Universidade de Trás‐os‐Montes e Alto Douro Mestrado Integrado em Medicina Veterinária COMPETÊNCIAS DE PRIMEIRO DIA ‐ “DAY‐ONE SKILLS” Introdução A qualidade do ensino médico‐veterinário é alcançada através da ação concertada de uma série de passos durante a aprendizagem pelos alunos. Frequentemente, a qualidade da aprendizagem (e, indiretamente, do ensino) traduz‐se no conceito da competência do graduado, ou seja, se este está suficientemente qualificado para efetuar as funções associadas com o grau concedido pela instituição de ensino. Este conceito encontra‐se vertido na Diretiva 2005/36/EC, ao estabelecer os requisitos para o conhecimento e competências na preparação do Medico Veterinário (Annex V: Veterinary surgeon, 5.4.2.)”. A Diretiva também clarifica que o estabelecimento de ensino deve assegurar a aquisição desses conhecimentos e competências (Article 38, point 3). As competências básicas e essenciais encontram‐se subdivididas em três áreas principais: A. Atributos e aptidões profissionais gerais B. Conhecimentos e Compreensão C. Competências Práticas (competências práticas básicas na altura da graduação e após um período de treino profissional prático adicional). A. Atributos e Competências Profissionais Gerais O Médico Veterinário recém‐formado deverá:
A.1 Conhecer os regulamentos éticos e deontológicos da atividade médico‐veterinária em vigor no país e na União Europeia e atuar em conformidade com as responsabilidades legais e profissionais.
A.2 Compreender as obrigações éticas do Medico Veterinário em relação aos clientes e seus animais, à comunidade em geral e ao impacto das suas atividades no meio ambiente e na sociedade.
A.3 Usar as suas competências profissionais, contribuindo para o progresso do conhecimento médico‐veterinário, no sentido de melhorar a qualidade dos serviços à comunidade, o bem‐ estar animal e a proteção da Saúde Pública.
ambiente que o rodeia.
A.5 Conhecer as instituições, organismos oficiais e outros que regulamentam ou tutelam atividades relacionadas com os serviços veterinários em Portugal, na União Europeia e no mundo.
A.6 Deter o conhecimento básico da organização e gestão dos serviços veterinários, nomeadamente:
a) Conhecer na qualidade de empregado ou empregador a legislação de higiene e segurança no trabalho e de responsabilidade civil;
b) Conhecer os preceitos legais e as boas práticas que orientam a elaboração de registos clínicos e de registos relativos ao uso de medicamentos veterinários; c) Conhecer os mecanismos de cálculo de preços de serviços e de sistemas de faturação, assim como das boas práticas de manutenção de registos, incluindo ficheiros clínicos, registos de produção e faturação, em suporte papel e informático. d) Utilizar de forma eficaz as tecnologias de informação para comunicar, partilhar, recolher e analisar informação. A.7 Comunicar de forma eficaz com os clientes, o público em geral, colegas profissionais e autoridades responsáveis, utilizando uma linguagem apropriada à audiência e ao contexto. A.8 Saber documentar na área para a qual está habilitado, preparar relatórios e manter registos, de forma rigorosa e compreensível para os colegas e público.
A.9 Compreender a necessidade e obrigatoriedade de atualização de conhecimentos e de aperfeiçoamento profissional ao longo da vida.
A.10 Desenvolver capacidades de auto‐avaliação e adaptação à avaliação pelos seus pares, reconhecendo as situações em que deve recorrer a aconselhamento, assistência e apoio profissional. A.11 Trabalhar de forma eficiente como membro de equipas multidisciplinares. A.12 Ser capaz de lidar com a incerteza e de se adaptar à mudança. A.13 Estar ciente do ambiente socio‐económico e emocional em que exerce a sua atividade, respondendo de forma adequada à influência destas pressões. B. Conhecimentos e Compreensão
O Médico Veterinário recém‐formado deverá ter adquirido um conhecimento profundo e compreensão do seguinte:
B.2 Os métodos de investigação e a contribuição da investigação básica e aplicada às ciências veterinárias.
B.3 As formas de recolha de informação, tratamento de dados e sua interpretação. B.4 A estrutura e função dos animais saudáveis, assim como a sua produção e maneio. B.5…6 A legislação respeitante ao bem‐estar animal.
B.6…5 A etiologia, patogenia, sinais clínicos, diagnóstico e tratamento das doenças mais comuns que afectam os animais domésticos.
B.7 A legislação respeitante ao uso responsável de fármacos.
B.8 Os princípios de prevenção de doenças e de promoção da saúde e bem‐estar animal. B.9 Os aspetos de saúde pública veterinária, incluindo as zoonoses.
B.10 A legislação respeitante à sanidade animal, designadamente doenças de declaração obrigatória. B.11 As bases metodológicas de transformação dos géneros alimentícios de origem animal. B.12 As metodologias de avaliação dos géneros alimentícios de origem animal e deteção de fraudes. B.13 A legislação nacional e comunitária sobre as medidas veterinárias relacionadas com a prevenção e controlo dos riscos de origem alimentar para a saúde humana. B.14 Atividades de inspeção sanitária no abate de ungulados domésticos, aves de capoeira, lagomorfos e caça, bem como as respectivas decisões a aplicar.
B.15 As questões ambientais relacionadas com a actividade médico‐veterinária, incluindo gestão e o tratamento de resíduos líquidos e sólidos. C. Competências Práticas O Médico Veterinário recém‐formado deverá ser capaz de: C.1 Obter uma história completa e detalhada do animal ou do grupo de animais, assim como do maneio e do ambiente. C.2 Aplicar as técnicas de manipulação e contenção animal de forma humana e segura, tendo a capacidade para instruir outros nestas técnicas. C.3 Executar um exame físico completo do animal. C.4 Em situações de urgência, executar procedimentos de primeiros socorros e suporte básico de vida, incluindo controlo de hemorragias, ferimentos, dificuldades respiratórias, lesões oculares e auriculares, inconsciência, deterioração das condições clínicas, queimaduras, lesão de tecidos e órgãos internos e paragem cardio‐respiratória em todas as espécies animais.
C.5 Avaliar correctamente o estado nutricional de um animal e ser capaz de aconselhar o cliente sobre as práticas de maneio adequadas para a espécie. C.6 Selecionar os métodos complementares de diagnóstico mais indicados para o conjunto de diagnósticos diferenciais considerados, de acordo com a sua utilidade, custo e benefício, capaz de se adaptar à situação clínica do animal, assim como às condições económicas e emocionais dos respetivos clientes. C.7 Utilizar o equipamento técnico de exames complementares (radiologia, ultrassonografia e outros) com segurança e de acordo com a legislação em vigor.
C.8 Efetuar a recolha, preservação e transporte de amostras, executar procedimentos laboratoriais de rotina e interpretar os resultados dos métodos complementares de diagnóstico mais utilizados na prática clínica.
C.9 Seguir os procedimentos corretos após o diagnóstico de doenças infeciosas, doenças de declaração obrigatória e zoonoses.
C.10 Conhecer e aceder às bases de dados sobre fármacos licenciados, prescrever e administrar fármacos de forma correta e responsável, de acordo com as normas e legislação em vigor, e assegurar o seu armazenamento e eliminação de acordo com as normas aplicáveis. C.11 Aplicar corretamente os princípios de limpeza e desinfeção de infra‐estruturas, esterilização de equipamento e utensílios cirúrgicos e assepsia.
C.12 Aplicar corretamente e de forma segura as técnicas de sedação, anestesia geral, regional e local; saber avaliar e controlar a dor.
C.13 Aconselhar e administrar um tratamento apropriado.
C.14 Executar, de forma correcta e segura, os procedimentos cirúrgicos mais comuns nos animais domésticos. C.15 Implementar registos de saúde e bem‐estar animal, bem como registos de produção, quando aplicável. C.16 Planear, implementar, executar e avaliar programas de Medicina Veterinária preventiva e de biossegurança adequados às espécies animais domésticas mais frequentes, de acordo com os padrões aceites de produção animal, saúde, bem‐estar e proteção da saúde pública e do ambiente.
C.17 Minimizar os riscos de contaminação, infecção cruzada e acumulação de agentes patogénicos nos locais de atendimento médico‐veterinário e no campo.
C.18 Identificar as situações em que a eutanásia é necessária e executá‐la de forma humana, utilizando os métodos apropriados, mostrando sensibilidade para com os sentimentos dos
clientes e considerando os aspectos de segurança, condições de execução e condicionantes envolvidas; aconselhar em relação à eliminação do cadáver.
C.19 Executar uma necrópsia, elaborando o respetivo relatório, colher amostras de forma apropriada aos fins a que se destinam, armazená‐las e transportá‐las de acordo com o seu grau de risco para a saúde pública.
C.20 Promover o correto processamento dos cadáveres de animais e de resíduos biológicos, de acordo com a legislação ambiental em vigor.
C.21 Garantir o cumprimento dos requisitos higiénicos das instalações, equipamento e utensílios e do pessoal, a correta execução das operações de abate e implementar as medidas necessárias à proteção da saúde dos intervenientes. C.22 Executar o conjunto de ações de inspeção ante e post mortem de ungulados domésticos, aves de capoeira, lagomorfos e caça e identificar corretamente as condições que afetam a qualidade e segurança dos produtos de origem animal. C.23 Verificar e interpretar as informações relativas à cadeia alimentar, considerando‐as no momento da realização do exame ante e post mortem. C.24 Valorizar a necessidade e utilidade da comunicação dos resultados das inspecções aos diferentes operadores e entidades oficiais. C.25 Executar os planos oficiais de vigilância passiva e activa para controle e erradicação de doenças enzoóticas e epizoóticas. C.26 Garantir a correta separação e eliminação dos subprodutos. C.27 Aplicar metodologias de garantia da qualidade, em particular a de análise de perigos e pontos críticos. C.28 Conhecer e aplicar os fundamentos de tecnologia alimentar: processos gerais de fabrico e suas operações unitárias. C.29 Planificar e realizar auditorias a empresas do sector alimentar, em função do seu tipo e capacidades assim como do risco estimado para a saúde pública e animal, verificando o cumprimentos dos requisitos legais e sabendo elaborar relatórios de auditoria que incluam medidas corretivas.
C.30 Determinar a realização de ensaios laboratoriais suplementares durante ações de inspeção e fiscalização, quando estes forem necessários.