Fun¸c˜ ao Exponencial
(20-02-2009)
Chama-se fun¸c˜ao exponencial de base a`a correspondˆencia f :R −→ R+
x 7→ ax, com a >0 Se a= 1, a fun¸c˜ao ´e constante e tem pouco interesse.
Vejamos agora, quando
0< a <1 e a >1
−8 −6 −4 −2 0 2 4 6 8
−4
−2 0 2 4 6 8
−8 −6 −4 −2 0 2 4 6 8
−4
−2 0 2 4 6 8
f(x) =(1/4)x f(x) =4x
f(x) =(1/3)x f(x) =3x
Observe que:
1 Se a6= 1, ent˜ao a fun¸c˜ao exponencialy=ax tem dom´ınioR e contradom´ınio R+.
2 Uma vez que (1a)x= a1x =a−x, o gr´afico dey= (1a)x ´e a reflex˜ao do gr´afico dey=ax em torno do eixo dos YY.
Exemplos
Esbocemos o gr´afico das seguintes fun¸c˜oes
1 y= 7x
2 y= (17)x
3 y= 4−2x
1 Um esbo¸co do gr´afico dey= 7x ser´a
0 50 100 150 200 250 300 350
2 Para esbo¸car o gr´afico dey= (17)x basta reflectirmos o gr´afico de y= 7x em torno do eixo dos YY. (O dom´ınio da fun¸c˜ao y= (17)x ´eRe o contradom´ınio ´e ]0,∞[.)
−4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4
−50 0 50 100 150 200 250 300 350
3 Come¸camos por esbo¸car o gr´afico da fun¸c˜ao y= 2x. Em seguida reflectimos este gr´afico em torno do eixo dos XX para obter o gr´afico dey=−2x. A seguir deslocamos o gr´afico de y=−2x quatro (4) unidades para cima, para obtermos o gr´afico de y= 4−2x. (O dom´ınio da fun¸c˜ao y= 4−2x ´eR e o contradom´ınio ´e ]− ∞,4[.)
−10 −5 0 5 10
−10
−5 0 5 10 15 20
−10 −5 0 5 10
−20
−15
−10
−5 0 5 10
−10 −5 0 5 10
−15
−10
−5 0 5 10
y= 2x y=−2x y= 4−2x
Usemos a an´alise gr´afica para comparar a fun¸c˜ao exponencial f(x) = 2x e a fun¸c˜ao potˆencia g(x) =x2. Qual ´e a fun¸c˜ao que cresce mais r´apido quando x for ”muito grande´´?
A figura seguinte mostra o gr´afico da fun¸c˜ao f(x) = 2x a azul e o gr´afico deg(x) =x2 a vermelho. Observamos que para grandes valores de x, a fun¸c˜ao exponencialf(x) = 2x cresce muito mais rapidamente do que a fun¸c˜ao potˆencia g(x) =x2.
−10 −5 0 5 10
−100 0 100 200 300 400 500 600
(A fun¸c˜ao f(x) = 2x ´e chamada fun¸c˜ao exponencial, pois a vari´avel,x, ´e o expoente. Esta fun¸c˜ao n˜ao deve ser confundida com a fun¸c˜ao potˆencia g(x) =x2,na qual a vari´avel ´e a base.)
Propriedades
Se ae b forem n´umeros positivos e xe y n´umeros reais quaisquer, ent˜ao
(a) a0= 1 (b) ax>0 (c) a−x = a1x
(d) axay =ax+y (e) aaxy =ax−y (f) (ax)y =axy (g) (ab)x=axbx
Na escolha de uma base a pesa muito a forma como a fun¸c˜ao y =ax cruza o eixo dos YY. As figuras seguintes mostram os gr´aficos dey= 2x e de y= 3x e das respectivasrectas tangentes aos gr´aficos no ponto (0,1).
−10 −5 0 5 10
−5 0 5 10 15 20
−10 −5 0 5 10
−5 0 5 10 15 20
A recta tangenteay = 2x no ponto (0,1) tem inclina¸c˜ao m≃0,7 e a recta tangenteay= 3x no ponto (0,1) tem inclina¸c˜ao
m≃1,1.
As f´ormulas de c´alculo ficam muito simplificadas quando escolhemos para base aaquela para a qual resulta uma recta tangente a y=ax no ponto (0,1) com uma inclina¸c˜ao
exactamente igual a 1. Esse n´umero existe realmente e ´e denotado pela letra e. Observando as figuras seguintes, n˜ao nos surpreende que o n´umero eesteja entre 2 e 3 e o gr´afico dey=ex, entre o de y = 2x e o de y= 3x.
0 5 10 15 20 25 30
Valor Marginal
Consideremos a fun¸c˜ao exponencialy=ex (f(x) =ex) e calculemos o seu valor marginal ∆y. Temos
∆y =f(x+ 1)−f(x)
=ex+1−ex Uma vez que ex+1=ex.e1 vem
∆y =ex.e1−ex
=ex.e−ex Pondo ex em evidˆencia temos
∆y = (e−1)ex
O valor marginal da exponencial y=ex ´e ainda uma fun¸c˜ao exponencial:
∆y= (e−1)ex
Consideremos a fun¸c˜ao exponencialy=ex (f(x) =ex) e calculemos a sua derivada
f′(x) = lim
h→0
f(x+h)−f(x) h
Comecemos por calcular a diferen¸ca
f(x+h)−f(x) =ex+h−ex
=ex.eh−ex
= (eh−1)ex e depois a raz˜ao incremental
f(x+h)−f(x)
h = (eh−1)ex h
= (eh−1) ex
Para o c´alculo de
f′(x) = lim
h→0
(eh−1) h ex
o que est´a em causa ´e o limite
h→0lim
(eh−1) h
cujo valor ´e 1 (fa¸camos c´alculos num´ericos para acreditar neste resultado, uma vez que uma demonstra¸c˜ao deste resultado envolve argumentos que saem do contexto desta disciplina).
Assim,
f′(x) = lim
h→0
(eh−1)
h ex =exlim
h→0
(eh−1)
h =ex.1 =ex
Conclu´ımos que a derivada da fun¸c˜ao exponencialex ´e ainda uma fun¸c˜ao exponencial
f′(x) =ex
Neste caso a derivada da fun¸c˜ao ´e igual `a pr´opria fun¸c˜ao.
Exerc´ıcio
Uma popula¸c˜ao de bact´erias aumenta 50% em cada dia. Se no in´ıcio da contagem havia 1 milh˜ao de bact´erias, quantas haver´a ao fim de x dias?
Resolu¸c˜ao
Em milh˜oes temos
ao fim de 1 dia 1 + 0,5 = 1,5
ao fim de 2 dias 1,5 + 0,5×1,5 = 1,5(1 + 0,5) = 1,52 ao fim de 3 dias 1,52+ 0,5×1,52 = 1,52(1 + 0,5) = 1,53
... ...
ao fim dex dias 1,5x
Vemos que o n´umero de milh˜oes de bact´erias, ao fim de x dias, ´e dado por uma potˆencia de expoente vari´avel (exponencial).
Sabemos que esta potˆencia tem significado para qualquer valor real dex; no in´ıcio da contagem ´ex= 0 e antes desse instante ´ex <0.
Sabemos, tamb´em, que os valores de 1,5x s˜ao sempre positivos.
Resolu¸c˜ao (cont.)
Portanto, temos a correspondˆencia:
f :R −→ R+ x → 1,5x
que se chama fun¸c˜ao exponencial de base 1,5 e cujo gr´afico ´e
−10 −5 0 5 10
−5 0 5 10 15 20
Uma situa¸c˜ao com comportamento exponencial ´e a de juros compostos.
Suponhamos que algu´em colocou, no dia 1 de Janeiro de 2009, um determinado capital
C
num dep´osito a prazo, a uma taxa de juroj (ao ano).
No dia 1 de Janeiro de 2010, o capital acumulado ser´a de C+C.j=C(1 +j)
onde C ´e o capital depositado inicialmente e C.j ´e o montante correspondente ao juro que esse capital inicial rendeu.
No dia 1 de Janeiro de 2011, o capital acumulado ser´a de C(1 +j) +C(1 +j).j= C(1 +j)(1 +j)
= C(1 +j)2
onde C(1 +j).j ´e o juro correspondente ao ano de 2010.
Repetindo este racioc´ınio, vemos que no dia 1 de Janeiro de 2012, o capital acumulado seria de
C(1 +j)2+C(1 +j)2j= C(1 +j)2(1 +j)
= C(1 +j)3
Podemos resumir esta situa¸c˜ao no seguinte quadro Anos decorridos ap´os
Data o in´ıcio do dep´osito Capital acumulado
1/01/2009 0 C=C(1 +j)0
1/01/2010 1 C(1 +j)1
1/01/2011 2 C(1 +j)2
1/01/2012 3 C(1 +j)3
Num processo de juros compostos, com capital inicial C e uma taxa de juros j, o valor do capital acumulado Aao fim de xanos ´e dado por
A=C.(1 +j)x
Exerc´ıcio
No dia 1 de Janeiro de 2004, o Sr. Jos´e investiu 10.000 euros num dep´osito a prazo, remunerado com a taxa de 3% ao ano.
Admitindo que os juros foram sendo capitalizados, determine o montante que o Sr. Jos´e tinha no dia 1 de Janeiro de 2008.
Resolu¸c˜ao
1/01/2004 99K 10.000
1/01/2005 99K 10.000 + 10.000×0,03
= 10.000(1 + 0,03)
= 10.000(1,03)
1/01/2006 99K 10.000(1,03) + 10.000(1,03)×0,03
= 10.000(1,03)(1 + 0,03)
= 10.000(1,03)2
1/01/2007 99K 10.000(1,03)2 + 10.000(1,03)2 ×0,03
= 10.000(1,03)2(1 + 0,03)
= 10.000(1,03)3
1/01/2008 99K 10.000(1,03)3 + 10.000(1,03)3 ×0,03
= 10.000(1,03)3(1 + 0,03)
= 10.000(1,03)4
Resolu¸c˜ao (cont.)
ou, simplesmente, utilizando a f´ormula A=C(1 +j)x
e atendendo a que, em 1 de Janeiro de 2008, decorreram 4 anos, o montante pedido ´e
A= 10.000(1 + 0,03)4 = 10.000(1,03)4 = 11255,08 euros.