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Estudo da atividade farmacológica dos glicosídeos isolados da Herissantia crispa L. (Brizicky) e Sidastrum paniculatum (Fryxell) Malvaceae

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS. ESTUDO DA ATIVIDADE FARMACOLÓGICA DOS GLICOSÍDEOS ISOLADOS DA Herissantia crispa L. (Brizicky) e Sidastrum paniculatum L. (Fryxell) Malvaceae.. PAULO ROBERTO CAVALCANTI CARVALHO. RECIFE 2009.

(2) UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS. ESTUDO DA ATIVIDADE FARMACOLÓGICA DOS GLICOSÍDEOS ISOLADOS DA Herissantia crispa L. (Brizicky) e Sidastrum paniculatum L. (Fryxell) Malvaceae.. Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências Biológicas do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Doutor em Ciências Biológicas, na área de Fisiologia, Farmacologia e Química Medicinal.. Orientadora: Profa Dra Silene Carneiro do Nascimento Co-orientadora: Profa Dra Teresinha Gonçalves da Silva. RECIFE 2009. .. .. ..

(3) Carvalho, Paulo Roberto Cavalcanti Estudo da atividade farmacológica dos glicosídeos isolados da Herissantia crispa L. (Brizicky) e Sidastrum paniculatum (Fryxell) Malvaceae / Paulo Roberto Cavalcanti Carvalho . Recife : O Autor, 2009. 95 folhas : il., fig., tab., quadros Tese (doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCB. Ciências Biológicas, 2009. Inclui bibliografia 1. Ciências biológicas - Farmacologia. 2. Fisiologia – Química biológica. 3. Glicosídeos isolados – Atividade farmacológica I. Título. 615.012 615.9. .. CDU (2.ed.) CDD (22.ed.). UFPE BC - 2009 - 018. .. ..

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(5) DEDICATÓRIA Aos meus pais Djalma Carvalho e Cecília Maria Cavalcanti Carvalho pelo apoio e forças que sempre estiveram me dando para superar meus limites e vencer mais uma etapa de minha vida profissional. A minha esposa Marizélia Maciel Carvalho e minhas filhas Anna Letícia Maciel Carvalho e Larissa Lavínia Maciel Carvalho pelos momentos perdidos de convívio durante a construção desta tese.. .. .. ..

(6) “A vida não é um corredor reto e tranqüilo que nós percorremos livres e sem empecilhos, mas um labirinto de passagens, pelas quais nós devemos procurar nosso caminho, perdidos e confusos, de vez em quando presos em um beco sem saída. Porém, se tivermos fé, uma porta sempre será aberta para nós, não talvez aquela sobre a qual nós mesmos nunca pensamos, mas aquela que definitivamente se revelará boa para nós.” (A.J.Cronin). .. .. ..

(7) AGRADECIMENTOS. A Deus pela força física e espiritual que estava ao meu lado durante esta etapa da minha vida.. A Profa Dra Silene Carneiro do Nascimento pela orientação desse trabalho, pelos conhecimentos transmitidos e pela enorme influência na minha vida científica e acadêmica.. A Profa Dra Teresinha Gonçalves da Silva, minha enorme gratidão pela preciosa orientação e confiança em meu trabalho.. A Profa Dra Maria de Fátima Vanderlei Souza do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da Universidade Federal da Paraíba pelo fornecimento dos produtos que foram estudados nesta tese.. Aos professores do Programa de Pós-Graduação de Ciências Biológicas, pela paciência e dedicação nas disciplinas.. A Profa Dra Maria Teresa Jansen de Almeida Catanho pela colaboração prestada para a realização dos testes de atividade biológica. A Profa Dra Paloma Lyz Medeiros pelo apoio e colaboração na interpretação dos exames histopatológicos.. .. .. ..

(8) A Maria Susete Mendonça, Maria D. Rodrigues e Maria Suely R. Cavalcanti pelo apoio, contribuição e amizade.. Ao professor Jorge Rocha de Carvalho e professores do Departamento de Educação Física da UFPE pelo apoio, ajuda e atenção dedicada.. Aos amigos Jaciana Aguiar, Tiago Lins e Lins e Lina pelas valiosas ajudas e ensinamentos neste trabalho. Aos amigos e colegas de turma do Doutorado. Aos colegas do Laboratório de Bioensaios para Pesquisa de Fármacos do Departamento de Antibióticos da Universidade Federal de Pernambuco.. .. .. ..

(9) SUMÁRIO 1- Introdução. 11. 2- Objetivos. 14. 2.1- Geral 2.2- Específicos. 14 14. 3- Revisão de Literatura. 17. 3.1- Câncer 3.2- Inflamação 3.3- Dor 3.4- Plantas medicinais como fonte de novos fármacos 3.5- Família Malvácea: Características da Família Malvácea 3.6- Aspectos quimiotaxonômicos, etnobotânicos e etnofarmacológicos da família Malvácea 3.7- Considerações botânicas sobre o gênero Herissantia 3.8- Herissantia crispa L. (Brizicky) 3.9- Sidastrum paniculatum L. (Fryxell). 17 21 27 30 35. 4- Referências. 54. 5- Artigo 1. 69. 6- Artigo 2. 79. 7- Conclusão. 96. .. .. 39 44 45 46. ..

(10) LISTA DE FIGURAS. 1- Figura 1. Distribuição de espécies de Malvácea no Mundo. 36. 2- Figura 2. Caracteres morfológicos mais evidentes em espécies de Malváceas. 38. 3- Figura 3. Herissantia crispa L. (Brizicky). 45. 4- Artigo 1: Figura 1– Efeitos drogas sobre tumores Sarcoma 180 e Carcinoma de Ehrlich. 73. 6- Artigo 1: Figura 2 - Fotomicrografias de órgãos (fígado e rins) e tumor (Sarcoma 180) de camundongos sob ação do tilirosídeo. 74. .. .. ..

(11) LISTA DE TABELAS. 1- Artigo 1: Tabela 1. Atividade citotoxica de substâncias isoladas da Herissantia crispa frente às células KB, NCI-H292 e HEp-2. 72. 2- Artigo 2: Tabela 2. Atividade citotóxica de substâncias isoladas de Sidatrum paniculatum frente às linhagens KB, NCI-H292 e HEp2. 90. 3- Artigo 2: Tabela 3 – Atividade Antiinflamatória. .. .. ..

(12) RESUMO A busca por novas terapias para a cura do câncer, tratamentos do processo inflamatório e da dor, são ainda objetos de intensas investigações. Acredita-se que os produtos naturais em geral são importantes fontes de substâncias químicas biologicamente ativas com potencial e aplicabilidade terapêutica, sendo estas uma fonte de diversidade em termos de estrutura, propriedades físicoquímicas e atividades biológicas. Sendo assim o presente trabalho teve como objetivo realizar o estudo citotóxico e farmacológico (atividade antitumoral, antiinflamatória e analgésica) de glicosídeos isolados das espécies Herissantia crispa L. Brizicky e Sidastrum paniculatum L. Fryxell (Malvaceae). As plantas foram coletadas na Pedra da boca, no município de Araruma – PB, e destas foram isoladas quatro substâncias identificadas como 3,7-di-O-α-L-raminosideo (diraminosídeo), 3-O-β-D-(6”-E-P-cumaroil)glicosídeo (tilirosídeo) e as misturas glicosilada e não glicosilada do β-sitosterol e estigmasterol. Os produtos foram testados quanto a atividade antitumoral sobre linhagens células neoplásicas (in vitro) e tumores murinos (in vivo). Para o estudo in vitro, fora utilizados células das linhagens NCI-H292 (carcinoma de pulmão humano), HEp-2 (carcinoma epidermóide de laringe humana) e KB (carcinoma epidermóide de boca), através do método do MTT. Na avaliação da citotoxicidade o diraminosídeo e o tilirosídeo não apresentaram resultados significativos em relação ao controle. Nos experimentos in vivo, os produtos foram testados em animais portadores do Sarcoma 180, onde o tilirosídeo, as misturas glicosilada e não glicosilada apresentaram resultado bastante promissores. O tilirosídeo foi testado frente ao e Carcinoma de Ehrlich e também inibiu significativamente o crescimento tumoral.O diraminosídeo não inibiu o crescimento tumoral. Na avaliação histopatólogica dos tumores e órgãos do grupo controle e grupos tratados, observou-se que os animais tratados com o tilirosídeo apresentaram leves alterações renais. No teste de air pouch induzido por carragenina e contorções abdominais induzidas por ácido acético o tilirosídeo, diraminosídeo e a mistura de esteróides glicosilados apresentaram atividade antiinflamatória e analgésica promissoras. Os resultados obtidos demonstraram que os produtos testados apresentam atividades antitumoral, antiinflamatória e antinociceptiva, justificando a continuidade de estudos aprofundados para investigação do mecanismo de ação. Palavras-Chave: Atividade Biológica; Produto Natural; Glicosídeos isolados.. .. .. ..

(13) ABSTRACT. The search for new therapies to cure the cancer, treatment of the inflammatory process and pain, are still objects of intensive investigations. It is believed that the natural products in general are important sources of biologically active chemicals with therapeutic potential and applicability, which are a source of diversity in structure, physicochemical properties and biological activities. Therefore this study aimed to carry out the study and cytotoxic drug (antitumor activity, antiinflammatory and analgesic) of glycosides isolated from species Herissantia crispa L. Brizicky and Sidastrum paniculatum L. Fryxell (Malvaceae). Plants were collected at the mouth of the Pedra, municipality of Araruma - CP, and these were isolated four substances identified as 3,7-di-O-α-L-raminosideo (diraminosídeo), 3O-β-D-( 6 "-EP-cumaroil) glycoside (tilirosídeo) and mixtures of glycosylated and non -sitosterol and stigmasterol. The products were tested forβglycosylated antitumor activity on tumor cells (in vitro) and murine tumors (in vivo). To study in vitro, was used for cell lines NCI-H292 (human lung carcinoma), HEp-2 (squamous cell carcinoma of human larynx) and KB (carcinoma of the pharynx) by the method of MTT. In the evaluation of the cytotoxicity diraminosídeo and tilirosídeo showed no significant results and the control. In experiments in vivo, the products were tested in animals bearing the sarcoma 180, where the tilirosídeo, mixtures glycosylated and non glycosylated showed very promising results. The diraminosídeo did not inhibit tumor growth. The tilirosídeo and was tested against the Ehrlich carcinoma and also significantly inhibited tumor growth. In the histopathological evaluation of tumors and organs of the control group and treated groups, it was observed that animals treated with tilirosídeo had mild renal changes. The testing of air pouch induced by carrageenan and contorções abdominal induced by acetic acid to tilirosídeo, diraminosídeo mixture of steroidal glycosides and showed promising analgesic and antiinflammatory activity. The results showed that the products tested have antitumor activity, anti-inflammatory and antinociceptive, justifying the continuation of studies to investigate the mechanism of action. Words-Key: Biological activities; Natural Products; Glycosides isolated.. .. .. ..

(14) Estudo da atividade farmacológica dos.... 10. INTRODUÇÃO. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(15) Estudo da atividade farmacológica dos.... 11. 1- INTRODUÇÃO As plantas medicinais são utilizadas pela humanidade desde tempos imemoriais. A busca por alívio e cura de doenças pela ingestão de ervas e folha talvez tenha sido uma das formas mais importantes de utilização dos produtos naturais na vida do homem, e estas sempre exerceram um verdadeiro fascínio ao longo de toda a história da humanidade em muitas pessoas sensíveis à influência da natureza. A história do desenvolvimento das civilizações Oriental e Ocidental é rica em exemplos da utilização de recursos naturais na medicina, no controle de pragas e nos mecanismos de defesa, merecendo destaque à civilização Egípcia, Greco-romana e Chinesa (CECHINEL-FILHO; YUNES, 2001; VIEGAS et al, 2006). Entre as primeiras civilizações como os sumérios e os povos babilônicos, as plantas como a canela e o coentro já eram utilizadas para fins medicinais na forma de infuso, vinho e emplastro. Desde as civilizações mais antigas as pessoas confiam nas plantas como arsenal profilático ou terapêutico na recuperação e manutenção da saúde (ANDRADE et al., 2007). Hoje se tem certeza que os produtos naturais em geral são importantes fontes de novas substâncias químicas biologicamente ativas com potencial e aplicabilidade terapêutica, sendo estas uma fonte de diversidade em termos de estrutura e de propriedades físico-químicas e biológicas (VEIGA-JÚNIOR; PINTO,2005; ANDRADE et al., 2007). O emprego de plantas medicinais hoje em dia ainda é uma das fontes mais interessantes. e. exploradas. para. o. desenvolvimento. de. novas. drogas. quimioterápicas, antiinflamatórias e analgésicas (RATES, 2001), onde estas.

(16) Estudo da atividade farmacológica dos.... 11. podem representar uma alternativa menos tóxica aos medicamentos comerciais. Além disso, sua utilização tem papel vital para sanar as necessidades básicas de saúde nos países em desenvolvimento. Isto gera grande interesse na realização de screening dessas plantas, para avaliar seu potencial medicinal, comparando os resultados de estudos científicos com os propagados pela medicina popular (AWAD et al., 2001). O presente trabalho tem por objetivo contribuir para a pesquisa científica no que se refere à investigação farmacológica de produtos isolados da Herissantia crispa L. (Brizicky) e Sidastrum paniculatum L. (Fryxell) Malvaceae, em modelos in vitro e in vivo, na perspectiva de encontrar novos agentes terapêuticos.. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(17) Estudo da atividade farmacológica dos.... 12. OBJETIVOS. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(18) Estudo da atividade farmacológica dos.... 13. 2. OBJETIVOS:. 2.1. GERAL •. Realizar. o. estudo. citotóxico,. farmacológico. (atividades. antitumoral,. antiinflamatória e analgésica) de glicosídeos isolados da espécie Herissantia crispa L. (Brizicky) e Sidastrum paniculatum L. (Fryxell) Malvaceae.. 2.2. ESPECÍFICOS. •. Avaliar a atividade citotóxica dos glicosídeos isolados da Herissantia crispa L. Brizicky e Sidastrum paniculatum L. Fryxell (Malvaceae) em linhagens celulares NCI-H292 (carcinoma de pulmão), HEp-2 (carcinoma de laringe) e KB (carcinoma epidermóide de boca);. •. Avaliar a atividade antitumoral dos glicosídeos tilirosídeo, diraminosídeo, da mistura β-sistosterol+estigmasterol glicosilados e não glicosilado em tumor sólido Sarcoma 180 e Carcinoma de Ehrlich;. •. Avaliar a atividade antiinflamatória dos glicosídeos isolados das espécies de Malvaceae através dos testes de Air pouch induzido por carragenina;. •. Avaliar o efeito analgésico dos glicosídeos das espécies de malvaceae através do teste de contorção abdominal; Carvalho, P. R. C.. .. .. ..

(19) Estudo da atividade farmacológica dos.... •. 14. Avaliar a histopatologia de tumores e órgãos de animais tratados com os glicosídeos isolados das espécies da família Malvaceae.. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(20) Estudo da atividade farmacológica dos.... 15. REVISÃO DA LITERATURA. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(21) Estudo da atividade farmacológica dos.... 16. 3- REVISÃO DA LITERATURA. 3.1. CÂNCER Durante a vida de um animal as divisões celulares são rigorosamente controladas, de modo a garantir o bom funcionamento do organismo. Ao longo do desenvolvimento embrionário e das fases jovens da vida, as divisões celulares devem sobrepujar a morte das células, para que os diversos órgãos se formem e cresçam até atingir seu tamanho definitivo. Na fase adulta, o ritmo das divisões celulares diminui, passando a ocorrer apenas quando há necessidade de repor as células que morrem naturalmente ou em conseqüência de acidentes. Entretanto, observa-se que podem ocorrer alterações que danificam o sistema de controle da divisão celular, levando a célula a crescer e se multiplicar sem necessidade. Caso essa tendência de multiplicação incontrolada seja transmitida às células-filhas, surgirá um clone de células com propensão a se expandir indefinidamente dando origem a um tumor maligno (SNUSTAD; SIMMONS, 2008). Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Tumores malignos podem disseminar-se para outros locais no corpo, formando tumores secundários, sendo denominado metástase (estado alterado). Por outro lado quando estas células não invadem os tecidos vizinhos o tumor é benigno, significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(22) Estudo da atividade farmacológica dos.... 17. original. Hoje o termo tumor é utilizado quase exclusivamente para massas neoplásicas (KUMAR; COTRAN, 2000; BRASILEIRO FILHO, 2004) As neoplasias são originadas de apenas uma ou de algumas células normais que sofrem transformações. O processo de crescimento anormal dos tumores é o reflexo de complexas anormalidades fisiológicas resultantes da expressão de genes virais mutantes e/ou de expressão desregulada de genes normais (COUSSENS; WERB, 2002) O câncer é uma doença de natureza crônica que possui repercussão de ordem econômica e social de grande monta. Poucas doenças demonstram ser tão dependentes de uma etiologia multifatorial como o câncer. No seu diagnóstico e tratamento são exigidos uma equipe multiprofissional altamente especializada, de formação e manutenção onerosa, e o emprego de uma tecnologia sofisticada e dispendiosa para a sua cura (BRASIL, 2003) A maioria dos casos de câncer (80%) está relacionada à influência do meio ambiente, no qual encontramos um grande número de fatores de risco. Entendese por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente ocupacional (indústrias químicas e afins), o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos), o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida). As mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os "hábitos" e o "estilo de vida" adotados pelas pessoas, podem determinar diferentes tipos de câncer. São raros os casos de cânceres que se devem exclusivamente a fatores hereditários, familiares e étnicos, apesar de o fator genético exercer um importante papel na oncogênese. Um exemplo são os indivíduos portadores de retinoblastoma que, em 10% dos casos, apresentam história familiar deste tumor. Alguns tipos de câncer de mama, estômago e intestino parecem ter um forte componente familiar, embora não se Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(23) Estudo da atividade farmacológica dos.... 18. possa afastar a hipótese de exposição dos membros da família a uma causa comum. Determinados grupos étnicos parecem estar protegidos de certos tipos de câncer: a leucemia linfocítica é rara em orientais, e o sarcoma de Ewing é muito raro em negros (INCA, 2007). O câncer ainda é um grande problema de saúde pública em paises desenvolvidos e em desenvolvimento, sendo responsável por mais de seis milhões de óbitos a cada ano, representando cerca de 12% de todas as causas de morte no mundo. Embora as maiores taxas de incidência de câncer sejam encontradas em países desenvolvidos, dos dez milhões de casos novos anuais de câncer, cinco milhões e meio são diagnosticados nos países em desenvolvimento (INCA, 2003). Pode parecer paradoxal, mas uma das causas de grande incidência do câncer é o aumento da expectativa de vida do homem, que ao longo de sua existência, as células humanas são expostas a agentes mutagênicos e sofrem erros de duplicação, resultando em alterações sutis e progressivas na seqüência de DNA. Quanto maior o número de divisões da célula, maiores as chances de ocorrência de alterações no seu DNA. Eventualmente, uma dessas mutações no DNA (mutações somáticas) pode alterar a função de um gene crítico, fornecendo uma vantagem no crescimento e na multiplicação da célula na qual ocorreu a mutação, levando a uma expansão do clone derivado dessa célula. Essa multiplicação aumentada pode acelerar a taxa de mutações que ocorrem em diversas regiões do genoma, levando, em última instância, ao surgimento de clones celulares capazes de invadir, proliferar e colonizar diversas regiões do corpo formando metásteses (HAHN; WEINBERG, 2002).. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(24) Estudo da atividade farmacológica dos.... 19. Quatro funções tendem a ser desreguladas em uma neoplasia: primeiro, os controles normais de proliferação celular são ineficazes; segundo, o programa de diferenciação pode estar comprometido, ou seja, as células tumorais podem estar bloqueadas em um determinado estágio de diferenciação ou podem estar diferenciadas em um tipo celular inapropriado ou anormal; terceiro, a organização cromossômica e genética pode estar desestabilizada tal o número de variantes celulares que surgem com freqüência elevada (algumas variantes podem aumentar a mobilidade ou a produção de enzimas que permitem a invasão e a metástase); e o quarto, o programa de morte celular (apoptose) pode estar desregulado (PONDER, 2001). As células alteradas passam então a se comportarem de forma anormal, com constante multiplicação celular exigindo uma alta carga metabólica para se manterem. Seguindo este acúmulo numeroso de células, estas sofrem mudanças e disseminam para os tecidos vizinhos, caracterizando um processo metastático (DE ALMEIDA et al., 2005). Acredita-se que as causas do câncer seriam uma mistura de componentes ambientais e alterações genéticas. Os incríveis avanços na biologia molecular e genética esclarecem os elementos básicos do câncer. A compreensão sobre esses eventos será de suma importância no controle do câncer e que devem levar a terapias melhores, e possivelmente à prevenção ou cura da doença (PAWELEC, 2004). Existem hoje quatro tratamentos classicamente adotados contra o câncer que são a quimioterapia, a radioterapia, a terapia genética (realizada através de genes supressores de tumor, onde estes são inseridos num vírus que os carrega para dentro dos núcleos das células cancerosas, onde irão produzir proteínas que Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(25) Estudo da atividade farmacológica dos.... 20. regulam a proliferação) e a cirurgia (remoção do tecido e seus arredores) que apresentam inúmeras desvantagens, como a desfiguração do paciente, com prejuízos à sua auto-estima, inúmeros efeitos colaterais (quimioterapia e radioterapia), além de uma perspectiva de cura nem sempre eficaz. Em virtude disso, tratamentos alternativos estão sendo constantemente propostos na área de oncologia, dentre os quais se inclui a terapia com o uso de imunoduladores, com o objetivo de fortalecer o sistema de defesa natural do organismo, livrando o hospedeiro do câncer (WASSER, 2002; SNUSTAD; SIMMONS, 2008). Nas ultimas décadas têm-se observado relevantes mudanças na relação médico e paciente, visto que este solicita ao seu médico que sejam prescritos tratamentos alternativos para a cura do seu mal. Por outro lado, se o paciente não for atendido em sua solicitação, ele próprio ou com ajuda de familiares, amigos ou vizinhos, buscam outras terapêuticas, como é o caso da fitoterapia. Estima-se que mais de 60% de todos os pacientes usam métodos alternativos de tratamento no curso de sua doença (INCA, 2006).. 3.2. INFLAMAÇÃO Segundo Natathan, 2002 e Hardman et al., 2003, a inflamação é uma resposta normal do organismo a lesões teciduais, sendo este um processo complexo e formado por uma rede intrincada de diferentes mediadores que, uma vez desencadeada pelo agente agressor (que podem ser infecciosos, alérgicos, traumáticos ou auto-imune) a resposta inflamatória será sempre repetitiva e composta por cinco etapas principais como ativação enzimática, liberação de mediadores, extravasamento de fluido com formação de edema, migração celular e lesões teciduais, seguidas de reparação tecidual. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(26) Estudo da atividade farmacológica dos.... 21. A exacerbação da inflamação é fundamentalmente uma resposta protetora cujo objetivo final é livrar o organismo da causa inicial da lesão celular e das conseqüências dessa lesão (COLLINS, 2000). Consistindo na primeira linha de defesa do organismo, localizar a região afetada, eliminar o agente agressor e remover os tecidos lesionados, preparando a região acometida para a reparação. Sem a inflamação, as infecções se desenvolveriam descontroladamente, as feridas nunca cicatrizariam e o processo destrutivo nos órgãos atacados seria permanente. Entretanto, em algumas situações e doenças, a resposta inflamatória torna-se exagerada, persistindo sem qualquer benefício aparente (SILVA; CARVALHO, 2004; SIQUEIRA; DANTAS, 2000). Este mecanismo já é bem esclarecido, pois as alergias e doenças nos quais os indivíduos desenvolvem respostas imunológicas desreguladas contra antígenos ambientais encontrados freqüentemente, e as doenças auto-imunes, nas quais as respostas imunológicas se desenvolvem contra auto-antígenos normalmente tolerados, são desordens nas quais a inflamação é causa fundamental da lesão tecidual. Estudos demonstram o papel importante desempenhado pela inflamação em uma variedade de doenças humanas que não são doenças primariamente do sistema imunológico. Elas incluem câncer, aterosclerose,. doença. cardíaca. isquêmica. e. algumas. doenças. neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer. Além disso, a inflamação prolongada e a fibrose que a acompanha são responsáveis pela maior parte das alterações. patológicas. vistas. em. muitas. doenças. infecciosas. crônicas,. metabólicas e outras. Já que essas são as principais desordens que afligem a humanidade, não é de surpreender que a resposta inflamatória, normalmente. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(27) Estudo da atividade farmacológica dos.... 22. protetora, seja chamada de “assassino silencioso” (KUMAR, ABBAS; FAUSTO, 2005). A inflamação inclui atividades conjuntas e freqüentemente opostas de vários tipos de células e dezenas de mediadores protéicos e lipídicos (KUMAR, ABBAS; FAUSTO, 2005). O processo inflamatório apresenta, inicialmente, mudanças no fluxo sanguíneo local e acumulação de várias células inflamatórias (neutrófilos, células dendríticas, monócitos, mastócitos e linfócitos), sendo denominada inflamação aguda ou reação inflamatória aguda. Seus sinais já foram descritos há aproximadamente 2000 anos, como rubor (vermelhidão), dor, calor (hipertermia) e tumor (edema). O rubor e a hipertermia da inflamação aguda são resultados da dilatação dos vasos e aumento do fluxo sangüíneo na região inflamada, o edema é provocado pelo acúmulo de exsudato e a dor resulta de uma combinação de fatores incluindo a pressão nas terminações pelo edema e de um efeito de determinados fatores químicos liberados durantes a resposta inflamatória. A perda da função, total ou parcial, na área inflamada resulta em edema e dor marcantes (HARDMAN et al., 2003). Esta reação inflamatória consiste em dois componentes: uma reação inata, do sistema imune que engloba os eventos que ocorrem localmente no interior dos tecidos; e uma resposta imune adquirida e especifica, tornando a resposta de defesa a um microorganismo invasor mais eficaz (TLASKALOVA et al., 2005). Os eventos que ocorrem localmente no interior dos tecidos podem ser divididos em vasculares e celulares. Os eventos vasculares compreendem a vasodilatação, com conseqüente aumento do fluxo sanguíneo local, o aumento da permeabilidade vascular e a exsudação plasmática. Tais eventos são importantes na medida em que promovem um aumento local da concentração de mediadores Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(28) Estudo da atividade farmacológica dos.... 23. de origem plasmática, entre eles os componentes do sistema complemento, da coagulação, do sistema fibrinolítico e das cininas. Concomitantemente, são desencadeados os eventos celulares, onde há saída de leucócitos circulantes da luz do vaso e a migração destas células para o sítio inflamatório. Esse fenômeno segue algumas fases como captura, rolamento dos leucócitos pelo endotélio, adesão firme e transmigração (WAHL et al; 1996; SILVA et al; 2007). Todas estas etapas do processo de migração leucocitária são dependentes da expressão, pelos leucócitos e pelas células endoteliais, de moléculas de adesão e de mediadores quimiotáticos (WEBER, 2003). A mobilização adequada dos leucócitos circulantes para o sítio inflamado é fundamental para a defesa do organismo, já que estas células podem desenvolver suas ações fagocíticas e destruição de agentes patogênicos, levando à resolução do processo. Os leucócitos circulantes migram seletivamente e em número significativo para o tecido inflamado no decorrer do processo. Em uma resposta inflamatória aguda, e logo nos estágios iniciais, há acúmulo predominante de neutrófilos, enquanto que as células mononucleares são observadas mais tardiamente durante a fase aguda, bem como nos processos crônicos. A migração de eosinófilos também pode ocorrer em processos inflamatórios, estando principalmente associada a processos alérgicos e infecções parasitárias. Algumas das células já estão presentes no tecido afetado tais como: células endoteliais, células mesoteliais, mastócitos, eosinófilos, macrófagos e alguns linfócitos (BROCHE; TELLADO, 2001). Posteriormente, patógenos, debris celulares e células inflamatórias precisam ser removidas e a integridade e funcionamento normal do tecido restaurado. Quando esse delicado balanço entre inflamação e restauração Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(29) Estudo da atividade farmacológica dos.... 24. tecidual é quebrado, ocorrerá o desenvolvimento de doenças inflamatórias crônicas e auto-imunes, tais como doenças inflamatórias intestinais, artrite ou asma (SZÉLES; TOROSIK; NAGY, 2007). O processo inflamatório pode iniciar-se a partir de traumas no tecido, presença de complexos imunes, produtos derivados de bactérias, vírus ou parasitos (CUNHA et al., 2004), e depende de mediadores celulares liberados por células como neutrófilos, monócitos, macrófagos, eosinófilos, mastócitos e mediadores químicos. Os mediadores químicos têm diferentes origens no organismo e exercem funções diversas na cascata inflamatória, podendo ser provenientes. de. células. (histamina,. serotonina,. enzimas. lisossomiais,. prostaglandinas, leucotrienos, fatores ativadores de plaquetas, citocinas e óxido nítrico) e/ou mediadores provenientes do plasma (o complemento, as cininas bradicininas e os fatores de coagulação e fibrinólise). Os primeiros mediadores químicos a se manifestarem no processo inflamatório são histamina e serotonina. (CUZZOCREA, 2005; WANG; ALJAROUDI; NEWBY, 2005; SARKAR; FISHER, 2006). Dentre os mediadores inflamatórios, a histamina e a serotonina destacamse por realizar a desgranulação de mastócitos, responsáveis pela vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular (GONZALEZ-REY et al, 2007). A bradicina se destaca entre os mediadores químicos envolvidos no processo inflamatório, promovendo vasodilatação, extravasamento plasmático e aderência de neutrófilos (CALIXTO et al., 2004). Além destes, mediadores peptídicos, como as neurocininas e o peptídio relacionado ao gene da calcitonina (CGRP) também exercem um importante papel no processo inflamatório (OKAJIMAS; HARADA, 2006). Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(30) Estudo da atividade farmacológica dos.... 25. Os efeitos dos mediadores do tipo prostaglandinas (PGs) e leucotrienos (LTs) resultam em incrementos de quimiotaxias e fagocitoses dos leucócitos polimorfonucleares (PMNs), e conseqüentemente a eliminação dos agentes agressores. A ativação de macrófagos permite o estabelecimento de uma resposta imune específica mediante a cooperação com os subgrupos de linfócitos T auxiliares (Th). O meio ambiente pode condicionar uma resposta do tipo Th1 ou Th2 de acordo com as características do agente agressor (SÁNCHEZ-RAMÍREZ e TALAMÁS-ROHANA, 2002). Assim, verifica-se que a inflamação manifesta-se clinicamente como um fenômeno estereotipado e independente da natureza do agente agressor, mediado por vários fatores, podendo ocorrer somente pequenas variações em determinadas situações, dependentes do tecido ou órgão afetado, e da coexistência de estados patológicos, que alterariam a capacidade do organismo de mobilizar as fontes de defesa (SILVA, 2004). A terapia antiinflamatória atual baseia-se na necessidade de controlar os sinais cardinais da inflamação. A maioria dos antiinflamatórios estudados são bloqueadores das vias principais de mediadores pró-inflamatórios que estão envolvidos na iniciação de uma resposta inflamatória aguda. Assim, a maioria dos antiinflamatórios bloqueia vias bioquímicas e/ou sinalizadores de mecanismos pró-inflamatórios (SERHAN et al., 2003). Dentre os medicamentos mais comuns estão os antiinflamatórios não-esteroidais (AINEs) sendo a classe de medicamentos mais amplamente utilizada entre todos os agentes terapêuticos. Com freqüência, são prescritos para queixas músculoesqueléticas e são freqüentemente tomados sem prescrição para dores menores, uma vez que estes medicamentos possuem três tipos principais de efeitos: efeitos Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(31) Estudo da atividade farmacológica dos.... 26. antiinflamatórios, efeito analgésico, e efeito antipirético (RANG, DALE; RITTER, 2001a.b).. 3.3. DOR A dor é conceituada como uma experiência sensorial e emocional desagradável, tendo como causa um dano tecidual real ou potencial. A percepção da dor envolve dois componentes, nocicepção que é o estímulo doloroso propriamente dito, e a reação emocional à dor. A dor alerta o indivíduo sobre a ocorrência de alguma forma de lesão orgânica instalada ou em vias de se instalar, esta não envolve apenas a transdução da informação gerada pelo estímulo nocivo, mas também o processamento cognitivo e emocional pelo cérebro (CUNHA et al; 2004). A percepção dolorosa a um determinado estímulo tem como ação biológica alertar o organismo sobre o perigo no ambiente, incluindo a resposta comportamental de proteger o organismo contra a possível lesão (DEVOR, 2006). Em condições normais, a informação sensorial é captada por estruturas do sistema nervoso periférico (SNP) e transmitida ao sistema nervoso central (SNC). Nestas estruturas, neurotransmissores diferentes realizam a função bioquímica de transmitir a dor (DAUDT et al., 1998). A dor de acordo com a sua duração pode ser aguda ou crônica, onde a dor crônica pode perpetuar por meses ou anos, e se caracteriza em relação à persistência e alterações adaptativas, o que muitas vezes dificulta o tratamento; a dor aguda está associada com uma lesão tecidual recente, ativação de nociceptores e pode desaparecer até mesmo antes da cura do dano tecidual (BESSON, 1999; PARK; VASKO, 2005). Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(32) Estudo da atividade farmacológica dos.... 27. A origem da dor ainda é bastante variada, incluindo trauma, desordens metabólicas e vasculares, infecções virais ou bacterianas, entre outros fatores. A dor neuropática causa o dano neural, o qual é seguido de alterações que também são comuns a diversos tipos de dor (DEVOR, 2006). No sistema nervoso periférico, as principais conseqüências da lesão de nervos são alterações na excitabilidade e no fenótipo das fibras aferentes primárias, sendo estes fenômenos agentes contribuintes para as alterações que ocorrem no sistema nervoso central, que incluem excitabilidade aumentada, inibição diminuída e reestruturação organizacional das células (WOOLF, 2004). Uma propriedade essencial dos tecidos animais consiste na capacidade de responder defensivamente a estímulos lesivos. Essa propriedade é discernível de algum modo, na maioria das espécies e manifesta-se de maneira cada vez mais complexa, à medida que aumenta a especialização biológica (YAGIELA; NEIDE; DOWD, 2000; CUZZOCREA, 2005). A dor tem seu início nas áreas periféricas como a pele e órgãos internos, isto é, fora do cérebro e da medula espinhal. Sendo assim, neste contexto, dar uma topada ou encostar a mão em uma chapa quente são eventos que ativam os neurônios que reagem como estímulos danosos, como temperaturas ou pressão mecânica extrema e substâncias produzidas pelo organismo em respostas a uma lesão ou inflamação (BASBAUM; JULIUS, 2006). A sensação dolorosa é comumente acompanhada de alterações sensoriais e de substâncias algiogênicas que são liberadas dos mastócitos e leucócitos, bem como vasos sanguíneos e células traumatizadas, sendo responsável pela hiperalgesia. termomecânica. (sensibilidade. aumentada. para um estímulo. doloroso), pela vasodilatação observada em lesões traumáticas, inflamatórias e Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(33) Estudo da atividade farmacológica dos.... 28. isquêmicas e alodinia (dor provocada por um estimulo previamente não nocivo) (CUNHA, 2004). O fenômeno sensitivo doloroso é a transformação dos estímulos ambientais em potenciais de ação que das fibras periféricas e são transferidos para o Sistema Nervoso Central. Os receptores nociceptivos são representados pelas terminações nervosas livres presentes nas fibras mielínicas A-δ e amelínicas C (ANDRADE-FILHO, 2001). Os nociceptores possuem duas extremidades, onde uma detecta sensações e projeta-se para as regiões periféricas inervando pequenas porções de tecido e a segunda extremidade estende-se até o interior do corno medular espinhal dorsal. O corpo celular dos nociceptores fica entre esses dois segmentos, quando o agente nocivo é detectado pela extremidade periférica na pele ou algum outro órgão, um impulso elétrico é disparado e propagado por toda a fibra nervosa até atingir uma região da medula espinhal (BASBAUN; JULIUS, 2006). Os nociceptores que constituem os receptores farmacológicos dos axônios de células nervosas desencadeiam a condução elétrica, levando a informação dolorosa de sua origem periférica à medula espinhal por via específica. No cérebro, a informação é identificada e se transforma em sensação de dor. Entre os receptores periféricos e o cérebro, existem duas vias mediadoras dos estímulos dolorosos: a neoespinotalâmica e a paleoespinotalâmica (LÜLLMANN et al., 2001). A via neoespinotalâmica (Trato espinotalâmico lateral) é a principal via que medeia a sensibilidade dolorosa e térmica, envolvendo uma cadeia de três neurônios. Através desta via, sensações térmicas são trazidas dos membros e do Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(34) Estudo da atividade farmacológica dos.... 29. tronco do lado oposto, sendo que esta via informa a sensação de dor rápida e bem localizada (somatotopia) (ROCHA, 2005); e a via paleoespinotalâmica (Trato espinotalâmico retículo), ao contrário da via neoespinotalâmico, não tem organização somatotópica. Assim, ela é responsável por um tipo de dor pouco localizada, a dor profunda do tipo crônico, correspondendo a chamada dor em queimação, ao contrário da via neoespinotalâmica, que veicula dores localizadas do tipo dor em pontada (LÜLLMANN et al., 2000). Neurônios sensoriais lesionados, ou fibras próximas a eles, podem desenvolver alterações na sua excitabilidade, suficientes para gerar potenciais de ação ectópica, podendo estes resultar na desmielinização e ou no aumento da expressão de canais de sódio e diminuição da expressão de canais de potássio (LIU; MICHAELIS; DEVOR, 2000).. 3.4. Plantas Medicinais como Fonte de Novos Fármacos. A fitoterapia é uma terapia milenar que se caracteriza pelo tratamento com o uso de plantas medicinais e suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de princípios ativos isolados. Pode-se afirmar que 2000 anos antes do aparecimento dos primeiros médicos gregos, já existia uma medicina egípcia organizada,. onde. o. tratamento. de. várias. enfermidades. era. feito. predominantemente com plantas medicinais. Os recursos terapêuticos disponíveis até o século XIX eram exclusivamente oriundos de plantas medicinais e extratos vegetais. No século XX, surgiu a tendência de se isolar os princípios ativos (PUPO; GALLO, 2007). Ao longo dos séculos, produtos de origem vegetal constituíram as bases para tratamento de diferentes doenças. Desde a Declaração de Alma-Ata, em Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(35) Estudo da atividade farmacológica dos.... 30. 1978, a Organização Mundial de saúde (OMS) tem expressado a sua posição a respeito da necessidade de valorizar a utilização de plantas medicinais no âmbito sanitário, tendo em conta que 80% da população mundial utilizam essas plantas ou preparações destas no que se refere à atenção primaria à saúde (BRASIL, 2006a.b). Embora o uso de plantas na cura de enfermidades seja um dos meios mais antigos de tratamento, o conhecimento sobre as plantas medicinais representa, muitas vezes, apenas informações de seu uso popular por comunidades e grupos étnicos. Sob este aspecto, é importante ressaltar que o sucesso das investigações na área de princípios ativos naturais depende, principalmente, do grau de interação entre a Botânica, a Química, a Fitoquímica e a Farmacologia pré-clinica e clínica (GARCIA-GONZÁLES, 2000), para a identificação de uma nova estrutura química, que possa representar um novo candidato a fármaco, elegendo-se o melhor alvo-farmacológico para a aplicação terapêutica (MACIEL; PINTO; VEIGA-JÚNIOR, 2002). Esta interação apresenta-se dividida em etapas onde, na botânica está envolvida a seleção e identificação do material a ser avaliado. A etapa fitoquímica compreende o isolamento, elucidação estrutural e a identificação dos constituintes mais importantes da planta. Este conhecimento, quando associado ao monitoramento da atividade biológica, permite a análise e a caracterização da fração ou substância dotada de atividade terapêutica e/ou tóxica. A etapa farmacológica pré-clinica engloba estudos farmacodinâmicos, farmacocinéticos e toxicológicos do extrato total da planta a ser estudado, realizados in vivo e/ou in vitro. Um dos passos iniciais destes estudos é a investigação dos efeitos farmacológicos da substância isolada de uma planta em modelos experimentais Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(36) Estudo da atividade farmacológica dos.... 31. relevantes e relacionada às ações farmacológicas sugeridas pela análise popular (ELIZABETSKY; SOUZA, 2004). A fitoterapia tem apresentado um importante papel na terapia anticâncer e os mecanismos de interação entre fitocompostos e células neoplásicas vem sendo extensivamente estudado (MUKHERJEE, 2001). Vários laboratórios se encontram envolvidos na tarefa de buscar novos agentes terapêuticos antineoplásicos a partir de fontes naturais (BARACAT, FERNANDES, SILVA, 2000). A natureza, ao longo dos anos, tem fornecido muitos produtos efetivos contra o câncer que até hoje são amplamente utilizados na clínica, a exemplo disto pode-se citar a grande ação dos extratos de plantas de gênero Taxus de onde se obteve a substância conhecida como Taxol (paclitaxel) e Docetaxel. Além destes compostos, a Vincristina e Vinblastina extraídos de Cataranthus roseus são efetivos contra tumores no fígado, rins, cérebro, mama e próstata (MUKHERJEE; CHATTERJEE, 2001; CECHINEL; YUNES, 2001). A literatura mostra que além das efetivas drogas contra o câncer, os produtos naturais são considerados agentes quimiopreventivos, especialmente os flavonóides (LAPA et al., 2004). Apesar do grande desenvolvimento da síntese orgânica e dos processos biotecnológicos, cerca de 25% dos medicamentos prescritos nos países industrializados são originados de plantas, oriundos de nada mais de que 90 espécies. No entanto, durante os últimos 20 anos, os fármacos de origem natural que aparecem no mercado são quase que na totalidade, oriundos de pesquisas científicas de países como China, Coréia e Japão, sendo que a contribuição dos outros países é bem menor (CALIXTO; OTUKI; SANTOS, 2003). Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(37) Estudo da atividade farmacológica dos.... 32. O mercado mundial atual de fitofármacos e fitoterápicos são de ordem de 9 a 11 bilhões de dólares por ano, sendo que mais de 13.000 plantas são mundialmente usadas como fármacos ou fonte de fármacos (FOGLIO et al, 2006). Outras estimativas revelam que o mercado mundial de produtos farmacêuticos movimenta 320 bilhões de dólares por ano, dos quais 20 bilhões são originados de substâncias ativas derivadas de plantas (ROBBERS; SPEEDIE; TYLER, 1997), sendo importante salientar que cerca de 49% das drogas ou análogos semi-sinteticos ou ainda compostos sintéticos, desenvolvidas entre 1981 a 2001 foram obtidos a partir de produtos naturais (VIEGAS; BOLZANI, 2006) No Brasil, o crescimento do mercado de fitoterápicos é de 15% ao ano, enquanto o crescimento anual do mercado de medicamentos sintéticos gira em torno de 3 a 4% (ABIFISA, 2006). O panorama brasileiro mostra que 84% de todos os fármacos são importados e que 78% da produção brasileira ocorrem por multinacionais, revelando assim a necessidade de buscar alternativas para superar a dependência externa, principalmente quando confrontamos com altos preços praticados no Brasil em comparação àqueles praticados nos países desenvolvidos (BERMUDEZ, 2002). É nesse contexto, que as plantas medicinais adquirem importância como agentes terapêuticos e, por isso, sua segurança e eficácia devem ser analisadas para que os mesmos sejam registrados no Ministério da Saúde para posterior comercialização. No Brasil, recentemente, foi criado o Decreto nº 5.813 de 22 de junho de 2006, que aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, com o objetivo de garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, através principalmente da promoção do uso sustentável da biodiversidade, do desenvolvimento da cadeia produtiva e do Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(38) Estudo da atividade farmacológica dos.... 33. fortalecimento da indústria farmacêutica nacional, estimulando a produção de fitoterápicos em escala industrial e incrementando suas exportações o que pode ajudar a superar a dependência externa (BRASIL, 2006b). O levantamento acurado do uso popular de uma planta pode servir de base para a busca sistemática de novos fármacos. Entretanto, o uso popular e tradicional de plantas não é suficiente para validar eticamente o seu uso como medicamentos eficazes e seguros (LAPA et al., 2004), sendo necessária à abordagem etnofarmacológica como estratégia para investigação de plantas medicinais, que consiste em combinar informações adquiridas junto a comunidades que façam uso da flora local com estudos químico-farmacológicos realizados em laboratórios especializados (BAIS et al., 2006). A descoberta de novos compostos é motivada pela busca de substâncias mais ativas e menos tóxicas, que possam ser utilizadas no tratamento de diversas patologias, ou em substituição àquelas já existentes. Dentro da perspectiva de se estudar plantas medicinais, o Brasil se encontra em posição privilegiada, pois é o país com a maior diversidade vegetal do mundo, contando com mais de 55.000 espécies catalogadas de um total estimado entre 350.000 e 550.000 (GUERRA; NODARI, 2003). As plantas medicinais contêm propriedades diversas de acordo com os seus princípios ativos, estes princípios não são estáveis e não se distribuem de maneira homogênea na planta. Estas substâncias podem se concentrar nas raízes, rizomas, talos, caules, folhas, sementes ou flores. Seu teor também varia de acordo com a época do ano, solo e clima onde a planta se desenvolve. Quanto à concentração das substâncias, também ocorrem diferenças com plantas que convivem lado a lado (DA CUNHA, 2003). Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(39) Estudo da atividade farmacológica dos.... 34. 3. 5. Família Malvacea: Características da Família Malvacea A família Malvacea foi classificada por Cronquist (1981) e pertence à ordem Malvales, sendo constituída por 243 gêneros e 4225 espécies. No Brasil estima-se que esta se apresenta com cerca de 40 gêneros e 400 espécies (STEVENS, 2003). É constituída por plantas de hábitos variados, como ervas subarbustos, arbustos e árvores, podendo ocorrer isoladas ou em populações maiores, em áreas úmidas, alagadas e semi-áridas (BARACHO, 1998). Ocorrem por quase todas as partes do mundo sendo mais abundantes nas regiões tropicais, principalmente na América do Sul (HEYWOOD, 1993). Figura 01.. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(40) Estudo da atividade farmacológica dos.... 35. Figura 01 Distribuição de espécies de Malvácea no Mundo. (Região mais escura) Os representantes da família Malvácea possuem ramos cilíndricos, às vezes aplanados, eretos, prostrados ou decumbentes, raramente aculeados, tricomas simples ou estrelados. Suas folhas são pecioladas, alternas, inteiras ou lobadas, raramente glabras, às vezes com nectários na face dorsal; estipuladas. Suas inflorescências são solitárias, fasciculadas nas axilas das folhas ou em racemos, panículas e algumas vezes em espigas, com cimas escorpióides, raramente em umbelas. São plantas que possuem flores e em geral são grandes e vistosas, actinomorfas,. cíclicas,. hermafroditas,. muitas. vezes. triclamídeas. pelo. desenvolvimento de um cálice externo, com pétalas geralmente soldadas na base, podendo estar presente ou ausente; os cálices são gamossépalos, 5 sépalas; 5 pétalas ungüiculadas, adnatas a base do tubo estaminal; possui cinco numerosos estames monadelfos, com os filetes apresentando partes livres. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(41) Estudo da atividade farmacológica dos.... diversamente. distribuídas. ao. longo. 36. do. tubo,. com. anteras. reniformes,. biesporangiadas, monotecas, rimosas; o ovário supero, 3-muitos lóculos, 1-muitos óvulos; estiletes livres entre si ou parcialmente concrescidos e depois liberandose em tantos ramos quantos forem os carpelos ou em dobro do número deles; estigmas capitados ou decorrentes. O androceu possui estames muito numerosos, sempre com filetes parcialmente soldados, que formam um longo tubo (andróforo, coluna) envolvendo o gineceu. As anteras apresentam-se sempre com uma só teca. O pólen é espinhoso. O ovário é trilocular e cada loja possui dois óvulos. Seus frutos são baciformes, capsulares ou, ainda, esquizocárpicos com frutículos apendiculados, podendo ser transportados tanto pelo pêlo dos animais como pelo homem (BOVINI; CARVALHO-OKANO; VIEIRA, 2001). Figura 02.. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(42) Estudo da atividade farmacológica dos.... 37. Figura 02 – Caracteres morfológicos mais evidentes em espécies de Malváceas (1-flor; 2petala mostrando sua soldadura na base; 3estames soldados formando um único tubo (androforo); 4-antera mostrando uma única teca; 5-grao de polen; 6-ovario, podendo ser penta ou plurilocular, 6a; 7-fruto; 7a-fruto aberto). Fonte: Joly, 1976.. Stevens, 2003, apresenta os gêneros mais numerosos que compõem esta família: os Hisbiscus (300), Sida (200), Pavonia (150), Abutilon (100), Nototriche (100), Cristaria (75) e Gossypium (40).. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(43) Estudo da atividade farmacológica dos.... 38. 3.6. Aspectos quimiotaxonômicos, etnobotânicos e etnofarmacológicos da família Malvaceae Quanto. aos. aspectos. etnobotânicos,. etnofarmacológicos. e. quimiotaxonomia, a família Malvácea mostrou-se bastante diversificada, podendose destacar algumas classes de produtos naturais como: esteróides, terpenos, ácidos fenólicos (SHARMA; AHMAD, 1989; AHMED; KAZMI; MALIK, 1990; AHMED; KAZMI; MALIK, 1991;), alcalóides (GUNATILAKA et al., 1980), bem como flavonóides (ELLIGER, 1984; BILLETER; MEIER; STICHER, 1991; SILVA et al., 2005A) e cumarinas (SILVA et al., 2006; COSTA, 2007), onde inúmeras substâncias isoladas pertencentes às suas respectivas classes, apresentando significativa atividade farmacológica segundo várias literaturas. A família Malváceae possui representantes de considerável valor econômico, sendo utilizada na ornamentação em todo o mundo, como por exemplo, espécies dos gêneros Althea (A. officinalis, A. rosea), Hibiscus (H. rosa-sinensis, H. schizopetalus, H. tiliaceus, H. sabdariffa), Malvaviscus e Abutilon (A. molle, A. megapotamicum, A. striatum, A. darwinii, A. bedfordianum) (SCHULTZ, 1968), além de espécies dos gêneros Gossypium (algodão) e Urena (juta) que são utilizadas na indústria têxtil (BOVINI; CARVALHO; VIEIRA, 2001). As espécies do gênero Sida, um dos maiores representantes da família Malváceae, são consideradas “daninhas” e/ou “invasoras” e reconhecê-las é importante para evitar infestação em culturas e conseqüentemente prejuízos à economia agrícola (FERREIRA; MACEDO; LACA-BUENDIA, 1984).. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(44) Estudo da atividade farmacológica dos.... 39. Brandão et al.; 1985; alertam para o possível interesse econômico da flora invasora, inclusive de espécies de Sida. Segundo estes autores, essa flora pode ser utilizada como alimento, medicinal, ornamental ou, ainda, como forrageira. A Sida rhombifolia L., conhecida como “guanxuma”, “malva”, “relógio”, “vassoura-do-campo”, “vassoura-relógio”, “mata-pasto” ou “vassourinha”, é amplamente. empregada. na. medicina. caseira,. como. emoliente,. tônica,. estomáquica, febrífuga, calmante, anti-hemorroidal, anti-diarréico e para aliviar dores ocasionadas por picadas de insetos. Na Índia, a infusão de suas raízes é utilizada no tratamento do reumatísmo. Sida carpinifolia (L.f.) K. Schum e Sidastrum micranthum (A. St.-Hill.) Frixell possuem características e propriedades semelhantes (LORENZI; MATOS, 2002). Sida rhomboidea Roxb, é uma erva encontrada em pântanos da Índia cujas raízes e folhas são usadas como tônico, para cura de febres, doenças do coração e todos os tipos de inflamação. Estudos farmacológicos desta planta indicaram sua atividade antinociceptiva e antiinflamatória (VENKATESH et al., 1999). Sida cordifolia L., conhecida como “malva branca” ou “malva branca sedosa”, é usada para o tratamento de estomatites, asma, congestão nasal, inflamação da mucosa oral e blenorréia. Os efeitos antiinflamatórios e analgésicos foram investigados para o extrato aquoso desta planta, mostrando-se bastante significativos, comprovando assim sua utilização popular (FRANZOTTI et al., 2000; FRANCO et al., 2005). Sida spinosa L. é usada no tratamento da asma, em outros distúrbios do peito e como tônico. As folhas têm sido usadas para tratamento de algumas. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(45) Estudo da atividade farmacológica dos.... 40. doenças de pele e como tratamento oral para veneno de cobra. As raízes e folhas são usadas no tratamento da diarréia e disenteria (DARWISH; REINECKE, 2003). Sida acuta é usada tradicionalmente por curandeiros para neutralizar o efeito do veneno da serpente Bothrops atrox, encontrada na América Latina. Estudos de laboratório in vitro com os extratos desta planta avaliaram este efeito e os resultados mostraram a capacidade desta espécie em inibir de forma moderada o efeito hemorrágico provocado pelo veneno de Bothrops, comprovando o seu uso popular (OTERO et al., 2000). Esta espécie é também usada no tratamento da malária e outras doenças febris (BANZOUZI et al., 2004). Várias espécies de Malvaceae possuem uso na medicina popular. Como exemplos, podemos citar: Malva sylvestris L., conhecida como “malva”, “malvaalta”, “malva-de-botica”, “malva-grande”, é utilizada desde a antiguidade, principalmente na Europa, no tratamento de tosses e doenças inflamatórias de membranas e mucosas. Na Idade Média, Plínio e Dioskorides, já indicavam o seu sumo para evitar indisposições, tratar queimaduras e picadas de insetos (BILLETER et al., 1991; LORENZI; MATOS, 2002). Na medicina tradicional egípcia, a Malva sylvestris L. era utilizada para o tratamento de hemorróidas (NAWWAR; BUDDRUS, 1981). Hibiscus sabdariffa L., conhecida como “vinagreira”, “rosela”, “caruru-azedo”, “caruru-da-guiné”,. “azeda-da-guiné”,. “quiabo-azedo”,. ou. “groselheira”,. é. amplamente empregada na medicina caseira em quase todo o Brasil. O chá de suas folhas e raízes é considerado emoliente, estomáquico, anti-escorbútico, diurético e febrífugo (LORENZI; MATOS, 2002).. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(46) Estudo da atividade farmacológica dos.... 41. Hibiscus esculentus, conhecida como quiabo, é usada há muitos anos no tratamento de desordens gástricas, tais como, dores no estômago e úlceras pépticas (YESILADA; GURBUZ, 2002). Existem grandes evidências para tal utilização a partir de estudo farmacológico recente, que avaliou o efeito gastroprotetor de extratos de Hibiscus esculentus contra lesões induzidas por etanol, o que foi confirmado através de análise histopatológica (GURBUZ et al., 2003). Hibiscus abelmoschus, planta comum em regiões tropicais é muito usada na medicina popular e na perfumaria. Sua análise por cromatografia gasosa e cromatografia liquida de alta eficiência mostrou a presença de isômeros de ácidos graxos de 20 carbonos (NEE; KARTT; POLLARD, 1986). Gossypium herbaceum, espécie mais citada da família Malvácea é um tipo de algodoeiro que é o mais cultivado desde os tempos do Império Romano e com evidências de ter-se originado na Índia devido a suas inúmeras utilidades. Seus pêlos compridos e sedosos constituem algodão, utilizados na indústria têxtil, suas sementes contêm 15-30% de um óleo empregado na indústria e na alimentação, podendo substituir o óleo de oliveira. A torta remanescente das sementes é empregada para a forragem e adubo, suas raízes e suas cascas são usadas para fins medicinais (SCHULTZ, 1968). As folhas do Gossypium hirsutum L., conhecida como “algodoeiro”, “algodão”, “algodão-herbáceo”, “algodão-mocó”, “algodão-anual”, são utilizadas pela medicina caseira no Brasil, na forma de chá, para o tratamento de disenteria e hemorragia uterina. Suas folhas machucadas são empregadas localmente como cicatrizantes e o chá da raiz é utilizado nos casos de falta de memória,. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(47) Estudo da atividade farmacológica dos.... 42. amenorréia, distúrbios da menopausa e impotência sexual. As flores e frutos ainda verdes são utilizados friccionando-os localmente, em casos de micoses como frieiras, panos brancos e pretos, além de impingens. O óleo extraído das suas sementes é empregado como purgativo e vermífugo para áscaris (ascaricida) e, localmente, como emoliente e no combate de piolhos. O gossipol, principal constituinte do algodoeiro, é usado na China como anticoncepcional masculino, por sua propriedade de inibir a espermatogênese (LORENZI; MATOS, 2002). Outras espécies ainda são cultivadas como a G. barbadense, G. peruvianum, G. arboreum e alguns híbridos (SCHULTZ, 1968). Pavonia zeylanica é usada como vermífugo e purgativo por nativos do Zâmbia (TIWARI; MINOCHA, 1980). Abutilon indicum possui uso terapêutico como febrífugo, anti-helmíntico, anti-emético, antiinflamatório, em alterações urinárias e uterinas, hemorróidas e dores na região lombar (GAIND; CHOPRA, 1976). No campo alimentício destacam-se as seguintes espécies: Hibiscus esculentus (quiabo), por seus frutos comestíveis, apreciados como verdura (SCHULTZ, 1968); Hibiscus sabdariffa (groselha), pelo aproveitamento de suas brácteas e sépalas empregadas na preparação de geléias, e de suas folhas para preparar o famoso arroz-de-cuchá, prato típico da cozinha maranhense.. Em. algumas regiões, suas raízes são utilizadas para o preparo de aperitivo. Destacam-se ainda o Gossypium hirsutum e Gossypium herbaceum, por seus óleos extraídos das sementes que possuem largo uso em culinária (LORENZI; MATOS, 2002), e a espécie Hibiscus abelmoschus é utilizada na indústria de. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(48) Estudo da atividade farmacológica dos.... 43. perfume, onde suas sementes são valorizadas por seu aroma (NEE; CARTT; POLLARD, 1986).. 3.7. Considerações botânicas sobre o gênero Herissantia: Em 1788 Medicus, propôs e validou Herissantia como um novo gênero, cujo nome é uma homenagem a Louis Antoine Prospere Herissant, físico, naturalista e poeta do século XVIII (WAGNER; HERBST; SOHMER, 1999). O novo gênero foi proposto com base na morfologia dos frutos, com uma descrição do fruto de Sida crispa, diferenciando-o dos frutos de Abutilon. Entretanto, o autor não associou o epíteto crispa a Herissantia. As combinações para o gênero foram realizadas por Brizicky (1968), 180 anos depois, que efetuou três combinações para Herissantia (H. crispa, H. nemoralis e H. tiubae). Posteriormente, Fryxell (1973, 1979) descreveu uma nova espécie no México (Herissantia dressleri) e efetuou uma nova combinação (Herissantia trichoda), baseado em Abutilon trichodon Rich. Herissantia é um gênero neotropical, distingue-se do Abutilon, com o qual possui grande afinidade, pelo hábito subarbustivo e arbustivo, difuso e escandente, fruto pendular e inflado, com mericarpos reniformes e escariosos (BRIZICKY, 1968; FRYXELL, 1973). É constituído por seis ou mais espécies restritas a América tropical (FRYXELL, 1997). A maioria das espécies ocorre no México, Antilhas e América do Sul. O gênero Herissantia caracteriza-se pelos frutos inflados, pendentes e pelos carpídios com as paredes laterais frágeis.. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(49) Estudo da atividade farmacológica dos.... 44. 3. 8. Herissantia crispa L. (Brizicky) A Herissantia crispa L. (Brizicky), é de ampla distribuição, dicotiledônea, anuais ou perenes, subarbustos eretos ou decumbentes, ramos cilíndricos, pubescentes a velutinos, folhas com laminas ovadas, estípulas filiformes, às vezes caducas, flores solitárias, axilares pediceladas, epicálice ausente, cálise cupuliforme, 5-laciniado, 5 pétalas brancas com mácula escura na base, estames vários partes livres no ápice do tubo estaminal; ovário com tantos lóculos quanto o número de estigmas, 1-3 óvulos por lóculo; estigmas capitados, frutos esquizocárpicos, inflados, pendentes; carpídios com faces laterais frágeis, deiscentes.e sementes 1-3, glabras ou pilosas, é uma erva que é nativa da Califórnia, ocorrendo desde os Estados Unidos até a Argentina (FRYXELL, 1997). Figura 03.. Figura 03: Herissantia crispa L. (Brizicky).. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(50) Estudo da atividade farmacológica dos.... 45. 3.9. Sidastrum paniculatum L. (Fryxell) A Sidastrum paniculatum é conhecida popularmente como malva-roxa ou malvavisco, é um arbusto perene, heliófilo e higrófilo, ocorrendo desde altitudes ao nível do mar até altitudes em torno de 3 metros (BARACHO, 1998). No Brasil, a região Nordeste é a que apresenta o maior número de representantes do gênero Sidastrum, sendo provavelmente o centro de diversidade do gênero no país. A análise fitoquímica de Sidastrum paniculatum permitiu o isolamento de dois esteróides e dois flavonóides, descritos pela primeira vez nesta espécie, os quais foram o canferol- 3-O-ß-D-(6’’-E-p-cumaroil) glicosídeo pode ser considerado como um marcador quimiotaxômico por ter sido encontrado em outras espécies de Malvaceae (COSTA, 2006; CAVALCANTE, 2006).. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(51) Estudo da atividade farmacológica dos.... 46. O quadro 1 apresenta algumas atividades farmacológicas relacionadas com os representantes da família Malvaceae.. ESPÉCIES. ATIVIDADE. REFERÊNCIAS. FARMACOLÓGICA. Abutilon aritum (Wall. Ex LinK) Sweet,. Carcinogênico. DEWICK, 2002.. Antioxidante. MIR-BABAEV ; SEREDA, 1987. Antiinflamatório;. KURMA; MISHRA, 1997.. Abutilon indicum (L.) Don.. Hepatoprotetor. Bakeridesia pickelii Moteiro. Antifúngica, Antiúlcera. MA; SCHAFFER, 1953. Gastroprotetora. LING ; JONES, 1995. Hipoglicêmica. NAVARRETE et al., 2007 MCANUFF et al., 2005. Anticancerígena (Inibidor do cancer de prostata e de mama). AWAD et al., 2005. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(52) Estudo da atividade farmacológica dos.... Anti-ofídica (contra veneno de cobra Bothrops). Antioxidante. 47. DIMAS et al., 2000. GALOTTA ; BOAVENTURA, 2005. Bakeridesia pickelii Moteiro Antibacteriana. TRIANTS et al., 2005. MATSUDA et al., 2002 Anti-HIV MAHMOOD et al., 1996. Gossypium arboreum L.. Antiinflamatório. MOUNNISSAMY et al., 2002.. Antileucêmico, Antioxidante.. ROSENBLOOM, 2006.. Carcinogênico. NAKATANI et al., 1986. Carcinogênico.. DEWICK, 2002. Gossypium stuntianum J. H. Willis. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

(53) Estudo da atividade farmacológica dos.... 48. Antifúngico. MASSON et al., 2006. Larvicida contra A. aegypti. FURTADO et al., 2005. Antiinflamatório. SARTORI et al., 2003. Gossypium hirsutum L.. Ascaricida, Anticoncepcional. LORENZI; MATOS, 2002. masculino. Hibiscus esculentus L.. Herissantia tiubae (K. Schum.) Brizicky. Anticonvulsivante , Antibacteriana. SOUSA et al., 2006.. Larvicida contra A. aegypti. FURTADO et al., 2005.. Úlceras pépticas. YESILADA; GURBUZ, 2002.. Antioxidante,. CHICARO et al., 2004. Bloqueadora UV. Espasmolítico. CAZAROLLI, 2004. Carvalho, P. R. C. .. .. ..

Referências

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