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Open Análise da adesão da população para implantação da précoleta nos sistemas de coleta seletiva de resíduos sólidos domiciliares da cidade de João Pessoa PB

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mestrado

-ANÁLISE DA ADESÃO DA POPULAÇÃO PARA

IMPLANTAÇÃO DA PRÉ-COLETA NOS SISTEMAS DE

COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES

DA CIDADE DE JOÃO PESSOA – PB.

por

Alba Valéria de Barros e Silva Pinheiro

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal da Paraíba

para obtenção do grau de Mestre

(2)

Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia

curso de pós-graduação em engenharia urbana

mestrado

-ANÁLISE DA ADESÃO DA POPULAÇÃO PARA

IMPLANTAÇÃO DA PRÉ-COLETA NOS SISTEMAS DE

COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES

DA CIDADE DE JOÃO PESSOA – PB.

Dissertação submetida ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal da Paraíba como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre

Alba Valéria de Barros e Silva Pinheiro

ORIENTADOR: Prof. Dr. Heber Pimentel Gomes

CO-ORIENTADOR: Profa. Dra. Claudia Coutinho Nóbrega

(3)

P654a Pinheiro, Alba Valéria de Barros e Silva

Análise da adesão da população para implantação da pré-coleta nos sistemas de coleta seletiva de resíduos sólidos domiciliares da cidade de João Pessoa /PB / Alba Valéria de Barros e Silva Pinheiro - João Pessoa, 2005.

110 fl. il.:

Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) PPGEU / Centro de Tecnologia/ Campus I / Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

Orientador: Heber Pimentel Gomes Prof. Dr. Co-Orientador: Claudia Coutinho Nóbrega Profª Drª

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Alba Valéria de Barros e Silva Pinheiro

ANÁLISE DA ADESÃO DA POPULAÇÃO PARA

IMPLANTAÇÃO DA PRÉ-COLETA NOS SISTEMAS DE

COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES

DA CIDADE DE JOÃO PESSOA – PB.

APROVADA EM: 30 de Maio de 2005.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. HEBER PIMENTEL GOMES Centro de tecnologia – CT

Universidade Federal da Paraíba – UFPB Orientador

Profª. Drª. CLAUDIA COUTINHO NÓBREGA Centro de tecnologia – CT

Universidade Federal da Paraíba – UFPB Co-orientadora

Profª. Drª. CÉLIA REGINA DINIZ Universidade Estadual da Paraíba – PB

Examinador externo

Prof. Dr. ALUISIO BRAZ DE MELO Centro de tecnologia – CT

(5)

A meus pais

JOÃO E ANA MARIA

,

exemplos de força e coragem.

(6)

AGRADECIMENTOS

A Deus que me deu saúde, força e perseverança para superar os obstáculos ao longo dessa jornada;

A meu orientador, Prof. Dr. Heber Pimentel Gomes, pela maneira segura e criteriosa com que conduziu a realização deste trabalho;

A minha co-orientadora Profa. Dra. Claudia Coutinho Nóbrega, por sua amizade, paciência e presença constante durante a pesquisa;

A minha família, pelo apoio inconstitucional;

A meu esposo, Francisco Alves Pinheiro, pelo empenho e incentivo para que eu realizasse esta empreitada;

A minha filha, Mariana Pinheiro, motivação maior de minha vida e que com seu sorriso, me mostra que o amor é sempre o que mais importa;

Aos meus colegas de curso e de pesquisa e aos professores do PPGEU que através de discussões e pesquisas contribuíram ao meu crescimento pessoal e profissional;

Ao ex-superintendente da EMLUR, Fernando Antonio Dias e ao ex-diretor operacional, José Dantas de Lima pela ajuda durante o desenvolvimento da pesquisa;

(7)

RESUMO

A disposição final dos resíduos sólidos é considerada hoje, um dos maiores problemas nas cidades de médio e grande porte. Este fato tem levado aos órgãos municipais a uma revisão e melhoria da gestão desses resíduos não se restringindo seu gerenciamento apenas a coleta e disposição final, mas buscando uma diminuição sistemática da produção de resíduos na fonte, e conseqüentemente menos impacto ambiental. Dentro da gestão sobressai-se o processo da coleta seletiva que se caracteriza pela separação dos resíduos, que podem ser recuperados, na própria fonte geradora e que devem ter acondicionamentos distintos, para serem comercializados. Neste tipo de coleta, a fase da pré-coleta (manuseio, acondicionamento e segregação) tem papel relevante, pois o cidadão passa de uma situação passiva a um papel ativo, como processador dos materiais na origem. Desta forma o objetivo deste trabalho foi analisar a adesão da população, de parte da cidade de João Pessoa, para implantação da pré-coleta nos Sistemas de Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos Domiciliares, considerando-se a receptividade da população atendida, os problemas e limitações do sistema adotado e a proposição de incentivos à adesão. O estudo foi desenvolvido nos bairros do Cabo Branco, Manaíra, Miramar e Tambaú que fazem parte do Núcleo 1 de coleta seletiva da cidade de João Pessoa – PB, implantado desde setembro de 2000 e apoiado pela Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (EMLUR). A metodologia utilizada para mensuração do conhecimento e participação da população no programa de coleta seletiva foi à aplicação de entrevista estruturada junto aos domicílios do Núcleo 1. Para a análise estatística dos dados foi utilizado o software Sphinx Plus2. Verificaram-se os indicadores de receptividade, conhecimento e participação da população em relação ao programa de coleta seletiva e os incentivos propostos pela pesquisa para adesão à pré-coleta, assim como os pontos positivos e negativos do programa. Dentre os resultados relevantes pode-se destacar que 70,16 % dos entrevistados têm conhecimento do programa de coleta seletiva; que 61,27 % dos

entrevistados fazem a pré-coleta seletiva; que dos 61,27 % que fazem a pré-coleta, 77,40 % tiveram orientação para fazê-la; que a adesão a pré-coleta não depende do grau de escolaridade; que 94,92 % dos entrevistados consideram a coleta seletiva benéfica; e que 55,87 % escolheram como principal incentivo para aderir a pré-coleta a colocação de recipientes adequados para cada tipo de resíduo próximo a residência.Com base nos resultados constatou-se a necessidade de mais campanhas de divulgação e conscientização sobre a coleta seletiva, com o intuito de incentivar os que participam e a estimular a adesão da parcela da população que ainda não está inserida no programa.

(8)

ABSTRACT

The final disposition of the solid wastes is today considered one of major problems in the cities of average and big size. This fact has taken, to the city organs, a revision and improvement of the administration of theses residues not limiting its management merely to the collection and final disposition, but searching a systematic decrease of the production of residues in its source and, consequently, less environmental impact. Within the administration, the process of selective collection stands out which is characterized by the setting apart of residues, which may be recuperated in the generating source itself and which must have distinct conditioning for commercialization. In this kind of collection, the pre-collection phase (handling, conditioning and segregation) plays a relevant role for the citizen goes from a passive situation to an active role, as a processor of the materials in its source. In this way the aim of this work was to analyze the adhesion of the population of part of the city of João Pessoa to the implantation of the pre-collection in the Systems of Selective Collection of Domestic Solid Wastes, taking into account the receptivity of the population assisted, the problems and limitations of the system adopted and the proposal of incentives to the adhesion. The study was developed in the suburbs of Cabo Branco, Manaíra, Miramar e Tambaú which make part of Nucleus 1 of the selective collection in the city of João Pessoa – PB, implanted since September, 2000 and supported by the City Special Autarchy of Urban Cleaning (EMLUR). The methodology used for the measurement of the awareness and participation of the population in the selective collection was the conduction of a survey with the households in Nucleus 1. The software Sphinx Plus2 was used for the statistic analysis of the data. The indicators of receptivity, awareness and participation of the population in relation to the program of selective collection and the proposed incentives by the research to the adhesion to the pre-collection program as well as the positive and negative points of the program were verified. Among the relevant results we can point out that 70,16% of the surveyed people are aware of the selective collection program; that among the 61,27% of the surveyed people who do the selective pre-collection, 77,40% had orientation to do it; that the adhesion to the pre-collection does not depend on the school level; that 94,92% of the surveyed people consider the selective collection beneficial; and that 55,87% chose, as a main incentive to adhere to the pre-collection, the placing of appropriate recipients for each kind of waste near the residence. Based on the results obtained it was observed that there was the need of more campaigns of divulgation and conscientiousness about the selective collection, with the purpose of motivating the participants and stimulating the adhesion of part of the population who is not yet inserted in the program.

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LISTA DE FIGURAS

2.1 – Sistema de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos... 11

2.2 - Postos de Entrega Voluntária... 16

2.3 – Fluxograma da coleta seletiva... 19

2.4 – População atendida pela coleta seletiva (%) em diversas cidades brasileiras... 37

3.1– Mapa da coleta seletiva do Núcleo 1, João Pessoa, 2004... 49

3.2 – Agente ambiental e carro plataforma, João Pessoa, 2004... 51

3.3 – Central de triagem do Cabo Branco, João Pessoa, 2004... 52

5.1 – Percentual de casas e apartamentos entrevistados em cada bairro do Núcleo 1... 66

5.2 – Percentual de casas e apartamentos que fazem a pré-coleta em relação ao tamanho da amostra do Núcleo 1... 67

5.3 - Grau de escolaridade dos entrevistados, João Pessoa, 2004... 68

5.4 – Ocupação da população entrevistada no Núcleo 1, João Pessoa, 2004... 69

5.5 – Renda familiar em salário mínimo mensal dos entrevistados, João Pessoa, 2004... 70

5.6 – Percentuais relativos ao grau de escolaridade dos entrevistados e a pré-coleta, João Pessoa, 2004... 72

5.7 - Percentuais relativos a renda familiar dos entrevistados e a pré-coleta, João Pessoa, 2004. 74 5.8 - Percentuais relativos aos que fazem ou não a pré-coleta e que tiveram orientação para fazê-la, João Pessoa, 2004... 75

5.9 - Formas de orientação sobre a coleta seletiva, João Pessoa, 2004... 76

5.10 – Destino dado aos resíduos sólidos segundo os entrevistados, João Pessoa, 2004... 77

5.11 - Percentuais relativos aos que fazem ou não a pré-coleta e que tiveram orientação para fazê-la, João Pessoa, 2004... 79

(10)
(11)

LISTA DE TABELAS

4.1 – Codificação de Amostragem... 58

5.1 – Amostra total de domicílios por bairro x domicílios que fazem a pré-coleta, João Pessoa, 2004... 66

5.3 – Coleta seletiva x faz pré-coleta seletiva, João Pessoa, 2004... 70

5.4 – Escolaridade x faz pré-coleta seletiva, João Pessoa, 2004... 71

5.5 – Faz pré-coleta seletiva x renda familiar em salário mínimo, João Pessoa, 2004... 73

5.6 – Conhecimento do programa de coleta seletiva x orientação sobre como fazer a pré-coleta, João Pessoa, 2004...74

5.7 – Faz pré-coleta x tiveram orientação para fazer a pré-coleta, João Pessoa, 2004... 75

5.8 – Pré-coleta x reaproveitamento dos resíduos, João Pessoa, 2004... 78

5.9 – Tipos de resíduos mais reutilizados, João Pessoa, 2004... 79

5.10 – Pré-coleta x coleta seletiva, João Pessoa, 2004... 81

5.11 – Escolaridade x coleta seletiva é benéfica, maléfica ou indiferente, João Pessoa, 2004.... 81

5.12 – Pré-coleta x separação dos resíduos em até 4 secos, João Pessoa, 2004... 82

5.13 – Dificuldades em fazer a coleta seletiva, João Pessoa, 2004... 83

5.14 – Incentivo para aderir a pré-coleta em 4 frações, João Pessoa, 2004... 84

5.15 – Percentual a ser minimizada na taxa de coleta de resíduos, João Pessoa, 2004... 85

5.16 – Existência de recipientes específicos para materiais recicláveis no Núcleo 1, João Pessoa, 2004... 86

5.17 – Conhecimento do programa x qualidade da coleta seletiva, João Pessoa, 2004... 87

5.18 – Pré-coleta x Trabalho dos agentes ambientais da coleta seletiva, João Pessoa, 2004... 88

(12)

5.20 – Pré-coleta x uso de equipamentos de proteção individual dos agentes ambientais da

(13)

LISTA DE QUADROS

2.1 - Modalidades de coleta seletiva... 17 4.1 – Percentual de domicílios por bairro em relação ao tamanho do lote,

João Pessoa, 2004... 60 4.2 – Percentual de casas e apartamentos por bairro do Núcleo 1 em relação ao tamanho do

lote, João Pessoa, 2004... 61 4.3 – Número de casas e apartamentos por bairro em relação ao tamanho da amostra,

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LISTA DE ABREVIATURAS

EMLUR - Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

SEDU - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República PUCPR - Pontifícia Universidade Católica do Paraná

ISAM - Instituto de Saneamento Ambiental – Curitiba /PR DSD - Duales System Deutschland

EPA - Environmental Protection Agency

ASMARE - Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis COMCAP - Companhia Melhoramentos da Capital

IPTU - Imposto Predial Territorial Urbano Taxa de Limpeza Urbana – TLP SANEPAR - Companhia de Saneamento do Paraná

TCR - Taxa de Coleta de Resíduos

(15)

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1

1 - INTRODUÇÃO... 01

CAPÍTULO 2 2 – RESÍDUOS SÓLIDOS... 04

2.1 - Gestão dos resíduos sólidos urbanos... 08

2.1.1 - Sistema de gestão... 09

2.1.2 - Os problemas da gestão dos resíduos sólidos... 12

2.2 - Coleta seletiva... 13

2.2.1 - Sistemas de coleta seletiva... 18

2.2.2 - Fases da coleta seletiva... 19

2.2.2.1- Pré-coleta (manuseio, acondicionamento e segregação)... 19

2.2.2.2 - Separação dos resíduos na origem... 20

2.2.2.3 - Níveis de armazenamento dos resíduos sólidos... 22

2.2.2.4 - Recipientes dos resíduos sólidos... 24

2.2.3 - Educação ambiental para mobilização da comunidade... 27

2.2.4 - Dificuldades encontradas para implantação da coleta seletiva... 31

2.2.5 – O estado da arte com relação à pré-coleta... 32

2.3 - Taxa de coleta de resíduos... 42

(16)

CAPÍTULO 3

3 – O SISTEMA DE COLETA SELETIVA DA CIDADE DE JOÃO PESSOA... 48

CAPÍTULO 4 4 – METODOLOGIA... 53

4.1 – Metodologia adotada... 53

4.1.1 – Elaboração dos formulários... 54

4.1.2 – Determinação do tamanho da amostra... 55

4.1.2.1- Seqüência de operações da NBR 5426... 56

4.1.2.2 - Cálculo de domicílios por bairros e por tipo... 60

4.1.3 – Aplicação dos formulários... 62

4.1.4 - Análise estatística dos dados coletados... 62

CAPÍTULO 5 5 - RESULTADOS E DISCUSSÕES... 64

5.1 – Dificuldades encontradas na aplicação da pesquisa de campo... 64

5.2 – Adesão à pré-coleta seletiva por bairros do Núcleo 1... 65

5.3 – Perfil sócio-econômico... 67

5.4 – Nível de conhecimento e participação da população... 70

5.5 – Equipamentos e serviços da coleta seletiva... 85

(17)

CAPÍTULO 6

6 – CONCLUSÕES... 93

REFERÊNCIAS... 96

APÊNDICES... 100

ANEXOS... 105

(18)

1 INTRODUÇÃO

O adensamento populacional e o crescente consumo de produtos industrializados, provocados pela ampliação do poder aquisitivo têm aumentado consideravelmente a produção dos resíduos sólidos, acarretando o agravamento de problemas ambientais, sanitários e sociais dos núcleos urbanos. Além disso, há uma substituição gradativa da composição gravimétrica dos resíduos que passa de uma fração orgânica para uma não biodegradável.

A destinação final dos resíduos sólidos é considerada hoje, nas cidades de médio e grande porte, um dos maiores problemas da administração municipal, pois praticamente não existem áreas apropriadas para disposição final dentro das cidades e os órgãos responsáveis pelo gerenciamento desses resíduos têm de procurar locais mais distantes para dispor os resíduos sólidos encarecendo o processo.

Este aspecto tem motivado os órgãos municipais a rever e melhorar a gestão destes resíduos, de modo que seu gerenciamento não se restrinja apenas à coleta e a disposição final, mas que busque uma diminuição sistemática da produção de resíduos na fonte, minimizando o consumo de energia, o desperdício de matéria prima e conseqüentemente, diminuindo o impacto ambiental.

(19)

O programa de coleta seletiva caracteriza-se pela substituição do sistema de coleta convencional pela coleta seletiva e pela intensificação do trabalho humano nos processos de triagem, classificação e prensagem dos materiais recicláveis dos resíduos sólidos, sem que se observe agregação de custos ao sistema operacional da coleta.

No Brasil, a primeira experiência de coleta seletiva com resultados aconteceu em Niterói-RJ, no bairro São Francisco. De acordo com o Compromisso Empresarial para Reciclagem - CEMPRE (2004), existem atualmente 237 municípios com programas de coleta seletiva, com maior concentração na região Sul e Sudeste do país e apresentando indicadores bastante positivos no desempenho da reciclagem. Os sistemas de coleta seletiva porta-a-porta e de entrega em postos fixos (PEV’s ou LEV’s) são os mais utilizados no Brasil.

A implantação de um sistema de coleta seletiva está condicionada a diversos fatores (econômicos, sociais, ambientais, etc.) que podem influenciar nas diversas opções que se pode dar a um dos elementos do sistema, sendo fundamental estudar as interações entre o sistema e o entorno a fim de definir seus limites (NÓBREGA, 2003).

Na atualidade não existe um modelo padrão, nem metodologias que abranjam todos os aspectos da coleta seletiva, porém para se viabilizar um sistema completo de coleta se faz necessário a utilização de vários modelos para cada parte do sistema.

O presente trabalho teve por objetivo geral analisar a adesão da população para implantação da pré-coleta nos Sistemas de Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos Domiciliares, para tanto foram traçados os seguintes objetivos específicos:

• Analisar a receptividade da população atendida a aderir ao programa de coleta seletiva atualmente existente no município de João Pessoa;

(20)

• Valorar quanto à população está disposta a minimizar o pagamento da taxa de coleta e disposição dos resíduos sólidos urbanos, com a implantação do sistema da pré-coleta; • Verificar a viabilidade da entrega subsidiada aos moradores de embalagens

específicas para a pré-coleta;

• Analisar os eventuais problemas / limitações do sistema de coleta adotado.

O estudo foi realizado no Núcleo 1 (abrangendo os bairros de Cabo Branco, Manaíra, Miramar e Tambaú) de coleta seletiva da cidade de João Pessoa – PB, implantado desde setembro de 2000 e apoiado pela Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana (EMLUR), tendo como base, a execução de uma pesquisa de campo, para obtenção de dados qualitativos e quantitativos consistentes para a execução de projetos que visem à solução dos problemas relativos aos resíduos sólidos urbanos.

Este trabalho justifica-se pela necessidade de coletar informações sobre os problemas e soluções da coleta seletiva, visando subsidiar os gestores municipais na tomada de decisões, no que se refere à gestão dos resíduos sólidos, otimizando os recursos públicos, diminuindo os impactos negativos ao meio ambiente e induzindo questionamentos que venham promover alterações nos hábitos de consumo e desperdícios na sociedade em que vivemos.

(21)

2 RESÍDUOS SÓLIDOS

A problemática, resíduos sólidos (lixo), vem se agravando na maioria dos países devido ao aumento populacional e de um acentuado crescimento urbano, que associada à evolução dos costumes, criação ou mudanças de hábitos, melhoria do nível de vida, desenvolvimento industrial, novos métodos de embalagem dos produtos consumidos e outros, tem provocado crescente ampliação do poder aquisitivo, e como conseqüência, aumentou-se a quantidade de resíduos sólidos produzidos nas cidades.

Além disso, o problema agrava-se pela disposição inadequada destes resíduos na maioria das cidades brasileiras de médio e grande porte e pela substituição gradativa na variação da composição destes resíduos, de uma fração orgânica por outra não biodegradável.

De acordo com a NBR 10.004 (ABNT, 1987) os resíduos sólidos são definidos da seguinte forma:

São resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, agrícola, de serviços e varrição. Ficam incluídos, nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou corpos de água ou exijam para isso, soluções técnicas e economicamente inviáveis face à melhor tecnologia disponível.

(22)

Resíduos Classe I– perigosos – são aqueles que em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar risco à saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou incidência de doenças e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma inadequada.

Resíduos Classe II – Não inertes – são aqueles que não se enquadram na Classe I ou na Classe III e podem ter propriedades tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. Estão incluídos nesta categoria os papeis, papelão, matéria vegetal e outros.

Resíduos Classe III – Inertes – são aqueles que, submetidos ao teste de solubilização, não tiveram nenhum dos seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água. São as rochas, tijolos, vidros e certos plásticos que não são decompostos facilmente.

Segundo Lima (2000) os resíduos sólidos são materiais heterogêneos (inertes, minerais e orgânicos) resultantes das atividades humanas e da natureza, que podem ser parcialmente utilizados, gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos naturais.

Pode-se classificá-los de acordo com o grau de degradabilidade em:

Facilmente degradáveis (FD) – restos de comida, sobras de cozinha, folhas, capim, cascas de frutas, animais mortos e excrementos;

(23)

Não degradáveis (ND) – metal não ferroso, vidro, pedras, cinzas, terra, areia, cerâmica.

Os resíduos sólidos, de acordo com D’Almeida et al. (2000), se classificam quanto à sua origem em:

Domiciliar: aquele originado do dia-a-dia das residências, constituído por restos de alimentos (cascas de frutas, verduras, etc), produtos deteriorados, jornais, revistas, garrafas, embalagens em geral, papel higiênico, fraldas descartáveis e uma grande diversidade de outros itens. Contém, ainda, alguns resíduos que podem ser tóxicos. Comercial: aquele proveniente dos diversos estabelecimentos comerciais e de serviços, tais como: supermercados, bancos, lojas, bares, etc.

(24)

entram em contato direto com pacientes ou com resíduos sépticos anteriormente descritos, são considerados como domiciliares.

De portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: constituem os resíduos sépticos, que contêm, ou potencialmente podem conter, germes patogênicos, trazidos aos portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários. Basicamente, originam-se de material de higiene, asseio pessoal e restos de alimentação que podem veicular doenças provenientes de outras cidades, estados e países. Também nestes locais, os resíduos assépticos são considerados como domiciliares.

Industrial: aqueles, originados nas atividades dos diversos ramos da indústria: metalúrgica, química, petroquímica, papeleira, alimentícia, entre outros. O resíduo sólido industrial é bastante variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, óleos, resíduos alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal, escórias, vidros, cerâmicas, etc. Nesta categoria, inclui-se a grande maioria do lixo considerado tóxico.

Agrícola: resíduos sólidos das atividades agrícolas e da pecuária, como embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita, etc.

Entulho: resíduos da construção civil: demolições e restos de obras, solos de escavações, entre outros.

(25)

embalagens, poder aquisitivo, grau de desenvolvimento, entre outros, além das migrações periódicas nas férias de verão e/ou inverno.

De acordo com Nóbrega (2003), um outro fator importante é a economia, pois a ocorrência de variações econômicas em um sistema, por aumento ou redução das atividades das fábricas e do comércio geram uma maior ou menor quantidade de resíduos, tendo seus reflexos imediatos nos locais de disposição e tratamento do lixo.

No entanto, existem outros fatores que podem contribuir na redução destes resíduos e que devem ser considerados na gestão dos resíduos sólidos, como por exemplo: redução dos resíduos na fonte geradora, reutilização dos recipientes, efeitos da legislação na geração dos resíduos, conscientização da comunidade sobre o meio ambiente, entre outros.

2.1 Gestão dos resíduos sólidos urbanos

A gestão dos resíduos sólidos é um conjunto de operações destinadas ao conhecimento e estudo dos resíduos de uma comunidade, objetivando a gestão ótima destes resíduos, sob diferentes pontos de vista: engenharia, econômico, ambiental e sanitário, de acordo com as suas características e os recursos disponíveis para gerenciá-los (NÓBREGA, 2003).

Para Lima (2000), são elementos indispensáveis na composição de um modelo de gestão:

Reconhecimento dos diversos agentes sociais envolvidos, identificando os pápeis por eles desempenhados, promovendo a sua articulação;

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Mecanismos de financiamento para a auto-sustentabilidade das estruturas de gestão e do gerenciamento;

Informação à sociedade, empreendida tanto pelo poder público quanto pelos setores produtivos envolvidos, para que haja um controle social;

Sistema de planejamento integrado, orientando a implementação das políticas públicas do setor.

Deste modo, a composição de modelos de gestão deve envolver três aspectos fundamentais: arranjos institucionais, instrumentos legais e mecanismos de sustentabilidade.

Logo, para implementar-se um projeto de gestão de resíduos sólidos urbanos se faz necessário conhecer todos os fatores que podem influenciá-lo, pois a combinação correta de alternativas e tecnologias, a flexibilidade de adaptação a mudanças, a supervisão e avaliação constantes do processo são imprescindíveis para uma gestão eficiente.

2.1.1 Sistema de gestão

Considerando-se a gestão como um sistema, pode-se dizer que se trata de um conjunto de elementos inter-relacionados entre si, evidenciando a relação entre o sistema e o entorno no qual está inserido, onde se busca a gestão ótima dos resíduos sólidos urbanos. Este sistema, segundo Tchobanoglous et al. (1994), divide-se em subsistemas, que são as atividades associadas à gestão:

(27)

natureza do problema da gestão e para dar suporte ao desenvolvimento nas etapas posteriores.

Pré-coleta: atividade de manipulação, separação e armazenamento na origem, dos resíduos sólidos até o local onde são dispostos, para serem posteriormente coletados. Este subsistema tem um efeito importante sobre várias características dos resíduos: sistemas funcionais seguintes, saúde e atitude pública perante os resíduos, pois é fundamental manuseá-los em condições higiênicas e colocá-los nos horários determinados e em locais seguros.

Coleta: compreendem o conjunto de operações de carga-transporte-descarga, desde os pontos de coleta até o descarregamento numa estação de transferência, unidades de tratamento ou aterro sanitário.

Transferência e transporte: compreende todas as atividades, meios e instalações necessárias para transferir os resíduos para lugares afastados dos pontos de geração. Estas atividades podem ser divididas em duas: a primeira consiste na transferência de resíduos, desde um veículo pequeno para um transporte maior, e a segunda, constitui-se no transporte dos resíduos para a unidade de tratamento ou disposição final. No primeiro caso, a transferência realiza-se em instalações mais ou menos equipadas, chamadas de estação de transferência, em função da importância da operação.

(28)

contaminados ao aterro ou tratamento térmico. Os processos de transformação se empregam para redução do volume e peso dos resíduos e para obtenção de produtos e energia. Os mais conhecidos são a compostagem e a incineração.

Disposição final: destinação final dos resíduos ou rejeitos de instalações de transformação e processamento, normalmente, aterros sanitários.

Esta separação, segundo Tchobanoglous et al (1994), se deve ao avanço tecnológico, pois apesar das mudanças nos processos, estas fases conservam-se de forma independente. A Figura 2.1 mostra o modelo geral do sistema de gestão dos resíduos sólidos urbanos.

GERAÇÃO

PRÉ-COLETA

COLETA

TRATAMENTO

DISPOSIÇÃO FINAL

TRANSFERÊNCIA E TRANSPORTE

Figura 2.1 – Sistema de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos

(29)

2.1.2 Os problemas da gestão dos resíduos sólidos

Os problemas relacionados à gestão de resíduos na atualidade são muito complexos, por isso se faz necessário conhecer os fatores que podem influenciar neste processo. Segundo Gallardo (2000), os principais fatores são:

A quantidade e variedade de materiais que compõem os resíduos.

O desenvolvimento de áreas urbanas distantes encarecendo o transporte dos resíduos. As condições variáveis na qual se desenvolve a gestão, como mudanças na quantidade e composição do fluxo de resíduos no tempo.

O tratamento adequado para os resíduos torna os custos mais altos, por utilizarem-se tecnologias de custo elevado.

O surgimento de novas tecnologias.

Limitações econômicas dos serviços públicos em muitos núcleos urbanos, inviabilizando uma boa gestão.

Adaptação às novas leis ambientais.

Limitações emergentes das matérias-primas e energia.

Falta de dados e pouca confiabilidade na informação disponível, bem como a ambigüidade e clareza da legislação vigente.

(30)

Um outro fator a ser considerado diz respeito aos catadores, tanto os que vivem e trabalham nos lixões quanto os de rua, que encontram nos resíduos sólidos o único meio de sobrevivência, onde separam os materiais recicláveis e encontram seu alimento.

De acordo com Abreu (2001), esses catadores são responsáveis por 90% do material que alimenta as indústrias de reciclagem no Brasil, além disso, eles contribuem para minimização dos resíduos a serem tratados pela municipalidade. Eles possuem muitos conhecimentos específicos e habilidade para identificar, coletar, separar e vender os recicláveis. Garimpam nos resíduos sólidos os desperdícios de recursos naturais que retornam ao processo produtivo como matérias-primas secundárias.

A complexidade dos resíduos e a constante evolução dos hábitos de vida sugerem que a definição de um modelo de gestão deve ser flexível, com ênfase para a redução de resíduos na fonte, reutilização e reciclagem, sempre respaldado em princípios de educação ambiental da população, integrando-a de forma responsável na construção de medidas técnicas e ambientalmente corretas.

2.2 Coleta seletiva

A coleta seletiva é definida pela NBR 12.980 (ABNT, 1993), como a coleta que remove os resíduos previamente separados pelo gerador, ou seja, ela consiste na separação, na própria fonte geradora, dos componentes (latas, papeis, vidros, etc) que podem ser recuperados, mediante um acondicionamento distinto para cada componente ou grupo de componentes.

(31)

A coleta seletiva, num plano de gerenciamento de resíduos, deve ser vista como uma das alternativas de recuperação de materiais, que associada a outras formas de tratamento como a compostagem e disposição final, promoverá a diminuição dos resíduos a serem aterrados, no entanto os aterros sanitários sempre existirão, pois apesar das parcelas recicláveis e orgânicas do lixo urbano serem grandes, em média 35% e 62% respectivamente, sempre haverá rejeitos não reaproveitáveis a serem dispostos.

Apesar da coleta seletiva ser uma opção de tratamento diferenciado aos resíduos, já que proporciona retorno financeiro, tem aspectos que são desfavoráveis a sua implementação, no entanto os favoráveis são em número bem maior, são eles:

A qualidade dos materiais recuperados é boa, uma vez que estes estão menos contaminados pelos outros materiais presentes nos resíduos sólidos.

Incentivo a prática da cidadania.

Flexibilidade de implantação podendo iniciar em pequena escala e depois ser ampliado de forma gradativa.

Permite a parceria entre catadores, empresas, associações, escolas, etc.

Redução do volume dos resíduos a serem aterrados, logo aumenta a vida útil dos locais de disposição final.

Minimização dos impactos ambientais.

Gera uma receita econômica considerável que não deve ser desconsiderada.

(32)

Custo alto da operação, podendo chegar a ser 10 vezes maior que o custo da coleta normal de lixo feita por uma empreiteira.

Necessidade de caminhões especiais para a coleta seletiva acarretando maior custo nos itens coleta e transporte.

Necessidade, apesar da separação dos resíduos na fonte geradora, de um centro de triagem para separação dos materiais por tipo.

Existência de um mercado que absorva os materiais potencialmente recicláveis.

Os tipos de coleta seletiva mais utilizados são os seguintes:

Coleta seletiva domiciliar (porta-a-porta): é a coleta dos materiais recicláveis (secos) separados na fonte geradora, em dias determinados e coletados pela prefeitura, catadores ou associações de catadores.

Postos de troca: são locais onde as pessoas trocam o material reciclável por um bem ou benefício, que pode ser alimento, vale-transporte, descontos, etc.

Postos de entrega voluntária (PEV’s): é a coleta dos materiais recicláveis (secos) separados na fonte geradora que são depositados em contêineres e caçambas de cores diferenciadas, localizados em pontos estratégicos na cidade.

(33)

Figura 2.2: Postos de Entrega Voluntária

Papel e papelão Plástico

Vidro Metal

Madeira Resíduos perigosos

Resíduos radioativos Resíduos orgânicos

Resíduos ambulatoriais e de serviçosde saúde

Resíduos não recicláveis ou misturados ou contaminados não passíveis de separação

Fonte: Souza apud Ceballos (2003)

Após a coleta seletiva, os materiais são levados a um local específico, chamado de centro de triagem, onde é feita a separação dos materiais recicláveis e do rejeito (parcela não reciclável do resíduo sólido). Após a separação dos materiais, inicia-se a fase de enfardamento (acondicionamento) e armazenamento até a venda destes aos sucateiros e/ou indústrias recicladoras.

(34)

Quadro 2.1: Modalidades de coleta seletiva

Modalidade Aspectos positivos Aspectos negativos

Porta-a-porta Facilita a separação dos

materiais* nas fontes geradoras e sua disposição na calçada; dispensa o seu deslocamento até um PEV, permitindo mensurar a adesão da população ao programa, pois os domicílios ou estabelecimentos participantes podem ser identificados durante a coleta (observando-se os materiais dispostos nas calçadas); agiliza a descarga nas centrais de triagem.

Exige uma infra-estrutura maior de coleta, com custos mais altos para transporte; aumenta os custos de triagem ao exigir posterior seleção.

Posto de entrega (PEV) Facilita a coleta reduzindo os custos** com percursos longos especialmente em bairros com população esparsa; permite a exploração do espaço do PEV para publicidade e eventual obtenção de patrocínio***, dependendo do estímulo educativo e do tipo de contêiner, permite a separação e descarte dos recicláveis por tipos, o que facilita a triagem.

Requer mais recipientes para acondicionamento nas fontes geradoras; demanda maior disposição da população que precisa se deslocar até o PEV; sofre vandalismo; exige manutenção e limpeza; não permite a identificação das famílias que efetivamente separam seus resíduos, dificultando a avaliação da adesão da comunidade do programa.

*normalmente só em dois tipos, embora o munícipe, se quiser facilitar o trabalho nas centrais de triagem, possa separar os recicláveis em diversas categorias.

**a redução nas despesas, embora seja positiva, pode estar associada a uma redução na eficiência da coleta. ***em troca da publicidade, patrocinadores podem doar e manter os PEV’s.

Fonte: Grimberg e Blauth (1998).

A participação da sociedade em um programa de coleta seletiva é fundamental, no entanto para que o sistema funcione são necessárias algumas medidas do poder público.

(35)

2.2.1 Sistemas de coleta seletiva

A coleta seletiva, na atualidade, é parte integrante da gestão integral dos resíduos sólidos, no entanto, pode-se estudá-la como um sistema independente, que se divide nas etapas de manejo, acondicionamento e coleta. Os resíduos segregados e coletados constituem a principal entrada do sistema e a saída é formada por diversos materiais já selecionados que vão para a etapa de gestão, onde serão aplicados vários métodos de valoração.

Segundo Gallardo (2000), a coleta seletiva está condicionada a fatores externos que podem influenciar nas diversas opções que se pode dar a um dos elementos do sistema, sendo fundamental estudar as interações entre o sistema e o entorno a fim de definir seus limites. Esses fatores podem ser classificados em:

Econômicos: minimizar os custos da coleta, recuperar materiais com valor econômico significativo, a demanda de subprodutos, os preços da eletricidade e outros combustíveis, a disponibilidade de novas áreas para aterros, etc;

Ambientais: minimização dos resíduos, restrições das emissões para o ar, água e terra, etc; Sociais: demanda de implantação da coleta seletiva por parte da sociedade;

Políticos: programas políticos a serem desenvolvidos na área de resíduos sólidos;

Legais: cumprimento das restrições impostas por normas, objetivo de futuras normas, etc; Tecnológicas: custos e propriedades de novas tecnologias.

(36)

A Figura 2.3 apresenta um fluxograma de um modelo geral de coleta seletiva. RSD

Fonte Quantidade Composição Minimização na origem

Fatores políticos

Fatores tecnológicos Fatores legais Pré-coleta

Coleta Fatores econômicos

Fatores sociais

Fatores meio ambientais

Tratamento

Figura 2.3 – Fluxograma da coleta seletiva

Fonte: Adaptado de Gallardo (2000)

2.2.2 Fases da coleta seletiva

2.2.2.1 Pré-coleta (manuseio, acondicionamento e segregação).

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As condições higiênicas, lugares e horários certos para a coleta influenciam significativamente na qualidade dos materiais recuperados, pois quanto mais limpo o material, melhor a comercialização.

2.2.2.2 Separação dos resíduos na origem

De acordo com Gallardo (2000), a coleta seletiva requer a separação dos resíduos sólidos, na fonte geradora, em diferentes frações, de modo a alcançar o padrão mínimo de qualidade e rentabilidade exigidos neste processo. Os fatores que podem influenciar na determinação do grau de fracionamento são os seguintes:

Composição: o fracionamento dos resíduos na origem deve considerar a sua composição, haja vista que nos resíduos sólidos urbanos existem frações diferenciadas, o lixo úmido e o seco, este último composto principalmente por embalagens. Na recuperação de materiais para reciclagem é fundamental que os resíduos sejam separados pelo menos nestas duas frações.

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Restrições da legislação: a legislação pode impor um grau de fracionamento, um grau de recuperação ou um tipo de tratamento determinado. Deste modo tem-se que escolher um tipo de fracionamento que possa alcançar os objetivos impostos pela lei. Exigência do mercado: a seleção dos resíduos recicláveis depende do mercado que exige melhor qualidade dos materiais. Em função dos preços dos subprodutos, o mercado pode indicar o melhor tipo de divisão e desviar o fluxo de resíduos. Nos últimos anos, o aparecimento de contentores de papel e vidro nas grandes cidades tem sido conseqüência do valor elevado destes materiais.

Em função dos fatores citados acima, existem várias formas de separação, podendo ir desde o grau zero, isto é, uma coleta em massa, até um alto grau de separação. De acordo com Tchobanoglous et al. (1994), as separações, na origem, são as mais indicadas e consistem no seguinte:

Em massa: não se faz nenhum tipo de separação, todo o material é colocado num só recipiente.

Duas frações: os resíduos são separados em dois sacos e os materiais colocados neles dependerão dos objetivos de valoração, sendo os casos mais freqüentes: lixo úmido (matéria orgânica) e lixo seco (materiais recicláveis), material inerte (recicláveis) e combustíveis.

Três frações: os resíduos são separados em recicláveis, matéria orgânica e resto (resíduos não aproveitáveis).

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(pilhas, medicamentos, etc) e resíduos de alto valor econômico (vidro, papel, metal, etc).

2.2.2.3 Níveis de armazenamento dos resíduos sólidos

Após a separação dos materiais potencialmente recicláveis na fonte geradora, pergunta-se: o que fazer com o material coletado até que sejam recolhidos? Normalmente esses materiais são armazenados em casa ou em pontos de coleta situados na rua.

Em função da distância a ser percorrida pelo cidadão até o ponto de depósito e coleta dos materiais, se podem distinguir vários níveis de armazenamento. Segundo Gallardo (2000), na literatura anglo-saxônica se distinguem dois níveis bem distintos: o Bring e o Kerbside. Nos sistemas de coleta Bring, os usuários têm que percorrer um trajeto até depositar os resíduos recicláveis em pontos comuns de coleta, que podem ser contentores ou instalações de coleta. Nos sistemas de coleta Kerbside os usuários depositam os resíduos em sacolas ou depósitos de lixo na frente da residência nos dias e horários em que passa a coleta seletiva. Entre estes níveis existe uma ampla gama de métodos. Os mais utilizados, de acordo com o autor supracitado, são:

Depósito ao nível da rua: são os pontos de depósitos localizados na rua com distâncias variáveis até a residência. São classificados em:

o Sistema porta-a-porta (kerbside system). Os depósitos ou contentores estão

situados em cada porta, pátio interior ou outro local acessível à residência ou edifício. Os cidadãos depositam seus resíduos nos dias e horários determinados para a coleta e a distância a ser percorrida é mínima.

(40)

percorridas pelas pessoas não são muito elevadas e a aceitação é boa. A coleta é mais rápida e os custos são reduzidos consideravelmente. É aplicado em cidades com densidade populacional alta e pode ser utilizada tanto na coleta seletiva quanto na normal. Este modelo é utilizado amplamente na Espanha e na Itália.

o Sistema de áreas de entrega (Dropoff sites). Com a finalidade de baratear a

gestão de resíduos, os pontos de coleta se situam a distâncias maiores, com um raio de ação entre 100 a 400m. O sistema se apóia na disposição do cidadão de percorrer maiores distâncias a pé. É utilizada para a coleta seletiva de materiais de alto valor econômico e que geram pequenas quantidades, de forma que o cidadão não precise se deslocar diariamente a estes pontos. É aplicado em cidades com densidade populacional alta, mas também pode ser aplicado em áreas de baixa densidade populacional em suas áreas comerciais. Este modelo é utilizado amplamente na Europa e neles são recolhidos principalmente vidros, papelão e embalagens.

Depósito em nível de instalação. Os pontos de depósito se situam em instalações distantes da zona residencial. Na Espanha estas instalações se chamam “Pontos limpos”, “Ecoparques” ou “Centros de recuperação e reciclagem”. Elas estão preparadas para recolher todo tipo de resíduos, especialmente aqueles que não se recolhem em outros níveis de armazenamento.

(41)

2.2.2.4 Recipientes dos Resíduos Sólidos

Os resíduos são tratados e dispostos em áreas afastadas do seu ponto de geração e o seu envio a essas áreas, envolvem uma fase interna, na fonte geradora de responsabilidade do gerador, que compreendem o acondicionamento, a coleta e o armazenamento. A fase externa abrange os chamados serviços de limpeza, de responsabilidade das administrações municipais.

De acordo com D’Almeida et al. (2000), antes da coleta externa, os resíduos devem ser colocados em locais e recipientes para serem confinados, evitando:

Acidentes (resíduo infectante);

Proliferação de insetos (moscas, ratos e baratas) e animais indesejáveis e perigosos; Impacto visual e olfativo;

Heterogeneidade (no caso da coleta seletiva).

Apesar do acondicionamento dos resíduos ser de responsabilidade do gerador, deve a administração municipal exercer funções de regulamentação, educação e fiscalização, inclusive no caso dos estabelecimentos de saúde, visando assegurar condições sanitárias e operacionais adequadas.

A forma de acondicionamento dos resíduos é determinada pela quantidade, composição e movimentação (tipo de coleta e freqüência) e deve ser feita de modo a permitir o manuseio de uma quantidade acumulada.

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A - Recipientes primários

São os que ficam em contato direto com os resíduos, podem ser sacos plásticos ou recipientes rígidos.

Os sacos plásticos são empregados de forma geral, nos resíduos domésticos, institucionais, urbanos e de serviços de saúde. Enquanto estão recebendo resíduos devem estar contidos e posicionados em recipientes rígidos apropriados que permitam a retirada do saco ou seu esvaziamento para um recipiente maior.

No ambiente doméstico são usados recipientes rígidos, que recebem pequenos sacos (ou sacolas reutilizadas) em cada ponto de geração de resíduos, depois são colocados em sacos maiores, próprios para o serviço de coleta.

Onde existem programas de coleta seletiva, é necessária a separação em três sacos: o de resíduos alimentares, destinados a compostagem; o de resíduo sanitário (de banheiro), destinado a aterro sanitário; e o de objetos (materiais recicláveis), destinados a uma operação de triagem.

Na coleta domiciliar, os moradores devem ser orientados quanto ao horário da coleta e também para não colocarem os resíduos na rua em volumes de massa superior a 20 kg ou em grande número de sacolas pequenas, pois isso dificulta o manuseio.

B - Coletores Urbanos, Comunitários e Institucionais.

B.1 - Coletores pequenos e médios

(43)

com tampa, sistema de basculamento ou de descarga, não podem permitir o vazamento de líquidos, mas devem ter drenos para lavagem. O coletor pode ser esvaziado pela retirada do saco plástico que o reveste, com o lixo contido, ou por basculamento do lixo para um recipiente móvel maior.

Os tambores de 200 litros ou menores podem ser utilizados como lixeira, mas para isso devem ser adaptados com alças de manuseio e tampa, impedindo a dispersão de odor e entrada de animais. O tambor deve reter líquidos e ser de material resistente à corrosão, com aço pintado ou plástico. Estes recipientes podem ser vinculados a carrinhos (Lutocar), geralmente de duas rodas, destinados a varrição das ruas e áreas públicas.

B.2 - Coletores grandes: caçambas

São coletores comunitários fixos que recebem o lixo de diversas unidades habitacionais e devem ficar próximos a um ponto de passagem do caminhão coletor. Devem permitir a retirada manual de sacos ou serem movimentáveis mecanicamente para descarga no caminhão e em geral têm dimensões úteis superiores a 2 m³. Os tipos mais elaborados, destinados à movimentação mecanizada, devem ter tampas ou aberturas de recebimento dos resíduos e tampa de descarga e não podem ser feitos de material inflamável.

Alguns tipos de caçamba são recolhidos pelo caminhão, que deixa no lugar outra caçamba vazia, normalmente para resíduo industrial e entulho de obras civis.

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Na separação de materiais em Postos de Entrega Voluntária, pode-se dispor de coletores com cores convencionadas para cada tipo de material reciclável. Os coletores devem ter tampas ou aberturas que impeçam a retirada do material coletado, além da tampa de descarga, só acionável pelo pessoal do caminhão coletor.

2.2.3 Educação ambiental para mobilização da comunidade

Segundo Grimberg e Blauth (1998), a maioria dos programas de coleta seletiva, tanto no Brasil quanto no exterior, atribuem bastante importância à educação no tocante a questão dos resíduos e por ser a reciclagem dos resíduos um assunto bastante popular junto as Organizações Não Governamentais - ONG’s. No meio escolar e na mídia nacional, ela apresenta-se como uma das maneiras mais concretas do cidadão contribuir para a minimização da degradação ambiental.

Até que ponto a inserção da reciclagem na discussão sobre a problemática dos resíduos abre um caminho para a revisão de nossa relação com o meio?

Nos programas brasileiros, as estratégias “educativas” divergem quando a educação da comunidade faz parte das metas do programa ou quando esta é vista como um meio para fazer com que a população separe seus resíduos.

Para as autoras supracitadas alguns dos pressupostos em educação ambiental, no tocante à discussão do lixo, devem ser revistos:

1) “Educação para o lixo depende de campanhas de conscientização

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duradoura, mas servem como estímulo inicial, ou até reforço de uma atitude, no entanto este estímulo precisa ser interiorizado para que esta mudança de atitude persista.

Além disso, se conscientização for entendida como sinônimo de informação os esforços educativos poderão ser insatisfatórios. Alguns estudos realizados nos Estados Unidos têm mostrado que a taxa de participação de diferentes grupos demográficos, culturais e sócio-econômicos em programas de coleta seletiva é quase idêntica (VINING apud GRIMBERG; BLAUTH, 1998).

É consenso entre os estudiosos de áreas afins da educação, independentemente das diversas correntes filosóficas, que o comportamento humano só muda se mudarem os valores e sentimentos que o sustentam.

As experiências centradas nas mudanças de valores, percepções e sentimentos garantem que, quando o estímulo é incorporado e as pessoas estão motivadas a separar e reduzir seus resíduos ou, numa escala mais global, assumir sua responsabilidade na melhoria da qualidade do ambiente não é mais necessário um reforço educativo. As pessoas compram a idéia, mudando comportamentos de forma permanente, ou seja, o objetivo do ato de educar é atingido.

2) “Educação começa na escola”

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O trabalho escolar em torno do tema dos resíduos é, sem dúvida, indispensável. No entanto do ponto de vista pedagógico, o trabalho sobre lixo, como acontece com quase todos os temas ligados à Educação Ambiental, tem menosprezado os aspectos afetivos da aprendizagem, como se bastasse apenas mais informação para garantir as mudanças de comportamento desejadas. Valores e princípios, como o vínculo entre as pessoas e seu ambiente, o espírito de participação e solidariedade tão necessárias à solução de problemas como os dos resíduos sólidos, não é privilegiado pela metodologia tradicional de trabalho adotada pelo professor em aula.

3) “As pessoas só participam se houver incentivos, como brindes e premiações”.

De acordo com Grimberg e Blauth (1998), uma outra estratégia de “educação ambiental”, muito questionada pelos programas de coleta seletiva com orientação mais humanista, é a troca de recicláveis por bens de consumo, já que contraria o principio da redução na geração de resíduos, do ponto de vista ambiental, incentivando a arrecadação de grandes quantidades de materiais, a troca como estímulo educativo, pressupõe a barganha de atitudes ecologicamente mais adequadas.

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4) “Educar é divulgar”

Dentro do conjunto das atividades educativas, a divulgação do programa de coleta seletiva tem papel fundamental, embora se deva tomar cuidado para não limitar a educação à divulgação. Haja vista sua importância no repasse dos dados e orientações sobre os materiais a serem separados, os roteiros e dias de coleta, os destinos alternativos dados aos materiais e a aplicação dos recursos resultantes, atingindo todos os setores da sociedade (GRIMBERG; BLAUTH, 1998).

É importante também que sejam divulgados dados de efetiva participação da comunidade no programa, pois servem como estímulo para reforçar novos hábitos e aumentar a participação desta comunidade no programa.

Uma dificuldade apontada pelos programas brasileiros de coleta seletiva é a “falta de espaço” para a inclusão de mensagens educativas nos grandes meios de comunicação, como a televisão, pois quando se aborda o principio dos 3R’s, questionando-se o desperdício, o assunto não é compatível com a mensagem pró-consumo das emissoras em geral.

É conveniente ressaltar que um trabalho educativo bem estruturado otimiza a coleta e triagem dos materiais, reduzindo o custo da tonelada coletada e, proporcionalmente, as despesas do programa.

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2.2.4 Dificuldades encontradas para implantação da coleta seletiva

Segundo Gallardo (2000), a implantação de um sistema de coleta seletiva deve considerar algumas dificuldades que podem inviabilizar o processo, são elas:

A inexistência de mercado para materiais de segunda, ou subprodutos, e variabilidade de preços, não proporcionando grandes benefícios na venda destes subprodutos. As barreiras técnicas de reciclagem que inviabilizam a reciclagem de alguns produtos devido as suas propriedades físicas e químicas.

A falta de normas técnicas para a indústria de embalagens para unificar o “design”. O custo de novos sistemas de coleta e de instalações de separação em relação ao baixo custo dos lixões.

Restrições dos orçamentos municipais.

A falta de informações válidas, pois muitas empresas têm interesse em não divulgar corretamente sobre qual tipo e quantidade de resíduos elas geram.

Boicote por parte das empresas que terceirizam os serviços de tratamento e/ou disposição final para não perder mercado.

Desenvolvimento de sistemas de coleta ineficientes, com porcentagens baixas de recuperação e de qualidade dos subprodutos.

Falta de interesse político.

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2.2.5 – O estado da arte com relação à pré-coleta

Nos últimos anos, o gerenciamento dos resíduos sólidos domiciliares tem sofrido mudanças significativas tanto a nível nacional quanto internacional, visto que nos países mais desenvolvidos as quantidades de resíduos geradas são maiores que nos países em desenvolvimento, onde as preocupações com minimização e redução na geração de resíduos parecem estar mais presentes e a coleta seletiva faz parte do cotidiano da população.

De acordo com Ribeiro e Lima (2000), os países que assumiram a vanguarda nas iniciativas no campo da reciclagem, considerada como fator importante para redução dos resíduos sólidos urbanos, foram alguns países da Europa, os Estados Unidos e, sobretudo o Japão, numa ação direta dos governos, atuação freqüente das empresas, das instituições da sociedade civil e da população como um todo.

Ao longo da década de 1990, os governos de países europeus incrementaram várias normas para reduzir o impacto ambiental causado pelas embalagens, através da legislação, que enfocam principalmente três áreas (EIGENHEER apud RIBEIRO; LIMA, 2000):

Regras para depósito em vários tipos de “containers”, principalmente fábricas de bebidas;

Proibição de embalagens com materiais que causem danos ao meio ambiente, principalmente o PVC;

Impressão de selos na embalagem indicando que o material é reciclável.

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adequada passa pela colaboração efetiva da população atendida pelo sistema. Além disso, nos países desenvolvidos não se utiliza mais o sistema de coleta seletiva porta-a-porta, a não ser em condições muito especiais. A população deposita voluntariamente seus resíduos, segregada nas próprias residências, em containers basculáveis por tipo de material em pontos estratégicos nos logradouros públicos, permitindo a economia e rapidez do serviço de coleta, que é feita através de veículos que trabalham apenas com o motorista (RIBEIRO; LIMA, 2000).

Na Alemanha, a criação de uma Lei, conhecida como “Decreto Topfer”, que em termos legislativos é a que mais se aproxima do principio do poluidor-pagador, diz que, os fabricantes são responsáveis pela coleta e reciclagem das embalagens descartáveis utilizadas, inclusive as embalagens secundárias e o seu transporte.

Esta lei levou um grupo de empresas a montar um sistema dual de coleta de embalagens e reciclagem, o Duales System Deutschland (DSD). Para integrarem-se a DSD, os fabricantes e comerciantes pagam uma taxa de filiação e são identificados pelo “Ponto verde” que é impresso nas embalagens dos produtos dos fabricantes associados e que indica, que o fabricante já pagou pela coleta e destinação da embalagem utilizada. A coleta é executada pela DSD através de formas operacionais adaptadas a cada localidade. Esta iniciativa teve como resultado, a redução da geração de resíduos de embalagens, já que as empresas passaram a buscar a redução nos custos de destinação (COOPER apud AGUIAR, 1999).

Além da separação das embalagens, a população também separa de acordo com os dias marcados, outros tipos de materiais, tais como: pilhas, móveis, etc.

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registradas. Há uma competição com os outros sistemas menores, de modo que é previsível a diminuição dos custos no futuro (COOPER apud AGUIAR, 1999).

A organização dos serviços de coleta já vem sendo privatizada há anos, no entanto, no âmbito legal, tem sido feitos ajustes para admissão de investimentos privados em outras operações do sistema de resíduos sólidos, de forma a eliminar barreiras legais ao compartilhamento dos riscos dos negócios envolvidos, e à autonomia das autoridades locais para consolidação das parcerias necessárias (O’KEEFE; RICE apud AGUIAR, 1999).

O sistema de financiamento pela iniciativa privada, regulamentado recentemente, caracteriza-se pelo fornecimento de serviços por um parceiro da iniciativa privada, direcionado por princípios bem definidos, como especificação baseada em resultados, transferência de risco e pagamento baseado em desempenho (PORTNELL apud AGUIAR, 1999).

Nos Estados Unidos, o grande volume de resíduos gerado pela sociedade está fundamentado no famoso “american way life” que associa a qualidade de vida ao consumo de bens materiais (LERÍPIO apud DONHA, 2002). Este padrão de vida alimenta o consumismo, incentiva a produção de bens descartáveis e difunde a utilização de materiais artificiais. No país são produzidos por ano 327,5 milhões de toneladas de resíduos sólidos domiciliares e a taxa de reciclagem situa-se entre 27% e 28%, incluindo-se a compostagem e parte dos resíduos sólidos industriais de alguns estados (GOLDSTEIN apud AGUIAR, 1999).

(52)

do produtor, e repassaram aos municípios mais de US$ 180 milhões para serem aplicados em programas de reciclagem (GOLDSTEIN; GLENN apud AGUIAR, 1999).

Nos Estados Unidos a Environmental Protection Agency - EPA – tem atuado na produção de material educativo para redução na geração de resíduos e tem também incentivado as formas participativas de solução do problema dos resíduos sólidos na comunidade. Além disso, em muitas comunidades se pratica a coleta seletiva e em vários Estados americanos já se estabelecem cotas mínimas de reciclagem (GOLDSTEIN; GLENN apud AGUIAR, 1999).

No Japão, a reciclagem é incentivada e já faz parte de sua cultura há séculos. Isto se deve principalmente à pequena extensão territorial, elevada densidade demográfica, escassez e dependência, praticamente total, de matérias primas e energia. Os índices de reciclagem do Japão chegam a 50% e nenhum outro país utiliza a incineração de forma tão intensa para reduzir o volume de resíduos, no entanto há uma grande preocupação com a escassez de áreas para implantação de aterros sanitários para confinamento destes rejeitos (EIGENHEER apud RIBEIRO; LIMA, 2000).

Os planos de gerenciamento de resíduos no Japão têm estimulado as seguintes ações:

Estímulo à coleta seletiva – visando o aumento da reciclagem e da reutilização de resíduos;

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Difusão das informações – os governos nacional e municipal deverão realizar campanhas de esclarecimento para difusão do conceito de que a reciclagem é uma forma de preservação ambiental.

Ainda no Japão, a simples displicência na segregação correta dos resíduos leva à sanção, por parte do Poder Público, de toda a coletividade usuária do container comunitário (RIBEIRO; LIMA, 2000).

De acordo com Nóbrega (2003), as primeiras experiências de coleta seletiva organizada e integrada ao gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil datam do final da década de 80 e início da década de 90 do século XX e foram de um modo geral inspirada em modelos já implantados em países desenvolvidos. A maioria teve um enfoque ambiental e socioeconômico, demonstrando uma visão imediatista e romântica de que a coleta seletiva resolveria o problema dos resíduos sólidos. A primeira experiência brasileira com resultados aconteceu no bairro São Francisco em Niterói –RJ, na década de 1980.

De acordo com o Centro Empresarial para a reciclagem – CEMPRE (2004), o Brasil apresenta indicadores bastante positivos no desempenho da reciclagem, pois dos 5.507 municípios existentes, há 237 municípios operando programas de coleta seletiva, com maior concentração no sul e sudeste do país.

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Figura 2.4 – População atendida pela coleta seletiva (%) em diversas cidades brasileiras. Fonte: CEMPRE (2004)

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Coleta ponto a ponto, através da instalação de Locais de Entrega Voluntária com contentores para metal, plástico, vidro e papel para recebimento dos recicláveis; Incorporação dos catadores de papel como atores prioritários do sistema, fornecendo apoios logístico, operacional e sócio-educativo a Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais Reaproveitáveis - ASMARE;

Envolvimento da sociedade, com estratégias de educação ambiental e mobilização social, colocando a população como agente propulsor da coleta seletiva, buscando adesões voluntárias, ações integradas e constituindo parcerias.

A escolha pela coleta ponto-a-ponto, segundo Abreu et al., 2002, levou em consideração as seguintes vantagens:

Os LEV’s ficam disponíveis 24 horas para a entrega de recicláveis;

Os materiais devem ser separados e levados pela população até os LEV’s, promovendo maior conscientização da comunidade;

O sistema proporciona uma melhor qualidade dos materiais recicláveis.

O recolhimento de recicláveis é de responsabilidade tanto da prefeitura, como da ASMARE, nos 159 LEV’s situados em vários pontos da cidade de Belo Horizonte. São coletadas seletivamente (só recicláveis) 425 toneladas/mês (GONÇALVES apud CEBALLOS, 2003). Em 2004, 80% da população foi atendida pela coleta seletiva (CEMPRE, 2004).

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De acordo com Grimberg e Blauth (1998) o total de resíduos sólidos produzidos por dia é de 300 t/dia (400 t/dia no verão), onde 200 t/dia são coletados seletivamente. A cidade conta com um trabalho desenvolvido por 110 papeleiros, cada um dos 50 adultos coletam, em média, 7 toneladas de pápeis por semana. Os materiais recicláveis são encaminhados a uma estação de triagem, onde trabalham 22 triadores e 3 coordenadores. Destes materiais apenas 50% é efetivamente triado, em esteira de catação, antes de serem comercializados e o restante é vendido como “mistão”, a sucateiros, para agilizar a fluidez de escoamento.

As atividades de mobilização das comunidades de Florianópolis tiveram grande apoio da mídia, além do trabalho educativo, no entanto, a Companhia Melhoramentos da Capital (COMCAP) não desenvolve atualmente um programa pró-ativo de educação ambiental, mas atende pedidos para palestras e organizar eventos no município e possui um telefone exclusivo para informações sobre o programa de coleta seletiva, o Tele-reciclagem. No ano de 2004, 90% da população foi atendida pela coleta seletiva (CEMPRE, 2004).

A coleta seletiva em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, está prevista na Lei Complementar 274/90, do Código Municipal de Limpeza Urbana, fazendo parte do Programa de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos (PEREIRA, 2000).

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Em 2000, a média diária de resíduos coletados em Porto Alegre foi de 60 toneladas, correspondendo a 7% em peso do total de resíduos domiciliares produzidos no município. Esses resíduos são destinados a 8 Unidades de triagem, onde trabalham 380 pessoas que são responsáveis pela recepção, triagem, enfardamento, pré-beneficiamento e comercialização (REICHERT;CAMPANI 2000). O Programa de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos ainda processa parte dos resíduos orgânicos, através da suinocultura (produção de ração animal tratada feita com resíduos coletados seletivamente em restaurantes) e compostagem, e resíduos inertes, nas centrais de entulhos.

De acordo com Pereira (2000), a cidade de Porto Alegre apresenta um dos maiores índices de rendimento da coleta seletiva, em termos de quantidade de resíduos coletados proporcional a população representando uma adesão em torno de 62%. Em 2004, houve um decréscimo de 100% (2002) para 70% no atendimento da população pela coleta seletiva (CEMPRE, 2004).

O programa de coleta seletiva implantada na cidade de São Paulo teve inicio em 04 de julho de 1989, na gestão da prefeita Luiza Erundina, no bairro de Vila Madalena, através de uma experiência piloto que previa a distribuição de sacos de papel para serem utilizados pelos moradores do bairro e de folhetos explicativos, realizando-se ao mesmo tempo uma pesquisa junto à população residente. Além de receberem os sacos de papel, os moradores recebiam visitas de técnicos da prefeitura para orientação e acompanhamento do processo. Terminado o período de três meses de duração do projeto piloto, houve um pequeno declínio do volume coletado (CALDERONI, 2003).

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Até maio de 1991 já eram dez os circuitos contemplados, abrangendo 24 mil residências e cerca de 117 mil pessoas;

Até o final de junho foram inaugurados mais nove circuitos, atingindo então 34 mil domicílios e mais 170 mil pessoas;

Em maio de 1991 foram instalados os primeiros PEV’s, conjunto de quatro coletores com cores indicativas para quatro tipos de materiais: vidro, pápeis, metais e plásticos; Até dezembro de 1992 haviam sido instalados 37 conjuntos de PEV’s, com 1500 litros cada, coletados por cinco caminhões equipados com o dispositivo Munck;

No final de 1992 a coleta seletiva atingiu 33 circuitos, envolvendo uma população de 510 mil pessoas.

O volume total arrecadado na fase final do programa era de aproximadamente 230 toneladas mensais, cerca de 10 toneladas por dia útil. Deste total, 75% originava-se da coleta seletiva porta a porta (recolhida uma vez por semana), 15% dos PEV’s e 10% de doações (CALDERONI, 2003).

O mesmo autor informa que a receita gerada pela venda dos materiais era destinada ao próprio bairro e que após 6 meses de fase experimental do projeto, cerca de 70% da população já havia aderido ao programa. A partir deste resultado, a coleta seletiva foi expandida nos meses de junho e julho de 1990 para os bairros paulistanos: Lapa, Butantã e Pinheiros, abrangendo 12.500 domicílios.

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Figura 2.1 – Sistema de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos  Fonte: Adaptado de Gallardo (2000)
Figura  2.2: Postos de Entrega Voluntária
Figura 2.3 – Fluxograma da coleta seletiva  Fonte: Adaptado de Gallardo (2000)
Figura 2.4 – População atendida pela coleta seletiva (%) em diversas cidades brasileiras
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Referências

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