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Cad. Saúde Pública vol.15 número1

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Academic year: 2018

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Cad . Saúd e Púb lic a, Rio d e Jane iro , 15(1):204-206, jan-mar, 1999 CARTAS LETTERS

Farmacovigilância no Brasil. O papel da comissão instituída pela portaria da Secretaria de Vigilância Sanitária do M inistério da Saúde (SVS/ M S) No40 de 9/ 5/ 95

Pharmac o vig ilanc e in Brazil. The ro le o f the c o mmissio n e stab lishe d und e r ruling No40 (May 9, 1995) o f the He alth Surve illanc e Se c re tariat, Brazilian Ministry o f He alth

Paulo Sérgio Dourado Arrais 1

1Centro de Farmacovigilância do Ceará (Ceface), Departamento de Farmácia, Universidade Federal do Ceará, C. P. 3212, Fortaleza, CE, 60431-327, Brasil. parrais@ufc.br

Venho por meio desta parabenizar a Dra. Suely Rozen-feld pelo excelente artigo intitulado “Farmacovigilân-cia: elementos para a discussão e perspectivas” (Ca -dernos de Saúde Pública, Vol.14, pp. 237-263, 1998). Entretanto creio ser oportuno fazer algumas conside-rações relacionadas à Comissão criada pela SVS/MS que visava propor um “Sistema Nacional de Farma-coepidemiologia” (na realidade, propor um Sistema Nacional de Farmacovigilância), da qual fui membro ativo, já que um dos participantes da seção de deba-tes do artigo da citada autora, o Dr. Jorge Bermudez, levantou várias questões relacionadas a esta comis-são, como, por exemplo, se a comissão realmente foi estruturada, quem a integrava, suas respectivas re-presentatividades, quantas vezes se reuniu, se houve a elaboração de alguma proposta e se alguma ação foi implementada.

Como participante desta comissão, sinto-me no dever de informar ao prezado colega e aos leitores que a comissão era composta por representantes da SVS/MS, do Conselho Federal de Farmácia (integrado a partir da portaria da SVS/MS No.46 de 02/06/95), do Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Medica-mentos (GPUIM) do Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Ceará, da Sociedade Brasi-leira de Vigilância dos Medicamentos (Sobravime), do Centro de Controle de Intoxicações da Universi-dade Estadual de Campinas (Unicamp), da Associa-ção Médica Brasileira e representante da AssociaAssocia-ção Brasileira de Médicos Assessores da Indústria Farma-cêutica (Abimaif ). Pelo menos quatro dos integrantes da comissão tinham conhecimento sobre a área de farmacovigilância, inclusive tendo estes participado de reuniões e cursos promovidos sob auspícios da própria Organização Mundial da Saúde (OMS). É im-portante frisar que vários membros representavam segmentos da sociedade civil fora da esfera de in-fluência da Indústria Farmacêutica.

Após cinco exaustivas reuniões no eixo Brasília-São Paulo, a comissão elaborou um projeto intitulado “Proposta de um Sistema Nacional de Farmacovigi-lância”(MS, 1995) que foi apresentado em novembro

de 1995 em reunião na SVS/MS perante um grupo de observadores internacionais – o Dr. Sten Olsson do Programa Internacional de Farmacovigilância da OMS – Upssala/Suécia, o Dr. Guillermo Lombardo do Sistema de Farmacovigilância da Argentina e a Dra. Dolores Capellà do Sistema Espanhol de Farmacovi-gilância – e nacionais – representantes de grupos que trabalhavam na área de informação sobre Medica-mentos e Centros de Assistência Toxicológica – (Ar-rais, 1996). A proposta foi amplamente discutida e aprovada pelos presentes.

A proposta elaborada faria parte de um sistema maior, o Sistema Nacional de Registro de Reações Ad-versas (Sinarra), que integraria as áreas de medica-mentos, alimentos e agrotóxicos; idealizado pelo en-tão Secretário da Vigilância Sanitária, Dr. Elisaldo Carlini ( Jornal do Conselho Federal de Farmácia, 1995). Para coordenar melhor as atividades das três comissões a Dra Tânia Maria de Paula Lyra passou a integrar a equipe da SVS/MS e o Dr. Delsic Evangelis-ta Filho ficou responsável por elaborar o banco de dados que receberia as informações geradas pelo sis-tema.

Após a reunião de novembro, a comissão ficou 6 meses sem se reunir, apesar dos protestos manifesta-dos junto ao dirigente da SVS/MS. Neste ínterim cir-cularam notícias informais de que o secretário havia escolhido a Unicamp para sediar o Centro Nacional de Farmacovigilância. A maneira como foi realizada a escolha gerou insatisfação dos membros da comissão e foi motivo de editorial do boletim da Sobravime (Sobravime, 1996).

Esclarecidos os fatos, a comissão voltou a se reu-nir mais três vezes. Trabalhamos principalmente em cima de propostas normativas para o sistema: a que institucionalizaria o Sinarra (composição da coorde-nação nacional, funções da coordecoorde-nação nacional, do centro nacional do Sinarra e dos centros regio-nais); a que instituiria a coordenação do Sinarra, o Centro Nacional e os regionais; proposta do banco de dados e sistema de informática; proposta de modifi-cação da Portaria de nossa comissão; métodos para selecionar os centros que iriam participar da fase pi-loto etc.

A última vez que estivemos reunidos foi no dia 11/9/96. Desde então as informações com relação ao andamento do sistema foram conseguidas com difi-culdades e sempre chegavam por intermédio de ter-ceiros. Em contato mantido com a Dra. Tânia Lyra fi-camos sabendo que era intenção do Sr. Presidente da República que as portarias referentes ao Sinarra fos-sem assinadas em solenidade no Palácio da Repúbli-ca. Entretanto, ocorreu a saída do Ministro da Saúde, o Dr. Adib Jatene, e posteriormente a saída do Secre-tário da SVS/MS. Como conseqüência, todos os es-forços da comissão não lograram êxito.

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continuidade a implantação do sistema, a meu ver, recai única e exclusivamente sobre a SVS/MS e aos entraves políticos que foram responsáveis pela saída do Ministro e posteriormente do Secretário da Vigi-lância Sanitária.

Independentemente dos acontecimentos, em no-vembro de 1996 o Ceará deu início à implantação do seu Sistema Estadual de Farmacovigilância (Sobravi-me, 1997). Todo nosso trabalho tem como base o do-cumento elaborado pela comissão. O relato da expe-riência do primeiro ano de atividades do Centro de Farmacovigilância do Ceará (Ceface) foi descrito em artigo que está sendo apreciado por esta conceituada revista.

ARRAIS, P. S. D., 1996. Farmacovigilância: até que en-fim no Brasil. Saúde em Debate, 49/50: 80-82. JORNAL DO CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA,

1995. Os passos da farmacovigilância: secretário diz o que é e como será instalado o Sistema Na-cional de Farmacovigilância. Pharmacia Brasilei-ra. Jornal do Conselho Federal de Farmácia, nov. 1995, 5:6-8.

MS (Ministério da Saúde), 1995. Proposta de um Siste-ma Nacional de FarSiste-macovigilância. Brasília: Secre-taria de Vigilância Sanitária, Ministério da Saúde. SOBRAVIME, 1996. Farmacovigilância: qual o

cami-nho? Boletim da Sobravime, 20:1.

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