e n l o u q u e ce d o r a , at orm ent a, cansat iva e enj oada) pelos adolescent es. Dent r o do com ponent e av aliat iv o, t am bém nenhum car t ão foi r econ h ecido pelos pr é- escolar es, 1 ( dor forte) pelos escolares e adolescentes. No com ponente m iscelânea, apenas 1 ( apert o) foi reconhecido pelos p r é - e sco l a r e s, 2 ( e sp a l h a d a e a p e r t o ) f o r a m r econhecidos pelos escolar es e adolescent es.

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Fig u r a 3 - Recon h ecim en t o d os car t ões con f or m e com ponent es. São Paulo, 2004

DI SCUSSÃO

Os r esult ados do est udo m ost r ar am que o obj et iv o dessa inv est igação foi alcançado, ou sej a, foi realizada a verificação da represent at ividade das qualidades da dor de crianças pré- escolares, escolares e adolescent es hospit alizados e que apr esent ar am q u eix a d olor osa, ou q u e sof r iam d e d or cr ôn ica, m ediant e a aplicação dos “ Car t ões das Qualidades

da Dor”( 7).

Ob se r v a - se n a Fi g u r a 2 o n ú m e r o d e r e sp o st a s co n si d e r a d a s ce r t a s o u n ã o , est at ist icam en t e, p or g r u p os, e n u m t ot al d e 1 8 ca r t õ e s, se n d o q u e 5 ( 2 8 % ) ca r t õ e s f o r a m r econ h ecid os p elo g r u p o p r é- escolar e 1 3 ( 7 3 % ) car t ões não foram r econhecidos. No gr upo escolar, 14 ( 78% ) cartões foram reconhecidos e 4 ( 22% ) não foram reconhecidos. No grupo adolescent e 11 ( 62% ) car t ões for am r econhecidos e 7 ( 38% ) car t ões não t iv er am r econhecim ent o.

Os r e su l t a d o s m o st r a r a m n ã o h a v e r correlação ent re faixa et ária e núm ero de respost as afirm at ivas. Dos cart ões, 61,1% foram ident ificados par a o gr upo pr é- escolar, 7 7 , 8 % par a o escolar e 2 7 , 8 % p a r a o a d o l e sce n t e , d o i s ca r t õ e s ( e n l o u q u e ce d o r a e r e p u x a ) f o r a m i d e n t i f i ca d o s som ente por um grupo. Três cartões ( aborrecida, fria e fisgada) não foram ident ificados corret am ent e por nenhum dos grupos.

O p r e se n t e e st u d o v e m a cr e sce n t a r a o m ost rar a consecução da aplicação dos “ Cart ões das

Qualidades da Dor”( 7) por cont em plar m aior núm ero

(6)

t rabalho, por avaliar apenas a int ensidade da dor da cr ian ça.

Para que o enferm eiro sej a capaz de avaliar e m e n su r a r a d o r d a cr i a n ça é n e ce ssá r i o com pr eender as car act er íst icas do desenv olv im ent o e com p or t am en t o in f an t il. Os au t or es d o est u d o ad v er t em p ar a a in ex ist ên cia d e u m in st r u m en t o

adequado para cada faixa et ária da criança( 9).

Par a av aliar a dor em cr ian ças pequ en as, co m o p r é - e sco l a r e s, p o r e x e m p l o , é n e ce ssá r i o enfat izar a sua m aneir a de per ceber a ex per iência dolorosa, pois a criança dessa faixa et ária percebe a dor com o um a experiência física, e convive com ela

de m aneira egocênt rica( 10).

A Fig u r a 3 m ost r a o r econ h ecim en t o d os ca r t õ e s co n f o r m e o s co m p o n e n t e s se n so r i a i s, afet ivos, avaliat ivos e m iscelânea por grupo. Dent re os cart ões com com ponent es sensoriais, 4 ( dolorida, f o r m i g a m e n t o , m o r d i d a e l a t e j a n t e ) f o r a m r eco n h eci d o s p el o g r u p o p r é- esco l ar, 7 ( r ep u x a, d o l o r i d a , f o r m i g a m e n t o , l a t e j a n t e , a g u l h a d a , queim ação e m ordida) por escolares e 3 ( agulhada, queim ação e m ordida) pelos adolescent es.

No com pon en t e af et iv o, ain da, segu n do a Figura 3, nenhum cart ão foi reconhecido pelos pré-escolar es, 4 ( apav or an t e, at or m en t a, can sat iv a e en j oad a) f or am r econ h ecid os p elos escolar es e 5 ( apav or ant e, enlouquecedor a, at or m ent a, cansat iv a e e n j o a d a ) p e l o s a d o l e sce n t e s. Qu a n t o a o com ponent e av aliat iv o, t am bém nenhum car t ão foi r econ h ecid o p elos p r é- escolar es e ap en as 1 ( d or forte) pelos escolares e adolescentes. No com ponente m iscelânea, apenas 1 ( apert o) foi reconhecido pelos p r é - e sco l a r e s e 2 ( e sp a l h a d a e a p e r t o ) f o r a m r econhecidos pelos escolar es e adolescent es.

Result ados de est udo m ost ram que palavras sen sor iais- discr im in at iv as f or am iden t if icadas com m ais fr eqüência do que m ot iv acionais- afet iv as, ou cognit ivo- avaliat ivas, por crianças de 5 a 6 anos de

idade( 11).

Co m p a r a n d o o s r e su l t a d o s d e d u a s

invest igações( 1,12) para descrit ores de dor (

sensorial-discr im in at iv a, m ot iv acion al- af et iv a e a cogn it iv o-avaliativa) com os achados deste estudo, nota- se que a classificação sensorial- discrim inat iva é apresent ada com o com plem ent o de um a respost a, onde a criança em prega a palavra quente para se referir à sensação térm ica, e apesar da classificação m otivacional- afetiva n ã o se r co n t e m p l a d a n a s r e sp o st a s d a s

i n v est i g açõ es( 1 , 1 2 ), ap ar ece n o s r esu l t ad o s d est e

est udo. O cont eúdo cognit ivo- avaliat ivo indicado pelo uso de palavras que det erm inam um valor, ou grau de dor ( bast ant e, pouco, nada, m uit o) , apr esent ou seis r espost as com bin an do com os ach ados dest e t r abalho.

Out ro est udo est abeleceu a ut ilização de 17 p alav r as sen sor iais- d iscr im in at iv as e 1 cog n it iv o-avaliat iva para descrição da dor por crianças de 9 a

15 anos de idade( 13).

Pa r a d i g m a s d e a n á l i se e st ã o se n d o con st r u íd os, t r azen d o alg u m as con sid er ações d a au t or a, qu e apr esen t a ar gu m en t os r esu lt an t es de pesquisa na área de int eligência hum ana, indicando que são as experiências e não est rut uras cognit ivas q u e l e v a m a p e sso a a o m a i o r r e f i n a m e n t o d e

pensar( 14).

Os resultados do estudo m ostraram que todas as crianças envolvidas usaram ao m enos um m ét odo próprio de alívio da dor, a distração, além de receber o au x ílio das en f er m eir as par a o au t ocu idado e a

presença dos pais( 15).

A palav r a dor f oi def in ida clar am en t e por crianças de 6 a 12 anos de idade com o um sofrim ento físico ou m oral, com o m ágoa. As crianças conseguiram relacionar a dor do corpo com o m edo de se m achucar e dos exam es invasivos, confirm ando a hipót ese de que são capazes de se expressar em a respeit o da

dor, m ediant e inst rum ent os adequados( 16).

A necessidade de aum entar o controle da dor ag u d a d a cr ian ça, f azen d o u so d e u m a av aliação si st e m a t i za d a e a n a l g e si a a p r o p r i a d a , f a z- se

prem ent e em hospit ais( 17).

Consider ando- se as lim it ações iner ent es ao desenv olv im ent o da cr iança, nov os est udos dev em ser r ealizados obj et iv ando ident ificar r ecur sos que p ossam aj u d ar, d o p r é- escolar ao ad olescen t e, a apresent ar inform ações sobre sua dor.

CONCLUSÃO

Os r e su l t a d o s o b t i d o s n e st e e st u d o perm it iram concluir que:

- a ident ificação dos cart ões foi diferent e para cada gr upo;

- ap en as d ois car t ões ( ap er t o e m or d id a) f or am corret am ent e ident ificados por t odos os grupos; - d ois car t ões ( en lou q u eced or a e r ep u x a) f or am ident ificados som ent e por um grupo;

(7)

A u t ilização d o in st r u m en t o “ Car t ões d as

Qualidades da Dor ”( 7) m ost r ou ser fact ível e capaz,

não apenas de avaliar, m as, t am bém , de discrim inar e m ensurar as diferent es dim ensões da experiência dolorosa na cr iança e no adolescent e, devendo sua utilização ser incentivada e acessível aos profissionais de saúde, visando a evolução da qualidade no cuidado à criança e ao adolescente com dor. Para que isso se

concretize, é necessário que o tem a dor sej a inserido n os cu r r ícu los d e t od as as escolas d e m ed icin a, enfer m agem e ár eas par am édicas.

Considera- se, com o lim it ação dest e est udo, o t a m a n h o d a p o p u l a çã o i n v est i g a d a . Po r t a n t o , r ecom en da- se a r ealização de n ov os est u dos com m aior núm er o de par t icipant es, v isando am pliar os conhecim ent os acerca da t em át ica.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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