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Capítulo B3 Características da área experimental: Área de Guimarães.

Guimarães é uma cidade de dimensão média do norte de Portugal. A 40 km, em linha recta, da li nha de costa, si tua-se próximo do sopé da serra da Cabreira, uma das grandes elev ações que consti tuem o conjunto de relevo sali ente mai s importante a norte do ri o Douro (fig. B3.1). Entre o litoral e as referidas montanhas desenv olv e-se um relevo que é caracterizado pelos encaixes dos cursos de água que as drenam. É nessa faixa de terrenos que se localizam vári as cidades de dimensão média, entre as quai s Guimarães, nos sectores médios dos v ales de encaixe forte mas de fundo amplo e quase plano (capítulo B2).

Pela expansão que a cidade tem tido ao longo das últimas décadas esta área consti tui um dos exemplos de forte i ntervenção humana sobre o meio físico. Nem sempre se tem estudado o ti po de consequênci as dessa i ntervenção. À medida que v ai progredindo essa expansão, são cada v ez mai s, e de maiores dimensões, as estruturas implantadas.

As áreas ocupadas vão sendo alargadas e, do ponto de vista dos processos geomorfológicos, apresentam características mui to diversificadas, entre as quai s se salientam a diversidade de formas, a v ariedade de declives e os múltiplos tipos de rochas. I nserida numa área em que o pov oamento era

predominantemente disperso, a expansão da cidade de Guimarães tem vindo a absorv er vári as povoações periféricas. Esse processo de expansão tem alterado profundamente o ti po de relacionamento Homem/Natureza cujas consequênci as poderão fazer-se senti r num futuro próximo. Vão sendo ocupadas planícies de inundação, antes agricultadas, e v ertentes que até então eram florestadas. O mesmo parece suceder, embora com menos intensidade, a três outras localidades próximas: Fafe, Caldas de Vizela e Felgueiras.

ERMELO PORTO COVELO DO GERÊS LOBIÔ PORTO CARREIRO FERVENÇA COTORINHO SRA. DA GRAÇA GUIMARÃES Cavez Altitude (metros): Norte 0 10 km 200 - 400 400 - 600 600 - 800 800 - 1000 1000 - 1200 0 - 200 1200 - 1400 1400 - 1600 Área em estudo FLUP SDI / Cartografia Miguel Nogueira / 1999 Vila de Muros -Cinfães- ERMELO PORTO COVELO DO GERÊS LOBIÔ PORTO CARREIRO FERVENÇA COTORINHO SRA. DA GRAÇA GUIMARÃES Cavez Altitude (metros): Norte 0 10 km 200 - 400 400 - 600 600 - 800 800 - 1000 1000 - 1200 0 - 200 1200 - 1400 1400 - 1600 Área em estudo FLUP SDI / Cartografia Miguel Nogueira / 1999 Vila de Muros -Cinfães-

Fig. B3.1: Mapa hipsométricos do N de Portugal. O rectângulo representa o espaço abrangido pela área experimental – folha 85: Guimarães.

A necessidade de analisar as prov áveis consequências deste tipo de ev olução conduziu à escolha desta área amostra para a elaboração do nosso trabalho. A área entre Guimarães, Fafe, Caldas de Vizela e Felgueiras, poderá ver a estabilidade de vertentes afectada por este ti po de intervenção. Corresponde, grosso modo, à folha 85 da carta topográfica de Portugal à escala

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1:25000. Tendo como base de análise as profundas interv enções que se têm fei to na peri feria de Guimarães procurou-se construir uma proposta de SIG que permita a análise dos riscos naturai s para a área da folha 85, como demonstração das potenci alidades de elaboração deste ti po de cartografia, com o recurso a novas tecnologi as, no planeamento físico do terri tório.

1 . A e s t r u t u r a .

1.1. Litologia (fig. B3.2).

As rochas dominantes na área de Guimarães/Fafe são os granitóides. Destes o mais extenso é o de Guimarães/Sto. Ti rso que se divide em dois afloramentos. Um ocupa a parte ocidental da folha 85, com disposição N-S. O outro ocupa uma faixa na parte ori ental da carta, com direcção N W-SE. Entre estes dois afloramentos dispõem-se os granodiori tos de Felgueiras que alternam com os xistos e metagrauv aques do Silúrico. Esta fai xa é mais larga a S, com mais de 9km. Na parte N deste afloramento o contacto destes com o granito de Guimarães/Sto. Tirso originou a formação de rochas corneanas.

Para além destes, afloram, ai nda, o grani to de Fafe/Sendim e o grani to de Burgães/Selho/Arões. Estes ocupam o sector NE da folha, onde se situa a cidade de Fafe. A o longo do contacto dos metassedimentos com o afloramento ori ental do grani to de Guimarães localizam-se pequenas manchas de grani to de Burgães/Selho/Arões e de grani to de Fafe/Sendim. A parecem, ai nda, afloramentos de Vaugneri tos de A ntime (a S de Fafe) e granitos de Lustosa/Regilde (a E de Vizela).

a acumulação de sedimentos. Estes, colmatam o fundo destes vales e parecem resultar da acção conjunta do transporte longitudi nal dos cursos de água e da ev olução das vertentes (v er capítulo B2).

As características mineralógicas, químicas e a textura destes grani tóides já foi abordada no ponto B1.1. No entanto, v ale a pena salientar que os grani tóides de textura mais grosseira (grani to de Guimarães/Sto. Tirso e granodiorito de Felguei ras) são os que ocupam a área mais extensa. Só no sector NE da carta aparecem os grani tos de textura média a fi na, destacando-se o de Fafe, considerado de textura fina.

Quando se faz a análise da composição química e mineralógica, da textura, da porosidade (porosidade de 6,6% e tempo de i nfiltração de 20 minutos, segundo L. Soares, 1992) e densa fracturação dos grani tóides, percebemos que o grani to de Guimarães/Stº. Ti rso/Amarante reúne as condições para a formação de espessos mantos de alteração e o desenv olvimento de importantes processos erosivos. Mai s de metade da área experimental (folha 85) é consti tuída por este ti po de grani to.

De igual forma, o granodiorito de Felgueiras apresenta elevados índices de alterabilidade, com porosidade de 3,4% e tempo de i nfiltração de 27 minutos (L. Soares, 1992). A sua extensão é considerável, e os índices de alterabilidade são elev ados. De uma forma geral, todavia, corresponde a áreas altas e não evidencia grande alteração. Só a NE de Guimarães apresenta estrei tas faixas de afloramento que correspondem ao fundo do v ale do Selho, cujo trajecto é ori entado por um vale de fractura. Neste caso, a fracturação foi determinante no processo de alteração.

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Dos restantes grani tóides representados no esboço litológico, o grani to de Lustosa/Regilde tem índices de porosidade intermédia, de 1,4%, com um tempo de infiltração de 1hora e 20 minutos (L. Soares, 1992). No entanto, a sua distribuição espaci al, em pequenas manchas dispersas na área de Fafe, tem muito pouco significado. Localizam-se numa área de relevo pouco acidentado, dispondo-se i ndiferentes à v ari ação altimétrica, o que parece não reflectir qualquer relação entre morfologia e dureza dos afloramentos rochosos. Este ti po de granito não apresenta grande alterabilidade, a não ser ao longo dos afloramentos rochosos mais fracturados.

O grani to de Burgães/Selho/Arões também se localiza na área de Fafe

e apresenta um afloramento com uma dimensão aproximada de 20km2. Tem uma

muito fraca porosidade, de apenas 0,6%, com um tempo de infiltração de 2 horas (L. Soares, 1992). Este afloramento coi ncide com o limi te ocidental dos sectores planos da área de Fafe, mais elevados que o relevo da área de Guimarães. Parece ser responsável pela manutenção do vigor das v ertentes que separam essa superfície plana, dos vales do Selho e Vizela, si tuados, respectivamente a W e SW. Estas características permi tem atribuir-lhe um índice de alterabilidade muito fraco, o que parece ser confirmado pela relação entre afloramentos rochosos e morfologia. Nesta área, a fracturação não parece ter fragilizado o afloramento, pelo menos no que se refere à grande fracturação.

Como já vimos, o grani to de Fafe/Sendim é caracterizado por uma grande semelhança quimico-mineralógica com o grani to de Burgães/Selho/Arões. No entanto, apresenta uma textura de grão fi no, o que permite fazer a distinção, em relação a este grani to, na cartografi a geológica portuguesa. O facto de

apresentar textura mais fino indicia que tem, relativamente ao granito de Burgães/Selho/Arões, menor porosidade e maior tempo de i nfiltração. Não podemos confirmar este ideia, já que não temos v alores de porosidade e tempo de i nfiltração para este ti po de grani to.

A mineralogia e a composição química são bons i ndicadores para que os geólogos possam atri buir-lhes idade tardi a pós-tectónica relativamente a F3 (M . Montenegro Andrade, F. Sodré Borges e F. Noronha, 1985).

Ocupa as áreas mais planas de Fafe e não evidenci a uma relação parti cular com a morfologia.