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Envelhecimento : activo ? bem sucedido ? saudável ? possíveis coordenadas de análise…

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Envelhecimento activo. Um novo paradigma

Envelhecimento : activo ? bem sucedido ?

saudável ? possíveis coordenadas de análise…

Mariana F. Almeida

Edição electrónica URL: http://journals.openedition.org/sociologico/1599 DOI: 10.4000/sociologico.1599 ISSN: 2182-7427 Editora

CICS.NOVA - Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa Edição impressa

Data de publição: 1 Janeiro 2007 Paginação: 17-24

ISSN: 0872-8380

Refêrencia eletrónica

Mariana F. Almeida, « Envelhecimento : activo ? bem sucedido ? saudável ? possíveis coordenadas de análise… », Forum Sociológico [Online], 17 | 2007, posto online no dia 01 janeiro 2007, consultado o 30 abril 2019. URL : http://journals.openedition.org/sociologico/1599 ; DOI : 10.4000/sociologico.1599

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ENVELHECI MENTO: ACTI VO? BEM SUCEDI DO? SAUDÁVEL? POSSÍ VEI S

COORDENADAS DE ANÁLI SE...

Resumo

Que concepção ou visão do envelhecim ent o poder á guiar a for m ulação de polít icas, a act uação e a invest igação? Diver sos t er m os t êm sur gido nas últ im as décadas, alguns cor r espondendo a pr opost as concept uais claram ent e est r ut uradas, out r os nem t ant o... Abor dar- se- ão aqui alguns dos m ais divulgados - envelhecim ent o saudável, envelhecim ent o bem sucedido, envelhecim ent o act ivo - , discut indo as suas pot encialidades e lim it es. Adopt ando com o r efer ência um a per spec-t iva de pr om oção da saúde, spec-t al com o decor r e da Car spec-t a de Ospec-t spec-t awa ( 1986) , spec-t er m ina- se com um a pr opost a de cr it ér ios a t er em cont a num a concept ualização de envelhecim ent o.

Pa la v r a s- ch a v e : Envelhecim ent o Act ivo; Envelhecim ent o Bem - Sucedido; Envelhecim ent o

Sau-dável; Pr om oção da Saúde

Abstract

Which under st anding or vision of ageing should guide us in policy m aking, act ion and r esear ch? I n t he last decades, several concept s and fram ew or ks have been pr oposed. This ar t icle discusses som e of t hem - healt hy aging, successful aging, act ive ageing - em phasising t heir pot ent ial and lim it s. Adopt ing an healt h pr om ot ion appr oach consist ent w it h t he Ot t awa Char t er ( 1986) , it concludes w it h a pr oposal of cr it er ia t o be consider ed in analysing or developing an ageing fram ew or k and vision.

Ke y w or ds: Healt hy Aging, Successful Aging, Act ive Ageing; Healt h Pr om ot ion

I nt r odução

O int er esse cr escent e, nas últ im as décadas, face ao envelhecim ent o e suas m últ iplas im plica-ções no plano individual, social, económ ico, et c., t em sido acom panhado por um a pr oliferação de t er m os r em et endo para defi nições diver sas do que é envelhecer e, em especial, do que é um “ bom ” env elh ecim en t o. Ex plor am - se br ev em en t e aqu i algum as das m ais r elevant es1, com ênfase num a discussão dos seus m ér it os e lim it ações r elat ivas.

A per spect iva de análise adopt ada é, global-m ent e, a da pr oglobal-m oção da saúde, t al coglobal-m o decor r e da Car t a de Ot t awa ( 1986) . Assent e num ent endi-m ent o da saúde abrangent e, endi-m ult idiendi-m ensional e po-sit ivo, pr opondo um a abor dagem m ult idisciplinar e int ersect orial e defendendo um a act uação orient ada por valores com o o em powerm ent / em poderam ent o e a equidade, a Pr om oção da Saúde const it ui- se com o um quadro de referência que se j ulga frut uoso

para abor dar as quest ões do envelhecim ent o – em especial ( m as não exclusivam ent e) na sua r elação com a saúde.

Envelhecim ent o Saudável?

A ut ilização dest e t er m o, t ão fr equent e na lit erat ura int er nacional2, par ece ser, m uit as vezes, inespecífi ca, no sent ido em que não se associa a um a concept ualização única ou, sequer, explícit a, r em et en d o, ap ar en t em en t e, p ar a u m a sim p les aplicação das per spect ivas de saúde ao envelhe-cim ent o.

E a noção de saúde subj acent e ( ela pr ópr ia com fr equência som ent e im plícit a) , quando r efe-r ent e à população idosa, com o efe-r ealça Cefe-r im m ins num ar t igo para a “Annual Review of Public Healt h” ( 2004) , assent a em geral, com var iações que são sobret udo t erm inológicas, nas seguint es dim ensões d e “ saú d e”, cau salm en t e en cad ead as: f act or es

Mariana F. Almeida

Bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Dout oranda da Escola Nacional de Saúde Pública/ UNL ( m alm eida@ensp.unl.pt )

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form ulação original, em 1987, exact am ent e alargar e cont rabalançar o ênfase t radicional na dist inção ent r e o que era envelhecim ent o “ nor m al” e “ pat o-lógico”, int r oduzindo um a difer enciação, dent r o dos est ados não pat ológicos, ent r e o envelhecim ent o dit o “ habit ual” e o “ bem sucedido” ( Row e, Kahn, 1997) . Os aut or es, apoiando- se no est udo longit u-dinal da MacAr t hur Foundat ion, vão desenvolvendo o m odelo, o qual, a par t ir de 1997, adquir e um car áct er m ais claram ent e m ult idim ensional. Com -por t a ent ão 3 com ponent es, com um a int er r elação t endencialm ent e hier ár quica, cuj a conj ugação r e-present ará a plena realização de um envelhecim ent o bem sucedido:

– Evit am ent o de doença e incapacidade – à m ais habit ual dim ensão de presença/ ausên-cia de doença, Row e e Kahn acr escent am a da pr esença/ ausência e gravidade de fact o-r es de o-r isco pao-ra doenças co-r ónicas, peo-r m i-t indo assim desi-t acar, de eni-t r e os idosos em processo de envelhecim ent o “ habit ual” ( sem d oen ças) , u m su b g r u p o “ b em su ced id o” ( com m ais baixo r isco) .

– Maxim ização das funções cognit ivas e físi-cas;

– Envolvim ent o/ com prom isso com a vida – i.e., a m anut enção de act iv idades pr odut ivas, de ut ilidade social, e de r elacionam ent os int er pessoais.

É de valor izar o fact o de est e m odelo acent uar o car áct er m odifi cável de aspect os ant er ior m ent e assum idos com o “ nor m ais” ( leia- se int r ínsecos) do envelhecim ent o e levar as perspect ivas de int erven-ção para lá da prevenerven-ção da doença e incapacidade. Diferencia- se pois das abordagens biom édicas m ais t radicionais, sublinhando um conceit o m ult idim en-sional e posit ivo de envelhecim ent o bem sucedido – que, nessa m edida, se apr oxim a da j á r efer ida defi nição de saúde da OMS. Se se adopt ar a propos-t a de Cr ow propos-t her e colegas de acr escenpropos-t ar ao m odelo um novo fact or, de espir it ualidade posit iva ( 2002) , m aior seria ainda a convergência com as dim ensões de saúde incluídas nas concepções m ais r ecent es da OMS ( Bangkok Char t er, 2005) .

No ent ant o, podem - lhe ser t am bém apont adas vár ias lim it ações. Um a das m ais salient es é a de se aplicar essencialm ent e a um a “ elit e” de idosos, ao adopt ar cr it ér ios de sucesso que não só ser ão por vent ura difíceis de at ingir para a m aior ia das pessoas ( Masor o, 2 0 0 1 ) , com o, sobr et u do, são do t ipo “ t udo ou nada” – não fazendo j us a um a visão da saúde com o um cont inuum e excluindo, por exem plo, as sit uações de incapacidade, doença cr ónica ou, t ão só, de m aior r isco e fragilidade. Por out r o lado, os cr it ér ios de sucesso pr opost os por - se, com o a própria aut ora sublinha, de um a sim

pli-fi cação, para m ais r efer ent e a alt erações na saúde da população e não a nível do indivíduo. Ainda assim est e m odelo ilust ra o que ser á a pr incipal lim it ação da abordagem biom édica t radicional: orient ada para um a visão do envelhecim ent o com o um pr oblem a, cent rada na doença, na dependência e na m or t e, é pouco pr om issora para um a com pr eensão e int er-venção abrangent es.

É clar o que o conceit o de saúde por si pr ó-pr io não im plica um a per spect iva unidim ensional, de pat ologia e défi ce. Pelo cont r ár io, t al com o é ent endido no âm bit o da pr om oção da saúde, cor-r esponde a “ um est ado de com plet o bem - est acor-r físico, social e m ent al e não apenas a ausência de doença ou enferm idade” ; não é um fi m em si m esm o m as ant es “ um r ecur so para a vida quot idiana”, um “ conceit o posit ivo, enfat izando r ecur sos pessoais e sociais, t ant o com o capacidades físicas” ( WHO, 1998: 1) .

E encont ram - se, de fact o, ent endim ent os m ais am plos de “ envelhecim ent o saudável” – de que é exem plo o r ecent e pr oj ect o eur opeu “ Healt hy ageing”, focando um a diver sidade de t ópicos e de det er m inant es da saúde ( Healt hy Ageing Pr oj ect , 2007) .

A própria Organização Mundial de Saúde ( OMS) adopt ou, a dada alt ura, est a t er m inologia, visando acent uar um “ foco no envelhecim ent o com o par t e da vida no seu conj unt o e não com o um grupo et ário est át ico, separado do rest o da população” ( Kalache, Kickbusch, 1997: 4) . No ent ant o, t al designação vir ia a ser pr et er ida a favor da de envelhecim ent o act iv o, pr et endendo “ t ransm it ir um a m ensagem m ais inclusiva ( …) e r econhecer os fact or es que, para lá dos cuidados de saúde, afect am a for m a com o os in d iv íd u os e p op u lações en v elh ecem ” ( WHO, 2002: 13) .

Envelhecim ent o bem sucedido?

Apesar da con sider áv el lit er at u r a qu e, n as últ im as décadas, se t em acum ulado em t or no do t er m o Successful Aging, não há um a defi nição ou cr it ér ios consensuais sobr e o que, de fact o, cons-t icons-t uir á um envelhecim encons-t o bem - sucedido ( Depp, Jest e, 2006) . Reúnem - se aliás, sob est a m esm a designação, abor dagens bast ant e diver sas: num a r ev isão de 1 7 0 ar t igos sobr e o t ópico, Bow lin g e Diep p e ( 2 0 0 5 ) , en con t r ar am d ef in ições q u e r em et em quer para t eor ias biom édicas, quer psi-cossociais, quer para com binações de am bas. E se bem que m uit os dos t rabalhos que adopt am est a t er m inologia t enham um a vocação essencialm ent e em pír ica, há t am bém pr opost as concept ualm ent e m ais est r ut uradas.

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e idiossin cr át ica – m ax im izar a efi cácia n o al-cançar das m et as ( r evist as) , para si pr ior it ár ias, num cont ext o de inevit ável r edução de r ecur sos/ / capacidades.

Dadas as difi culdades, pelo m enos at é à dat a, em encont rar indicador es adequados de envelheci-m ent o beenvelheci-m sucedido, os aut or es suger eenvelheci-m a ut iliza-ção de cr it ér ios m últ iplos, conj ugando indicador es subj ect ivos com obj ect ivos – e r ecor r endo, nest e últ im o caso, preferencialm ent e ao conceit o de adap-t abilidade, m ais do que a padr ões nor m aadap-t ivos que t endem a ser pouco passíveis de generalização.

Assim , est a propost a parece ult rapassar alguns dos pr oblem as apont ados ao m odelo de Row e e Kahn. Não suj eit ando a defi nição do env elheci-m ent o beelheci-m sucedido a r esult ados avaliados por cr it ér ios e padr ões univer sais nor m at ivos, obj ec-t iva e exec-t er ior m enec-t e defi nidos, opec-t a anec-t es por se cent rar nos pr ocessos subj acent es que, esses sim poder ão assum ir um car áct er univer sal – enquan-t o que a sua concr eenquan-t ização ser á necessar iam enenquan-t e cont ext ualizada, t raduzindo- se em m et as pessoais subj ect ivam ent e valorizadas. Ou sej a, ao ident ifi car o “ sucesso” com o at ingir dos propósit os individuais, adm it e- se que est es podem ou não coincidir com cr it ér ios nor m at ivos dom inant es num dado per íodo hist ór ico e cont ext o social.

Est e m et a- m o d el o é t am b ém cl ar am en t e com pat ível com a ideia de saúde com o r ecur so ao ser viço das aspirações e necessidades individuais e não com o um fi m em si m esm o – pelo que, em bora se possa pr essupor que r esult ados defi nidos em t orno da ausência de doença e incapacidade sej am , em geral, m uit o desej áveis, t al é r elat ivizado face à “ pr im azia” da selecção idiossincr át ica das m et as pr ior it ár ias. Adm it e ainda um a visão do sucesso no envelhecim ent o com o um cont inuum , sendo os seus pressupost os aplicáveis à enorm e het erogeneidade de sit uações individuais.

Tem ainda o m ér it o de evit ar um a visão uni-lat eral do envelhecim ent o, pela negat iva ou pela posit iva, não acent uando o declínio ou o crescim en-t o, m as sim a noção de balanço de ganhos conen-t ra per das ( Balt es, Car st ensen, 1996) , r efor çando a exist ência de um pot encial lat ent e, de “ m odifi ca-bilidade”, sem negar t am bém a inevit abilidade das per das. Mais ainda, coloca explicit am ent e o enve-lhecim ent o no quadro de um processo dinâm ico, de desenvolvim ent o no cur so da vida.

Em con t r apar t ida, u m a pot en cial lim it ação do m odelo é o fact o de se ancorar no cam po da psicologia - m uit o em bora vár ios dos seus pr essu-post os t enham j á sido explorados em r elação com out ros dom ínios ( com o a biologia e a sociologia, por exem plo - v.g. Balt es, Car st ensen, 1996; Halfon, Hochst ein, 2002) .

Out ra cr ít ica que pode ser feit a é que, em -bora ex plicit e a r elev ância do cont ex t o para um est e m odelo cent ram - se em r esult ados ( out com es)

de car áct er nor m at ivo e obj ect ivo, pr essupondo a sua aplicabilidade univer sal. Afast a- se assim , em part icular, de um ent endim ent o da saúde com o m eio ao ser v iço das aspirações e necessidades indiv i-duais, com a consequent e com ponent e subj ect iva e inevit ável var iabilidade int er individual. Finalm ent e, m uit o em bora cont em ple dim ensões que não são do for o da “ saúde”, no seu sent ido m ais est r it o, a hierar quia est abelecida dá- lhe pr im azia incont or-náv el. Sim plifi cadam ent e, o m odelo subent ende ent ão a at r ibuição de um r ót ulo de “ não sucesso” aos casos/ indivíduos que não at inj am det er m inado padr ões – exigent es! – de saúde... Sendo r edut ora da diver sidade dos signifi cados, valor es, cult uras, per cur sos e cir cunst âncias de vida, t al “ pr escr ição” abr ir á m esm o por t as, com o alguns aut or es subli-nham ( Holst ein, Minkler, 2003) , a um a visão hege-m ónica e ihege-m plicit ahege-m ent e valorat iva ( quant o hege-m ais não fosse pelo uso dos t er m os sucesso/ fracasso) , por isso m esm o penalizadora de t odos quant os a ela não se confor m em .

Out ra pr opost a, t am bém am plam ent e divul-gada, que par ece ult rapassar algum as dest as lim i-t ações, é a de P. Bali-t es e M. Bali-t es. Esi-t es aui-t or es avançam ( 1990) um a t eor ia sobr e envelhecim ent o bem - sucedido, num a per spect iva psicológica, as-sent e num a est rat égia pr ot ot ípica – a ” opt im ização select iva com com pensação”. Trat a- se de um pr o-cesso dinâm ico de equilíbrio ent re ganhos e perdas, envolvendo a int eracção de 3 pr ocessos:

a) selecção - r est r ição e pr ior ização de dom í-n ios/ t ar efas/ m et as/ r esu lt ados- ou t com es ( em r espost a designadam ent e à lim it ação de r ecur sos) ;

b) opt im ização - m ax im ização do n ív el de funcionam ent o at rav és do aum ent o, en-r iquecim ent o ou m anut enção dos m eios/ / r ecur sos r elevant es para a efi cácia nos dom ínios/ m et as seleccionados;

c) com pensação - ut ilização de m eios alt er-n at iv os qu aer-n do os r ecu r sos deix am de ser sufi cient es para at ingir os r esult ados pr et endidos.

Cor r esponder á a um a est rat égia de adapt ação univer sal, iner ent e ao desenvolv im ent o hum ano, m as cuj a concret ização fenot ípica é, porém , variável – em função nom eadam ent e dos dom ínios ou níveis de análise a que se aplique, e de fact or es cult urais/ / cont ex t uais e pessoais ( que incluem a fase da v i d a em r ef er ên ci a ) . Po r t a n t o, p a r a Ba l t es e Balt es, o en v elh ecim en t o b em su ced id o é u m pr ocesso adapt at ivo que, at rav és de um a est ra-t égia de opra-t im ização selecra-t iva com com pensação, per m it e ao indivíduo ger ir o balanço de per das e ganhos ( t endencialm ent e m ais desfavor ável com o aum ent o da idade) e assim – de for m a act iva

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com o, aliás, a de Row e e Kahn – não apr ofundar á sufi cient em ent e esse ent endim ent o da int eracção ent r e o indivíduo e o m eio envolvent e, em especial quant o ao papel e im por t ância, para o “ sucesso” desse processo, das det erm inant es am bient ais fora do cont r ole individual.

O “ m odelo sócio- cult ural de env elhecim en-t o bem sucedido” elaborado por Godfr ey ( 2001; Godfr ey et al., 2004) é exem plo de um a pr opost a que pr et ende pr ecisam ent e colm at ar est a últ im a lim it ação, int egrando agência/ agency e est r ut ura, cont ext ualizando a exper iência individual do enve-lhecim ent o na m acr o- est r ut ura socio- económ ica e cult ural. Assim , r et endo os elem ent os essenciais da t eor ização de Balt es e Balt es, est e m odelo vê o sucesso no env elhecim ent o com o o r esult ado de um a r espost a adapt at iva que r ecor r e à selec-ção, com pensação e opt im izaselec-ção, visando at ingir m et as valor izadas a par t ir do equilíbr io dinâm ico ent r e per das e ganhos. Salient a, por ém , que esses pr ocessos a nível “ m icr o” são m ediados pelo signi-fi cado at r ibuído à exper iência, e det er m inados não só pelos r ecur sos pessoais ( int ra- indiv iduais, de supor t e social ou da com unidade) , com o t am bém pela sit uação socio económ ica, em t er m os do am -bient e físico e social e de cir cunst âncias m at er iais. Nest a per spect iva, im por t a pois ex plor ar sist e-m at icae-m ent e o papel de expect at ivas, nor e-m as, e valor es cult urais, bem com o de fact or es est r ut urais ( com o o est at ut o socio- económ ico, o sexo, a et nia) , que no pr esent e e at ravés da hist ór ia de vida dos indivíduos condicionam o valor por est es at r ibuído a aspirações e per das, os padr ões de r espost a que adopt am e os const rangim ent os e opor t unidades que se lhes deparam .

Vale a pena sublinhar que est a concept ua lização é desenvolvida com o suport e a um a concepção de serviços prevent ivos para idosos que, nest e quadro, são vist os com o recursos de apoio às est rat égias com pensat ór ias das pessoas idosas, ent endidas com o agent es act ivos, e cuj a fi nalidade é a facilit ação do at ingir de m et as valorizadas pelos próprios.

Envelhecim ent o Act ivo?

O t er m o q u e ser v e d e m ot e ao p r esen t e d o ssi er t em t i d o p o p u l ar i d ad e cr escen t e, n o -m ead m en t e n o â-m b i t o d as p o l ít i cas – v ej a-- se por exem plo o Plano Nacional de Saúde ( 2004a-- 2004-- 2010) em Port ugal, ou docum ent os da União Euro2004-- Euro-peia, na ár ea do Em pr ego e Assunt os Sociais.

“ Bandeira” da OMS a par t ir de 19994, com o um conceit o claram ent e defi nido, a adopção dest a t erm inologia nout ros cont ext os parece m uit as vezes m ais “ livr e”, nem sem pr e explicit ando o racional subj acent e e/ ou sendo em pr egue num a acepção bem m ais est r it a do que a pr opost a pela OMS.

“ o pr ocesso de opt im ização das opor t unidades de saúde, par t icipação e segurança visando m elhorar a qualidade de vida à m edida que as pessoas enve-lhecem ” ( WHO, 2002: 12) . Assent a num a concepção de saúde com o concr et ização, ao longo da vida, do pot encial de bem - est ar ( em que as com ponent es m ent al e social são t ão im por t ant es com o a física) , acr escent ando- lhe out r os dois pilar es: par t icipação e segurança. Est a últ im a, que engloba a t am bém a ideia de pr ot ecção, dignidade e cuidados, r em et e m ais part icularm ent e para as necessidades especiais da população idosa. Fá- lo, no ent ant o, enfat izando, com o nout ras vert ent es, um a perspect iva de direit os e não de assum pção das pessoas idosas com o recep-t ores passivos de cuidados. A noção de “ acrecep-t ividade” est á, nest a concept ualização, associada à de part ici-pação ( “ social, económ ica, cult ural, espirit ual, e cívi-ca” – idem : 12) e t em por t ant o conot ações que vão m uit o para lá da act ividade física ou laboral. Será de assinalar que em bora apresent ada com o não coerci-va, m as ant es função dos desej os e capacidades in d iv id u ais, su r g e t am b ém , sem d ú v id a, com o r espost a a obj ect ivos e pr eocupações societ ais, no-m eadano-m ent e as que se ligano-m ao auno-m ent o de cust os associados ao envelhecim ent o dem ogr áfi co.

A abrangência do conceit o assim defi nido e, em par t icular, a explícit a r efer ência às suas m últ i-plas ver t ent es e det er m inant es,5 const it ui um a das suas grandes virt ualidades. I nfelizm ent e, porém , t al abrangência par ece t ender a per der- se facilm ent e nas apr opr iações m ais usuais do t er m o, que o cir-cunscr evem a quest ões com o o exer cício físico ou o pr olongam ent o das act ividades pr odut ivas.

Est e t ipo de per spect ivas m ais lim it adas vem de r est o evidenciar um a quest ão que é j á indiciada na abordagem da OMS: porvent ura exact am ent e na m edida em que a saúde é vist a com o um r ecur so, e não com o um fi m em si m esm o ( com o at r ás se advogou) , ela é suscept ível de ser post a ao ser vi-ço de um a “ agenda” m ais am pla. I m por t a ent ão explicit ar que fi ns são esses que ser ve e quem os defi ne. . . Pr ior izam - se m et as indiv iduais ou int e-r esses colect ivos, da sociedade ou de subge-r upos dent r o dest a? E quem as defi ne: os especialist as? os polít icos? os pr ópr ios?

Não há, clar o, r espost as unívocas a t ais ques-t ões, m as o que im por ques-t ar á sobr eques-t udo é abor dá- las explicit am ent e, j á que se não pode assum ir com o segur o que as vár ias per spect ivas sej am coinciden-t es e isencoinciden-t as de confl icoinciden-t o pocoinciden-t encial.

Quant o m ais não sej a, at endendo às pr eo-cupações que se t êm vindo a gerar em t or no do envelhecim ent o dem ográfi co - e em especial quant o ao crescim ent o de cust os de cuidados de saúde e de pensões, r egim es de segurança social e à sust en-t abilidade da r ede de cuidados, inclusive infor m ais6 - , est a é um a t em át ica que t ende a m obilizar for t es

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int eresses e t ensões polít icas, económ icas e, pot en-cialm ent e, sociais e cult urais.

O quadr o de com pet ição pelos r ecur sos dispo-níveis, nom eadam ent e em t erm os de invest im ent os públicos, agudiza t am bém a im port ância de procurar em per m anência esclar ecer quais as opções que se encont ram em concor r ência/ confl it o, r eal ou per ce-bido, e os int er esses e im plicações que lhes est ão associadas. Para exem plifi car, poder - se- á r efer ir a cont raposição “ clássica” ent r e as int er venções m édicas curat ivas especializadas, cada vez m ais sofi st icadas, que absor vendo grandes fat ias dos orçam ent os, públicos e privados, m obilizam t am bém int er esses económ icos m uit o signifi cat ivos, e as in-t ervenções de prom oção/ prevenção da saúde. Esin-t as últ im as, m esm o que apr esent ando a prazo m aior “ r ent abilidade”, não só económ ica m as t am bém social/ hum ana, t êm m enor visibilidade e capacidade de m obilização de gr upos de pr essão.

Por out r o lado, quant o à quest ão de quem defi ne o que são m et as desej áveis, se a “ t radição” é a de supor que os especialist as, ou m esm o os decisor es polít icos, conhecem o que é do m elhor in t er esse d os in d iv íd u os/ g r u p os/ socied ad e, n a discussão de out r os conceit os de envelhecim ent o sublinharam - se j á algum as das lim it ações e r iscos de concepções nor m at ivas da saúde. Acr esce que o pr incípio de em poderam ent o, cent ral em pr om oção da saúde, r efor ça a im por t ância/ exigência de dar aos pr ópr ios int er essados voz act iva na defi nição das fi nalidades a pr ior izar.

Not e- se q u e t al v alor ização d o p ap el d os indivíduos exige, em nosso ent ender, at enção pa-ralela ao r efor çar da sua capacidade de r espost a, aquilo a que alguns cham aram “ r espost - abilidade” / / response- abilit y: a “ capacidade dos indivíduos para evoluir a par t ir das suas for ças e cor r esponder aos desafi os colocados pelo m eio am bient e” ( Holst ein e Minkler, 2003: 790, cit ando Minkler, 1999) . Ou sej a, a perspect iva de em powerm ent aqui defendida pressupõe que não só se deverá t rabalhar no sent ido de dar às pessoas m ais palavra e poder efect ivo de decisão sobr e o que é um “ bom envelhecim ent o”, com o sim ult aneam ent e, desenvolver as com pet ên-cias individuais e condições ext er nas que são pr é-r equisit o paé-ra que possam analisaé-r cé-r it icam ent e as sit uações e agir em confor m idade.

E as concepções leigas de envelhecim ent o?

Ch eg am os en t ão a u m a ou t r a p er sp ect iv a quant o às concepções de envelhecim ent o: a consi-deração direct a da visão dos principais int eressados. Est a será im port ant e, quant o m ais não sej a, e com o salient am Bow ling e Dieppe ( 2005) , para t est ar a validade e relevância de m edidas e polít icas j unt o da população a que se pr et ende que sej am aplicadas. Na j á r efer ida r evisão de lit erat ura sobr e “

envelhe-cim ent o bem sucedido”, est es aut ores verifi cam ser ainda escassa a invest igação sobr e as per spect ivas das pessoas idosas nest a m at ér ia, const ando, com base nos est udos ex ist ent es, que, em bora com algum a sobr eposição, as defi nições leigas t endem a ser m ais abrangent es e m ult idim ensionais do que as dos invest igador es. Num ar t igo m ais r ecent e, Bow ling e I liffe ( 2006) , t est am cinco m odelos de “ envelhecim ent o bem - sucedido” num inquérit o j un-t o de pessoas idosas. Concluem que aquele que se baseia na visão leiga se r evela m ais adequado para avaliar result ados de int ervenções em prom oção da saúde, j á que é o m elhor pr edit or da qualidade de vida per cebida dos par t icipant es. Na m esm a linha, m as em t or no do conceit o de “ envelhecim ent o sau-dável”, pode cit ar- se o est udo de Br yant , Cor bet t , e Kut ner ( 2001) que, r ecor r endo a um a m et odologia do t ipo grounded- t heory, procurou um a form ulação da noção nos pr ópr ios t er m os das pessoas idosas. Desconhecem - se est udos em Por t ugal nest a per spect iva. Pode- se no ent ant o r efer ir que em ent r ev ist as r ealizadas pela aut ora j unt o de um a pequena am ost ra de idosos por t ugueses, ex plo-rando o seu conceit o de saúde, o pr ópr io uso do t er m o envelhecim ent o se r evelou pot encialm ent e pr oblem át ico, par ecen do, par a v ár ias pessoas, unicam ent e conot ado com im plicações negat ivas, de declínio ou m esm o de m or t e. Em bora de for m a algum a concludent es, t ais dados são sugest ivos de que polít icas adopt ando expr essões com o “ en-velhecim ent o act ivo” podem cor r er o r isco de não t er o eco e/ ou signifi cado esperado j unt o de par t e da act ual geração idosa7.

Em sínt ese...

...que conceit o ou visão de “ bom envelheci-m ent o” adopt ar? Não se apont a uenvelheci-m a respost a única. Pr opõem - se, por ém , na sequência da discussão ant erior, alguns aspect os e refl exões a t er em cont a na escolha de um a visão que or ient e a invest igação e/ ou a int er venção.

Explicitar

Mesm o que de for m a não conscient e, a act ua-ção é inevit avelm ent e infl uenciada por conceit os, pressupost os, valores ( “ det erm inando o que vem os - ou não vem os, o que j ulgam os conhecível - ou ir r elevant e, o que consideram os exequível ou inso-lúvel”, Kr ieger, 2001a) . Explicit á- los e suj eit á- los à discussão e r efl exão é a única for m a de pr ocurar superar inconsist ências e infl uências não int en-cionais.

Assumir quais as perspectivas e interesses a privilegiar

Pr incípios com o o do em poderam ent o e pr eo-cupações de validade advogam em favor da

(7)

conside-se pr ecludindo a ponderação/ defesa de int er esconside-ses out r os, nom eadam ent e de âm bit o colect ivo, o que não ser á legít im o é supor a pr ior i a conver gência de per spect ivas.

Alargar o foco: multidimensionalidade

e abrangência

O r e co n h e ci m e n t o d e q u e m ú l t i p l o s d o m ín i o s e d i m en sõ es est ã o i m p l i ca d o s n o en -v elh ecim en t o é, n o essen cial, j á con sen su al8, m u it o em bor a h aj a v ar iabilidade n a abr an gên -cia dos con ceit os an alisados. Per spect ivas qu e, com o a da OMS, envolvem m últ iplas ver t ent es/ / indicador es e r em et em para noções am plas, com a de qualidade de vida, r efl ect ir ão m elhor a com -plexidade do fenóm eno subj acent e do que out ras lim it adas, por exem plo, a dim ensões biológicas e funcionais.

Olhar à(s) escala(s) temporal

É t am bém r elat ivam ent e consensual que im -por t a encarar o envelhecim ent o num a per spect iva de cur so de vida ( v.g. WHO, 2002) . A m edida em que os diver sos conceit os e m odelos conseguem efect ivam ent e dar cont a dest a t em poralidade e suas im plicações9 é, pois, um aspect o a t er pr esent e. Contextualizar: O indivíduo e o meio. Proactividade e “respost-abilidade”

O en v elh ecim en t o d ep en d e d a in t er acção de u m a m u lt iplicidade de det er m in an t es, t an t o individuais com o am bient ais ( a nível físico, social, económ ico, et c.) . A int er venção dever á at ent ar ao conj unt o desses fact ores e à form a se t raduzem em t erm os da “ congruên cia ent re o idoso e o am bient e, opt im izando a adapt ação” ( Paúl, 2005: 39) . I m port a ainda r econhecer o papel pr oact ivo que os indiví

-duos podem assum ir, face ao seu próprio percurso e às dinâm icas colect ivas. Modelos e polít icas devem t er em cont a, e encoraj ar, essa “ agência” / hum an

agency, m as t am bém as condições e capacidades

que são pré- requisit os para que as pessoas possam escolher/ agir adequadam ent e, e, ainda, os fact ores est r ut urais r elevant es para o envelhecim ent o.

Equilibrar: Crescimento e declínio, riscos e recursos Envelhecer im plica difi culdades e necessidades específi cas a que é pr eciso at ender, m as t am bém r eser vas e pot encialidades que im por t a ex plorar e m ax im izar. Qualquer v isão que negue quer as per das inevit áveis que o envelhecim ent o acar r et a, quer as possibilidades de ganhos e sat isfação que com port a, é pot encialm ent e prej udicial, por não fa-zer j ust iça ao caráct er m ult ifacet ado e het erogéneo da r ealidade ( Balt es, Car st ensen, 1996) . Tam bém na act uação sobr e det er m inant es, há que pr evenir

Não categorizar ou excluir: Continuum. Universalidade e subjectividade

Pela m esm a or dem de razões, pr econizam -- se m odelos/ conceit os aplicáveis ao cont inuum de sit uações/ indivíduos. Qualquer cat egorização que exclua da possibilidade de “ sucesso” pessoas/ grupos/ / condições, para além de est igm at izant e, m enospre-za o pot encial de opt im ienospre-zação que sem pre exist e.

Mas com o asseg u r ar u m m od elo/ con ceit o aplicável a t odos? Qualquer visão im plícit a ou ex-plicit am ent e nor m at iva, que est abeleça cr it ér ios e padr ões, ext er ior es e obj ect ivos, sobr e o que é um envelhecim ent o desej ável, irá necessariam ent e ignorar a het er ogeneidade exist ent e e negar a indi-víduos/ grupos/ cult uras que se afast am dessa norm a a validade da sua pr ópr ia per spect iva. I m por t a pois dar espaço à subj ect ividade.

Decor r e das r efl exões ant er ior es que, na defi -nição de “ ( bom ) envelhecim ent o”, a cent ração em pr ocessos per m it e t endencialm ent e um car áct er m ais universal do que o foco em result ados. A recor-r erecor-r a crecor-r it érecor-r ios de sucesso, serecor-r á precor-r eferecor-r ível que est es sej am m últ iplos, m as t am bém fl exíveis, acom odan-do difer ent es per spect ivas ( por exem plo, cient ífi ca, societ al, individual) , t ipos de cr it ér ios ( obj ect ivos e subj ect ivos) e norm as ( de t ipo funcional, est at íst ico ou ideal) ( Balt es, Car st ensen, 1996) .

Uma questão de princípio: Atender às diferenças e reduzir as iniquidades

Um a palavra fi nal para sublinhar um a per s-pect iva de dir eit os, e o pr incípio da equidade, com o base de t oda a act uação. Se a im ensa het er ogenei-dade das pessoas, dos seus per cur sos e condições de v ida, deve ser um dado cent ral em qualquer concept ualização de envelhecim ent o, t al t raduzir-- seraduzir-- á, na int er v enção, em dupla im plicação, de fundam ent o m oral: a par do j á enfat izado r espeit o pela diver sidade, um paralelo em penho na defesa da j ust iça social e da equidade.

A equidade signifi car ia que – parafraseando u m a d ef in ição n o âm b it o d a saú d e ( Dah lg r en , Whit ehead, 2006: 6) – “ idealm ent e t odos poder ão at ingir o seu pleno pot encial e que ninguém deve-r á fi cadeve-r em desvant agem face ao alcançadeve-r desse pot encial devido à sua posição social ou a out r os fact ores socialm ent e det erm inados”. Torna- se ent ão necessár io que as polít icas e m edidas no âm bit o do env elh ecim en t o dediqu em ex plícit a at en ção ao r eduzir das difer enças/ desigualdades que são “ consideradas inj ust as, evit áveis e desnecessár ias ( ...) , não ir r em ediáveis” ( Kr ieger, 2001b: 698) . Só assim se poder á efect ivam ent e concr et izar o pleno r econhecim ent o dos dir eit os hum anos, no envelhe-cim ent o com o em qualquer et apa da vida.

(8)

Not as

1 Para um a r evisão m ais sist em át ica e apr ofundada sobr e m odelos t eór icos e conceit os de envelhecim ent o, ainda que num a per spect iva sobr et udo psicológica, vej a- se, por exem plo, em por t uguês, R. Novo ( 2003) . Tam bém A. Fonseca ( 2005) , abor dando “ O Envelhecim ent o Bem -- Sucedido” discut e esse e out r os conceit os afi ns. De r - es-t o, im por es-t a acenes-t uar que os diver sas es-t er m os explorados no pr esent e t ext o, são, por vezes, na lit erat ura, usados de for m a int er m ut ável ou associada.

2 A t ít ulo ilust rat ivo, um a pesquisa no Google Schoolar ( Julho 2007) encont r ou m ais de 11.000 r efer ências para os t er m os healt hy aging ou healt hy ageing, m ais de 10.000 para successful aging/ ageing e cer ca de 2.500 para act ive aging/ ageing.

3 Os aut or es defendem inclusive a im por t ância de adopt ar “ um a perspect iva ecológica sist ém ica e baseada em valo-r es”, que adm it a vavalo-r iações individuais e cult uvalo-rais ( idem : 7) .

4 I n icialm en t e lan çad o p ela OMS n o An o I n t er n acio-n al d as Pessoas I d osas, f oi d ep ois r ef or çad o com o en q u ad r am en t o g lob al p ar a p olít icas m u lt isect or iais e para a invest igação sobr e envelhecim ent o no âm bit o do Plano I nt er nacional de Acção sobr e Envelhecim ent o, na I I Assem bleia Mundial de Env elhecim ent o ( WHO, 2002) .

5 De referir que est a propost a explora diversas det erm inan-t es da saúde, em seninan-t ido am plo, siinan-t uadas a vár ios níveis ( desde infl uências t ransversais com o a cult ura e o género, at é fact ores pessoais e com port am ent os, passando pelos ser viços sociais e de saúde e o am bient e físico e social) , salient ando a im por t ância de considerar a sua infl uência conj unt a e int er r elacionada ao longo da vida.

6 Para um a r efl exão em t or no do conceit o de “ velhice en-quant o pr oblem a social, a r econst it uição da sua génese e o pr ocesso social de const r ução e inst it ucionalização do pr oblem a” vej a- se A. Fer nandes ( 1997: 163) . 7 Em cont rapart ida, e a t ít ulo de curiosidade, refi ra- se que,

no m esm o est udo, noções de act ividade ( expressa de vá-r ias fová-r m as) suvá-r gem , com fvá-r equência, espont anea m ent e associadas ao conceit o de saúde. A ideia de que “ parar é m or r er ” par ece aliás adquir ir um signifi cado quase lit eral para alguns ent r evist ados!

8 Um a das m uit as defi nições encont radas para envelheci-m ent o, descreve- o coenvelheci-m o “ envelheci-m ult ifacet ado e consist indo eenvelheci-m pr ocessos biológicos, psicológicos, sociais e espir it uais int er dependent es”, salient ando ainda que “ as vidas são v iv idas num cont ex t o social e hist ór ico” e “ a r elação ent r e os indivíduos e a sociedade é m ult idim ensional e int eract iva” ( Cr ow t her et al., 2002: 615) .

9 I ncluindo, por exem plo, para além da consideração de efeit os cum ulat ivos e/ ou desfasados no t em po dos vários det er m inant es, um a at enção especial às ex per iências pr ecoces, “ j anelas de opor t unidade” e per íodos de t ran-sição.

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