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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE. ALINE FERREIRA DE LIMA. FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO EM EXPERIÊNCIAS EMOCIONAIS DE ADOLESCENTES EM REDES SOCIAIS DA INTERNET. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2012.

(2) UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE. ALINE FERREIRA DE LIMA. FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO EM EXPERIÊNCIAS EMOCIONAIS DE ADOLESCENTES EM REDES SOCIAIS DA INTERNET. Dissertação apresentada ao Programa de Pós graduação em Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Psicologia da Saúde. Orientador: Prof Dr. Manuel Morgado Rezende. Área de Concentração: Psicologia da Saúde Linha de Pesquisa: Processos Psicossociais. SÃO BERNARDO DO CAMPO 2012.

(3) A dissertação de mestrado sob o título “FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO EM EXPERIÊNCIAS EMOCIONAIS DE ADOLESCENTES EM REDES SOCIAIS DA INTERNET”, elaborada por Aline Ferreira de Lima foi apresentada e aprovada em 07 de março de 2012, perante banca examinadora composta por Manuel Morgado Rezende (Presidente/UMESP), Hilda Rosa Capelão Avoglia (Titular/UMESP) e José Tolentino Rosa (Titular/USP).. _____________________________________________ Prof. Dr. Manuel Morgado Rezende Orientador e Presidente da Banca Examinadora. _____________________________________________ Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno Coordenadora do Programa de Pós Graduação. Programa: Pós graduação em Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP Área de Concentração: Psicologia da Saúde Linha de Pesquisa: Processos Psicossociais.

(4) RESUMO. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que buscou investigar a percepção de fatores de risco e de proteção à saúde em adolescentes usuários de redes sociais na internet, caracterizar as experiências emocionais dos adolescentes, usuários das redes sociais da internet e discutir a contribuição das experiências das amizades virtuais para o vínculo afetivo no âmbito presencial. Esse trabalho foi realizado com 13 adolescentes, entre 16 e 18 anos, estudantes do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de São Paulo (SENAC São Paulo), no período de fevereiro a Julho de 2011, foi utilizado como instrumento para obtenção dos dados o Grupo Focal e o conteúdo foi registrado por meio de um gravador de voz e transcrito posteriormente. A análise dos dados foi realizada através da Grounded Theory. Durante esse estudo foi possível investigar os fatores de risco e de proteção à saúde em adolescentes usuários das redes sociais na internet, destacamos alguns mecanismos importantes de proteção, como o bloqueio de suas informações pessoais a desconhecidos para se protegerem de riscos decorrentes de uso indevido do material postado na rede.. Palavras-chave: adolescentes, experiências emocionais, fatores de risco e de proteção, internet..

(5) ABSTRACT. This is a qualitative survey that investigated the perception of risk factors and health protection in adolescent users of social networking sites, to characterize the emotional experiences from the adolescents, social network users at the Internet and discuss the contribution of the experiences of virtual friendships for the emotional links in the live context. This work was conducted with 13 adolescents between 16 and 18 ages, students of the National Service of Commercial Learning (Senac São Paulo), from February to July 2011, was used as an instrument for data collection the Focus Group and the content was recorded by means of a voice recorder, and subsequently transcribed. Data analysis was performed using Grounded Theory. During this study it was possible to investigate the risk factors and health protection in adolescent users of social networks at the Internet, we highlight some important mechanisms of protection, such as blocking of your personal information to strangers in order to protect of risks arising from improper use of the material posted on the web.. Key-words: Adolescents; emotional experiences, risk factors and protective factors; Internet..

(6) SUMÁRIO. 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5 1.1 A INTERNET NO BRASIL .................................................................................. 6 1.2 ADOLESCENTES E AS EMOÇÕES.................................................................. 7 1.3 FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO ............................................................. 18. 2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 20. 3. MÉTODO ............................................................................................................ 21 3.1 PARTICIPANTES DO ESTUDO ...................................................................... 22 3.2 PROCEDIMENTOS E COLETA DE DADOS ................................................... 23 3.3 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................... 25. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 27. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 54. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 68 ANEXOS ................................................................................................................... 70.

(7) 5. 1 INTRODUÇÃO. A sociedade contemporânea apresenta uma profusão de novas tecnologias que mediam as relações sociais. Um dos recursos mais difundidos, a internet, enquanto ferramenta de comunicação apresenta novas possibilidades de raciocínio lógico e que permitem a comunicação imediata, a extensão das fronteiras físicas, e mesmo, uma economia globalizada. Esta nova realidade vem exigir do sujeito humano, novas acomodações e é, ainda, desconhecida a repercussão plena dessa mudança tecnológica. A internet é marcada, por exemplo, pela possibilidade do anonimato e por uma certa indefinição no que se refere às regras de funcionamento. Vivemos uma realidade em que a economia é global, a educação é à distância, o namoro é virtual, a amizade parece sobreviver sem a interação face-aface, diferentes culturas se intercomunicam. Este trabalho visa contribuir para a compreensão dos processos pelos quais o indivíduo vivencia a afetividade, buscando uma colaboração a compreensão das experiências emocionais vividas por adolescentes nas amizades em redes sociais na internet. A internet é um meio de comunicação que está transformando o cenário social da vida humana, podendo afetar as nossas interações sociais, seja quantitativa ou qualitativamente. Se esta jovem modalidade de comunicação colocar em questão ou modificar a maneira como nos comunicamos, como interagimos, pode ser que afete também os nossos processos. de. internalizações,. produzindo. influências. na. constituição. dos. sentimentos e personalidade, formas de mediação e modulando por esta via novas expressões culturais. Cada indivíduo pode assumir diferentes papéis sem se comprometer com nenhum, por outro lado, a ausência de identificação pessoal possibilita a fantasia e imaginação. Não há algo que assegure que o que está sendo dito seja verdadeiro (e muitas vezes não se deseja que essas interações ultrapassem as fronteiras da fantasia). Na verdade, essa é uma das razões apontadas para a procura por este tipo de “encontro” – o compartilhamento de idéias e sentimentos com o mínimo de compromisso (Schnarch, 1997; Wysocki, 1998)..

(8) 6. 1.1 A INTERNET NO BRASIL. No Brasil a utilização da internet é cada vez mais significativa. Segundo o instituto Ibope Nielsen Online, de outubro de 2009 a outubro de 2010, o número de usuários ativos (que acessam a Internet regularmente) cresceu 13,2%, atingindo 41,7 milhões de pessoas. Somado às pessoas que possuem acesso no trabalho, o número sobe para 51,8 milhões. 38% das pessoas acessam a web diariamente; 10% de quatro a seis vezes por semana; 21% de duas a três vezes por semana; 18% uma vez por semana. Unida através de uma linguagem comum, a Internet permite aos usuários individuais que interajam, a seu modo, com qualquer outra rede ou usuário individual que seja também parte do sistema. Inicialmente a rede foi vista como anárquica por não apresentar estrutura hierárquica de uma pirâmide e seu crescimento ocorrer horizontalmente, sem comando central. A Internet e sua aplicação mais proeminente, a World Wide Web (ou WWW), são por sua natureza, desprovidos de limites territoriais tradicionais, os usuários acessam suas contas de Internet virtualmente de qualquer lugar no mundo através de satélites, dispositivos sem fio. Estes dados atestam a crescente importância que a comunicação por computador vem assumindo na vida das pessoas, e evidenciam a necessidade de melhor compreendermos as características deste meio a fim de podermos avaliar as suas possíveis repercussões sobre os indivíduos. A internet parece estar promovendo modificações importantes na forma das pessoas se relacionarem, especialmente no que tange à revelação de aspectos íntimos do si mesmo. Ela parece estar propiciando um novo ambiente, mais seguro, para a exposição de si, isenta de constrangimentos e sanções sociais devido às características do contexto. Segundo a definição da Unesco (2001), o ciberespaço é um novo ambiente humano e tecnológico de expressão, informação e transações econômicas. Consiste em pessoas de todos os países, de todas as culturas e linguagens, de todas as idades e profissões fornecendo e requisitando informações; uma rede mundial de computadores interconectada pela infraestrutura de telecomunicações que permite à informação em trânsito ser processada e transmitida digitalmente..

(9) 7. 1.2 ADOLESCENTES E AS EMOÇÕES. A adolescência é uma fase do desenvolvimento oportuna para o estudo deste fenômeno, pois essa etapa de vida, tal como é concebida hoje, é produto de transformações ocorridas em nossa sociedade decorrentes da modernidade (Ruffino, 1993). As amizades arcaicas da criança mudam de caráter durante a adolescência a presença de impulsos e sentimentos muito fortes, comum nesse estágio da vida, cria amizades muito intensas entre os jovens, principalmente entre os membros do mesmo sexo. A idealização de certas pessoas é acompanhada pelo ódio a outras, que passam a serem vistas da pior maneira possível, principalmente com pessoas imaginárias tais como: vilões de filmes e da literatura, pessoas reais bem distantes do indivíduo (líderes políticos do partido opositor, por exemplo) essa divisão entre amor e ódio parece servir para manter as pessoas amadas em maior segurança, tanto na realidade quanto na mente do indivíduo, pois cria a impressão de que é possível manter o amor intacto. As amizades na adolescência são geralmente muito instáveis. Uma razão para isso é a força dos sentimentos sexuais (conscientes ou inconscientes) que participam delas e as perturbam. O sentimento de posse e o ressentimento, que levam as exigências excessivas, são elementos que dificultam a amizade; na verdade, todo tipo de emoção exagerada pode arruiná-la. Quando isso acontece, descobrimos pela investigação psicanalítica que situações arcaicas de desejos insatisfeitos, de ressentimento, de voracidade e ciúme vieram à tona. As redes sociais de relacionamento da internet oferecem oportunidade frutífera para a exploração de diferentes papéis e experimentação de diversas opções. Não se sabe ainda quais serão os efeitos dessa forma de mediação na formação da identidade pessoal dos sujeitos. As redes sociais de relacionamento da internet podem se configurar como elemento catalisador dos processos de desenvolvimento, considerando que pode otimizar a exploração de papéis e identidades ou como influência desorganizadora do sistema, ocasionando a persistência da crise de identidade. A internet é espaço de estimulação e de situações de fragmentação da experiência, o que guarda em si possibilidades de modificação do sujeito em níveis de desenvolvimento. A internet, em especial nas redes sociais de relacionamento.

(10) 8. guarda como característica uma explosão de possibilidades, de papéis, de personalidades, por vezes incompatíveis ou contraditórias, exigindo do sujeito constantes sínteses. A internet, como uma forma de comunicação, media a relação dos sujeitos com seu mundo. Na adolescência, os comportamentos de apego de uma criança a seus pais, sofre uma grande mudança, tornando-se ainda menos visíveis. Ao mesmo tempo, o vínculo com outros adultos e pessoas da mesma idade adquire maior importância. Bowlby (1990, p.23), dizia “alguns adolescentes desligam-se inteiramente de seus pais, outros permanecem intensamente apegados e, entre os dois extremos situam-se aqueles que mantém o apego a seus pais sendo capazes também de estabelecer fortes vínculos afetivos com outras pessoas.” De acordo com Bee, Erickson (1973, p.127) escreve: “durante a vida adulta quando, as tarefas centrais do indivíduo são a criatividade profissional, o treinamento da próxima geração e finalmente, a adoção de um estilo de vida que lhe permita uma maior proximidade de sua identidade básica, muitas pessoas dirigem seus comportamentos de apego às instituições, grupos de trabalho, grupos religiosos e políticos entre outros, fazendo muitas vezes dessas instituições a figura de apego principal em suas vidas.” Embora Bowlby, (1990, p.41) afirme ser natural, em algumas situações particularmente estressantes, haver um recrudescimento dos comportamentos de apego, mesmo em indivíduos adultos, não representando uma patologia, é importante que o clínico possa diferenciar essas situações de um modelo patológico de funcionamento. Podemos pensar em algumas questões que fazem parte de nosso cotidiano e que talvez possam ser reflexos de padrões de apego desenvolvidos na primeira infância: Indivíduos que chegam à vida adulta demonstrando por seus parceiros, ciúmes excessivos, ou uma necessidade incomum de proximidade física. Ou, por outro lado pessoas que evitam vínculos afetivos mais íntimos, teriam sido crianças com padrões de apego inseguros na infância? Ou ainda, a própria vinculação aos grupos de trabalho ou religiosos de que fala Erickson, pode assumir um tom de compensação patológica? Existe influência das redes sociais no desenvolvimento de padrões de apego?.

(11) 9. Estas questões nos parecem pertinentes, já que o apego tem sido considerado como um importante fator constituinte da personalidade, tendo sido incluída no DSM-IV uma classificação diagnóstica para estas disfunções sob o título de “Transtorno de Apego Reativo na Infância”, descrito como: “...ligação acentuadamente perturbada e inadequada ao nível de desenvolvimento na maioria dos contextos, com início antes dos 5 anos de idade e associada ao recebimento de cuidados amplamente patológicos” (DSM-IV pg. 113 ). O apego aparece como um dos aspectos constituintes da personalidade do indivíduo que tem implicações através de fatores como as características da mãe, o temperamento da criança e o meio social em que vive a dupla. Por outro lado, o padrão de apego desenvolvido no primeiro ano de vida influencia a formação da auto-imagem e auto-conceito, fazendo das crianças que tiveram um modelo de apego seguro, indivíduos mais competentes e aceitos socialmente. Bowlby (1990, p.56) enfatiza que “variável alguma tem mais profundos efeitos sobre o desenvolvimento da personalidade do que as experiências infantis no seio da família: a começar dos primeiros meses e da relação com a mãe”. Portanto não nos parece errado afirmar que a relação entre apego seguro autoimagem realista - autoconceito positivo, contribua substancialmente para a formação de adultos realizadores e auto realizados, tendendo sempre para o crescimento e positividade pessoal e social. Há uma diferença entre inveja, ciúme e voracidade. A inveja é o sentimento raivoso de uma pessoa contra alguém que possui algo desejável, tendendo a um impulso invejoso de estragar este algo. O invejoso sofre ao ver outro possuir o que ele quer para si. Também pressupõe a relação do indivíduo com uma só pessoa e refere-se à mais arcaica e exclusiva relação com a mãe. O ciúme é baseado na inveja, mas difere-se devido serem envolvidas na relação no mínimo três pessoas. Diz respeito principalmente no amor, que a pessoa sente que lhe é devido e lhe foi tirado ou será tirado por um rival. O ciumento teme perder o que possui. A voracidade é uma ânsia impetuosa e insaciável, que excede aquilo que o indivíduo necessita e que o objeto é capaz e está disposto a dar. É um aspecto destrutivo da identificação projetiva, começando desde o início da vida..

(12) 10. Considerando o inconsciente, a voracidade visa, primeiramente, escavar completamente, sugar até deixar seco e devorar o seio, ou seja, seu objetivo é a introjeção destrutiva, ao passo que a inveja procura não apenas despojar dessa maneira, mas também depositar maldade, primordialmente excrementos maus e partes más do self, dentro da mãe, acima de tudo dentro do seu seio, a fim de estragá-la e destruí-la. Ao descrever o desenvolvimento emocional das crianças pequenas Melanie Klein (1996) observou que os impulsos agressivos delas originam fortes sentimentos de culpa e medo de que a pessoa amada morra. Isso faz parte dos sentimentos de amor reforçando-os e intensificando-os. O medo da morte da pessoa amada faz com que a criança se afaste até certo ponto dela, e simultaneamente, cria o impulso de recriá-la e de reencontrá-la em cada novo projeto. Há uma manifestação da tentativa de fugir da mãe e manter o apego original a ela. Quando surgem conflitos entre amor e ódio na mente do bebê, e o medo de perder o objeto amado entra em ação, ocorre um avanço muito importante no desenvolvimento. A inveja excessiva pode gerar um aparecimento prematuro da culpa – que se for experimentada por um ego ainda incapaz de tolerá-lo,será sentida como perseguição; transformando o objeto em um perseguidor. Então o bebê não pode elaborar nem a ansiedade depressiva e nem a persecutória, pois elas se confundem uma com a outra. Alguns meses mais tarde, na posição depressiva, o ego mais integrado e fortalecido tem mais capacidade de tolerar a dor da culpa e desenvolver defesas correspondentes, principalmente. a. tendência. a fazer. reparação. É provável que uma das mais profundas fontes de culpa esteja ligada a inveja do seio nutridor e ao sentimento de ter estragado sua “bondade”através de ataques invejoso. Para Melanie Klein (1996), o primeiro objeto a ser invejado é o seio nutridor, pois o bebê sente que o seio possui tudo o que ele deseja e que tem um fluxo ilimitado de leite e amor que guarda para sua própria gratificação. Esse sentimento soma-se a seu ressentimento e ódio, e o resultado é uma relação perturbada com a mãe. A própria disponibilidade do leite original também inveja, pois, embora o bebê se sinta gratificado, essa facilidade fica parecendo um dom inatingível. O invejoso pode compreender algo como crítica ou não sentir-se digno daquilo, devido à culpa por ter desvalorizado tal auxílio, indivíduos menos invejosos demonstram gratidão.

(13) 11. como se recebessem uma dádiva. “O bebê só pode sentir satisfação completa se a capacidade de amar é suficientemente desenvolvida; e é a satisfação que forma a base da gratidão.” (Klein, 1996, p.219). Segundo Klein (1996) uma personalidade bem integrada é a base da saúde mental. Maturidade emocional, força de caráter, capacidade de lidar com emoções conflitantes, equilíbrio entre a vida interna e a adaptação a realidade e uma bem sucedida fusão de diferentes partes da personalidade bem integrada. Mesmo numa pessoa emocionalmente madura, fantasias e desejos infantis persistem em alguma medida. Se forem vivenciados e elaborados com êxito, principalmente no brincar da criança, formam uma fonte de interesses e de atividade, enriquecendo a personalidade. Porém se o ressentimento em relação aos desejos irrealizados se tiver mantido muito potente e então sua elaboração tiver sido impedida, as relações pessoais e o prazer proveniente de diversas origens ficam perturbados, e tornar-se difícil aceitar os substitutos que seriam apropriados em estágios posteriores do desenvolvimento e o sentido da realidade fica prejudicado. A maturidade emocional consiste em sentimento de perda que possam ser contrabalançadas até certo ponto pela capacidade de aceitar substitutos, e então as fantasias infantis não perturbam a vida emocional adulta. A força de caráter se baseia em processos muitos antigos. A primeira relação onde a criança vivencia sentimentos de amor e ódio é na relação com a mãe. Se os aspectos bons da mãe introjetada são sentidos como predominando sobre os aspectos frustradores, essa mãe internalizada se torna um alicerce para a força do caráter, pois o ego pode desenvolver suas potencialidades sobre tal base. O êxito dessa primeira relação se estende as relações com os outros membros da família e as pessoas em geral. A lealdade com relação ao que é amado ou tido como certo implica que os impulsos hostis ligados a ansiedade, que nunca são inteiramente eliminados, passam a serem dirigidos aqueles objetos que colocam em perigo o que é sentido como bom. Klein (1996, p.307) enfatiza que: “O equilíbrio depende de certo ‘insight’ sobre a variedade de nossos impulsos e sentimentos contraditórios e da capacidade de fazer face a esses conflitos internos”.

(14) 12. A vida interna sempre influência as atitudes em relação à realidade externa e, por sua vez, é influenciada pelo ajustamento ao mundo da realidade. Equilíbrio não significa evitar conflitos, mas sim força para atravessar emoções penosas e poder lidar com elas.. Os pais amados e odiados são originalmente objeto tanto de. admiração, quanto de ódio e depreciação. Na adolescência, há uma forte tendência de afastar-se dos pais devido esses conflitos e desejos sexuais relacionados a eles voltarem a ganhar força. “Tanto na mente inconsciente da criança quanto na do adulto, ao lado dos impulsos destrutivos há uma profunda ânsia de fazer sacrifícios, a fim de ajudar e restaurar as pessoas amadas que foram feridas ou destruídas na fantasia.” (Klein,1996, p.352) Esses sentimentos conflitantes e opressivos para a mente da criança pequena por vezes são bloqueados ou submersos sendo expressos parcialmente na relação com outras pessoas (babás, tias, tios...). O bebê apresenta uma forte curiosidade pelas coisas que acontecem a sua volta, assim como pelas pessoas. Mas tais fatos não bastam para explicar sua habilidade de desprender-se da mãe, pois na sua mente inconsciente ainda está muito ligado a ela. Isso faz com o bebê tema a perda da mãe- uma vez que a voracidade frustrada e o ódio são inevitáveis e a dependência dela, portanto, ele se afasta. Então encontra novos objetos de interesse e prazer, obtendo a capacidade de transferir o amor para outras coisas e pessoas, interesse e prazer, obtendo a capacidade de transferir o amor para outras coisas e pessoas. Esse relacionamento é em parte uma tentativa de fugir da pulsão que empurra o indivíduo para o sexo oposto, por motivos internos e externos. Como por exemplo: o menino que tem seus desejos e fantasias ainda muito ligados a mãe e as irmãs. Tanto meninos quanto meninas nesse estágio percebem os impulsos direcionados ao sexo oposto como um grande perigo, fazendo com que a pulsão impedida às pessoas do mesmo sexo fique mais forte. Já na amizade na vida adulta, apesar de tendências homossexuais inconscientes fazerem parte da amizade entre pessoas do mesmo sexo, os sentimentos afetivos são parcialmente dissociados daqueles de caráter sexual..

(15) 13. Compartilhamos interesses e prazeres com uma amiga, mas também podemos gozar sua felicidade e sucesso, mesmo quando estes nos escapam. Sentimentos de inveja e ciúme podem cair para o segundo plano se a nossa capacidade de nos identificarmos com ela for forte o suficiente, permitindo-nos lidarmos com ódio, o ciúme, a insatisfação e o ressentimento que temos pela mãe; quando podemos ficar felizes ao vê-la feliz, quando percebermos que nunca a ferimos ou que podemos reparar os danos que lhe foram feitos em fantasia. Quando isso acontece, descobrimos pela investigação psicanalítica que situações arcaicas de desejos insatisfeitos, de ressentimento, de voracidade e ciúme vieram a tona. “A agressividade arcaica da criança estimula a pulsão de compensação e restauração, de colocar de volta dentro da mãe as coisas boas que roubou em fantasia”. (Klein,1996, p.375) Tudo de bom e mau que passamos nos primeiros dias de vida, tudo que recebemos do mundo externo e sentimos em nosso mundo interno, as experiências felizes e tristes, as relações com as pessoas, atividades; ou seja, tudo o que vivemos faz parte de nós mesmos e ajuda a construir nossa personalidade. Klein apontou para a importante influência que os nossos relacionamentos mais remotos exercem sobre os posteriores e também como influenciam fundamentalmente o nosso relacionamento com nós mesmos. Se, ao explorar a mente inconsciente conseguimos compreender a força e a profundidade dessa primeira ligação com a mãe e com o alimento que ela fornece- assim como a intensidade com que ela permanece na mente inconsciente do adulto- podemos nos perguntar como é possível que a criança se desprenda cada vez mais da mãe, obtendo gradualmente sua independência (Kein, 1996, p.366).. Colocamos as pessoas que amamos num altar na nossa mente; em situações difíceis, às vezes sentimos que somos guiados por elas ou nos perguntarmos como elas se comportam, e se aprovariam ou não as nossas atitudes. Essas pessoas representam os pais amados e venerados. Entretanto não é fácil para a criança estabelecer uma relação harmoniosa com eles. Impulsos arcaicos são seriamente inibidos e perturbados por impulsos de ódio e pelo sentimento de culpa inconsciente que estes despertam..

(16) 14. Se por um lado, há crianças que ao serem tratadas de forma desfavorável desenvolvem, na mente inconscientemente, figuras severas e cruéis dos pais, o que afeta de forma desastrosa toda a sua atitude mental, por outro há aquelas que são afetadas de forma bem menos adversa pelos erros e falta de compreensão dos pais (Kelin, 1996, p.381).. Há crianças que são capazes de tolerar com mais facilidade as diferenças sociais e também apresentam maior flexibilidade em lidar com elas. Por motivos internos, desde o início são capazes de suportar frustrações, sejam elas inevitáveis ou não, fazem isso, sem serem tomadas pelos seus próprios impulsos de ódio e desconfiança. Mas nenhuma criança tem a mente livre do medo e da desconfiança. Se a relação com os pais estiver estabelecida principalmente na confiança e no amor, firmá-los na mente como figuras prestativas que nos guiam e são uma finte de conforto e harmonia, passando a ser o protótipo de todas as nossas relações de amizade pelo resto da vida. Nos relacionamentos adultos, nos comportamos com certas pessoas da mesma forma como nossos pais se comportavam conosco (nos dando amor) ou como gostaríamos que tivessem comportando-se, revertendo, portanto, situações arcaicas. Múltiplos fatores, na interação permanente entre as influências originárias do mundo externo e as forças internas do indivíduo, trabalham juntos para criar uma relação adulta. Os vínculos afetivos são importantes para um crescimento e maturação saudável, sem distúrbios emocionais. Sem esses vínculos, a criança pode apresentar comportamentos desfavoráveis que resultam em ansiedade e medo, que podem causar desde problemas emocionais até outros mais sérios como depressões e prejuízo na formação da personalidade. O que faz com que pessoas estabeleçam vínculos entre si? De acordo com Bowlby, (1997, p.148), o sentimento de amar o outro não surge com qualquer pessoa, mas sim com algumas pessoas em particular. A atração que a pessoa sente por outra é chamada de vínculo afetivo. O vínculo entre as pessoas são coisas esperadas de acontecer entre os seres humanos. Segundo o mesmo autor, um dos vínculos mais comuns existentes, é entre mãe e filho pequeno, que vai até sua idade adulta..

(17) 15. A vinculação afetiva é resultado do comportamento social de cada pessoa. Uma das principais características é que as pessoas tentam se manterem próximas uma das outra, e quando alguém tenta separá-las encontra grande resistência. Os vínculos afetivos e suas emoções caminham juntos. Sendo assim, muitas das emoções humanas aparecem durante a formação, a manutenção, a renovação e o rompimento de vínculos afetivos. A formação de vínculo afetivo seria como se apaixonar por alguém, a manutenção como amar, e a perda acaba gerando ansiedade, causando tristeza. A capacidade das pessoas estabelecerem um vínculo afetivo já faz parte de suas vidas, é tão normal quanto a capacidade de ver, comer, ouvir, etc. Mas então o que a privação de vínculos afetivos pode causar a uma pessoa? Para Bowlby (1997, p.264), surgem muitos distúrbios psiconeuróticos e da personalidade nas pessoas que não conseguem desenvolver seu vínculo afetivo, por causa de uma falha ocorrida no desenvolvimento infantil ou por outro transtorno ocorrido. A dificuldade de manter um vínculo afetivo pode estar relacionada a falhas no desenvolvimento infantil em um ambiente familiar desfavorável. Uma das causas possíveis de distúrbios psiquiátricos na infância é causada pala falta de oportunidade de estabelecer um vínculo afetivo ou então rupturas de vínculos que já foram estabelecidos. A depressão está associada à perda, ao divórcio, e a separação que a pessoa vivencia durante a infância. Na maioria dos grupos psiquiátricos, aparecem muitos casos de rompimento de vínculos afetivos na infância, que inclui tanto os vínculos com os pais como com as mães. De acordo com Bowlby (1997, p.114), Embora esteja estatisticamente e clinicamente comprovada a existência de uma relação causal entre distúrbios psicológicos e uma separação ou perda ocorrida em alguma fase da infância, adolescência, ou até mesmo mais tarde, subsistem numerosos problemas na compreensão dos processos em atividade e também das condições exatas que determinam se o resultado é bom ou ruim..

(18) 16. Para ele, o rompimento do vínculo afetivo durante a infância pode dificultar a capacidade de mantê-lo e causar perturbações da personalidade durante a adolescência Parte daquilo que amamos em nós mesmos forma-se por tudo o que acumulamos através de nossas relações com pessoas externas, pois essas relações e as emoções ligadas a ela tornam-se uma posse interna. Odiamos em nós mesmos figuras severas que também fazem parte do nosso mundo interior e que é em grande parte o resultado de nossa própria agressividade contra os pais. Porém, no fundo, o nosso maior ódio está voltado contra o ódio dentro de nós mesmos. Somos levados a empregar uma das nossas defesas mais fortes, transferindo-o para outras pessoas; projetando-o. No entanto, também deslocamos o amor para o mundo externo, mas só fazemos de forma verdadeira se estabelecemos boas relações com as figuras amistosas dentro da nossa mente. Cria-se então um círculo benigno, pois primeiro ganhamos amor e confiança pelos nossos pais, depois colocamos, por assim dizer, com todo esse amor e confiança dentro de nós mesmos; a partir daí, também podemos devolver parte dessa fartura de sentimentos amorosos para o mundo externo. Há um círculo semelhante- o ódio; ele faz com que estabeleçamos figuras assustadoras na nossa mente, o que leva a atribuir a outras pessoas características desagradáveis em relação a nós, enquanto uma atitude amistosa e confiante de nossa parte pode despertar a boa fé e benevolência dos outros. Essas variações também se devem a uma diferença de atitude e de caráter, então a amargura de sentimento, que ela se volte contra as pessoas, o destino ou ambos; como na maioria dos casos, cria suas raízes principalmente durante a infância, podendo ser intensificada em estágios posteriores da vida. A capacidade de inverter as situações da fantasia e de se identificar com os outros, capacidade que é uma das grandes características da mente humana, possibilita ao indivíduo distribuir entre os outros a ajuda e o amor de que ele próprio necessita, obtendo desse modo conforto e satisfação para si mesmo. Se o amor não foi sufocado pelo ressentimento e o ódio, mas sim firmou-se com segurança na mente, a confiança nas outras pessoas e a crença do indivíduo na sua própria bondade suportará os golpes das circunstâncias- alguma infelicidade por exemplo..

(19) 17. A capacidade de “dar e receber” terá se desenvolvido em nós de uma maneira que assegura nosso contentamento, ao mesmo tempo em que contribuí para o prazer, o conforto e a felicidade dos outros. Trata-se de um período no qual o indivíduo deve integrar suas experiências passadas às novas capacidades e habilidades emergentes, assim como as mudanças biológicas, cognitivas, emocionais e sociais na conquista de um senso de identidade (ERIKSON, 1971). As características psicológicas, as manifestações comportamentais e a adaptação social do adolescente dependem da cultura e da sociedade em que o processo do adolescer acontece, porém alguns aspectos são universais. Ao mesmo tempo, estas características variam dentro de uma mesma sociedade quando são considerados aspectos socioeconômicos (LEVISKY, 1998). Segundo Levisky, (1998) a adolescência é uma fase de desorganização psíquica. O adolescente não possui ainda a capacidade de organizar os conflitos e aspectos primitivos que vêm à tona e ao lidar com seus impulsos agressivos e sexuais, ao invés de elaborá-los internamente, ele, muitas vezes os descarrega em uma ação para satisfazer os desejos imediatos. Levisky (1998) declara não haver como compreender a adolescência estudando-se separadamente os aspectos biológicos, psicológicos e sociais, é necessário considerarmos, portanto, o modo de vida dessas adolescentes, a sua classe social, a sua cultura e os seus costumes. O adolescente passa por uma ruptura com o passado que modifica sua vida psíquica e também lhe oferece novas perspectivas, esperanças e medos, muitos conflitos são vivenciados nessa fase. Ressalta-se que esta é uma fase do desenvolvimento. em. que. comumente. mostram-se. aspectos. que. parecem. patológicos. Levisky (1998) constatou que o adolescente atravessa esse período da vida com muito sofrimento em conseqüência das perdas sucessivas e abrangentes que ocorrem em seu corpo infantil, no seu mundo interno e na qualidade de suas relações consigo mesmo, com as pessoas, com o tempo e com o espaço (BAUMAN, 2004)..

(20) 18. 1.3 FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO. Segundo Heidegger, o risco é inerente à vida (1980), ao movimento, e à possibilidade de escolha. Viver é correr risco e por isso a incerteza é um componente essencial da existência e igualmente do conceito de risco. São muitos os fatores de risco, crônicos ou agudos, que estariam afetando a capacidade de resiliência de crianças e adolescentes. Condições de pobreza, rupturas na família, vivência de algum tipo de violência, experiências de doença no próprio indivíduo ou na família e perdas importantes são alguns exemplos. Eventos considerados como risco são obstáculos individuais ou ambientais que aumentariam a vulnerabilidade da criança para resultados negativos no seu desenvolvimento. Seja como for que se constitui o risco, é possível aprender formas de enfrentamento a partir da convivência com indivíduos que o vivenciaram e ultrapassaram com sucesso. A resposta do indivíduo ao risco tem sido descrita em termos de vulnerabilidade e resiliência. Por vulnerabilidade entende-se a predisposição individual para desenvolver variadas formas de psicopatologias ou comportamentos não eficazes, ou susceptibilidade para um resultado negativo no desenvolvimento. No outro lado, está a resiliência, como a predisposição individual para resistir às conseqüências negativas do risco e desenvolver-se adequadamente. Diante dos fatores potencialmente geradores de desequilíbrio para cada indivíduo, os mecanismos de proteção são essenciais para o restabelecimento do equilíbrio perdido e demonstração de competência apesar da adversidade. As interações sociais assumem grande importância na medida em que se constituem em um espaço de experimentação e reflexão para a construção de uma nova representação de si, esse novo modelo de comunicação mediado por tecnologias e redes. Com a globalização acelerada a sociedade atual favorece um ambiente onde o real e o virtual se confunde e os valores transmitidos podem assumir o papel de modelos idealizados de identificação. Atualmente, o adolescente é visto tanto como particularmente sensível a mudanças sociais como gerador dessas transformações, assim os adolescentes protagonizam a experiência da nova modalidade de comunicação,.

(21) 19. A relevância deste estudo reside na percepção dos adolescentes quanto à compreensão das experiências emocionais que se estabelecem por meio das redes sociais na internet..

(22) 20. 2 OBJETIVOS. Investigar a percepção de fatores de risco e de proteção à saúde em adolescentes usuários de redes sociais na internet. Caracterizar as experiências emocionais dos adolescentes estudantes do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, usuários das redes sociais da internet. Identificar e discutir os critérios utilizados pelos adolescentes para a definição das informações a serem publicadas em seu perfil na rede social..

(23) 21. 3 MÉTODO. Estudo exploratório com delineamento qualitativo foi realizado inicialmente um levantamento do perfil do adolescente usuário das redes sociais na internet, buscando identificar as correlações encontradas na literatura. O grupo focal foi utilizado como instrumento de coleta de dados nessa pesquisa. Para Osório (2000), as modalidades de grupos focais são: exploratórios, clínicos e vivenciais. Esta pesquisa utilizou o modelo exploratório. Um roteiro para padronizar os temas a serem abordados nos grupos foi aplicado, a fim de identificar o posicionamento emocional dos sujeitos em situações de interação virtual. Pretendeu-se analisar, a partir da perspectiva sócio-histórico cultural, a influência das redes sociais de relacionamento na internet no desenvolvimento das experiências emocionais de adolescentes. Para investigação foi utilizado o método da Grounded Theory (PIRES, 1990) que é baseada na análise sistemática dos dados, reuniu-se um volume de informações sobre o fenômeno observado, comparando-as, codificando-as, extraindo as regularidades, enfim, seguindo detalhados métodos de extração de sentido destas informações. O roteiro utilizado para investigar a percepção de fatores de risco e de proteção à saúde em adolescentes usuários de redes sociais na internet, caracterizar as experiências emocionais dos adolescentes estudantes do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, usuários das redes sociais da internet e discutir os critérios de escolha para a definição de informações verdadeiras e falsas utilizadas pelos adolescentes em seus perfis na rede social, áreas que compõe os objetivos da pesquisa foi: “Quais são as redes sociais que vocês participam e quais são as diferenças entre elas?” Nesta questão pretende-se caracterizar as experiências dos adolescentes nas redes sociais. Também será estimulada a discussão dos objetivos das redes sociais e o que caracterizam as experiências emocionais..

(24) 22. “Quais são as estratégias utilizadas para definir as informações que serão publicadas?” Aqui procura-se entender se os adolescentes percebem os fatores de risco e de proteção que a utilização das redes sociais possibilitam. “O que você acha que é falso nas redes sociais?” Com esse questionamento pretende-se discutir os conceitos de verdade e mentira explícitos nos perfis das redes sociais. Para iniciarmos as atividades, definimos as regras de participação: a) todos devem se comprometer com o sigilo e respeito sobre as opiniões expressas na atividade; b) é importante que cada um fale por vez; c) todos podem falar o que pensam; d) evitem discussões que não estão no contexto da pesquisa.. 3.1 PARTICIPANTES DO ESTUDO. O estudo foi desenvolvido na unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, na cidade de São Paulo, em sala utilizada para a realização de aulas, contendo carteiras escolares, equipamentos de informática com aceso à internet. Participaram do estudo 13 adolescentes, entre 16 e 18 anos, provenientes do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de São Paulo (SENAC São Paulo), alunos do programa Aprendizagem, que objetiva a formação do sujeito com competências comportamentais básicas necessárias para atuação no mercado de trabalho, que e caracterizado por possibilitar o ingresso do jovem no mercado de trabalho e que propõe o acompanhamento metódico das atividades de aprendizagem realizadas pelo aluno na empresa, mediante reuniões de trabalho, contextualização das experiências desenvolvidas em sala de aula que contempla sistematização das novas experiências, descobertas, problemas e soluções. Foi formado um grupo totalizando 13 participantes com faixa etária entre 16 e 18 anos, os grupos pertencem à classe social D, a distribuição dos participantes foi feita segundo a Tabela1 para Grupo 1.. Tabela 1. Número de sujeitos por idade e gênero do G1.

(25) 23. 16 anos. 17 anos. 18 anos. Gênero feminino. 2. 1. 1. Gênero masculino. 4. 2. 3. 3.2 PROCEDIMENTOS E COLETA DE DADOS. Foi estabelecido o contato com a escola e considerando sua autorização e concordância, enviou-se ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) o protocolo para autorização da pesquisa. A partir de uma listagem de todas as turmas da Aprendizagem da escola dos turnos matutino e vespertino foi selecionada aleatoriamente 1 turma de ensino médio. O contato com os alunos foi feito por meio da interação do docente responsável pela turma, este cedeu parte de suas aulas e apresentou a pesquisadora à sala. Nessa mesma data a pesquisadora explicou os objetivos da pesquisa, os adolescentes que concordaram em participar da pesquisa foram informados sobre o os procedimentos que seriam realizados, de sua metodologia e objetivos, bem como de que poderiam, a qualquer momento, desistir de sua participação sem sofrer qualquer tipo de prejuízo, bem como seus responsáveis se o participante na data da pesquisa possuir idade inferior a 18 anos. Foram informados de que seus nomes serão preservados e elas não serão identificadas por ocasião da divulgação dos dados da pesquisa, e que os materiais e os dados obtidos ao final da pesquisa serão arquivados na Universidade Metodista de São Paulo, respeitando sempre a privacidade e os direitos individuais dos sujeitos da pesquisa. Os participantes foram esclarecidos quanto à voluntariedade, gratuidade e sigilo dos dados conforme termo de consentimento livre e esclarecido, os termos foram entregues aos adolescentes, os que possuem idade igual ou superior a 18 anos, se responsabilizaram, e os que possuem idade inferior a 18 anos levaram o termo de consentimento livre e esclarecido para o seu responsável legal assinar..

(26) 24. A pesquisa foi realizada na sala em que os adolescentes freqüentam as aulas, sendo assim, em todas as sessões quando a pesquisadora chegou o grupo já estava em sala de aula, ao entrar a pesquisadora respeitando sempre as necessidades de silêncio e conforto, realizava a disposição das carteiras em círculo e uma filmadora foi utilizada para que os relatos do grupo fossem registrados, para transcrição e análise posterior. A primeira questão explorada no grupo foi: “Quais são as redes sociais que vocês participam e quais são as diferenças entre elas?” e a partir do início da discussão, buscou-se explorar cada tema pretendido: fatores de risco e de proteção, conceito de verdade e mentira e experiências emocionais nas redes sociais. A coleta de dados foi realizada por meio do instrumento Grupo Focal, o grupo focal pode ser considerado uma espécie de entrevista de grupo, embora não no sentido de ser um processo onde se alternam perguntas do pesquisador e resposta dos participantes, a essência do grupo focal consiste justamente em se apoiar na interação entre seus participantes para coletar dados, a partir de tópicos que são fornecidos pelo pesquisador (que vai ser no caso o moderador do grupo). Uma vez conduzido, o material obtido foi a transcrição de uma discussão em grupo, focada em um tópico específico. A pesquisa não envolverá custos para a Universidade Metodista de São Paulo, para o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial e para os participantes. Todos os custos serão de responsabilidade da pesquisadora. Compreende-se que a pesquisa não oferece riscos ou danos aos participantes, bem como à instituição na qual a mesma será realizada. Quanto aos benefícios esperase que este estudo contribua para uma reflexão aprofundada a respeito da das experiências emocionais vivenciadas por adolescentes na internet, e que possa resultar em melhores práticas do uso das redes sociais. Foram. oportunizadas. devolutivas. aos. informações quanto aos resultados apresentados.. participantes. da. pesquisa. e.

(27) 25. 3.3 ANÁLISE DOS DADOS. Foram apresentados os conteúdos obtidos nos grupos focais, o método da Grounded Theory preconiza que a transcrição na íntegra das gravações seja realizada. Após esta transcrição, a próxima etapa consistiu na descoberta de categorias, realizando o que denominamos de codificação aberta. Dessa forma, o passo inicial, uma vez redigido o texto da observação ou entrevista, consistiu em quebrar os dados em pequenos pedaços, em que cada um deles representa um incidente específico ou fato. Para isso, os dados foram analisados linha por linha e parágrafo por parágrafo, buscando incidentes e fatos. Cada incidente foi codificado como um conceito ou abstração do dado. O método da Grounded Theory propõe o desenvolvimento de um modelo teórico representativo que ilustre a categoria central. Uma vez seguido os passos do referencial metodológico e descoberto o processo que esteja sendo estudado, é necessário validar o modelo teórico. Esta validação foi realizada de acordo com as recomendações de Strauss & Corbin (1998). Segundo os autores, a teoria emerge dos dados e representa uma abstração; portanto, é importante determinar se o modelo teórico esquematizado não foi omisso ou está representado além dos significados dos dados. Um dos caminhos utilizados para validar o modelo teórico é o de retornar aos dados e comparar o modelo com os dados brutos, realizando um tipo de análise comparativa. Strauss & Corbin afirmam que o significado do termo pesquisa qualitativa consiste na pesquisa que produz resultados não provenientes de procedimentos estatísticos, referindo aos estudos sobre a vida do indivíduo, experiências de vida, comportamentos e emoções. Para desenvolver a investigação qualitativa, o pesquisador passa por três fases denominadas por Lüdke de: exploração, decisão e descoberta. A fase de exploração, ou primeira fase, envolve a seleção e definição do problema, a escolha do local onde será feito o estudo e o estabelecimento de contatos para a entrada no campo. Nessa etapa inicial, também se encontram as primeiras observações com a finalidade de conhecer melhor o fenômeno e selecionar os aspectos a serem investigados. Esses primeiros questionamentos orientaram na coleta dos dados e na formulação de hipóteses que poderão ser modificadas, à medida que os dados foram coletados. O método da.

(28) 26. Grounded. Theory. preconiza. o. desenvolvimento. de. um. modelo. teórico. representativo que ilustre a categoria central. Uma vez seguido os passos do referencial metodológico e descoberto o processo que esteja sendo estudado, é necessário validar o modelo teórico. Segundo os autores, a teoria emerge dos dados e representa uma abstração; portanto, é importante determinar se o modelo teórico esquematizado não foi omisso ou está representado além dos significados dos dados. Um dos caminhos utilizados para validar o modelo teórico é o de retornar aos dados e comparar o modelo com os dados brutos, realizando um tipo de análise comparativa a próxima etapa consiste na descoberta de categorias, realizando o que denominamos de codificação aberta. Dessa forma, o passo inicial, uma vez redigido o texto da observação ou entrevista, consistiu em quebrar os dados em pequenos pedaços, em que cada um deles representa um incidente específico ou fato. Para isso, os dados foram analisados linha por linha e parágrafo por parágrafo, buscando incidentes e fatos. A utilização da Grounded Theory na área da saúde poderá contribuir para acrescentar conhecimento aos assuntos que ainda não foram explorados qualitativamente ou que necessitam adquirir contribuições originais..

(29) 27. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO. a) Primeira sessão. No início os participantes estavam inquietos pois acabavam de voltar do intervalo, a mediadora solicitou ajuda para adequação da sala, as cadeiras foram dispostas em círculo e os adolescentes sentaram-se. O clima era agradável e muitos demonstraram curiosidade em saber como seria realizada a pesquisa, pois se tratava de primeira vez que participariam. A mediadora retomou os acordos iniciais: sigilo, respeito à opinião dos outros e uma possível ordem na discussão para que a filmagem não fosse comprometida, os participantes aceitaram o acordo, então demos início à discussão. Nesta sessão, foram apresentadas como foco de discussão as redes sociais existentes, e os atrativos de cada uma. “Eu acho que a mais legal é o facebook! Porque o Orkut tá meio velho...sei lá..” “O que eu acho é que o orkut já perdeu a graça, tem muita gente ficou pra trás” tem twiter, tem o facebook, tem o Orkut, badoo tem um monte...” mas eu acho que a que a gente mais usa agora é o facebook!” “No Orkut tem mais gente e isso é legal, porque como é mais velho é mais conhecido...” “Agora o face tem uma coisa de legal que é o bate papo, a gente consegue falar com qualquer pessoa que está no nosso face, sem ser por mensagem, no bate papo é muito mais real”. Seguiram a sessão discorrendo sobre as propriedades da rede social: “Eu acho também que orkut já era, eu prefiro o twiter, porque é rápido e dá pra gente ver o que as pessoas estão fazendo”.

(30) 28. “Ah! twiter é pra artista...é pra quem tem a vida interessante....é pra quem viaja, pra quem vai pra fora...o que que eu vou colocar lá...que eu almocei...que fui tomar banho?!” “(risos)...tem gente que coloca de tudo...até que tava no banheiro...quem é que quer saber?” “Eu acho que o legal de qualquer rede social é poder falar o que você pensa....um monte de gente tá se juntando por causa de rede social...” “É mesmo...viu só aquele negócio que falou no jornal...do movimento lá do país...qual que era mesmo?” “Sei lá...eu sei que todo mundo se juntou e foi bater panela...(risos) pintaram a cara...e isso é muito bom!” “E a menina, que colocou a festa dela no face?...e tinha tanta gente se convidando que ela teve que cancelar!” “Eu não gosto, e acho uma palhaçada...é perder tempo...eu gosto mesmo é de ver os vídeos do youtube...porque para mim, ficar só olhando a vida dos outros não tem nada a ver!”. Nesse momento foi iniciado o assunto amizades nas redes sociais para justificar o uso das redes: “Fazer novas amizades, meio de comunicação, conversar com parentes distantes, postar notícias, fotos e etc, aplicativos, eh...começar um novo relacionamento amoroso (pode ser), baixar músicas, dependendo do perfil, igual a professora comentou ou foi o professor que em algumas empresas entram e podem até selecionar a pessoa para trabalhar na empresa dependendo do seu perfil e comunicação, várias pessoas ao mesmo tempo, chats e vídeos, tudo positivo” “Eu acho que o positivo é atrair novas amizades, conversar com pessoas distantes usando o e-mail e a divulgação no twitter, divulgar algo que você quer expor...” “Tem pessoas que abrem empresas e usam o twitter para divulgar a empresa dele ou então algum produto, vendendo as coisas no twitter, não só o twitter, ou às vezes cria o orkut daquela empresa ou de alguma coisa que ele tá.

(31) 29. vendendo, do comércio dele acho legal divulgar os pontos positivos das redes sociais”. Comentários da mediadora sobre o a sessão: O grupo não exigiu muitas intervenções da mediadora para que houvesse a discussão, os participantes demonstraram grande interesse em discutir sobre o tema redes sociais, o posicionamento diante da escolha de uma rede social possibilitou a expressão de pensamentos com clareza acerca dos objetivos da comunicação por meio de ferramentas disponíveis na internet. Demonstraram necessidade de espaço para expressão de opiniões e de interação grupal.. b) Segunda sessão. Na segunda sessão, os participantes estavam ansiosos em relação ao tema que seria tratado, a mediadora solicitou auxílio para a organização da sala, todos foram solícitos e demonstraram interesse em participar no grupo. O grupo foi iniciado com o questionamento focado na percepção dos riscos de se começar uma amizade pela internet. “A maioria pode ser ...fake” “ Isso “fake” é...perfil falso, que nem ele ta falando as vezes você vê a foto lá a menina é linda e é uma feiosa.” “. (risos. generalizados). Um. homem...(risos). Um. travesti...(risos). Trabucão...(risos)”. A mediadora inicia um questionamento de quem já havia vivenciado a experiência de iniciar um relacionamento pela internet. “Professora, eu acho que virtualmente é muito mais fácil você mentir sobre quem você é, as pessoas mentem quando é pessoalmente, mas virtualmente é bem mais fácil” “...pode alterar a frase que você quiser, seu nome..sei lá... eu acho pessoalmente é muito mais difícil.”.

(32) 30. “ E eu acho que criar amizade virtualmente é bem mais fácil, do que pessoalmente, porque você não fica de olhar, no rosto da pessoa, você conversa sobre tudo.” “ Você pode até xingar até ela!...(risos)” Os pontos negativos são apresentados pelo grupo em conseqüência do questionamento sobre o perfil falso. “Eu fiz só para teste...” Mediador: “Porque a gente faz um perfil falso? “Por medo de não ser aceito.” “Medo de não ser aceito, eu acredito que sim” “Eu já fiz um perfil falso, cara. É que tipo era pra gente sair e só um que tava com frescura atrás da namorada dele, aí a gente tinha feito, não só eu sozinho, não só eu sozinhos, mas os moleques com o perfil de uma menina lá, nada a ver,. aí foi mais ou menos uma semana, uns cinco dias,. conversando por orkut, e daí marcamos dos dois se encontrar , foi lá no shopping, tipo a gente queria ir no cinema, maior galera, quinze moleques mais ou menos, aí a hora que ele chegou lá tinha uns quinze moleques lá da vila lá, aí a gente zoou vacilão...eh, aí a gente tinha imprimido a foto da menina e colocado no rosto do outro moleque lá...(risos) ele foi na intenção de encontrar a menina e encontrou a gente zoando lá no shopping lá.” “Eu nunca fiz, não dá pra saber...” “Ah! Professora! Tem uma comunidade no orkut, uma não diversas! Pérolas do orkut, com várias fotos engraçadas são postadas lá, edição de fotos suas, aí uma vez eu tava com vontade de postar nessa comunidade, mas daí eu falei, não porque eles vão entrar no meu perfil, pegar uma foto minha e mostrar pra todo mundo, daí eu fiz um perfil fake, pra eu poder entrar na comunidade conversar com todo mundo sem ninguém saber que sou eu.” “Eu nunca fiz, eu tive vontade, mas nunca fiz! Lá na minha escola, tem um Orkut de fofocas de todo mundo que estuda lá, aí se você adicionar eles pegam uma foto sua coloca e fofocam sobre sua vida, então u tenho vontade.

(33) 31. de ver, mas se eu adicionar eu sei que eles vão pegar uma foto minha. Aí eu não! Nem adiciono.” “Uma rede social também pode ser raqueada, alguém vai lá descobre sua senha, entra lá e ferra tudo o seu orkut, isso é um ponto negativo.” “Eu fiz pra espiar o orkut da minha mãe e do meu pai!” “Já fizeram um perfil fake com as minhas fotos! Por exemplo você vai lá e faz um perfil falso com as minhas fotos daí eu vou lá e raqueio e exclui. “ “Eu fiz um fake de mim mesmo, pra espiar, porque por exemplo ficavam falando: Tão falando mal de você nesse perfil aqui, daí eu fiz um e fui saber de mim mesmo o que estavam falando nesse, aí eu ficava falando o que você acha dele (eu) o que você falou dele (eu) aí eu ficando espionando eu mesmo.” “Professora, quando alguém fala mal da senhora, se a senhora pudesse ser uma mosquinha pra saber, não seria? Foi isso que ele fez! Uma mosquinha perfil!”. Comentários da mediadora sobre a sessão:. Os participantes demonstraram interesse e disponibilidade em discutir o assunto, durante todo o período em que estiveram no grupo interagiram de maneira espontânea, não foram necessárias muitas intervenções para que o grupo discorresse sobre o assunto. Durante os momentos em que opiniões diferentes. foram. expostas. alguns. integrantes. manifestaram. descontentamento com a postura do outro, demonstrando em alguns momentos indícios de intolerância a diversidade.. c) Terceira sessão. Ao iniciarmos a sessão os participantes estavam conversando muito, ansiosos com um trabalho que precisavam entregar no dia seguinte, alguns participantes discutiam sobre as responsabilidades assumidas e organizavam as cadeiras para o grupo..

(34) 32. Nessa sessão seguimos com o assunto relacionado a perfil falso, com o objetivo de explorarmos a percepção dos critérios que eles utilizam para considerarem uma informação falsa em suas descrições nas redes sociais. “As meninas da minha sala tinham um perfil falso, daí elas criavam família.” “O (participante) tem um perfil fake, porque ele coloca tanto photoshop na foto dele, que fica tão carregada que nem parece que é ele. (gargalhadas)”. Mediador: Eu posso fazer um perfil com o meu nome... “Mas com o seu nome não vai ser fake!” “Só se a senhora mentir!” “Pode? Porque assim é ela!” “Então se você faz um perfil e coloca lá que tem 30 anos e tem 17, você está sendo falso.” “Mas pensando desse lado, todo mundo é fake.” “Eu estou dando um exemplo, não estou falando que tem que ser especificamente a idade, por exemplo no seu perfil tem várias coisas pra preencher lá, se você preencher com outras coisas que você não gosta você está sendo fake, estou certo ou estou errado?” “Eu acho que você está lá você não fala só a verdade, é muito difícil.” “Por exemplo, pra mim fake é ter outra vida, as meninas que tinham fake, elas mentiam várias coisas, mentiam idade que moravam em tal lugar em várias outras coisas pra mim fake é isso! Não você colocar lá, tipo assim tenho 21 anos e gosto de cachorro e você não gosta de cachorro e se está mentindo você é fake só por causa disso eu acho que não, não! Tem que ter uma foto que não seja sua, uma vida que não é sua, que mente lugar que trabalha, escola que estuda, as vezes cria família, você é fake eu sou fake e vamos ser irmãs! Eu acredito que é assim!” “É palhaçada! O que um perfil fake faz? Meu! É uma bosta isso!” “Pra que isso? Oh! Eu não sou o fulano, mas daí eu coloco que sou o beltrano...eu sou um nada então...”.

(35) 33. “Eu acho que muita gente que criam porque não tem vida fora do computador, aí cria ali no computador que é pra ter vida ali e vira alguém.” “Acho que é inveja também, as pessoas não conseguem tirar foto daquele jeito daí ela pega a foto daquela pessoa pra fingir que é ela.” “Ah! Aquelas pessoas que tiram a foto maior bonita, perfeita, então é inveja mesmo.” “Eu, acho que pra pessoa ser fake ela não deve se achar tão bonita, pra pegar uma pessoa bem elegante e colocar lá, então isso é inveja.” “A pessoa tem uma autoestima muito baixa, o fake é um ponto negativo das redes sociais, tem pessoas que usam o fake pra fazer...igual os pedófilos por aí, a maioria dos perfis dos pedófilos é fake, aí chega lá e chama a menina lá pra sair e tal e chega lá é um seqüestro, as vezes até mata, tem pessoas que entram no carro de outra pessoa, é negativo, é sério meu!” “Ah professora! Mas depende tem gente que sabe que é fake! Porque tem até uma comunidade, não sei o que lá fake, e eu acho muito difícil a pessoa olhar lá e não saber que é fake, porque quando você adiciona o fake está na cara que é fake!” “Às vezes tem uma foto que não é a mesma pessoa é parecia, mas quando você olha a foto, uma foto está de um jeito e a outra de outro aí você vê que não é aquela pessoa, ah! Professora não tem como falar só você vendo mesmo.” “Às vezes você olha a pessoa é muito linda, perfeita! Não tem como, você olha meu é fake, não dá.”. Mediador: E transformar uma foto não é fake? “Não!” “Ah! É sim, mas todo mundo faz...photoshop, você fala? Mas você é horrível, coloca seis quilos de photoshop lá..” “Continua horrível!” (risos generalizados) “Continua horrível, mas tá diferente! Acho que sei lá é considerável, mas ainda é fake!” “Eu acredito que não!”.

(36) 34. Comentários da mediadora sobre a sessão:. Durante essa sessão os participantes estavam atentos e concentrados no grupo, demonstraram muito interesse no assunto, demonstraram necessidade de falar sobre o assunto, trouxeram espontaneamente os fatores e critérios utilizados para a escolha das informações que são expostas nos perfis das redes sociais. Incluíram a ferramenta photoshop, segundo o relato do grupo, muito utilizada para realização de alterações nas fotos que são expostas nos perfis.. d) Quarta sessão. Nessa sessão o grupo de maneira espontânea, realizou a adequação da sala, os participantes estavam inquietos e alguns questionaram sobre a quantidade de sessões do grupo, se essa realmente seria a última. Diante da inquietação apresentada pela sala à mediadora retomou o contrato inicial que foi realizado no início do grupo e todos concordaram com as regras que estavam estabelecidas, questões como o sigilo e respeito a opinião dos outros foram retomadas, o assunto perfil falso foi abordado e a partir dessa discussão, questionamentos sobre as propriedades comerciais das redes sociais foram iniciados. “Eles querem comprar todas as redes sociais! Pra colocar só no google, comprar todas as redes e juntar, tudo interligado ao google, aí eles querem fazer outra rede social, pra que o google seja a maior, tão comprando tudo, igual o Carrefour ta comprando tudo, querem ser a rede maior...” “Eu não tenho certeza, mas eu acho que o facebook e o orkut não competem...porque eles não são do google?” “O google tem não sei quantos por cento das ações do facebook, ele comprou por milhões.” “Metade das ações o google comprou do facebook” “Mas o orkut já era do google, o msn que é o windows live também já era do google”.

(37) 35. “Nós precisamos do google!” “É igual televisão, eles só ficam de pé por causa dos comerciais...” “É igual os comerciais da TV, o horário da novela é mais caro, porque muita gente assiste, no orkut e no facebook é assim...você abre algum link e o comercial tá lá, no youtube fica nos vídeos antes, durante e depois da exibição.” “Igual o comercial dos pôneis malditos que ficaram famosos na internet primeiro, depois na TV...” “Por exemplo: vou acessar um vídeo, daí antes de começar o vídeo que eu quero ver, começa os pôneis malditos, e é uma propaganda que você não consegue tirar, eles te obrigam a assistir, aí depois começa o vídeo que você quer, é uma propaganda que você assiste obrigatoriamente.” “Não são em todos, mas geralmente antes do vídeo aparece a propaganda.”. Os conflitos emocionais surgem a partir das discussões sobre os aspectos negativos das redes sociais. “Os pontos negativos professora, a colega dele manda um oi pra ele e daí a namorada já pergunta o que é que você tem com ela, já vai logo assim pra ele, esse é o ponto negativo.” “Se você posta uma coisa, você quer que todo mundo promova, que olhe que conte, que comente, que promova...” “Uma frase que você posta no face...você quer que os outros comentem!” “Você não vai postar uma coisa lá e não querer que ninguém saiba. Quer é que todo mundo fique sabendo” “Você não vai postar lá uma foto ou uma frase pra deixar lá e pronto...li e acabou, você quer postar pra todo mundo ler e sair comentando...”. Os critérios utilizados para que uma informação seja postada para todos são discutidos considerando fatores de risco e de proteção. “Igual tem gente que põe foto e coloca lá não quero que ninguém fique comentando...”.

Referências

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