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Análise e controle de sistemas lineares sujeitos a saturação

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE P ´OS-GRADUAC¸ ˜AO EM ENGENHARIA EL´ETRICA

An´

alise e Controle de Sistemas Lineares

sujeitos a Satura¸c˜

ao

Tese de doutorado submetida `a Universidade Federal de Santa Catarina como parte dos requisitos para a obten¸c˜ao do

grau de Doutora em Engenharia El´etrica.

Cristiane Paim

(2)
(3)

Trˆes An´eis para os Reis-Elfos sob este c´eu,

Sete para os Senhores-An˜oes em seus rochosos corredores, Nove para Homens Mortais, fadados ao eterno sono,

Um para o Senhor do Escuro em seu escuro trono Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.

Um Anel para a todos governar, Um Anel para encontr´a-los, Um Anel para a todos trazer e na escurid˜ao aprision´a-los Na Terra de Mordor onde as Sombras se deitam.

Texto extra´ıdo do livro ”O Senhor dos An´eis” J.R.R. Tolkien

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Agradecimentos

Na impossibilidade de citar todas as pessoas que, em algum momento, colaboraram para o sucesso deste trabalho, registro aqui os meus sinceros agradecimentos `aqueles cuja minha mem´oria permite lembrar.

Aos meus orientadores Eugˆenio e Jo˜ao Manoel por todo incentivo, colabora¸c˜ao, paciˆencia e amizade demonstrados durante a realiza¸c˜ao deste trabalho. Muito obrigado por terem me propiciado a realiza¸c˜ao do est´agio sandu´ıche no LAAS (Laboratoire d’Analyse et d’Architecture des Syst`emes), per´ıodo de grande crescimento profissional e pessoal.

Ao LAAS e aos membros do Grupo MAC (M´ethodes et Algorithme en Commande) pelas excelentes condi¸c˜oes de trabalho e pela cordialidade recebida. Agrade¸co especial-mente a minha orientadora Sophie Tarbouriech pela amizade e valiosas contribui¸c˜oes ao trabalho. `A Isabelle Queinnec, minha colega de sala, pela boa vontade para entender meu francˆes.

Ao Programa de P´os-Gradua¸c˜ao em Engenharia El´etrica (PPGEEL) e ao Departa-mento de Automa¸c˜ao e Sistemas (DAS), pela forma¸c˜ao acadˆemica e suporte material. Meu agradecimento especial aos professores Edson Roberto De Pieri e Werner Kraus Jr. por toda sua amizade.

Aos demais membros da banca examinadora, meu reconhecimento pelas contri-bui¸c˜oes e sugest˜oes.

Aos meus pais, Adomiro e Edi, e a minha irm˜a Cristine, pelo apoio, amor e carinho demonstrados durante esta jornada. A minha afilhada Lili, por sua alegria contagiante que me faz esquecer qualquer problema. Aos meus av´os e demais membros da minha fam´ılia agrade¸co a compreens˜ao pelas minhas in´umeras ausˆencias.

A minha segunda fam´ılia: Michelle, Luiz, Karina e Ivair, que compartilharam co-migo os momentos mais felizes e sempre souberam me estender a m˜ao nos momentos mais dif´ıceis. Obrigado por tudo. Vocˆes s˜ao DEZ !!!

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Aos amigos C´esar, Tati, Rafael, C´assia, Lu, Jerusa, Karen, Lau, Augusto, Bel, Andr´e, Hallthmann e L´eo, pela agrad´avel convivˆencia e sincera amizade.

`

A galera de Toulouse: Marcos, Roberta (v´o), Magnos, Paulo, Laura, Julien, Edu-ardo (German), Karyn, Mateus, Em´ılia, Jˆo, Ana L´ucia, Marco Antˆonio, Isabel e Mirian, grandes amigos, que muito me ajudaram a superar as saudades do Brasil e tornaram mais agrad´avel minha estada na Fran¸ca. Obrigado Zez´e por me mostrar Paris !!!

Aos atuais e antigos colegas de “baia”, pelo companheirismo e amizade que tor-naram mais alegre nossa convivˆencia. Um grande beijo ao amigo Carlos Brand˜ao, companheiro de cinema, orgias gastronˆomicas e noitadas et´ılicas.

`

A “galerinha” da “happy-hour” no Cat’s Grill (vulgo Bar do Guid˜ao): Priscila, Ju, T´ercio, ´Emerson, Ricardo, Ritt, Alysson, F´abios (Favarim e Pinga), Fernando, Renato, Serginho (o tratante) e Jo˜ao Neto, grandes parceiros, que nunca me deixaram “queimar o filme” sozinha.

Ao CNPq pelo financiamento que me permitiu “sobreviver” no Brasil e na Fran¸ca nos ´ultimos quatro anos.

Agrade¸co ainda `a Coca-Coca, Red Bull e Guaran´a Power, companheiros de longas noites de trabalho ... sem eles as minhas madrugadas n˜ao seriam as mesmas.

Finalmente, meus sinceros agradecimentos aos donos de bares e caf´es da UFSC e imedia¸c˜oes, pelo expresso nosso de cada dia, indispens´avel para ligar os neurˆonios todas as manh˜as e impedir os mesmos de fazerem “la siesta” depois do almo¸co.

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Resumo de tese apresentada `a UFSC como parte dos requisitos necess´arios para obten¸c˜ao do grau de Doutora em Engenharia El´etrica.

AN ´

ALISE E CONTROLE DE SISTEMAS LINEARES

SUJEITOS A SATURAC

¸ ˜

AO

Cristiane Paim

Mar¸co / 2003 Orientador: Eugˆenio Castelan

´

Area de Concentra¸c˜ao: Automa¸c˜ao e Sistemas

Palavras-chave: Satura¸c˜ao de controle, lema de Finsler, perturba¸c˜ao L2

N´umero de P´aginas: 101

Neste trabalho, estudam-se os problemas de an´alise e s´ıntese de controladores para sis-temas lineares sujeitos `a satura¸c˜ao de controle. Novas condi¸c˜oes de estabilidade para o sistema em regime de satura¸c˜ao s˜ao propostas. Estas condi¸c˜oes s˜ao obtidas a partir da teoria de Lyapunov combinada com o uso do Lema de Finsler, o qual introduz graus de liberdade adicionais `as condi¸c˜oes de estabilidade, sob a forma de multiplicadores. Duas abordagens s˜ao utilizadas para representar a satura¸c˜ao: uma modelagem polit´opica e uma modelagem do tipo n˜ao-linearidade de setor. Os resultados de an´alise e s´ıntese s˜ao desenvolvidos para ambas as representa¸c˜oes. Os graus de liberdade obtidos a partir do Lema de Finsler s˜ao ent˜ao utilizados para propor t´ecnicas para a s´ıntese de sistemas de controle baseados em observadores de estado e para o tratamento dos problemas de tolerˆancia e atenua¸c˜ao de perturba¸c˜ao via realimenta¸c˜ao de estados. A s´ıntese de obser-vadores de estado sob satura¸c˜ao ´e inicialmente tratada, considerando-se as modelagens polit´opica e por n˜ao-linearidade de setor, a partir de condi¸c˜oes cl´assicas de estabili-dade quadr´atica. Os dom´ınios de estabiliestabili-dade obtidos para o sistema composto em malha fechada s˜ao, em ambos os casos, associados a fun¸c˜oes de Lyapunov quadr´aticas com estrutura bloco-diagonal. Utiliza-se ent˜ao o Lema de Finsler para deduzir novas condi¸c˜oes, acrescidas de multiplicadores, que permitem obter dom´ınios de estabilidade menos conservadores, agora associados a fun¸c˜oes de Lyapunov quadr´aticas sem estru-tura particular. Os problemas de tolerˆancia e atenua¸c˜ao de perturba¸c˜ao s˜ao tratados utilizando diretamente o lema de Finsler e a modelagem por n˜ao-linearidade de setor. S˜ao consideradas perturba¸c˜oes limitadas em norma L2. Relativamente ao problema de

tolerˆancia `a perturba¸c˜ao, ´e proposta uma t´ecnica para a s´ıntese de realimenta¸c˜ao de estados atrav´es da resolu¸c˜ao de um problema de otimiza¸c˜ao com m´ultiplos objetivos de controle. Esta t´ecnica visa garantir a estabilidade interna do sistema para um certo dom´ınio de condi¸c˜oes iniciais e maximizar o dom´ınio de perturba¸c˜oes toler´aveis pelo sistema sob satura¸c˜ao. Uma t´ecnica similar permite tratar o problema de minimiza¸c˜ao do ganho L2 do sistema em malha fechada. A abordagem apresentada permite reduzir

os graus de conservadorismo do problema uma vez que ´e poss´ıvel utilizar diferentes fun¸c˜oes de Lyapunov para cada requisito de controle.

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Abstract of Thesis presented to UFSC as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor in Electrical Engineering.

ANALYSIS AND CONTROL OF LINEAR SYSTEMS

SUBJECT TO SATURATION

Cristiane Paim

March / 2003 Advisor: Eugˆenio Castelan

Area of Concentration: Automation and Systems

Keywords: Control saturation, Finsler’s lemma, L2-bounded disturbance

Number of Pages: 101

In this work, we study the analysis and the controller synthesis problems for linear systems subject to control saturations. New conditions of stability for the saturated system are proposed. These conditions are obtained from the Lyapunov theory com-bined with the Finsler’s lemma, which allows to introduce some additional degrees of freedom to the stability conditions. Two approaches are used to represent the satu-ration: a polytopic model and a model based on sector nonlinearities. The results of analysis and synthesis are developed for both representations. The degrees of freedom obtained from the use of Finsler’s lemma are exploited to propose techniques for the synthesis based on the state observers and to deal with the tolerance and attenuation disturbance problems by using a state feedback control. The state observer synthesis under saturation is first approached by considering polytopic and sector nonlinearity models, from classic quadratic stability conditions. The stability domains obtained for the augmented closed-loop system, in both cases, are associated with quadratic Lyapunov functions with a block-diagonal structure. Then, it is shown that the use of the Finsler’s Lemma allows to obtain potentially less conservatives quadratic sta-bility domains associated with Lyapunov functions without any particular structure. The problems of disturbance tolerance and disturbance attenuation are approached directly by using the Finsler’s lemma and the sector nonlinearity model. We consider L2-bounded disturbances. Regarding the disturbance tolerance problem, a technique is

proposed for state feedback synthesis through the solution of an optimization problem with multiple objectives of control. The purpose of this technique is to guarantee both the internal stability of the system for a certain domain of initial conditions and to maximize the domain of admissible disturbances for the saturated system. A similar technique is used to deal with the corresponding disturbance attenuation it with aims at minimizing the L2-gain of the closed-loop system. The presented approach allows

to reduce the degrees of conservatisme of the problem by exploiting the possibility of using different Lyapunov functions for each different control requirement.

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R´esum´e de th`ese propos´e `a l’Universit´e F´ed´erale de Santa Catarina comme partie des conditions n´ecessaires pour l’obtention du grade de Docteur en G´enie ´Electrique.

ANALYSE ET COMMANDE DE SYSTEMES LINEAIRES

SOUMIS A DES SATURATIONS

Cristiane PAIM

Mars / 2003 Directeur de Th`ese: Eugˆenio Castelan

Sp´ecialit´e: Automatique et Syst`emes

Mots-cl´es: Saturation des Commandes, Lemme de Finsler, perturbation L2

Nombre de pages: 101

Dans ce travail, nous ´etudions les probl`emes d’analyse et de synth`ese des contrˆoleurs pour les syst`emes lin´eaires sujet `a des saturations de commande. De nouvelles con-ditions de stabilit´e pour le syst`eme en boucle ferm´ee en r´egime de saturation sont propos´ees. Ces conditions sont obtenues `a partir de la th´eorie de Lyapunov combin´ee avec le lemme de Finsler, ce qui apporte des degr´es de libert´e suppl´ementaires aux conditions de stabilit´e, sous la forme de multiplicateurs. Deux approches sont utilis´ees pour repr´esenter la saturation. La premi`ere est bas´ee sur un mod`ele polytopique et la seconde sur un mod`ele bas´e sur des non-lin´earit´es de secteur. Les r´esultats d’analyse et de synth`ese sont d´evelopp´es pour les deux repr´esentations. Les degr´es de libert´e ob-tenus `a partir du lemme de Finsler sont alors utilis´es pour proposer des techniques de synth`ese de syst`emes de commande bas´ees sur l’utilisation d’observateurs d’´etat et pour traiter des probl`emes de tol´erance et att´enuation de perturbations par retour d’´etat. La synth`ese des observateurs d’´etat sous saturation est d’abord trait´ee, en consid´erant les mod`eles polytopique et par non-lin´earit´e de secteur, `a partir de conditions de stabilit´e quadratiques classiques. Les domaines de stabilit´e obtenus pour le syst`eme en boucle ferm´e sont, dans les deux cas, associ´es `a des fonctions de Lyapunov quadratiques avec une structure bloc-diagonal. Alors, nous utilisons le lemme de Finsler pour d´eduire de nouvelles conditions, form´ees de multiplicateurs, qui permettent d’obtenir des domai-nes de stabilit´e moins conservatifs associ´es `a des fonctions de Lyapunov quadratiques sans structure particuli`ere. Les probl`emes de tol´erance et att´enuation de perturbation sont trait´es directement en utilisant le lemme de Finsler et le mod`ele par non-lin´earit´e de secteur. Les perturbations sont consid´er´ees born´ees en norme L2. Pour le probl`eme

de tol´erance aux perturbations, une technique est propos´ee pour la synth`ese par retour d’´etat au travers de la solution d’un probl`eme d’optimisation avec un crit`ere multiob-jectif. Cette technique vise `a garantir la stabilit´e interne du syst`eme pour un certain domaine de conditions initiales et `a maximiser le domaine de perturbations tol´erables par le syst`eme sous saturation. Une technique semblable permet de traiter le probl`eme de minimisation du gain L2 pour le syst`eme en boucle ferm´ee. L’approche pr´esent´e

per-met de r´eduire les degr´es de conservatisme du probl`eme vu qu’il est possible d’utiliser de diff´erentes fonctions de Lyapunov pour chaque contraintes de commande.

(9)

Sum´

ario

Lista de Figuras iv

Lista de Tabelas v

Nota¸c˜ao vi

1 Introdu¸c˜ao Geral 1

2 No¸c˜oes Preliminares 7

2.1 Introdu¸c˜ao . . . 7

2.2 Estabilidade no Sentido de Lyapunov . . . 7

2.2.1 Segundo M´etodo de Lyapunov . . . 9

2.3 Conjuntos Invariantes e de Estabilidade . . . 11

2.4 Problema de Lure . . . 12

2.5 Estabilidade de Sistemas Lineares . . . 14

2.6 Estabilidade via Lema de Finsler . . . 15

2.7 Desigualdades Matriciais . . . 17 2.7.1 Defini¸c˜ao . . . 18 2.7.2 Propriedades . . . 19 2.7.3 Complemento de Schur . . . 19 2.7.4 S-procedure . . . . 20 2.7.5 Posicionamento de P´olos . . . 21 2.8 Coment´arios Finais . . . 22 i

(10)

3 Sistemas Lineares sob Satura¸c˜ao 23

3.1 Introdu¸c˜ao . . . 23

3.2 Defini¸c˜ao do Problema . . . 24

3.3 Estabilidade e Estabiliza¸c˜ao de Sistemas sob Satura¸c˜ao . . . 27

3.3.1 Problemas Gen´ericos de An´alise e S´ıntese . . . 27

3.4 Modelagem por Regi˜oes de Satura¸c˜ao . . . 29

3.5 Modelagem Polit´opica . . . 31

3.5.1 Condi¸c˜oes de Estabilidade . . . 35

3.5.2 Algoritmos Num´ericos . . . 38

3.6 Modelagem por N˜ao-linearidade de Setor . . . 42

3.6.1 Defini¸c˜ao . . . 42

3.6.2 Condi¸c˜oes de Estabilidade . . . 44

3.6.3 Algoritmos Num´ericos . . . 47

3.7 Desempenho Dinˆamico com Leis de Controle Saturantes . . . 49

3.8 Exemplo Num´erico . . . 50

3.9 Coment´arios Finais . . . 52

4 S´ıntese de Observadores de Estado sob Satura¸c˜ao 54 4.1 Introdu¸c˜ao . . . 54

4.2 Apresenta¸c˜ao do Problema . . . 55

4.3 Modelagem Polit´opica . . . 56

4.4 Modelagem por N˜ao-linearidade de Setor . . . 60

4.4.1 Abordagem Cl´assica . . . 60

4.4.2 Abordagem usando o Lema de Finsler . . . 61

4.5 Coment´arios Finais . . . 63

5 Tolerˆancia e Atenua¸c˜ao de Perturba¸c˜ao sob Satura¸c˜ao 64 5.1 Introdu¸c˜ao . . . 64

5.2 Tolerˆancia `a Perturba¸c˜ao . . . 65

5.2.1 Exemplo Num´erico . . . 73

(11)

5.3.1 Exemplo Num´erico . . . 81

5.4 Coment´arios Finais . . . 82

6 Conclus˜oes e Perspectivas 84 A Elips´oides e Poliedros 88 A.1 Elips´oides . . . 88

A.1.1 Defini¸c˜ao . . . 88

A.1.2 Volume de um elips´oide . . . 90

A.2 Poliedros . . . 91

A.3 Rela¸c˜oes de Inclus˜ao . . . 92

A.3.1 Inclus˜ao de um elips´oide em um poliedro . . . 92

A.3.2 Inclus˜ao de um elips´oide em outro . . . 93

A.3.3 Inclus˜ao de um poliedro em outro . . . 94

(12)

Lista de Figuras

2.1 Forma padr˜ao do tipo Lure. . . 13

3.1 Fun¸c˜ao satura¸c˜ao. . . 25

3.2 Regi˜ao de linearidade S(K, ρ). . . 26

3.3 Regi˜oes de satura¸c˜ao. . . 30

3.4 Politopo de matrizes. . . 34

3.5 Regi˜ao de linearidade do modelo polit´opico. . . 35

3.6 Fun¸c˜ao satura¸c˜ao - zona morta. . . 43

5.1 Estabilidade externa. . . 66

(13)

Lista de Tabelas

3.1 Desempenho do algoritmo: abordagem polit´opica. . . 52 5.1 Desempenho do algoritmo 5.1 para diversos valores de γω. . . 74

5.2 Desempenho do algoritmo 5.1 para diferentes crit´erios de otimiza¸c˜ao. . 75 5.3 Posicionamento de p´olos para diferentes V2. . . 75

5.4 Resultado do algoritmo 5.2. . . 82

(14)

Nota¸c˜

ao

⊂ (⊆) : contido (contido ou igual).

∈ : pertence.

6∈ : n˜ao pertence.

∃ : existe.

∀ : qualquer.

<n : espa¸co <n.

<n×m : espa¸co de matrizes reais de dimens˜ao n × m.

C : conjunto de n´umeros complexos. Re(z) : parte real de um n´umero complexo.

Im(z) : parte imagin´aria de um n´umero complexo. xi : i-´esimo elemento do vetor x.

|x| : vetor composto de valores absolutos dos elementos do vetor x. x  y : desigualdade elemento a elemento.

diag(x) : matriz diagonal gen´erica a partir do vetor x. eig(A) : autovalores da matriz A.

Ai : i-´esima linha da matriz A.

A0 : transposto de A.

Ker A : n´ucleo de A.

A > (≥)0 : matriz (semi) definida positiva.

A > (≥)B : matriz A − B (semi) definida positiva. ||A|| : norma euclidiana de A.

In : matriz identidade de ordem n.

1n : vetor de dimens˜oes n com todos os elementos iguais a 1.

0n×m : matriz de dimens˜ao n × m com todos os elementos iguais a 0.

0n : vetor de dimens˜ao n com todos os elementos iguais a 0.

Co{·} : envelope convexo.

? : representa um bloco sim´etrico nas LMIS.

(15)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜

ao Geral

A teoria de controle tem, nas ´ultimas d´ecadas, voltado-se para a abordagem de problemas existentes no ambiente industrial. Tendo em vista a complexidade e a busca de ´ındices de desempenho, rendimento e produtividade cada vez mais exigentes, o con-trole monovari´avel j´a n˜ao ´e capaz de resolver estes problemas em sua plenitude. Aliado a isto, aplica¸c˜oes envolvendo equipamentos de alta tecnologia e confiabilidade exigem estrat´egias de controle que levem em conta todas as particularidades dos sistemas. O objetivo ´e garantir alta precis˜ao nas respostas, bem como imunidade a falhas e compor-tamentos n˜ao previstos. T´ecnicas e algoritmos de controle vˆem sendo estudados a fim de conceber controladores que garantam a estabilidade do sistema em malha fechada e n´ıveis aceit´aveis de desempenho, robustez e descentraliza¸c˜ao.

Restri¸c˜oes de ordem tecnol´ogica e de seguran¸ca est˜ao sempre presentes em sistemas f´ısicos reais. Estas restri¸c˜oes se traduzem na possibilidade de aplica¸c˜ao de sinais de controle limitados entre valores m´aximos e m´ınimos e tamb´em em limita¸c˜oes sobre as vari´aveis de estado do sistema. O problema da satura¸c˜ao encontra-se em praticamente em todos os sistemas de controle. A ocorrˆencia imprevista da satura¸c˜ao pode levar o sistema `a instabilidade ou ao aparecimento de respostas indesej´aveis inerentes ao comportamento n˜ao-linear do sistema em malha fechada, tais como: m´ultiplos pontos de equil´ıbrio e ciclos limite. A partir dos fatos apresentados acima nasce a motiva¸c˜ao e o interesse pelo estudo de sistemas de controle sujeitos a satura¸c˜ao, em particular

(16)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao Geral 2 satura¸c˜ao de controle.

O problema de estabiliza¸c˜ao global de um sistema linear submetido a restri¸c˜oes nos controles recebeu aten¸c˜ao de v´arios pesquisadores nos ´ultimos anos. Pode-se ci-tar os trabalhos de Sontag e Sussmann (1990) e Yang et al. (1992) considerando o caso de sistemas cont´ınuos e o trabalho de Yang (1993) considerando sistemas dis-cretos. Estes trabalhos mostram que um sistema linear sob satura¸c˜ao ´e globalmente estabiliz´avel se e somente se o par (A, B) ´e estabiliz´avel e os autovalores da matriz A n˜ao s˜ao estritamente inst´aveis. Esse resultado ´e justific´avel de maneira intuitiva: se o sistema em malha aberta ´e inst´avel e o controle limitado em amplitude, n˜ao se dispor´a de energia de controle suficiente para que se possa trazer de volta `a origem um estado longe o bastante da mesma. No caso em que o sistema ´e assintoticamente ou criticamente est´avel1, Burgat e Tarbouriech (1992), Burgat e Tarbouriech (1996) e

Tarbouriech (1991) mostram que ´e sempre poss´ıvel encontrar uma lei de controle do tipo realimenta¸c˜ao de estados que estabilize globalmente o sistema saturado. Por outro lado, as leis de controle globalmente estabilizantes n˜ao s˜ao capazes de melhorar signi-ficativamente o comportamento dinˆamico do sistema em malha fechada nem oferecer um n´ıvel de robustez satisfat´orio.

Uma abordagem alternativa `a estabiliza¸c˜ao global do sistema saturado ´e a estabi-liza¸c˜ao semiglobal. Considerando sistemas lineares com controles saturantes, o conceito de estabilidade semiglobal foi introduzido na literatura quase que simultaneamente por Lin e Saberi (1993) e Alvarez-Ramirez et al. (1994). A partir destes trabalhos mostra-se que um sistema linear submetido a restri¸c˜oes de controle do tipo satura¸c˜ao ´e semiglo-balmente estabiliz´avel se, para um conjunto limitado qualquer X0, contendo a origem

e t˜ao grande quanto se queira, existe uma lei de controle do tipo realimenta¸c˜ao linear de estados, tal que sistema em malha fechada ´e localmente assintoticamente est´avel. O dom´ınio de condi¸c˜oes iniciais X0 est´a contido na regi˜ao de atra¸c˜ao da origem do sistema

em malha fechada. A partir desta defini¸c˜ao, pode-se dizer que a estabilidade semiglobal

1 Um sistema ´e criticamente est´avel se e somente se todos os seus autovalores tˆem parte real n˜

ao-positiva e cada autovalor com parte real nula, e de multiplicidade mj, est´a associado a mjautovetores

(17)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao Geral 3 situa-se entre os conceitos de estabilidade global e local. Como X0 pode ser t˜ao grande

quanto se queira, pode-se supor X0 → <n aproximando-se assim de uma estabiliza¸c˜ao

global. Por outro lado, como a estabilidade ´e garantida somente para estados iniciais pertencentes a X0, a estabiliza¸c˜ao semiglobal pode ser vista como uma estabilidade

local. Assim, uma condi¸c˜ao necess´aria e suficiente para a estabiliza¸c˜ao semiglobal (Lin e Saberi 1993, Alvarez-Ramirez et al. 1994) ´e que o par (A,B) seja estabiliz´avel e que o sistema n˜ao possua autovalores inst´aveis.

Quando o sistema em malha aberta ´e estritamente inst´avel, n˜ao ´e poss´ıvel conside-rar nem a estabilidade global nem a estabilidade semiglobal em presen¸ca de restri¸c˜oes nas vari´aveis de controle. Mesmo no caso em que o sistema em malha aberta seja est´avel, outras especifica¸c˜oes como desempenho, desacoplamento entre modos ou re-jei¸c˜ao de perturba¸c˜oes, podem n˜ao ser atendidas pela utiliza¸c˜ao de leis de controle que estabilizem o sistema em malha fechada global ou semiglobalmente.

Do ponto de vista da an´alise, quando a lei de controle ´e calculada sem levar em conta, a priori, a presen¸ca da satura¸c˜ao, ´e interessante determinar a regi˜ao de atra¸c˜ao da origem do sistema sob satura¸c˜ao. Infelizmente a determina¸c˜ao anal´ıtica deste tipo de regi˜ao ´e dif´ıcil ou mesmo imposs´ıvel. Neste caso, ´e interessante obter aproxima¸c˜oes da regi˜ao de atra¸c˜ao a partir da determina¸c˜ao de regi˜oes no espa¸co de estados onde ´e garantida a estabilidade assint´otica do sistema em malha fechada. Considerando o problema de s´ıntese, ´e de interesse a determina¸c˜ao de uma lei de controle saturante que assegure a estabilidade assint´otica no interior de uma dada regi˜ao que contenha os estados iniciais considerados admiss´ıveis. Neste contexto, o uso da teoria de Lyapunov e o conceito de conjuntos positivamente invariantes e contrativos apresenta-se como uma importante ferramenta de an´alise e projeto. Duas abordagens s˜ao encontradas na literatura para tratar a estabiliza¸c˜ao local: abordagem linear e abordagem n˜ao-linear. Na abordagem linear o objetivo ´e evitar a satura¸c˜ao e garantir o comportamento linear do sistema (veja por exemplo, Gutman e Hagander (1985), Castelan et al. (1996), Gomes da Silva Jr. et al. (1995), Hu e Lin (2000b)). Na abordagem n˜ao-linear a satura¸c˜ao ´e considerada e o comportamento n˜ao-linear do sistema deve ser levado em conta (ver Kim e Bien (1994), Gomes da Silva Jr. e Tarbouriech (1997), Tarbouriech e

(18)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao Geral 4 Garcia (1997), Hindi e Boyd (1998), Pittet et al. (1998), Johansson e Rantzer (1998), Nguyen e Jabbari (2000), Gomes da Silva Jr. e Tarbouriech (2001)).

Com base no acima exposto, a motiva¸c˜ao principal deste trabalho ´e buscar condi¸c˜oes de estabilidade local menos conservadoras para o estudo de problemas de an´alise e de s´ıntese de sistemas sob satura¸c˜ao. Al´em disso, dentro deste contexto, grande parte dos resultados encontrados na literatura, considerando estabilidade local, s˜ao deter-minados para o caso de realimenta¸c˜ao de estados. ´E interessante a busca de solu¸c˜oes considerando realimenta¸c˜oes dinˆamicas, em particular via observadores de estado.

Outro problema de interesse ´e o estudo de sistemas sujeitos a perturba¸c˜oes na presen¸ca da satura¸c˜ao. Se o sistema sob satura¸c˜ao ´e submetido `a perturba¸c˜oes muito fortes pode n˜ao ser poss´ıvel garantir a permanˆencia dos estados dentro da regi˜ao de atra¸c˜ao e, conseq¨uentemente, o sistema pode vir a apresentar trajet´orias divergentes. Por este motivo ´e importante conhecer quais os n´ıveis de perturba¸c˜ao que o sistema sob satura¸c˜ao pode suportar mantendo sua estabilidade assint´otica, isto ´e, garantindo que os estados n˜ao sair˜ao da regi˜ao de atra¸c˜ao.

Neste trabalho s˜ao considerados sistemas lineares sujeitos a satura¸c˜ao de controle e a perturba¸c˜oes limitadas em norma L2. O problema abordado consiste em garantir

estabilidade interna e externa para o sistema em malha fechada.

O estudo da estabilidade interna consiste em garantir a convergˆencia assint´otica do sistema em malha fechada para um dado conjunto de estados iniciais admiss´ıveis na ausˆencia de perturba¸c˜ao. Considerando leis de controle do tipo realimenta¸c˜ao de estados, este problema tem sido alvo de v´arios trabalhos (ver, por exemplo, Hu e Lin (2001a), Hindi e Boyd (1998), Burgat e Tarbouriech (1996)).

O estudo da estabilidade externa consiste em garantir que as trajet´orias do sistema em malha fechada permanecem limitadas apesar da a¸c˜ao da perturba¸c˜ao. Em Hindi e Boyd (1998), a rejei¸c˜ao de perturba¸c˜ao ´e analisada para uma classe de perturba¸c˜oes com energia finita. Em Hu e Lin (2000a), este problema ´e estudado para o caso de perturba¸c˜oes persistentes. Em Nguyen e Jabbari (1999), ´e tratado o problema de atenua¸c˜ao de perturba¸c˜ao para sistemas lineares com perturba¸c˜oes e entradas limitadas.

(19)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao Geral 5 Em Hu e Lin (2001b) e Saberi et al. (1996) as perturba¸c˜oes s˜ao consideradas aditivas `as entradas e, portanto, entram no sistema antes do atuador. Nesses trabalhos, as perturba¸c˜oes s˜ao limitadas em norma L∞. Naturalmente, existe um compromisso entre

a tolerˆancia `a perturba¸c˜ao e o tamanho da regi˜ao de atra¸c˜ao do sistema em malha fechada. Na maioria dos trabalhos anteriores este aspecto n˜ao ´e discutido. Neste trabalho de doutorado o problema de atenua¸c˜ao de pertuba¸c˜ao ´e abordado levando em conta a regi˜ao de atra¸c˜ao e buscando maximizar o seu tamanho.

Em geral, nas abordagens cl´assicas, utiliza-se uma ´unica fun¸c˜ao de Lyapunov para atender todas as restri¸c˜oes (estabilidade sob satura¸c˜ao, desempenho, rejei¸c˜ao `a per-turba¸c˜ao, robustez, etc.) do problema tornando a solu¸c˜ao muito conservadora. A utiliza¸c˜ao de diferentes fun¸c˜oes de Lyapunov para os diferentes crit´erios parece ser uma forma de reduzir esta conservadorismo. Entretanto, a necessidade de uma lei de controle ´

unica (isto ´e, a mesma lei de controle deve atender todas as especifica¸c˜oes do problema) pode dificultar ou inviabilizar a utiliza¸c˜ao deste tipo de abordagem. A utiliza¸c˜ao de uma abordagem baseada no lema de Finsler combinada com a teoria de estabilidade de Lyapunov, aparece como uma alternativa para o tratamento menos conservador dos problemas de controle multiobjetivos.

Tanto para o problema de s´ıntese de observador de estados como para os problemas de atenua¸c˜ao e tolerˆancia `a perturba¸c˜ao, o uso do lema de Finsler leva a condi¸c˜oes alg´ebricas de estabilidade onde a matriz de Lyapunov aparece de forma isolada. Esta estrutura permite associar diferentes fun¸c˜oes de Lyapunov a cada especifica¸c˜ao (ou requisito) do problema proposto.

Este documento est´a organizado da forma descrita a seguir.

No cap´ıtulo 2 s˜ao apresentadas algumas no¸c˜oes preliminares relacionadas aos proble-mas que ser˜ao tratados ao longo do trabalho. S˜ao discutidos conceitos de estabilidade para sistemas lineares e n˜ao-lineares considerando a teoria de Lyapunov. O lema de Finsler ´e apresentado e utilizado para escrever condi¸c˜oes alternativas de estabilidade para sistemas lineares. Alguns resultados utilizando desigualdades matriciais lineares, s˜ao apresentados no final do cap´ıtulo.

(20)

Cap´ıtulo 1. Introdu¸c˜ao Geral 6 No cap´ıtulo 3 ´e feita uma descri¸c˜ao da problem´atica dos sistemas lineares sob sa-tura¸c˜ao. S˜ao definidos os problemas de an´alise e s´ıntese que se deseja resolver. Algumas modelagens utilizadas para representar a satura¸c˜ao s˜ao descritas neste cap´ıtulo. A se-guir, s˜ao propostos algoritmos num´ericos para resolu¸c˜ao dos problemas de an´alise e de s´ıntese baseados em condi¸c˜oes de estabilidade obtidas atrav´es da Teoria de Lyapunov. No cap´ıtulo 4 s˜ao apresentados resultados de s´ıntese de observadores de estado sob satura¸c˜ao. S˜ao consideradas as modelagens polit´opica e por n˜ao-linearidades de setor. Os resultados apresentados baseiam-se nas abordages quadr´atica cl´assica e na metodologia baseada no Lema de Finsler.

No cap´ıtulo 5 s˜ao descritos dois problemas de controle considerando o sistema su-jeito a perturba¸c˜oes limitadas em norma L2: tolerˆancia e rejei¸c˜ao de perturba¸c˜ao. Nos

dois casos, a t´ecnica desenvolvida ´e baseada na utiliza¸c˜ao do lema de Finsler e em uma representa¸c˜ao da satura¸c˜ao por n˜ao-linearidades de setor. Com base nas condi¸c˜oes de estabilidade obtidas pela aplica¸c˜ao do lema de Finsler, s˜ao definidos dois problemas distintos . O primeiro, chamado problema de tolerˆancia `a perturba¸c˜ao, consiste em maximizar o limite admiss´ıvel de perturba¸c˜ao e o tamanho da regi˜ao onde a estabili-dade interna ´e garantida. O segundo, chamado problema de atenua¸c˜ao de perturba¸c˜ao, consiste em minimizar o ganho L2 do sistema, dado que o limite de perturba¸c˜ao ´e

conhecido.

O cap´ıtulo final traz as conclus˜oes dos estudos realizados bem como perspectivas de trabalhos futuros.

(21)

Cap´ıtulo 2

No¸c˜

oes Preliminares

2.1

Introdu¸c˜

ao

O objetivo deste cap´ıtulo ´e fornecer no¸c˜oes te´oricas e conceitos de base que ser˜ao utilizados ao longo deste trabalho. Inicialmente ser´a discutido o problema de esta-bilidade de sistemas n˜ao-lineares considerando a teoria de Lyapunov e o conceito de estabilidade absoluta. A no¸c˜ao de invariˆancia positiva e de dom´ınios de estabilidade ´e apresentada na seq¨uˆencia. A seguir, ´e apresentado um estudo sobre a estabilidade de sistemas lineares com base no segundo m´etodo de Lyapunov. A partir do lema de Fins-ler, s˜ao escritas diferentes condi¸c˜oes de estabilidade para sistemas lineares em tempo cont´ınuo. Para finalizar, ser˜ao apresentados alguns resultados utilizando desigualdades matriciais, que permitir˜ao a resolu¸c˜ao num´erica dos algoritmos apresentados.

2.2

Estabilidade no Sentido de Lyapunov

Considere o sistema autˆonomo descrito pela seguinte equa¸c˜ao:

(22)

2.2. Estabilidade no Sentido de Lyapunov 8 na qual f : U → <n ´e uma fun¸c˜ao localmente Lipschitz no dom´ınio U ⊆ <n. Suponha

que xe ∈ U ´e um ponto de equil´ıbrio do sistema (2.1), isto ´e,

f (xe) = 0

Por simplicidade e sem perda de generalidade, ser´a considerado que o ponto de equil´ıbrio ´e a origem de <n, isto ´e, x

e = 0. Note que, no caso de sistemas autˆonomos

´e sempre poss´ıvel transladar o ponto de equil´ıbrio para a origem atrav´es de uma troca de vari´aveis. Ser´a, ent˜ao, estudada a estabilidade do sistema:

˙x(t) = f (x(t)), f (0) = 0 (2.2)

em uma vizinhan¸ca W ⊆ U da origem x = 0 (Khalil 1992).

Defini¸c˜ao 2.1 O ponto de equil´ıbrio xe= 0 do sistema (2.2) ´e:

- est´avel, se para todo escalar  > 0, existe um escalar positivo δ = δ() tal que

kx(0)k < δ =⇒ kx(t)k ≤ , ∀t ≥ 0 (2.3)

- assintoticamente est´avel, se ´e est´avel e δ pode ser escolhido tal que

kx(0)k < δ =⇒ limt→∞x(t) = 0 (2.4)

- inst´avel, se n˜ao ´e est´avel.

A no¸c˜ao de estabilidade assint´otica de Lyapunov est´a ligada `a de regi˜ao de atra¸c˜ao da origem (Khalil 1992), definida como o maior dom´ınio no espa¸co de estados onde a convergˆencia assint´otica para a origem ´e garantida:

D = {x(0) ∈ <n; lim

(23)

2.2. Estabilidade no Sentido de Lyapunov 9 Defini¸c˜ao 2.2 O ponto de equil´ıbrio xe= 0 ´e:

- localmente assintoticamente est´avel, se a regi˜ao de atra¸c˜ao est´a estritamente inclusa em <n: D ⊂ <n.

- globalmente assintoticamente est´avel, se a regi˜ao de atra¸c˜ao ´e todo o espa¸co de estados: D = <n.

Para o estudo da estabilidade dos sistemas usando diretamente a defini¸c˜ao de ponto de equil´ıbrio ´e necess´ario o conhecimento da express˜ao anal´ıtica das trajet´orias do sis-tema. Entretanto, esta tarefa pode ser muito dif´ıcil ou mesmo imposs´ıvel. A fim de contornar esta dificuldade pode-se utilizar o segundo m´etodo de Lyapunov, que per-mite concluir sobre a estabilidade do sistema sem calcular suas trajet´orias atrav´es da propriedade de contratividade das fun¸c˜oes de Lyapunov.

2.2.1

Segundo M´

etodo de Lyapunov

Uma fun¸c˜ao de Lyapunov candidata pode ser definida da maneira seguinte (Vidyasagar 1993):

Defini¸c˜ao 2.3 A fun¸c˜ao V : W ⊆ <n→ <+ ´e uma fun¸c˜ao de Lyapunov candidata, se

satisfaz as duas condi¸c˜oes a seguir:

(i) V (x) ´e cont´ınua e suas derivadas parciais existem e s˜ao igualmente cont´ınuas; (ii) V (x) ´e definida positiva para todo x 6= 0 e V (0) = 0.

Pelo segundo m´etodo de Lyapunov, a estabilidade dos sistemas n˜ao-lineares pode ser caracterizada pela existˆencia de uma fun¸c˜ao de Lyapunov contrativa ao longo das trajet´orias est´aveis do sistema.

(24)

2.2. Estabilidade no Sentido de Lyapunov 10 Teorema 2.1 (Estabilidade Local) Em uma vizinhan¸ca W ⊂ <n, o equil´ıbrio x

e = 0

´e:

- localmente est´avel, se existe uma fun¸c˜ao de Lyapunov candidata, V : W → <+ tal que ˙V (x) ≤ 0, para todo x ∈ W .

- localmente assintoticamente est´avel, se existe uma fun¸c˜ao de Lyapunov can-didata, V : W → <+ tal que ˙V (x) < 0, para todo x ∈ W .

Se W ´e todo o espa¸co de estados <n, ent˜ao, pode-se escrever condi¸c˜oes suficientes

de estabilidade global.

Teorema 2.2 (Estabilidade Global) O ponto de equil´ıbrio x = 0 ´e globalmente assin-toticamente est´avel se existe uma fun¸c˜ao de Lyapunov candidata, V : <n → <+ tal

que:

(i) ˙V (x) < 0, ∀x ∈ <n− {0};

(ii) lim

kxk→∞V (x) = ∞.

Uma interpreta¸c˜ao geom´etrica para os teoremas anteriores pode ser dada a partir do conceito de superf´ıcies de Lyapunov.

Defini¸c˜ao 2.4 Seja V (x) uma fun¸c˜ao de Lyapunov. A superf´ıcie no espa¸co de estados dada por:

S = {x ∈ <n; V (x) = c} (2.5)

´e chamada superf´ıcie de Lyapunov ou superf´ıcie de n´ıvel.

A condi¸c˜ao ˙V (x) < 0 implica que, se x(t) pertence a fronteira de V (x) = c, x(t + τ ), com τ infinitesimal, pertence ao interior do conjunto definido por

(25)

2.3. Conjuntos Invariantes e de Estabilidade 11 Ou seja, a trajet´oria do sistema (2.1) evolui em dire¸c˜ao a uma superf´ıcie de Lya-punov interior. Assim, a medida que o tempo prossegue, a superf´ıcie sobre a qual encontra-se x(t) contrai-se em dire¸c˜ao `a origem, mostrando que o estado do sistema se aproxima assintoticamente da origem.

2.3

Conjuntos Invariantes e de Estabilidade

Como mencionado anteriormente, a estabilidade do sistema (2.2) est´a ligada `a no¸c˜ao de vizinhan¸ca da origem. Uma condi¸c˜ao necess´aria de estabilidade ´e que suas trajet´orias estejam confinadas nesta vizinhan¸ca.

Defini¸c˜ao 2.5 Um conjunto R ⊂ <n, contendo a origem x = 0, ´e positivamente

invariante, em rela¸c˜ao ao sistema (2.1) se para toda condi¸c˜ao inicial x0 ∈ R, suas

trajet´orias correspondentes permanecem confinadas em R.

Defini¸c˜ao 2.6 Um conjunto R ⊂ <n ´e contrativo em rela¸c˜ao ao sistema (2.1) se toda

trajet´oria do sistema (2.1), inicializada em R, evolui sempre em dire¸c˜ao ao interior deste conjunto.

Note que, um conjunto contrativo ´e sempre invariante mas o inverso n˜ao ´e verda-deiro.

Combinando as condi¸c˜oes de estabilidade no sentido de Lyapunov e de invariˆancia positiva podem-se definir os conceitos de dom´ınios de invariˆancia positiva e de estabi-lidade. φ(t, x0) representa a trajet´oria do sistema (2.2) partindo de x0.

Defini¸c˜ao 2.7 Um conjunto compacto R ⊂ <n, contendo a origem x = 0, ´e

- um conjunto de invariˆancia positiva e de estabilidade, para o sistema (2.1) se para toda condi¸c˜ao inicial x0 ∈ R tem-se φ(t, x0) ∈ R, ∀t ≥ 0.

(26)

2.4. Problema de Lure 12 - um conjunto de invariˆancia positiva e de estabilidade assint´otica, para o sistema (2.1) se para toda condi¸c˜ao inicial x0 ∈ R tem-se φ(t, x0) ∈ R, ∀t ≥ 0

e, al´em disso, lim

t→∞φ(t, x0) = 0.

A determina¸c˜ao desses conjuntos de invariˆancia positiva e estabilidade pode ser feita com aux´ılio do segundo m´etodo de Lyapunov.

Considere uma fun¸c˜ao de Lyapunov candidata V (x) para o sistema (2.1). Ent˜ao, o dom´ınio compacto definido por

S(V, µ) = {x ∈ <n; V (x) ≤ µ, µ > 0} (2.6) ´e um dom´ınio de invariˆancia positiva e de estabilidade se ˙V (x) ≤ 0 para ∀x ∈ S(V, µ). A estabilidade assint´otica ´e garantida se ˙V (x) < 0 para ∀x ∈ S(V, µ) − {0}. Neste caso, S(V, µ) ´e um conjunto contrativo.

2.4

Problema de Lure

Seja o seguinte sistema linear:

˙x(t) = Ax(t) + Bu(t)

y(t) = Cx(t) (2.7)

no qual A e B s˜ao matrizes conhecidas e constantes, x ∈ <n, u, y ∈ <m. Suponha que

o par (A, B) ´e control´avel e o par (C, A) ´e observ´avel. Seja u(t) = −Ψ(t, y), definida por:

Ψ :    (<+× <m) → <m (t, y) 7→ Ψ(t, y) (2.8)

no qual Ψ ´e uma fun¸c˜ao n˜ao-linear, localmente Lipschitz em y, sem mem´oria e descen-tralizada. Diz-se que Ψ ´e uma n˜ao-linearidade de setor se verifica a condi¸c˜ao dada a

(27)

2.4. Problema de Lure 13 seguir.

Defini¸c˜ao 2.8 Sejam duas matrizes diagonais Kmin e Kmax, tais que K = Kmax −

Kmin seja definida positiva. Ent˜ao, ∀y ∈ S ⊂ <m, Ψ(t, y) pertence ao setor

(Kmin, Kmax) se verifica

[Ψ(t, y) − Kminy]0[Ψ(t, y) − Kmaxy] ≤ 0, ∀t ≥ 0 (2.9)

Se S est´a estritamente inclusa em <m, diz-se que a condi¸c˜ao de setor (2.9) ´e verificada

localmente, e se S = <m, esta ´e verificada globalmente.

Aplicando a n˜ao-linearidade ao sistema (2.7), obt´em-se o seguinte sistema n˜ao-linear em malha fechada:

˙x(t) = Ax(t) − BΨ(t, y)

y(t) = Cx(t) (2.10)

O sistema n˜ao-linear obtido a partir da conex˜ao de um sistema linear com uma n˜ao-linearidade de setor (conforme mostrado na figura 2.1) ´e conhecido na literatura como sistema do tipo Lure e o estudo da estabilidade do mesmo como problema de Lure ou problema de estabilidade absoluta.

- y(t) r= 0 + Ψ ˙x = Ax + Bu y= Kx

Figura 2.1: Forma padr˜ao do tipo Lure.

A partir da condi¸c˜ao de setor (2.9) pode-se escrever a defini¸c˜ao de estabilidade absoluta (Khalil 1992).

(28)

2.5. Estabilidade de Sistemas Lineares 14 Defini¸c˜ao 2.9 O sistema (2.10), onde a n˜ao-linearidade Ψ pertence ao setor (Kmin, Kmax), ´e dito

- localmente absolutamente est´avel: se o sistema (2.10) ´e localmente assin-toticamente est´avel para toda n˜ao-linearidade verificando localmente a condi¸c˜ao de setor (2.9);

- globalmente absolutamente est´avel: se o sistema (2.10) ´e globalmente assintoticamente est´avel para toda n˜ao-linearidade verificando globalmente a condi¸c˜ao de setor (2.9);

´

E poss´ıvel descrever a satura¸c˜ao como uma n˜ao-linearidade de setor (Kmin, Kmax)

com 0 ≤ Kmin ≤ Im e Kmax ≥ Im (Pittet 1997). Conseq¨uentemente, a estabilidade

do sistema linear com controles saturantes pode ser vista como um caso particular da estabilidade absoluta (Khalil 1992).

2.5

Estabilidade de Sistemas Lineares

Considere um sistema linear cont´ınuo no tempo

˙x(t) = Ax(t) (2.11)

Este sistema corresponde a uma classe particular dos sistemas (2.1) e, portanto, pode-se utilizar fun¸c˜oes de Lyapunov para estudar sua estabilidade.

Em geral, a determina¸c˜ao de uma boa fun¸c˜ao de Lyapunov n˜ao ´e sempre evidente e as condi¸c˜oes dos teoremas de Lyapunov s˜ao apenas suficientes. Entretanto, no caso de sistemas lineares est´aveis, ´e sempre poss´ıvel determinar uma fun¸c˜ao de Lyapunov quadr´atica. O teorema a seguir fornece uma condi¸c˜ao necess´aria e suficiente para a existˆencia de uma fun¸c˜ao de Lyapunov quadr´atica para todo sistema linear assintoti-camente est´avel.

(29)

2.6. Estabilidade via Lema de Finsler 15 Teorema 2.3 O ponto de equil´ıbrio xe= 0 do sistema (2.11) ´e assintoticamente est´avel

se e somente se existe uma matriz sim´etrica positiva definida P , ´unica solu¸c˜ao da inequa¸c˜ao de Lyapunov:

A0P + P A < 0 (2.12)

A partir deste teorema a fun¸c˜ao quadr´atica definida como:

V (x) = x0P x (2.13)

satisfaz as condi¸c˜oes do Teorema 2.1. Este tipo de fun¸c˜ao est´a associada a dom´ınios de Lyapunov. Se V (x) = x0P x ´e uma fun¸c˜ao de Lyapunov para o sistema (2.11), ent˜ao, o

elips´oide (ver apˆendice A):

E = {x ∈ <n; x0P x ≤ c, c > 0} ´e um dom´ınio contrativo para este sistema.

2.6

Estabilidade via Lema de Finsler

O Lema de Finsler pode ser utilizado para escrever novas condi¸c˜oes de estabili-dade para sistemas lineares. Este lema ser´a aplicado a um sistema linear autˆonomo considerando os casos cont´ınuo e discreto no tempo.

Lema 2.1 (Lema de Finsler) Seja um vetor ξ ∈ <n, as matrizes Q ∈ <n×n e

B ∈ <m×n, tal que posto(B) < n. As seguintes rela¸c˜oes s˜ao equivalentes:

i) ξ0Qξ < 0, ∀ξ tal que Bξ = 0, x 6= 0. ii) B⊥ 0QB< 0.

iii) ∃µ ∈ < : Q − µB0B < 0, µ > 0. iv) ∃R ∈ <n×m: Q + RB + B0R0 < 0.

(30)

2.6. Estabilidade via Lema de Finsler 16 Este lema foi descrito originalmente por Finsler (1937) e vem sendo largamente utilizado na teoria de controle. Inicialmente este lema foi bastante utilizado com o objetivo de eliminar vari´aveis (Boyd et al. 1994). Mais recentemente, ele aparece como uma forma de escrever novas condi¸c˜oes de estabilidade permitindo mais graus de liber-dade ao problema de controle atrav´es do uso de multiplicadores, representados no lema 2.1 atrav´es do escalar µ e da matriz R (de Oliveira 2002).

Considere o sistema (2.11). Este sistema ´e assintoticamente est´avel segundo Lya-punov se V (x(t)) = x(t)0P x(t) > 0, ∀x(t) 6= 0 e ˙V (x(t)) < 0. Assim, se

˙

V (x(t)) = ˙x0(t)P x(t) + x0(t)P ˙x(t) < 0 (2.14) ent˜ao, o sistema (2.11) ´e assintoticamente est´avel.

A condi¸c˜ao de estabilidade de Lyapunov (2.14) ´e equivalente `a condi¸c˜ao (i) do Lema de Finsler considerando ξ =   x(t) ˙x(t)  , Q =   0 P P 0  , B = h A −I i , B⊥ =   I A   (2.15)

Definindo a matriz de multiplicadores R como

R =   F G   (2.16)

pode-se enunciar o teorema a seguir.

Teorema 2.4 As seguintes afirma¸c˜oes s˜ao equivalentes

i) O sistema (2.11) ´e assintoticamente est´avel. ii) ∃P = P0 > 0 : A0P + P A < 0

(31)

2.7. Desigualdades Matriciais 17 iii) ∃P = P0 > 0, µ > 0 :   −µA0A µA0+ P µA + P −µI  < 0 iv) ∃P = P0 > 0, F ∈ <n×n, G ∈ <n×n :   A0F0+ F A A0G0− F + P GA − F0 + P −G − G0  < 0

Prova: Este teorema ´e obtido a partir da aplica¸c˜ao do lema 2.1 na condi¸c˜ao de esta-bilidade (2.14) considerando (2.15) e (2.16).

 Note que, a condi¸c˜ao (ii) do Teorema (2.4) ´e exatamente a condi¸c˜ao de estabilidade de Lyapunov. As condi¸c˜oes (iii) e (iv) s˜ao “novas” condi¸c˜oes de estabilidade. Nestas condi¸c˜oes, aparecem os multiplicadores µ, F e G que representam graus de liberdade que podem ser explorados em diversos tipos de problemas de controle, dentre os quais: an´alise de estabilidade de sistemas incertos, estabilidade robusta, posicionamento de p´olos, garantia de ganho L2, etc. (de Oliveira e Skelton 2001).

Pode-se utilizar o lema de Finsler para escrever condi¸c˜oes de estabilidade, seme-lhantes as do teorema 2.4, considerando sistemas sob satura¸c˜ao. Note que, a matriz de Lyapunov P aparece de forma isolada nas condi¸c˜oes (iii) e (iv) do teorema de estabi-lidade. Este desacoplamento ser´a explorado nos problemas apresentados em cap´ıtulos posteriores deste trabalho.

2.7

Desigualdades Matriciais

Nesta se¸c˜ao, ser˜ao apresentadas as desigualdades matriciais lineares (Linear Matrix Inequalities, ou simplesmente, LMIs), que ser˜ao utilizadas para a resolu¸c˜ao num´erica dos problemas de controle. Maiores detalhes sobre LMIs podem ser encontrados em (Boyd et al. 1994), (Chilali e Gahinet 1996) e (Scherer et al. 1997).

(32)

2.7. Desigualdades Matriciais 18

2.7.1

Defini¸c˜

ao

Uma LMI ´e uma desigualdade da forma:

F (x) = F0+ m X i=1 xiFi > 0 (2.17) na qual x ∈ <m e as matrizes F

i = Fi0 ∈ <n×n. As matrizes Fi s˜ao dadas e o vetor x ´e

desconhecido. A desigualdade significa que a matriz sim´etrica F (x) deve ser definida positiva, isto ´e, que todos os seus autovalores (reais) devem ser positivos. Pode-se igualmente encontrar restri¸c˜oes do tipo F (x) ≥ 0, que significa que a matriz F (x) ´e semi-definida positiva, isto quer dizer que alguns valores pr´oprios de F (x) podem ser nulos. S˜ao exemplos de LMIs as rela¸c˜oes (ii), (iii) e (iv) do teorema 2.4.

Desde que o cone de matrizes definidas positivas ´e convexo e a matriz F (x) ´e uma fun¸c˜ao afim em x, a restri¸c˜ao F (x) > 0 ´e uma restri¸c˜ao convexa em x. Como ser´a mostrado na seq¨uˆencia, trata-se de uma propriedade fundamental das LMIs.

Pode-se associar `a LMI (2.17) o seguinte problema de otimiza¸c˜ao:

min c0x

s. a. F (x) > 0

(2.18)

no qual c ∈ <m. O problema de otimiza¸c˜ao (2.18) ´e uma generaliza¸c˜ao do problema de

programa¸c˜ao linear cl´assico em um cone de matrizes definidas positivas. Desde que o crit´erio c0x ´e linear e a restri¸c˜ao F (x) > 0 ´e convexa, o problema (2.18) ´e um problema de otimiza¸c˜ao convexo.

(33)

2.7. Desigualdades Matriciais 19

2.7.2

Propriedades

2.7.2.1 Simultaneidade

Dentre as propriedades das LMIs figura a possibilidade de agrupar diversas LMIs F1(x) > 0, . . . , Fp(x) > 0 em uma ´unica LMI bloco-diagonal:

F (x) =      F1(x) . .. Fp(x)      > 0 2.7.2.2 Convexidade

O conjunto solu¸c˜ao de uma LMI ´e convexo. Isto ´e, o segmento de reta que une quaisquer dois pontos do conjunto tamb´em pertence ao conjunto.

Para provar, considere que y e z sejam dois pontos que satisfa¸cam (2.17). E seja x = αy + (1 − α)z, com 0 ≤ α ≤ 1. Substituindo na defini¸c˜ao tem-se

F0+Pmi=1Fixi = F0+Pmi=1Fi(αyi+ (1 − α)zi)

= F0+Pmi=1Fizi+ αPmi=1Fi(yi− zi)

= (1 − α)(F0+Pmi=1Fizi) + α(F0+Pmi=1Fiyi) > 0

(2.19)

o que completa a prova, pois conclui-se que x tamb´em ´e solu¸c˜ao da LMI. ´E importante observar que todos conjuntos afins s˜ao convexos.

2.7.3

Complemento de Schur

Algumas desigualdades n˜ao-lineares podem ser transformadas em LMIs com a ajuda do Complemento de Schur, o qual permite escrever:

(34)

2.7. Desigualdades Matriciais 20   Q(x) S0(x) S(x) R(x)  > 0 se e somente se R(x) > 0 Q(x) − S0(x)R−1(x)S(x) > 0 ou, de forma equivalente, se e somente se

Q(x) > 0

R(x) − S0(x)Q−1(x)S(x) > 0

Nas desigualdades acima, as matrizes Q = Q0, R = R0 e S s˜ao afins em x.

2.7.4

S-procedure

Lema 2.2 Sejam as fun¸c˜oes quadr´aticas da vari´avel ξ ∈ <m definidas por

Gi(ξ) = ξ0Piξ + 2R0iξ + µi, ∀i = 1, . . . , p

com Pi matrizes sim´etricas. Ent˜ao, tem-se a seguinte condi¸c˜ao suficiente: se existe

τi ≥ 0, para todo i = 1, . . . , p tal que

  P0 R0 R0 0 µ0  − p X i=1 τi   Pi Ri R0 i µi  ≤ 0 ent˜ao Gi(ξ) ≤ 0, ∀i = 1, . . . , p ⇒ G0(ξ) ≤ 0

(35)

2.7. Desigualdades Matriciais 21

2.7.5

Posicionamento de P´

olos

Ser˜ao apresentadas aqui diferentes LMIs que permitem garantir o posicionamento dos autovalores da matriz A ∈ <n×n em regi˜oes particulares do plano complexo.

Con-sidere a regi˜ao gen´erica (Chilali e Gahinet 1996):

D= {z ∈ C; f4 D(z) < 0} (2.20)

com

fD(z) 4

= H + zQ + ¯zQ0 = [Hi,j + Qi,jz + Qi,jz]¯ 1≤i,j≤l

na qual H e Q s˜ao matrizes sim´etricas de dimens˜ao l × l e z ´e um n´umero complexo com conjugado ¯z. A LMI que garante o posicionamento dos autovalores de A na regi˜ao D ´e dada por

Hi,jW + Qi,jAW + QijW A0 < 0 1 ≤ i, j ≤ l (2.21)

Considere trˆes diferentes regi˜oes:

1. semi-plano `a esquerda de δ < 0;

2. interior de um disco de centro 0 e raio r,

3. o setor de um ˆangulo ±θ em torno do eixo real.

As condi¸c˜oes LMIs equivalentes para o posicionamento de p´olos em cada uma destas regi˜oes s˜ao dadas pelas proposi¸c˜oes a seguir.

Proposi¸c˜ao 2.1 Os autovalores de A est˜ao no semi-plano `a esquerda de δ < 0, se e somente se existe uma matriz W = W0 > 0 solu¸c˜ao de

(36)

2.8. Coment´arios Finais 22 Proposi¸c˜ao 2.2 Os autovalores de A est˜ao dentro de um disco de centro 0 e raio r se e somente se existe uma matriz W = W0 > 0 solu¸c˜ao de

  −rW AW W A0 −rW  < 0 (2.23)

Proposi¸c˜ao 2.3 Os autovalores de A est˜ao dentro do setor de ˆangulo θ se e somente se existe uma matriz W = W0 > 0 solu¸c˜ao de

  sin(θ)(AW + W A0) cos(θ)(AW − W A0) cos(θ)(−AW + W A0) sin(θ)(AW + W A0)  < 0 (2.24)

2.8

Coment´

arios Finais

Neste cap´ıtulo foram discutidos alguns conceitos de base dentro da teoria de con-trole e que ser˜ao utilizados ao longo deste trabalho. O problema de estabilidade foi apresentado com base na teoria de Lyapunov. Utilizando o lema de Finsler, foram formuladas diferentes condi¸c˜oes de estabilidade. As ferramentas apresentadas ser˜ao utilizadas na obten¸c˜ao de uma formula¸c˜ao LMI para problemas de an´alise e s´ıntese de sistemas de controle. A principal vantagem da formula¸c˜ao LMI ´e permitir uma solu¸c˜ao num´erica eficiente para os problemas apresentados.

(37)

Cap´ıtulo 3

Sistemas Lineares sob Satura¸c˜

ao

3.1

Introdu¸c˜

ao

Este cap´ıtulo se destina `a descri¸c˜ao do problema de controle de sistemas lineares sob satura¸c˜ao e `a apresenta¸c˜ao de alguns resultados preliminares que servir˜ao de base para o desenvolvimento do trabalho.

Inicialmente s˜ao descritos dois problemas gen´ericos de controle: an´alise de estabi-lidade do sistema em malha fechada com satura¸c˜ao de controle e a s´ıntese de leis de controle que levam em conta a possibilidade de satura¸c˜ao. A seguir ser˜ao descritas al-gumas modelagens para representar a satura¸c˜ao: modelagem por regi˜oes de satura¸c˜ao, modelagem polit´opica e modelagem por n˜ao-linearidade de setor. As duas ´ultimas, ser˜ao utilizadas ao longo de todo o trabalho. Para ambas as representa¸c˜oes ser˜ao de-finidas condi¸c˜oes de estabilidade atrav´es da Teoria cl´assica1 de Lyapunov e tamb´em

utilizando as rela¸c˜oes de equivalˆencia do lema de Finsler. Ser˜ao tamb´em apresentados algoritmos num´ericos para resolu¸c˜ao dos problemas de an´alise e de s´ıntese previamente definidos.

1O termo “cl´assico”ser´a utilizado para indicar a substitui¸c˜ao da dinˆamica do sistema na derivada

(38)

3.2. Defini¸c˜ao do Problema 24

3.2

Defini¸c˜

ao do Problema

Considere um sistema linear definido por:

˙x(t) = Ax(t) + Bu(t) (3.1)

na qual x(t) ∈ <n e u(t) ∈ <m s˜ao respectivamente os vetores de estado e controle. As

matrizes A e B s˜ao matrizes constantes reais de dimens˜oes apropriadas. Considere que o controle ´e uma fun¸c˜ao linear do estado, isto ´e:

u(t) = Kx(t) (3.2)

com K ∈ <m×n.

Se nenhuma restri¸c˜ao ´e aplicada aos estados ou aos controles do sistema (3.1), em malha fechada tem-se:

˙x(t) = (A + BK)x(t) (3.3)

Neste caso, a estabilidade do sistema em malha fechada ´e definida pelos autovalores de (A+BK). Se o sistema (3.1) ´e estabiliz´avel, a matriz de realimenta¸c˜ao de estados K pode ser escolhida tal que os autovalores de (A + BK) estejam no semi-plano esquerdo do plano complexo, para o caso cont´ınuo, ou dentro do c´ırculo unit´ario para o caso discreto. Assim, a estabilidade do sistema (3.3) ´e garantida em um sentido global.

Suponha agora que o vetor de controle u(t) est´a sujeito a uma restri¸c˜ao de ampli-tude, ou seja, cada componente do vetor de controle est´a compreendida entre um valor m´aximo e um valor m´ınimo. Assim, u(t) deve pertencer a um conjunto poliedral Ω definido no espa¸co de estados por2:

= {u ∈ <4 m ; −ρ  u  ρ} (3.4)

(39)

3.2. Defini¸c˜ao do Problema 25 com ρi ≥ 0 para ∀i = 1, . . . , m.

A lei de controle efetivamente aplicada ao sistema (3.1) ´e, portanto

u(t) = sat(Kx(t)) (3.5)

na qual cada componente de u(t) ´e definida, ∀ i = 1, . . . , m, por :

ui = (sat(Kx(t)))i =          −ρi se Kix(t) < −ρi Kix(t) se − ρi ≤ Kix(t) ≤ ρi ρi se Kix(t) > ρi (3.6)

A fun¸c˜ao satura¸c˜ao gen´erica, u(t) = sat(Kx(t)) pode ser vista na figura 3.1.

ρi −ρi ρi −ρi ui(t) Kix(t)

Figura 3.1: Fun¸c˜ao satura¸c˜ao.

O sistema em malha fechada, obtido pela aplica¸c˜ao da realimenta¸c˜ao de estados saturante, ´e dado pelo seguinte modelo n˜ao-linear:

˙x(t) = Ax(t) + Bsat(Kx(t)) (3.7)

A regi˜ao de linearidade do sistema ´e definida como :

(40)

3.2. Defini¸c˜ao do Problema 26 Dentro deste dom´ınio (ver figura 3.2) as entradas de controle n˜ao saturam e assim, a evolu¸c˜ao do sistema em malha fechada ´e descrita pelo modelo linear definido em (3.3). Fora de S(K, ρ), as entradas de controle saturam e a estabilidade do sistema precisa ser analisada considerando a equa¸c˜ao (3.7). Note que, mesmo que o sistema seja inicializado dentro de S(K, ρ) isto n˜ao quer dizer que o comportamento do sistema seja linear. Kx= ρ Kx= −ρ x1 x2 S(K, ρ)

Figura 3.2: Regi˜ao de linearidade S(K, ρ).

Observa¸c˜ao 3.1 Apesar das defini¸c˜oes acima terem sido apresentadas considerando-se uma realimenta¸c˜ao de estados as mesmas s˜ao tamb´em v´alidas para o caso de reali-menta¸c˜ao est´atica ou dinˆamica de sa´ıdas. Neste caso, a matriz K ´e obtida reescrevendo o sistema em malha fechada de forma conveniente.

(41)

3.3. Estabilidade e Estabiliza¸c˜ao de Sistemas sob Satura¸c˜ao 27

3.3

Estabilidade e Estabiliza¸c˜

ao de Sistemas sob

Satura¸c˜

ao

3.3.1

Problemas Gen´

ericos de An´

alise e S´ıntese

Considerando o sistema sob satura¸c˜ao, definido por (3.7), podem ser formulados dois tipos de problemas: problema de an´alise e problema de s´ıntese.

Dada uma lei de controle, possivelmente determinada sem considerar as restri¸c˜oes de amplitude, o projetista deve analisar a estabilidade do sistema em malha fechada com satura¸c˜ao (3.7), ou seja, deve determinar regi˜oes de estabilidade assint´otica para o sistema (3.7) e verificar se esta regi˜ao engloba a regi˜ao no espa¸co de estados em que o sistema possa vir a ser inicializado ou levado pela a¸c˜ao de perturba¸c˜oes. Nestas regi˜oes de estabilidade assint´otica, o sistema ir´a operar de uma maneira segura na presen¸ca da satura¸c˜ao. O problema de an´alise pode ser formulado da maneira seguinte:

Problema 3.1 (Problema de An´alise) Dada uma matriz K tal que (A + BK) ´e assintoticamente est´avel, determinar regi˜oes no espa¸co de estados nas quais a con-vergˆencia assint´otica das trajet´orias do sistema saturado (3.7) para a origem ´e garan-tida.

O problema dual que pode ser formulado ´e o da s´ıntese de leis de controle considerando a possibilidade de ocorrˆencia de satura¸c˜ao. Neste caso, pode-se considerar como um dado do problema a regi˜ao do espa¸co de estados onde o sistema em malha fechada deve apresentar um comportamento assintoticamente est´avel, isto ´e, onde a aplica¸c˜ao da lei de controle saturante deve ser capaz de garantir a convergˆencia assint´otica para a origem de todas as trajet´orias que emanem desta regi˜ao. Esta regi˜ao ´e ent˜ao considerada como uma regi˜ao de estados iniciais admiss´ıveis dentro da qual o sistema pode operar de uma forma segura. O problema de s´ıntese pode ser enunciado da seguinte maneira:

(42)

3.3. Estabilidade e Estabiliza¸c˜ao de Sistemas sob Satura¸c˜ao 28 Problema 3.2 (Problema de S´ıntese) Dado um dom´ınio de estados iniciais admiss´ıveis X0, determinar uma matriz K tal que toda trajet´oria do sistema (3.7)

come¸cando em X0 convirja assintoticamente para a origem.

No caso em que o conjunto X0 ´e considerado como todo o espa¸co de estados <n,

a estabilidade ser´a garantida globalmente. Para isto ´e preciso que K respeite certas condi¸c˜oes particulares (para mais detalhes ver (Burgat et al. 1993) e Burgat et al. (1994)). Do ponto de vista de an´alise, dada uma matriz K estabilizante qualquer, em geral o sistema em malha fechada n˜ao ser´a globalmente assintoticamente est´avel. Da mesma forma, no caso de s´ıntese, pode-se mostrar que a determina¸c˜ao de um ganho K que estabilize globalmente assintoticamente o sistema (3.7), s´o ´e poss´ıvel se o sis-tema em malha aberta ´e est´avel no sentido de Lyapunov (Burgat et al. 1994, Burgat e Tarbouriech 1996). ´E poss´ıvel se mostrar tamb´em que no caso em que a matriz A apresenta algum autovalor estritamente inst´avel, n˜ao existe lei de controle de nenhum tipo que estabilize o sistema globalmente. Al´em disso, deve-se ressaltar que a me-lhoria de desempenho e o n´ıvel de robustez obtidos com leis de controle globalmente estabilizantes n˜ao s˜ao em geral satisfat´orios. Por estes motivos, neste trabalho esta-remos particularmente interessados no problema de an´alise e s´ıntese considerando-se estabilidade assint´otica local.

Para fins de estudo dos problemas de an´alise e s´ıntese, o efeito da satura¸c˜ao no sistema pode ser modelado de diversas maneiras. A seguir ser˜ao detalhadas as seguin-tes modelagens: por regi˜oes de satura¸c˜ao, por n˜ao-linearidade de setor e polit´opica. Outras representa¸c˜oes, que n˜ao ser˜ao abordadas neste trabalho, menos utilizadas para o tratamento da satura¸c˜ao s˜ao: por incerteza param´etrica limitada em norma (Gomes da Silva Jr. et al. 1997, Gomes da Silva Jr. e Tarbouriech 2000) e satura¸c˜ao homogˆenea (Castelan 1992).

(43)

3.4. Modelagem por Regi˜oes de Satura¸c˜ao 29

3.4

Modelagem por Regi˜

oes de Satura¸c˜

ao

Considere o sistema em malha fechada definido por (3.7). Define-se um vetor ζ ∈ <m em que cada componente ζ

i, i = 1, . . . , m, pode assumir os valores 0, −1 ou 1

dependendo se a componente de controle ´e n˜ao-saturada, saturada no limite inferior ou saturada no limite superior (Rocha 1994, Gomes da Silva Jr. 1997). Em outras palavras,

• Se u(t)i = ρi ent˜ao, ζi = 1, isto ´e, x(t) ´e tal que Kix(t) > ρi.

• Se u(t)i = Kix(t) ent˜ao, ζi = 0, isto ´e, x(t) ´e tal que −ρi ≤ Kix(t) ≤ ρi.

• Se u(t)i = −ρi ent˜ao, ζi = −1, isto ´e, x(t) ´e tal que Kix < −ρi.

Cada vetor ζ assim constru´ıdo representa uma combina¸c˜ao poss´ıvel entre entradas saturadas e n˜ao-saturadas. ´E poss´ıvel construir-se 3m vetores ζ. Para cada um destes

vetores, que denota-se por ζj ∈ <m, j = 1, . . . , 3m, o vetor de estados pertence a uma

regi˜ao bem definida em <n, que ser´a chamada de regi˜ao de satura¸c˜ao. Cada regi˜ao de

satura¸c˜ao ´e, portanto, determinada pela intersec¸c˜ao de semi-planos do tipo Kix ≤ di

ou −Kix ≤ di, di podendo assumir os valores −ρi e ρi.

Por exemplo, para um sistema com 2 estados (n = 2) e 2 entradas (m = 2), tem-se 3m = 9 regi˜oes de satura¸c˜ao, como pode ser visto na figura 3.3.

De uma maneira geral, cada ζj, ´e associado a uma regi˜ao poliedral do tipo

S(Rj, dj) = {x ∈ <n ; Rjx  dj} (3.9)

na qual dj ∈ <lj ´e um vetor composto a partir das componentes −ρ e ρ, e Rj ∈ <lj×n ´e

uma matriz formada a partir das linhas de K e −K. Note que, a regi˜ao que corresponde `a ζj(i) = 0 ´e a regi˜ao de linearidade do sistema em malha fechada (3.8).

Exemplo 3.1 Considere um sistema com duas entradas e que x(t) ´e tal que a primeira entrada de controle est´a saturada em ρ e a segunda entrada n˜ao est´a saturada. Isto

(44)

3.4. Modelagem por Regi˜oes de Satura¸c˜ao 30 K1x= −ρ1 K1x= ρ1 K2x= ρ2 K2x= −ρ2 R6 x2 x1 R9 R8 R7 R5 R4 R3 R2 R1

Figura 3.3: Regi˜oes de satura¸c˜ao. corresponde a um vetor ζ = [1 0]T e x(t) ∈ S(R, d)=4          x ∈ <n ;      −K1 K2 −K2      x       −ρ1 ρ2 ρ2               (3.10)

S(R, d) ´e, portanto, a regi˜ao de satura¸c˜ao associada ao vetor ζ = [1 0]T.

Se o estado do sistema pertence `a regi˜ao associada a ζ, ˙x(t) ´e dado por

˙x(t) = Ax(t) + B   ρ1 K2x(t)   ou de forma equivalente ˙x(t) = Ax(t) + B   0 0 0 1  Kx(k) + B   ρ1 0  

(45)

3.5. Modelagem Polit´opica 31 ˙x(t) = Ax(t) + Bdiag     1 1  −   1 0    Kx(k) + B   ρ1 0   ♦

Assim, em cada regi˜ao de satura¸c˜ao, a evolu¸c˜ao das trajet´orias do sistema (3.7) pode ser determinada a partir da seguinte equa¸c˜ao

˙x(t) = (A + Bdiag(1m− |ζj|)K)x(t) + Bu(ζj) (3.11) na qual u(ζj)i =          −ρi se ζji = −1 0 se ζji = 0 ρi se ζji = 1 (3.12)

Para todo x(t) ∈ S(Rj, dj), a dinˆamica do sistema ´e dada de uma forma gen´erica

por um sistema linear com uma perturba¸c˜ao aditiva (Rocha 1994, Gomes da Silva Jr. e Tarbouriech 1999a) ou um sistema afim (Johansson 1999):

˙x(t) = ¯Ajx(t) + pj (3.13) com ¯Aj 4 = A + Bdiag(1m− |ζj|)K e pj 4 = Bu(ζj).

3.5

Modelagem Polit´

opica

Este tipo de representa¸c˜ao foi inicialmente introduzida em Molchanov e Pyatnitskii (1989) e foi aplicada em casos espec´ıficos do sistema (3.7). No caso de an´alise podemos citar, entre outros, os trabalhos de Kla¨ı et al. (1992), Tarbouriech e Gomes da Silva Jr. (1997), Gomes da Silva Jr. e Tarbouriech (1999b) e Henrion e Tarbouriech (1999)

(46)

3.5. Modelagem Polit´opica 32 e referˆencias inclusas. Para o caso de s´ıntese ver os trabalhos de Gomes da Silva Jr. et al. (1997), Gomes da Silva Jr. e Tarbouriech (2001) e Nguyen e Jabbari (2000).

Pode-se redefinir cada componente do vetor de controle (3.6) como:

u(t)i = sat(Kix(t)) = α(x(t))iKix(t) (3.14) sendo α(x(t))i =          −ρi Kix(t) se Kix(t) < −ρi 1 se − ρi ≤ Kix(t) ≤ ρi ρi Kix(t) se Kix(t) > ρi (3.15) com 0 < α(x(t))i ≤ 1, i = 1, . . . , m.

O coeficiente α(x(t))i pode ser visto como um indicador do grau de satura¸c˜ao da

i-´esima entrada de controle. Note que α(x(t))i ´e uma fun¸c˜ao de x(t). Para simplificar

a nota¸c˜ao ser´a utilizado α(t)i 4

= α(x(t))i.

Define-se, a partir do vetor α(t) ∈ <m, a matriz D(α(t)) ∈ <m×m como

D(α(t)) =               α(t)1 0 . . . 0 . . . 0 0 α(t)2 . . . 0 . . . . ... ... . .. ... ... ... 0 0 . . . α(t)i . . . 0 ... ... ... ... ... ... 0 0 . . . 0 α(t)m               = diag(α(t)) (3.16)

Assim, o sistema (3.7) pode ser reescrito como

(47)

3.5. Modelagem Polit´opica 33 ou ainda

˙x(t) = A(α(t))x(t) = Atx(t) (3.18)

A matriz At ´e uma fun¸c˜ao de α(t) e, conseq¨uentemente, depende do valor de x(t).

Considere um conjunto X0 no espa¸co de estados. Se X0 ´e compacto ou n˜ao-limitado

somente ao longo das trajet´orias associadas ao Ker K, pode-se definir um limite inferior para o termo de satura¸c˜ao α(t)i

αi ≤ α(x(t))i ≤ 1 , ∀x(t) ∈ X0 (3.19)

Considere agora todas as combina¸c˜oes vetoriais de ordem m nas quais a i-´esima com-ponente de cada vetor pode assumir os valores 1 ou αi, em um total de 2m combina¸c˜oes

poss´ıveis. A cada uma destas combina¸c˜oes ´e associado um vetor γj, j = 1, . . . , 2m, e

s˜ao definidas as seguintes matrizes

Dj(α) = D(γj) 4

= diag(γj) (3.20)

Aj = A + BD(γj)K (3.21)

A partir da defini¸c˜ao da matriz Aj pode-se concluir que para ∀x(t) ∈ X0

At∈ Co{Aj ; j = 1, . . . , 2m} (3.22)

ou seja, At pertence a um politopo de matrizes do qual os v´ertices s˜ao as matrizes Aj.

Exemplo 3.2 Para um sistema com 2 entradas (m = 2), temos:

γ1 = [1 1]T ⇒ A1 = A + BD(γ1)K = A + BK

γ2 = [1 α2]T ⇒ A2 = A + BD(γ2)K

γ3 = [α1 1]T ⇒ A3 = A + BD(γ3)K

(48)

3.5. Modelagem Polit´opica 34 Assim, a matriz At pertence ao politopo cujos v´ertices s˜ao as matrizes A1, A2, A3

e A4, representado na figura 3.4. A1 A2 At A3 A4

Figura 3.4: Politopo de matrizes.

O sistema (3.7) pode, ent˜ao, ser representado localmente pelo modelo polit´opico

˙x(t) = 2m X j=1 λj(x(t))Ajx(t) (3.23) com P2m

j=1λj(x(t)) = 1, λj(x(t)) ≥ 0. Assim, At pode ser determinada como uma

combina¸c˜ao linear convexa de matrizes Aj.

´

E importante observar que todas as trajet´oria do sistema sob satura¸c˜ao podem ser obtidas pelo modelo (3.23). Por´em, nem todas as trajet´orias geradas por esta repre-senta¸c˜ao s˜ao trajet´orias do sistema sob satura¸c˜ao. A regi˜ao em que (3.23) representa o sistema saturado, ´e chamada de validade da modelagem e ´e definida como

S(K, ρα) = {x ∈ <n ; −ρα Kx  ρα} (3.24) com ρα 4= ρi

αi

.

Assim, o sistema (3.23) representa o sistema (3.7) se x(t) ∈ S(K, ρα). Observe que

o dom´ınio S(K, ρα) cont´em necessariamente o conjunto X

0. Entretanto, se for

consi-derado que x(0) ∈ X0, n˜ao se pode garantir que todas as trajet´orias que partem desta

(49)

3.5. Modelagem Polit´opica 35 Kx= ρα Kx= −ρα S(K, ρ) x1 x2 X0

Figura 3.5: Regi˜ao de linearidade do modelo polit´opico.

a fim de concluir sobre a estabilidade local do sistema sob satura¸c˜ao (3.7), precisa-se garantir que todas as trajet´orias que partem de X0 permanecem em S(K, ρα). Uma

maneira para que isto seja obtido ´e considerar X0 como um dom´ınio positivamente

invariante para o sistema (3.23). Conseq¨uentemente, X0 ser´a tamb´em um dom´ınio

po-sitivamente invariante para o sistema sob satura¸c˜ao (3.7) e assim, em X0, o modelo

polit´opico pode ser utilizado para representar o comportamento do sistema (3.7).

3.5.1

Condi¸c˜

oes de Estabilidade

A partir do segundo m´etodo de Lyapunov, descrito no cap´ıtulo anterior, pode-se escrever condi¸c˜oes de estabilidade para o sistema sob satura¸c˜ao. Considerando uma fun¸c˜ao de Lyapunov quadr´atica V (x) = x0P x, o conjunto elipsoidal E = {x ∈4 <n; x0P x ≤ 1} ´e um dom´ınio de estabilidade assint´otica para o sistema (3.7) se

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