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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Academic year: 2022

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0000.14.104525-2/000

Número do Númeração 1045252-

Des.(a) Marcelo Rodrigues Relator:

Des.(a) Marcelo Rodrigues Relator do Acordão:

16/06/2015 Data do Julgamento:

24/06/2015 Data da Publicação:

Conflito negativo de competência - ação civil pública - fornecimento de medicamento - menor - Vara da Infância e Juventude - competência absoluta - art. 11, § 2º, 98, 148, IV, e 209 do Estatuto da Criança e Adolescente - princípio da especialidade - conflito ao qual se acolhe.

O Estatuto da Criança e Adolescente define como compete para julgar qualquer ação que visa tutelar direito individual, difuso ou coletivo, o juízo da Infância e Juventude, inclusive quando se tratar de pretensão de fornecimento de medicamento pelo Estado.

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 1.0000.14.104525-2/000 - COMARCA DE TEÓFILO OTÔNI - SUSCITANTE: JD 2 V CV COMARCA TEOFILO OTONI - SUSCITADO(A): JD V INF JUV COMARCA TEÓFILO OTONI - INTERESSADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, MUNICÍPIO DE TEÓFILO OTONI, ESTADO DE MINAS GERAIS

A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 2ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, à unanimidade, em declarar competente o juízo suscitado.

DES. MARCELO RODRIGUES RELATOR.

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

DES. MARCELO RODRIGUES (RELATOR)

V O T O

Cuida-se de conflito negativo de competência suscitado pelo Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Teófilo Otôni, em face do Juiz de Direito da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Teófilo Otôni, sob o fundamento de que o juízo especializado tem competência absoluta para apreciar ação que envolve menor, conforme art. 98, I, do Estatuto da Criança e Adolescente, e art. 148.

O suscitado declinou da competência para a 2º Vara Cível sob o argumento de que não se trata de situação de risco ou desamparo, não se aplicando o art. 98, I, do Estatuto da Criança e Adolescente, o motivo pelo qual a competência deve ser da Vara Cível, juízo comum.

A douta Procuradoria-Geral de Justiça apresentou parecer às f. 26/27 -TJ.

É o relatório.

Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do conflito.

Cinge-se o presente à análise de qual juízo seria competente para processar e julgar a ação civil pública proposta pelo Ministério

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Público do Estado de Minas Gerais, em favor de menor, para fornecimento de medicamento.

O feito foi proposto na Comarca de Teófilo Otôni, e distribuído para a Vara da Infância e Juventude, que pela decisão vista em f. 13/14-TJ, declinou da competência para a 2ª Vara Cível da mesma Comarca.

Pois bem.

Verifica-se que a interpretação dada pelo juiz da Vara da Infância e Juventude é equivocada, porquanto há norma específica sobre a ação proposta pela para tutelar direito individual para garantir fornecimento de medicamento.

A interpretação que deve ser feita da competência estabelecida no ECA deve ser sistemática, conjugando-se os art. 11, § 2º, 98, 148, 209 e 212, a saber:

Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 11.185, de 2005)

§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação.

Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;

Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:

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I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;

II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo;

III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;

IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art.

209;

V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;

VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente;

VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis.

Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas a competência da Justiça Federal e a competência originária dos tribunais superiores.

Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes.

§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do Código de Processo Civil.

A matéria já foi submetida à interpretação do STJ, que cuidou de firmar seu posicionamento a respeito da competência da Vara da Infância e Juventude:

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P R O C E S S U A L C I V I L . C O M P E T Ê N C I A . V A R A D A I N F Â N C I A E JUVENTUDE. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERESSES INDIVIDUAIS, D I F U S O S O U C O L E T I V O S V I N C U L A D O S À C R I A N Ç A E A O A D O L E S C E N T E .

1. A pretensão deduzida na demanda enquadra-se na hipótese contida nos arts. 98, I, 148, IV, 208, VII e 209, todos da Lei 8.069/1990 (Estatuto da Criança e Adolescente), sendo da competência absoluta do Juízo da Vara da Infância e da Juventude a apreciação das controvérsias fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos vinculados à criança e ao adolescente.

2. As medidas de proteção, tais como o fornecimento de medicamentos e tratamentos, são adotadas quando verificadas quaisquer das hipóteses do art. 98 do ECA.

3. A competência da Vara da Infância e da Juventude é absoluta e justifica- se pelo relevante interesse social e pela importância do bem jurídico a ser tutelado nos termos do art. 208, VII do ECA, bem como por se tratar de questão afeta a direitos individuais, difusos ou coletivos do infante, nos termos dos arts. 148, inciso IV, e 209, do Estatuto da Criança e do Adolescente. Precedentes do STJ.

4. O Estatuto da Criança e Adolescente é lex specialis e prevalece sobre a regra geral de competência das Varas de Fazenda Pública, quando o feito envolver Ação Civil Pública em favor da criança ou adolescente, na qual se pleiteia acesso às ações ou serviços e saúde, independentemente de a criança ou o adolescente estar em situação de abandono ou risco.

6. Recurso Especial provido.

(REsp 1486219/MG, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 04/12/2014).

Neste sentido, tem-se norma especial que estabelece a competência

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qualquer natureza que tenha por objeto o resguardo do direito e garantia da saúde plena do menor.

À luz destas considerações, declaro competente para o processamento e julgamento do feito o juízo da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Teófilo Otôni, para onde determino sejam remetidos os autos, com o conseqüente apensamento deste conflito (RITJMG, art. 358, parágrafo único, Resolução do Tribunal Pleno 3, de 26 de julho de 2012), devendo o juiz suscitado prosseguir com o processo em seus regulares termos.

Sem custas, na forma da lei.

<SUSCITANTE. >

DES. RAIMUNDO MESSIAS JÚNIOR - De acordo com o(a) Relator(a).

DESA. HILDA TEIXEIRA DA COSTA - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "DECLARAR COMPETENTE O JUÍZO"

Referências

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