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EPIDEMIOLOGIA DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA EM GURUPI-TO

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25 a 28 de novembro de 2014 – Câmpus de Palmas

EPIDEMIOLOGIA DA LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA EM

GURUPI-TO

Sara dos Santos Almeida¹; Kelvinson Fernandes Viana²; Carla Lobo Gomes³

1Aluno do Curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia; Campus de Gurupi; e-mail:

saraalmeida08@gmail.com “PIBIC/UFT”

2

Orientador(a) do Curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia; Campus de Gurupi; e-mail: kelvinson@mail.uft.edu.br

³Aluno do Curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia; Campus de Gurupi; e-mail: carlinhaengbiotec@gmail.com

RESUMO

A leishmaniose visceral (LV) é uma protozoose grave causada pela Leishmania chagasi a partir da picada do vetor flebótomo, e potencialmente fatal. É endêmica em várias partes do mundo, sendo que, o número de casos tem aumentado vertiginosamente nas ultimas décadas. O principal reservatório urbano do parasito é o cão. Segundo o Ministério da Saúde, o estado do Tocantins está entre os três estados brasileiros de maior incidência da doença. A cidade de Gurupi não possui nenhum levantamento epidemiológico para a Leishmaniose Visceral Canina (LVC). Deste modo, o presente estudo teve como objetivo realizar o primeiro inquérito soroepidemiológico para LVC com a técnica ELISA na cidade de Gurupi, localizada no estado do Tocantins, norte do Brasil, entre setembro de 2013 e julho de 2014. Ao todo foram testadas 159 amostras de sangue, das quais 39 (24,52%) apresentaram positividade ao teste, indicando elevada prevalência de LVC em Gurupi.

Palavras-chave: Leishimaniose visceral canina; ELISA; Gurupi. INTRODUÇÃO

A leishmaniose visceral (LV) é uma doença infecciosa grave e potencialmente fatal se não tratada assim que os sintomas começam. Endêmica em várias áreas do globo, esta doença é uma zoonose causada por Leishmania (Leishmania) infantum, agora considerado como sinônimo de L. (L.) chagasi (MAURÍRIO et al., 1999, 2000;. DANTAS-TORRES et al., 2006), sendo transmitida por insetos hematófagos da subfamília flebotominae. Os cães são considerados o principal reservatório interno, e o parasitismo de pele em cães têm sido associados com a transmissão do parasita para humanos (DEANE, 1961; DE QUEIROZ et al., 2011).

Atualmente, cerca de 12 milhões de pessoas adquirem leishmaniose em diferentes regiões do globo (WHO, 2011). Cerca de 70% de todos os casos de VL ocorrem na América do Sul, onde a extensão geográfica da doença é significativa (MINISTÉRIO DA

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SAÚDE, 2011). No Brasil, a incidência de VL é alta, com uma média de dois casos por 100.000 habitantes por ano.

Recentemente, para melhorar a precisão no diagnóstico da LVC no Brasil, o Programa de Vigilância da Leishmaniose Visceral e Controle (VLCSP) recomendou a rápida compreendendo o teste imunocromatográfico rK26 e antígenos recombinantes rK39, a Plataforma Dual-Path (DPP; Bio-Manguinhos / Fiocruz, Rio de Janeiro, Brasil), para a triagem de cães L. chagasi infectados e ELISA para confirmar os resultados positivos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

De acordo com o relatório do Ministério da Saúde, em 2009, foram registrados 428 casos de leishmaniose visceral no estado de Tocantins, correspondendo ao terceiro estado com maior registro de casos no país (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Neste sentido, de 2007 a 2010 foi realizado um levantamento epidemiológico em Araguaína, revelando que, neste período 769 casos foram confirmados, sendo que, 98,7 foram de casos novos (PARTATA, 2010). Tendo em vista o exposto, o presente estudo teve como objetivo realizar o primeiro inquérito soroepidemiológico para LVC com ELISA na cidade de Gurupi, localizada no estado do Tocantins, norte do Brasil, entre 2013 e 2014.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo consiste em um estudo transversal realizado em Gurupi (latitude 11º 43 '45 "S, longitude 49 ° 04' 07''W, altitude 287 m), município localizado no sudoeste do Tocantins, Brasil.

Foram coletadas amostras de sangue de 159 cães da cidade de Gurupi, entre setembro de 2013 e junho 2014. O estado clínico de cada cão foi avaliado e definido de acordo com os seguintes critérios: cães com dois ou mais óbvios sinais clínicos de leishmaniose foram considerados como sintomáticos (MANCIANTI et al., 1988). Os cães nos quais não foi observado sinais ou que apresentaram apenas um sinal foram concebidos como oligossintomáticos e assintomáticos.

De cada amostra foi retirado o soro para a realização do teste sorológico ELISA (Kit leishmaniose canina EIE, Brasil) seguindo o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde do Brasil e as recomendações do fabricante. Em todos os protocolos, o teste foi realizado sequencialmente.

A análise estatística foi realizada utilizando o suporte instrumental do software GraphPad Prism 5.0 (Prism Software, Irvine, CA, EUA). Os dados foram considerados estatisticamente significativos quando o valor de p <0,05.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das 159 amostras de soro avaliadas 39 (24,62%) foram positivos por ELISA. Neste contexto, entre os 39 animais positivos no ELISA, 31 (79,48%) (0,27 ± 0,07) foram classificados como assintomáticos e 8 (20,51%) (0,46 ± 0,04) como sintomáticos (p = 0,0004). A perda de peso, a dermatite, a perda de cabelo, úlceras da pele, conjuntivite, e onicogrifose foram os sinais clínicos mais frequentemente observados, de acordo com a fig. 1.

Figura 1 - Diagnóstico sorológico utilizando metodologia ELISA no soro de cães. A esquerda (A), e à direita (B) estão os gráficos que mostram a densidade óptica das amostras (eixo y), em relação aos níveis de anticorpos IgG encontrados a partir de soro de cães (diluição de soro de 1:40). O gráfico da esquerda (A) ilustra o controlo positivo do eixo x (CP), o controle negativo (CN), e as amostras positivas (AP). No gráfico à direita (B) o eixo-x mostra o estado clínico dos animais (assintomáticos e sintomáticos). Os asteriscos indicam diferenças estatísticas (p ≤ 0,05).

Os resultados deste estudo confirmaram que uma quantidade significativa de cães, na área de Gurupi apresentam anticorpos IgG anti-Leishmania detectáveis. A LV é uma doença selvagem das zonas rurais, mas sua epidemiologia mudou ao longo do tempo para se tornar uma das principais zoonoses urbanas e peri-urbanas, devido à existência de condições epidemiológicas favoráveis, como o crescimento das favelas nos centros urbanos, a presença do animal de estimação, aumento da densidade do vetor, juntamente com os desequilíbrios causados pelo desmatamento (READY, de 2008). Além disso, a prevalência foi alta em comparação com dados de outras regiões do país como, por exemplo, em Belo Horizonte (MG), onde a prevalência foi avaliada como sendo de 15,9% (COURA-VITAL, 2011). Em áreas urbanas do estado de Pernambuco, a soroprevalência de animais positivos encontrada foi de 40,3% (DANTAS e TORRES et al., 2006). No entanto, os resultados encontrados neste estudo estão em linha com a média do Brasil, variando de 5,9-51,35% (FRANÇA-SILVA et al., 2003; MONTEIRO et al., 2005, MORAIS et al., 2013). Os cães são considerados o principal reservatório da doença para os seres humanos. Esta descoberta destaca a importância da LVC em Gurupi, devido à alta prevalência regional dos cães soropositivos para L. chagasi.

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Além disso, é importante notar que apenas em 2010, no estado de Tocantins, 736 casos de leishmaniose visceral (LV) humano foram relatados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011).

O protocolo proposto para o diagnóstico da LVC (ELISA) por VLCSP aplicado em série está de acordo, não havendo diferença estatística entre o número de animais positivos para o teste.

Curiosamente, em relação aos dados de animais assintomáticos e sintomáticos foi observada diferença estatística entre a média de absorbância obtida em ELISA. Animais sintomáticos apresentaram valores superiores aos assintomáticos. Segundo Coura-Vital et al. (2011), cães de área endêmica naturalmente infectados por L. infantum podem ser classificados entre assintomáticos I (cães ELISA negativos e PCR positivos) e assintomáticos II (cães positivos em ambos os testes). No entanto, esses autores não encontraram diferenças estatísticas entre os dois estados clínicos de medidas de IgG total. Levando em conta esta classificação Coura-Vital et al. (2011), embora, no presente estudo não terem sido feitos testes para PCR, os animais positivos e assintomáticos podem cair como assintomáticos II (AD-II). Estes animais tendem a exibir um fenótipo de sensibilidade à curso da doença imunopatológica. Em geral, os resultados indicam uma alta taxa de LVC nesta região do Brasil.

LITERATURA CITADA

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COURA-VITAL, W., MARQUES, M.J., GIUNCHETTI, R.C., TEIXEIRA-CARVALHO, A., MOREIRA, N.D., VITORIANO-SOUZA, J., VIEIRA, P.M., CARNEIRO, C.M., CORRÊA-OLIVEIRA, R. MARTINS-FILHO, O.A., CARNEIRO, M., REIS, A.B., 2011. Humoral and cellular immune responses in dogs with inapparent natural Leishmania infantum infection, Vet. J, 190; 43-47.

COURA-VITAL, W., MARQUES, M.J., VELOSO, V.M., ROATT, B.M., AGUIAR-SOARES, R.D., REIS, L.E.S., BRAGA, S.L., MORAIS, M.H.F., REIS, A.B., CARNEIRO, M., 2011. Prevalence and factors associated with Leishmania infantum infection of dogs from an urban area of Brazil as identified by molecular methods. PLoS Negl Trop Dis 5: e1291.

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PARTATA, A. K. Epidemiologia da Leishmaniose Visceral Humana em Araguaína (TO) e Diagnóstico Sorológico da Doença. Tese de Doutorado. Universidade Federal de São Paulo, São Paulo. 2010.

AGRADECIMENTOS

“O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT”

Gostaria de agradecer a Universidade Federal do Tocantins pela bolsa concedida, ao professor orientador por acreditar e apostar no meu potencial, a minha colega de pesquisa Carla pelo auxílio e cooperação durante a realização do estudo e a todos os demais membros do grupo de pesquisa Grupo de Estudo e Pesquisa para a Saúde Animal – GEPSA.

Referências

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