• Nenhum resultado encontrado

Saul, Benjamin e o surgimento do Israel bíblico : uma visão alternativa

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Saul, Benjamin e o surgimento do Israel bíblico : uma visão alternativa"

Copied!
22
0
0

Texto

(1)

Saul, Benjamin e o surgimento do

“Israel bíblico”: uma visão alternativa

Saul, Benjamin and the emergence of “Biblical Israel”:

an alternative view

Saúl, Benjamín y la aparición de “bíblico Israel”:

una visión alternativa

Israel Finkelstein* Resumo

O artigo discute a recente proposta de Na’aman no periódico ZAW de que a terra de Ben-jamin era parte de Judah durante a monarquia e tempos antigos. Concordo com Na’aman de que nos tempos da monarquia tardia a terra de Benjamin realmente pertenceu a Judah. Mas contesto, dizendo que nos séculos anteriores a região teria sido dominada por uma unidade política norte israelita. Sugiro que este território trocou a pertença ao menos uma vez — de norte ao sul — na segunda metade do século 9º AEC. Contra o pano de fundo do artigo também discuto a hipótese de Na’aman concernente ao surgimento do “Israel bíblico”.

Palavras-chave: Saul; Benjamin; Israel Norte; Judah; arqueologia. AbstRAct

The article discusses Na’aman’s recent proposal in ZAW journal that the land of Benjamin was part of Judah throughout monarchic and earlier times. I agree with Na’aman that in late monarchic times the land of Benjamin indeed belonged to Judah. But I contend that in previous centuries the region was dominated by the north Israelite polity. I suggest that this territory changed hands at least once – from north to south – in the second half of the 9th century BCE. Against this background the article also discusses Na’aman’s hypothesis regarding the emergence of “biblical Israel”.

Palavras-chave: Saul; Benjamin; Northern Israel; Judah; archaeology. Resumen

El artículo aborda la reciente propuesta de Na’aman en ZAW de que la tierra de Benjamín era parte de Judah en los tiempos monárquicos y anteriores. Estoy de acuerdo con Na’aman que, en los últimos tiempos monárquicos la tierra de Benjamín de hecho pertenecía a Judah. Pero yo sostengo que en siglos anteriores la región estaba dominada por la política israelita del norte. Sugiero que este territorio cambió de manos al menos una vez - de norte a sur - en la segunda mitad del siglo IX AEC. En este contexto el artículo también analiza la hipótesis de Na’aman con respecto a la aparición de “Israel bíblico”.

Palavras-chave: Saúl; Benjamín; Israel Norte; Judah; arqueología.

* Tel Aviv University. Artigo originalmente publicado como: FINKELSTEIN, Israel. “Saul, Benjamin and the emergence of ‘Biblical Israel’: an alternative view”. Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft, vol. 123, p. 348-367, 2011. Tradução do artigo por Silas Klein Cardoso, Mestre e Doutorando em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp). Bolsista CAPES. E-mail: silasklein@gmail.com. Revisão da tradução de João Batista Ribeiro Santos.

(2)

Introdução

Em um artigo duplo recente, publicado no periódico Zeitschrift für die alttestamentliche Wissenschaft, Nadav Na’aman (2009a; 2009b) argumentou

meti-culosamente o papel que o território benjaminita ocupou na história do antigo Israel. Contra a ampla pressuposição assumida de que Benjamin1 fosse uma

tribo do norte, Na’aman argumentou de que a terra de Benjamin era parte de Judah durante a monarquia e tempos mais antigos. Consequentemente, ele contestou a ideia de que Benjamin, como um território norte-israelita, serviu como “um canal pelo qual as tradições nortistas foram passadas para a corte de Jerusalém” (NA’AMAN, 2009a, p. 216).

No que se segue desejo apresentar uma visão diferente dessas questões. Concordo com Na’aman de que no período da monarquia tardia a terra de Benjamin de fato pertenceu a Judah. Mas contesto dizendo que nos séculos anteriores a região tenha sido dominada por uma unidade política norte-is-raelita. Sugiro que esse território trocou a pertença ao menos uma vez — do norte ao sul — na segunda metade do século 9º AEC. De acordo com isso, proponho uma explicação diferente sobre o “surgimento do ‘Israel Bíblico’”.

método

Na’aman e eu divergimos em dois pontos metodológicos cruciais. Primeiro, sua visão é baseada prioritariamente em sua análise dos materiais bíblicos, assistidos por textos do antigo Oriente Próximo; arqueologia é aleatória e, de fato, dificilmente usada. Segundo, Na’aman (2009a, p. 216-217; 2009b, p. 336) fundamenta sua opinião no estado da questão nos tempos da monarquia tardia (os séculos 8º e 7º AEC) e, então, retroprojeta a situação em períodos anteriores da história israelita.

Meu método pode ser resumido como se segue:

1. Retroprojetar a situação do final dos séculos 8º e 7º AEC ao passado é desaconselhável, pois não há razões para se assumir que as fronteiras entre o norte e sul permaneceram inalteradas durante os séculos. Em tempos monárquicos, oscilações do poder entre Isrel-Damasco-Assíria refletiram na pequena e marginal Judah e podem ter causado mudanças na localização das bordas de Israel.

2. Não se pode contar com textos deuteronomistas (em diferença aos textos mais antigos que foram apenas redigidos pelo deuteronomista) na reconstrução da situação no período anterior ao final do século 8º AEC, en-quanto estes promovem a ideologia judaíta do final do século 7º (e depois). Dessa forma, situações de disputa são apresentadas de uma perspectiva

1 N.T.: A tradução de topônimos e nomes segue a Bíblia de Jerusalém (doravante: BJ). Na citação de sítios arqueológicos e nomes não contidos na Bíblia de Jerusalém utilizamos a forma original do artigo.

(3)

estritamente judaíta. Muitos desses materiais refletem, por consequência, uma retroprojeção ao passado da situação numa fase relativamente tardia da história antiga israelita. Nisso, Na’aman faz exatamente o que o deu-teronomista fez, e então cai na “armadilha” da ideologia deudeu-teronomista. Bons exemplos são as tensões em 1Reis 12.21-24, de que Benjamin não se associou à revolta de Jeroboão I (contra NA’AMAN, 2009a, p. 217; 2009b, p. 336), ou a referência da sobreposição entre a borda sul de Efraim e a borda norte de Judah (NA’AMAN, 2009a, p. 219). O uso de trabalhos proféticos da monarquia tardia também é desaconselhável, enquanto figura da situação de seu período.

3. Da perspectiva do texto, a maneira de superar os problemas descri-tos nos pondescri-tos 1 e 2 é consultar texdescri-tos pré-deuteronomistas, preferencial-mente aqueles que se pressupõe serem originários do Norte. Refiro-me, por exemplo, ao Ciclo de Jacó em Gênesis (cf. por ex., PURY, A. 1991, p. 78-96; PURY, 2006, p. 51-72), ao “Livro dos Salvadores” em Juízes (RICHTER, 1966; RÖMER; PURY, 2000, p. 24-141; GUILLAUME, 2004, p. 5-105), os materiais pró-Saul e anti-Davi nos livros de Samuel (principalmente da História da Ascensão de Davi, cf. DIETRICH, 2007, p. 248), o Ciclo de Elias-Eliseu em Reis e até certo ponto a obras proféticas nortistas do século 8º AEC (SCHNIEDEWIND, 2004).

4. A arqueologia também pode ajudar a superar os problemas espe-cificados nos pontos 1 e 2 acima. Para os tempos da monarquia tardia, os testemunhos da arqueologia e Bíblia hebraica são geralmente próximos. Mas em muitos casos relacionados aos períodos formativos (anteriores ao século 8º AEC) — distantes dos períodos de compilação dos textos bíblicos — os dois são às vezes contestados. Nesses casos deve haver boa razões para não seguir a arqueologia, que, diferente dos textos bíblicos, fornece evidências “em tempo real” para o passado.

As terras altas ao norte de Jerusalém do final do século 8º até o

século 4º AEC

Na revisão da história da terra de Benjamin, gostaria de começar com os períodos menos desafiadores, embora não isentos de problemas. Não deve haver dúvida — e nisso concordo com Na’aman — que a partir do final do século 8º a terra de Benjamin, ou grande parte dela, estava incluída no ter-ritório de Judah. Para o final do século 8º isso é claro a partir de um grande número de impressões em selos de lmll encontradas em Tell en-Nasbeh,

localidade da bíblica Masfah (VAUGHN, 1990, p. 190; LIPSCHITS; SERGI; KOCH, 2010, p. 3-32) e, se observarmos o texto bíblico, da descrição da

(4)

campanha (supostamente assíria) de Isaías 10.28-32 (SWEENEY, 1994, p. 457-470).

Não há evidências concretas para a primeira metade do século 7º, prin-cipalmente porque essa fase na história de Judah — entre as duas maiores destruições, de 701 e 586 AEC — é uma lacuna nos dados arqueológicos (FINKELSTEIN, 1994, p. 169-187). Ainda assim, não há razões para argu-mentar em favor de uma mudança, por ex., de que seguindo a campanha de Senaquerib em 701 AEC, os assírios anexaram o território norte de Judah à sua província de Samaria.

A inclusão da terra de Benjamin na Judah do final do século 7º é atesta-da numa variaatesta-da gama de achados arqueológicos e textos bíblicos. Arqueolo-gicamente, é testemunhada na distribuição dos achados tipicamente judaítas, como estatuetas de pilar, pesos inscritos (KLETTER, 1999, p. 19-54) e selos de rosácea (CAHILL, 2010, p. 7-26), assim como nas tumbas cortadas nas pedras (YEZERSKI, 1999, p. 253-270), tipicamente judaítas. Na tradição bíblica isso é atestado primária e principalmente na forte tradição em 2Reis de que Josias expandiu para a área de Betel, e na inclusão do território de Benjamin na lista de cidades de Judah que datem ao seu período (ALT, 1925, p. 100-116; NA’AMAN, 1991, p. 3-71). Essa situação prevaleceu nos tempos exílicos no século 6º AEC, como indicado pela distribuição das impressões do selo mwsh (LIPSCHITS, 2005a, p. 149-152; LIPSCHITS, 2005b, p. 17-19),

e nos versículos finais de 2Reis.

A situação do período persa é mais complicada. O conhecimento convencional, baseada na geografia de textos em Esdras e Neemias, inclui a terra de Benjamin no território de Yehud. Avaliando a arqueologia de Jerusalém no período persa contra a descrição da construção da muralha em Neemias 3, e a realidade arqueológica por trás da Lista de Repatriados em Esdras e Neemias, cheguei à conclusão de que essas fontes possam representar realidades helenísticas e hasmoneias (FINKELSTEIN, 2008a, p. 501-520; FINKELSTEIN, 2008b, p. 7-16). A única ferramenta confiável para delimitar as fronteiras da Yehud do período persa é, por consequência, a distribuição de tipos antigos de impressões de selo em Yehud (Números 1-2 em VANDERHOOFT; LIPSCHITS, 2007, p. 12-37). De acordo com esse critério, o território de Yehud estava provavelmente contido na área de Ramat Rahel e Jerusalém. Fortes evidências para a inclusão da terra de Benjamin ao território de Judah reaparecem apenas no início do período helenístico (FINKELSTEIN, 2010, p. 39-54).

Ao verificar a situação na monarquia tardia e tempos exílicos, no qual Na’aman e eu concordamos (e no período pós-exílico no qual discordamos),

(5)

e rejeitando a ideia de que se possa impor a situação dos períodos formativos na história de Israel, agora me direciono ao escrutínio baseado na arqueologia do período anterior ao século 8º AEC.

o território de benjamin antes de 720 Aec

1.

Antes da Idade do Ferro

Na’aman (2009a, p. 216) argumenta que “do início do segundo milênio AEC a terra de Benjamin esteve sempre atrelada ao território de Jerusalém. Isso é claro a partir da análise das evidências documentais e arqueológi-cas”. Não tenho ciência de qualquer evidência arqueológica que sustente essa afirmação. A única evidência documentária possível vem das cartas de Amarna. Na’aman (1992, p. 275-291) defende a existência de uma pequena cidade-Estado que servisse de barreira entre Jerusalém e Siquém em Betel, mas não há evidência para tal unidade política em ambas as tabuletas ou nos resultados das investigações petrográficas que localizem o local de origem da maioria das tabuletas de Amarna (GOREN; FINKELSTEIN; NA’AMAN, 2004). Na’aman (1997, p. 599-626) se diz favorável a uma “terra de ninguém” na região montanhosa ao sul de Siquém, mas isso também não é atestado nas tabuletas; pelo contrário, os governantes de Amarna estavam cientes de suas propriedades até o último vilarejo (provavelmente com o propósito de taxá-los).

A questão, então, é a localização da fronteira norte de Jerusalém. A única pista possível é a menção de uma cidade nomeada Bit NIN.URTA como pertencente a Jerusalém na EA 290.2 A identificação desse local

depende na leitura do ideograma no nome e em sua associação, naquela tabuleta, com Qiltu (a Queila bíblica). Diversas localizações foram sugeridas: Bet-Horon (KALLAI; TADMOR, 1969, p. 138-147), Belém (VAUX, 1978, p. 104), Bet-Anat (NA’AMAN, 1990b, p. 247-255, 252-254) do sul e Bet-Sur (SINGER, 1990, p. 132-141, 136). Do ponto de vista arqueológico, a pri-meira e a última são candidatas preferíveis, desde que demonstram achados do Bronze Tardio.3 A identificação com a bíblica Bet-Horon deve marcar

o canto noroeste do território de Jerusalém, enquanto a identificação com Beth-Zur encaixaria melhor com a associação a Qiltu. Mas mesmo que se proponha a última possibilidade (Beit ’Ur el-Tahta no norte da Sefelah), isso não diria muito sobre a situação nas terras altas ao norte de Jerusalém.

2 N.T.: “EA” é a designação utilizada na academia para referência ao arquivo encontrado em Tell el--Amarna, no Egito.

(6)

Em resumo, não há forma segura de delimitar a fronteira norte do território de Jerusalém no segundo milênio AEC.

2. O século 10º AEC

Não há evidência para a filiação territorial da terra de Benjamin nas primeiras fases do Ferro I — tanto no registro arqueológico quanto no texto bíblico. Dois indícios — um de uma fonte extrabíblica e outro da arqueologia — indicam que no século 10º — o final do Ferro I e início do Ferro IIA — a área entre Gabaon ao sul e em Betel, ao norte, não pertenciam a Judah.

A primeira pista vem da lista de topônimos da inscrição de Sheshonq I em Karnak (SIMONS, 1937, p. 85-102; KITCHEN, 1986, p. 432-433). A autenticidade histórica da lista mantém-se pelo fato de descrever topônimos muito diferentes daqueles que aparecem nas listas gravadas pelos faraós do Novo Reino, e do fragmento da estela de Sheshonq I encontrada em Megiddo. Três localidades nas montanhas ao norte de Jerusalém aparecem na lista: Bet-Horon (provavelmente a maior das duas Bet-Horon, localiza-da em Beit ’Ur el-Tahta), Gabaon (el-Jib) e Samaraim (Ras et-Tahune na moderna el-Bire; cf. KALLAI, 1971, p. 742-743). A lista pode mencionar Tersa, a nordeste de Siquém, mas essa leitura não é conclusiva (MAZAR, 1957, p. 57-66, 62; KITCHEN, 1986, p. 438). Ela também inclui um grupo de topônimos na área do Rio Jabor e um grupo de topônimos no vale de Jezrael – ambos no território do reino do Norte. Nem um único sítio do centro de Judah — na Sefelah ou na região montanhosa — é mencionado na lista,4 primeira e principalmente não aparece Jerusalém. A teoria

an-terior, de que Judah não é mencionada pelo saque entregue ao faraó em Gabaon (por ex., HERRMANN, 1964, p. 55-79; AHARONI, 1979, p. 326; KITCHEN, 1986, p. 447), não é mais do que uma tentativa de harmoni-zar o relato com a referência bíblica ao faraó Sesaq e a tradição de uma grande Monarquia Unida no tempo de Salomão. Há pouca dúvida então, de que quando a campanha de Sheshonq I na segunda metade do século 10º AEC,5 que incluiu a área de Gabaon, tenha sido dirigido contra uma

unidade política do norte.

Essa observação parece ser sustentada pela arqueologia. A devastado-ra maioria dos sítios do Ferro I nas montanhas continuou desabitada no

4 Outro grupo de topônimos representa os sítios no vale de Bersabeia — área de Besor, mas a região não havia sido incluída em Judah na época (FANTALKIN; FINKELSTEIN, 2006, p. 22-24). 5 Para o problema de fixar uma data exata para a campanha de Sheshonq I e para a tentadora questão de

como o Deuteronomista sabia sobre ela — ambas além do escopo desse artigo, cf. FINKELSTEIN, 2002, p. 109-135.

(7)

Ferro II. Uma exceção (certamente enquanto grupo) são os diversos sítios concentrados exatamente na área mencionada por Sheshonq I. Refiro-me principalmente a Khirbet Raddana, et-Tell (Ai) e Khirbet ed-Dawwara — sítios que floresceram no final do Ferro I e na primeira fase do início do Ferro IIA e então ficaram desertos. Estudos recentes de radiocarbono colocam a primeira fase do Ferro IIA no final do século 10º e início do século 9º AEC (FINKELSTEIN; PIASETZKY, 2010, p. 374-385); então, em termos de datação absoluta, esses sítios foram provavelmente abandonados no final do século 10º; eles podem ter sido abandonados (não destruídos), como resultado (atrasado?) da campanha egípcia.

Tendo revisto o quadro extrabíblico e arqueológico, posso agora me voltar ao texto bíblico, que fala sobre uma entidade territorial saulida cujo centro estava na terra de Benjamin com extensões no território ao sul da terra de Efraim e na área do Rio Jaboc. Não é necessário dizer que é difícil verificar as raízes “históricas” no centro desse relato.6 A única pista é a

surpreendente similaridade entre a descrição bíblica e a lista de Sheshonq I; ambas relatam uma conexão entre as duas regiões que de nenhuma for-ma especial importaria na história de Canaan/Israel. A tradição da batalha de Saul no Monte Gelboé, relacionada a uma antiga guarnição egípcia fortificada em Betsean, dificilmente pode ser entendida sem assumir que haja uma certa memória histórica genuína nela. Uma pequena descrição geográfica do território governado por Isbaal filho de Saul (EDELMAN, 1985, p. 85-91) é dada em 2Samuel 2.8-9. Enquanto alguns acadêmicos identificam nele uma memória história genuína (por ex., DIETRICH, 2007, p. 266), Na’aman (2009b, p. 347) vê esse relato como não mais do que uma interpretação deuteronomista. Na base da similaridade com o território descrito na lista de Sheshonq I, me inclino a identificar esse relato como uma ausência memória histórica.

Outra sustentação interessante para a existência de uma entidade terri-torial norte-israelita nas montanhas da região central ao norte de Jerusalém, que alcançou as margens do vale de Jezrael, parece vir da arqueologia. Todos os principais assentamentos do final do Ferro I no vale de Jezrael — o horizonte do Stratum VIA de Megiddo — foram violentamente destruídos pelo fogo. Essas destruições foram relacionadas às conquistas do rei Davi (HARRISON, 2004, p. 108), as conquistas de Sheshonq I (WATZINGER, 1929, p. 58, 91; FANTALKIN; FINKELSTEIN, 2006, p. 22-24), ou a um evento sísmico (LAMON; SHIPTON, 1939, p. 7; CLINE, 2011, p. 55-70). Um grande número de determinações de radiocarbono publicadas recente-mente (SHARON; FILBOA; JULL; BOARETTO, 2007, p. 1-46) indica que

(8)

as camadas em questão chegaram a um fim no decorrer do século 10º AEC, provavelmente como resultado de mais do que um evento (FINKELSTEIN; PIASETZKY, 2007, p. 247-260; FINKELSTEIN; PIASETZKY, 2009, p. 255-274). Um processo gradual, que começou no começo do século 10º e provavelmente continuou em sua segunda metade, descarta as soluções supracitadas. A única explicação possível para tal processo (preferencial do que um evento) é ver tais destruições como representantes de uma expansão gradual norte israelita em direção ao vale.

Todas essas evidências, quando combinadas, sugerem a existência de uma entidade territorial das montanhas do norte no século 10º AEC, que se estendeu da terra de Benjamin na margem sul do vale de Jezrael ao norte, e em uma certa etapa se expandiu até o vale.7 O exato desenvolvimento

durante o século 10º AEC, incluindo a conexão entre a entidade Israelita do norte que estava centrada na terra de Benjamin e os primeiros dias da entidade territorial norte-israelita ao redor de Siquém-Tersa, assim como a possível tomada de controle de ao menos uma parte da anterior pela enti-dade territorial de Jerusalém,8 é impossível de se estabelecer com o atual

estágio de conhecimento arqueológico e textual.

A primeira metade do séc. IX Aec

A evidência arqueológica para a primeira metade do século 9º AEC — a fase antiga do Ferro IIA — é escassa, na melhor hipótese. O núcleo do assentamento em Tell en-Nasbeh apresenta um sistema de salas de três e quatro cômodos; os cômodos amplos deles no cinturão externo criam uma fortificação como uma casamata (McCROWN, 1947, p. 190-191; McCLE-ALLAN, 1984, p. 53-69). Apesar do assentamento continuar a ser habitado com uma pequena quantidade de alterações até a monarquia tardia e tempos exílicos, essa formatação de assentamento é típica do final do Ferro I e iní-cio do Ferro IIA em sítios do vale de Bersabeia, as montanhas do Negev e sul da Transjordânia (cf. por ex., HERZOG, 1983, p. 41-59; FINKELSTEIN, 1988, p. 250-254; ROUTLEDGE, 2004, p. 93-108). É razoável sugerir, então, que o núcleo do assentamento em Tell en-Nasbeh tenha sido formatado nesse período. Pode-se argumentar que essa formatação de assentamento é típica da região sul da Cis- e Transjordânia e, por consequência, de Judah

7 Assim sendo, a estela de Sheshonq I em Megiddo foi erigida no assentamento do Stratum VB, que é a primeira representação da cultura material do Israel norte (FINKELSTEIN, 2011, p. 227-242). 8 A Bíblia se refere à tomada de poder davidida sobre a unidade política saulida. Não há como se

verificar essa tradição; a única razão para aceitar uma expansão rápida de uma entidade jerusalemita ao norte é a tradição de um grande “Monarquia Unida” do passado que tenha englobado territórios além das bordas da Judah da monarquia-tardia.

(9)

em vez de Israel, mas inscrevê-la em uma afiliação territorial me parece querer ir longe demais; sítios similares na região mais densamente inabitada das montanhas centrais podem não ter sobrevivido por causa de ocupações posteriores, sem mencionar que não foram escavados sítios suficientes do período nessa área.9 De uma perspectiva mais ampla, não consigo enxergar

a ambientação histórica para a dominação judaíta na terra de Benjamin na primeira metade do século 9º. De fato, há todas as razões para sugerir que naquele período dos poderosos omridas Judah tenha sido dominado pelo reino do Norte.

Voltando aos relatos bíblicos, a única pista possível para a situação do início do século 9º vem de 1Reis 15.16-22. Contudo, contra Na’aman (2009a, 217-218), pelas seguintes razões a história não pode ser lida como um registro histórico claro: (1) de Jeremias 41.9, sabe-se sobre a existência no período da monarquia tardia de contos etimológicos conectando Asa a Masfa; (2) o rei Ben-Adad de Damasco, mencionado em fontes extrabíblicas, é filho de Hazel, que reinou cerca de um século depois de Asa; (3) a des-crição da campanha de Ben-Hadad no território do reino do Norte é muito similar àquela de Tiglat-Pileser III (2Reis 15.29) para ser ignorada; é como se a história de Asa/Baasa/Ben-Adad em 1Reis 15 tenha sido influenciada por eventos mais próximos aos tempos da compilação deuteronomista; (4) a narrativa descrevendo o resgate de Judah de um ataque pelo reino do Norte é um resultado de cooperação com um poder do norte também é reminiscente de eventos durante a guerra siro-efraimita.

A história em 1Reis 15.16-22 pode ter servido ao autor judaíta para contar uma tradição norte-israelita na qual a Ramah dos primeiros dias dos reinos hebreus era a fortaleza mais ao sul de Israel frente a Jerusalém e Judah conduziu para tomar o controle e expandir ao norte (nos dias de Joás — abaixo) apenas como o resultado de uma traiçoeira cooperação com os inimigos de Israel. O autor judaíta pode ter promovido a ideia de que Masfah era uma cidade judaíta da antiguidade. Desde que em todo o território de Israel não há evidência para a construção de fortificações antes dos omridas (isto é, na primeira fase do Ferro IIA), deve ter havido uma fortaleza nortista em Ramah, que deve ter sido construída na primeira metade do século 9º AEC, durante o tempo da dominação omrida na região.

9 Veja, por ex., o sítio verificado em el-’Unuk na região de Wadi Farah (ZERTAL, 1996, p. 394-397). Ou os sítios de Dawwara e Khirbet Ibn Nasir próximo a Nablus (FINKELSTEIN; LEDERMAN; BUNIMOVITZ, 1997, p. 709-711, 719-720, respectivamente).

(10)

A segunda metade do séc. IX Aec

De acordo com meu entendimento dos achados arqueológicos, o texto bíblico e registros extrabíblicos atestam a situação mais ampla do Levante, a mudança de estado da terra de Benjamin se deu na segunda metade do século 9º AEC.

A evidência material mais importante para esse período é a impressio-nante Grande Muralha em Tell en-Nasbeh (McCROWN, 1947, p. 191-199). A maioria dos acadêmicos vê a Grande Muralha como uma adição à cidade existente — um tipo de “caixa” construída ao redor do núcleo do antigo assentamento, deixando cerca de 5-10m de espaço vazio entre os dois. O portão de duas câmaras na Grande Muralha (ZORN, 1997, p. 53-66) é peculiar, enquanto fornece acesso direto à cidade ao longo da fortificação através do intervalo na muralha. A única estrutura um tanto similar (mas não idêntica) é o portão externo de quatro câmaras em Tel Dan no norte, que é datado na fase final do Ferro IIA, no final do século 9º AEC (ARIE, 2008, p. 6-64). Esse portão também é encontrado no decorrer da muralha e adentra pelo eixo principal.

Os escavadores dataram a Grande Muralha nos dias do rei Asa, de acordo com 1Reis 15.17-22 (BADÈ, 2008, p. 6-64) e a maioria dos acadêmi-cos parece aceitar essa identificação.10 O problema é que não se pode

esta-belecer uma clara conexão estatigráfica entre a fortificação e as residências dentro da cidade e nenhuma coleção de cerâmicas pode ser seguramente associada a ela: a cerâmica extraída de uma seção na muralha por Badè foi aparentemente perdida (ZORN, 1999, p. 146-150); o espaço vazio entre a Grande Muralha e a Muralha Interna não foi escavado estatigraficamente e, por consequência, a cerâmica ali encontrada não tem valor cronológico; e existem paralelos para grandes muralhas de pedra tanto em Israel quanto em Judah, tanto no Ferro IIA quanto no Ferro IIB. Uma pista possível para a datação da Grande Muralha é o fato de que em um local ela garante acesso à uma cisterna cortada na rocha debaixo das fundações (McCROWN, 1947, p. 217, fig. 59; ZORN, 1993, p. 284-285, 459, 800); cerâmica do Ferro IIA e Ferro IIB foram encontradas na cisterna (WAMPLER, 1994, vasilhames 1005, 1050, 1284, 1425, 1432, 1436, 1564 e 1565), o que significa que a muralha não foi construída depois do Ferro IIB. Mas mesmo isso é uma evidência altamente circunstancial. Outra pista é o revestimento da pedra que apoia a muralha desde o exterior. Revestimentos de pedra e tijolos são conhecidos em fortes assírios ou de fortes influenciados pela Assíria na

10 Por ex., MAZAR, 1990, p. 437; BARKAY, 1992, p. 302-373; para visões divergentes, cf. KRATZ, 1998, p. 131-133, quem propôs que a Grande Muralha tenha sido construída no séc. VIII AEC; e NA’AMAN, 1994, p. 218-281, 224, n.13, quem optou pelo período Babilônico.

(11)

região.11 Contudo, há razões arquitetônicas e circunstanciais para sugerir

que o revestimento de Tell en-Nasbeh foi adicionado a uma muralha já existente. Entre elas pode-se notar que desde que a muralha não sustenta um preenchimento de pódio/plataforma (típico de fortes assírios), não havia necessidade de sustentá-lo desde o exterior até uma pequena camada de detritos se acumularem em sua face interna, depois de uma geração de atividades. Isso significa que a fortificação original foi construída prova-velmente um bom tempo antes do período assírio (FINKELSTEIN, 2012, p. 14-28).

Com isso em mente, pode-se voltar a considerações arqueológicas, bí-blicas e históricas mais amplas. Está bem claro que a Grande Muralha não pode ser datada no período de Asa. Além das restrições expressas acima con-cernentes à historicidade de 1Reis 15.22, Asa reinou de 911-870 AEC e, por consequência, na fase primitiva do Ferro IIA; nenhuma fortificação elaborada é conhecida em Judah naquele tempo.12 Nem os omridas são uma opção; o

sistema típico de fortificação em seus principais sítios — Samaria, Jezrael, Ha-sor, Jasa e Atarot — era de uma muralha casamata sustentada por um pódio, não uma muralha grande e sólida do tipo de Tell en-Nasbeh (FINKELSTEIN, 2000, p. 114-138; FINKELSTEIN; LIPSCHITS, 2010, p. 29-42).

É essencial, na tentativa de se datar a Grande Muralha em Tell en--Nasbeh, notar as mais antigas cidades-muradas de Judah, algumas das quais podem revelar alguma similaridade à Grande Muralha: os tijolos na rocha de cerca de 6m de largura nas fundações do Nível IV da muralha de cidade de Lakish (USSISHKIN, 2004, p. 50-119, 79); a muralha sólida de dois metros conectada a uma sessão de muralha casamata em Bet-Sames (BUNIMOVITZ; LEDERMAN, 2001, p. 121-147); e a fundação de tijolo na pedra na muralha do Stratum V, com 4m de largura, aparentemente com compensação, em Bersabeia (AHARONI, 1971, p. 9). Essas fortificações são todas datadas da última fase do Ferro IIA (HERZOG; SINGER-AVITZ, 2004, p. 209-244; para Bet-Sames, cf. FINKELSTEIN, 2002, p. 128-139, contra BUNIMOVITZ; LEDERMAN, 2001).

Recentes pesquisas com radiocarbono baseadas em centenas de deter-minações de um grande número de estratos tanto no norte quanto no sul de Israel alocam a fase mais tardia do Ferro IIA no (o mais amplo possível) espaço de tempo entre os anos 880 e 760 AEC. A data mais segura está

11 Assim como Tell Qudadi e Tell Kheleifeh; cf. FANTALKIN; TAL, 2009, p. 194, n. 19; PRATICO, 1993, p. 23-24, respectivamente.

12 Uma muralha de casamata que provavelmente data do final do Ferro I foi recentemente descoberta em Khirbet Qeiyafa no Vale de Elah [BJ: Vale do Terebinto] na Sefelah (para a muralha, cf. GAR-FINKEL; GANOR, 2009; para datas relativas, cf. SINGER-AVITZ, 2010, p. 79-83). Mas a afiliação territorial do sítio — à Gat filistina, Judah ou outra unidade política das montanhas — não é clara.

(12)

entre a metade do século 9º até o início do século 8º AEC (SHARON, I.; GILBOA, A.; JULL; BOARETTO, 2007; BOARETTO; FINKELSTEIN; SHAHACK-GROSS, 2010, p. 1-12; FINKELSTEIN; PIASETZKY, 2009; FINKELSTEIN; PIASETZKY, 2007). São improváveis edificações de tais fortificações enormes por um rei em Judah na borda de Israel em períodos da dominação israelita na região. Esse argumento exclui os dias da dinastia omrida até 842 AEC e os dias após a posse do rei Joás de Israel, isto é, após cerca de 800 AEC (para um plano de fundo do período, cf. por ex., LEMAIRE, 1991, p. 91-108; LEMAIRE, 1993, p. 148-157; NA’AMAN, 1997, p. 122-128; DION, 1997, p. 191-209; LIPINSKI, 2000, p. 376-404). Levanto todos os argumentos acima em conta, o espaço de tempo mais provável no qual Judah deve ter fortificado Tell en-Nasbeh é nos dias do rei Jeoás,13 que reinou em 836-798 AEC.

Ampliando para a perspectiva mais ampla da situação no Levante na segunda metade do século 9º AEC, a pressão feita por Hazael, rei de Damasco, no reino do Norte (começando em 842 AEC) libertou Judah da dominação omrida. Há boas razões para assumir que este foi o momento em que Judah se expandiu para o norte e estabeleceu uma cidade fortificada em sua fronteira com Israel.14 Ainda gostaria de sugerir que seguindo o declínio

do Israel Norte e a destruição de Gat por Hazael — a mais poderosa cidade filistéia daquela época (MAEIR, 2004, p. 319-404), Judah se ocupou de um projeto mais amplo de fortificação de suas fronteiras: Masfah (e Gaba caso seja aceito que 1Reis 15.22 preserva uma vaga lembrança do passado) no norte, frente ao reino do Norte; Lakish e Bet-Sames no ocidente, frente às cidades-Estado filistéias; e Bersabeia (e o forte em Arad) no sul, frente às tribos desérticas e guardando a roupa da Transjordânia ao Mediterrâneo.

A primeira metade do séc. VIII Aec

O estado da terra de Benjamin na primeira metade do século 8º — um período de renovada dominação israelita na região nos dias do rei Jobs e Jeroboão II — permanece um enigma. Por enquanto a arqueologia perma-nece silenciosa sobre a questão. Baseado em Oseias 5.9 e 2Reis 14.11-14, diversos acadêmicos (por ex., WOLFF, 1974, p. 113; MACINTOSH, 1997, p. 196) sugeriram que Jobs rei de Israel conquistou Ramá e Gabaá. Mas isso não pode ser verificado. De fato, algum tempo depois da investida de

13 N.T.: O autor distingue Joash de Israel com Jehoash de Judah, que são traduzidos na BJ para “Joás”. Para distinguirmos as duas formas do autor se referir, aportuguesamos o nome do rei judaíta para “Jeoás”.

14 A similaridade da Grande Muralha e o portal das fortificações do Stratum IVA de Tel Dan podem sugerir uma influência damascena na construção de Tell en-Nasbeh.

(13)

Israel em Judah a guerra siro-efraimita pode ter sido interpretada como uma tentativo do reino do Norte de reconquistar o território que tinha sido tomada por Judah nos dias do rei Jeoás.

6. conclusão: A fronteira entre Judah-Israel

Para resumir a afiliação territorial da terra de Benjamin, ao que parece essa área foi dominada pelo Norte até o declínio da dinastia omrida em 842 AEC. Ela foi tomada por Judah no período do rei Jeoás, que pode ter agido sob os auspícios de Aram-Damasco. A dominação judaíta da região é claramente atestada a partir do final do século 8º e continua até os tempos exílicos. A aparente imagem que delineei acima é aquele de estabilidade, com uma séria mudança na segunda metade do século 9º. Dois períodos podem sugerir uma interpretação mais complexa: uma possível dominação da terra de Benjamin por uma entidade jerusalemita após o declínio dos saulidas e a possível expansão de Israel ao território judaíta na primeira metade do século 8º AEC.

A perplexidade nos textos bíblicos concernentes à afiliação da terra de Judah deriva de tradições conflitivas nos textos do sul e norte. A História Deuteronomis-ta e os trabalhos proféticos relacionados retroprojeDeuteronomis-tam a situação da monarquia tardia para o passado e promovem a ideia de que a terra de Benjamin pertenceu a Judah ao menos desde a queda dos saulidas e ascensão do rei Davi ao poder. Por consequência, 1Reis 12.21-24 fala sobre Benjamin como parte de Judah tão cedo quanto a cisão entre as tribos do norte nos dias de Jeroboão I, 1Reis 15.16-22 desenha uma fronteira de Israel ao norte de Masfah e Josué 16.1-2 e 18.11-14 faz o mesmo na descrição das fronteiras das tribos.

Quando volta-se aos textos nortistas, ou tradições nortistas, em várias sessões da Bíblia hebraica, uma imagem diferente emerge. Para citar as principais evidências: a história do nascimento dos filhos de Jacó fala de Benjamin como uma tribo do sul pertencente à casa de José. A história de Aod — parte do ciclo do norte no Livro

dos Salvadores — une Benjamin, Jericó e a região montanhosa de Efraim. Juízes

4.5 — também parte do Livro dos Salvadores — aloca Débora entre Betel e Ramah.15 A Canção de Débora, geralmente considerada anterior a Juízes

4 (revisão de literatura em GUILLAUME, 2004, p. 30-35), inclui Benjamin entre as tribos do norte. O Ciclo de Saul em 1Samuel mantém lembranças de uma unidade política nortista nas montanhas de Benjamin e Efraim, com seu centro ao redor de Gabaá16 e Ramá, que estava conectada à área

15 Esse evento é significativo se essa parte da história veio das mãos de um redator do Norte. Cf. NA’AMAN, 1990, p. 423-436.

16 Gaba (Jaba) ou Gabaon (el-Jib), mas contra NA’AMAN (2009b, p. 345) não Tell el-Ful, que foi um sítio secundário, pequeno e sem importância (na identificação de ARNOLD, 1990; e bibliografia; sobre Tell el-Ful, cf. FINKELSTEIN, 2011b, p.106-118).

(14)

de Jabor e possivelmente se estendeu às margens ao sul do vale de Jezrael. Materiais apologéticos da História de Sucessão — nos episódios de Semei filho de Gera e Seba filho de Bocri — aloca Benjamin com Israel em opo-sição a Davi. Oseias 9.9 e 10.9 refere-se ao pecado de Gabaá em tempos aparentemente pré-monárquicos em conexão com Israel.17 E, é claro, não

se pode ignorar o nome tribal de Benjamin, indicando sua localização ao sul do território de Israel.

o surgimento do Israel bíblico

1. Israelitas em Judá após a queda do Reino do Norte

Na’aman e eu discordamos na questão dos israelitas em Judah após a queda de Israel (cf. FINKELSTEIN; SILBERMAN, 2006b, p. 259-285; FINKELSTEIN, 2008c, p. 499-515; NA’AMAN, 2007, p. 21-56; NA’AMAN, 2009c, p. 321-335). Esse assunto é crucial para minha reconstrução do surgimento do Israel bíblico, e a rejeição dessa ideia por Na’aman (2009a, p. 214) é o núcleo de seu estudo em dois artigos. Por consequência, desejo começar reiterando brevemente os principais pontos de minha abordagem à matéria. É notável que neste caso muitas diferenças metodológicas — principalmente concernentes à interpretação de resultados arqueológicos — esteja por detrás do debate.

A arqueologia demonstra que na Idade do Ferro IIB Jerusalém cresceu dramaticamente de uma cidade que cobria uma área construída de cerca de 6 hectares para uma grande cidade de mais de 60 hectares (por ex., BROSHI, 1974, p. 21-26; AVIGAD, 1983, p. 54-60; REICH; SHUKRON, 2003, p. 209-218; GEVA, 2003). Toda a área da colina sudoeste — a grande Jerusalém do final do século 8º — não forneceu nenhuma evidência para atividades no Ferro IIA. A arqueologia também mostra que o número de assentamentos em Judah, de igual forma, cresceu dramaticamente no Ferro IIB comparado ao Ferro IIA tanto na região montanhosa18 quanto na Sefelah.19 Do ponto

de vista de área total construída (que significa população), a possibilidade de que o Ferro IIA pode ser de alguma forma sub-representado é com-pensado pelo fato de que os assentamentos no Ferro IIB são geralmente

17 Por ex., WOLFF, 1974, p. 158, 184-185; MACINTOSH, 1997, p. 357, 412-413. Oseias 5.8-10, tra-balhado minuciosamente por Na’aman (2009a, p. 220-222), não traz luz sobre a afiliação de Ramah e Gabaá no período formativo, enquanto refere-se a eventos durante a guerra siro-efraimita ou em eventos do início do século 8º (sobre esses versículos cf. por ex., ALT, 1953, p. 163-174; WOLFF, 1974, p. 112-114; MACINTOSH, 1997, p. 193-198).

18 De cerca de 35 a cerca de 120 (OFER. 1993; OFER, 1994, p. 92-121, 104-105). 19 De cerca de 20 a 275 [!] (DAGAN, 1992, em hebraico)

(15)

muito mais amplos do que os do Ferro IIA. Estudos recentes de radiocar-bono mostram que a transição de tradições cerâmicas entre o Ferro IIA e Ferro IIB tiveram lugar em algum período na primeira metade do século 8º (FINKELSTEIN; PIASETZKY, 2007; 2009; 2010), o que significa que o crescimento extraordinário da população de Jerusalém e Judah aconteceu em matéria de poucas décadas na segunda metade do século 8º.20

Na antiguidade, tais crescimentos populacionais dramáticos não podem ser explicados como resultado de crescimento natural; também, Jerusalém e Judah não tinham apelo econômico que explicasse tal acréscimo po-pulacional em um período relativamente tão pequeno. Uma avaliação do padrão de assentamentos ao sul de Samaria mostra um amplo decréscimo de população entre o final do século 8º e o período persa, contrastando com a estabilidade na Samaria do norte. A arqueologia também atesta a aparição de traços de cultura material nortistas em Judah no início do Ferro IIB, como instalações de óleo de oliva, alguns tipos cerâmicos, jar-ras cosméticas e selos quadrados de ossos. Tudo isso indica uma grande mudança populacional na região montanhosa durante um curto período de tempo na segunda metade do século 8º. A única razão possível é a queda do reino do Norte. A tentativa de Na’aman (2007, p. 21-56) de explicar as mudanças demográficas em Judah de forma diferente vai na direção con-trária à evidência arqueológica (FINKELSTEIN, 2008c). Blocos de texto do norte — como o Ciclo de Jacó em Gênesis, o Livro dos Salvadores em Juízes, materiais pró-Saul e anti-Davi em Samuel e ciclos proféticos nortis-tas em Reis — no texto bíblico dominado pelos judaínortis-tas, também devem ser considerados como “artefatos” nortistas que migraram para o sul no final do século 8º AEC (Cf. SCHNIEDEWIND, 2004; DIETRICH, 2007). Até onde posso julgar, a integração desses textos no códice judaíta foi o resultado da transformação dramática da unidade política jerusalemita no final do século 8º, quando se transformou de uma sociedade clânica isolada para um reino judaíta-israelita misturado sob dominação assíria.

2. Betel

Na’aman defende uma solução diferente para a incorporação de tradi-ções nortistas no texto dominado pelos judaítas, propondo que “a Betel do século 6º pode ter tido um importante papel no processo de integração as

20 É razoável assumir que Jerusalém já havia alcançado seu tamanho completo antes de 701 AEC. Contudo, desde que as tradições de cerâmica do Ferro IIB podem ter continuado até o século 7º, o crescimento populacional descrito acima, especialmente no interior de Judah, pode ter ocorrido durante um espaço de tempo um pouco maior, entre os anos 730 e as primeiras décadas do século 7º AEC.

(16)

tradições do Norte com as tradições escribais de Judah” (NA’AMAN, 2009b, p. 341; para ideias parecidas, cf. BLEKINSOPP, 2003, p. 93-107; KNAUF, 2006, p. 291-349). Para combater os estudos que apontam a ausência (ou escassez) de achados em Betel no período persa (DEVER, 1971, p. 459-471), ele argumenta que: (1) apenas uma pequena parte do sítio foi escavada; (2) os achados podem ter sofrido erosão; (3) nas montanhas os achados desse período são difíceis de se identificar. Essas afirmações claramente demonstram nossas diferenças: enquanto Na’aman constrói sua teoria em materiais bíblicos contestáveis, desafiando o testemunho da arqueologia, eu parto do ponto de vista arqueológico (FINKELSTEIN; SINGER-AVITZ, 2009, p. 33-48):

— Muito do sítio de Betel foi escavado — mais do que a área

explo-rada nos principais tells bíblicos;

— Fragmentos de cerâmica não somem; eles sempre podem ser en-contrados dispersos em contextos posteriores. Na maioria dos casos um período de habitação deve ser representado por fragmentos cerâmicos, mesmo que o núcleo de atividades é presumidamente alocado em uma parte não escavada do sítio;

— A coleção de cerâmicas do período persa na região montanhosa é bem conhecida, em Ramat Rahel e outros sítios.

Em outras palavras, até que futuras escavações provem o contrário, a arqueologia contradiz a teoria de Na’aman; de fato, ela a descarta completa-mente: não há evidência significativa para habitação em Betel entre o Ferro IIC e o período helenístico e, por consequência, a Betel do século 6º pode não ter sido o canal de transmissão dos textos nortistas para Judah-Yehud.21

3. O surgimento do Israel Bíblico

Eu concordo com Na’aman (2009b, p. 342-349): na importância de ciclos pré-deuteronomistas nos livros de Samuel e nos primeiros capítulos de 1Reis para o entendimento do surgimento do Israel bíblico; na literatu-ra de natureza histórica ou ao menos em parte deste ciclo; na datação da composição de tradições orais transmitidas ao final do século 8º AEC; na sugestão de que o termo “Israel” vem desse material antigo; e na ideia de que o surgimento do Israel bíblico é resultado da queda do reino do Norte. Contudo, difiro de Na’aman a respeito do número de camadas (ou fontes) no ciclo pré-deuteronomista e na natureza deste material. Na’aman vê uma

21 Na’aman cita Horowitz (2006, p. 436-448) que diz que a lenda de Betel em Gênesis 28.10-22 é forte-mente relacionada, tanto linguística quanto tematicaforte-mente, ao período do império babilônico. Contudo, a afirmação de Horowitz de que as tradições babilônicas tenham influências assírias na história do sonho, tornam seu argumento sem sentido.

(17)

antiga camada unificada, enquanto Silberman e eu (2006a) propusemos que o texto é composto de diversas camadas:

— Contos heroicos que podem ter se originado no tempo dos fun-dadores da dinastia;

— Materiais escritos contra um plano de fundo do século 9º AEC, por ex., a proeminência de Gat entre os filisteus;22

— Contos nortistas pró-Saul e anti-Davi;

— Uma “apologia” sulista que confrontou as histórias nortistas. Na’aman (2009b, p. 345) sustenta que o ciclo pré-deuteronomista foi inspirado por “um antiquário genuíno e pelo interesse literário dos escribas e seu público”. Eu proponho que foi produto de um autor fortemente mo-tivado pela ideologia que compôs seu trabalho contra um plano de fundo de mudanças demográficas que tiveram lugar em Judah no final do século 8º AEC. Como notei em outro lugar (FINKELSTEIN; SILBERMAN, 2006b), descrever a História da Ascensão de Davi como uma apologia an-tiga perde seu conteúdo mais importante: porque as tradições negativas do norte sobre Davi foram preservadas na composição final judaíta? Afinal, um autor do século 8º poderia ter eliminado esses materiais e ter alcançado resultados similares aqueles do Cronista de séculos depois. A questão deve ser, portanto, quais foram as circunstâncias que forçaram o autor a preservar essas tradições nortistas anti-Judah numa composição judaíta? Essa é uma questão que Na’aman falha em responder.

Transformações dramáticas ocorreram em Judah no final do século 8º. O reino do Sul foi incorporado na economia assíria (o que está atestado no crescimento da produção de óleo de oliva na Sefelah e na participação do comércio arábico) e, como descrito acima, sua população cresceu de forma espetacular como resultado da chegada de um alto número de israelitas. A arqueologia demonstra que os israelitas que vieram para Judah no final do século 8º originaram-se principalmente da parte sul da região montanhosa de Israel. Eles trouxeram com eles tradições elogiosas sobre a dinastia saulida que governou essa área e tradições antagônicas com relação ao fundador da dinastia em Jerusalém. O ciclo pré-deuteronomista de Saul e Davi representa a forma de Judah lidar com essa situação. O autor incor-porou tradições do norte e do sul e promoveu a centralidade do templo de Jerusalém e da dinastia de Davi na vida de todos os israelitas — tanto aqueles oriundos do Norte, como os oriundos do Sul. Ao fazê-lo, ele avan-çou na ideia pan-israelita, apesar de, nesse estágio, sob a dominação assíria,

22 Naquele tempo, Gat era a maior cidade na Filistia; ela foi destruída no final do século 9º e jamais recuperou seu antigo status (MAEIR, 2004).

(18)

esse pan-israelismo primitivo fosse uma ideologia interna, direcionada à população mista de Judah.23

Para resumir, três dos pilares do Israel bíblico — a ideia pan-israelita que estava baseada na centralidade da dinastia davidida e no templo de Jerusalém — surgiram no final do século 8º AEC. Isso ocorreu como re-sultado da queda do reino do Norte, da migração de um grande número de israelitas para Judah e na transformação de Judah de um reino clânico marginal homogêneo e habitado de forma escassa, em um reino densamente habitado, demograficamente misturado e vassalo do império assírio.

Bibliografia

ALT, A. “Judas Gaue unter Josia”. PJB 21, p. 100-116, 1925. ALT, A. Kleine schriften our geschichte des volkes Israel II. 1953.

AHARONI, Y. Beer-Sheba I. Publications of the Institute of Archaeology 2, 1971. AHARONI, Y. The Land of the Bible: A Historical Geography. 1979.

ARIE, E. “Reconstructing the Iron Age II Strata at Tel Dan: archaeological and historical implications”. Tel Aviv 35, p. 6-64, 2008.

ARNOLD, P. M. Gibeah: the search for a biblical city. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1990. AVIGAD, N. Discovering Jerusalem. 1983.

BADÈ, W.F. “Reconstructing the Iron Age II Strata at Tel Dan: archaeological and histori-cal implications”. Tel Aviv 35, p. 6-64, 2008.

BARKAY, G. “The Iron Age II-III”. In: BEN-TOR, A. (Ed.). The archaeology of ancient Israel. 1992, p. 302-373.

BLEKINSOPP, J. “Bethel in the neo-babylonian period”. In: LIPSCHITS, O.; BLEKIN-SOPP, J. (Eds.). Judah and the judeans in the neo-babylonian period. 2003, p. 93-107.

BOARETTO, E.; FINKELSTEIN, I.; SHAHACK-GROSS, R. “Radiocarbon results from the Iron IIA site of Atar Haroa in the Negev highlands and their archaeological and his-torical implications”. Radiocarbon 52, p. 1-12, 2010.

BUNIMOVITZ, S.; LEDERMAN, Z. “The Iron Age fortifications of Tel Beth Shemesh: a 1990-2000 perspective”. IEJ 51, p. 121-147, 2001.

BROSHI, M. “The expansion of Jerusalem in the reigns of Hezekiah and Manasseh”. IEJ 24, p. 21-26, 1974.

CAHILL, J. M. “Rosette Seal Stamp Impressions from Ancient Judah”. IEJ 45, p. 230-252, 1995. CLINE, E. “Whole Lotta Shakin going on: the possible destruction by earthquake of Stratum VIA in Megiddo”. In: FINKELSTEIN, I.; NA’AMAN, N. (Eds.). The fire signals of Lachis. Studies on the archaeology and history of Israel in the Late Bronze, Iron Ages and Persian Period in Honor of David Ussishkin, 2011, p. 55-70

DAGAN, Y. The Shephelah during the period of the monarchy in light of archaeological excavations and surveys. Dissertação de Mestrado não publicada. Tel Aviv: Tel Aviv University, 1992 (em hebraico).

23 A ideia pan-israelita completamente desenvolvida — um atrativo àqueles vivendo em territórios antes israelitas no norte para se juntarem à nação — somente surgiu nos dias de Josias, após a retirada da Assíria do Levante.

(19)

DEVER, W.G. “Archaeological methods and results: a review of two recent publications”. Orientalia 40, p. 459-471. 1971.

DIETRICH, W. The Early Monarchy in Israel, 2007.

DION, P.E. Les araméens à l’Âge du Fer: histoire politique et structures sociales. Etudes Bib-liques nouvelle 34, p. 191-209, 1997.

EDELMAN, D. “The ‘ashurites” of Eshbaal’s state (2 Sam. 2.9)”. PEQ 117, p. 85-91, 1985. FANTALKIN, A.; TAL, O. “Rediscovering the Iron Age fortress at Tell Qudadi in the context of new assyrian imperialistic policies”. PEQ 141, p. 194, 2009.

FANTALKIN, A; FINKELSTEIN, I. “The Sheshonq I campaign and the 8th century BCE earthquakes: more on the archaeology and history of the South in the Iron I-IIA”. Tel Aviv 33, p. 22-24, 2006.

FINKELSTEIN, I. “Chronology Rejoinder’s”. PEQ 134, p. 128-139, 2002a.

FINKELSTEIN, I. “Jerusalem in the persian (and early hellenistic) period and the wall of Nehemiah”. JSOT 32, p. 501-520, 2008a.

FINKELSTEIN, I. “Stages in the territorial expansion of the Northern Kingdom”. VT 61, p. 227-242, 2011a.

FINKELSTEIN, I. “Tell el-Ful revisited: the assyrian and hellenistic periods [with a new identification]”. PEQ 143, p. 106-118, 2011b.

FINKELSTEIN, I. “The archeology of the days of Manasseh”. In: COOGAN, M.D.; EXUM, J.C.; STAGER, L.E. (Eds). Scripture and other artifacts. Essays on the Bible and archaeology in honor of Philip J. King, 1994, p. 169-187.

FINKELSTEIN, I. “The archaeology of the List of Returnees in Ezra and Nehemiah”. PEQ 140, p. 7-16, 2008b.

FINKELSTEIN, I. The Archaeology of the Israelite Settlement. Leiden: Brill, 1998.

FINKELSTEIN, I. “The campaign of Shoshenq I to Palestine: a guide to the 10h century BCE polity”. ZDPV 118, p. 109-135, 2002b.

FINKELSTEIN, I. “The great wall of Tell en-Nasbeh (Mizpah): the first fortifications in Judah and 1Kings 15:16-22”. VT 62, p. 14-28, 2012.

FINKELSTEIN, I. “Omride architecture”. ZDVP 116, p. 114-138, 2000.

FINKELSTEIN, I. “The settlement history of Jerusalem in the eight and seventh centuries BC”. Revue Biblique 115, p. 499-515, 2008c.

FINKELSTEIN, I. “The territorial extend and demography of Yehud/Judea in the persian and early hellenistic periods”. Revue Biblique 117, p. 39-54, 2010.

FINKELSTEIN, I.; LEDERMAN, Z; BUNIMOVITZ, S. Highlands of many cultures: the southern Samaria survey; the sites. Monograph Series of the Institute of Archaeology Tel Aviv 14. Tel Aviv: Tel Aviv University, 1997.

FINKELSTEIN, I.; LIPSCHITS, O. “Omride architecture in Moab: Jahaz and Ataroth”. ZDVP 126, p. 29-42, 2010.

FINKELSTEIN, I.; PIASETZKY, E. “Radiocarbon dating and the Late-Iron I in northern Canaan: a new proposal”. UF 39, p. 247-260, 2007.

FINKELSTEIN, I.; PIASETZKY, E. “Radiocarbon-dated destruction layers: a skeleton for Iron Age chronology in the Levant”. Oxford Journal of Archaeology 28, p. 255-274, 2009. FINKELSTEIN, I; PIASETZKY, E. “Radiocarbon dating the Iron Age in the Levant: a bayesian model for six ceramic phases and six transition”. Antiquity 84, p. 374-385, 2010.

(20)

FINKELSTEIN, I.; SILBERMAN, N.A. David and Solomon: in search of the Bible’s sacred kings and the roots off the western tradition. 2006a.

FINKELSTEIN, I.; SILBERMAN, N.A. “Temple and dynasty: Hezekiah, the remaking of Judah and the rise of the pan-israelite ideology”. JSOT 30, p. 259-285, 2006b.

FINKELSTEIN, I.; SINGER-AVITZ, L. “Reevaluating Bethel”. ZDVP 125, p. 33-48, 2009. GARFINKEL, Y; GANOR, S. Khirbet Qeiyafa. Vol.1. Excavation Report 2007-2008, 2009. GEVA, H. (Ed.). Jewish Quarter excavation in the Old City of Jerusalem conducted by Nahman Avi-gad, 1969-1982. Vol. II. The finds from Areas A, W and X-2. Final Report, 2003.

GOREN, Y; FINKELSTEIN, I.; NA’AMAN, N. Inscribed in clay: petrographic investigation of the Amarna Tablets. Monograph Series of the Institute of Archaeology 23. Tel Aviv: Tel Aviv University, 2004.

GUILLAUME, P. Waiting for Josiah: the Judges. 2004.

HARRISON, T.P. Megiddo 3. Final Report on the Stratum VI Excavations. Oriental Institute Publications 127. Chicago: Oriental Institute, 2004.

HERRMANN, S. “Operationen Pharao Schoschenks I im östlichen Ephraim”. In: ZDPV 80, p. 55-79, 1964.

HERZOG, Z. “Enclosed settlements in the Negev and the wilderness of Bersheva”. BA-SOR 250, p. 41-59, 1983.

HERZOG, Z.; SINGER-AVITZ, L. “Redefining the center: the emergence of state in Judah”. Tel Aviv 31, p. 209-244, 2004.

HUROWITZ, V.A. “Babylon in Bethel: new ligth on Jacob’s dream”. In: JOLLOWAY, S.W. (Ed.). Orientalism, assyriology and the Bible. Hebrew Bible Monographs 10. 2006, p. 436-448. KALLAI, Z. “Zemaraim, Mount Zemaraim”. Encyclopedia Biblica 6, 1971, p. 742-743. KALLAI, Z; TADMOR, H. “Bit Ninurta = Beth Horon: on the history of the kingdom of Jerusalem in the Amarna Period”. Eretz-Israel 9, p. 138-147, 1969.

KITCHEN, K.A. The Third Intermediate Period in Egypt (1100-650 B.C.). 1986.

KLETTER, R. “Pots and polities: material remains of Late Iron Age Judah in relation to its political borders”. BASOR 314, p. 19-54, 1999.

KNAUF, E. A. “Bethel: the israelite impact on judean language and literature”. In: LIP-SCHITS, O.; OEMING, M. (Eds.). Judah and the judea’s in the Persian Period. 2006, p. 291-349. KOCH, I; LIPSCHITS, O. “The final days of the kingdom of Judah in light of the Rosette-Stamped Jar”. Cathedra 137, p. 7-26, 2010.

KRATZ, H. “A note on the date of the ‘Great Wall’ of Tell en-Nasbeh”. Tel Aviv 25, p. 131-133, 1998.

LAMON, R.S.; SHIPTON, G.M. Megiddo I: Seasons of 1925-34, Strata I-V. 1939. LEMAIRE, A. “Hazaël de Damas, roi d’Aram”. In: CHARPIN, D.; JOANES D. (Eds.). Marchands, diplomates et empereus. 1991, p. 91-108.

LEMAIRE, A. “Joas de Samarie, Barhadad de Damas, Zakkur de Hamat. La Syrie-Palestine vers 800 av. J.-C.”. Eretz-Israel 24, p. 148-157, 1993.

LIPSCHITS, O. The fall and rise of Jerusalem. Winona Lake: Eisenbrauns, 2005a, p. 149-152. LIPSCHITS, O. “Reflections on the corpus of lion seal impressions from Judah”. In: LIP-SCHITS, O.; KOCH, I. (Eds.). New evidence for the investigation of the lion seal impressions from Judah. (Abstracts of Lectures). 2005b, p. 17-19.

(21)

LIPSCHITS, O. SERGI. O; KOCH, I. “Royal judahite jar handles: reconsidering the chro-nology of the lmll stamp impressions”. Tel Aviv 37, p. 3-32, 2010.

LIPINSKI, E. “The arameans: their ancient history, culture, religion”. Orientalia Lovaniensia analecta 100, p. 376-404, 2000.

MACINTOSH, A. A critical and exegetical commentary on Hosea. 1997, p. 196.

MAEIR, A.M. “The historical background and dating of Amos VI 2: an archaeological perspective from Tell es-Safi/Gath”. VT 54, p. 319-404, 2004.

MAZAR, A. Archaeology of the land o the Bible: 10000-586 B.C.E. 1990.

MAZAR, B. The campaign of Pharaoh Shishak to Palestine. Volume du Congres. Strasbourg, 1956. McCLEALLAN, T.L. “Town planning at Tell en-Nasbeh”. ZDPV 100, p. 53-69, 1984. McCROWN, C.C. Tell en-Nasbeh I: archaeological and historical results. 1947, p. 190-191. NA’AMAN, N. “Historical and literary notes on the excavations of Tel Jezreel”. Tel Aviv 24, p. 122-128, 1997.

NA’AMAN, N. “Jerusalem and its central hill country neighbors in the second millennium BCE”. UF 24, p. 275-291, 1992.

NA’AMAN, N. “Literary and topographical notes on the battle of Kishon (Judges 4-5)”. VT 40, p. 423-436, 1990a.

NA’AMAN, N. “On the gods and scribal traditions in the Amarna Letters”. UF 22, p. 247-255, 252-254, 1990b.

NA’AMAN, N. “Saul, Benjamin and the Emergence of ‘Biblical Israel’ (Part 1)”. ZAW 121, p. 211-224, 2009a.

NA’AMAN, N. “Saul, Benjamin and the emergence of ‘Biblical Israel’ (Part 2)”. ZAW 121, p. 335-349, 2009b.

NA’AMAN, N. “The ‘Conquest of Canaan’ in the Book of Joshua and in history”. In: FINKELSTEIN, I.; NAAMAN, N. (Eds.). From nomadism to monarchy, archaeological and histori-cal aspects of early Israel. 1994, p. 218-281.

NA’AMAN, N. “The growth and development of Judah and Jerusalem in the eight century BCE: a rejoinder”. Revue Biblique 116, p. 321-335, 2009c.

NA’AMAN, N. “The kingdom of Judah under Josiah”. Tel Aviv 18, p. 3-71, 1991. NA’AMAN, N. “The network of canaanite kingdoms and the city of Asdod”. UF 29, p. 599-626, 607, 1997.

NA’AMAN, N. “When and how did Jerusalem become a Great City? The rise of Jerusalem as Judah’s premier city in the eight-seventh centuries BCE”. BASOR 347, p. 21-56, 2007. OFER, A. “All the hill country of Judah: from a settlement fringe to a prosperous monar-chy”. In: FINKELSTEIN, I.; NA’AMAN, N. (Eds.). From nomadism to monarchy: archaeologi-cal and historiarchaeologi-cal aspects of early Israel. 1994, p. 92-121.

OFER, A. The highlands of Judah during the biblical period. Tese de Doutorado. Tel Aviv: Tel Aviv University, 1993.

PRATICO, D. Nelson Glueck’s 1938-1940 Excavations at Tell el-Kheleifeh: a reappraisal. 1993. PURY, A. “Le cycle de Jacob comme légende autonome des origins d’Israël”. In: EMER-TON, J.A. (Ed). Congress Volume. Leuven, 1989, VT.S. 43, p. 78-96, 1991.

PURY, A. “The Jacob story and the beginning of the formation of the Pentateuch. In: DOZEMAN, T. B.; SCHMID, K. (Eds.). A farewell to the Yahwist? The composition of the Pentateuch in recent european interpretation. SBL.SymS 34. Atlanta: SBL, 2006, p. 51-72.

(22)

REICH, R.; SHUKRON, E. “The urban development of Jerusalem in the late eight cen-tury BCE”. In: VAUGHN, A.G.; KILLEBREW, A.E. (Eds.). Jerusalem in Bible and archaeology: the First Temple period. SBLSymS 18. Atlanta: SBL, 2003, p. 209-218.

RICHTER, W. Tradionsgeschichtliche Untersuchungen zum Richterbuch. 1966.

RÖMER, T.; PURY, A. “Deutoronomistic Historiograph (DH): history of research and related issues”. In: RÖMER, T.; PURY, A. (Eds.). Israel constructs its history. 2000, p. 24-141. ROUTLEDGE, B. Moab in the Iron Age: hegemony, polity, archaeology. 2004.

SCHNIEDEWIND, W. M. How the Bible became a Book: the textualization of ancient Israel. 2004. SHARON, I.; GILBOA, A.; JULL, T.A.J.; BARETTO, E. “Report on the first stage of the Iron Age dating project in Israel: supporting a low chronology”. Radiocarbon 49, p. 1-46, 2007. SINGER, I. “The political organization of Philistia in Iron Age I”. In: BIRAN, A.; AVI-RAM, J. (Eds). Biblical archaeology today 1990. Pre-Congress Symposium Supplement, Pro-ceedings of the Second International Congress on Biblical Archaeology. Jerusalem, 1990, p. 132-141.

SINGER-AVITZ, L. “Relative chronology of Khirbet Qeiyafa”. Tel Aviv 37, p. 79-83, 2010. SIMONS, J. Handbook for the study of egyptian topographical lists relating to western Asia. 1937. SWEENEY, M.A. “Sargon’s threat against Jerusalem in Isaiah 10,27-32. Biblica 75, p. 457-470, 1994.

USSISHKIN, D. “A synopsis of the statigraphical, chronological and historical issues”. In: USSISSHKIN, D. The renewed archaeological excavations at Lachish (1973-1994). Vol.1. Mono-graph Series of the Institute of Archaeology Tel Aviv University 22. Tel Aviv: Tel Aviv University, 2004.

VANDERHOOFT, D.; LIPSCHITS, O. “A new typology of the Yehud stamp impres-sions”. Tel Aviv 34, p. 12-37, 2007.

VAUGHN, A.G. Theology, history, and archaeology in the chronicler’s account of Hezekiah. Archaeo-logy and Biblical Studies 4. 1999.

VAUX, Roland De. The early history of Israel. Westminster John Knox, 1978. WAMPLER, J.C., Tell en-Nasbeh II: the pottery. 1994.

WATZINGER, K. Tell el-Mutesellim II: die funde, 1929.

WOLFF, H.W. Hosea: a commentary on the Book of the Prophet Hosea. 1974.

YEZERSKI, I. “Burial cave distribution and the borders of the kingdom of Judah toward the end of the Iron Age”. Tel Aviv 26, p. 253-270, 1999.

ZERTAL, A. The Manasseh hill country survey, the eastern valleys and the fringes of the desert. 1996. ZORN, J.R. “An inner and outer gate complex at Tell en-Nasbeh”. BASOR 307, p. 53-66, 1997.

ZORN, J.R. “A note on the date of the ‘Great Wall’ of Tell en-Nasbeh: a rejoinder”. Tel Aviv 26, p. 146-150, 1999.

ZORN, J.R. Tell en Nasbeh: a reevaluation of the architecture and statigraphy of the early Bronze Age, Iron Age and later periods. 1993.

Submetido em: 16/11/2015 Aceito em: 25/11/2015

Referências

Documentos relacionados

Ora, evidentemente isto demanda trabalho, de modo que seja preciso, para apreender a essência de algo, proceder a uma variação eidética que é,

Essa dimensão é composta pelos conceitos que permitem refletir sobre a origem e a dinâmica de transformação nas representações e práticas sociais que se relacionam com as

Assim,  discutimos  uma formulação  de  psicopatologia  não‐pulsional  que  fundamenta  e  é  coerente  com  um  modelo  clínico  em  que  a  sustentação, 

Por mais que isso tenha proporcionado a gerações de pesquisadores o ensejo para louvar a profundidade dos estudos de Nietzsche sobre o filósofo holandês, de há muito se tem

“Sim, umas árvores de casca e tronco finos, eucaliptos como você, aos montes, centenas, não, milhares, talvez milhões, tudo igual, mas forçados por HOMO SAPIENS

Para reforçar a educação superior, decidiu-se criar o Espaço Europeu de Educação Superior, mais conhecido hoje como o Processo de Bologna (assim denominado devido à cidade

Disse que os danos materiais requeridos pelo autor, qual seja, a restituição da integralidade do valor pago pela passagem não merece prosperar pois o trecho não cumprido foi

1 — Os apoios são concedidos pela Câmara Municipal da Guarda às IPSS legalmente cons- tituídas de acordo com o estipulado no n.º 3, do artigo 2.º do presente Regulamento... 2 —