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Capítulo A1 Considerações gerais, breve história e definição de Sistema de Informação Geográfica.

2. Breve história.

A necessi dade de geri r a i nformação, nomeadamente a que env olv e uma componente espaci al, remonta às pri mei ras grandes ci v i li zações conheci das. Os mai s anti gos regi stos sobre o terri tóri o, que chegaram ao nosso conheci mento, são anteri ores a 4000 A C. No Egi pto A nti go hav i a a necessi dade de proceder a regi stos das propri edades uma v ez que as i nundações anuai s destruíam com mui ta frequênci a os li mi tes das propri edades agrícolas. Todos os anos hav i a a necessi dade de reconsti tui r

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esses li mi tes. A reconsti tui ção pretendi a ev i tar os confli tos de posse das terras quando da retoma do nov o ano agrícola e permi ti r uma mai s fáci l cobrança de i mpostos. Consti tuídas por placas de argi la, em dupli cado, as fi chas conti nham a i denti fi cação da propri edade, regi stos sobre a sua di mensão, o número de i nundações ocorri das e os i mpostos dev i dos ao estado (P.F. Dale, 1991).

P.F. Dale (1991, p.85) refere que, mai s recentemente, na Babi lóni a, durante a di nasti a UR, se procedi a a este ti po de regi sto, acompanhado da representação cartográfi ca respecti v a (fi g. A 1.1). Neste caso, já se procura a i denti fi cação espaci al da i nformação a regi star.

Fig. A1.1: Antigo mapa cadastral. A. plano com unidades adimensionais, desenhadas em placas de argila de 12,7x10,8 cm. B. o mesmo plano desenhado à escala. Extraído de P. F. Dale, in Maguire e al. (1991, 2º vol., p.86).

Mesmo em condi ções técni cas que hoje se consi deram i ncomportáv ei s para o regi sto de grandes quanti dades de i nformação, era possív el a construção de bases de dados, por v ezes com componentes cartográfi cas de fi deli dade acei táv el em relação à reali dade. Estes seri am, porv entura, os pri mei ros si stemas de i nformação. Como é fáci l de v eri fi car, o conjunto de potenci ali dades destes si stemas era mui to li mi tado. No entanto, permi ti a duas funções bási cas para a época: armazenagem de i nformação e consulta. A actuali zação dessa i nformação era tarefa penosa, mas necessári a para e efi cáci a do si stema de i nformação.

No tempo dos Romanos, as tarefas de i nv entari ação e regi sto prossegui ram, sempre com o objecti v o duplo de colecta de i mpostos e regi sto da propri edade das terras. Surgem, assi m, as uni dades terri tori ai s de

i ndexação de i mpostos, aparecendo a palav ra capitastrum com

correspondente, na actuali dade, a cadastro (P. F. Dale, 1991).

Durante v ári as centenas de anos desenv olv eram-se, em v ári os países da Europa, extensos regi stos da propri edade, sendo de realçar os que foram promov i dos por Napoleão, na tentati v a de alargar o cadastro a todo o i mpéri o. Durante um extenso período desde a A nti gui dade até ao período Contemporâneo, os av anços v eri fi cados no regi sto da i nformação, i nci di ram sobre o materi al que serv i u de suporte (argi la, papi ro, papel) e nos aspectos organi zaci onai s das i nsti tui ções i ncumbi das de lev ar a cabo estas tarefas que consi sti ram no armazenamento da i nformação, consulta e actuali zação.

A parti r dos anos 50, desenv olv eu-se um concei to de base de dados com objecti v os múlti plos (P. F. Dale, 1991). Já não basta regi star i nformação com o objecti v o de di ri mi r confli tos sobre a posse da terra ou para faci li tar a colecta dos i mpostos. O objecti v o consi ste em promov er a recolha de

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i nformação de forma a que se possa reti rar a mai or quanti dade de elementos para áreas de trabalho di v ersas. Desse modo, o planeamento parece ter benefi ci ado profundamente de um conjunto de i nformação complementar sobre o terri tóri o, de forma a poder uti li zar a componente espaci al como elemento i mportante de compreensão da reali dade. A s v ari ações espaci ai s dos fenómenos aparecem como um elemento determi nante no seu entendi mento.

Já nos anos 70, os cadastros com multi funções, baseados nas parcelas das propri edades, promov em o regi sto das componentes naturai s, tal como o ti po de solos, as acti v i dades humanas, redes e outras i nfra-estruturas associ adas, e serv em para tratar a i nformação ao nív el local, regi onal ou mesmo naci onal. Surgem, de forma si stemáti ca, os si stemas de i nformação sobre o terri tóri o (LI S: Land I nformati on System), com i nformação sobre o mei o físi co.

Este ti po de ev olução, env olv e uma alteração no conjunto de funções que os si stemas de i nformação do terri tóri o permi tem. A armazenagem, consulta e actuali zação conti nuam a ser os elementos base e a sua pri mei ra razão de exi sti r. Começam, no entanto, a desenv olv er-se as bases de dados que possi bi li tam a análi se da i nformação regi stada. Com a análi se estatísti ca, i ni ci a-se um processo de uti li zação destes si stemas no senti do de proceder à análi se da reali dade que, já no ano de 1981, permi ti u à Fédérati on I nternati onal des Géomètres (FI G) defi ni r LI S (Land I nformati on System) como “…um instrumento para decisões legais, administrativas e

económicas e uma ajuda para o planeamento e desenvolvimento…”(P.F. Dale,

1991, p.87).

v eri fi cadas nos últi mos 40 anos (P. A . Burrough, 1992). O adv ento da computação permi ti u tratar grande quanti dade de i nformação e possi bi li tou o regi sto e consulta fáci l da i nformação cartografada. É no i níci o da década de 60 que surgem os pri mei ros mapas di gi tali zados. Desde então, a ev olução tecnológi ca tem permi ti do uma grande faci li dade de relaci onamento entre doi s ti pos de i nformação em suporte di gi tal: por um lado, o conjunto de elementos que caracteri zam a reali dade natural e soci al, generi camente desi gnados de atributos, por outro, a representação cartográfi ca, atrav és de pontos, li nhas e áreas, que consti tui a base gráfica sobre a qual é possív el proceder à análi se espaci al dos fenómenos e processos ocorri dos na reali dade físi co-soci al (S. A ronoff, 1989).

A i nda, segundo a defi ni ção da FI G (P. F. Dale, 1991, p.87), “a base de um Si stema de I nformação sobre o Terri tóri o é um si stema de referenci ação espaci al para a i nformação que o consti tui e faci li ta a li gação dessa i nformação a outra com ela relaci onada”. É assi m que surge a i dei a de li gação entre a i nformação de um si stema, mas, sobretudo, procura-se fazer a li gação entre a i nformação regi stada na base de dados e a sua representação cartográfi ca. Está lançada a base que permi ti u o desenv olv i mento dos SI G. É, com a consti tui ção e ev olução dos LI S, que se ati nge a i dei a genéri ca dos SI G, preparando-se e desenv olv endo-se uma das funções mai s i mportantes desses si stemas: operati v i dade e li gação entre base de dados e base gráfi ca (Burrough, 1992).

Só o av anço tecnológi co recente permi te alargar as funções dos si stemas de i nformação, acrescentando ao processo de recolha, armazenagem, consulta e actuali zação, o de análi se, e em parti cular a análi se espaci al, modelação e auxi li ar de produção de deci sões nas mai s

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v ari adas áreas de acti v i dade.