• Nenhum resultado encontrado

Movimentos de vertente no NW de Portugal : susceptibilidade geomorfológica e sistemas de informação geográfica

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Movimentos de vertente no NW de Portugal : susceptibilidade geomorfológica e sistemas de informação geográfica"

Copied!
490
0
0

Texto

(1)CARLOS VALDIR de MENESES BATEIRA. M O V I M E N TO S. DE. VERTENTE. NW. NO. DE. PORTUGAL,. SUSCEPTIBILIDADE GEOMORFOLÓGICA SISTEMAS. DE INFORMAÇÃO. E. GEOGRÁFICA.. Dissertação de Doutoramento em Geografia Física, apresentada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto Trabalho financiado por PRODEP. Porto 2001.

(2) I. Resumo Desde a antiguidade que os sistemas de informação têm muita importância para a organização das sociedades e para a gestão do território. Na segunda metade do século XX generalizaram-se os registos (bases de dados e gráficas) e desenvolveramse os diversos suportes em que a informação é registada, organizada e objecto de consulta ou tratamento. Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) permitiram alargar as capacidades de registo e as funcionalidades disponíveis para o tratamento da informação. Neste trabalho utilizou-se este tipo de tecnologia na elaboração da cartografia da susceptibilidade geomorfológica a movimentos de vertente. Nele discutese o conjunto de problemas que resultam da elaboração e da utilização da cartografia relacionada com o meio físico em ambiente SIG, nomeadamente a cartografia geomorfológica e a cartografia dos declives produzida automaticamente. O trabalho desenvolveu-se tendo por referência geográfica o NW de Portugal em dois aspectos de base. Em primeiro lugar, o estudo e a definição das condições geográficas de ocorrência de movimentos de vertente foi desenvolvido nesta área. Em segundo lugar, a elaboração da cartografia da susceptibilidade geomorfológica na área de Guimarães. Devido a estes aspectos procedeu-se, previamente, ao seu enquadramento geomorfológico. O primeiro aspecto ajuda a definir quais as variáveis do meio físico que são determinantes para a ocorrência de movimentos de vertente, o que permitiu seleccionar a informação que serviu de base à construção do SIG da susceptibilidade geomorfológica. Para isso desenvolveu-se o estudo de vários movimentos de vertente ocorridos no NW de Portugal e sistematizaram-se o conjunto de condições geográficas em que ocorreram esses movimentos. O segundo aspecto permitiu concretizar numa área amostra do NW de Portugal (área de Guimarães) a construção da cartografia da susceptibilidade geomorfológica a movimentos de vertente, discutindo os problemas derivados da utilização da cartografia indirecta elaborada com recurso a Sistemas de Informação Geográfica. De igual forma, ensaiou-se uma cartografia das restrições ao uso do território.. Abstract Since the Antiquity, Information Systems (IS) are of the utmost importance in the organization of societies and territorial management. During the second half of the 20th century the use of databases and graphic representations became more frequent, and several types of supports were developed on which Information was recorded and organized, consulted and handled. Geographical Information Systems (GI S) allowed that registration capacities be enlarged and increased the number of functions available for the treatment of information. The present work made use of this technology in the production of the cartography of the geomorphologic susceptibility to hillslope movements. This paper will discuss a numbers of problems resulting from the production and use of cartography of physical environment in GIS, namely geomorphologic cartography and the automatic slope cartography. The main geographic reference of this research is NW of Portugal and focuses two basic aspects. Firstly, the study and definition of geographic conditions leading to the occurrence of hillslope movements was developed in this area. Secondly, the case study on the cartography of geomorphological susceptibility to hillslope movements was developed in Guimarães area. A geomorphological description was previously carried out in order to duly frame these aspects. The first aspect allowed us to define the geographic variables that determine the occurrence of hillslope movements. Consequently, a selection of the relevant GIS input information was carried out. The data collect was based on a study of several hillslope movements occurring in NW Portugal, from which we are able to systematically establish the geographic conditions in which they took place. The Guimarães area served a sample area in NW Portugal to construct the cartography of geomorphologic susceptibility to hillslope movements. This reveled several problems, discussed in this paper, related with the use of indirect cartography made in GIS environment. Furthermore, experimental cartography was made of restrictions on the use of the territory..

(3) II. Résumé Depuis l'Antiquité, les systèmes d'information ont été très utiles dans l'organisation et la gestion du territoire. Surtout dans la deuxième moitié du XX siècle, on a généralisé l'utilisation de divers types de bases de données et de bases graphiques sur plusieurs types de supports, ce qui a permis une organisation et un traitement plus facile de l'information. Les Systèmes d'Information Géographique (SIG) en support digital élargissent les fonctions disponibles pour l'usage de l'information. Ce travail utilise ce type de technologie dans l'élaboration de la cartographie de la susceptibilité géomorphologique aux mouvements de terrains. On discute l'ensemble des problèmes concernent de l'élaboration et l'utilisation de la cartographie du milieu physique en SIG, surtout si on travaille avec la cartographie géomorphologique et la cartographie automatique des pentes. La référence géographique principale de ce travail est le NW du Portugal. D'une part, l'étude et la définition des conditions géographiques de l'existence des mouvements de terrains se fait dans cette partie du Portugal avec l'étude de plusieurs exemples, D'autre part, la cartographie de la susceptibilité géomorphologique aux mouvements de terrains a été esquissée dans l'aire de Guimarães. Ces deux aspects sont les rasons qui justifient la réalisation d'une caractérisation géomorphologique du NW du Portugal. Le premier aspect a permis la définition de l'information sur le milieu physique, qui est importante pour l'occurrence des mouvements de terrains. C'est essentiel pour choisir l'information qui doit servir de base aux SIG. Pour accomplir cet objectif, on a étudié plusieurs mouvements de terrain au NW du Portugal et on a systématisé l'ensemble des conditions géographiques de leurs occurrences. Le deuxième aspect essaie de matérialiser dans une aire du NW du Portugal (Guimarães) la construction de la cartographie de la susceptibilité géomorphologique aux mouvements de terrains, ce qui met en discussion les problèmes de l'utilisation de la cartographie indirecte, qui a été élaborée par le SIG..

(4) 1. Í N D I C E G E RA L Introdução. 9. Objectivos e Metodologia. 13. Agradecimentos. 17. Parte A - Os Sistemas de Informação Geográfica e a cartografia dos riscos naturais.. 21. Ca p ítu lo A1 - Co nside raçõ es ger ais , br eve h is tór ia e de fin içã o de S i s t e ma de I n f or mação Geo gr á f ic a .. 23. 1. Considerações gerais.. 23. 2. Breve história.. 24. 3. O que é um SIG?. 29. 4. A componente tecnológica.. 31. 5. A componente informativa.. 32. 6. A componente analítica.. 33. C a p í tu lo A2 - C ar to gr a f ia au to má t ic a e c ar to gr a f ia do me i o f ís ic o. 1.. A cartografia dos declives como suporte p l a n e a m e n t o f ís i c o e o r d e n a m e n t o d e t e r r i t ó r i o .. 37 ao 37. 2. Métodos de elaboração das cartas de declives. 2.1. Métodos analógico.. m a n u a i s,. com. base. em. 38 suporte 38. 2.2. Cartografia automática dos declives e modelos digitais de elevação (DEM).. 44. 2 . 3 . S ín t e s e .. 49. 3. Questões suscitadas pela análise de alguns exemplos de mapas de declives feitos automaticamente.. 49. 3.1. A utilização de diferentes escalas com a mesma informação. O problema da digitalização.. 50. 3.2. A utilização de diferentes escalas com informação diferente.. 54. 3.3. Diferentes metodologias do cálculo dos declives em SIG: os modelos GRID e TIN.. 56. 4 . S ín t e s e e c o n c l u s õ e s .. C a p í tu lo. A3. –. Os. S is t e mas. de. 59. I n for ma ç ã o. c a r t ogr a fi a g eo mor fo ló gic a . 1. Considerações gerais.. Geo gr á f ic a. e. a 63 63.

(5) 2. 2. As entradas em SIG – os elementos gráficos.. 67. 3. As entradas em SIG – dados não espaciais.. 69. 4. Funcionalidade em SIG.. 70. 5. Cartografia geomorfológica e entidades gráficas em S I G . O s s ím b o l o s d a s l e g e n d a s g e o m o r f o l ó g i c a s e a s bases de dados relacionais.. 76. Parte B - Caracterização regional do NW de Portugal e da área experimental (Guimarães).. 83. Ca p ítu lo B1 – Car ac te riz ação es tru tura l do NW Po r tu guês .. 85. 1. Características estruturais da Zona Centro Ibérica.. 85. 2. As diversas fases tectónicas na Zona Centro Ibérica e a instalação dos granitóides. 91. 3. Principais granitóides da Zona Centro Ibérica no Norte de Portugal.. 93. 3 . 1 . S i n - o r o g é n i c o s b i o t ít i c o s S i n F 3 .. 93. 3 . 2 . S i n - o r o g é n i c o s b i o t ít i c o s t a r d i F 3 .. 94. 3 . 3 . S i n - o r o g é n i c o s b i o t ít i c o s t a r d i a p ó s F 3 .. 94. 3.4. Sin-orogénicos de duas micas sin a tardi F3.. 94. 3.5. Tardi a pós-orogénicos.. 95. 4. Os granitóides da área de Guimarães. 95. 4 . 1 . C a r a c t e r ís t i c a s m i n e r a l ó g i c a s. 96. 4 . 2 . C o m p o s i ç ã o q u ím i c a d o s g r a n i t ó i d e s. 99. 4.3. Textura. 101. 5. Principais características da alteração dos granitóides. 102. 6. O papel da textura e da fracturação.. 109. 7. Conclusão. 111. Ca p ítu lo B2 - C arac ter izaç ão g eo mor fológ ica do NW p or tu guês .. 1 13. 1. Aspectos morfológicos.. 113. 2. A rede hidrográfica e a fracturação.. 116. 3. O papel da tectónica no relevo do NW.. 118. 4. Importância das oscilações climáticas na morfologia do NW português.. 122. 5.. Considerações geomorfológica do vertentes.. gerais NW e. a. sobre a dinâmica. evolução actual das 125.

(6) 3. Ca p ítu lo. B3. -. Carac ter ís tic as. da. área. exp er i me n ta l :. Área. de. G uimar ães.. 1 29. 1. A estrutura.. 131. 1.1. Litologia.. 131. 1.2. Formações superficiais.. 136. 1.3. Tectónica.. 143. 2. A morfologia.. 147. 2 . 1 . A s s u p e r f íc i e s p l a n a s .. 147. 2.2. Gargantas e vales amplos do Vizela, Ferro, Bugio e Selho.. 151. 2.3. Vertentes com forte declives.. 155. 3. O encaixe da rede hidrográfica e a fracturação.. 162. Parte C – A dinâmica de vertentes no NW de Portugal.. 167. C a p í tu lo C 1 - Os pr ob le mas d o es t udo d os mov i men tos d e v er te n te na. c o ns ti tu içã o. de. um. s is te ma. de. in f or mação. g eog r á f ic a .. Ca p ítu lo. 1 69. 1. Riscos naturais e movimentos de vertente no contexto geomorfológico do maciço antigo Português.. 169. 2. O estudo das condições geográficas de ocorrência dos movimentos de vertente no N. de Portugal.. 175. 3. A importância do estudo da dinâmica dos movimentos de vertente para a definição dos factores de risco.. 182. C2. -. Apres en taç ão. mo no grá fica. de. mov i men tos. v e r t en t e no N W d e P or tu ga l . 1. O depósito da Sª da Graça.. de 1 89 189. 1.1 - Estrutura.. 189. 1.2 - Morfologia.. 190. 2. O depósito do Ermelo.. 194. 2.1 - Contexto morfológico.. 194. 2.2 – Contexto estrutural. 195. 2.3 – A dinâmica de vertentes.. 195. 3. O fluxo de detritos de Cotorinho.. 203. 3.1- Contexto morfo-estrutural.. 203. 3.2- Descrição do fluxo de detritos de Cotorinho.. 204.

(7) 4. 3.3- A dinâmica dos fluxos de detritos de Cotorinho (Marão). 4. Os deslizamentos no vale de Fervença. 211 212. 4.1 - Contexto morfo-estrutural.. 212. 4.2 - Os deslizamentos no vale da ribeira de Fervença, a dinâmica de vertentes e o depósito de fundo de vale.. 214. 5. O fluxo de detritos de S. João. 5 . 1 - C a r a c t e r ís t i c a s Trancoso.. morfológicas. 219 do. vale. do. rio 221. 5.2 - Condicionantes estruturais.. 222. 5 . 3 - C a r a c t e r ís t i c a s g e o m o r f o l ó g i c a s .. 228. 5 . 4 - C a r a c t e r ís t i c a s m o r f o - s e d i m e n t a r e s .. 231. 5.5 - Evolução geomorfológica do vale do rio Trancoso.. 233. 5.6 - Conclusão. 235. 6. O fluxo-deslizamento de Lobiô.. 237. 6.1 - Contexto estrutural.. 237. 6.2 - Contexto morfológico.. 238. 6 . 3 – C a r a c t e r ís t i c a s m o r f o l ó g i c a s d o s d e p ó s i t o s d e vertente.. 238. 7. O movimento complexo do Covelo do Gerês.. 245. 7.1 - Ocorrência e fases de evolução.. 246. 7.2 - Aspectos morfológicos.. 247. 7.3 - Factores de ordem geológica.. 249. 7.4 - Condições geomorfológicas.. 256. 7 . 5 - C o n d i ç õ e s h íd r o - c l i m á t i c a s .. 257. 7.6 - Conclusões.. 260. 8. Deslizamento do Fojo (Mondim de Basto).. 262. 8.1 - Contexto estrutural.. 263. 8.2 - Morfologia e encaixe do curso de água.. 264. 8.3 - Morfologia do deslizamento.. 265. 9. Fluxo de detritos de Cavez.. 266. 9.1 - Litologia e depósitos de vertente.. 270. 9.2 - Morfologia.. 270. 9.3 - Acção humana.. 272. 9.4 - Factores climáticos.. 272. 9 . 5 - F a c t o r e s h íd r i c o s .. 276. 9.6 - Conclusão.. 279. 10. O Fluxo de Detritos de Vila de Muros (Cinfães) 10.1 - Contexto morfológico.. 281 282.

(8) 5. 10.2 - Contexto estrutural.. 283. 10.3 - Dinâmica do movimento de vertente.. 289. 1 0 . 4 - C o n d i ç õ e s h íd r o - c l i m á t i c a s .. 290. 10.5 Aspectos morfológicos movimento do fluxo.. e. estruturais. do 294. 10.6 - Dinâmica de vertente e acção humana.. 298. Ca p ítu lo C3 –F ac tor es geo grá ficos de ocorr ênc ia de mo v i me n tos de v e r t en t e. Sín t ese f ina l.. 3 01. 1. Factores de ordem hidroclimática.. 305. 2. Factores de ordem estrutural.. 312. 3. Factores de ordem geomorfológica.. 318. 4. Factores de ordem antrópica.. 321. Parte D - Riscos naturais e SIG. A área experimental de Guimarães.. 327. Ca p ítu lo D1 - C onc eitos r e lac iona dos co m os r isc os na tura is .. Ca p ítu lo. 3 29. 1. Introdução.. 329. 2. A noção de risco natural: discussão em torno de alguns conceitos.. 331. 3. Métodos de cartografia directa e indirecta.. 345. 4. Variabilidade dos fenómenos naturais e vulnerabilidade das sociedades.. 347. 5. A consciência e a gestão do risco. A previsão e a predibilidade dos processos naturais. Modelos deterministas e probabilistas da gestão do risco.. 350. 6. Geografia e geograficalidade do risco.. 356. 7. Os SIG como instrumento de gestão dos riscos naturais.. 358. D2. 7.1. As entradas em SIG. 361. 7.2. Funcionamento do SIG.. 362. 7 . 3 . A s s a íd a s d o s i s t e m a .. 363. – As. co nd ições. ve rten te. e. de. ocorr ênc ia. un id ades. de. mo v i me n tos. terr ito riais. na. de. áre a. ex per imen ta l d e Gu ima rães . 1.. Os sistemas geomorfológica.. territoriais. 3 65 aplicados. à. análise. 2. Sistemas e unidades territoriais na área de Guimarães. 2.1. As unidades morfológicas na área de Guimarães.. 365 369 369.

(9) 6. 2 . 1 . 1 . A s s u p e r f íc i e s p l a n a s d e g r a d a d a s .. 371. 2.1.2. Os vales.. 375. 2.1.3. Os interflúvios.. 376. 2.1.4. Os fundos dos vales.. 377. 2.1.5. As vertentes.. 377. 2.2. As unidades territoriais e a litologia de Guimarães.. 379. 2.3. As unidades territoriais e as formações superficiais na área experimental de Guimarães.. 381. 2 . 3 . 1 . A f l o r a m e n t o s r o c h o s o s, á r e a s d e s p r o v i d a s o u quase desprovidas de formações superficiais.. 382. 2.3.2. Manto de alteração pouco espesso.. 383. 2.3.3. Manto de alteração espesso.. 383. 2.3.4. Depósitos coluvionares.. de. vertente. e. depósitos 384. 2.3.5. Aluviões.. 3.. 385. 2.4. Os declives da área experimental de Guimarães.. 386. Susceptibilidade geomorfológica a movimentos de v e r t e n t e, e m u n i d a d e s e e l e m e n t o s t e r r i t o r i a i s n a á r e a de Guimarães.. 387. 3.1. Forte a geomorfológica.. 388. muito. forte. susceptibilidade. 3.2. Média susceptibilidade geomorfológica.. 393. 3.3. Fraca ou nula susceptibilidade geomorfológica.. 395. Ca p ítu lo D3 – A elab oraç ão de u m SIG so bre a susc ep tib ilid ade g eo mor fo lóg ic a a mov i me n tos de v er t en te . 1. As tabelas da base de dados do SIG territoriais.. 2.. 3 99. e os elementos 399. 1.1. A litologia.. 401. 1.2. A tectónica.. 402. 1.3. A espessura das formações superficiais.. 403. 1.4. A morfologia.. 404. 1.5. Os declives.. 406. 1.6. A rede hidrográfica.. 407. As questões lógicas em SIG, na definição susceptibilidade geomorfológica na área Guimarães.. da de 408. 2.1. Questões lógicas para definição da forte a muito forte susceptibilidade geomorfológica.. 409. 2.2. Questões lógicas para definição susceptibilidade geomorfológica.. 410. da. média. 2.3. Questões lógicas para definição da fraca ou nula susceptibilidade geomorfológica.. 412.

(10) 7. 3.. Intervenção humana e susceptibilidade geomorfológica de movimentos de vertente.. 413. 3.1. Estruturas de carga.. 414. 3.2. Áreas de descompressão.. 415. 3.3. Desflorestação.. 415. 3.4. Concentração artificial da drenagem.. 416. 3.5. Desagregação de materiais.. 417. 3.6. Abandono ou deficiente manutenção de estruturas de protecção dos solos e mantos de alteração nas vertentes.. 417. 4. A acção humana e o fluxo de trabalho em ambiente SIG na definição da susceptibilidade geomorfológica.. 418. Co nclusão e pers pec tivas de inves tig ação .. 4 25. 1. Conclusões em torno do trabalho desenvolvido em SIG.. 426. 1.1. A escala de análise e a informação geográfica d i s p o n ív e l .. 426. 1.2. A importância da cartografia geomorfológica na análise da susceptibilidade geomorfológica.. 430. 1.3. O trabalho em ambiente SIG e as limitações à produção cartográfica.. 432. Principais ideias sobre áreas de susceptibilidade geomorfológica a movimentos de vertente.. 435. 2.1. Os declives. 435. 2.2. A precipitação. 436. 2.3. A geomorfologia das vertentes. 437. 2.4. Litologia, mantos de alteração e depósitos de vertente. 438. 2.5. A intervenção agravamento.. 445. 2.. humana. como. factor. de. 3. Perspectivas de investigação sobre susceptibilidade geomorfológica a movimentos de vertentes.. 448. B i b li ogra f ia. 4 51. Índice de figuras. 469. Índice de fotografias. 473. Índice de quadros. 475.

(11) 471. Índice de figuras Fig. A1.1: Antigo mapa cadastral. Fig.. A1.2:. Características. 25. principais. dos. elementos. que. constituem. a. informação. trabalhada em ambiente SIG, adaptado de Burrough, 1986.. 35. Fig. A2.1: Declive do ângulo a) corresponde ao inverso da tangente de a), que pode ser calculada com a divisão do sen a pelo cos a.. 40. Fig. A2.2: A disposição do traçado das curvas de nível podem influenciar a classe de declives a. atribuir a. um. quadrado.. A. distância entre. as curvas de. nível. é. idêntica, tanto em A, como em B.. 41. Fig. A2.3: Cálculo de declives pelo método das áreas homogéneas.. 42. Fig. A2.4: As áreas sombreadas representam sectores onde, por falta de curvas de nível, não é possível a utilização de réguas construídas para medir a sua distância.. 44. Fig. A2.5: O cálculo dos declives para cada ponto da grelha utilizada no âmbito dos modelos GRID são feitos por interpolação do valor da altitude, já que a grande maioria não coincide com as curvas de nível.. 46. Fig. A2.6: Triangulação segundo o modelo TIN. Fig.. A2.7:. Mapa. de. declives. (Azurém/Guimarães).. 47 Hipsometria. digitalizada. à. escala. 1:5000. Fig.. A2.8:. Mapa. 51 de. declives. (Azurém/Guimarães).. Hipsometria. digitalizada. à. escala. 1:10000.. 51. Fig. A2.9: Um erro de digitalização (no exemplo, de 0,5 mm), por pequeno que seja, a diferentes escalas, pode conduzir a variações na classificação dos declives, e portanto, a cartografia diferente.. 53. Fig. A2.10: Mapa de declives (Covelo/Gerês). Hipsometria digitalizada à escala 1:10000.. 55. Fig. A2.11: Mapa de declives (Covelo/Gerês). Hipsometria digitalizada à escala 1:25000.. 55. Fig. A2.12: Mapa de declives (Azurém/Guimarães). Hipsometria digitalizada à escala 1:5000.. 58. Fig. A2.13: Mapa de declives (Azurém/Guimarães). Hipsometria digitalizada à escala 1:10000.. 58. Fig. A3.1: O sistema de ligação relacional permite o tratamento da informação registada na base de dados com ligação à base gráfica.. 64. Fig. A3.2: A ligação relacional entre base gráfica e base de dados é feita pelo sistema de ligação relacional onde se estabelecem os elos entre os elementos gráficos e a informação não espacial. Fig. A3.3: Conjunto de operadores boleanos que estão disponíveis em ambiente SIG.. 65 66.

(12) 472. Fig. A3.4:Esquema base onde se seleccionam os elementos, as tabelas e os operadores para a construção das questões lógicas a utilizar em ambiente SIG. Fig. A3.5:. 72. O p e r a d o r e s d e v i z i n h a n ç a e boleanos p o d e m s e r u s a d o s p a r a c o m b i n a r r e g i õ e s. em análise de sobreposição. Estas regiões podem ser consideradas aqui como verdadeiras (sombreado) ou falsas (a branco) no sentido de representar espaço que contém ou não contém algum fenómeno específico.. 73. Fig. A3.6: A construção de um novo polígono é o resultado do trabalho em sistema onde são. confrontados. os. elementos. da. base. de. dados. e. da. base. gráfica,. seleccionando os gráficos necessários à construção de um novo polígono e, portanto, à representação de uma nova cartografia.. 74. Fig. A3.7: Fluxo de trabalho em ambiente SIG.. 75. Fig. A3.8: A representação gráfica das ‘células’ correspondem a pontos em ambiente SIG. A intercepção com uma entidade de área corresponde a um conjunto de pontos e não a uma área.. 78. Fig. A3.9: A representação cartográfica de uma vertente, na legenda geomorfológica, aparece. extremamente. complexa. e. com. uma. multitude. de. vectores,. extremamente difícil de conectar com uma base gráfica.. 79. Fig. B1.1: A área de Guimarães abarca a fronteira entre os termos autoctones da Zona Centro-Ibérica e os termos alóctones da Sub-zona Galaico-Transmontana.. 86. Fig. B1.2: Modelo do floco tectónico na evolução geodinâmica do NW Peninsular.. 87. Fig. B2.1: Esboço geomorfológico do Minho ocidental.. 114. Fig. B2.2: Extracto do Mapa de Movimentos verticais no Pliocénico superior e Quaternário.. 122. Fig. B3.1: Mapa hipsométricos do N de Portugal.. 130. Fig. B3.2: Litologia da área de Guimarães.. 133. Fig. B3.3 Formações superficiais na área de Guimarães.. 139. Fig. B3.4 Hipsometria e tectónica da área de Guimarães.. 145. Fig. B3.5 Esboço morfológico da área de Guimarães.. 149. Fig. B3.6 Mapa de declives da área de Guimarães.. 155. Fig. B3.7: Corte esquemático da vertente da Penha (Guimarães).. 157. Fig. B3.8: Esboço morfológico da vertente da Penha (Guimarães).. 157. Fig. B3.9: Esboço morfológico da Costa (Penha – Guimarães).. 158. Fig. B3.10: Esboço geomorfológico de Azurém.. 160. Fig. B3.11: Corte esquemático da vertente de Azurém.. 162. Fig. B3.12 Rede hidrográfica, hipsometria e fracturação na área de Guimarães.. 163. Fig. C2.1: Esboço geomorfológico da Sª da Graça.. 191. Fig. C2.2: Esboço geomorfológico do Ermelo.. 197. Fig. C2.3: Mapa de declives do Ermelo. 199. Fig. C2.4: Esboço geomorfológico do Cotorinho.. 205. Fig. C2.5: Mapa de declives do Cotorinho.. 207.

(13) 473. Fig. C2.6: Esboço geomorfológico de Fervença.. 215. Fig. C2.7: Mapa de declives do Fervença.. 217. Fig. C2.8: Esboço geomorfológico do Vale do Trancoso.. 224. Fig. C2.9: Esboço lito-estrutural, na margem esquerda do rio Trancoso.. 225. Fig. C2.10: Esboço geomorfológico de pormenor de Porto Carreiro. 229. Fig. C2.11: Esboço geomorfológico de Lobiô.. 241. Fig. C2.12: Mapa de declives de Lobiô. 243. Fig. C2.13: Esboço geomorfológico do fluxo de detritos do Covelo do Gerês.. 247. Fig. C2.14: Mapa de declives do Covelo do Geres.. 250. Fig. C2.15: Esboço litológico do Covelo do Gerês.. 252. Fig. C2.16: Curvas granulométricas de amostras do manto de alteração do granito do Gerês, na cicatriz.. 257. Fig. C2.17: Precipitações diárias em Paradela do Rio em Dezembro, Janeiro e Fevereiro de 1965/6.. 261. Fig. C2.18: Esboço geomorfológico de Cavez. Fig. C2.19:. 270. Mapa de declives da bacia hidrográfica da ravina onde ocorreu o fluxo de. detritos (Cavez).. 271. Fig. C2.20: Precipitação e caudais médios diários, em Cavez... 275. Fig. C2.21: Balanço hídrico sequencial mensal de Cavez (1981).. 279. Fig. C2.22: Mapa de declives de Vila de Muros (Cinfães).. 287. Fig. C2.23: Esboço geomorfológico de Vila de Muros (Cinfães).. 289. Fig. C2.-24: Valores da precipitação registada na Aboboreira.. 295. Fig. D1.1: Relações teóricas entre a severidade dos riscos naturais, probabilidade e risco.. 334. Fig. D1.2: Esquema interpretativo da relação entre homem e ambiente.. 335. Fig. D1.3: Esquema interpretativo da dimensão temporal e espacial do risco.. 338. Fig. D1.4: Importância da dimensão espacial e temporal na expressão geográfica do risco.. 342. Fig. D1.5: A sensibilidade para com a eventualidade geomorfológica é expressa em função da variabilidade dos elementos geofísicos e do grau de tolerância socioeconómica.. 352. Fig. D1.6: Fluxo de trabalho para a constituição de um Sistema de Informação Geográfica da Susceptibilidade Geomorfológica.. 357. Fig. D2.1: Os sistemas, unidades e elementos territoriais.... 367. Fig. D2.2: Esboço das unidades morfológicas, na área de Guimarães (folha 85).. 373. Fig. D2.3: Mapa da susceptibilidade geomorfológica na área de Guimarães (folha 85).. 389. Fig.. D3.1:. Tabela. da. base. de. dados. de. um. sistema. de. informação. susceptibilidade geomorfológica a movimentos de vertente. Fig. D3.3: Carta das condicionantes ao uso do território.. geográfica. da 400 423.

(14) 474.

(15) 475. Índice de Fotografias Fot. B3.1: Manto de alteração pelicular e bola graníticas sem alteração. Fot. B3.2: Manto. de alteração. na vertente da. Penha. sobreposto. por depósito. 159 de. vertente constituído por matriz argilosa e bolas de granito escorregadas ao longo da vertente.. 159. Fot. B3.3: Manto de alteração com espessura superior a 3m, próximo do sopé da vertente da Penha.. 160. Fot. B3.4: A construção de patamares antrópicos retira o manto de alteração que suporta as bolas graníticas, permitindo a criação de situações propícias à ocorrência de movimentos de vertente.. 161. Fot. C2.1: Depósito da Sª da Graça.. 190. Fot. C2.2 : Depósito do Ermelo. Aspecto do leito do ribeiro do Sião.. 196. Fot. C2.3 : Depósito do Ermelo. Vista em perfil no leito do ribeiro do Sião.. 202. Fot. C2. 4: Corredor de erosão do fluxo de detritos do Cotorinho (Marão).. 209. Fot. C2.5: Depósito do Cotorinho, a 300 m da cicatriz.. 210. Fot. C2.6: Depósito do Cotorinho (Marão), a 2000 m da cicatriz.. 210. Fot. C2.7: Vestígios do fluxo de detritos, próximo de Cotorinho.. 211. Fot. C2.8: Deslizamento pelicular na vertente sul da ribª de Fervença.. 214. Fot. C2.9: Barranco próximo de Porto Carreiro.. 230. Fot. C2.10: Porto Carreiro, a jusante da área de arranque do fluxo de S. João.. 232. Fot. C2.11:. Muro construído com blocos e calhaus recolhidos da superfície do depósito. resultante do fluxo de detritos.. 233. Fot. C2.12: Cicatriz principal do fluxo de detritos de Covelo do Gerês.. 245. Fot. C2.13: Bloco de granito deslocado pelo fluxo de detritos, em Covelo do Geres, em 1966. Fot. C2.14: Fenda de grande profundidade a montante. 246 da cicatriz principal do fluxo de. detritos.. 254. Fot. C2.15: Fendas superficiais, a montante da cicatriz principal do fluxo de detritos.. 255. Fot. C2.16: Cicatriz do deslizamento do Fojo (Mondim de Basto).. 266. Fot. C2.17: Materiais movimentados pelo deslizamento do Fojo.. 266. Fot. C2.18: Casa destruída pelo fluxo de detritos de Cavez, vista de jusante.. 269. Fot. C2.19: Casa destruída pelo fluxo de detritos de Cavez, vista de montante.. 271.

(16) 476. Fot. C2.20: Cicatriz do fluxo de detritos de Cavez, vista geral.. 271. Fot. C2.21: Cicatriz do fluxo de detritos de Cavez, vista de pormenor.. 271. Fot. C2.22: Canal de erosão escavado pelo movimento dos materiais do fluxo de detritos de Cavez.. 273. Fot. C2.23: Área de acumulação do fluxo de detritos de Cavez, a jusante da estrada nacional. Fot. C2.24: Cicatriz lateral secundária do fluxo de detritos de Vila de Muros (Cinfães).. 273 298. Fot. C2.25: Área de acumulação intermédia, na secção intermédia da vertente de Vila de Muros.. 298. Fot. C2.26: Canal de erosão do fluxo de detritos de Vila de Muros, Cinfães.. 298. Fot. C2.27: Casa semi-destruída pelo fluxo de detritos de Vila de Muros (Cinfães).. 298.

(17) 477. Índice de quadros Quadro A2.1: Importância dos erros de digitalização no cálculo dos declives.. 52. Quadro B1.1: Relação entre diversos tipos de granitóides e fases tectónicas.. 92. Quadro B1.2: Relação entre diversos tipos de granitóides, segundo a sua composição mineralógica e fases tectónicas. Extraído de N. Ferreira (1987). Quadro B1.3: Características dos granitóides dominantes na área de Guimarães.. 93 98. Quadro B1.4: Principais características dos perfis de alteração dos granitóides da área de Guimarães. Quadro C2.1 - Características do granito do Gerês (280±11 M.A). Quadro C3-1:. 103 253. Factores que influem nas condições naturais e antrópicas da dinâmica. de vertentes. 303.

(18) 9. INTRODUÇÃO. O interesse em torno dos temas da geografia física surgiu ao longo d a f r e q u ê n c i a d o p ri m e i r o a n o d a l i c e n c i a t u r a e m G e o g r a f i a , e m 1 9 8 0 . T e n d o obtido transferência do curso de economia para o de geografia, foi com o maior interesse que fui progressivamente acolhendo a ideia de orientar a minha licenciatura para os estudos sobre o meio físico, muito por influência das aulas teóricas da Prof. Doutora Celeste Coelho. Esta influência reforçou-se ao longo dos quatro anos do curso, em especial no âmbito da disciplina de T é c n i c a s d e A p l i c a ç ã o e m G e o g r a f i a F í si c a . A. frequência do mestrado em. G e o g r a f i a F í si c a e R e g i o n a l. na. F a c u l d a d e d e L e t r a s d a Un i v e r s i d a d e d e L i s b o a , s o b a d i r e c ç ã o d o s P r o f s . Doutor A. de Brum Ferreira e S. Daveau permitiu-me alargar a visão sobre a evolução quaternária e actual das vertentes, bem como a importância da cartografia geomorfológica de pormenor e dos riscos naturais. Desde. então,. comecei. a. manifestar. o. interesse. pelo. desenho. assistido por computador e procurei desenvolver cartografia apoiada em programas de desenho. O Instituto de Geografia do Porto começava a dar os p r i m e i r o s p a s s o s n e s t e c o n t e x t o , m u i t o p o r i n i ci a t i v a d o P r o f . D o u t o r L u í s P a u l o Martins. Quando terminei o trabalho de provas de aptidão pedagógica e c a p a c i d a d e c i e n t í f i c a 1 e n t e n d i q u e p o d e ri a d e s e n v o l v e r a l i g a ç ã o e n t r e a produção de cartografia assistida por computador e a leitura e interpretação da dinâmica do meio físico. Nessa altura, a divulgação e expansão dos. 1 Dedicado ao estudo dos processos geomorfológicos actuais na Depressão de Ota-Carregado e colinas ocidentais..

(19) 10. S i s t e m a s d e I n f o r m a ç ã o G e o g r á f i c a e m P o r t u g a l , d a v a o s p ri m e i r o s p a s s o s . S u c e d i a m - s e a s m a i s d i v e r s a s c o n f e r ê n c i a s c o m e s p e c i a l i s t a s , q u e e x p l i c av a m as várias experiências de utilização dos SIG. Mais uma vez, respondendo a um desafio da Profª. Doutora Celeste Coelho, decidi procurar uma forma de d e s e n v o l v e r o s e s t u d o s s o b r e G e o g r a fi a F í s i c a e m l i g a ç ã o d i re c t a c o m a i n f o r m á t i c a , m a i s c o n c r e t a m e n t e n o â m bi t o d o s S I G s . Por outro lado, apercebi-me de que a análise sobre a dinâmica do m e i o f í si c o e , e m p a r t i c u l a r , s o b r e a e v o l u ç ã o a c t u a l d e v e r t e n t e s n ã o merecia qualquer preocupação por parte dos responsáveis pelo planeamento e o r d e n a m e n t o d o t e r r i t ó ri o . A i n f o r m a ç ã o s o b r e o m e i o f í s i c o , n o m e a d a m e n t e no que se refere à evolução actual de vertentes, exige levantamentos de c a m p o m o r o s o s e q u e i m p l i c a m c o n h e c i m e n t o s t e ó r i c o s e p r á t i c o s e s p e c í fi c o s , o que provavelmente contribuiu para o esquecimento a que foi sujeita, por exemplo,. n a a n á l i s e e d e f i n i çã o d a R e s e r v a E c o l ó g i c a N a c i o n a l (R E N ) , n o. â m b i t o d o s P l a n o s D i re c t o r e s M u n i ci p a i s (P D M s ) . Associando definição de demasiado. esta. problemática. riscos naturais, que. generalizada. e. sem. não. ao. seja. contemplar. interesse feita a. em. e. urgência. gabinete. realidade. do. pela. de. forma. meio. físico,. procurei desenvolver um SIG que se apoie em levantamentos sobre o terreno e que trabalhe a informação com recurso às novas tecnologias. Esta opção exige que se procure resolver os problemas de tratamento da informação sem aligeirar o rigor com que esta deve ser recolhida e analisada. O recurso a novas tecnologias, só por si, não lhe confere maior fiabilidade. Pelo contrário, poderá trazer simplificações, decorrentes do processo de adaptação da informação às técnicas disponíveis nos ambientes de Sistema de Informação G e o g r á fi c a ,. o. que. poderá. c o n d i c i on a r. negativamente. a. cartografia.

(20) 11. r e s u l t a n t e , f a z e n d o c o m q u e n ã o r e f l i c t a a r e a l i d a d e d o m e i o f í si c o . Procura-se, portanto, o desenvolvimento de ferramentas para o planeamento e o ordenamento do território, sensíveis à dinâmica actual do meio físico e que representem um olhar crítico sobre a forma como ela vem s e n d o e n c a r a d a . O m e i o f í si c o j á n ã o p o d e s e r c o n s i d e r a d o , u n i c a m e n t e , como suporte à actividade humana. A imponência da sua dinâmica, com o c o r t e j o d e p r e j u í z o s m a t e r i ai s e p e r d a s d e v i d a s h u m a n a s , o b r i g a - n o s a u m estudo aprofundado sobre essa dinâmica, o que só pode ser feito com recurso a i n f o r m a ç ã o p r o d u z i d a c o m ri g o r e p a s s í v e l d e r e f l e c t i r e s s a r e a l i d a d e . A realização do trabalho atrás referido sobre evolução de vertentes numa. região. constituída. por. rochas. sedimentares. (e m. Ota/Alenquer). despertou-me a curiosidade sobre a forma como essa evolução se processaria e m á r e a s d o m a ci ç o a n t i g o , e m e s p e c i a l c o m a f l o r a m e n t o s d e g r a n i t ó i d e s . Quais seriam as condições de evolução de vertentes nessas áreas? Que factores seriam determinantes nessa evolução? Que tipo de processos seriam d o m i n a n t e s ? Q u e c a r t o g r a f i a d e r i s c o s n a t u r a i s s e ri a p o s s í v e l p r o d u z i r ? Q u a i s a s p r i n ci p a i s d i f e r e n ç a s o u s e m e l h a n ç a s e n t r e e s t a s á r e a s e a s d e l i t o l o g i a dominada por rochas sedimentares? Estas eram algumas das questões que coloquei e que pretendia responder com o presente trabalho. Cedo percebi que os critérios de levantamento de campo utilizado nas áreas sedimentares, não se ajustava às do maciço antigo. Por exemplo, n e m s e m p r e , n o t e r r e n o e r a m n í t i d o s o s si n a i s d e u m a e v o l u ç ã o d e v e r t e n t e s r e c e n t e . A p e n a s a s n o t í ci a s , e s p o r á d i c a s , d e o c o r r ê n c i a s d e m o v i m e n t o s d e vertente, num passado não muito distante, punham em evidência exemplos b e m r e v e l a d o r e s d e u m a p o d e r o s a d i n â m i ca d o m e i o f í s i c o ..

(21) 12. Aproveitando. essas. notícias. e. procedendo. ao. estudo. de. o c o r r ê n c i a s v á ri a s , v e r i f i q u e i q u e o s v e s t í g i o s d a d i n â m i c a d e v e r t e n t e s , e m áreas de substrato granítico, sobretudo ao nível dos aspectos morfológicos, pareciam. experimentar. uma. evolução. posterior. m ui t o. s i g ni f i c a t i v a ,. mascarando indícios de movimentações. Então, como identificar as áreas onde ocorreram movimentos de vertente? Quais as condições geográficas que os condicionam? As diferentes litologias estarão directamente relacionadas c o m o s v á ri o s t i p o s d e m o v i m e n t o s ?.

(22) 13. OBJECTIVOS E METODOLOGIA. De uma forma resumida, poderemos dizer que o trabalho agora apresentado tem três grandes objectivos. O. p r i m ei r o. consiste. em. introduzir. as. novas. tecnologias. da. i n f o r m a ç ã o g e o g r á fi c a n a a n á l i s e g e o m o r f o l ó g i c a d a e v o l u ç ã o a c t u a l d a s vertentes, adaptar a informação ao tratamento no âmbito dessas tecnologias e debater as questões relacionadas com essa adaptação, sem que isso s i g n i fi q u e m e n o r q u a l i d a d e e r i g o r d a i n f o r m a ç ã o . O segundo consiste na caracterização do tipo de movimentos de vertente que ocorrem no maciço antigo, onde genericamente predominam as rochas granitóides. Por último, pretende-se construir um fluxo de trabalho, utilizável em planeamento físico e ordenamento do território, adaptado às características do NW de Portugal, que seja capaz de responder às questões relacionadas com os riscos naturais em vertentes, o que se tem revelado uma tarefa urgente. A c o n s t i t ui ç ã o d e u m S I G s o b r e s u s c e p t i b i l i d a d e g e o m o r f o l ó g i c a (P a r t e B , c a p . 1 ) i m p l i c a a l e i t u r a d a s á r e a s q u e a p r e s e n t a m a s c o n d i ç õ e s m a i s favoráveis. ao. seu. desenvolvimento.. No. sentido. de. proceder. a. essa. identificação, iniciou-se o estudo dos movimentos de vertente conhecidos, e procurou-se. determinar. o. conjunto. de. factores. responsáveis. pela. sua. o c o r r ê n c i a . Um a v e z d e f i n i d o s e s s e s f a c t o r e s , p r o c u r a m o s i d e n t i f i c a r a s v á ri a s condições hídricos. ...). geográficas propícias. (l i t o l o g i a , à. alteração,. ocorrência. de. aspectos. movimentos.. geomorfológicos,. Nesse. sentido,. não.

(23) 14. limitamos o estudo a uma área específica do maciço antigo. Procurando a b r a n g e r t o d o o N d e P o r t u g a l , e m e s p e ci a l o N W. A responsáveis. i d e n t i fi c a ç ã o pela. desenvolvimento. dos. ocorrência de. estudos. factores de mais. e. das. movimentos. de. l oc a l i z a d o s ,. condições. geográficas. vertente, onde. seria. permitiria. o. possível. a. concretização de uma cartografia produzida em ambiente SIG. A área de Guimarães, limitada à folha 85 da Carta Topográfica de Portugal, constituiu-se c o m o á r e a e x p e r i m e n t a l p a r a a c o n s t r u ç ã o d o S I G s o b r e s u s c e p t i bi l i d a d e geomorfológica. Esta área apresenta uma grande variedade de formas de r e l e v o e u m a e x p a n s ã o u r b a n a i m p o r t a n t e , o q u e s i g n i fi c a u m a e l e v a d a pressão da intervenção humana sobre a dinâmica do meio físico. Serve assim c o m o á r e a e x e m p l i fi c a t i v a d a p r o d u ç ã o d a c a r t o g r a f i a e m S I G e c o n s t i t u i ponto de referência e aferição sobre a fiabilidade do Sistema de Informação G e o g r á fi c a . Como veremos, o processo de tratamento da informação com recurso à produção automática da cartografia, implica uma separação entre utilizador e processo de produção da cartografia, que acaba por depender de um conjunto de algoritmos previamente introduzidos no sistema e que, as mais das vezes, ignoramos. Com o conhecimento do terreno é mais fácil aferir da correspondência entre base cartográfica e realidade do meio físico. Ao tentarmos concretizar um SIG numa área conhecida no terreno, é mais fácil a interpretação. da. informação. produzida. automaticamente.. Desta. forma,. tornamo-nos mais críticos em relação ao fluxo de trabalho e às funções que poderemos utilizar em ambiente SIG. Relativamente ao fluxo de trabalho em SIG, este foi objecto de a n á l i s e e d i s c u s s ã o , s o b r e t u d o n o q u e s e r e f e r e à c a r t o g r a f i a a u t o m á t i c a (n o.

(24) 15. c a s o d o s d e c l i v e s ) , a o t r a b a l h o d e s o b r e p o s i ç ã o d e n í v ei s e à u t i l i z a ç ã o d a s questões. lógicas.. Do. mesmo. modo,. foram. debatidos. os. problemas. de. adaptação da cartografia geomorfológica ao tratamento da informação em a m b i e n t e S I G (P a r t e A ) . À medida que o trabalho ia sendo desenvolvido, fomos percebendo que os SIGs que íamos acompanhando não contemplavam a componente de trabalho de campo: eram elaborados, quase em exclusivo, com base na cartografia digitalizada disponível e na detecção remota. Em contrapartida, o s t r a b a l h o s d e d e f i n i ç ã o e z o n a g e m d o s ri s c o s n a t u r a i s a p r e s e n t a m u m a f o r t e componente cartográfica com recurso a registos no campo, utilizando uma simbologia elaborar. bem definida, mas de difícil transposição para o SIG. Procuramos. a. ponte. entre. estes. dois. ‘mundos’,. através. da. produção. de. cartografia de uma área específica, discutindo problemas e apresentando soluções que, por serem discutíveis, poderão sempre ser melhoradas. Desta forma,. procurámos. introduzir. os. levantamentos. de. campo. num. trabalho. eminentemente de gabinete. Para. responder. a. estes. problemas. ensaiamos. a. d e f i ni ç ã o. de. unidades e elementos territoriais em geomorfologia, e produzimos a respectiva cartografia para tratamento em ambiente SIG. Se isso é viável a uma escala média, 1:50000, já não nos parece fácil e isenta de problemas a sua utilização a uma escala de pormenor, onde terão que ser procuradas e ensaiadas outras m e t o d o l o g i a s , q u e , p o r o r a , d ei x a m o s e m a b e r t o . O. trabalho. corresponde. à. está. organizado. identificação. e. em. h i s t ó ri a. quatro. dos. partes.. Sistemas. de. A. parte. A. Informação. G e o g r á fi c a , e n g l o b a n d o a i n d a u m a d i s c u s s ã o e m t o r n o d o s p r o b l e m a s d a relação. entre. cartografia. automática. e. meio. físico.. A. transposição. dos.

(25) 16. levantamentos feita no terreno e da cartografia geomorfológica para o a m b i e n t e S I G i l u s t r a b e m a s d i fi c u l d a d e s d e r e l a c i o n a m e n t o e n t r e c a r t o g r a f i a a u t o m á t i c a e r e p r e s e n t a ç ã o g r á f i c a d a d i n â m i c a d o m e i o f í si c o . A parte B faz o enquadramento da área experimental no NW de P o r t u g a l e d e f i n e a s s u a s c a r a c t e r í s t i c a s p r i n c i p ai s . A parte C é a mais extensa. Depois de serem equacionados alguns problemas ligados ao estudo dos movimentos de vertente em maciço antigo, são apresentados vários exemplos concretos, analisando-se os factores que provocaram o seu desencadeamento e as condições geográficas da sua ocorrência. Na parte D, depois de se discutirem os conceitos associados ao risco natural, definem-se as condições de ocorrência de movimentos de v e r t e n t e s , p a r a a á r e a d e G u i m a r ã e s (f o l h a 8 5 d a C a r t a T o p o g r á f i c a d e Portugal).. Finalmente,. constrói-se. o. fluxo. de. trabalho. em. ambiente. SIG,. definem-se e elaboram-se as questões lógicas que permitirão a construção da c a r t o g r a f i a d e s u s c e p t i bi l i d a d e q u e a p r e s e n t a m o s . E s t a s t a r e f a s e s t ã o n o i n í ci o d o s e u d e s e n v o l v i m e n t o , h á a i n d a muito trabalho a fazer. Com esta dissertação, pretende-se dar um contributo, abrir caminhos que importa explorar e colocar em debate a utilização prática de novas tecnologias, em ligação directa com a investigação científica. Embora tenhamos consciência das dificuldades que teremos pela frente, há, porém, uma atitude que deve estar sempre presente: os resultados do nosso t r a b a l h o d e v e m s e r s u j e i t o s a u m a l ei t u r a c r í t i c a , c o m o o b j e c t i v o d e n ã o s a c r i f i c a r o r i g o r c i e n t í f i c o à f a c i l i d a d e f u n ci o n a l d a t e c n o l o g i a u t i l i z a d a ..

(26) 17. AGRADECIMENTOS. O trabalho foi realizado com o contributo de várias instituições e pessoas que importa recordar e a quem devo um agradecimento. Ao Professor Doutor Fernando Rebelo agradeço a receptividade em relação. ao. tema. de. tese,. ao. acompanhamento. paciente. ao. longo. do. trabalho e à leitura crítica e sempre pronta dos textos que lhe apresentei. Uma dissertação. de. doutoramento. é. uma. tarefa. a. longo. prazo. que. soube. acompanhar de forma cuidada mas aberta, aceitando com ponderação as minhas propostas. A o D e p a r t a m e n t o d e G e o l o g i a d a Un i v e r s i d a d e d e O v i e d o d e v o a calorosa recepção, apoio bibliográfico e a total disponibilidade para o estudo de técnicas de detecção remota e trabalho no terreno em áreas de maciço antigo. Devo recordar o Prof. Pedro Fárias e, de uma forma geral, os técnicos do. I N D UR O T. (o r g a n i s m o. do. governo. regional. das. Astúrias. e. do. referido. departamento, com competências na produção cartográfica sobre o meio físico).. Tive. oportunidade. de. v e r i fi c a r. a. forma. como. se. procedia. ao. tratamento da informação sobre movimentos de vertente, preparada em gabinete e confirmada no terreno. Vários foram os estágios sobre o terreno que permitiram apurar os métodos de trabalho de campo, em áreas com alguns pontos comuns com o NW Português. No Centro de Estudos Geográficos da Faculdade de Letras de Lisboa sempre fui bem acolhido. A informação que solicitei sempre me foi p r o n t a m e n t e c e d i d a . D e v o r e a l ç a r a a j u d a e d i s p o ni b i l i d a d e d o L u í s Z ê z e r e e da Luísa Rodrigues, e a enorme solicitude do Carlos Sirgado..

(27) 18. Ao bibliográfico. Instituto e. as. Geológico. ajudas. na. e. Mineiro. i d e n t i fi c a ç ã o. do. Porto,. dos. agradeço. diversos. tipos. o. apoio. litológicos. r e p r e s e n t a d o s n a f o l h a 9 - B , j á q u e a n o t í ci a e x p l i c a t i v a a i n d a n ã o e s t á disponível. Nessa tarefa há que realçar o papel do Dr. Narciso Ferreira que, em virtude dos contactos realizados, se transformou num colaborador em estudos sobre movimentos de vertente, ainda em fase de execução. À Fundação para a Ciência e a Tecnologia devo o apoio a este trabalho, no âmbito do projecto de investigação intitulado "Processos erosivos n o N d e P o r t u g a l : d e f i n i ç ã o d e á r e a s d e ri s c o " . A a j u d a fi n a n c e i r a d o P R O D E P p e r m i t i u a r e a l i z a ç ã o d e p a r t e d o t r a b a l h o d e c a m p o , b e m c o m o a a q u i s i ç ã o d e e q u i pa m e n t o i n f o r m á t i c o . Já. no. final,. quando. encetamos. as. tarefas. de. executar. tecnicamente o fluxo de trabalho em SIG, beneficiamos do apoio técnico de Delfim Fernandes. O. seu empenho na execução de um. trabalho, em si. bastante moroso, foi precioso e permitiu a antecipação em vários meses da apresentação deste texto. A o s c o l e g a s d o D e p a r t a m e n t o d e G e o g r a fi a d o P o r t o , r e c o n h e ç o a p a c i ê n ci a q u e t i v e r a m e m m o m e n t o s m a i s d i f í c e i s . N ã o p o s s o , p o r é m , d e i x a r de referir a Professora Doutora Rosa Fernanda no empenho que demonstrou na a q u i si ç ã o d a e s t a ç ã o g r á f i c a e r e s p e c t i v o s p r o g r a m a s , n u m p e r í o d o e m q u e o s c u s t o s d o e q u i p a m e n t o t o r n a v a m q u a s e p r o i bi t i v o o t r a b a l h o e m S i s t e m a s de Informação Geográfica. Ao António Pedrosa devo várias indicações de campo, localizando movimentos. de. vertente,. na. área. de. trabalho. da. sua. dissertação. de. doutoramento, que não tinham sido noticiados publicamente, ou não tinham.

(28) 19. s i d o o b j e c t o d a s u a i n v e s t i g a ç ã o . A e l e d e v o v á ri a s d e s l o c a ç õ e s a o t e r r e n o , b e m c o m o i m p o r t a n t e s d i s c u s s õ e s d e c a r á c t e r c i e n t í fi c o . À Profª. Assunção Araújo agradeço a cedência de diapositivos que documentam os estudos sobre Cavez. Um a p a l a v r a d e a p r e ç o m ui t o e s p e c i a l e m r e l a ç ã o à L a u r a S o a r e s . Passamos. muitos. dias. em. trabalho. de. campo. e. discutimos. perspectivas. c i e n t í fi c a s . N o q u e s e r e f e r e a o s e s t u d o s e i d e n t i fi c a ç ã o d o s g r a n i t ó i d e s e respectivos mantos de alteração, a sua ajuda foi preciosa. Para além das ajudas de carácter científico devo-lhe o apoio amigo, desinteressado, que ela, com empenho, tão bem sabe cultivar entre amigos e colegas de trabalho, prejudicando, frequentemente, o seu trabalho pessoal. Ao processos. Marco. erosivos. Silvério,. no. N. de. técnico. de. Portugal,. investigação. devo. o. do. trabalho. projecto de. sobre. recolha. de. informação no terreno, respectivo tratamento estatístico e assistência ao equipamento instalado no terreno, libertando-me de muitas tarefas que não concorriam directamente para este trabalho, mas que eram necessárias para o desenvolvimento do referido projecto. Sempre procurei que a investigação desenvolvida no âmbito da dissertação que agora apresento não tivesse interferência na minha vida familiar. Foi tarefa inglória. Muitas férias foram encurtadas, ou não existiram, v á ri o s f i n s - d e - s e m a n a n ã o f o r a m p a s s a d o s e m c o n j u n t o e , p o r a l g u n s p e r í o d o s , a vida familiar não teve a minha presença. Nunca me responsabilizaram por isso e sempre manifestaram a sua compreensão. Tenho a intenção de poder, de alguma forma, compensá-los, num futuro próximo..

(29) 21. Parte A - Os Sistemas de Informação Geográfica e a cartografia dos riscos naturais..

(30) 22.

(31) 23. Capítulo A1 - Considerações gerais, breve história e definição de Sistema de Informação Geográfica.. 1. Considerações gerais.. Ao longo das últimas décadas, a expressão Sistemas de Informação G e o g r á f i c a (S I G ) t e m s i d o u t i l i z a d a c a d a v e z c o m m a i s f r e q u ê n c i a , e , n e m sempre, com um significado claro. Este facto resulta, em parte, da grande diversidade de utilizadores e de objectivos a atingir. Com efeito, as áreas de trabalho e investigação que têm utilizado os SIG são muito díspares, tendo em comum. o. facto. de. necessitarem. de. manipular. informação. com. uma. importante componente espacial. Este facto promoveu o interesse pela representação cartográfica como forma privilegiada de estudo e divulgação da informação geográfica. Por outro lado, o planeamento da vida económica das sociedades tem manifestado interesse crescente pelo ordenamento do território, já que, as actividades ocupação. económicas do. território.. e. sociais. De. igual. têm. influência. forma,. determinante. entendeu-se. que. o. sobre tipo. a de. desenvolvimento e ocupação do território pode conduzir a uma influência muito importante sobre o tipo de vida social e económica das sociedades, havendo mesmo alguns sectores económico-sociais muito sensíveis a este tipo d e p r o b l e m a s (p o r e x e m p l o : o t u r i s m o e a s a ú d e ). E s t e t i p o d e p r o b l e m á t i c a tornou evidente a necessidade de tratar grandes quantidades de informação.

(32) 24. directamente ligada à organização espacial das sociedades. Com o advento das. novas. tecnologias. da. informação,. foi. possível. equacionar. grande. quantidade de variáveis relacionadas com o estudo da variação espacial dos fenómenos, quer de características humanas, quer de características físicas. É neste contexto que os SIG aparecem como ferramenta com potencialidades a desenvolver por vários sectores. De entre os sectores que mais cedo sentiram a necessidade de utilização dos SIG destacam-se agronomia, zoologia, informática, matemática, fotogrametria. e. economia.. A. Geografia. tem. vindo. a. dar. uma. atenção. crescente a este tipo de tecnologia, e tem estado, desde os primeiros tempos, ligada aos Sistemas de Informação que apareceram nos países de grande desenvolvimento tecnológico. Paralelamente às áreas de saber já referidas, os SIG tiveram forte desenvolvimento ao nível das empresas que necessitam de gerir grande quantidade de informação. Neste campo, destacaram-se as empresas de gestão de redes, onde o tipo de operações relacionadas com a análise. topológica. era. indispensável. para. o. desenvolvimento. das. suas. actividades.. 2. Breve história.. A. necessidade. de. gerir. a. informação,. nomeadamente. a. que. envolve uma componente espacial, remonta às primeiras grandes civilizações conhecidas. Os mais antigos registos sobre o território, que chegaram ao nosso conhecimento,. são. necessidade. de. inundações. anuais. anteriores. proceder. a. a. 4000. registos. destruíam. com. AC.. das. No. Egipto. propriedades. muita. frequência. Antigo uma os. vez. havia. a. que. as. limites. das. propriedades agrícolas. Todos os anos havia a necessidade de reconstituir.

(33) 25. esses limites. A reconstituição pretendia evitar os conflitos de posse das terras quando da retoma do novo ano agrícola e permitir uma mais fácil cobrança de impostos. Constituídas por placas de argila, em duplicado, as fichas continham a identificação da propriedade, registos sobre a sua dimensão, o n ú m e r o d e i n u n d a ç õ e s o c o r r i d a s e o s i m p o s t o s d e v i d o s a o e s t a d o (P . F . D a l e , 1 9 9 1 ). P . F . D a l e (1 9 9 1 , p . 8 5 ) r e f e r e q u e , m a i s r e c e n t e m e n t e , n a B a b i l ó n i a , d u r a n t e a d i n a s t i a UR , s e p r o c e d i a a e s t e t i p o d e r e g i s t o , a c o m p a n h a d o d a r e p r e s e n t a ç ã o c a r t o g r á f i c a r e s p e c t i v a (f i g . A 1 . 1 ). N e s t e c a s o , j á s e p r o c u r a a identificação espacial da informação a registar.. Fig. A1.1: Antigo mapa cadastral. A. plano com unidades adimensionais, desenhadas em placas de argila de 12,7x10,8 cm. B. o mesmo plano desenhado à escala. Extraído de P. F. Dale, in Maguire e al. (1991, 2º vol., p.86)..

(34) 26. Mesmo. em. condições. técnicas. que. hoje. se. consideram. incomportáveis para o registo de grandes quantidades de informação, era possível. a construção de bases de dados, por vezes com componentes. cartográficas de fidelidade aceitável em relação à realidade. Estes seriam, porventura, os primeiros sistemas de informação. Como é fácil de verificar, o conjunto de potencialidades destes sistemas era muito limitado. No entanto, permitia duas funções básicas para a época: armazenagem de informação e consulta. A actualização dessa informação era tarefa penosa, mas necessária para e eficácia do sistema de informação. No tempo dos Romanos, as tarefas de inventariação e registo prosseguiram, sempre com o objectivo duplo de colecta de impostos e registo da. propriedade. indexação. de. das. terras.. impostos,. Surgem,. assim,. aparecendo. a. as. unidades. palavra. territoriais. capitastrum. de com. c o r r e s p o n d e n t e , n a a c t u a l i d a d e , a c a d a s t r o (P . F . D a l e , 1 9 9 1 ). Durante. várias. centenas. de. anos. desenvolveram-se,. em. vários. países da Europa, extensos registos da propriedade, sendo de realçar os que foram promovidos por Napoleão, na tentativa de alargar o cadastro a todo o império. Durante um extenso período desde a Antiguidade até ao período Contemporâneo, os avanços verificados no registo da informação, incidiram s o b r e o m a t e r i a l q u e s e r v i u d e s u p o r t e (a r g i l a , p a p i r o , p a p e l ) e n o s a s p e c t o s organizacionais das instituições incumbidas de levar a cabo estas tarefas que consistiram no armazenamento da informação, consulta e actualização. A partir dos anos 50, desenvolveu-se um conceito de base de dados c o m o b j e c t i v o s m ú l t i p l o s (P . F . D a l e , 1 9 9 1 ). J á n ã o b a s t a r e g i s t a r i n f o r m a ç ã o com o objectivo de dirimir conflitos sobre a posse da terra ou para facilitar a colecta. dos. impostos.. O. objectivo. consiste. em. promover. a. recolha. de.

(35) 27. informação de forma a que se possa retirar a maior quantidade de elementos para áreas de trabalho diversas. Desse modo, o planeamento parece ter beneficiado profundamente de um conjunto de informação complementar sobre o território, de forma a poder utilizar a componente espacial como elemento importante de compreensão da realidade. As variações espaciais dos. fenómenos. aparecem. como. um. elemento. determinante. no. seu. entendimento. Já nos anos 70, os cadastros com multifunções, baseados nas parcelas das propriedades, promovem o registo das componentes naturais, tal como o tipo de solos, as actividades humanas, redes e outras infra-estruturas associadas, e servem para tratar a informação ao nível local, regional ou mesmo nacional. Surgem, de forma sistemática, os sistemas de informação s o b r e o t e r r i t ó r i o (L I S : L a n d I n f o r m a t i o n S y s t e m ), c o m i n f o r m a ç ã o s o b r e o m e i o físico. Este tipo de evolução, envolve uma alteração no conjunto de funções. que. os. sistemas. de. informação. do. território. permitem.. A. armazenagem, consulta e actualização continuam a ser os elementos base e a sua primeira razão de existir. Começam, no entanto, a desenvolver-se as bases de dados que possibilitam a análise da informação registada. Com a análise estatística, inicia-se um processo de utilização destes sistemas no sentido de proceder à análise da realidade que, já no ano de 1981, permitiu à F é d é r a t i o n I n t e r n a t i o n a l d e s G é o m è t r e s (F I G ) d e f i n i r L I S (L a n d I n f o r m a t i o n System). como. “…um. instrumento. para. decisões. legais,. administrativas. e. e c o n ó m i c a s e u m a a j u d a p a r a o p l a n e a m e n t o e d e s e n v o l v i m e n t o … ” (P . F . D a l e , 1 9 9 1 , p . 8 7 ). Esta evolução terá sido possível devido às alterações tecnológicas.

(36) 28. verificadas. nos. últimos. 40. anos. (P .. A.. Burrough,. 1 9 9 2 ).. O. advento. da. computação permitiu tratar grande quantidade de informação e possibilitou o registo e consulta fácil da informação cartografada. É no início da década de 60 que surgem os primeiros mapas digitalizados. Desde então, a evolução tecnológica tem permitido uma grande facilidade de relacionamento entre dois tipos de informação em suporte digital: por um lado, o conjunto de elementos que caracterizam a realidade natural. e social, genericamente. designados de atributos, por outro, a representação cartográfica, através de pontos, linhas e áreas, que constitui a base gráfica sobre a qual é possível proceder. à. análise. espacial. dos. fenómenos. e. processos. ocorridos. na. r e a l i d a d e f í s i c o - s o c i a l (S . A r o n o f f , 1 9 8 9 ). A i n d a , s e g u n d o a d e f i n i ç ã o d a F I G (P . F . D a l e , 1 9 9 1 , p . 8 7 ), “ a b a s e de um Sistema de Informação sobre o Território é um sistema de referenciação espacial. para. a. informação. que. o. constitui. e. facilita. a. ligação. dessa. informação a outra com ela relacionada”. É assim que surge a ideia de ligação entre a informação de um sistema, mas, sobretudo, procura-se fazer a ligação. entre. representação. a. informação. cartográfica.. registada Está. na. lançada. base a. de. base. dados que. e. a. permitiu. sua o. desenvolvimento dos SIG. É, com a constituição e evolução dos LIS, que se atinge a ideia genérica dos SIG, preparando-se e desenvolvendo-se uma das funções mais importantes desses sistemas: operatividade e ligação entre base d e d a d o s e b a s e g r á f i c a (B u r r o u g h , 1 9 9 2 ). Só o avanço tecnológico recente permite alargar as funções dos sistemas. de. informação,. acrescentando. ao. processo. de. recolha,. armazenagem, consulta e actualização, o de análise, e em particular a análise espacial, modelação e auxiliar de produção de decisões nas mais.

(37) 29. variadas áreas de actividade.. 3. O que é um SIG?. Num contexto de grande diversidade de utilizadores e de áreas de aplicação, necessariamente teriam de aparecer diversos tipos de conceitos e interpretações sobre o que são os SIG. Conforme os centros de interesse dos utilizadores, é dada uma grande importância, ora ao conjunto de máquinas e programas disponibilizados para o tratamento da informação, ora ao tipo e f o r m a d e t r a t a m e n t o d a i n f o r m a ç ã o t r a b a l h a d a e m a m b i e n t e S I G (D . J . M a g u i r e , 1 9 9 1 ). Desta forma, podemos dizer que as diversas definições de SIG vão depender,. em. grande. parte,. dos. contextos. de. recolha,. do. tipo. de. armazenamento, manipulação e apresentação da informação, das tarefas a e x e c u t a r (c o n s u l t a , a c t u a l i z a ç ã o e a n á l i s e ) o u , a i n d a , d a u t i l i z a ç ã o f e i t a (d e c i s ã o , g e s t ã o , i n v e s t i g a ç ã o , … ). N e s t e c o n t e x t o , p o d e m o s d i z e r , d e f o r m a muito lata, que os SIG têm duas componentes que são complementares: por um lado, o conjunto de máquinas e programas, e, por outro, todo o processo i n f o r m a t i v o (P . A . B u r r o u g h , 1 9 9 2 ). O p r i m e i r o é e s s e n c i a l p a r a a e f i c i ê n c i a d o trabalho a realizar, mas o segundo é condição básica para que os resultados a atingir tenham fiabilidade e, portanto, sejam passíveis de utilização. Se é possível a existência de SIG em suporte analógico, não é menos verdade que a quantidade, tratamento e manipulação da informação se torna demasiado l i m i t a d a . É n e s t a p e r s p e c t i v a m a i s l a t a , q u e D . G . M a g u i r e (1 9 9 1 , p . 1 1 ) s e refere aos SIG como “sistemas que trabalham a informação geográfica”. Este tipo de definição é de tal forma genérico que parece englobar todo o tipo de sistema de informação desde que a noção de espaço seja.

(38) 30. determinante. na. utilização. e. tratamento. da. informação.. Isto. resulta. da. grande dificuldade de conciliar interesses de utilização díspares. D.G. Maguire (1 9 9 1 , p . 1 0 - 1 1 ) t r a n s c r e v e o n z e d e f i n i ç õ e s , d e v á r i o s a u t o r e s , o n d e o a c e n t o tónico é colocado de forma diferenciada consoante os diversos interesses de utilização. dos. SIG.. Alguns. dos. autores,. citados. por. D.G.. importância ao armazenar da informação geograficamente. Maguire,. dão. referenciada. (D o e , 1 9 8 7 ; D u e k e r , 1 9 7 9 ; P a r k e r , 1 9 8 8 ; S m i t h e t a l . , 1 9 8 7 ), o u t r o s s u b l i n h a m que o mais importante é o conjunto de procedimentos e capacidades de t r a n s f o r m a ç ã o d a i n f o r m a ç ã o (A r o n o f f , 1 9 8 9 ; B u r r o u g h , 1 9 8 6 ; O z e m o y , S m i t h e S i c h e r m a n , 1 9 8 1 ; S m i t h e t a l . , 1 9 8 7 ). O u t r o s u t i l i z a m u m S I G c o m o a p o i o a d e c i s õ e s (C o we n , 1 9 8 8 ; D e v i n e e F i e l d , 1 9 8 6 ), o u c o n s i d e r a m q u e u m S I G é uma entidade institucional, organizacional, com tecnologia, base de dados, e s p e c i a l i s t a s e a p o i o f i n a n c e i r o (C a r t e r , 1 9 8 8 ), o u , a i n d a , q u e o s S I G s e d e s t a c a m p e l o a p o i o à m o d e l a ç ã o (K o s h k a r i o v , T i k u n o v e T r o f i m o v , 1 9 8 9 ). Esta diversidade de objectivos só é possível devido às grandes potencialidades dos SIG, quer em quantidades de informação a tratar, quer no que se refere à rapidez de processamento da informação. Se é certo que, sem o desenvolvimento dos programas e máquinas não seria possível a difusão e ampliação da quantidade de informação sobre o meio físico e social, também. é. certo. que, em. SIG. assume. primordial. importância. o. tipo. de. informação tratada e, sobretudo, a forma como se trabalha essa informação. A facilidade crescente de tratamento da informação, em suporte digital e por meios. informáticos. afastamento. do. de. complexidade. utilizador. em. crescente,. relação. ao. veio. processo. contribuir de. para. um. produção. da. cartografia. A exigência de técnicos especializados para manipular os SIG é crescente. e,. esse. facto,. conduziu. ao. afastamento. da. produção. e.

Referências

Documentos relacionados

Observa-se que a produção de leite média dos animais alojados no galpão aberto sofreu menor impacto da temperatura e umidade relativa do ambiente comparativamente aos

A exposição tabágica ambiental encontra-se ligada ao aparecimento de resultados adversos para a saúde, sendo relatada uma relação de causalidade com doen- ças respiratórias, como

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários

"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna

Nesse sentido, escritoras indígenas como Eliane Potiguara, Graça Graúna, Marcia Wayna Kambeba, Janet Campbell Hale, Larissa Behrendt, Chrystos, entre outras autoras

contra o fato colorido e diverso. O espírito científico deve-se formar reformando-se”. O desejo como uma questão aberta nos conceitos da psicanálise importa

Fonte: Imagem retirada do seriado televisivo Breaking Bad (2008), direção: Vince Gilligan, Produção: AMC. “Componentes químicos, não”, o que o aluno respondeu é uma espécie de

Purpose: This thesis aims to describe dietary salt intake and to examine potential factors that could help to reduce salt intake. Thus aims to contribute to