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Favela Nova Jaguaré: intervenções de políticas públicas de 1989 a 2011.

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Academic year: 2017

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(1)

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

THAIS FARABOLINI PALA

FAVELA NOVA JAGUARÉ:

Intervenções de políticas públicas de 1989 a 2011.

(2)

THAIS FARABOLINI PALA

FAVELA NOVA JAGUARÉ:

Intervenções de políticas públicas de 1989 a 2011.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Augusta Justi Pisani

São Paulo

(3)

P153f Pala, Thais Farabolini

Favela Nova Jaguaré: intervenções de políticas públicas de 1989 a 2011. / Thais Farabolini Pala – 2012.

255 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012.

(4)

THAIS FARABOLINI PALA

FAVELA NOVA JAGUARÉ:

Intervenções de políticas públicas de 1989 a 2011.

Aprovado em 27 de fevereiro de 2012

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Augusta Justi Pisani – Orientadora

Universidade Presbiteriana Mackenzie

___________________________________________________________________________________________________ Profa. Dra. Denise Antonucci

Universidade Presbiteriana Mackenzie

___________________________________________________________________________________________________ Profa. Dra. Cibele Haddad Taralli

Universidade de São Paulo

(5)

Dedicatória

(6)

Agradecimentos

Primeiramente, à Deus.

À Maria Augusta Justi Pisani, por toda atenção e dedicação durante a orientação;

À Profa. Dra. Denise Antonucci e à Profa. Dra. Cibele Haddad Taralli, por participarem da banca;

Aos meus pais, por tudo.

À Letícia, por todo o carinho, apoio, compreensão e amor.

A todos os meus amigos, pelo apoio e as palavras reconfortantes.

(7)

Si o senhor não está lembrado Dá licença de conta

Que aqui onde agora está Esse edifício arto

Era uma casa véia

Um palacete assombradado Foi aqui seu moço

Que eu, Mato Grosso e o Joca Construímos nossa maloca Mais, um dia

Nem nóis nem pode se alembrá Veio os homi cas ferramentas

O dono mandô derrubá

Peguemo todas nossas coisas E fumos pro meio da rua Aprecia a demolição

Que tristeza que nóis sentia Cada táuba que caía

Duia no coração Mato Grosso quis gritá Mas em cima eu falei: Os homis tá cá raz Nós arranja outro lugar

Só se conformemo quando o Joca falou:

"Deus dá o frio conforme o cobertor" E hoje nóis pega a páia nas grama do jardim

E prá esquecê nóis cantemos assim: Saudosa maloca, maloca querida,

Dim dim donde nóis passemos os dias feliz de nossas vidas

Saudosa maloca,maloca querida,

Dim dim donde nóis passemo os dias feliz de nossas vidas.

(8)

Resumo

Esta pesquisa dedica-se a estudar as políticas públicas habitacionais direcionadas à habitação social em distintas gestões, a partir da administração de Luiza Erundina, em 1989.

Das políticas públicas relacionadas à habitação, enfatiza-se às relacionadas com a urbanização de favelas.

Busca-se compreender a questão das favelas em São Paulo, suas origens, transformações e sua consolidação como elemento integrante da cidade.

O estudo de caso desta pesquisa trata-se da área da favela Nova Jaguaré. Busca-se entender as relações entre as políticas públicas na área de habitação de interesse social e a estruturação da favela Nova Jaguaré, compreendendo como a ocupação informal do território, e as ações e propostas institucionais para a área, constituíram o espaço urbano em questão.

Avalia-se a estrutura urbana resultante do processo de favelização da área, evidenciando suas deficiências, conflitos e potencialidades, indicando elementos, relações e operações estabelecidas pela população favelada sobre o meio físico natural e os elementos construídos.

Os resultados dessa pesquisa têm importância social e ambiental porque as constatações servirão para alimentar novos processos de projetos de urbanização de favelas e de habitação de interesse social.

(9)

Abstract

This research is dedicated to study the interventions of the different municipal Governments in Nova Jaguaré slum area, understanding the relationships between public politics in the area of social housing and the structuring of Nova Jaguaré slum and seeking to understand how the informal occupation of the territory, closely related to the relief morphology, and the actions and institutional proposals for the area, constituted the urban space in question.

The beginning of this work seeks to understand the emergence of slums in Sao Paulo, their origins, transformations, and its consolidation as an integral element of urban morphology.

It traced the historical path of the case study presented in this work, the Nova Jaguaré slum. We highlight the Jaguaré Industrial Center, an entirely planned neighborhood that by having an unused public park area.

Allowed intrusions on site beginning the process of slums. It is analyzed the urban structure resulting from the slum process of the area, highlighting its shortcomings, conflicts and potentialities, indicating elements, relationships and operations established by the slum population on the physical natural environment and built elements.

The results of this research have a social and environmental significance, because the findings will serve to nurture new design processes slum upgrading and social housing.

(10)

Sumário

INTRODUÇÃO

29

CAPÍTULO 01:

FAVELAS EM SÃO PAULO

35

CAPÍTULO 02:

JAGUARÉ

67

CAPÍTULO 2.1.:

CENTRO INDUSTRIAL JAGUARÉ

68

CAPÍTULO 2.2.:

FAVELA NOVA JAGUARE

85

CAPÍTULO 03:

POLÍTICAS PÚBLICAS HABITACIONAIS

93

CAPÍTULO 3.1.:

(11)

CAPÍTULO 3.1.1:

CONSIDERAÇÕES SOBRE A GESTÃO DE LUIZA ERUNDINA

111

CAPÍTULO 3.1.2:

O PROGRAMA DE URBANIZAÇÃO DE FAVELAS NA FAVELA NOVA JAGUARÉ

114

CAPÍTULO 3.2.:

AS GESTÕES DE PAULO SALIM MALUF E CELSO PITTA: O PROJETO DE URBANIZAÇÃO DE FAVELAS COM VERTICALIZAÇÃO - PROVER

122

CAPÍTULO 3.2.1:

CONSIDERAÇÕES SOBRE A GESTÃO DE PAULO SALIM MALUF E CELSO PITTA

150

CAPÍTULO 3.2.2:

O PROGRAMA DE URBANIZAÇÃO DE FAVELAS COM VERTICALIZAÇÃO - PROVER NA FAVELA NOVA JAGUARÉ

159

CAPÍTULO 3.3.:

A GESTÃO DE MARTA SUPLICY: O PROGRAMA BAIRRO LEGAL

190

CAPÍTULO 3.3.1:

CONSIDERAÇÕES SOBRE A GESTÃO DE MARTA SUPLICY

205

CAPÍTULO 3.3.2:

(12)

CAPÍTULO 3.4.:

AS GESTÕES DE JOSÉ SERRA E GILBERTO KASASAB

230

CAPÍTULO 3.4.1:

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS GESTÕES DE JOSÉ SERRA E GILBERTO KASASAB

236

CAPÍTULO 3.4.2:

O PROGRAMA DE URBANIZAÇÃO DE FAVELAS NA FAVELA NOVA JAGUARÉ: CONJUNTO RESIDENCIAL ALEXANDRE

MACKENZIE

238

CAPÍTULO 04: CONSIDERAÇÕES FINAIS

252

(13)

Lista de tabelas

Tabela 1.01: Indicadores sociais nos anos de 1991 e 2000 39

Tabela 1.02: Município de São Paulo, por divisão regional. Situação das favelas na trama urbana, 1987 61

Tabela 3.01: Programa de Produção e Construção de Unidades Habitacionais em Mutirão e Autogestão no município de São Paulo 102

Tabela 3.02: Pessoas por domicílio no Município de São Paulo em 2003 126 Tabela 3.03: Empreendimentos da Fase I do PROVER 138

(14)

Lista de gráficos

(15)

Lista de figuras

Figura 1.01: Reportagem Folha de São Paulo, 1988 59

Figura 2.01: São Paulo com suas vias de acesso 69 Figura 2.02: Implantação Centro Industrial Jaguaré 70 Figura 2.03: Trecho dos desvios 72

Figura 2.04: Cada lote com seu desvio ferroviário 72

Figura 2.05: Ponte do Jaguaré, num dos acessos à propriedade 73 Figura 2.06: Vista de ponte do Jaguaré 73

Figura 2.07: Mirante do Jaguaré 74 Figura 2.08: Mirante do Jaguaré 74

Figura 2.09: Vista do Mirante do Jaguaré 75

Figura 2.10: Vista parcial do bairro residencial operário 75 Figura 2.11: Casas operárias do Centro Industrial 76

(16)

Figura 2.14: Zona Industrial 77 Figura 2.15: Grupo escolar 78 Figura 2.16: Restaurante 78 Figura 2.17: Estudo do estádio 79

Figura 2.18: Desenho dos belvederes, pavilhões rústicos 79 Figura 2.19: Núcleo comercial Jaguaré 80

Figura 2.20: Plantas do núcleo comercial Jaguaré 80

Figura 2.20: Imagem aérea do bairro do Jaguaré, com a área da favela Nova Jaguaré demarcada, ano de 2007 82

Figura 2.21: Favela Nova Jaguaré no ano 2000 83

Figura 2.22: Equipamentos presentes no bairro do Jaguaré, com a favela do Jaguaré

demarcadada 84

(17)

Figura 3.01: Casas do Mutirão Estrela Guia 105

Figura 3.02: Situação da favela Nova Jaguaré em 1989 114 Figura 3.03: Projeto original para a favela Nova Jaguaré 115 Figura 3.04: Projeto “Feedback I” 116

Figura 3.05: Detalhe do lixo depositado na encosta 117

Figura 3.06: Vista aérea após a conclusão das obras na encosta 118 Figura 3.07: Execução do muro de arrimo em gabiões na parte inferior da encosta, protegendo os barracos adjacentes 118

Figura 3.08: Barracos em risco na crista e no pé da encosta, falta de acesso para máquinas e equipamentos, sinais de deslizamentos anteriores 119

Figura 3.09: Estrutura sólida para suporte do projeto. O pátio da escola e os barracos adjacentes à parte inferior da encosta foram protegidos pelos muros de gabiões 119 Figura 3.10: Implantação das unidades habitacionais que ficou subordinada

à geometria da encosta taludada 121

Figura 3.11: Corte onde se observa a presença dos três talude e bermas

onde foram implantadas as unidades habitacionais 121

(18)

Figura 3.14: Cingapura Zaki Narchi – Implantação 136

Figura 3.15: Cingapura Zaki Narchi - Tipologia de prédio de cinco pavimentos 136 Figura 3.16: Cingapura - Tipologia de um dormitório 141

Figura 3.17: Cingapura - Tipologia de dois dormitório 141 Figura 3.18: Cingapura - Tipologia de três dormitório 142

Figura 3.19: Cingapura Uirapuru - Tipologia de prédio de cinco e de onze pavimentos 137

Figura 3.20: Cingapura Interlagos - Tipologia de prédio de sete pavimentos 143 Figura 3.21: Cingapura Raul Seixas - Tipologia de prédio de sete pavimentos 143 Figura 3.22: Planta pavimento tipo PROVER Nova Jaguaré 162

Figura 3.23: Planta apartamento tipo PROVER Nova Jaguaré 163 Figura 3.24: Corte AA PROVER Nova Jaguaré 164

Figura 3.25: Elevação Frontal: PROVER Três Arapongas e PROVER Barão de Antonina 165

Figura 3.26: Proposta de erradicação da favela e substituição por conjuntos habitacionais verticalizados 168

(19)

Figura 3.28: Foto aérea do Empreendimento Barão de Antonina, na escala 1:1.000 170 Figura 3.29: Implantação do Empreendimento Barão de Antonina 171

Figura 3.30: Quadra de futebol, o único espaço de lazer no conjunto Barão de Antonina 172

Figura 3.31: O espaço coletivo deste empreendimento, resume-se à bancos entre os edifícios 173

Figura 3.32: Área destinada à uso coletivo, sendo utilizada como varal pelos moradores 173

Figura 3.33: Empreendimento Barão de Antonina: acúmulo de lixo nos taludes 174 Figura 3.34: Foto de dentro do estacionamento do Empreendimento Barão de Antonina, mostrando as muretas e grades que o cercam 174

Figura 3.35: Portão de acesso ao bloco, que permanece constantemente aberto, gerando insegurança nos moradores 174

Figura 3.36: Corte da área onde foi implantado o Empreendimento Barão de Antonina e seu entorno, mostrando a relação de altura entre o conjunto e o restante da favela, confirmando a implantação estratégica para esconder os barracos 175

(20)

Figura 3.38: Acesso ao Empreendimento Barão de Antonina pela Marginal Pinheiros,mostrando que os edifícios escondem os barracos de quem está passando 175

Figura 3.39: Empreendimento Barão de Antonina antes das intervenções do Programa 3 Rs 180

Figura 3.30: Empreendimento Barão de Antonina após as intervenções do Programa 3 Rs 180

Figura 3.41: Empreendimento Barão de Antonina, com os edifícios do Bairro Legal ao fundo, visto do outro lado da Marginal 181

Figura 3.42: Empreendimento Barão de Antonina 181 Figura 3.43: Empreendimento Barão de Antonina 181 Figura 3:44: Empreendimento Barão de Antonina 181

Figura 3.45: Croqui de proposta de implantação de Empreendimento Três Arapongas 182

Figura 3.45: Foto aérea do Empreendimento Três Arapongas, na escala 1:1.500 183 Figura 3.46: Implantação do Empreendimento Três Arapongas 184

(21)

Figura 3.49: Empreendimento Três Arapongas em 2008, antes do Programa 3 Rs 186 Figura 3.50: Empreendimento Três Arapongas após a intervenção do Programa 3 Rs 186

Figura 3.51: Obras ao fundo do Empreendimento Três Arapongas 188 Figura 3.52: Obras ao fundo do Empreendimento Três Arapongas. Nota-se a realização de taludes e obras contenção 188

Figura 3.53: Corte da área onde foi implantado o Empreendimento Três Arapongas e seu entorno. Fonte: Desenho próprio a partir de dados coletados com HABI, e visitas

ao local 188

Figura 3.54: Favela Parque do Gato 202

Figura 3.55: Residencial Parque do Gato 202 Figura 3.56: Àrea de intervenção do Programa 213 Figura 3.57: Projeto original 214

(22)

Figura 3.63: Imagem aérea do empreendimento do Bairro Legal 220 Figura 3.64: Implantação do conjunto Bairro Legal 221

Figura 3.65: Acesso intermediário no conjunto do Bairro Legal 222 Figura 3.66: Acesso intermediário no conjunto do Bairro Legal 223 Figura 3.67: Espaço coletivo no conjunto do Bairro Legal 223

Figura 3.68: Espaço coletivo no c conjunto do Bairro Legal 223

Figura 3.69: Foto aérea do conjunto Kenkiti Shimomoto, na escala 1:2.000 225 Figura 3.70: Implantação do conjunto Kenkiti Shimomoto 226

Figura 3.71:Proposta para comércio local 227

Figura 3.72:Espaços coletivos do Kenkiti Shimomoto 228 Figura 3.73:Espaços coletivos do Kenkiti Shimomoto 228 Figura 3.74:Conjunto Kenkiti Shimomoto 228

Figura 3.75:Conjunto Kenkiti Shimomoto 228

Figura 3.76: Perspectiva do Conjunto Kenkiti Shimomoto 229 Figura 3.77: Incêndio na Favela Nova Jaguaré, 2011 238

Figura 3.78: Incêndio na Favela Nova Jaguaré, 2011 238

(23)

Figura 3.80 Prédios do Residencial Alexandre Mackenzie 240 Figura 3.81: Casas sobrepostas em construção 240

Figura 3.82: Implantação Residencial Alexandre Mackenzie 241 Figura 3.83: Varandas de acesso às unidades 242

Figura 3.84: Varandas de acesso às unidades 242 Figura 3.85: Planta do Pavimento Tipo 243

Figura 3.86: Planta da Unidade Tipo 244 Figura 3.87: Cortes AA e BB 245

Figura 3.88: Elevação Frontal e Posterior 246 Figura 3.89: Cobertura dos edifícios 247

Figura 3.90: Equipamentos de uso comunitário 247

Figura 3.91: A imagem mostra a separação física entre o conjunto e o restante da favela, tornando-se claro o uso dos equipamentos comunitários somente por parte dos moradores 249

Figura 3.92: Grade que contorna o conjunto, intimidando a entrada de outros moradores 250

(24)

Lista de siglas

ANSUR - Associação Nacional do Solo Urbano

BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento

BNH - Banco Nacional da Habitação

CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção

CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo

CEAGESP - Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo.

CMH - Conselho Municipal de Habitação

COBES - Coordenadoria de Gestão de Bens e Serviços

CODESPAULO - Companhia de Desenvolvimento de São Paulo

(25)

COMPRESP - Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico

CPTM - Companhia Paulista de Trens Paulistanos

DEM - Democratas

EMURB - A Empresa Municipal de Urbanização

FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

FIPE - Fundação de Pesquisas Econômicas

FJP - Fundação João Pinheiro

FMH – Fundo Mundial de Habitação

FUNAPS - Fundo de Atendimento à População Moradora em Habitação Subnormal

GAPs - Grupos de Assessoria e Participação

GEU-Favelas - Grupo Executivo de Urbanização de Favelas.

(26)

HABISP - Sistema de informações para Habitação Social na cidade de São Paulo

HIS – Habitação de Interesse Social

IAPI - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PMSP - Prefeitura do Município de São Paulo

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PPS - Partido Popular Socialista

PROMORAR - Programa Habitacional de Erradicação de Habitações Subnormais

PROCAV - Programa de Canalização de Córregos

PRODAM - Centro de Estudo da Metrópole e a Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo

(27)

PT – Partido dos Trabalhadores

RESOLO - Departamento de Regularização do Parcelamento do Solo.

RMSP - Região Metropolitana de São Paulo

SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo.

SAGMACS - Sociedade de Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais

SEBES - Secretaria do Bem Estar Social

SECOVI – SP - Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo

SEHAB - Secretaria Municipal de Habitação

SEMPLA - Secretaria Municipal do Planejamento

UBS - Unidade Básica de Saúde

UITs - Unidades de Informações Territorializadas

(28)

USP - Universidade de São Paulo

(29)

Introdução

Os primeiros indícios de favelas na cidade de São Paulo datam dos anos de 1940. É a partir da década de 1980, e mais acentuadamente, na década de 1990, que a cidade de São Paulo apresenta um crescimento expressivo de suas favelas. No ano de 1973, tem-se 71.840 pessoas vivendo em favelas (BONDUKI, 1998, p.305), enquanto em 1980, esse número é sextuplicado, resultando em 439.721 favelados (TASCHNER, 2001, p.70). De acordo com Marques e Saraiva (2007) no ano de 1991, computa-se aproximadamente 900 habitantes, mostrando que esta população dobrou em menos de dez anos; e em 2000, chega-se à 1,200 milhão de pessoas morando em condições precárias, mostrando que em vinte anos, este número quadruplicou, representando um crescimento significativo.

O modelo de crescimento urbano baseado na urbanização extensiva e precária através da autoconstrução da casa própria em loteamentos periféricos passa a ser substituído por um processo de favelização crescente do espaço urbano (FREIRE, 2006, p. 11).

(30)

mais frágeis como os espaços inundáveis ou encostas íngremes.

A população moradora das favelas se depara com grandes dificuldades em relação à acessibilidade a moradia, abastecimento de água, saneamento básico, drenagem das águas pluviais, estabilidade estrutural das construções, acesso a equipamentos públicos e transporte, por estar instalada em locais que muitas vezes não apresentam intervenções e melhorias do setor público.

A intervenção do setor público em favelas, através de programas de urbanização, pode alcançar resultados mais efetivos, quando serviços de infraestrutura são implantados, tais como a garantia de acessibilidade, salubridade, acesso à água, coleta de lixo e tratamento de esgotos domésticos. Além disso, as intervenções têm que pensar nos espaços públicos, lugares nos quais os moradores possam compartilhar a vida em sociedade.

(31)

infraestrutura básica, a qualificação dos espaços públicos, urbanizando-os e definindo centralidades que sejam valorizadas pela coletividade (FRANÇA, 2009, p. 12).

O foco deste trabalho volta-se para a cidade de São Paulo, mais especificamente, à Favela Nova Jaguaré, investigando sua formação. A escolha da área foco da pesquisa ocorreu devido à favela Nova Jaguaré apresentar intervenções públicas e projetos habitacionais de distintas gestões municipais.

(32)

A Favela Nova Jaguaré localiza-se em um dos setores mais valorizados da cidade, entre bairros de classe média e média alta e próxima aos centros do setor terciário da economia, gerador de empregos de comércio de serviços. Encontra-se junto à importantes vias de circulação e próximo aos transportes públicos, como a estação de trem Villa Lobos, que se interliga à estação Pinheiros do metrô.

Devido à sua localização privilegiada, a área foi sendo procurada pela população de baixa renda a partir dos anos 1960, sendo hoje uma das favelas mais antigas e adensadas da cidade de São Paulo.

Trata-se de pesquisa qualitativa, considerando abordagem evolutiva sobre a instalação e o desenvolvimento da favela, e suas relações com as políticas públicas municipais e respectivas obras. Para tal, o método empregado neste trabalho envolveu diversas etapas desenvolvidas concomitantemente, sendo elas:

(33)

Levantamento de dados censitários;

Participação em palestras e oficinas de projetos referentes ao assunto;

Análise dos documentos;

Pesquisas de campo para a constatação da situação atual dos acessos, densidades, usos, ocupações, áreas verdes e a inserção dos conjuntos habitacionais analisados;

Pesquisa com os arquitetos e construtoras responsáveis pelos projetos e obras executadas;

Desenho dos conjuntos habitacionais; apresentando plantas, cortes, elevações e sua inserção na favela Nova Jaguaré;

Análises dos dados; Discussão dos resultados.

(34)

O segundo capítulo disserta sobre o Centro Industrial Jaguaré, bairro inteiramente planejado por Henrique Dumond Villares, que devido a sucessivas invasões na área cedida pelo loteamento à Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP) para se transformar em um parque público, por não apresentar monitoramento, surgiu a Favela Nova Jaguaré.

O capítulo três mostra as experiências relativas às políticas públicas e aos programas de urbanização de favelas nas gestões de Luisa Erundina de Sousa (1989-1993), Paulo Salim Maluf (1993-1996), Celso Pitta (1997-2000), Marta Suplicy (2001-2004), José Serra (2005-2006) e Gilberto Kassab (2006-2012), com ênfase nos projetos de infraestrutura e urbanização relativos à Favela Nova Jaguaré.

(35)
(36)

Capítulo 01: Favelas em São Paulo

Favela é um termo utilizado habitualmente para definir aglomerações habitacionais de baixa renda, em condição fundiária irregular, ocupação espontânea da terra e com carência de infraestrutura, mesmo que em alguns casos parte dessas características possa não estar presente. É comum que as moradias nas favelas sejam compostas de cômodos pequenos, úmidos, pouco ventilados, mal iluminados, com problemas estruturais e de acessibilidade. “As principais razões para isso seriam o restrito espaço de terreno, a carência de recursos financeiros, a falta de conhecimento técnico para execução e o improviso das obras, que vão sendo continuamente ampliadas sem um planejamento ou projeto prévio” (ABIKO E COELHO, 2009, p. 15).

A favela é um fato urbano que se configura no território, sendo, portanto, parte integrante da cidade, um dos elementos da morfologia urbana que conformam seu desenho.

(37)

infraestrutura básica são implantadas após a sua ocupação e as construções são definidas em função dos espaços disponíveis. Ademais, ela não segue as diretrizes e normas estabelecidas pelas leis de uso e ocupação do solo (FRANÇA, 2009, p. 17).

A prefeitura de São Paulo, para realização de suas pesquisas, define favela como:

Núcleos habitacionais precários, com moradias autoconstruídas, formadas a partir da ocupação de terrenos públicos ou particulares. Estão associados a problemas da posse da terra, a elevados índices de precariedade ou à ausência de infraestrutura urbana e serviços públicos e população com baixos índices de renda (SÃO PAULO, HABISP, 2010, p. 27).

(38)

cidade; ocupação de sítios urbanos marcados por um alto grau de vulnerabilidade ambiental; taxa de densidade demográfica acima da média do conjunto da cidade; relações de vizinhança marcadas por intensa sociabilidade, com forte valorização dos espaços comuns como lugar de encontro e grau de vitimização das pessoas, sobretudo a letal, acima da média das cidades.

(39)

Tabela 1.01: Indicadores sociais nos anos de 1991 e 2000

INDICADORES NÚMEROS

RELATIVOS RELATIVOS NÚMEROS LOCACIONAIS QUOCIENTES

FAVELAS

1991 1991 MSP FAVELAS 2000 2000 MSP 1991 2000

INFRA ESTRUTURA

DOMICÍLIOS COM ÁGUA 89,7 98,3 96,0 97,6 0,91 0,98

DOMICÍLIOS COM ESGOTAMENTO 25,1 81,2 49,2 87,2 0,31 0,56

DOMICÍLIOS COM COLETA DE LIXO 63,3 95,2 82,0 96,5 0,66 0,85

ESCOLARIDADE PESSOAS ANALFABETAS 38,1 19,3 15,2 7,3 1,97 2,08

CHEFES DE 0 A 3 ANOS DE ESTUDO 55,1 22,5 18,4 17,8 2,45 2,16

CHEFES DE 0 A 3 SM 77,9 42,7 73,2 40,1 1,82 1,83

RENDIMENTO CHEFES DE 3 A 5 SM 15,7 17,9 18,0 17,9 0,88 1,01

CHEFES DE 5 A 10 SM 5,6 20,2 7,6 20,9 0,28 0,36

CHEFES DE 10 A 20 SM 0,6 11,4 0,9 11,6 0,05 0,08

ESTRUTURA

ETARIA PESSOAS DE 0 A 4 ANOS 41,2 28,6 35,5 24,8 1,44 1,43

(40)

Por fim, a análise dos quocientes locacionais dos indicadores de estrutura etária da população mostra que pouco mudou na relação entre as favelas e o resto da cidade. Em geral a população mais jovem, com 14 anos ou menos, diminuiu relativamente, enquanto a população mais idosa aumentou levemente a sua presença. O percentual de jovens continua sendo maior nas favelas do que no conjunto do município. De modo geral, portanto, é possível afirmar que a década foi de melhora relativa das favelas, não sofrendo empobrecimento na década de 1990.

A tabela referente aos indicadores sociais, e as referências comuns das favelas expostas por Duarte (Observatório das Favelas, 2009, p.03), permitem que seja estabelecida uma plataforma de necessidades que devem compor as políticas públicas que tenham como objetivo implantar programas de urbanização de favelas.

Situações de insalubridade, riscos estruturais, geológicos e de inundação, além de indicadores desfavoráveis associados à vulnerabilidade social, cujos exemplos são saúde, educação, violência, trabalho e renda, são características presentes nas favelas.

(41)

com que é mostrada pela mídia, fazem com que exista certo mito, apresentando-a como um lugar somente habitado por traficantes e outros marginais mendigos e desocupados. Na grande parte das vezes essa situação não corresponde à realidade, visto que a maioria dos seus moradores se constitui de trabalhadores tanto inseridos no mercado formal como no informal (ABIKO E COELHO, 2009, p. 16).

As favelas desfazem as certezas construídas no imaginário ideal dos modelos urbanísticos. Ela é a representação da desigualdade social, da crescente pobreza e da segregação socioespacial existente nas cidades. É uma desigualdade que resulta da concentração de renda existente no país, além dos fatores sociais, culturais e ambientais.

A urbanização da cidade de São Paulo, sofrendo, na década de 1970, intenso processo de migração desprovida de suficiente infraestrutura, somado ao aumento da pobreza e do desemprego formal nas últimas décadas, explica em parte a expansão dessa forma de habitação.

(42)

Assim, é necessário que seja observada e reconhecida sua espeficidade socioterritorial, bem como sua morfologia que deve ser entendida como referência para os moradores, local onde se desenvolvem vivências coletivas e se constroem identidades (FRANÇA, 2009, p. 19).

Vivem hoje na sede da Região Metropolitana de São Paulo - RMSP aproximadamente dez milhões de pessoas (Censo 2010 – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE), sendo que grande parte de seus habitantes vivem segregados nas periferias e regiões deterioradas.

A cidade de São Paulo cresceu a taxas que variam de 3% a 6% ao ano desde 1950, de acordo com São Paulo (1993). Em 1973 São Paulo tinha aproximadamente 6,6 milhões de habitantes, e em 1990, 9,5 milhões. “Esse crescimento deveu-se maciçamente à migração proveniente do campo, de regiões mais pobres do Brasil” (SÃO PAULO, 1993, p. 05).

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maioria dos quais vieram da Europa, habitaram os cortiços3. A partir dos

anos quarenta, outra forma predominante de moradia veio somar-se aos cortiços: o loteamento clandestino, que se estendeu por toda a periferia da cidade, ocupando extensas áreas sem qualquer infraestrutura de água, esgoto, pavimentação, iluminação ou drenagem.

Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD -IBGE, o déficit habitacional do Brasil é de 6,273 milhões de domicílios, dos quais quase 5,2 milhões, estão nas áreas urbanas. Há uma carência de 4,616 milhões de domicílios que dispõem de renda familiar média de até três salários, segundo levantamento da Fundação João Pinheiro – FJP (2009), encomendado pelo Ministério das Cidades4. O relatório mostra que no Estado de São Paulo, estima-se que o déficit esteja em 1,234 milhão de moradias, das quais 629 mil na região metropolitana de São Paulo.

A cidade de São Paulo tem déficit que representa 9,6% do total de domicílios, índice superior se comparado com o da cidade do Rio de Janeiro, com 479 mil ou 9,1% dos domicílios (FJP, 2009).

3 Cômodos dispostos em fila com banheiros e tanques coletivos, onde cada família se

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A maior parte das famílias que entraram na conta do déficit de São Paulo está presente nas favelas da capital.

Este tipo de aglomeração urbana, amplamente disseminada pelas metrópoles do país, concentra domicílios com elevado grau de carências socioeconômicas, tanto em termos de ofertas de serviços públicos, quanto relativas à infraestrutura urbanística e renda pessoal dos moradores. Além disso, muitas dessas áreas estão sujeitas também a riscos ambientais,

estando localizadas – por exemplo – em encostas sujeitas a deslizamentos

e em fundos de vale sujeitos a inundações (MARQUES E TORRES, 2003, p. 01-02).

Em São Paulo, julga-se que as primeiras favelas apareceram na década de 40. Na época, o governo municipal considerava que a solução para o problema estava no campo das ações sociais, tendo, como propósito, a eliminação desses primeiros assentamentos.

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autoempreendimento da moradia popular, baseado no trinômio loteamento periférico, casa própria e autoconstrução. Este processo acabou predominando em São Paulo e em grande parte das cidades brasileiras, tornando-se a forma mais comum de moradia dos setores populares (BONDUKI, 1998, p. 281).

Para Bonduki (1998) a primeira favela de São Paulo, provavelmente, foi a ocupação do terreno do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários – IAPI, localizado junto à Avenida do Estado, que recebeu o nome de Várzea do Penteado. A ocupação foi promovida por famílias despejadas que não tinham para onde ir. De acordo com Bonduki, o grande número de despejos da época não estava apenas relacionado à Lei do Inquilinato. A especulação imobiliária estimulada pelas grandes obras viárias era também fator que exacerbava os despejos forçados5. Ao mesmo tempo em que a ação da Prefeitura e dos empreendedores privados, de demolição de casas para as avenidas e novos edifícios, expulsava famílias pobres dos cortiços, criava escassez de casas, e criava terrenos vazios ao

5 Esse período é marcado por uma grave crise habitacional em todas as grandes cidades

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longo destas avenidas, que, não sendo urbanística e paisagisticamente tratados, se tornavam áreas ociosas, passíveis de ocupação.

O surgimento das primeiras favelas causava indignação na sociedade paulistana e, em 1947, o então prefeito Abrãao Ribeiro determinou a demolição dos barracos e a transferências das famílias para alojamentos provisórios enquanto aguardavam algum atendimento. Surgiu, daí, a Favela do Glicério, que persistiu no local até 1957, quando os moradores foram despejados, para que a prefeitura pudesse devolver o terreno para seu proprietário, o IAPI. Como consequência, outras favelas se formaram em terrenos públicos, entre elas, a do Canindé, Barra Funda, Piqueri e Ibicaba (FRANÇA, 2009, p. 22).

Neste quadro de crise as favelas aparecem no cenário paulistano, não apenas nas periferias, como também nos vazios urbanos. As favelas localizavam-se em terrenos limítrofes às novas vias, próximos às estações de trem ou à cursos d'água, e em áreas sem interesse para o mercado imobiliário paulistano.

O Diário de São Paulo (1/10/1950) relata uma pesquisa feita pela Divisão

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moravam 245 pessoas em moradias de tábuas, com apenas 6 vasos sanitários para uso de todos. Também no mesmo ano encontrou-se referência à favela da Rua Guaicurus, na Lapa (zona central) com 230

domicílios e 926 pessoas. No Diário de São Paulo de 6/8/1950, um artigo

sobre a favela do Ibirapuera (27 domicílios, 144 pessoas) já comentava que os moradores desse assentamento eram pessoas pobres e não vadios e malfeitores, fortalecendo uma evidência empírica retomada na década de 70 (DIÁRIO DE SÃO PAULO, apud TASCHNER, 2001, p.10).

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públicos – ausência, no todo ou parte, de rede sanitária, luz, telefone e água encanada; urbanização – área não urbanizada, com falta de arruamento, numeração ou emplacamento (GUIMARÃES, apud TASCHNER, 2001, p. 11-12).

De acordo com estudo Estrutura Urbana da Aglomeração Paulistana, realizado pela SAGMACS - Sociedade de Análise Gráfica e Mecanográfica Aplicada aos Complexos Sociais, no ano de 1958, entendia-se que a favela era uma fenômeno passageiro, dado o fato da cidade de São Paulo ser mais rica do que outras capitais nas quais a ocorrência de mocambos e favelas era grande, como o caso de Recife e do Rio de Janeiro.

Em 1962, a Prefeitura de São Paulo divulga uma pesquisa realizada pela Divisão de Serviço Social, que registra a existência de 141 favelas, com 8.488 barracos e cerca de 50 mil moradores (SÃO PAULO, 1962).

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Entretanto, apesar de os números começarem a ganhar relevância, o ritmo de crescimento das favelas, em São Paulo, foi relativamente lento até a década de 1970. A partir desta data modifica-se o cenário e a favela começa a se desenvolver em larga escala. Desde o ano de 1970 o país começa a tornar-se predominantemente urbano.

A partir da década de 1970, o empobrecimento da população e a escassez e encarecimento dos lotes geraram um acelerado crescimento da população favelada, até então pouco expressiva na cidade (em 1973, representava 1,1% da população, cerca de 72 mil pessoas, segundo o Cadastro de Favelas do Município (BONDUKI, 1998, p. 305).

No início da década de 1970 as ações da Prefeitura Municipal de São Paulo – PMSP para as favelas eram norteadas para tratar do problema visando à remoção das mesmas. Em 1971, a Secretaria do Bem Estar Social – SEBES, elaborou um projeto de Desfavelamento. O trabalho propunha a remoção de 37 favelas - para alojamentos provisórios - consideradas prioritárias por estarem em situação de risco ou obstruindo futuras obras públicas (FRANÇA, 2009, p. 27).

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em terrenos municipais e a compra de lotes em loteamentos da periferia, onde os favelados construiriam suas novas casas em mutirão ou autoconstrução. Estas experiências consubstanciaram uma proposta de política para as favelas da São Paulo que tentava englobar diferentes aspectos do problema: a pressa pela remoção da favela por causa do cronograma das obras públicas, a visão do favelado como marginalizado e diferenciado socialmente, a ser orientado para a vida urbana e a favela como um sinal de escassez de habitação popular acessível (BUENO, 2000, p. 56).

Tais iniciativas não mudaram o quadro de crescimento da favela em São Paulo, já que o destino do favelado era a dispersão na cidade, ir à outra favela ou os alojamentos provisórios, que se tornaram favelas definitivas. De acordo com Bueno, quase todos os alojamentos provisórios construídos pela Prefeitura para acabar com uma favela, tornaram-se outras favelas. A política de desfavelamento não se concretizou. A moradia definitiva dependia “ou de um crescimento da renda dos moradores da favela – o que não ocorria, num quadro socioeconômico de intensa concentração de renda – ou da produção subsidiada da habitação para essa faixa de renda” (BUENO, 2000, p.57).

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estudo é a primeira tentativa da Prefeitura de quantificar o problema e refletir sobre ele. Este trabalho apresentou, de acordo com Veras (2009), como definição para o tema “problema favela”: terrenos ocupados pela invasão ou cessão verbal do proprietário; que situam-se no chamado cinturão periférico; próximo à vias de trânsito; ou zonas à margem de córregos e rodovias. As favelas são caracterizadas pela sua unidade habitacional – o barraco – construída com material precário, fato que evidencia o baixo padrão de vida da população.

Taschner (2001) expõe sobre a nova contagem de favelas e domicílios favelados realizada em 1975 - atualizando o cadastro de 1973 – que foi possibilitada por vôo de helicóptero, mostrando que a população favelada crescera para 117.237 pessoas, representando 1,6% da população do município.

Na segunda metade dos anos de 1970, a cidade de São Paulo vivia um período de intenso crescimento econômico. Entretanto, ao longo das décadas de 1970 e 1980, a população residente em favelas aumentou em São Paulo.

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frente da Prefeitura de São Paulo tinham dificuldades em tratar desse assunto, tendo em vista que o projeto de remoção ou desfavelamento não era suficiente para apresentar resultados perceptíveis, uma vez que os alojamentos provisórios transformavam-se em novas favelas.

Em 1978, ao final da gestão do prefeito Paulo Setúbal, foi criado Fundo de Atendimento à População Moradora de Habitação Subnormal – FUNAPS, que apoiaria as intervenções nas áreas ocupadas pelas favelas. Neste ano, é criado também o Programa Habitacional de Erradicação de Habitações Subnormais - PROMOMAR, junto ao Banco Nacional da Habitação – BNH, dirigido aos grupos de menor renda e que permitia o financiamento da construção de embriões habitacionais em terrenos ocupados por favelas.

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A gestão de Reynaldo de Barros apresentou-se como uma administração polêmica, pelo fato de sua postura favorável à melhoria das favelas, contrariando os setores que apostavam na remoção.

A favela é um problema concreto que já se perpetuou. Não adianta querer removê-la ou erradica-la, pois para isso seria necessária a solução definitiva do problema habitacional e o que podemos fazer atualmente é tentar melhorar as condições de vida (Reynaldo de Barros, O ESTADO DE SÃO PAULO, 14 de maio de 1981 apud FRANÇA, 2009, p. 34).

No final da década de 1970, emergem-se inúmeros movimentos sociais urbanos, que colocaram na ordem do dia uma série de demandas urbanas, através de suas lutas, dando visibilidade às condições precárias de existências nas cidades, contribuindo também para o processo de redemocratização do país (PAULINO, 2007, p. 109). Os movimentos populares da década de 1970 eram movimentos isolados, por água, luz, transportes, creches. Eles se aglutinaram em organizações locais no final da década (GOHN, 1991, p. 09).

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O jornal “O São Paulo” registrou a constituição do Movimento das Favelas de São Paulo, em 1979 [sob administração de Reynaldo Emydio de Barros], quando, após a reunião de 11 favelas da Zona Sul, decidiu-se realizar um Congresso dos favelados da Grande São Paulo. [...] Na criação do Movimento das Favelas de São Paulo participaram cerca de 2.000 pessoas e 70 favelas de região de Santo Amaro, Campo Limpo e Vila Mariana. No mês seguinte, 1.000 favelados reivindicaram na Prefeitura o plano de água e luz prometido pelo Prefeito. Nesse ínterim, a mobilização cresceu e atingiu a zona leste da capital.

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O prefeito Reynaldo de Barros lança também o Programa PROMORAR, no qual previu-se a construção de 5.000 novas moradias em São Paulo, coordenado pelo engenheiro Wilson Quintela, com a implantação das moradias em tempo recorde: 90 dias.

Seria possível, segundo o coordenador, em função do material utilizado nas

construções ser “simples e barato”. [...] O presidente da Companhia de

Desenvolvimento de São Paulo (Codespaulo) informou que as favelas entre

1972 e 1979 cresceram 600% e “está na hora de fazermos casas sem

muitos problemas de projeto, de arquiteto, e em mais quantidade”

(FRANÇA, 2009, p. 35).

Tal atitude caracterizava o ideário existente à época sobre a produção habitacional para famílias de baixa renda, fruto de políticas conduzidas pelo BNH, onde imperava o domínio da “quantidade em detrimento da “qualidade”.

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Em 1980, pela primeira vez em São Paulo, o Censo Demográfico (IBGE) contou a população favelada. O número publicado pelo IBGE não confere com a pesquisa de campo do IPT-FUPAM, apresentando 335.334 moradores no município. Ressalta-se que o IBGE não considera como favelas aglomerados com menos de 51 unidades, e neste época 22% da população favelada vivia em aglomerados menores dos que os considerados pela IBGE. Fazendo uma estimativa dos números do IBGE, incluindo as favelas desconsideradas, chega-se ao número de 439.721 pessoas vivendo em favelas no ano de 1980 (TASCHNER, 2001, p.10).

Em menos de dez anos, a população favelada passou de 1,1% para 5,2% da população da cidade de São Paulo.

O fato é que o crescimento do número de favelados em São Paulo causava

preocupação e alarmava parte da população neste período. “São Paulo

tende a se transformar em uma grande monstruosa favela”, declarava o

antropólogo Álvaro Fernandes Ribeiro Neto para o jornal O Estado de São Paulo em uma matéria publicada em 25 de dezembro de 1981 (PAULINO, 2007, p. 123).

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Os anos 80 delinearão um novo papel conflitivo. As favelas cresceram ou incharam e organizaram-se. Deixaram de apenas resistir e passaram a atuar reivindicatoriamente. Água e luz foram as etapas iniciais dessa luta. Isto gerou a urbanização da favela e um novo problema: a luta pela posse da terra do barraco, como forma de garantir a não expulsão. Esta situação gerou duas frentes de luta e organização popular: a luta pela concessão do direito real de uso – do Movimento unificado de Favelas – e a luta pela

compra subsidiada dos terrenos – do Movimento do Conselho de Favelas.

cujo objetivo era a ajuda aos moradores das favelas que seriam removidas (GOHN, 1991, p. 63).

O engenheiro Mário Covas assume a prefeitura de São Paulo em 1983, e é colocado a frente do dilema de remover as favelas ou implantar melhorias, numa época em que aceleravam-se as ocupações, adquirindo características de áreas consolidadas.

Um passo importante é dado em 1984, a favor da consolidação das favelas, quando “foi estabelecida a tarifa social para a água, dirigida para famílias de baixa renda, especialmente aquelas que viviam em favelas” (FRANÇA, 2009, p. 39).

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quando o então prefeito Mário Covas, contrata o arquiteto e urbanista Pedro Taddei Neto para urbanizar a Favela Esperantinópolis.

Em 1986, assumia a Prefeitura do Município de São Paulo o prefeito Jânio Quadros. Jânio iniciou sua gestão com o discurso de “desfavelamento”.

O primeiro passo dado pelo prefeito Jânio Quadros nessa direção foi o envio de um projeto de lei à Câmara Municipal, em março de 1986, com o objetivo de alavancar recursos não orçamentários para a construção de

moradias populares. O artigo I do Projeto de Lei estabelecia: “os

proprietários dos terrenos ocupados por favelas ou núcleos poderão requerer à Prefeitura de São Paulo a modificação dos índices e características de uso e ocupação do solo do próprio terreno ocupado pela favela”, no entanto, para usufruir tal benefício, deverão “construir e doar ao poder público, habitações de interesse social para a população favelada”. No final desse mesmo ano [...] o projeto foi transformado na Lei no. 10.209, que ficou conhecida como Lei das Operações Interligadas (FRANÇA, 2009, p. 41).

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Figura 1.01: Reportagem Folha de São Paulo, 1988. Fonte: FRANÇA, 2009, p. 44.

Em 1987 é realizado novo Censo de Favelas, mostrando que no período de sete anos, o número de moradores de favelas praticamente dobrou, passando de 439.721 moradores, representando 5,2% da população, para 812.674, significando 8,9% da população municipal, em mais de 150 mil domicílios. (TASCHNER, 2001, p.10).

Dentre os principais problemas urbanos enfrentados pela cidade de São Paulo, o crescimento das favelas começava a ser identificado como um grande desafio para a gestão municipal; cerca de um milhão de pessoas vivendo em situações precárias era um fato novo e marcante para o planejamento da cidade.

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A Tabela 1.02, mostra a maioria das favelas, no ano de 1987, localizada nos interstícios da mancha urbana intermediária e periférica, sendo, ao mesmo tempo, causa e vítima da deterioração ambiental de São Paulo.

De acordo com BUENO, (2000, p. 89), em São Paulo as favelas surgiram por processos de ocupação espontânea e paulatina de terrenos até fim da década de 1980, quando começaram a ocorrer invasões organizadas.

Em 1991, dados do Censo Demográfico apontam 629 favelas, com 146.892 domicílios [...]. De acordo com a Prefeitura Municipal, em 1992 a cidadeteria 1.071 milhão de habitantes (11,3% da população municipal) em 1985. Entre 1987 e 1992 teriam se formado 236 novos aglomerados e 36 foram removidos (TASCHNER, 2001, p.10).

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NORTE SUL LESTE SUDESTE CENTRO NA % TOTAL

Favelas à margem de córregos 119 373 153 135 3 783 49

Favelas sujeitas à enchentes 87 218 95 104 8 512 32,2

Terrenos com declividade acentuada 106 252 33 70 5 466 29,3

Terrenos com presença de erosão acentuada 71 184 65 63 2 385 24,3

Terrenos situados sobre lixão e aterro 10 5 2 10 3 30 0,9

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favelada teria crescido à taxa de 15,2% ao ano. Porém a FIPE utilizou metodologias de pesquisa diferente das realizadas anteriormente, o que explica a divergência entre os números encontrados.

A diferença entre as estimativas baseadas nos Censos e os números do poder público está relacionada com a diferença entre as definições sociológicas de favela e a metodologia do IBGE para os setores denominados subnormais6.

Embora os dados censitários sejam considerados subestimados para o dimensionamento das favelas em São Paulo, constituem importante parâmetro, tanto para a mensuração das taxas de incremento da população favelada, como para análise das características da moradia e da população favelada (TASCHNER, 2001, p.16).

Os dados apresentados pela FIPE gerou intensa polêmica no setor relacionado à habitação.

6 De acordo com Marques e Saraiva (2005, p. 145) o IBGE classifica como Setores

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Em suma, se existem, por um lado, muitas razões objetivas para supor que os dados de setores subnormais impliquem uma subestimação da

população favelada, fica claro, por outro, que o Censo de Favelas – ao

menos na forma como foi realizado em São Paulo, em especial em 1993 –

pode implicar numa dramática sobrestimação dos dados populacionais. [...] Embora regiões do centro expandido de São Paulo tenham perdido população efetivamente, nada se compara ao volume do movimento populacional que teria que ocorrer para viabilizar tal estimativa de população favelada. Por mais que seja possível argumentar que estaria existindo uma crise social entre 1987 e 1991, os números simplesmente não fecham (MARQUES E TORRES, 2003, p. 07).

Em pesquisa realizada por Marques e Saraiva (2007), onde as estimativas populacionais foram revisadas, levando-os a projetar estimativas para os anos de 1996 e 2000. O método utilizado foi baseado em sistemas de informações geográficas, sobrepondo a cartografia de favelas à malha dos setores censitários dos Censos do IBGE. Esta pesquisa obteve para o ano de 1991, o total de 900 mil habitantes favelados, enquanto em 2000, esse número cresce para 1.200 milhão.

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nas estimativas populacionais revisadas por Marques e Saraiva.

De qualquer forma, o que se vê é o agravamento das condições sociais da metrópole ao longo dos últimos trinta anos. Pode-se afirmar que, se não ocorreu a explosão populacional sugerida pela pesquisa de favelas de 1993, o Município continuou experimentando um considerável processo de favelização, com a população favelada crescendo mais de três vezes a taxa do conjunto da cidade.

De acordo com Taschner (2002) as favelas concentram-se nas zonas sul e norte do município, nas áreas de proteção ambiental: na zona sul, localizam-se junto às represas, enquanto na zona nortes, nas encostas da serra. “O quadrantes sul e norte agregam 72,2% das moradias faveladas municipais. O dano ambiental é considerável, com poluição dos mananciais, deterioração da cobertura vegetal e aumento da erosão” (TASCHNER, 2002, p. 09).

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meio ambiente.

Atualmente as favelas são um retrato da alta prevalência de situações de pobreza e de uma política habitacional ineficaz por parte do Estado. Em

sua maioria estão localizadas em áreas non edificante, protegidas

ambientalmente ou que oferecem risco, como as encostas dos morros e os leitos de cursos d´água. Por se tratarem de áreas problemáticas sob o aspecto da legalidade da terra e caracterizadas por uma ocupação desordenada, as favelas são normalmente locais com deficiência dos serviços de infra-estrutura urbana e com oferta insuficiente de equipamentos públicos (MARQUES E SARAIVA, 2005, p. 143).

Atualmente moram nas favelas da cidade de São Paulo em torno de um milhão e meio de habitantes. Trata-se de uma população composta, sobretudo, de jovens e crianças. Faltam escolas, creches, áreas verdes e de lazer, além de infraestrutura e equipamentos, para que o ambiente onde cresçam seja saudável.

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Capítulo 02: Jaguaré

Este capítulo é dividido em duas partes: a primeira mostra a história do Centro Industrial Jaguaré, bairro planejado e a segunda analisa a formação da Favela Nova Jaguaré, que se apropriou da área verde do loteamento.

2.1. Centro Industrial Jaguaré

Até a metade da década de 1930, a região hoje conhecida como Jaguaré era como muitas outras regiões do município de São Paulo situadas além das margens dos rios Pinheiros e Tietê, ou seja, grandes propriedades rurais: fazendas, sítios e chácaras, em geral de domínio de imigrantes portugueses e húngaros, que começaram a se instalar na região nos idos de 1925.

De acordo com Villares (1946), a região que compreende o Jaguaré propriamente dito era uma grande fazenda de 150 alqueires (3 milhões e 630 mil m²) , de propriedade da Companhia Suburbana Paulista.

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Figura 2.01: São Paulo com suas vias de acesso. Fonte: Villares, 1946, s/p.

Jaguaré3, idealizou o projeto de urbanização para a região que previa áreas

destinadas a construções residenciais, comerciais e industriais.

As figuras 2.01 e 2.02 mostram, respectivamente, o mapa de cidade de São Paulo com suas vias de acesso e o Centro Industrial Jaguaré assinalado e a implantação do Centro Industrial do Jaguaré, onde nota-se a distribuição dos trilhos ferroviários, a delimitação do Centro Industrial Jaguaré e a Cidade Universitária à direita.

Estava localizado a oeste do distrito industrial da cidade. A localização do Centro não foi feita ao acaso, mas imposta, de fato, pelas vantagens naturais que se evidenciam.

Henrique Dumont Villares planejou o bairro de forma estratégica, de acordo com referências internacionais de Bairros Industriais, que foram seu objeto de pesquisas anteriores. Após vários estudos, adotou as seguintes condicionantes: os bairros próximos poderiam municiar os funcionários mais especializados; os diversos laboratórios existentes e outros a serem implantados na Cidade Universitária, como os laboratórios de materiais e ensaios poderiam atender a demanda das indústrias a serem instaladas; a

3 Henrique Dumont Villares foi levado para a Europa aos sete anos de idade, onde cresceu

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facilidade de acesso à área, por fazer divisa com a Marginal do Rio Pinheiros, que se liga com a Marginal do Rio Tietê, que por sua vez possui conexões com diversas grandes rodovias, traria vantagens de localização (PISANI, 2011, s/p.).

Os terrenos do Centro Industrial Jaguaré foram divididos em duas zonas distintas: a área industrial propriamente dita, e o bairro residencial operário. A localização do Centro Industrial oferecia ligação com o sistema ferroviário do país, como segue:

Nenhum bairro industrial quaisquer que sejam as aparentes vantagens de situação, ou outros requisitos que ofereçam, poderá ser considerado satisfatório e preenchendo sua finalidade, se não dispuser de ligação direta com o sistema ferroviário do país.

Desse ponto de vista, o Centro Industrial Jaguaré encontra-se em condições realmente privilegiadas, em comunicação direta com todas as estradas de ferro do Estado (VILLARES, 1946, p. 257-258)

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Figura 2.03: Trecho dos desvios. Fonte: Villares, 1946, s/p.

Figura 2.04: Cada lote com seu desvio ferroviário. Fonte: Villares, 1946, s/p.

industriais.

Será sempre precária a situação de um bairro industrial que ofereça dificuldades para o engajamento de operários, ou que os sujeite a longas e demoradas viagens, em penosos meios de transporte, para ir ao trabalho ou regressar ao lar (Villares, 1946, p. 264).

As figuras 2.03 e 2.04 mostram os desvios ferroviários existentes no projeto, facilitando o transporte dos operários.

No ano de 1940, Henrique Dumont Villares colaborou financeiramente para que a Prefeitura do município de São Paulo construísse a ponte do Jaguaré, ligando-o à Vila Leopoldina, uma extensão da Lapa. Ponte foi construída em concreto armado. As imagens da época dessa ponte são mostradas nas figuras 2.05 e 2.06.

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Figura 2.05: Ponte do Jaguaré, num dos acessos à propriedade.

Fonte: Villares, 1946, s/p.

Figura 2.06: Vista de ponte do Jaguaré Fonte: Villares, 1946, s/p.

2011, s/p.).

O relógio do Jaguaré (ou Mirante do Jaguaré) foi construído em 1943, por Henrique Dumont Villares, por pensar que o Rio Pinheiros seria navegável. Com 28 metros de altura, continua sendo marco de localização para os moradores. Em 2004, foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico – COMPRESP.

Abandonado e deteriorado, foi restaurado pela Sociedade Amigos do Jaguaré e hoje é aberto à visitação pública. As figuras 2.07 e 2.08 mostram, respectivamente, o relógio do Jaguaré quando foi construído e nos dias atuais. A figura 2.09 refere-se à vista do Mirante, na qual tem-se a possibilidade de ver longa extensão da cidade de São Paulo.

O Centro Industrial Jaguaré dispunha de um bairro residencial, com uma área de 800 mil metros quadrados, na qual eram previstas a construção de duas mil residências, como mostra a figura 2.10.

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Figura 2.07: Mirante do Jaguaré

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Figura 2.09: Vista do Mirante do Jaguaré Fonte: www.panoramio.com

Acesso em 22.04.11

Figura 2.10: Vista parcial do bairro residencial operário. Fonte: Villares, 1946, s/p.

tornasse um bairro monótono. [...] Uma planta baixa foi desenvolvida apresentando o plano piloto à Imprensa e aos industriais, para a comercialização dos lotes industriais (PISANI, 2011, s/p.).

Contrastando com o parcelamento do setor industrial, o loteamento residencial foi projetado com desenho orgânico e sinuoso para melhor se adaptar à topografia. As figuras 2.11 e 2.12 referem-se às casas operárias.

A encosta leste da colina mais próxima ao rio, com declividades elevadas, com pior orientação solar e exposta aos ventos frios e úmidos do sudeste, foi destinada a um parque público que serviria de área de lazer de todo o empreendimento (FREIRE, 2006, p. 99).

A área à qual Freire se refere, deu origem à favela Nova Jaguaré, por falta de monitoramento da Prefeitura, como será mostrado adiante.

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Figura 2.11: Casas operárias do Centro Industrial Jaguaré.

Fonte: Villares, 1946, s/p.

Figura 2.12: Casas operárias do Centro Industrial Jaguaré.

Fonte: Villares, 1946, s/p.

Após a execução da infra-estrutura, as primeiras indústrias que se implantaram no loteamento foram: S/A Indústrias Reunidas F. Matarazzo; Cia Antártica Paulista e a Cia Swift do Brasil. Essas empresas renomadas e em plena ascensão atraíram muitas outras que deram impulso ao Bairro que chegou a ser o mais industrializado de São Paulo, com 125 indústrias de vários portes funcionando na década de 1970. A necessidade de mão de obra para manter o funcionamento das empresas atraiu moradores para a região e o Bairro foi totalmente ocupado, bem como os vazios no seu entorno (PISANI, 2011, s/p.).

De acordo com Villares, dentre as estratégias do projeto original, enumera-se:

1. Zoneamento dividido em diferentes áreas industriais, onde se localizaram os estabelecimentos manufatureiros, depósitos, armazéns e pátios de recepção e expedição;

2. Patamares grandes para os terrenos industriais (que exigiram movimentos grandes de terra) com caimentos gerais para o leito do Rio Pinheiros, acompanhando basicamente a topografia natural;

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Figura 2.13: Zona industrial Fonte: Villares, 1946, s/p.

Figura 2.14: Zona Industrial Fonte: Villares, 1946, s/p.

20 metros de largura;

4. Arborização com mais de 5.000 árvores, indicadas e fornecidas pelo horto florestal de São Paulo, para que houvesse uma adequação entre as espécies e o local;

5. Calçamento das vias com paralelepípedos;

6. Ligação ferroviária completa, com comunicação com todas as ferrovias do estado. Na época havia duas bitolas diferentes em uso, a Central, a São Paulo Railway e Paulista utilizavam a larga de 1,60 metros e a Cia Mogiana, a Noroeste e a Estrada São Paulo- Rio Grande a bitola estreita de 1,10 metros. O Bairro Industrial teve a oportunidade de instalar 17 chaves de desvios, com 12,7 km. de trilhos com os dois tipos de bitolas, podendo trabalhar com todas as ferrovias do País;

7. Ligação rodoviária eficiente e existente;

8. Previsão para porto hidroviário, devido à proximidade do Rio Pinheiros;

9. Água para uso industrial deveria ser retirada do Ribeirão Jaguaré;

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Figura 2.15: Grupo escolar. Fonte: Villares, 1946, s/p.

Figura 2.16: Restaurante. Fonte: Villares, 1946, s/p.

profundidade e intensidade do lençol freático;

11. Energia levada até o alinhamento dos lotes, feitas pela Light, bem como os fios telefônicos;

12. Coleta de lixo em toda a área;

13. Esgoto: foi resolvido com um projeto equivocado e impactante, usando o Rio Pinheiros como canal de lançamento de resíduos. Infelizmente era método usual nos anos de 1940 (VILLARES apud PISANI 2011, s/p.).

As ruas foram desenhadas de modo que o centro comercial fosse rodeado por residências e estas pelas indústrias.

Foram construídas residências, escola, restaurante, parque, praça de esportes, centros de recreação, igreja, escola profissional. Estavam previstos também, cinema e centro cívico, que não foram construídos.

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Figura 2.17: Estudo do estádio. Fonte: Villares, 1946, s/p.

Figura 2.18: Desenho dos belvederes, pavilhões rústicos e churrasqueiras.

Fonte: Villares, 1946, s/p.

desenho dos belvederes, pavilhões rústicos e churrasqueiras. A implantação do núcleo comercial Jaguaré, e a planta da loja e sobrado, projeto do Arquiteto João Francisco de Andrade (VILLARES, 1946, p. 266) são mostradas, respectivamente, nas figuras 2.19 e 2.20.

Uma década após o lançamento do bairro residencial apenas uma centena de casas, das 2.000 previstas, haviam sido construídas e a maior parte dos lotes foram vendidos sem qualquer tipo de construção: os novos moradores construíam por conta própria casas mais modestas e muitas vezes parcelando o lote para atender a mais de uma moradia ao mesmo tempo (FREIRE, 2006, p. 100).

A partir dos anos 1980, com o processo de desconcentração econômica, desindustrialização e obsolescência das antigas plantas industriais, a região enfrentou acentuada desvalorização. A partir dos anos 2000, inicia-se o processo de revitalização do bairro, através da utilização das antigas áreas industriais e armazéns para funções do serviço terciário da economia.

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Figura 2.19: Núcleo comercial Jaguaré Fonte: Villares, 1946, s/p.

Figura 2.20: Plantas do núcleo comercial Jaguaré. Fonte: Villares, 1946, s/p.

UITs do Jaguaré (SÃO PAULO, 2009), possui atualmente uma população de aproximadamente 45 mil habitantes.

Situado na Zona noroeste da cidade de São Paulo e às margens do rio Pinheiros, encravado entre o Rio Pequeno, Cidade Universitária - USP e a cidade de Osasco, o Jaguaré é formado pelo Parque Continental, Vila Lageado, Centro Industrial Jaguaré, Vila Jaguaré, Vila Gomes e a favela Vila Nova Jaguaré e constitui-se em um importante pólo econômico, misto de comércio, indústria, serviços e lazer, mas mantém a forte característica de área residencial. Cortada por importantes vias como o corredor das avenidas Jaguaré e Escola Politécnica, que dão acesso à Rodovia Raposo Tavares e consequentemente, ao Rodoanel Governador Mário Covas. Já a Avenida Corifeu de Azevedo Marques constitui-se em um meio de ligação entre o Butantã, Rio Pequeno, Jaguaré e o município de Osasco, onde se liga à Avenida dos Autonomistas, a partir da Vila Yara.

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Universitário da USP ou então ao Ponto Socorro da Lapa. Possui onze creches, sendo sete delas públicas e quatro particulares.

As figuras 2.20 à 2.22 a seguir mostram, respectivamente, a imagem de satélite do Sistema de informações para Habitação Social na cidade de São Paulo (HABISP) – ORTOFOTO – do ano de 2007; foto aérea do ano de 2000 e os equipamentos encontrados no bairro. Tanto na imagem de satélite quanto na foto aérea, nota-se o adensamento da favela Nova Jaguaré.

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Figura 2.23: Jaguaré em 1959.

Fonte: VAPS Aerofotometria SA apud FREIRE, 2006.

2.2. Favela Nova Jaguaré

A favela Nova Jaguaré, popularmente conhecida como Favela do Jaguaré, começou a ser formada no final dos anos de 1950, resultado de sucessivas invasões na área cedida pelo loteamento à Prefeitura do PMSP para se transformar em um parque público, mas que não apresentou monitoramento pelo poder Municipal. O espaço, nunca aproveitado, passou a ser invadido a partir das décadas de 1960 e 1970, com a intensificação da migração para a cidade.

A Figura 2.23 mostra uma foto aérea de 1959, onde se observa o desmatamento e a retirada de terra da área do parque.

Referências

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