Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 814.054 - ES (2015/0294333-3)
RELATORA
: MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
AGRAVANTE
: PATRICK ROSENDO DA SILVA
ADVOGADO
: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
AGRAVADO
: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
EMENTA
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO
EM RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO ART. 617
DO CPP. (I) - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS
211/STJ,
282/STF
E
356/STF.
(II)
-
RAZÕES
RECURSAIS
DISSOCIADAS DO ACÓRDÃO RECORRIDO. FUNDAMENTAÇÃO
DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. AFRONTA AOS ARTS. 59 E 68,
AMBOS DO CP, E 381, III, DO CPP. DOSIMETRIA. PENA-BASE
ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
DESFAVORÁVEIS. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE. REEXAME
FÁTICO E PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 07/STJ.
VILIPÊNDIO
AO
ART.
5º,
XLVI,
DA
CF.
MATÉRIA
CONSTITUCIONAL. NÃO CABIMENTO. AGRAVO REGIMENTAL A
QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. É assente na Corte o entendimento no sentido de que é condição sine qua
non ao conhecimento do especial que tenham sido ventilados, no contexto
do acórdão objurgado, as normas jurídicas indicadas como malferidas na
formulação
recursal,
emitindo-se,
sobre
elas,
juízo
de
valor,
interpretando-se-lhes o sentido e a compreensão. Incidência dos enunciados
211/STJ, 282/STF, e 356/STF.
2. Estando a fundamentação do acórdão recorrido dissociada das razões
recursais a ele relacionadas, resta impossibilitada a compreensão da
controvérsia arguida nos autos, ante a deficiência na fundamentação
recursal. Incidência do enunciado nº 284 da Súmula do Supremo Tribunal
Federal.
3. É assente que cabe ao aplicador da lei, em instância ordinária, fazer um
cotejo fático probatório a fim de analisar a adequada pena-base a ser
aplicada ao réu, porquanto é vedado, na via eleita, o reexame de provas,
conforme disciplina o enunciado 7 da Súmula desta Corte.
4. A análise de matéria constitucional não é de competência desta Corte,
mas sim do Supremo Tribunal Federal, por expressa determinação da
Constituição Federal. 5. Agravo regimental a que
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da SEXTA Turma do Superior Tribunal de Justiça: A Sexta Turma,
por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra.
Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz, Nefi
Cordeiro e Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP) votaram com a Sra.
Superior Tribunal de Justiça
Ministra Relatora.
Brasília, 17 de dezembro de 2015(Data do Julgamento)
Ministra Maria Thereza de Assis Moura
Relatora
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 814.054 - ES (2015/0294333-3)
RELATORA
: MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA
AGRAVANTE
: PATRICK ROSENDO DA SILVA
ADVOGADO
: DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
AGRAVADO
: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
RELATÓRIO
MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora):
Trata-se de agravo regimental interposto por PATRICK ROSENDO DA
SILVA, contra decisão monocrática, de minha lavra, que negou provimento ao agravo em
recurso especial. Confira-se a ementa do julgado:
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO ART. 617 DO CPP. (I) - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 211/STJ, 282/STF E 356/STF. (II) - RAZÕES RECURSAIS DISSOCIADAS DO ACÓRDÃO RECORRIDO. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. AFRONTA AOS ARTS. 59 E 68, AMBOS DO CP, E 381, III, DO CPP. DOSIMETRIA. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE. REEXAME FÁTICO E PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 07/STJ. VILIPÊNDIO AO ART. 5º, XLVI, DA CF. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. NÃO CABIMENTO. AGRAVO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (fls. 411/418)
Sustenta o agravante, às fls. 427/434, que não haveria falar em ausência de
prequestionamento, tendo em vista que, no seu entender, "a situação aqui julgada
dispensaria o prequestionamento", porquanto a violação teria se dado perante o próprio
Tribunal de origem.
Além do mais, assenta que se "constata da leitura do recurso especial um
satisfatório enfrentamento da questão de direito provocada", razão pela qual, ao seu ver,
"não há se falar em deficiência na fundamentação a ponto de não permitir a exata
compreensão da controvérsia e, com isso, em aplicação da Súmula 284 do STF".
Lado outro, quanto à incidência do enunciado 7 da Súmula deste Tribunal,
assevera que "não se trata de tentativa de revolver prova, mas sim de clara impugnação a
quaestio juris", sendo passível de análise em sede de recurso especial a matéria
questionada.
Por fim, aduz que "o especial não apontou uma violação direta ao texto
constitucional, mas sim indireta e reflexa, apenas fortalecendo a linha argumentativa",
sendo que, "tanto é verdade que não foi interposto qualquer apelo extremo pela Defensoria
Superior Tribunal de Justiça
Pública".
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 814.054 - ES (2015/0294333-3)
EMENTA
PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO
EM RECURSO ESPECIAL. NEGATIVA DE VIGÊNCIA AO ART. 617
DO CPP. (I) - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS
211/STJ,
282/STF
E
356/STF.
(II)
-
RAZÕES
RECURSAIS
DISSOCIADAS DO ACÓRDÃO RECORRIDO. FUNDAMENTAÇÃO
DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. AFRONTA AOS ARTS. 59 E 68,
AMBOS DO CP, E 381, III, DO CPP. DOSIMETRIA. PENA-BASE
ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
DESFAVORÁVEIS. INEXISTÊNCIA DE ILEGALIDADE. REEXAME
FÁTICO E PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 07/STJ.
VILIPÊNDIO
AO
ART.
5º,
XLVI,
DA
CF.
MATÉRIA
CONSTITUCIONAL. NÃO CABIMENTO. AGRAVO REGIMENTAL A
QUE SE NEGA PROVIMENTO.
1. É assente na Corte o entendimento no sentido de que é condição sine qua
non ao conhecimento do especial que tenham sido ventilados, no contexto
do acórdão objurgado, as normas jurídicas indicadas como malferidas na
formulação
recursal,
emitindo-se,
sobre
elas,
juízo
de
valor,
interpretando-se-lhes o sentido e a compreensão. Incidência dos enunciados
211/STJ, 282/STF, e 356/STF.
2. Estando a fundamentação do acórdão recorrido dissociada das razões
recursais a ele relacionadas, resta impossibilitada a compreensão da
controvérsia arguida nos autos, ante a deficiência na fundamentação
recursal. Incidência do enunciado nº 284 da Súmula do Supremo Tribunal
Federal.
3. É assente que cabe ao aplicador da lei, em instância ordinária, fazer um
cotejo fático probatório a fim de analisar a adequada pena-base a ser
aplicada ao réu, porquanto é vedado, na via eleita, o reexame de provas,
conforme disciplina o enunciado 7 da Súmula desta Corte.
4. A análise de matéria constitucional não é de competência desta Corte,
mas sim do Supremo Tribunal Federal, por expressa determinação da
Constituição Federal. 5. Agravo regimental a que
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
VOTO
MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora):
A insurgência não merece prosperar.
Com efeito, nos termos do explanado na decisão agravada, no que tange à
alegada afronta ao artigo 617 do Código de Processo Penal, ora tido por violado,
constata-se que este dispositivo legal não teve seu conteúdo normativo apreciado pelo
Tribunal de origem, não podendo, portanto, ser apreciada por esta Corte Superior a
Superior Tribunal de Justiça
mencionada contrariedade.
Assim, tem-se que perquirir nessa via estreita sobre violação da referida
norma, sem que se tenha explicitado a tese jurídica de que ora se controverte, seria frustrar
a exigência constitucional do prequestionamento, pressuposto inafastável que objetiva
evitar a supressão de instância.
Ao ensejo, confira-se o teor do enunciado 282 da Súmula do STF: "É
inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão recorrida, a
questão federal suscitada". No mesmo sentido, os enunciados 211 da Súmula do STJ e 356
da Súmula do STF.
É assente na Corte o entendimento no sentido de que é condição sine qua
non ao conhecimento do especial que tenham sido ventilados, no contexto do acórdão
objurgado, os dispositivos legais indicados como malferidos na formulação recursal,
emitindo-se, sobre cada um deles, juízo de valor, interpretando-se-lhes o sentido e a
compreensão.
Mesmo se tratando de nulidades absolutas e condições da ação, é
imprescindível o prequestionamento, pois este é exigência indispensável ao conhecimento
do recurso especial, fora do qual não se pode reconhecer sequer matéria de ordem pública,
passível de conhecimento de ofício nas instâncias ordinárias. Confiram-se, nesse sentido,
os precedentes da Corte:
"PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. PREQUESTIONAMENTO. NECESSIDADE. SEQUESTRO DE BENS DE TESTEMUNHA. MANDADO DE SEGURANÇA. CABIMENTO. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, 'mesmo que se trate de questão de ordem pública, é imprescindível que a matéria tenha sido decidida no v. acórdão impugnado, para que se configure o prequestionamento' (REsp 1.020.855/RS, Rel. Min. FELIX FISCHER, DJ 2/2/09). 2. (...)". (AgRg no REsp 932.367/MG, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, DJe 13/10/2009).
"PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. INÉPCIA DA DENÚNCIA. INOCORRÊNCIA. DOSIMETRIA DA PENA. I - A matéria debatida no apelo raro deve ter sido objeto de discussão no acórdão atacado. Inocorrente esta circunstância, desmerece ser conhecida a súplica por faltar-lhe o requisito do prequestionamento. Ademais, surgindo a questão somente no julgamento do apelo, é indispensável que a parte utilize os embargos de declaração para que o Tribunal, então, sobre ela se manifeste (Precedentes). II – (...)". (AgRg no Ag 1122322/SC, Rel. Min. FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, DJe 16/11/2009).
"PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRISÃO EM FLAGRANTE. DEPÓSITO E GUARDA DE 26,5 GRAMAS DE COCAÍNA E DE 42,7 GRAMAS DE MACONHA.
Superior Tribunal de Justiça
ARTIGO 12 DA LEI Nº 6.368/76. NEGATIVA DE AUTORIA. MATÉRIA PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ. VIOLAÇÃO À LEI FEDERAL NÃO PREQUESTIONADA. SUMULAS 282 E 356/STF. 1. A absolvição do réu demandaria o revolvimento de matéria fático probatória, a atrair a Súmula 7/STJ. 2. Ante a ausência de prequestionamento da matéria federal tida por violada pelo acórdão recorrido, inafastável a incidência das Súmulas 282 e 356/STF. 3. Agravo regimental a que se nega provimento". (AgRg no Ag 1019194/RJ, Rel. Min. OG FERNANDES, SEXTA TURMA, DJe 22/06/2009).
Ademais, ainda no que toca ao apontado malferimento ao artigo 617 do
Código de Processo Penal, assim como constante na decisão objurgada, verifica-se que o
artigo tido como afrontado trata da proibição de agravar a pena do condenado quando
somente a defesa houver recorrido.
Entretanto, no caso presente a pena do réu não foi agravada pelo Tribunal,
tendo sido mantida no mesmo patamar fixado em primeiro grau de jurisdição.
Assim, observa-se que o dispositivo de lei indicado como violado possui
comando legal dissociado das razões recursais a ele relacionadas, o que impossibilita a
compreensão da controvérsia arguida nos autos, ante a deficiência na fundamentação
recursal. Dessarte, incide, in casu, o enunciado 284 da Súmula do STF, verbis : "é
inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não
permitir a exata compreensão da controvérsia". Nesse sentido:
"PROCESSO CIVIL - RECURSO ESPECIAL - EMBARGOS À EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL - AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO - SÚMULA 356/STF - FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE - APLICAÇÃO DA SÚMULA 284/STF - OFENSA AO ART. 150 DA CARTA MAGNA - MATÉRIA AFETA AO STF - IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE - MATÉRIA QUE TRANSBORDA AOS LIMITES DA LIDE. 1 - (...). 2 - Não havendo sido particularizada a violação quanto ao art. 741, do Estatuto Processual Civil, ou seja, qual dos seus incisos, não se conhece do recurso especial, neste aspecto, porquanto deficiente a fundamentação. 3 - (...). 4 - (...). 5 - Recurso conhecido, nos termos acima expostos, porém, desprovido". (REsp 567.085/PR, Rel. Min. JORGE SCARTEZZINI, QUINTA TURMA, DJ 02/08/2004).
"PENAL E PROCESSO PENAL. POLICIAL MILITAR. RECURSO ESPECIAL. ALEGAÇÃO GENÉRICA DE VIOLAÇÃO A DISPOSITIVOS DO CPP. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ESPECÍFICA. SÚMULA 284/STF. DISSENSO PRETORIANO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO. AGRAVANTE DO ART. 70, II, "G" DO CP MILITAR. INCIDÊNCIA. REEXAME DE PROVAS. SUMULA N. 07/STJ. 1 - Considera-se deficiente a fundamentação do recurso especial, nos termos da Súmula 284 do STF, que se limita a fazer alegação genérica de violação à lei, sem indicar, precisamente, quais os dispositivos legais malferidos pelo acórdão impugnado. 2 - (...). 3 - (...). 4 - (...). 5 - (...) 6 - Recurso especial não conhecido". (REsp 284.080/MS, Rel. Ministro
Superior Tribunal de Justiça
VICENTE LEAL, SEXTA TURMA, DJ 05/08/2002).
"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENAL. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284 DO STF. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. AGRAVO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. Agravante deve apontar precisamente o dispositivo de lei tido como violado e expor os motivos jurídicos para tanto. A não realização deste ônus importa em deficiência de fundamentação da insurgência especial, impossibilitando a sua cognição. Incidência do Enunciado 284 da Súmula do Supremo Tribunal Federal. (...). 3. Agravo regimental não provido". (AgRg no Ag 678.168/MA, Rel. Min. HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA TURMA, DJ 26/6/2006).
"AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. INTERPOSIÇÃO PELA ALÍNEA "C". AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. (...). II - Há deficiência na fundamentação expendida nas razões recursais, uma vez que o recorrente não indicou, de forma inequívoca, os motivos pelos quais considerou malferido o dispositivo de lei indicado. Diante disso, observa-se que o recurso encontrou óbice no enunciado 284 da Súmula do c. STF. Agravo regimental desprovido". (AgRg no REsp 838.401/DF, Rel. Min. FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, DJ 25/9/2006).
Lado outro, nos moldes do ressaltado no decisum recorrido, quanto à
alegada violação aos artigos 59 e 68, ambos do Código Penal e 381, inciso III, do Código
de Processo Penal, da atenta leitura do acórdão ora combatido, verifica-se a inexistência
de ilegalidade manifesta na fixação da pena-base, não prosperando a alegação de que
sua majoração além do mínimo legal restou fixada sem a adequada fundamentação.
Além disso, em estando efetivamente fundamentada a decisão, não pode
esta Corte Superior proceder à alteração da dosimetria, seja para majorá-la, seja para
reduzi-la, sem revolver o acervo fático-probatório dos autos.
É assente que cabe ao aplicador da lei, em instância ordinária, fazer um
cotejo fático e probatório a fim de analisar a adequada pena-base a ser aplicada ao réu.
Nesse contexto, verifica-se não possuir esta senda eleita espaço para a análise da matéria
suscitada pelo recorrente, cuja missão pacificadora restara exaurida pela instância
ordinária.
De fato, para se chegar a conclusão diversa da que chegou o Tribunal de
origem, seria inevitável o revolvimento do arcabouço carreado aos autos, procedimento
sabidamente inviável na instância especial. Não se mostra plausível nova análise do
contexto probatório por parte desta Corte Superior, a qual não pode ser considerada uma
terceira instância recursal.
No mais, referida vedação encontra respaldo no enunciado nº 7 da Súmula
desta Corte, verbis : "A pretensão de simples reexame de prova não enseja Recurso
Especial". Confiram-se, nesse sentido, os precedentes da Corte:
Superior Tribunal de Justiça
"AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. FALSIDADE IDEOLÓGICA. EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE DEVIDAMENTE JUSTIFICADA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS (CULPABILIDADE, CONDUTA SOCIAL, PERSONALIDADE DO AGENTE E CONSEQÜÊNCIAS DO CRIME). ALEGAÇÃO DE INVERDADE DOS MOTIVOS APRESENTADOS PELO MAGISTRADO PARA EFETUAR O AUMENTO DA PENA-BASE. DISCUSSÃO QUE IMPORTA REEXAME DOS FATOS E PROVAS DA CAUSA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 7/STJ. NULIDADES RELATIVAS. PREJUÍZO NÃO CONFIGURADO. DISSÍDIO NÃO COMPROVADO. AGRAVO DESPROVIDO. 1. (...). 2. O acolhimento das alegações deduzidas no Apelo Nobre, quanto à veracidade dos motivos apresentados pelo Magistrado para justificar o aumento da pena-base, ensejaria, inevitavelmente, a incursão no acervo fático-probatório da causa, o que encontra óbice na Súmula 7 do STJ, segundo a qual a pretensão de simples reexame de prova não enseja Recurso Especial. 3. (...). 4. (...). 5. (...). 6. Agravo Regimental desprovido". (AgRg no Ag 1141127/RJ, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, DJe 30/11/2009).
"PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. REEXAME DE PROVA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. DEFICIÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. SÚMULA 284 DO STF. A pretensão de reformar a dosimetria da pena, exacerbada em face de circunstâncias judiciais afirmadas desfavoráveis, implica, necessariamente, o reexame do conjunto fático-probatório, o que não se coaduna com a via eleita, consoante a Súmula n.º 7 do STJ. (...). Agravo regimental a que se nega provimento". (AgRg no Ag 818.093/RJ, Rel. MIN. CARLOS FERNANDO MATHIAS (JUIZ CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEXTA TURMA, DJ 17/09/2007).
"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL PENAL. FALSIDADE IDEOLÓGICA. VIOLAÇÃO AO ART. 59 E 68 DO CÓDIGO PENAL. DOSIMETRIA DA PENA. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N.º 7 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. SUBSTITUIÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE PELAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE E PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA. PENA DE MULTA. CUMULAÇÃO. LEGALIDADE. PRECEDENTES. DECISÃO MANTIDA PELOS SEUS FUNDAMENTOS. 1. (...). 2. A instância ordinária, soberana em matéria de prova, examinando as circunstâncias judiciais do caso concreto, considerou desfavoráveis a culpabilidade do réu e as conseqüências do crime, razão pela qual, fundamentadamente, fixou a pena-base um pouco acima do mínimo legal. 3. Em sendo assim, não cabe a esta Egrégia Corte o reexame da individualização da pena, haja vista a necessidade de análise acurada dos elementos dos autos em confronto com as diretrizes dos dispositivos legais mencionados. Incidência da Súmula n.º 07 do Superior Tribunal de Justiça. 4. (...). Precedentes desta Corte. 5. Agravo regimental desprovido". (AgRg no Ag 716.894/PR, Rel. Min. LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, DJ 30/10/2006).
Superior Tribunal de Justiça
"AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. REEXAME FÁTICO. SÚMULA 7 DO STJ. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO STF. AGRAVO REGIMENTAL CONHECIDO MAS IMPROVIDO. 1. Analisar novamente as circunstâncias judiciais do art 59 do Código Penal e também a violação do art. 180 do CP, implicaria em reexame de provas, ferindo, assim, o enunciado da Súmula nº 07. 2. (...). 3. Agravo regimental conhecido mas improvido". (AgRg no Ag 513.706/RJ, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA TURMA, DJ 05/09/2005).
"PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. REEXAME DE PROVA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO CONFIGURADO. (...). A pretensão de reformar a dosimetria da pena, exacerbada em face de circunstâncias judiciais afirmadas desfavoráveis, implica, necessariamente, o reexame do conjunto fático-probatório, o que não se coaduna com a via eleita, consoante a Súmula n.º 7 do STJ. (...). Agravo regimental a que se nega provimento". (AgRg no Ag 518.123/GO, Rel. Min. PAULO MEDINA, SEXTA TURMA, DJ 06/12/2004).
"RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL. HOMICÍDIO CULPOSO. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. MATÉRIA JÁ DECIDIDA, COM TRÂNSITO EM JULGADO. PENA-BASE. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL. REEXAME. APLICAÇÃO DE PENA RESTRITIVA DE DIREITO. SÚMULA Nº 7 DO RISTJ. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. 1. (...). 2. As pretensões de reforma da pena-base e de imposição substitutiva de pena restritiva de direito substanciam questões próprias do mérito da causa e requisitam, para o seu deslinde, exame de prova, estranho ao âmbito de cabimento do recurso especial. 3. 'A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.' (Súmula do STJ, Enunciado nº 7). 4. Recurso especial não conhecido". (REsp 302.636/RJ, Rel. Min. VICENTE LEAL, Rel. p/ Acórdão Min. HAMILTON CARVALHIDO, SEXTA TURMA, , DJ 19/12/2003).
Por fim, nos termos do consignado na decisão agravada, no que se refere à
sustentada contrariedade ao artigo 5º, XLVI, da Constituição Federal, tem-se que não é o
recurso especial a sede própria para o desate da controvérsia, porquanto a análise de
matéria constitucional não é de competência desta Corte, mas sim do Supremo Tribunal
Federal, por expressa determinação constitucional. Confiram-se os precedentes:
"DIREITO PENAL, PROCESSUAL PENAL E CONSTITUCIONAL. VIOLAÇÃO A DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. ANÁLISE. IMPOSSIBILIDADE. ARTS. 41 E 386, III, DO CPP. PREQUESTIONAMENTO. INEXISTÊNCIA. SÚMULA Nº 282/STF. PERDA DO CARGO PÚBLICO. EFEITO ESPECÍFICO DA CONDENAÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE. 1. Não é possível a esta Corte a análise de ofensa a dispositivo constitucional, ainda
Superior Tribunal de Justiça
que para fins de prequestionamento, sob pena de usurpação da competência do Pretório Excelso. 2. (...). 3. (...). 4. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, provido. (REsp 1111847/TO, Rel. Min. HONILDO AMARAL DE MELLO CASTRO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/AP), QUINTA TURMA, DJe 18/10/2010).
"EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. VÍCIOS INEXISTENTES. PREQUESTIONAMENTO. AGRAVO REGIMENTAL. PAUTA. DESNECESSIDADE. RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. NÃO CABIMENTO. 1. (...). 2. (...). 3. A violação de dispositivos constitucionais, ainda que para fins de prequestionamento, não pode ser apreciada em sede de recurso especial. 4. Embargos de declaração rejeitados." (EDcl no AgRg no Ag 1041767/PR, Rel. Min. PAULO GALLOTTI, SEXTA TURMA, DJe 20/10/2008).
"PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. PRETENSÃO DE SE REDISCUTIR A LIDE. ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE A TEXTO CONSTITUCIONAL. NÃO-CABIMENTO. REJEIÇÃO. 1. (...). 2. Ao Superior Tribunal de Justiça, em recurso especial e, por decorrência lógica, em embargos de divergência, não compete a análise de contrariedade ao texto constitucional. 3. Embargos de declaração rejeitados." (EDcl no AgRg nos EAg 723.222/SP, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, TERCEIRA SEÇÃO, Dje 17/10/2008).
Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental.
É como voto.
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTOSEXTA TURMA
AgRg no
Número Registro: 2015/0294333-3 AREsp 814.054 / ES MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 00281824420128080012 012120251256 012120251256201501456264 12120251256
12120251256201501456264 281824420128080012
EM MESA JULGADO: 17/12/2015
Relatora
Exma. Sra. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JULIANO BAIOCCHI VILLA-VERDE DE CARVALHO Secretário
Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : PATRICK ROSENDO DA SILVA
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
CORRÉU : UBIRAJARA RODRIGUES SALLES
ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra o Patrimônio - Roubo Majorado AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : PATRICK ROSENDO DA SILVA
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.
Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e Ericson Maranho (Desembargador convocado do TJ/SP) votaram com a Sra. Ministra Relatora.