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Sondagem de Inovação - ABDI

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Academic year: 2021

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Agradecemos ao IBGE as informações dos cadastros das empresas e a assistência técnica na elabora-ção do questionário e definielabora-ção da amostra.

Supervisão

Maria Luisa Campos Machado Leal

Equipe Técnica

Agência Brasileira de

Desenvolvimento Industrial –ABDI Carlos Henrique de Mello Silva

Rogério Dias de Araújo Victoria Echeverría de Carvalho

Supervisão de Publicação

Joana Wightman

Projeto Gráfico e diagramação

Marcos Barros e Marco Lucius (CDN Comunicação Corporativa)

Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais - IPEAD Professor Wanderley Ramalho

Thaize Vieira Martins Elisabeth Pereira dos Santos Eduardo E. Antunes

Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional – CEDEPLAR/ UFMG

Professor Cândido Guerra Ferreira Professor Gilberto Libânio

Professora Ana Valéria Carneiro Dias Eliza Antonia de Queiroz

Comitê Consultivo David Kupfer (UFRJ)

Carlos Pinkusfeld Monteiro Bastos (UFF) Germano Mendes de Paula (UFU)

José Maria Ferreira Jardim da Silveira (Uni-camp)

Evando Mirra de Paula e Silva (CGEE) Mario Sérgio Salerno (USP)

©2011 – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

ABDI

Agência Brasileira de desenvolvimento Industrial

Setor Bancário Norte, Quadra 1 - Bloco B Ed. CNC - 70041-902 / Brasília DF

Tel.: (61) 3962-8700 www.abdi.com.br

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República Federativa do Brasil Dilma Rousseff

Presidenta

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Damata Pimentel

Ministro

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDI Mauro Borges Lemos

Presidente

Maria Luisa Campos Machado Leal Diretora

Clayton Campanhola Diretor

Otávio Silva Camargo Chefe de Gabinete

Rogério Dias de Araújo Coordenador

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Sondagem de Inovação da ABDI

Boletim Primeiro Trimestre de 2012

RESUMO EXECUTIVO

A Sondagem de Inovação é uma pesquisa realizada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) com o objetivo de acompanhar trimestralmente a evolução da inovação tecnológica na indústria brasileira. A inovação tecnológica é definida pela introdução de um produto ou processo produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado pela empresa. O período de análise coberto pela Sondagem de Inovação (2010-2012) mostra a tendência de desaceleração do ritmo de atividade econômica e tem como um de seus reflexos uma relativa estagnação na dinâmica inovativa na indústria.

No primeiro trimestre de 2012, 54,4% das empresas entrevistadas declararam ter realizado algum tipo de inovação tecnológica, produto ou processo, para a empresa ou para o mercado, percentual muito próximo daquele observado nos últimos três trimestres de 2011. A taxa de inovação ficou abaixo da expectativa de inovação declarada pelas empresas no trimestre imediatamente anterior. No quarto trimestre de 2011, 64,8% das empresas declararam que pretendiam lançar um novo produto ou processo no primeiro trimestre do ano, o que não se confirmou na taxa de inovação desta Sondagem, que ficou em 62,8%. Observa-se redução consistente na taxa de inovação em produto ou processo, que alcançou 71,4% em 2010, passou a 62,1% em 2011 e atingiu 54,5% em 2012.

No primeiro trimestre de 2012, observa-se ligeira recuperação na taxa de inovação em relação ao trimestre anterior, explicada principalmente pela elevação do percentual de empresas que introduziram até três, e sete ou mais, produtos novos no mercado nacional. A soma desses dois grupos passou de 32,1% para 34,2%. Por outro lado, o percentual de empresas que introduziram de quatro a seis novos produtos apresentou relativa estabilidade.

Assim como na inovação de produto, a inovação de processo também apresenta uma tendência de declínio entre 2010 e 2011, e relativa estabilidade das taxas a partir do segundo trimestre de 2011. Na comparação dos resultados do primeiro trimestre de 2012 com o trimestre imediatamente anterior, observa-se elevação de pouco mais de um ponto percentual no número de firmas que lançaram processos novos já existentes no mercado nacional, passando

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de 32,1% para 33,7%. O indicador de inovação referente à introdução de processos novos ainda não existentes no mercado nacional atingiu, no primeiro trimestre de 2012, o percentual mais baixo desde o início da Sondagem em 2010. Constata-se que 9,4% das firmas inovaram neste quesito, sendo que a grande maioria (7,6%) introduziu até três processos novos para o mercado nacional.

Quando se compara os resultados de 2010 com o período mais recente, a partir de meados de 2011, verifica-se inequívoca redução na introdução de novos processos. A taxa de inovação nas grandes empresas industriais arrefeceu até meados de 2011 em relação ao ano de 2010, e tal tendência declinante foi interrompida nos três últimos trimestres de 2011 e no início de 2012. A melhoria nas expectativas observada no final de 2011 não se sustentou no início de 2012, o que pode estar associado a uma revisão para baixo nas expectativas de crescimento do PIB e da produção industrial para este ano. Verifica-se simultaneamente certa estabilidade tanto na inovação presente quanto nas expectativas de inovação futura: declararam intenção em inovar em produto ou processo 64,8% das firmas respondentes, contra 62,8% no último trimestre da pesquisa.

Constata-se expectativas não muito otimistas, no primeiro trimestre de 2012, acerca da inovação futura. Os indicadores de inovação em produto ou processo efetivamente realizados apontam para um movimento consistente de estabilização da inovação tecnológica a partir de meados de 2011, após um ajustamento para baixo nos indicadores de inovação, observado entre 2010 e 2011. Quanto às expectativas de inovação para o próximo período, sua evolução recente sugere um movimento semelhante na dinâmica de inovação na indústria brasileira, embora existam elementos que apontam para certa recuperação da atividade inovativa, a se confirmar nas próximas edições da Sondagem. A tendência de estabilidade verificada nos diversos indicadores de inovação é corroborada pela maioria dos indicadores de esforços para inovação das firmas no primeiro trimestre de 2012.

No primeiro trimestre de 2012, mais precisamente, 29,6% das empresas declararam uma ampliação nos seus dispêndios em inovação; 49,0% mantiveram o mesmo nível de investimento e cerca de 20,0% reduziram ou não fizeram investimentos em atividades de inovação. Com relação ao primeiro trimestre de 2012, vale destacar o comportamento dos gastos em P&D interno, em que o percentual de firmas que aumentaram esse tipo de dispêndio recuou cerca de 5,4 p.p. em comparação ao trimestre anterior.

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O percentual de empresas que declararam aumentar os investimentos em

máquinas e equipamentos para inovar - modalidade com maior percentual de empresas (32,6%) - elevou os investimentos em relação ao trimestre anterior. Os resultados do primeiro trimestre de 2012 indicam certa desaceleração, pois esse indicador recuou cerca de 6,5 pontos percentuais.

Pela primeira vez, desde o inicio da pesquisa em 2010, o percentual de empresas que mantiveram constantes seus gastos na aquisição de máquinas e equipamentos (38,8%) superou o percentual daquelas que expandiram tais gastos (32,6%). Os dados sugerem relativa estabilidade dos gastos em inovação em praticamente todas as categorias, dado o elevado percentual de empresas que declarou manter constante seu dispêndio nas diversas atividades de inovação no período. Com exceção dos investimentos em máquinas e equipamentos, todos os demais tipos de dispêndio para inovação se mantiveram constantes para mais de 43,0% das empresas respondentes. O gasto total em P&D declinou de 5,0% para cerca de 3,0% do faturamento das empresas no primeiro trimestre de 2012, cerca de 21,0% das empresas entrevistadas tinham doutores exclusivamente ocupados em P&D, sendo que 2,3% das empresas tinha entre 4 e 6 doutores alocados exclusivamente em P&D e 3,0% possuíam 7 ou mais. Do total das empresas, 43,3% tinham mestres ocupados exclusivamente em P&D – o que corresponde a um aumento de 1,9 p.p. em relação ao trimestre anterior – sendo que 30,3% das firmas empregavam até 3 mestres, 6,7% entre 4 e 6 mestres e 6,3% tinham mais de 7 mestres ocupados em P&D. A maior parte do pessoal ocupado exclusivamente em P&D tem apenas graduação. Verifica-se que 86,8% das empresas respondentes têm profissionais apenas com graduação ocupados em P&D.

No primeiro trimestre de 2012, a decisão de inovar por parte das empresas esteve mais fortemente associada a três fatores: (i) exigências dos clientes (66,3%); (ii) busca por maior participação no mercado (63,8%); e (iii) pressões adicionais de custo (63,8%). A importância relativa desses fatores e sua estreita associação com os padrões de competição sugerem que aspectos de natureza macroeconômica que possibilitam a maior competição com bens importados e os elevados custos de operação no mercado de crédito doméstico tendem a influenciar fortemente a maior parte das decisões de investir em inovação no país. Ao contrário do ocorrido com a maioria dos indicadores de inovação, os dados sobre investimento produtivo não mostram o fim da trajetória declinante verificada ao longo de 2011.

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Com relação à fronteira tecnológica, no 1º trimestre de 2012, a Sondagem de Inovação investigou junto às empresas pesquisadas a difusão do conhecimento e uso de Tecnologias Destinadas à Recuperação e Preservação do Meio Ambiente. Pode-se afirmar que a maioria das empresas respondentes já utiliza alguma tecnologia destinada à preservação e recuperação do meio ambiente, resultado semelhante ao encontrado no 1º trimestre de 2011. Do total das empresas, 53,9% utilizam tecnologias para tratamento da água em algum produto ou processo interno (contra 55,6% no 1º trimestre de 2011); 58,1% das empresas utilizam tecnologias para despoluição do ar (60,0% no 1º trimestre de 2011); 73,2% das empresas utilizam tecnologias para gestão da água (77,0% no 1º trimestre de 2011); 74,1% das empresas utilizam tecnologias de reciclagem ou reaproveitamento em algum produto ou processo interno (80,1% no 1º trimestre de 2011).

Por outro lado, tecnologias de despoluição de solo (uso atual em 19,2% das empresas; no 1º trimestre de 2011, 23,0% das empresas utilizavam tais tecnologias) e ferramentas de eco-design (uso atual em 40,6% das empresas, contra 45,1% no 1º trimestre de 2011) continuam sendo menos utilizadas. A Sondagem investiga também a situação de projetos para implementação de tecnologias destinadas à preservação ou recuperação do meio-ambiente. Nesse quesito, 81,0% das empresas não estão desenvolvendo projetos para implementação de tecnologias para tratamento da água em algum produto ou processo interno (contra 76,0% no 1º trimestre de 2011); 81,3% das empresas não estão desenvolvendo projetos para despoluição do ar (75,5% no 1º trimestre de 2011); 90,2% das empresas não estão desenvolvendo projetos para despoluição do solo (89,0% no 1º trimestre de 2011); 60,1% das empresas não estão desenvolvendo projetos gestão da água (51,6% no 1º trimestre de 2011); 55,9% das empresas não estão desenvolvendo projetos de reciclagem ou reaproveitamento em algum produto ou processo interno (47,0% no 1º trimestre de 2011); 71,9% das empresas não estão desenvolvendo projetos para introdução de ferramentas de eco-design (63,8% no 1º trimestre de 2011).

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Sondagem de Inovação da ABDI

Boletim do Primeiro Trimestre de 2012

Janeiro / Fevereiro / Março 2012

1. Introdução

A Sondagem de Inovação é uma pesquisa realizada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) com o objetivo de acompanhar trimestralmente a evolução da inovação tecnológica na indústria brasileira. A ABDI é uma entidade ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) que busca oferecer apoio técnico sistemático às instâncias de articulação e gerenciamento da política industrial (Plano Brasil Maior) e produzir estudos conjunturais, estratégicos e tecnológicos para diferentes setores da indústria. Em vista da crescente importância que as atividades de ciência e tecnologia vêm adquirindo nas políticas de desenvolvimento industrial, a ABDI passou a realizar, desde o início de 2010, a Sondagem de Inovação, visando acompanhar, de maneira sistemática, a evolução dos indicadores de inovação tecnológica da indústria brasileira e orientar eventuais ajustes nas políticas públicas adotadas.

Para viabilizar a realização da Sondagem, a ABDI contratou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD). A Sondagem conta também com o apoio técnico-científico de uma equipe de pesquisadores do do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e de especialistas setoriais renomados de outras instituições acadêmicas brasileiras. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prestou auxílio técnico na elaboração do questionário e na definição da amostra das empresas consultadas.

A Sondagem de Inovação segue os padrões internacionais de coleta e tratamento de dados sobre pesquisa e desenvolvimento (P&D), consolidados

no “Manual Frascati”1 , e sobre inovação, disponíveis no “Manual de Oslo”2 .

Nesse sentido, há correspondência metodológica com a Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com pesquisas internacionais como o Community Innovation Survey realizado nos países que compõem a União Europeia. Assim, de acordo com os padrões empregados na elaboração da Sondagem, a inovação tecnológica é definida 1 ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Frascati Manual: propo-sed standard practice for surveys on research and experimental development. Paris: OCDE, 2002.

2 ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Guideliness for collec-ting and interprecollec-ting innovation data. 3rd ed. Paris: OCDE, 2005.

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pela introdução de um produto ou processo produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado pela empresa. O produto ou processo pode ser novo para a firma ou para o mercado. Em virtude de sua periodicidade trimestral, a Sondagem cobre uma lacuna na produção de indicadores conjunturais que possam monitorar os esforços tecnológicos das empresas no Brasil.

Para a elaboração da Sondagem de Inovação, são entrevistadas, trimestralmente, as empresas industriais com 500 ou mais pessoas ocupadas. De acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), havia, em 2010, aproximadamente 1.650 empresas com essa característica na indústria brasileira e foi sobre esse conjunto que se realizou a amostragem para a Sondagem (ver o Anexo I para uma análise da distribuição setorial e regional das empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas). A amostra definida a partir do estudo populacional compreende 304 empresas da indústria extrativa e de transformação, abrangendo 25 divisões da CNAE 2.0. A escolha das grandes empresas industriais para realizar a Sondagem foi motivada por sua importância nos processos de inovação no setor produtivo brasileiro. Com efeito, de acordo com dados da última edição da PINTEC relativos ao período 2006-2008, enquanto a taxa média de inovação da indústria brasileira foi de 38,1%, a taxa de inovação do estrato formado pelas empresas com mais de 500 pessoas ocupadas foi de 71,9%.

A Sondagem reúne informações de caráter retrospectivo (referentes ao trimestre de referência) e prospectivo (referentes aos três meses subsequentes ao trimestre de referência) provenientes de um total de 14 perguntas segmentadas em quatro blocos (ver questionário no anexo II). No primeiro bloco de questões, levanta-se o número de produtos e processos novos que a empresa lançou no trimestre anterior à pesquisa e o número de produtos e processos que a empresa pretende lançar no próximo trimestre. São colhidas informações também sobre os projetos abandonados e em andamento. No segundo bloco de perguntas, é caracterizado o esforço das empresas em atividades de inovação. O objetivo é saber se os gastos em atividades em inovação das empresas têm aumentado ou diminuído ou se mantêm constantes. Também são levantados o número de pesquisadores envolvidos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e sua qualificação.

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empresa a realizar inovações tecnológicas no trimestre seguinte. Finalmente,

no último bloco, é perguntado se a empresa aumentou, diminuiu ou manteve estáveis os investimentos para expandir a sua capacidade produtiva instalada. A cada trimestre, a Sondagem de Inovação inclui um bloco de perguntas sobre temas relevantes da fronteira tecnológica e que tenham grande impacto sobre o desenvolvimento industrial brasileiro. Nesta Sondagem, referente ao primeiro trimestre de 2012, foram introduzidas perguntas sobre tecnologias destinadas à recuperação e preservação do meio ambiente. O objetivo de tais perguntas foi mapear a difusão, na indústria brasileira, de tecnologias localizadas na fronteira do conhecimento científico e tecnológico. Este mesmo bloco de perguntas havia sido incluído na pesquisa referente ao primeiro trimestre de 2011, possibilitando um exame da evolução anual de tais indicadores.

O presente boletim inaugura o terceiro ano da Sondagem de Inovação, que agora alcança sua nona edição consecutiva. Assim como nas edições passadas, os resultados da pesquisa possibilitam uma observação das tendências mais recentes da inovação na indústria brasileira, e permitem também a comparação com o mesmo período do ano anterior, considerando eventuais efeitos de sazonalidade na inovação. Este nono boletim da Sondagem, em particular, consolida os resultados das edições anteriores e permite pela primeira vez a comparação do mesmo período (primeiro trimestre) de três anos consecutivos (2010, 2011, 2012). Possibilita, assim, explorar a informação gerada pela pesquisa ao longo de mais de dois anos para traçar um panorama mais abrangente da dinâmica de inovação na indústria brasileira no período.

A conjuntura econômica e a inovação

tecnológica na indústria brasileira

Uma das constatações recorrentes nas edições anteriores da Sondagem de Inovação é a influência da dinâmica de crescimento da economia nacional sobre a inovação tecnológica na indústria brasileira. No primeiro trimestre de 2012, esta relação entre atividade econômica e atividade inovativa continua sendo um dos principais elementos de análise das transformações no setor industrial. Em consonância com a tendência já apontada nos últimos boletins, o inicio de 2012 foi caracterizado pela desaceleração continuada da economia brasileira, verificada na maioria dos indicadores de atividade econômica, o que ajuda a explicar a redução em alguns aspectos da inovação na indústria durante este período.

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Segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira apresentou crescimento de 0,2% no primeiro trimestre de 2012, em relação ao trimestre anterior, considerando a série com ajuste sazonal. O setor industrial, por sua vez, re-gistrou uma expansão de 1,7% no trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2011, a expansão do PIB foi de 0,8%, ao passo que o PIB industrial observou relativa estabilidade (+0,1%), fruto da combinação entre o declínio observado na indústria de transformação (-2,6%) e a expansão ocorrida em outras atividades industriais, como construção civil e extrativa mineral. Cabe ainda notar o declínio sistemático observado nas taxas de crescimento anuais, tanto para a economia como um todo quanto para o setor industrial. Em 2010, a taxa anual de crescimento do PIB havia sido de 7,5%. Este indica-dor recuou de forma consistente trimestre após trimestre ao longo de 2011, atingindo 2,7% no acumulado do ano. No primeiro trimestre de 2012, o PIB mantém sua trajetória de desaceleração, alcançando um crescimento de 1,9% no acumulado de 12 meses. As projeções de mercado indicam, em mé-dia, uma taxa de crescimento em torno de 2,5% para 2012, o que sugere que o ciclo de desaceleração da economia brasileira, iniciado ao final de 2010, não parece atingir uma trajetória de reversão significativa ainda este ano.

Tendência semelhante se observa no setor industrial, que cresceu acima de 10,0% em 2010, e também desacelerou sistematicamente ao longo de 2011, encerrando o ano com um crescimento anual de 1,6%. A indústria de

trans-Gráfico 1 - Variação do PIB, do PIB da Indústria - taxa acumulada em relação ao mesmo trimestre do ano anterior - e taxa de Investimento

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formação, em particular, ficou praticamente estagnada em 2011, com

ex-pansão de 0,1% no ano, em contraste a uma taxa de crescimento expressiva observada em 2010 (cerca de 10,0%). No primeiro trimestre de 2012, a in-dústria de transformação teve variação negativa no acumulado de 12 meses (-1,1%). Cabe notar que este segmento da indústria concentra aproximada-mente 98,0% das empresas participantes da pesquisa Sondagem de Inova-ção, o que faz com que seu desempenho seja uma importante variável ex-plicativa na dinâmica de inovação e investimentos detectada pela pesquisa. O comportamento dos investimentos tem seguido, em linhas gerais, as ten-dências do ritmo de atividade econômica. Embora as taxas de crescimento do investimento tenham sido superiores às do PIB desde 2010, observa-se tendência declinante ao longo de todo o período. No acumulado de 12 me-ses, a expansão dos investimentos foi de 21,8% em 2010 e de 4,7% em 2011. No primeiro trimestre de 2012, a formação bruta de capital fixo (FBCF) apre-sentou declínio em relação ao trimestre anterior (-1,8%), e acumulou em 12 meses uma expansão de 2,1%. A taxa de investimento (FBCF/PIB), por sua vez, apresentou ligeiro declínio neste trimestre, em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior, atingindo 18,7% do PIB.

Em resumo, o período de análise coberto pela Sondagem de Inovação (2010-2012) pode ser dividido claramente em dois subperíodos com características distintas. O ano de 2010 representou um período de expressivo crescimento, motivado por recuperação após a recessão de 2009 e por medidas de política econômica. Por outro lado, 2011 foi um ano de acomodação, observando-se declínio gradual nos indicadores de crescimento, tanto no setor industrial como na economia como um todo – tendência que se mantém no primeiro trimes-tre de 2012. A tendência de desaceleração do ritmo de atividade econômica, tal como revelada pelos dados mencionados, tem como um de seus reflexos uma relativa estagnação na dinâmica inovativa na indústria, o que pode ser visto com clareza a partir dos resultados da Sondagem apresentados a seguir.

A inovação tecnológica no primeiro trimestre de 2012

(janeiro/fevereiro/março)

a. Inovações realizadas de produto e processo no

primei-ro trimestre de 2012

Os indicadores de inovação tecnológica na indústria brasileira mantiveram tendência estável no início de 2012, confirmando trajetória já detectada pela Sondagem de Inovação desde meados de 2011. No primeiro trimestre de

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2012, 54,4% das empresas entrevistadas declararam ter realizado algum tipo de inovação tecnológica, produto ou processo, para a empresa ou para o mercado, percentual muito próximo daquele observado nos últimos três tri-mestres de 2011. Após um ano de relativa estabilidade, os resultados suge-rem a consolidação de um piso para tal indicador, interrompendo assim a trajetória declinante verificada até o inicio de 2011 (tabela 1).

Por outro lado, assim como ocorrido em rodadas anteriores da pesquisa, a taxa de inovação ficou abaixo da expectativa de inovação declarada pe-las empresas no trimestre imediatamente anterior. No quarto trimestre de 2011, 64,8% das empresas declararam que pretendiam lançar um novo pro-duto ou processo no primeiro trimestre do ano, o que não se confirmou na taxa de inovação desta Sondagem. Cabe notar ainda que a diferença entre a intenção de inovar e a taxa de inovação neste trimestre voltou a se elevar, superando 10 pontos percentuais, contra valores entre 5 e 6 pontos per-centuais nos dois trimestres anteriores. Tal resultado sugere que as firmas encerraram o ano de 2011 com projeções relativamente mais otimistas em relação à recuperação de sua atividade inovativa no primeiro trimestre de 2012, mas que tal recuperação parece não ter se concretizado, o que se ob-serva pela estabilidade dos próprios indicadores de inovação.

Tabela 1: Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram – 2011 / 2012

Percentual de empresas: 1º trimestre 2011 2º trimestre 2011 3º trimestre 2011 4º trimestre 2011 1º trimestre 2012 Inovadoras de produto ou processo 62,1 54,4 54,2 54,5 54,4 De produto 46,3 40,3 42,8 42,4 43,1 Produto novo para empresa 43,4 37,4 40,9 37,4 39,4 Produto novo para o mercado nacional 20,4 18,0 16,8 18,3 15,5 De processo 46,0 38,2 37,1 36,4 37,2 Processo novo para a empresa 43,4 34,3 33,3 32,1 33,7 Processo novo para o mercado nacional 13,0 12,5 11,7 11,6 9,4

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A comparação entre os dados do primeiro trimestre de 2012 e do mesmo

período em 2010 e 2011 permite uma análise menos sujeita a fatores sazo-nais. Neste caso, observa-se uma redução consistente na taxa de inovação em produto ou processo, que alcançou 71,4% em 2010, passou a 62,1% em 2011 e atingiu 54,5% em 2012. Todos os demais indicadores de inovação em produto ou processo apresentam declínio semelhante e sua trajetória permite observar três patamares de atividade inovativa. O mais elevado, no início de 2010, reflete o aquecimento da atividade econômica no perí-odo, mas pode estar superestimado em virtude de uma eventual inclusão nas respostas, por parte das empresas, do estoque de inovação realizada em períodos anteriores à primeira Sondagem. O patamar intermediário, ob-servado no início de 2011, capta os efeitos negativos da desaceleração da economia brasileira sobre os indicadores de inovação na indústria. Por fim, o nível atual corresponde a um patamar mais baixo de atividade inovativa, consolidado a partir de meados de 2011, que reflete o período de baixo crescimento da economia doméstica e incerteza no front externo. O Gráfico 2 permite visualizar com clareza os referidos patamares.

Gráfico 2- Expectativas de inovação e inovação efetivamente realizada pelas empresas industriais com mais de 500

pessoas ocupadas – 2010 / 2012

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI

Das empresas que responderam à Sondagem, 39,4% declararam ter intro-duzido produtos novos já existentes no mercado nacional. Observa-se, neste caso, ligeira recuperação em relação ao trimestre anterior, quando 37,4% das empresas haviam respondido positivamente a essa questão, e a consoli-dação um comportamento oscilatório desse indicador em um patamar pró-ximo a 40,0%, tal como verificado nas últimas quatro edições da pesquisa.

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Este comportamento de relativa estabilidade se observa também nos demais indicadores de inovação em produto. Os indicadores de inovação em pro-cesso, por sua vez, após sofrerem um declínio acentuado no inicio de 2011, também apresentam tendência a uma relativa estabilização. Estes resultados parecem estar associados a uma relativa acomodação nos indicadores con-junturais de atividade econômica, com a expectativa de que a recuperação do ritmo de crescimento da economia brasileira tende a ocorrer de forma lenta, bem como a uma percepção ainda cautelosa quanto ao comporta-mento da demanda (doméstica e externa) no futuro próximo, devido a sinais contraditórios e à presença de elementos de incerteza no plano doméstico e internacional.

Em resumo, pode-se dizer que os resultados da Sondagem no primeiro tri-mestre de 2012 consolidam a tendência de estabilização no lançamento de produtos e processos novos no mercado doméstico, tal como observado des-de meados des-de 2011: 1) a expectativa des-de inovação se manteve relativamente estável; 2) a taxa de inovação realizada também apresentou estabilidade; 3) a taxa de inovação desagregada foi bastante próxima da apresentada nos três trimestres imediatamente anteriores.

Uma comparação detalhada entre os nove trimestres de realização da pes-quisa pode ser observada nos gráficos a seguir. No gráfico 3, as firmas são classificadas de acordo com o número de produtos novos para a empresa, mas já existentes no mercado nacional.

Neste caso, verifica-se uma tendência sistemática de declínio no percentual de empresas que introduziram novos produtos, particularmente entre o ini-cio de 2010 e meados de 2011, condizente com a desaceleração da econo-mia brasileira ocorrida no período. A série se inicia com percentuais em torno de 50,0% até o terceiro trimestre de 2010, atinge uma média de 44,0% em seguida e se estabiliza em um patamar pouco abaixo de 40,0% a partir do segundo trimestre de 2011.

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Gráfico 3: Percentual de empresas com produtos novos, mas já

existentes no mercado nacional – 2010 / 2012

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI

No primeiro trimestre de 2012, pode-se perceber uma ligeira recuperação na taxa de inovação em relação ao trimestre anterior, explicada principalmente pela elevação do percentual de empresas que introduziram até três, e sete ou mais, produtos novos no mercado nacional. A soma desses dois grupos passou de 32,1% para 34,2%. Por outro lado, o percentual de empresas que introduziram de quatro a seis novos produtos apresentou relativa estabilida-de. Tais resultados explicam a elevação ocorrida na média geral de novos pro-dutos, que passou de 3,9 para 5,7 e sugerem certa recuperação no ritmo da inovação em algumas empresas, principalmente aquelas de perfil fortemen-te inovador, no primeiro trimestre de 2012. Por outro lado, comparando-se este período com o primeiro trimestre de 2011, observa-se ligeiro declínio em todos os grupos: de 26,4% para 25,1% no percentual de empresas que introduziram até 3 novos produtos, de 6,2% para 5,2% na introdução de 4 a 6 novos produtos, e de 10,8% para 9,1% no percentual de empresas que lançaram 7 ou mais novos produtos.

O indicador de inovação referente à introdução de produtos novos ainda não existentes no mercado nacional é um dos que apresenta menor variabilidade ao longo do tempo. Ainda assim, é importante salientar que tal indicador atingiu neste trimestre o percentual mais baixo desde o início da Sondagem em 2010. No primeiro trimestre de 2012, o percentual de empresas inova-doras atingiu 15,5%, o que representa um declínio de aproximadamente 5

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pontos percentuais em comparação com o mesmo período do ano anterior (gráfico 4). Este resultado é coerente com a acomodação da atividade de inovação, observada nos demais indicadores, desde o segundo trimestre de 2011. Cabe ainda notar que o percentual de empresas que introduziram sete ou mais produtos novos e ainda não existentes no mercado nacional foi o único a se elevar neste trimestre, em relação ao trimestre anterior. Tal resul-tado sugere maior concentração deste tipo de inovação em um conjunto de empresas de perfil fortemente inovador.

Como esperado, o percentual de empresas que introduziram produtos novos para o mercado nacional é menor do que o percentual de firmas que lança-ram produtos novos para a empresa, mas já existentes no mercado. Tal resul-tado corrobora a percepção de que a introdução de produtos novos para o mercado nacional requer maior esforço inovativo; por isso apresenta menor variabilidade trimestral e é concentrada em um número proporcionalmente menor de empresas.

Assim como na inovação de produto, a inovação de processo também apre-senta uma tendência de declínio entre 2010 e 2011, e relativa estabilidade das taxas a partir do segundo trimestre de 2011. Na comparação dos resul-tados do primeiro trimestre de 2012 com o trimestre imediatamente ante-rior, observa-se elevação de pouco mais de um ponto percentual no número de firmas que lançaram processos novos já existentes no mercado nacional, passando de 32,1% para 33,7%. Cabe notar que tal flutuação concentrou-se Gráfico 4: Percentual de empresas com produtos novos ainda não

existentes no mercado nacional – 2010 / 2012

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principalmente no número de empresas que introduziram até três novos

pro-cessos, em que se verificou uma elevação de quase dois pontos percentuais. A comparação entre o primeiro trimestre de 2012 e o mesmo período de 2011 confirma o mesmo padrão de arrefecimento na dinâmica de inovação na indústria brasileira entre um ano e outro, tal como já destacado neste Bo-letim: a redução no número de firmas com processos novos para a empresa foi de aproximadamente dez pontos percentuais, sendo que 80,0% desta variação se concentraram no percentual de empresas que introduziram até três novos processos (gráfico 5). Note-se ainda que o percentual de firmas com 7 ou mais processos novos para a empresa foi o único indicador a não apresentar declínio na comparação com o primeiro trimestre de 2011, o que sugere maior regularidade na dinâmica inovativa para empresas de perfil fortemente inovador.

Por outro lado, verifica-se um ligeiro declínio do número médio de inovações de processos novos e já existentes no mercado nacional no primeiro trimes-tre de 2012, concentrado principalmente em empresas sem departamentos de P&D formalizados. Os dados sugerem, portanto, que a ligeira elevação no percentual de firmas que inovaram em processo foi acompanhada pela redu-ção do número médio de processos novos para a empresa, mas já existentes no mercado nacional, indica a dispersão de inovações de processo em um maior número de firmas.

Gráfico 5: Percentual de empresas com processos novos, mas já existentes no mercado nacional – 2010 / 2012

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O gráfico 6 apresenta os resultados para o indicador de inovação referente à introdução de processos novos ainda não existentes no mercado nacional. Assim como ocorre com a introdução de produtos não existentes no merca-do nacional, este indicamerca-dor também apresenta pouca variabilidade ao longo do tempo. No entanto, e também neste caso, cabe ressaltar que tal indicador atingiu, no primeiro trimestre de 2012, o percentual mais baixo desde o iní-cio da Sondagem em 2010. Em particular, constata-se que 9,4% das firmas inovaram neste quesito, sendo que a grande maioria (7,6%) introduziu até três processos novos para o mercado nacional.

Uma vez mais, quando se compara os resultados de 2010 com o período mais recente, a partir de meados de 2011, verifica-se inequívoca redução na introdução de novos processos. A comparação entre o primeiro trimestre de 2012 e o mesmo período do ano anterior, entretanto, não indica alterações muito expressivas, observando-se variação de aproximadamente três pontos percentuais no número de empresas que introduziram novos processos no mercado nacional. Tal resultado é esperado, considerando-se que a adoção de processos previamente inexistentes no mercado nacional apresenta va-riabilidade relativamente baixa ao longo do tempo, o que se justifica pelo elevado esforço requerido para a obtenção desse tipo de inovação.

Nem toda a inovação tecnológica de produto está necessariamente ligada a uma inovação tecnológica de processo, assim como nem toda a inovação de processo é realizada para produzir um novo produto. Entretanto, as firmas

Gráfico 6: Percentual de empresas com processos novos e ainda não existentes no mercado nacional – 2010 / 2012

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que realizam inovações tecnológicas de produto e de processo geralmente

fazem esforços para inovação maiores do que a média das demais firmas. No primeiro trimestre de 2012, 21,4% das grandes firmas industriais brasileiras realizaram inovações tecnológicas de produto e de processo novo para a empresa, mas já existentes no mercado nacional (tabela 2). Este percentual também apresentou tendência declinante entre 2010 e meados de 2011, mas os dados dos últimos trimestres de 2011 e do primeiro trimestre de 2012 sugerem estabilização. Por outro lado, a introdução de produto e de processo novos e ainda não existentes no mercado nacional foi declarada por 5,7% das empresas no primeiro trimestre de 2012, em comparação a um percentual de 6,3% no trimestre imediatamente anterior.

Em resumo, a taxa de inovação nas grandes empresas industriais arrefeceu até meados de 2011 em relação ao ano de 2010, e tal tendência declinante foi interrompida nos três últimos trimestres de 2011 e no início de 2012 (Gráfico 7).

Essa evolução sugere dois movimentos distintos no período recente: (i) em

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI

Tabela 2: Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram em produto e processo no primeiro

trimestre de 2012 (janeiro/fevereiro/março)

Empresas que inovaram em Processo

Para empresa Para mercado

Produto Para empresa 21,4% 6,7%

Para o mercado 9,9% 5,7%

Gráfico 7: Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram em produto e/ou processo - 2010/2012

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2010, teria acontecido uma consolidação da inovação tecnológica em pata-mares relativamente elevados da indústria brasileira, compatível com o qua-dro de recuperação dos níveis de atividade econômica observados naquele ano; (ii) em 2011, a economia cresceu de forma menos acelerada, o que se refletiu na redução da taxa de inovação, particularmente até o segundo trimestre do ano, e na estabilização em níveis mais baixos desde meados de 2011. Dada a perspectiva de recuperação lenta das taxas de crescimento da economia nacional, associada às incertezas no cenário internacional, a atividade inovativa na indústria brasileira em 2012 manteve-se nesse baixo patamar, e ainda não voltou a atingir os resultados observados em 2010.

b. Expectativas de inovação de produto e processo para o

segundo trimestre de 2012

Os resultados apresentados na seção anterior dizem respeito a produtos e processos efetivamente introduzidos no mercado. Ao lado desses dados, a Sondagem de Inovação reúne informações sobre a intenção declarada de lançar produtos e processos novos para a empresa e para o mercado nacio-nal no trimestre subsequente à pesquisa.

Os indicadores para a inovação futura esperada, que haviam observado re-cuperação significativa no trimestre anterior, voltaram a recuar no primeiro trimestre de 2012, consolidando tendência de estabilização. Isto é, a melho-ria nas expectativas observada no final de 2011 não se sustentou no início de 2012, o que pode estar associado a uma revisão para baixo nas expectativas de crescimento do PIB e da produção industrial para este ano. Assim, os da-dos mais recentes sugerem que a estabilidade no percentual de firmas com produtos e processos novos efetivamente introduzidos está sendo acompa-nhada pela obtenção de um patamar relativamente estável no percentual de empresas que pretendem lançar no próximo trimestre algum produto ou processo, novos para a empresa ou para o mercado nacional. Ou seja, verifica-se simultaneamente certa estabilidade tanto na inovação presente quanto nas expectativas de inovação futura. Conforme a tabela 3, 64,8% das firmas respondentes planejam inovar em produto ou processo no próximo trimestre, contra 62,8% no último trimestre da pesquisa.

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Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI

Tabela 3: Expectativas de inovação das empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas – 2011/2012

Percentual de

empresas: 1º trim 2011 2º trim 2011 3º trim 2011 4º trim 2011 1º trim 2012

Inovadoras de

produto ou processo 67,6 59,9 60,4 64,8 62,8

Produto 57,1 49,1 49,3 54,0 53,9

Produto novo para

empresa 52,0 45,1 43,5 46,7 46,8

Produto novo para o

mercado nacional 25,7 21,2 20,6 25,5 26,1

Processo 49,4 40,6 41,7 45,3 42,9

Processo novo para a

empresa 44,1 33,8 35,5 40,0 37,7

Processo novo para o

mercado nacional 17,5 17,3 16,4 17,3 17,5

No que se refere à expectativa de lançamento de novos produtos já existen-tes no mercado nacional, 46,8% das empresas esperam fazê-lo no segundo trimestre de 2012, valor praticamente igual ao verificado no trimestre ante-rior. Esses percentuais são próximos da média observada em 2011, indicando uma clara estabilização das expectativas de inovação da indústria brasileira. Por outro lado, e como em edições anteriores da Sondagem, os indicadores de inovação esperada para este trimestre são superiores ao percentual de empresas que efetivamente introduziram produtos novos já existentes no mercado nacional, revelando que parte dos projetos pode não dar os resul-tados planejados nos prazos estabelecidos.

O percentual de empresas com produtos novos ainda não existentes no mer-cado nacional a serem introduzidos situou-se, no primeiro trimestre de 2012, em 26,1%. Trata-se de um valor próximo ao observado no trimestre anterior (25,1%), sugerindo também neste caso uma estabilidade nas intenções de lançar produtos novos para o mercado nacional, possivelmente relacionado a expectativas cautelosas de crescimento econômico para o ano de 2012. Por outro lado, a comparação entre as tabelas 1 e 3 também indica expecta-tivas não muito otimistas, no primeiro trimestre de 2012, acerca da inovação futura. Neste caso, tanto para produtos novos para a empresa como para o mercado, observa-se uma redução da diferença entre a inovação corrente e a inovação esperada. Isto significa que a perspectiva de inovação futura

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26

das empresas se aproximou mais dos resultados efetivamente observados no trimestre, sugerindo maior cautela em relação ao futuro, e tendência de manutenção do ritmo atual de inovação.

Uma análise semelhante pode ser feita para as intenções de inovações de processo. Também aqui, observa-se em linhas gerais uma trajetória declinante nos dois primeiros trimestres de 2011, e oscilação em torno de uma tendência estável a partir de meados de 2011. O número de empresas que declararam pretender introduzir algum novo processo caiu pouco mais de dois pontos percentuais neste trimestre (42,9%, contra 45,3% no trimestre anterior). O percentual de firmas que esperam inovar em processos já existentes no mer-cado nacional seguiu trajetória semelhante: variação de 40,0% para 37,7% entre o quarto trimestre de 2011 e o primeiro de 2012. A expectativa de in-trodução de processos novos para o mercado nacional representa o indicador de inovação em processo cuja trajetória apresentou menor variabilidade ao longo dos vários trimestres da Sondagem, observando-se no inicio de 2012 um percentual (17,5%) muito próximo à média verificada no ano anterior (ver tabela 3). Trata-se de um resultado esperado, na medida em que a introdução de processos novos ainda não existentes no mercado nacional envolve maior esforço inovativo do que a utilização de processos já disponíveis no país. É interessante notar que em praticamente todos os indicadores de expecta-tiva de inovação houve um movimento de ajustamento para baixo entre o final de 2010 e meados de 2011, e uma estabilização a partir de então. Isto é, os percentuais de firmas que esperavam inovar permaneceram em patama-res mais elevados até o primeiro trimestre de 2011, quando iniciaram uma trajetória de declínio, atingindo novo patamar em níveis mais baixos, em tor-no dos quais as expectativas tem oscilado até o primeiro trimestre de 2012. Em média, a diferença entre o primeiro e o segundo patamar é de cerca de oito pontos percentuais, tanto para inovações de produto quanto de proces-so. Uma possível explicação para o declínio inicial dos indicadores pode estar associada a um ambiente mais otimista para o ritmo atividade econômica no ultimo trimestre de 2010, ano em que a economia brasileira acumulou um crescimento de 7,5%, e a um cenário mais pessimista até meados de 2011, em virtude das revisões (para baixo) das taxas esperadas de crescimento da economia brasileira e mundial. No final de 2011, a estabilização das expecta-tivas está provavelmente vinculada à percepção de que a economia brasileira atingiu a fase mais baixa do ciclo, mas que o processo de recuperação no nível de atividade não deve se dar de forma acelerada, apesar dos esforços do governo nesta direção.

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Por fim, cabe destacar, que o percentual de empresas que declarou possuir

projetos de inovação em andamento sugere uma tendência de recuperação nas taxas de inovação no futuro próximo, não acompanhando a estabilização observada nos demais indicadores. No primeiro trimestre de 2012, 57,4% das firmas respondentes declararam possuir projetos de inovação em anda-mento, contra 53,7% no trimestre imediatamente anterior. Assim, pode-se esperar que o piso para a atividade inovativa tenha sido atingido no final de 2011 e que a elevação no percentual de firmas com projetos de inovação em andamento volte a elevar a introdução de novos produtos e processos ao longo de 2012.

Em resumo, os indicadores de inovação em produto ou processo efetivamen-te realizados apontam para um movimento consisefetivamen-tenefetivamen-te de estabilização da inovação tecnológica a partir de meados de 2011, após um ajustamento para baixo nos indicadores de inovação, observado entre 2010 e 2011. Quanto às expectativas de inovação para o próximo período, sua evolução recente sugere um movimento semelhante na dinâmica de inovação na indústria brasileira, embora existam elementos que apontam para certa recuperação da atividade inovativa, a se confirmar nas próximas edições da Sondagem.

c. Esforço para inovar no primeiro trimestre de 2012

A tendência de estabilidade verificada nos diversos indicadores de inovação, tal como destacado na seção anterior, é corroborada pela maioria dos indi-cadores de esforços para inovação das firmas no primeiro trimestre de 2012. Cerca de metade das empresas respondentes declararam manter seu gasto total em inovação neste trimestre. Ademais, o percentual de empresas que declararam aumentar seu dispêndio total em atividades de inovação encon-tra-se no mesmo patamar, em torno de 30,0%, nas últimas quatro rodadas da Sondagem. Nos últimos dois trimestres de 2011, 31,0% e 32,0% das em-presas, respectivamente, tinham declarado que aumentaram os investimen-tos em inovação. No inicio de 2012, este indicador atingiu 29,6% (gráfico 8). No primeiro trimestre de 2012, mais precisamente, 29,6% das empresas de-clararam uma ampliação nos seus dispêndios em inovação; 49,0% manti-veram o mesmo nível de investimento e cerca de 20,0% reduziram ou não fizeram investimentos em atividades de inovação.

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Gráfico 8: Situação da empresa em relação aos gastos totais em atividades de inovação – 2010/2012

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI

A estabilidade no percentual de empresas que declararam aumentar os dis-pêndios em inovação ao longo dos últimos trimestres também se verifica, em maior ou menor grau, ao se avaliar os diversos tipos de investimento em inovação. Particularmente quanto ao primeiro trimestre de 2012, vale desta-car o comportamento dos gastos em P&D interno, em que o percentual de firmas que aumentaram esse tipo de dispêndio recuou cerca de 5,4 p.p. em comparação ao trimestre anterior.

Além disso, cabe ressaltar o percentual de empresas que declararam aumen-tar os investimentos em máquinas e equipamentos, pois se trata da modali-dade com maior percentual de empresas (32,6%) elevando os investimentos em relação ao trimestre anterior. Embora esta modalidade de dispêndio tem sido aquela em que se observam os maiores percentuais em todas as roda-das da pesquisa, os resultados do primeiro trimestre de 2012 indicam certa desaceleração, pois esse indicador recuou cerca de 6,5 pontos percentuais. Pela primeira vez, desde o inicio da pesquisa em 2010, o percentual de em-presas que mantiveram constantes seus gastos na aquisição de máquinas e equipamentos (38,8%) superou o percentual daquelas que expandiram tais gastos (32,6%). Uma possível explicação para este resultado deve-se ao en-carecimento do custo dos bens de capital importados, em virtude da recente desvalorização do Real, assim como a já mencionada expectativa de recupe-ração lenta dos níveis de atividade da economia brasileira.

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vação em praticamente todas as categorias, dado o elevado percentual de

empresas que declarou manter constante seu dispêndio nas diversas ativida-des de inovação no período. Com exceção dos investimentos em máquinas e equipamentos, todos os demais tipos de dispêndio para inovação se manti-veram constantes para mais de 43,0% das empresas respondentes.

Os gastos em totais P&D (interno e externo) em relação ao faturamento, por sua vez, que vinham apresentando tendência de declínio no primeiro semestre de 2011, atingiram também certa estabilidade no período recente, em torno de 4,0% do faturamento (gráfico 9). Conforme se pode observar, o declínio dos gastos em P&D externo explica a maior parte da queda veri-ficada no primeiro trimestre de 2012. Entre o terceiro trimestre de 2010 e o segundo trimestre de 2011, os gastos totais em P&D alcançaram, em média, cerca de 5,0% do faturamento. No terceiro trimestre de 2011, por sua vez, o declínio observado nos gastos em P&D interno e externo foi de aproxima-damente um ponto percentual, atingindo, respectivamente, 2,0% e 1,0% do faturamento. Assim, o gasto total em P&D declinou de 5,0% para cerca de 3,0% do faturamento das empresas. No ultimo trimestre de 2011, verificou--se uma recuperação parcial nesses indicadores, o que elevou o gasto total

em P&D para cerca de 4,0% do faturamento das firmas1.

3 Cabe notar que este número não é diretamente comparável com os indicadores de esforço para inovar da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), do IBGE. Em primeiro lugar, a amostra desta Sondagem é viesada em direção às empresas maiores e mais inovadoras. Em segundo lugar, esta Sondagem pergunta diretamente os gastos em P&D (interno e externo) em relação ao faturamento, e não os valores em si. Em terceiro lugar, o indicador aqui exposto é uma média aritmética simples das respostas, não ponderando pelo tamanho das empresas.

Gráfico 9: Gastos em P&D interno e externo em relação ao faturamento (%) – 2010 / 2012

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Pessoal ocupado em P&D

A Sondagem de Inovação coleta também informações sobre o pessoal ocu-pado em P&D nas empresas, segundo nível de escolaridade. O quadro de relativa estabilidade sugerido pelos dados acerca do dispêndio em inovação e da introdução de novos produtos e processos no período recente é consis-tente com a trajetória dos percentuais de empresas com doutores, mestres, pós-graduados e graduados alocados exclusivamente em atividades de P&D. A rigor, os percentuais de empresas com números definidos desses profissio-nais ocupados em P&D tendem a apresentar baixa variabilidade ao longo das várias edições da Sondagem.

No primeiro trimestre de 2012, pode-se observar, em linhas gerais, uma ligei-ra melholigei-ra nesses indicadores, nos vários estligei-ratos analisados. Neste período, cerca de 21,0% das empresas entrevistadas tinham doutores exclusivamente ocupados em P&D, sendo que 2,3% das empresas tinha entre 4 e 6 doutores alocados exclusivamente em P&D e 3,0% possuíam 7 ou mais. Estes números são relativamente baixos para um país que tem potencial de ampliar de forma significativa o conteúdo do conhecimento envolvido nas inovações que suas empresas industriais realizam. 43,3% das empresas tinham mestres ocupa-dos exclusivamente em P&D – o que corresponde a um aumento de 1,9 p.p. em relação ao trimestre anterior – sendo que 30,3% das firmas empregavam até 3 mestres, 6,7% entre 4 e 6 mestres e 6,3% tinham mais de 7 mestres ocu-pados em P&D. A maior parte do pessoal ocupado exclusivamente em P&D tem apenas graduação. Verifica-se que 86,8% das empresas respondentes têm profissionais apenas com graduação ocupados em P&D. (ver gráfico 10).

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Gráfico 10: Percentual de empresas com pessoas ocupadas em P&D no primeiro trimestre de 2012 (janeiro/ fevereiro/ março)

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Gráfico 11: percentual de firmas com pessoal ocupado

exclusivamente em P&D, por graduação – 2010/2012

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI

Cabe enfatizar que os percentuais de ocupação dos diversos níveis profissio-nais apresentam grande estabilidade ao longo do tempo, o que já era espe-rado, em virtude de uma relativa constância na estrutura organizacional das empresas. Ao longo dos últimos nove trimestres, período de realização da Sondagem de Inovação, o percentual de empresas que empregam doutores exclusivamente em P&D oscilou entre 16,0% e 24,0%, ao passo que esses percentuais ficaram entre 36,0% e 45,0% para o caso de mestres (gráfico 11).

d. Fatores que influenciam a decisão de inovar no

primei-ro trimestre de 2012

No primeiro trimestre de 2012, a decisão de inovar por parte das empresas esteve mais fortemente associada a três fatores: (i) exigências dos clientes; (ii) busca por maior participação no mercado; e (iii) pressões adicionais de custo. Cabe notar que tais fatores têm sido consistentemente apontados, desde a primeira edição da Sondagem, como principais motivadores da de-cisão de inovar. Ao longo de nove trimestres, foram considerados de alta im-portância na decisão de investimento em inovação por cerca de dois terços das empresas respondentes, em média. Neste trimestre, em particular, tais fatores foram considerados de alta importância na decisão de investimen-to em inovação por 66,3%, 63,8% e 63,8% das empresas, respectivamente, conforme pode ser visto no gráfico 12. A importância relativa desses fatores e sua estreita associação com os padrões de competição sugerem que aspec-tos de natureza macroeconômica que possibilitam a maior competição com bens importados e os elevados custos de operação no mercado de crédito

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Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI

Gráfico 12: Importância dos principais fatores para a decisão de investir em inovação Primeiro trimestre de 2012

(janeiro/ fevereiro/ março)

doméstico tendem a influenciar fortemente a maior parte das decisões de investir em inovação no país.

Cabe ainda destacar que a variação da demanda interna representa o quarto principal motivador da inovação – logo após os principais itens mencionados anteriormente. Ao longo das últimas três edições da Sondagem, a evolu-ção do mercado doméstico foi apontada por 40,0% a 45,0% das empresas respondentes como sendo de alta importância na decisão de inovação. No primeiro trimestre de 2012, em particular, 41,6% das firmas afirmaram que a demanda interna tem alta importância, e apenas 19,7% consideram que esse item tem pouca ou nenhuma relevância para a inovação. Tal resultado é importante, pois ajuda a explicar a relação entre a dinâmica inovativa na indústria e o ritmo da atividade econômica, nos moldes já destacados ante-riormente neste Boletim.

Convém ainda observar que a importância de itens como “introdução de ino-vação dos concorrentes”, “entrada de novos concorrentes no mercado”, e “atendimento a nova regulamentação” pode ser considerada mediana (37,0% a 41,0% de menções “alta importância”). Por fim, vale ressaltar que o item “pressão de fornecedores” tem sido considerado, ao longo das várias edições da Sondagem, de pouca ou nenhuma importância (no primeiro trimestre de 2012, cerca de 62,0% das firmas respondentes consideraram tal fator pouco ou nada importante). Em outras palavras, em geral, para o universo das

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Gráfico 13: Investimentos em capacidade física instalada de produção – 2010/2012

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI

presas com mais de 500 funcionários no Brasil, os fornecedores possuem papel de pouca relevância como indutores da inovação tecnológica por parte de seus clientes. Isso pode ser explicado pelo porte relativo dessas empresas, que ten-dem, no mercado doméstico, a ter escalas superiores às de seus fornecedores.

e. Investimento em capital fixo no primeiro trimestre de 2012

A Sondagem de Inovação examina também o comportamento dos investi-mentos realizados pelas grandes empresas para a ampliação da capacidade instalada de produção. Tipicamente, tais investimentos respondem a estra-tégias de expansão das firmas, guiadas por expectativas de crescimento da demanda doméstica ou externa, por busca de maior participação de merca-do, entre outros.

Como apresentado no gráfico 13, houve desde o início de 2011 um declí-nio sistemático no percentual de empresas que expandiu seus investimentos em capacidade instalada, em relação ao trimestre imediatamente anterior. No primeiro trimestre de 2012, em particular, 24,6% das empresas declara-ram ter investido mais em capacidade produtiva que no período anterior, o que representa um declínio de aproximadamente 4 p.p. em relação ao per-centual verificado na edição anterior da Sondagem. Para a maior parte das firmas (61,1%), os investimentos se mantiveram estáveis no período. Cerca de 6,7% das empresas afirmaram ter reduzido os investimentos e 7,6% não realizaram investimentos para ampliar sua capacidade física de produção no primeiro trimestre de 2012.

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Comparando os resultados do primeiro trimestre de 2012 com o mesmo período do ano anterior, observa-se um declínio expressivo, de quase quinze pontos percentuais, no número de empresas que aumentaram os investi-mentos em capacidade instalada, e uma elevação de 6 p.p. no número de empresas que reduziram ou que não fizeram investimentos.

Ao contrário do ocorrido com a maioria dos indicadores de inovação, os dados sobre investimento produtivo não mostram o fim da trajetória decli-nante verificada ao longo de 2011, observando-se de fato percentuais mais baixos no início de 2012. Tal resultado é coerente com o declínio sistemático da formação bruta de capital fixo (FBCF) entre 2010, 2011 e o primeiro tri-mestre de 2012, ocorrido na economia brasileira e já apontado anteriormen-te nesanteriormen-te boletim. Para as próximas edições da Sondagem, resta observar se este indicador de investimento produtivo atingiu seu piso ou se continuará sua trajetória cadente, guiado pelas previsões de baixo crescimento da eco-nomia brasileira para 2012, que tende a alimentar expectativas pessimistas acerca da expansão da demanda doméstica.

f. Fronteira Tecnológica: Tecnologias destinadas à

preser-vação e recuperação do meio ambiente

Com relação à fronteira tecnológica, no 1º trimestre de 2012, a Sondagem de Inovação investigou junto às empresas pesquisadas a difusão do conheci-mento e uso de Tecnologias Destinadas à Recuperação e Preservação do Meio Ambiente. O objetivo aqui é investigar em que medida as empresas estão caminhando rumo a novas fronteiras tecnológicas, representadas neste caso pelas tecnologias de preservação ambiental. Tais tecnologias foram também pesquisadas no 1º trimestre de 2011, portanto é possível realizar uma com-paração anual acerca da difusão dessas tecnologias.

Pode-se afirmar que a maioria das empresas respondentes já utiliza alguma tecnologia destinada à preservação e recuperação do meio ambiente, resul-tado semelhante ao encontrado no 1º trimestre de 2011. De fato, os gráficos 14 e 15 mostram que:

• 53,7% das empresas utilizam tecnologias para tratamento da água em algum produto ou processo interno (contra 55,6% no 1º trimestre de 2011);

• 58,1% das empresas utilizam tecnologias para despoluição do ar (60,0% no 1º trimestre de 2011);

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Gráfico 14: Utilização de tecnologias de preservação e recuperação

ambiental – 2011-2012

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI

• 73,2% das empresas utilizam tecnologias para gestão da água (77,0% no 1º trimestre de 2011);

• 74,1% das empresas utilizam tecnologias de reciclagem ou reaprovei-tamento em algum produto ou processo interno (80,1% no 1º trimestre de 2011).

Por outro lado, tecnologias de despoluição de solo (uso atual em 19,2% das empresas; no 1º trimestre de 2011, 23,0% das empresas utilizavam tais tec-nologias) e ferramentas de eco-design (uso atual em 40,6% das empresas, contra 45,1% no 1º trimestre de 2011) continuam sendo menos utilizadas.

Neste caso, cabe destacar as mesmas observações realizadas para o 1º tri-mestre de 2011. Provavelmente, as empresas investem em tecnologias de preservação ou recuperação de meio ambiente, pressionadas por regulamen-tações ou necessidades de redução de custo. Este último fator aparece, in-clusive, como direcionador importante dos investimentos em inovação em geral, tal como mencionado anteriormente neste boletim, o que contribui para corroborar a hipótese aqui apresentada. Outro aspecto que contribui para corroborar tal suposição continua sendo o relativamente baixo uso de ferramentas de eco-design, que estão associadas a uma abordagem mais sis-têmica das empresas com relação aos impactos de suas atividades (inclusive produtos lançados) sobre o meio ambiente.

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Gráfico 15: Utilização de tecnologias de preservação e recuperação ambiental – 2011-2012

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI

Em relação ao 1º trimestre de 2011, houve um decréscimo no percentual de empresas que afirmaram ter substituído produtos ou processos tradicionais por produtos ou processos com tecnologias destinadas à preservação ou recuperação do meio ambiente (de 52,5% para 49,7%). Isso não significa ne-cessariamente uma redução na preocupação das empresas com os impactos ambientais, mas sim que produtos e processos tradicionais já podem ter sido trocados por outros ambientalmente corretos. De fato, mantida a amostra-gem ao longo dos trimestres, espera-se que esse número realmente diminua ao longo do tempo.

A Sondagem investiga também a situação de projetos para implementação de tecnologias destinadas à preservação ou recuperação do meio-ambiente. Nse quesito, obNservou-Nse um aumento no percentual de empresas que não es-tão desenvolvendo tais projetos, em todas as tecnologias pesquisadas. Assim: • 81,0% das empresas não estão desenvolvendo projetos para implemen-tação de tecnologias para tratamento da água em algum produto ou pro-cesso interno (contra 76,0% no 1º trimestre de 2011);

• 81,3% das empresas não estão desenvolvendo projetos para despolui-ção do ar (75,5% no 1º trimestre de 2011);

• 90,2% das empresas não estão desenvolvendo projetos para despolui-ção do solo (89,0% no 1º trimestre de 2011);

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37

• 60,1% das empresas não estão desenvolvendo projetos gestão da água

(51,6% no 1º trimestre de 2011);

• 55,9% das empresas não estão desenvolvendo projetos de reciclagem ou reaproveitamento em algum produto ou processo interno (47,0% no 1º trimestre de 2011);

• 71,9% das empresas não estão desenvolvendo projetos para introdução de ferramentas de eco-design (63,8% no 1º trimestre de 2011).

Novamente, observa-se que as tecnologias de preservação ou recuperação de meio ambiente privilegiadas pelas empresas em seus projetos são aquelas que também se relacionam à redução dos custos de produção, quais sejam, as referentes à gestão da água e à reciclagem e reaproveitamento de mate-riais. A queda no percentual de empresas que estão realizando projetos de introdução de novas tecnologias de recuperação ou preservação de meio ambiente pode significar que a maioria das empresas considera que já rea-lizou tais esforços. Contudo, sabe-se que novas tecnologias relacionadas ao meio ambiente tem sido desenvolvidas, e poderiam ser melhor difundidas entre as empresas, inclusive aquelas que já obtiveram alguns avanços nesta área. Idealmente, seria desejável a ampliação do uso de tais tecnologias, no-tadamente as de eco-design, que ainda são pouco utilizadas pelas empresas e que teriam um impacto sistêmico, não só sobre o meio ambiente, mas so-bre as próprias cadeias produtivas.

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38

ANEXO I

Distribuição setorial e regional no Brasil de firmas com

500 ou mais pessoas ocupadas

A distribuição setorial do número de empresas que possuem em seus qua-dros mais de 500 pessoas ocupadas encontra-se na tabela A1. Do ponto de vista do número de empresas é possível observar que elas estão presentes em todos os segmentos industriais. Esta é uma das características especial-mente relevante do setor industrial brasileiro.

A presença de empresas de capital estrangeiro é também uma importante característica do setor produtivo nacional. Entre as empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas, 22,2% das empresas são de capital estrangeiro. Este percentual aumenta nos segmentos de bens de capital e indústrias de maior densidade tecnológica.

Tabela A1 – Distribuição setorial das firmas com 500 ou mais pessoas ocupadas na indústria Descrição do setor de

ativi-dade econômica - Divisão

CNAE 2.0 Número de empresas

Empresas de capital estrangeiro %

Extração de carvão mineral 4 0,0

Extração de minerais

metá-licos 9 11,1

Extração de minerais

não--metálicos 8 0,0

Atividades de apoio à

ex-tração de minerais 11 45,5 Fabricação de produtos alimentícios 361 9,4 Fabricação de bebidas 37 13,5 Fabricação de produtos do fumo 9 44,4 Fabricação de produtos têxteis 95 10,5 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 55 5,5 Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro e calçados 90 3,3 Fabricação de produtos de madeira 42 11,9

(39)

39

Descrição do setor de

ativi-dade econômica - Divisão

CNAE 2.0 Número de empresas

Empresas de capital estrangeiro % Fabricação de celulose,

pa-pel e produtos de papa-pel 62 16,1

Impressão e reprodução de gravações 8 25,0 Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo 67 0,0 Fabricação de produtos químicos 77 40,3 Fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêu-ticos 49 46,9 Fabricação de produtos de borracha e de material plástico 65 27,7 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 64 21,9 Metalurgia 78 20,5 Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e

equipamentos 67 19,4

Fabricação de equipamen-tos de informática,

produ-tos eletrônicos 49 46,9

Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais

elé-tricos 57 42,1 Fabricação de máquinas e equipamentos 75 45,3 Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias 132 56,1

Fabricação de outros

equi-pamentos de transporte 22 40,9

Fabricação de móveis 35 2,9

Fabricação de produtos

diversos 22 31,8

Total 1.650 22,2

Fonte: Elaboração IPEA a partir da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e de dados do Banco Central.

(40)

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As empresas industriais com 500 ou mais pessoas ocupadas que investem em P&D concentram-se nas regiões Sul e Sudeste. Na tabela A2 é possível obser-var que 61,8% destas grandes firmas industriais estão na região Sudeste com particular relevância para o estado de São Paulo. 25,8% estão localizadas no Sul do país. As regiões Norte e Centro-Oeste apresentam as menores fre-quências de atividade de P&D entre as grandes firmas, sendo que na região Norte praticamente toda a atividade de P&D encontra-se no estado do Ama-zonas; já na região Centro-Oeste a atividade de P&D concentra-se em Goiás.

A Sondagem de Inovação é um instrumento que serve para acompanhar a conjuntura da inovação tecnológica na indústria brasileira e tem também o objetivo de monitorar o acesso das grandes empresas aos instrumentos de financiamento das atividades para inovação. Este acompanhamento será fei-to com periodicidade anual.

A tabela 5 tem o propósito de mostrar o acesso das empresas apoiadas pelo sistema MCT e pelo BNDES. Conforme podemos observar, das empresas in-dustriais com 500 ou mais pessoas ocupadas, 486 delas tiveram acesso aos mecanismos de apoio do MCT por meio de suas duas agências, FINEP e CNPq, e 1.092 foram financiadas pelo BNDES no período de 2000 a 2008.

Tabela A2 - Distribuição regional firmas com 500 ou mais pessoas ocupadas na indústria que investem em P&D

Região % NORTE 3,6 NORDESTE 6,5 SUDESTE 61,8 SUL 25,8 CENTRO OESTE 2,6 Total 100 Fonte: Pintec/IBGE (2005)

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Tabela A3 - Empresas industriais com 500 ou mais pessoas

ocu-padas que foram apoiadas pelo sistema MCT (CNPq e FINEP) e pelo BNDES 2000-2008

Apoiadas pelo sistema

MCT (FINEP e CNPq) Empresas apoiadas pelo BNDES

Extração de carvão

mi-neral 3 4 Extração de minerais metálicos 8 4 Extração de minerais não-metálicos 4 5 Atividades de apoio à extração de minerais 2 1 Fabricação de produtos alimentícios 83 259 Fabricação de bebidas 4 29 Fabricação de produtos do fumo 2 5 Fabricação de produtos têxteis 8 58 Confecção de artigos do vestuário e acessórios 4 31 Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados 20 62 Fabricação de produtos de madeira 10 37 Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 18 45 Impressão e reprodução de gravações 0 5 Fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo 18 50 Fabricação de produtos químicos 38 43 Fabricação de produtos farmoquímicos e farma-cêuticos 28 29 Fabricação de produtos de borracha e de mate-rial plástico 15 39 Fabricação de produtos de minerais não-metálicos 33 43

(42)

42

Apoiadas pelo sistema

MCT (FINEP e CNPq) Empresas apoiadas pelo BNDES

Metalurgia 39 52

Fabricação de produtos de metal, exceto

máqui-nas e equipamentos 22 38 Fabricação de equipa-mentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos 17 25 Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos 17 38 Fabricação de máquinas e equipamentos 34 50 Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias 42 90 Fabricação de outros equipamentos de trans-porte, 7 10 Fabricação de móveis 4 24 Fabricação de produtos diversos 6 16 Total 486 1.092

Fonte: Elaboração IPEA a partir da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e de dados do Banco Central.

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