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Método quantitativo para a avaliação de impactos ambientais aplicado à indústria têxtil

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Academic year: 2018

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SANEAMENTO AMBIENTAL

PAULO HENRIQUE GIRÃO DUARTE

MÉTODO QUANTITATIVO PARA A AVALIAÇÃO DE

IMPACTOS AMBIENTAIS APLICADO À INDÚSTRIA TÊXTIL

(2)

PAULO HENRIQUE GIRÃO DUARTE

MÉTODO QUANTITATIVO PARA A AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS APLICADO À INDÚSTRIA TÊXTIL

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, área de concentração em Saneamento Ambiental, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Francisco Suetônio Bastos Mota

(3)
(4)

Dedico este trabalho a todos os homens e

mulheres que, incansáveis, através da sua

capacidade e talento, contribuem para a

construção de um mundo em que o respeito ao

meio ambiente possa ser, definitivamente, uma

(5)

AGRADECIMENTOS

A Deus, autor da minha vida, pela sua constante presença, amizade e amparo.

À minha esposa, Vivianne, pela cumplicidade, incentivo e por comungar dos mesmos ideais.

À minha filha, Kiara Beatriz, que, na sua pureza de criança, me inspira e me faz acreditar que o mundo pode se tornar melhor.

Aos meus pais, João Batista e Maria, pelo amor e dedicação incondicionais, que me fizeram chegar até aqui.

Ao meu sogro Wilson e à minha sogra Auri, por todo o incentivo e apoio.

Ao Professor Suetônio Mota, pela sua disponibilidade em orientar a realização deste trabalho, de forma objetiva, compreensiva, construtiva e segura.

Aos professores Roberto S. Farias de Souza e Marisete Dantas de Aquino, por aceitarem o convite para participar da Banca Examinadora deste trabalho.

Ao Professor Raimundo Souza, pelo constante incentivo e amizade, durante este período de estudos.

Ao grande amigo Frederico Lapa, por acreditar na idéia desta pesquisa e tornar possível a aplicação prática do método.

A Thaïs Trompieri, Ricardo Ribeiro e Macilon Siebra, por todas as informações prestadas durante a coleta e a análise de dados desta pesquisa.

Aos colegas de turma, pela convivência e experiências trocadas.

Ao Erivelton, do Laboratório de Informática, pela disponibilidade e companheirismo.

(6)

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

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SUMÁRIO

RESUMO... i

ABSTRACT ... ii

LISTA DE FIGURAS ... iii

LISTA DE TABELAS ... vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ... vii

1 INTRODUÇÃO ...1

1.1 Objetivos do trabalho ...3

1.1.1 Geral ...3

1.1.2 Específicos ...3

1.2 Organização do trabalho...3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...6

2.1 A evolução da temática ambiental ...6

2.2 Impacto Ambiental ...12

2.3 O Estudo de Impacto Ambiental ...13

2.3.1 Conceitos básicos...13

2.3.2 O EIA na legislação brasileira ...15

2.3.3 Os componentes de um Estudo de Impacto Ambiental ...17

2.4 Métodos de avaliação de impactos ambientais ...20

2.4.1 Considerações iniciais ...20

2.4.2 Método ad hoc ...21

2.4.3 Listagens de Controle (check-lists) ...21

2.4.4 Matrizes ...23

2.4.5 Redes de interação...28

2.4.6 Superposição de mapas ou cartas (Overlays) ...28

2.4.7 Modelos de simulação ...29

2.4.8 Alguns métodos com ênfase quantitativa ...29

2.4.8.1 O Método Battelle...29

2.4.8.2 O Sistema APOIA–NovoRural...31

2.4.8.3 O Sistema SAAP ...33

2.5 Indústria e impacto ambiental ...35

(8)

3 MATERIAL E MÉTODOS ...41

3.1 Campo de aplicação do trabalho ...41

3.1.1 A escolha do campo de trabalho ...41

3.1.2 Características gerais e situação ambiental da empresa escolhida ...42

3.2 Fases do desenvolvimento do método ...44

3.2.1 Escolha dos indicadores ...45

3.2.1.1 Indicadores da categoria Eficiência de Recursos...46

3.2.1.2 Indicadores da categoria Efluentes ...48

3.2.1.3 Indicadores da categoria Emissões Gasosas...49

3.2.2 Estabelecimento das funções de utilidade...50

3.2.2.1 O caso específico da medida de pH...53

3.2.3 Elaboração das planilhas de aplicação...54

3.2.3.1 Planilha Entrada de Dados...55

3.2.3.1.1 Considerações sobre os padrões de emissão de CO e NOX para caldeiras ...57

3.2.3.2 Planilha IQA (Índice de Qualidade Ambiental) ...59

3.2.3.3 Planilhas por categorias e desempenho geral...61

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...63

4.1 Categoria Eficiência de Recursos ...63

4.1.1 Consumo de Energia Elétrica (IQA11) ...64

4.1.2 Consumo de Água (IQA12) ...65

4.1.3 Consumo de Água – Preparação (IQA13)...66

4.1.4 Consumo de Vapor (IQA14)...66

4.2 Categoria Efluentes ...67

4.2.1 pH (IQA21) ...68

4.2.2 Vazão (IQA22) ...69

4.2.3 Temperatura do Efluente (IQA23) ...70

4.2.4 Sólidos sedimentáveis (IQA24) ...71

4.2.5 Substâncias Solúveis em Hexano (IQA25) ...71

4.2.6 Sulfeto (IQA26) ...72

4.2.7 Sulfato (IQA27) ...73

4.2.8 Amônia total (IQA28)...74

4.2.9 Índice de Fenóis (IQA29) ...75

(9)

4.3 Categoria Emissões Gasosas...76

4.3.1 Dióxido de Enxofre – SO2 (IQA31) ...77

4.3.2 Monóxido de Carbono – CO (IQA32) ...78

4.3.3 Óxidos de Nitrogênio – NOX (IQA33) ...79

4.3.4 Material Particulado (IQA34) ...80

4.4 Qualidade ambiental geral ...81

5 APLICAÇÕES À GESTÃO DA EMPRESA...84

5.1 Viabilidade da utilização de gás natural como combustível das caldeiras ...84

5.2 Potencial de aproveitamento de metano...87

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...89

REFERÊNCIAS...91

APÊNDICE A...98

(10)

RESUMO

A crescente preocupação em relação às questões ambientais, somada à necessidade de promover o desenvolvimento sustentável, tornou emergente a discussão sobre a avaliação e a redução dos impactos ambientais relacionados às atividades industriais. Muitos dos métodos de avaliação de impactos ambientais aplicados atualmente, para diversos tipos de empreendimentos, contam com um grau considerável de subjetividade. Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um método quantitativo para a avaliação de impactos ambientais, tendo em vista a pouca contribuição científica nesta área de estudos, especialmente no Estado do Ceará. O método desenvolvido admite a aplicação de indicadores ambientais, organizados por categorias. Aos indicadores, associam-se funções matemáticas que possibilitam a obtenção de um valor adimensional, denominado de índice de qualidade ambiental. Esses índices são combinados a partir de médias aritméticas até a determinação de um único valor numérico, representante da condição ambiental da organização. A aplicação prática do método foi realizada em uma indústria do ramo têxtil, a partir da escolha de 18 indicadores, agrupados em três categorias: eficiência de recursos, efluentes e emissões gasosas. Os resultados obtidos revelam a boa aderência do método às variações do processo industrial, possibilitando aos gestores ambientais da organização a tomada de decisões baseadas em fatos, com simplicidade e significativa redução da subjetividade em relação à análise dos impactos ambientais considerados.

(11)

ABSTRACT

The increasing concerning about environmental matters, added to the necessity of promoting sustainable development, transformed the discussion about evaluation and reduction of environmental impacts, related to industrial activities, in an emergent issue. Several methods currently applied to evaluate environmental impacts, for various types of enterprises, have considerable subjectivity. The objective of this work is to achieve the development of a quantitative method for the evaluation of environmental impacts; hence there are few scientific studies in this subject, mainly in Ceara State. The method developed allows the application of environmental indicators, divided in category sets. Mathematical functions are associated to these indicators in order to obtain non-dimensional values called environmental quality indexes. These indexes are combined using arithmetical means until the determination of a unique numerical value, which is representative of the organization’s environmental performance. Practical application of the method was conducted in a textile industry, in which were elected 18 indicators, grouped in three categories: resources efficiency, effluents and gas emissions. Obtained results show good effectiveness of the method concerning to the industrial intrinsic process variations, giving environmental managers the possibility of making fact based decisions, in a simple way and with significant reduction of the subjectivity related to the analysis of the environmental impacts considered.

(12)

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Principais fases do desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA)... 19

Figura 2.2 Exemplo de aplicação de Lista Multiatributiva... 23

Figura 2.3 Matriz de Leopold (idéia geral)... 24

Figura 2.4 Exemplo de Matriz de Impactos aplicada à construção de um Aterro Sanitário... 25

Figura 2.5 Trecho de matriz de avaliação de impactos ambientais... 26

Figura 2.6 Conceito de funcionamento da Matriz “passo-a-passo”... 27

Figura 2.7 Exemplo de rede de interação para os efeitos do lançamento de SO2 por uma indústria... 28

Figura 2.8 Função de valor típica... 30

Figura 2.9 Exemplo de matriz de ponderação para indicador de avaliação de impacto ambiental do sistema APOIA-NovoRural. Indicador: Saúde e segurança ocupacional... 32

Figura 2.10 Diagrama esquemático para o cálculo do IPA... 34

Figura 2.11 Etapas do processo na indústria têxtil pesquisada... 38

Figura 3.1 Gráfico esquemático do comportamento geral da função de cálculo de IQA, considerando um indicador qualquer... 52

Figura 3.2 Gráfico da função de cálculo de IQA para o indicador pH... 54

Figura 3.3 Esquema de agrupamento dos indicadores por categoria, no método desenvolvido, para a composição do Índice de Qualidade Ambiental Geral (IQAG), considerando a aplicação

na indústria têxtil específica... 59

Figura 4.1 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para a categoria eficiência de recursos, no período de janeiro a dezembro de 2005... 63

Figura 4.2 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Consumo de Energia Elétrica, no período de janeiro a dezembro de 2005... 64

(13)

Figura 4.4 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Consumo de Água - Preparação, no período de janeiro a dezembro de 2005... 66

Figura 4.5 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Consumo de Vapor, no período de janeiro a dezembro de 2005... 67

Figura 4.6 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para a categoria efluentes líquidos, no período de janeiro a dezembro de 2005... 68

Figura 4.7 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador pH, no período de janeiro a dezembro de 2005.... 68

Figura 4.8 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Vazão, no período de janeiro a dezembro de 2005... 69

Figura 4.9 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Temperatura do Efluente, no período de janeiro a dezembro de 2005... 70

Figura 4.10 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Sólidos Sedimentáveis, no período de janeiro a dezembro de 2005... 71

Figura 4.11 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Substâncias Solúveis em Hexano, no período de

janeiro a dezembro de 2005... 72

Figura 4.12 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Sulfeto, no período de janeiro a dezembro de 2005... 72

Figura 4.13 Gráfico comparativo da evolução dos valores de IQA12

(Consumo de Água) e IQA26 (Sulfeto), no período de janeiro

a dezembro de 2005... 73

Figura 4.14 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Sulfato, no período de janeiro a dezembro de 2005... 74

Figura 4.15 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Amônia Total, no período de janeiro a dezembro de 2005... 74

(14)

Figura 4.17 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Chumbo, no período de janeiro a dezembro de 2005... 76

Figura 4.18 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para a categoria Emissões Gasosas, no período de janeiro a dezembro de 2005... 77

Figura 4.19 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Dióxido de Enxofre (SO2), no período de janeiro

a dezembro de 2005... 78

Figura 4.20 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Monóxido de Carbono (CO), no período de janeiro a dezembro de 2005... 79

Figura 4.21 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Óxidos de Nitrogênio (NOX), no período de

janeiro a dezembro de 2005... 80

Figura 4.22 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para o indicador Material Particulado, no período de janeiro a dezembro de 2005... 80

Figura 4.23 Gráfico demonstrativo da evolução dos valores de IQA para a Qualidade Ambiental Geral, no período de janeiro a dezembro de 2005... 81

Figura 4.24 Gráfico demonstrativo do comportamento de IQA1, IQA2,

IQA3 e IQAG, no período de janeiro a dezembro de 2005... 82

Figura A.1 Planilha Entrada de Dados... 99

Figura A.2 Planilha IQA... 100

(15)

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 Comparação entre os tipos de Listagens de Controle (

check-lists)... 22

Tabela 2.2 Pontuação para impactos ambientais.Adaptado de Cajazeira (1997)... 26

Tabela 2.3 Principais impactos ambientais num processo têxtil... 40

Tabela 3.1 Indicadores da categoria eficiência de recursos... 47

Tabela 3.2 Valores limite para os parâmetros relativos aos indicadores da Planilha Entrada de Dados... 55

Tabela 5.1 Valores de FEC para o consumo de gás natural e biomassa considerando a emissão de diversos gases... 85

Tabela B.1 Conjunto de dados de entrada, utilizados na aplicação do

método... 103

Tabela B.2 Valores de IQA calculados pelo método para o conjunto de

(16)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACV Análise do Ciclo de Vida

AIA Avaliação de Impactos Ambientais

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

ECO-92 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992

EIA Estudo de Impacto Ambiental, adaptado do inglês Environmental Impact Assessment

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FIEC Federação das Indústrias do Estado do Ceará

INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

IPA Índice de Pressão Ambiental

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change

IQA Índice de Qualidade Ambiental

ISO International Organization for Standardization

MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

NSF National Sanitation Foundation

ONU Organização das Nações Unidas

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

RIMA Relatório de Impacto Ambiental

SEMA Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Estado do Paraná)

SEMACE Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Estado do Ceará)

SGA Sistema de Gestão Ambiental

(17)

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, tem sido recorrente a discussão das questões ambientais por diversos setores da sociedade, tais como: governo, empresas, instituições de ensino e pesquisa, organizações não governamentais, dentre outros.

Com o aumento da pressão sobre os recursos naturais e a necessidade da preservação desses recursos para as futuras gerações, observa-se uma tomada de consciência no sentido de serem criados mecanismos que estabeleçam critérios e diretrizes para o tratamento dos problemas ambientais de caráter local e global.

Neste contexto, torna-se evidente a importância da aplicação de ferramentas que sejam capazes de fornecer informações adequadas, em relação aos impactos ambientais gerados pela interferência do homem sobre a natureza.

Diversos métodos de avaliação de impacto ambiental têm sido desenvolvidos desde a adoção, nos Estados Unidos, do National Environmental

Policy Act (NEPA), de 1969, que se tornou efetivo a partir de Janeiro de 1970.

Canter (1996) destaca que existem inúmeros métodos para a realização de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e que a utilização de cada um deles depende da situação em questão. Para ele, um método escolhido para a realização de um EIA deve levar em consideração as seguintes características: i) ser apropriado à tarefa a ser executada, por exemplo, identificação dos impactos ou comparação entre alternativas; ii) ser suficientemente livre da subjetividade do avaliador, tendo resultados reproduzíveis; iii) ser econômico.

(18)

As diversas metodologias utilizadas para avaliação de impactos ambientais, que serão posteriormente apresentadas de forma sucinta, contam com diferentes graus de subjetividade.

Nesse sentido, muitos trabalhos têm sido realizados em busca de se estabelecerem métodos que ofereçam valores quantitativos, a partir de critérios definidos de forma clara, que tornem o julgamento menos sujeito à subjetividade de quem está avaliando (PASTAKIA; JENSEN, 1998; ENEA; SALEMI, 2001; GOYAL; DESHPAND, 2001; WERF; PETIT, 2002; RODRIGUES; CAMPANHOLA, 2003).

Cada um desses trabalhos estabelece suas próprias contribuições, de forma geral ou específica, aos métodos de avaliação de impacto ambiental já existentes.

Embora, em algumas áreas do planeta, como é o caso da maior parte do continente europeu, a consciência sobre os problemas ambientais tenha avançado bastante, no Brasil e, especialmente, no Estado do Ceará, isso se dá de forma bem mais lenta.

Este cenário é muito presente quando se trata do setor industrial, no qual, quase sempre, a preocupação ambiental é oriunda das imposições da legislação e de mercados importadores cada vez mais exigentes. Este tipo de visão limitada, da maioria das empresas, sobre a importância da variável ambiental, pode ser devido tanto à falta de estrutura por parte dos órgãos oficiais de controle ambiental, como à carência de ferramentas que possam ser facilmente aplicadas à medição contínua do desempenho ambiental numa organização.

(19)

É, propriamente, dentro dessa carência, que se insere este trabalho de pesquisa. Através do desenvolvimento de um método, fundamentado em idéias já utilizadas anteriormente (DEE et al., 1973; RODRIGUES; CAMPANHOLA, 2003), pretende-se contribuir de forma a minimizar a subjetividade encontrada atualmente na avaliação de impactos ambientais, especialmente, para as organizações que pretendem medir, de forma contínua, o seu desempenho ambiental.

1.1 Objetivos do trabalho

1.1.1 Geral

Desenvolver um método para avaliação de impactos ambientais que possa ser aplicado de forma geral ou de maneira específica a um determinado setor industrial, tendo como base a combinação dos diversos parâmetros (indicadores) ambientais e gerando, usando funções matemáticas, um valor numérico como resultado para a avaliação dos impactos ambientais realizada.

1.1.2 Específicos

„ Definir indicadores e critérios a serem utilizados na avaliação de impactos ambientais de indústrias;

„ Verificar, através da aplicação do método a uma indústria têxtil, o comportamento dos indicadores utilizados;

„ Avaliar criticamente os resultados obtidos, de maneira a possibilitar o estabelecimento de prioridades, em relação a ações que possam ser tomadas, que dependam desses resultados.

1.2 Organização do trabalho

(20)

No capítulo 2, Revisão Bibliográfica, estabelece-se, primeiramente, um breve panorama da temática ambiental, a partir de sua evolução ao longo da história da humanidade até os dias de hoje. Em seguida, enumeram-se algumas definições de impacto ambiental, a fim de fornecer suporte para a exploração de conceitos relacionados ao Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Ao tratar a questão do EIA, além de aspectos gerais, é discutida a evolução da legislação brasileira sobre o assunto, comentando-se, também, sobre os componentes desse tipo de estudo (EIA).

Ainda na Revisão Bibliográfica, são apresentados diversos métodos de avaliação de impacto ambiental, proporcionando uma visão geral de suas principais características, bem como vantagens e desvantagens em relação a determinadas aplicações. O capítulo é encerrado com uma abordagem sobre indústria e impactos ambientais, na qual dá-se ênfase ao processo têxtil.

O capítulo 3, Material e métodos, inicia-se por uma explanação sobre a escolha do campo de trabalho e a exposição da situação ambiental da organização escolhida para o desenvolvimento da pesquisa. É apresentada a seqüência de atividades para o desenvolvimento do método, geralmente, tecendo-se comentários sobre as decisões tomadas ao longo desse processo, desde a concepção de indicadores até a aplicação de equações para o cálculo dos Índices de Qualidade Ambiental, a partir de planilhas eletrônicas.

No capítulo 4, Resultados e discussão, são apresentados os resultados da aplicação do método, no período estudado. Esses resultados são discutidos por categoria e também no nível de cada indicador, procurando-se estabelecer correlações entre os dados obtidos e a situação do processo industrial, a fim de que se identifiquem as prioridades, de forma objetiva, para a tomada de ações.

(21)
(22)

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A evolução da temática ambiental

A questão ambiental tem sido amplamente discutida por diversos setores da sociedade (governo, ONGs, iniciativa privada, universidades etc.). Há, hoje, uma emergente preocupação com os efeitos das ações do homem sobre o meio ambiente. A escassez de água, o aumento da temperatura terrestre, os elevados níveis de poluição em algumas regiões do planeta são, dentre outros, temas constantemente presentes nos noticiários1 do Brasil e do mundo:

Cerca de 60% de todos os ecossistemas do planeta estão degradados ou sendo usados de modo não sustentável. Se nada for feito, as conseqüências poderão levar a um cenário desolador em 50 anos. (CIÊNCIA, 2005)

Os mecanismos oceânicos do clima vão gerar mudanças em grande escala no planeta, advertiu o pesquisador Tim Barnett, destacando que nas próximas décadas milhões de pessoas sofrerão escassez de água em amplas zonas do globo. (SOCIEDAD, 2005)

A península Antarctica […] é o lugar do globo que tem sofrido o maior reaquecimento: + 2,5ºC, desde 1950. Essa situação causou a regressão de 87 % das 244 geleiras marinhas relacionadas na área. Um relatório foi recentemente divulgado por um grupo de pesquisadores britânicos e americanos dirigido por Alison Cook, da British Antarctic Survey (Cambrige, Grã-Bretanha). (GALUS, 2005)

Prospecção de uma mina próxima a regiões de pesca de salmão causa preocupações no Alasca.

Prospectores estão gastando milhões de dólares em planos para operações de mineração em uma área de depressão do Alasca, o que poderá modificar a região definitivamente. (DREW, 2005)

Em virtude de tantas constatações sobre a degradação progressiva do planeta, muito tem se estudado sobre como é possível chegar a um estágio de desenvolvimento que garanta a conservação do meio ambiente e proporcione uma melhor sobrevivência das gerações futuras. Para isso, é fundamental o entendimento de como chegamos à situação observada atualmente.

Goudie (1993) destaca dois importantes fatores, através dos quais, o homem pode causar transformações na natureza: o crescimento da população; e a evolução da cultura e da tecnologia.

(23)

O domínio do fogo foi uma das primeiras ações antrópicas a influenciar o ambiente. No entanto, o homem primitivo não representava exatamente uma ameaça ao planeta, de forma global, pois as modificações ocasionadas por suas ações eram essencialmente locais, restritas a determinadas regiões.

A partir do estabelecimento das primeiras cidades, especialmente devido à adoção das práticas agrícolas e à domesticação de animais, começaram a surgir as grandes civilizações. Nesse estágio, o homem já exercia o trabalho com metais e os seus impactos sobre a natureza começavam a se tornar significativos.

Com a Revolução Industrial, que trouxe consigo inventos como a máquina a vapor (século XVIII) e o motor de combustão interna (século XIX), surgiu uma necessidade cada vez maior da utilização de novas fontes de energia (nessa ocasião, sobretudo, os combustíveis fósseis). A utilização contínua desses recursos, em quantidades sempre maiores, passou a produzir, desde então, efeitos que nunca haviam sido presenciados pelo homem.

Em contraste com o acelerado crescimento gerado pela Revolução Industrial a partir do século XVIII, especialmente nos países desenvolvidos, as idéias sobre a proteção do meio ambiente evoluíram de forma lenta. Mesmo com a publicação de diversos trabalhos científicos, merecendo destaque os citados por Goudie (1993), os quais enfocam a questão do homem e suas interferências no meio ambiente (LYELL, 1835; SOMERVILLE, 1858; MARSH, 1864; BRUNHES, 1920), o que se observava, à época, era uma intensa preocupação com o desenvolvimento econômico, em detrimento da condição ambiental do planeta.

Sobre isso, Sauer (1938 apud GOUDIE, 1993) afirma que a constante preocupação em aumentar a produção, ocupar espaços vazios e desenvolver tecnologias eram razões para que as teorias econômicas existentes não levassem em consideração os efeitos produzidos por estas mudanças, capazes de provocar a degradação e o conseqüente empobrecimento do planeta.

(24)

Não deixa de ser inacreditável o fato de as ciências de observação da natureza, como a física e a química, com o notável desenvolvimento que tiveram nos séculos XVIII e XIX, não terem se dado conta das ameaças ao desequilíbrio natural causado pela ação do homem. Mais incrível ainda é a ausência, na denominada civilização ocidental, de qualquer atitude crítica em relação aos efeitos deletérios do progresso, desde sempre considerado como um ideal a ser atingido por todos os povos.

A partir da década de 60, os riscos da degradação do meio ambiente passaram a ser muito mais representativos sob o aspecto global, uma vez que os problemas ambientais de cada país e as conseqüências da degradação gerada deixaram de ter uma influência simplesmente interna. O resultado da degradação podia ser sentido além das fronteiras. Esse fator motivou a convocação, pela ONU, da primeira grande discussão internacional sobre o tema: a Conferência de Estocolmo, em 1972.

Dentre os pontos votados na Conferência de Estocolmo, merecem destaque: a Declaração das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, o Plano de Ação para o Meio Ambiente, aspectos financeiros relacionados à proteção ambiental e a instituição do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que teria sede em Nairóbi, no Quênia.

No Brasil, um dos principais efeitos resultantes da Conferência de Estocolmo foi a criação da Secretaria Especial do Meio Ambiente, que iniciou suas atividades em 1974. Uma das mais importantes ações desta secretaria foi o estabelecimento de programas de educação ambiental.

(25)

Chegou-se, então, a um ponto onde podia ser observada uma dicotomia: enquanto os países desenvolvidos (a partir de Estocolmo) exigiam medidas para a redução da degradação gerada nos países em desenvolvimento, estes defendiam a idéia de que o desenvolvimento ambiental não poderia estar separado do desenvolvimento sócio-econômico.

Nesse contexto, começam a surgir contribuições de cientistas de grande importância mundial como, por exemplo, Ignacy Sachs, que formulou os conceitos básicos do que se chamava, então, de eco-desenvolvimento2. De acordo com Sachs (1976 apud BRÜSEK, 2001, p.31), estes aspectos eram:

a) a satisfação das necessidades básicas; b) a solidariedade com as gerações futuras; c) a participação da população envolvida;

d) a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral; e) a elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social

e respeito a outras culturas; e f) programas de educação.

Percebendo essa realidade, a ONU formou uma comissão de especialistas para estudar as questões ligadas ao desenvolvimento e meio ambiente, presidida pela então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. Essa comissão, em 1987, apresentou à Assembléia Geral da ONU o chamado “Relatório Brundtland”. A partir daí, foi delineado o conceito de desenvolvimento sustentável.

Esse relatório foi um dos principais subsídios para a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, no ano de 1992, mais conhecida como ECO-92. Além da conhecida Agenda 21, um dos mais importantes resultados da ECO-92 foi a Declaração do Rio, destinada a reafirmar o que já havia sido estabelecido anteriormente, bem como a trazer novas idéias em relação a Estocolmo.

Dentre os pontos estabelecidos pela Declaração do Rio, de 1992, merecem destaque, segundo Soares (2003): o princípio do poluidor-pagador; o

(26)

princípio da prevenção (ou precaução); a integração da proteção ao meio ambiente em todas as esferas da política e das atividades normativas dos estados; a aplicação de estudos de impacto ambiental; e a internalização de custos externos.

Sobre a aplicação de Estudos de Impacto Ambiental, o Princípio 17, da Declaração do Rio afirma:

A avaliação do impacto ambiental, como instrumento nacional, será efetuada para as atividades planejadas que possam vir a ter um impacto adverso significativo sobre o meio ambiente e estejam sujeitas à decisão de uma autoridade nacional competente (BRASIL, 2005).

É fato que, no Brasil, a implementação de Estudos de Impacto Ambiental já vinha sendo realizada desde a década de 70, época do conhecido “milagre brasileiro”. De acordo com Moreira (1989 apud TOMMASI, 1994, p. 6), “o primeiro EIA realizado no Brasil foi o da barragem e usina hidrelétrica de Sobradinho em 1972”.

A princípio, estes estudos foram aplicados por causa das exigências de organismos de financiamento internacional. Porém, ainda na década de 80, a legislação brasileira começou a contemplar essa realidade, tornando o Estudo de Impacto Ambiental uma ferramenta legal, aspecto que será discutido, com mais detalhes, posteriormente.

Como se pode perceber, a avaliação de impacto ambiental reafirmou-se, com a Declaração do Rio, como uma ferramenta a ser utilizada pelos Estados a fim de se contribuir para o desenvolvimento sustentável.

(27)

um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). As normas da série ISO 14000 foram, desde então, gradualmente difundidas no mundo. Para a NBR ISO 14001:2004, norma brasileira equivalente à ISO 14001:2004, um dos fatores mais importantes na implementação de um SGA é a identificação de aspectos e impactos ambientais, ponto a partir do qual podem ser estabelecidos planos e padrões que possibilitam a melhoria contínua do desempenho ambiental da organização.

No Brasil, segundo dados do INMETRO (2005), já são mais de 900 empresas certificadas, em concordância com a ISO 14001, com a marca de credenciamento desse organismo.

A importância dos processos de certificação, seja através da ISO 14001 ou de outro tipo de “selo verde”, tem fundamento quando se leva em consideração que as exportações brasileiras têm crescido e que muitas barreiras técnicas para a aceitação de nossos produtos são de caráter ambiental (ALMEIDA; PRESSER; ANSANELLI, 2004).

No caso do Estado do Ceará, essa realidade é ainda mais presente, visto que as exportações cearenses, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC, 2005): a) cresceram cerca de 142 %, no período de 1998 a 2004; b) têm como principais mercados os Estados Unidos e a União Européia.

Resta, portanto, comentar que a Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) tem, atualmente, uma importância crucial, seja para a aprovação legal de projetos, seja para o estabelecimento do desempenho ambiental das organizações. Por essa razão, a AIA tornou-se uma ferramenta cada vez mais presente no cotidiano de gestores e técnicos ligados à área ambiental.

(28)

qual se destina este trabalho, de forma a favorecer a ampliação das discussões científicas sobre o tema proposto, que se torna, a cada dia, mais relevante para a sociedade.

2.2 Impacto Ambiental

Há muitas definições disponíveis sobre o que pode ser considerado impacto ambiental, as quais se diferenciam, em alguns casos, pela abrangência. A idéia de impacto ambiental pode variar de acordo com aquilo que se considera como meio ambiente.

O conceito atual de meio ambiente é complexo e envolve fatores que vão além das condições físicas, químicas e biológicas. À idéia de meio ambiente também estão associadas questões econômicas, políticas, sociais e culturais. Dessa forma, impacto ambiental pode ser conceituado, de modo abrangente, como o conjunto de alterações (benéficas ou adversas) ocasionadas no meio ambiente pelas ações do homem, em relação aos diversos fatores supracitados.

Este entendimento encontra-se bem difundido na literatura, merecendo destaque as definições a seguir, que consideram impacto ambiental como sendo:

[...] uma alteração física ou funcional em qualquer dos componentes ambientais. Essa alteração pode ser qualificada e, muitas vezes, quantificada. Pode ser favorável ou desfavorável ao ecossistema ou à sociedade humana. (TOMMASI, 1994, p. 19)

Qualquer alteração no sistema ambiental físico, químico, biológico, cultural e sócio-econômico que possa ser atribuída a atividades humanas relativas às alternativas em estudo para satisfazer as necessidades de um projeto. (Canter, 1977 apud MOREIRA, 1990, p. 113)

Sob esse aspecto, é de suma importância que se mencione a definição fornecida pela Resolução CONAMA nº 01/1986, no seu art. 1º:

[...] considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

(29)

III- a biota;

IV- as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V- a qualidade dos recursos ambientais. (BRASIL, 1986)

Alguns autores definem impacto ambiental de uma forma mais analítica. Para Jain et. al (1993, p. 5, tradução do autor), impacto pode ser entendido como “qualquer modificação, positiva ou negativa, de um ponto inicialmente desejado”. Essa idéia também é observada no trabalho de Dee et. al. (1973), o qual leva em consideração, na determinação do impacto ambiental, a diferença numérica entre a situação analisada antes e depois da aplicação de um determinado projeto.

Em geral, as definições de impacto ambiental podem mostrar uma tendência a que sejam considerados apenas os aspectos negativos, numa primeira análise. Porém, na idéia defendida por Tommasi (1994), o impacto ambiental deve ser analisado como uma alteração que pode ser benéfica ou maléfica ao ambiente em estudo, não se restringindo somente ao lançamento de poluentes.

Mota (2000) classifica os impactos ambientais quanto ao tipo (positivo ou negativo), magnitude, duração, reversibilidade, dentre outros fatores. Tal classificação pode ser facilmente encontrada em diferentes metodologias para a realização de Avaliação de Impactos Ambientais, aspecto que será abordado posteriormente.

2.3 O Estudo de Impacto Ambiental

2.3.1 Conceitos básicos

Como foi destacado anteriormente, a idéia de impacto ambiental evoca alterações que são causadas no meio ambiente, especialmente pela intervenção humana. A sistematização dessas alterações, suas causas e conseqüências pode ser realizada através de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

(30)

autor) estabelece que um Estudo de Impacto Ambiental pode ser definido como sendo:

A identificação e avaliação sistemática dos impactos (efeitos) potenciais de projetos, planos, programas ou ações legais propostas, relativos aos componentes físico-químicos, biológicos, culturais e sócio-econômicos do ambiente, como um todo.

A princípio, pode-se pensar que a idéia defendida por esses autores está centrada, simplesmente, na questão da avaliação dos efeitos e na apresentação sistemática dos resultados. Nesse sentido, inúmeras metodologias foram desenvolvidas, desde a década de 70, a fim de otimizar a utilização dessas informações.

Não obstante, é importante observar que o resultado de um EIA deve contribuir com a tomada de decisão e também envolver a participação do público na aceitação de determinados tipos de empreendimentos, bem como estabelecer procedimentos para acompanhamento posterior. Esses aspectos são destacados por Barret e Therivel (1991 apud CANTER, 1996).

Para Tommasi (1994, p. 19), um EIA visa “assegurar que os efeitos ambientais, sociais, políticos e econômicos sejam identificados e avaliados na fase de planejamento daquelas ações, antes que decisões irrevogáveis sejam tomadas”. Nesse sentido, Mota (2000, p. 333) afirma que o estudo de impacto ambiental, relativo a uma determinada atividade, deve:

[...] identificar e avaliar os impactos positivos sobre os meios físico, biológico e antrópico de sua área de influência, e propor medidas mitigadoras para as conseqüências adversas, de modo a incrementar os seus benefícios.

(31)

2.3.2 O EIA na legislação brasileira

Segundo Machado (1993), a primeira legislação brasileira a mencionar um tipo de Avaliação de Impactos Ambientais, mesmo que de forma bastante superficial, foi a Lei nº 6.803, de 2 de Julho de 1980, que dispõe sobre o Zoneamento Industrial, para o caso de áreas críticas de poluição.

A partir da Lei nº 6.938/81, que estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, a Avaliação de Impactos Ambientais, juntamente com outras ações, passou a ser importante instrumento desta política, como é possível observar, in verbis:

Art. 9º São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente: I- o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; II- o zoneamento ambiental;

III- a avaliação de impactos ambientais; [...] (BRASIL, 1981)

No entanto, a aplicação desta lei dependia de regulamentação, que veio a ocorrer somente com o Decreto nº 88.351, de 01 de junho de 1983. Neste decreto, estão previstas as premissas básicas para a realização de um EIA, quais sejam: “a) diagnóstico ambiental da área; b) descrição da ação proposta e suas alternativas; c) identificação, análise e previsão dos impactos significativos, positivos e negativos” (BRASIL, 1983). Além disso, a partir do referido Decreto, também ficou definido que as despesas com a realização do estudo são de responsabilidade do empreendedor do projeto.

Apesar da regulamentação ocorrida em 1983, o passo definitivo para a aplicação de Estudos de Impacto Ambiental no Brasil só foi dado a partir de 1986, com o advento da Resolução nº 01/86, do CONAMA, a qual dispõe sobre os critérios básicos e diretrizes gerais para o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).

(32)

ambientais do projeto e suas alternativas; c) a definição de medidas mitigadoras dos impactos; d) a elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento.

Assim, é possível observar que a idéia do Estudo de Impacto Ambiental na legislação brasileira tornou-se abrangente, pois os resultados de um EIA não se restringem ao empreendimento somente ao longo de seu planejamento e execução, mas atingem, também, a fase de operação do mesmo, através da proposição de medidas mitigadoras e ações de acompanhamento.

O avanço da legislação brasileira, neste aspecto, ficou definitivamente comprovado com a Constituição Federal de 1988, a qual dedica um capítulo inteiro à questão, em seu art. 225, do qual merece destaque:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado [...], impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...]

IV – exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; (BRASIL, 1988)

Para o devido funcionamento do sistema, foi publicada a Resolução CONAMA nº 237/97, que regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente. Por meio desta resolução, o CONAMA (BRASIL, 1997) define claramente: o que é o processo de licenciamento ambiental, quais os empreendimentos sujeitos a esse processo, as competências dos órgãos ambientais (federal, estadual e municipais), as etapas do processo de licenciamento ambiental, bem como outros aspectos pertinentes.

(33)

Embora a legislação sobre o tema seja vasta e completa, a efetivação dos Estudos de Impacto Ambiental ainda não acontece de forma plena. Alguns trabalhos foram desenvolvidos abordando esse aspecto (SANTANA; MAYORGA, 2000; DIAS, 2001).

Estes trabalhos mostraram que, dentre os fatores causadores dessa realidade, está a deficiência na fase de acompanhamento, que apresenta origens diversas (ausência de informações e metodologias adequadas, carência de recursos e pessoal por parte dos órgãos fiscalizadores etc.). Nesse ponto de vista, ainda há muito a ser melhorado para que os estudos de impacto ambiental tenham efetiva aplicação.

2.3.3 Os componentes de um Estudo de Impacto Ambiental

Conforme foi destacado anteriormente, a legislação brasileira determina que um EIA deve reunir informações sobre impactos ambientais, sua análise, proposições de medidas mitigadoras e planos de acompanhamento.

Em geral, a maneira como essas informações devem ser detalhadas e apresentadas fica a critério do órgão ambiental responsável pela análise do projeto (de competência federal, estadual ou municipal), o qual decidirá pela adoção de um roteiro padrão ou de um termo de referência, para cada tipo de empreendimento.

Tommasi (1994) apresenta roteiros para a elaboração de EIA / RIMA relativos aos Estados de São Paulo e Minas Gerais. O “Roteiro para apresentação de Estudos de Impacto Ambiental”, elaborado pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, também discutido por Mota (2000), estabelece, em linhas gerais, a seguinte seqüência a ser adotada na elaboração de um EIA / RIMA:

„ Informações gerais (identificação do empreendimento, histórico, síntese dos objetivos etc.)

„ Caracterização do empreendimento „ Área de influência

(34)

− Qualidade ambiental

− Fatores ambientais (meios físico, biológico e antrópico) „ Análise dos impactos ambientais

„ Proposição de medidas mitigadoras

„ Programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos ambientais

„ Relatório de Impacto Ambiental - RIMA

Analisando o roteiro proposto, percebe-se que todos os aspectos determinados pela legislação estão previstos. No entanto, ao elaborar um EIA / RIMA, o risco de dar importância a determinados componentes em detrimento de outros está constantemente presente. Sobre esse aspecto, é muito significativo destacar que, em alguns casos, os estudos de impacto ambiental têm se tornado longos compêndios, com uma série de informações descritivas sobre o ecossistema, muitas vezes desnecessárias, de acordo com o que estabelecem determinados trabalhos (Holling, 1978; Roberts e Roberts, 1984), comentados por Tommasi (1994).

Aliado a essa realidade, ainda surge o fato de que as avaliações propriamente ditas, nem sempre, geram conclusões significativas. Segundo Santana e Mayorga (2000, p. 150), dentre as ineficiências para se alcançar a efetividade de um EIA : “Há precariedade na sistemática de avaliação, desenvolvendo abordagens parciais e genéricas; Há precariedade na abrangência de medidas mitigadoras”. Tal observação é um indicativo de que uma avaliação onde os pontos mais relevantes são considerados apenas de forma superficial, ou com grande grau de subjetividade, pode comprometer o processo, especialmente no que diz respeito à adoção de medidas mitigadoras.

Outro aspecto fundamental é a apresentação do RIMA. Vale ressaltar que o RIMA não deve ser uma mera cópia ou compilação resumida do EIA. Segundo Mota (2000, p. 311):

(35)

suas alternativas, comparando as vantagens e desvantagens de cada uma delas.

Nota-se, portanto, que a participação do público, como um fator que é causa de permanentes discussões e abordagens por diversos autores (JAIN et al., 1993; MACHADO, 1993; CANTER, 1996; DIAS, 2001), é essencial em todo o processo, a fim de que os objetivos de um estudo de impacto ambiental sejam realmente alcançados.

Uma visão geral do processo de preparação de um EIA pode ser observada na Figura 2.1, que destaca o esquema proposto por Stamm (2003), adaptado a partir de considerações do PNUMA, no qual a participação do público é fator crucial, especialmente na fase de revisão do documento.

Figura 2.1 – Principais fases do desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Identificação da necessidade

Descrição da proposta

SELEÇÃO

Exame inicial do Meio Ambiente

Requer EIA Não requer EIA

Escopo

IDENTIFICAÇÃO DO IMPACTO AVALIAÇÃO AMBIENTAL (AIA) Análise do impacto/previsão

Significância do impacto

Relatório

REVISÃO Qualidade do documento Participação dos interessados

Aceitabilidade da proposta

TOMADA DE DECISÃO

NÃO

APROVADO APROVADO

REVISÃO

RESUBMISSÃO

AUDITORIA E AVALIAÇÃO DO EIA ENVOLVIMENTO PÚBLICO ENVOLVIMENTO PÚBLICO

Informações para este processo contribuem para

um efetivo futuro do EIA Envolvimento público ocorre tipicamente nestas fases. Isso pode ocorrer para qualquer

outro estágio do EIA. Identificação da necessidade

Descrição da proposta

SELEÇÃO

Exame inicial do Meio Ambiente

Requer EIA Não requer EIA

Escopo

IDENTIFICAÇÃO DO IMPACTO AVALIAÇÃO AMBIENTAL (AIA) Análise do impacto/previsão

Significância do impacto

Relatório

REVISÃO Qualidade do documento Participação dos interessados

Aceitabilidade da proposta

TOMADA DE DECISÃO

NÃO

APROVADO APROVADO

REVISÃO

RESUBMISSÃO

AUDITORIA E AVALIAÇÃO DO EIA ENVOLVIMENTO PÚBLICO ENVOLVIMENTO PÚBLICO

Informações para este processo contribuem para

um efetivo futuro do EIA Envolvimento público ocorre tipicamente nestas fases. Isso pode ocorrer para qualquer

outro estágio do EIA.

(36)

2.4 Métodos de avaliação de impactos ambientais

2.4.1 Considerações iniciais

Há um grande número de metodologias destinadas à avaliação de impactos ambientais. Alguns autores adotaram formas de classificar esses métodos, com base nas características semelhantes entre eles, considerando aspectos como: a organização das informações, a forma de apresentação e a sistemática de geração e interpretação dos resultados.

Segundo Canter (1996), que divide os métodos em três categorias (matrizes, redes e listas de verificação - checklists), as metodologias são importantes para possibilitar a síntese e a análise dos resultados, a partir de uma única base. Neste enfoque, o autor destaca que os métodos são apresentados em sua forma simplificada, ou seja, combinações posteriores poderão ser realizadas a fim de que possam ser atendidas as necessidades do estudo. Além disso, é defendida a idéia de que a adoção de uma metodologia generalizada se torna inviável, devido à diversidade das análises e decisões que podem ser requeridas.

Jain et al (1993) estabelecem seis categorias dentre as quais os métodos de avaliação de impacto estariam distribuídos: Ad hoc; Superposição (de mapas, cartas etc.); Listas de verificação; Matrizes; Redes; Combinações assistidas por computador. No seu trabalho, os autores realizam uma revisão de 19 metodologias, aplicadas a diversos tipos de empreendimentos, servindo como referência para a realização de futuros trabalhos.

Uma classificação muito semelhante é apresentada por Tommasi (1994), que, além dos métodos já abordados, também menciona os modelos de simulação matemática, destacando que os mesmos são específicos para cada aplicação e que podem contribuir na previsão dos impactos.

(37)

limitações de cada método, com a intenção de tornar mais clara a contribuição à qual se destina o desenvolvimento do método proposto por este trabalho.

2.4.2 Método ad hoc

Segundo Stamm (2003), este método era utilizado com bastante freqüência no início da aplicação das Avaliações de Impacto Ambiental. Esta técnica consiste na reunião de um grupo de especialistas de diversas áreas, com alto grau de experiência no projeto a ser analisado, que têm a função de avaliar os impactos das alternativas existentes para este empreendimento.

Para Jain et al (1993), o método ad hoc tem sua efetividade diretamente vinculada ao nível de experiência dos especialistas envolvidos no estudo. Embora tenha como vantagem a facilidade da execução, o resultado da análise geralmente estará sujeito à subjetividade da equipe e poderá ser afetado se não houver imparcialidade na coordenação do grupo e na escolha de seus membros.

2.4.3 Listagens de Controle (check-lists)

As listagens de controle constam, quase sempre, de uma relação de impactos ou fatores ambientais que devem ser considerados de maneira sistemática, no projeto em análise.

(38)

Tabela 2.1 – Comparação entre os tipos de Listagens de Controle (check-lists).

Tipo de Lista Forma de apresentação Critérios Valores

numéricos

Simples Enumera os fatores ambientais afetados em

cada fase do projeto. Não Não

Descritiva Enumera os fatores ambientais e estabelece critérios para a avaliação destes. Sim Não

Escalar

Estabelece os elementos a serem avaliados, com critérios definidos e a atribuição de valores entre as alternativas de um projeto.

Sim Sim

Questionário Perguntas relativas às alterações dos fatores

ambientais. Não Não

Multiatributos

Para cada fator ambiental, considera atributos que influenciam nos mesmos, dando valores numéricos que possibilitam comparar a situação em relação à aplicação do projeto.

Sim Sim

O método é mais simplificado no caso das listas simples, descritivas e questionário. Por outro lado, nas listas escalares e multiatributos, há uma preocupação com a redução da subjetividade, através da utilização de critérios que norteiem a avaliação de cada fator e, também, pelo estabelecimento de escalas de valores.

No caso da lista de multiatributos, mencionada por Rodrigues (1998 apud

(39)

Avaliação de impacto ambiental na qualidade da água em área intensamente cultivada

xi = mérito para o respectivo parâmetro indicador

Ui = função utilidade (obtida de gráfico com % saturação)

Parâmetros Indicadores

Situação Importância

relativa (k)

Montante xi MÁX

Jusante xi MÁX

Montante Ui

Jusante Ui

Condutividade elétrica 0,2 47,5 66,6 1 1

Nitrato (mg/L) 0,1 0,16 0,82 1 1

Amônia (mg/L) 0,1 0,12 0,46 1 1

Sódio (mg/L) 0,1 2,16 5,28 0,8 0,2

Sólidos em suspensão (mg/L) 0,2 21,6 29,5 0,8 0,5

Porcentagem de saturação de O2 0,3 64 26 0,5 0,1

Σk = 1

Índice de Qualidade Ambiental (IQA) ΣkiU(xi)

Índice de Qualidade Ambiental a Montante 22,8%

Índice de Qualidade Ambiental a Jusante 17,3%

Quanto maior for o IQA, melhor será a alternativa efetuada. Situação ótima: IQA = 1.

Fonte: Stamm (2003).

Figura 2.2 – Exemplo de aplicação de Lista Multiatributiva3.

Em geral, a aplicação das listas de controle não exige complexidade. Dentre as desvantagens do método, podem ser citadas: a subjetividade, a impossibilidade de se estabelecer impactos de segunda ordem e a não visualização das relações existentes entre os impactos identificados.

2.4.4 Matrizes

As matrizes de impacto ambiental são elementos bidimensionais que relacionam as atividades existentes na execução de um empreendimento aos impactos causados por estas nos meios físico, biológico e antrópico.

3 No exemplo apresentado, IQA = K

(40)

Dentre as diversas matrizes existentes, é muito conhecida a Matriz de Leopold e outros, desenvolvida em 1971, freqüentemente citada na bibliografia (CANTER, 1996; MOTA, 2000; TOMMASI, 1994). A matriz de Leopold pode ser considerada como um dos trabalhos mais completos dentro dos métodos matriciais. A referida matriz conta com 88 fatores ambientais, normalmente relacionados nas linhas da tabela, em combinação com 100 atividades, listadas nas colunas, gerando 8.800 possibilidades de impacto ambiental.

Por sua abrangência, a Matriz de Leopold se aplica bem a quase todos os tipos de empreendimentos. Além disso, a magnitude dos impactos pode ser considerada, numa escala de 0 a 10 pontos. Na Figura 2.3, pode ser observada a idéia geral para a aplicação da matriz de Leopold.

Ações Causadoras de Impacto

A

tr

ib

u

to

s

A

m

b

ie

n

ta

is

Legenda: M = Magnitude; I = Importância

Figura 2.3 – Matriz de Leopold (idéia geral). Adaptado de Canter (1996).

A vantagem da aplicação dessa matriz é a sua simplicidade. Como desvantagem, tem-se o grau de subjetividade para a escolha da pontuação.

Muitas outras formas de matrizes podem ser originadas da Matriz de Leopold. Com algumas modificações na aplicação das células, é possível prover mais informações sobre o tipo de análise que está sendo realizada. No exemplo da Figura 2.4, a análise leva em consideração o tipo de impacto, sua importância, duração e intensidade. Esse tipo de matriz pode, ainda, ser modificada de maneira que se acrescentem valores consolidados, comparando os impactos positivos com os negativos, facilitando os processos de decisão.

M

(41)

2 5 2 .4 – Exe mp lo d e Ma tri z d e Imp a ct o s a p lic a d a à co n st ru çã o d e u m At e rro Sa n itá ri o . F o n te : o p rá tico d a d isci p lin a d e Est u d o s d e Imp a ct o Amb ie n ta l, mi n ist ra d a p e lo Pro f. Su e tô n io Mo ta , ra d o e m Sa n e a m e n to Amb ie n ta l, D e p . d e En g e n h a ri a H id rá u lica e Amb ie n ta l, U F C , 2 0 0 4 .2 .

- M - P

5 2 7 2

- M - M - M

4 2 7 2 4 2

- G - M - P - P - M I P - P + P

7 3 6 2 4 1 4 1 5 2 7 1 6 1 4 1

- M - G - G - M - P - G - G - G - G + P - P

7 2 7 3 7 3 7 2 4 1 7 3 7 3 7 3 7 3 4 1 4 1

- G - G - M - G - P - P + P - M

7 2 4 3 7 2 7 3 4 1 4 1 4 1 4 1

+ G + G + G + P + G + P + G + M + G + G

6 3 6 3 6 3 4 1 7 3 5 1 7 3 6 2 6 2 6 3

- P + G - M + M

6 1 6 1 6 2 6 2

- G - G - G + M

6 3 6 3 6 3 6 2

+ G + G + G + G + P

6 3 6 3 6 3 6 3 6 2

+ M - P

6 3 6 1

+ G + G + M + M + G

6 3 6 3 6 2 6 2 6 3

+ G + G + G + M

6 3 6 3 6 3 6 2

+ G + M + M + G + G + M + G

7 3 7 2 7 2 7 3 7 3 7 2 6 3

+ G + G + P + M + M + G

7 3 7 3 7 2 7 2 7 2 7 2

Convenção: Legenda para preenchimento das células

Tipo: (+) Positivo; ( - ) Negativo; ( I ) Indeterminado Intensidade: (P) Pequena; (M) Média; (G) Grande

Importância: (1) Pouco significativa; (2) Moderada; (3) Significativa Duração: (4) Curta; (5) Média; (6) Longa; (7) Permanente

Tipo Duração Intensidade Importância T o p o g ra fia Er o s ã o Su p e rf ici a l Su b te rr â n e a O d o re s G a se s R u íd o s F lo ra F a u n a In se to s e ro e d o re s C u ltu ra is e p si co ló g ico s Pa is a g ís ti c o G e ra ç ã o d e e m p re g o s D e s e n v o lv im e n to e t e c n o lo g ia A g ri c u lt u ra e p e cu á ri a H a b ita ç ã o S a ú d e L a ze r Meio Físico

Meio Biótico Meio Antrópico

Difusão da Notícia

G e ra ç ã o d e s u b p ro d u to

Solo Água Ar

T rá fe g o Va lo r P a tr im o n ia l

Desapropriação da Área

Abertura de Vias de Acesso

Desmatamento

Abertura de Trincheiras

Aproveitamento futuro da área

Características Ambientais

Interceptação de águas pluviais

Drenagem de gases

Controle de chorume

Implantaçao de faixas de proteção Desativação dos atuais depósitos

Transporte de lixo para o aterro

Descarregamento do lixo

Compactação e recobrimento do lixo

(42)

Outra aplicação deste método é discutida por Cajazeira (1997), que elaborou matrizes relacionando uma série de fatores ambientais com as diversas fases do processo de fabricação de uma indústria de papel e celulose. Para a forma de pontuação, foi adotada uma sistemática que considera a importância e a intensidade (ou probabilidade) de ocorrência de um determinado impacto, conforme demonstrado na Tabela 2.2.

Tabela 2.2 – Pontuação para impactos ambientais.

Intensidade / Probabilidade

1 2 3 1 2 3 4 2 3 4 5 Importância

3 4 5 6 Fonte: Adaptado de Cajazeira (1997).

A importância foi considerada em relação à abrangência do impacto (pontual, local ou global). Para a intensidade, o critério foi o grau de impacto negativo ao meio ambiente (alto, médio ou baixo). Já para a probabilidade, avaliou-se a chance de ocorrência do impacto (alta, média ou baixa). A pontuação final para cada impacto resultava da soma desses critérios, como se percebe na Tabela 2.2.

Dessa forma, para cada impacto, em cada fase do processo, eram atribuídos valores, em combinação com sinais positivos ou negativos, de acordo com a característica do mesmo. Essa pontuação permitia a distinção entre os impactos, dando-se maior ênfase, na etapa de tratamento, aos que apresentassem os maiores valores. Um trecho da aplicação pode ser observado na Figura 2.5.

Áreas de Estudo Fontes

Cozimento Cald. Recup. Forno de Cal Evaporação

Fatores Ambientais 1 – Atmosféricos

Emissão de TRS -6 -6 -6 -6

Fonte: Cajazeira (1997).

(43)

Há, ainda, outro tipo de matriz citada por Canter (1996), chamada de matriz “passo-a-passo” ou “cruzada”. Nesta aplicação podem ser avaliados impactos de segunda e terceira ordem, o que chega a ser uma vantagem em relação às formas que foram apresentadas. Na Figura 2.6, é apresentado o mecanismo de funcionamento desta matriz.

Ações

1 2 3 4 5 A B F G H A

B C D E

F

a

to

re

s

A

m

b

ie

n

ta

is

F

Impacto de 1ª ordem A B Impacto de 2ª ordem H I Impacto de 3ª ordem J

Fonte: Adaptado de Canter (1996).

Figura 2.6 – Conceito de funcionamento da Matriz “passo-a-passo”.

(44)

2.4.5 Redes de interação

Este método permite que os impactos ambientais sejam dispostos de maneira a serem identificados impactos de segunda, terceira ordem e assim por diante. Sorensen (1971 apud CANTER, 1996) foi um dos pioneiros na aplicação dessa metodologia. A grande utilização deste método se dá quando se deseja avaliar um projeto previamente, atentando para os tipos de interação que podem surgir entre os impactos ambientais nos diversos meios (físico, biológico e antrópico) e suas características. Na Figura 2.7, tem-se um exemplo simplificado de uma rede de interação.

Fonte: Tommasi (1994).

Figura 2.7 – Exemplo de rede de interação para os efeitos do lançamento de SO2 por uma indústria.

2.4.6 Superposição de mapas ou cartas (Overlays)

Consiste na aplicação de mapas que, isoladamente, contêm informações sobre determinados fatores ambientais (físicas, ecológicas, estéticas etc.). A combinação destes fatores, que pode ser feita através de transparências ou de programas de computador, permite que se avalie a melhor localização para um projeto. Através deste método é possível, por exemplo, combinar mapas relativos ao tipo de solo e ao relevo de uma região, identificando as áreas mais críticas, estabelecendo, portanto, diretrizes para definição de critérios e restrições para a ocupação dessas áreas.

Indústria SO2 Poluição do ar H2SO4

Corrosão de Materiais

Acidificação de lagos

Efeitos sobre a navegação

Problemas respiratórios

Cardiopatias

Deposição de sulfatos, efeitos sobre o solo

Redução da biodiversidade do lago

Indústria SO2 Poluição do ar H2SO4

Corrosão de Materiais

Acidificação de lagos

Efeitos sobre a navegação

Problemas respiratórios

Cardiopatias

Deposição de sulfatos, efeitos sobre o solo

(45)

2.4.7 Modelos de simulação

Os modelos de simulação são uma ferramenta poderosa para a previsão de impactos ambientais. Aplicados a situações específicas, sua contribuição dependerá dos objetivos da análise.

De acordo com James (1993), para a elaboração de um modelo matemático que simule o comportamento de uma ou mais variáveis ambientais, são necessárias as seguintes etapas: definição dos objetivos; revisão da teoria de modelos já existentes; formulação do modelo; criação da estrutura do modelo; formulação das equações; desenvolvimento dos métodos de solução; elaboração de programas computacionais; calibração e validação; e análise de sensibilidade.

Em virtude do seu complexo desenvolvimento, o processo de elaboração de um modelo pode apresentar altos custos. Apesar disso, a precisão requerida para a avaliação de determinadas situações (ex. dispersão de poluentes em corpos hídricos, poluição por emissões gasosas, modelagem de sistemas ecológicos etc.) justifica a adoção do método.

2.4.8 Alguns métodos com ênfase quantitativa

2.4.8.1 O Método Battelle

Apresentado no trabalho de Dee et al. (1973), o método desenvolvido no

Batelle Institute, dos Estados Unidos, para a avaliação de impactos ambientais em

um projeto de planejamento de recursos hídricos foi, provavelmente, um dos pioneiros nesta categoria.

(46)

O método consiste no desenvolvimento de um Sistema de Avaliação Ambiental (Environmental Evaluation System – EES), que é dotado de 78 parâmetros ambientais específicos, divididos em 4 categorias: ecologia, poluição ambiental, estética e interesse humano.

Numa primeira etapa, cada parâmetro (ex. pH, DBO, oxigênio dissolvido etc.) é medido em sua unidade específica e convertido, através de funções de valor, num valor de “qualidade ambiental” entre 0 e 1. O conceito deste tipo de função é mostrado na Figura 2.8.

Fonte: Adaptado de Dee et al. (1973).

Figura 2.8 – Função de valor típica.

As funções de valor, para o caso deste trabalho, foram desenvolvidas com base na opinião de muitos especialistas, até se chegar a curvas que representavam o consenso de suas diversas opiniões.

Em seguida, esses indicadores são associados a pesos, os quais distribuem 1000 “unidades ambientais” entre estes parâmetros. A distribuição dos pesos foi feita por especialistas de diversas áreas, através da Técnica Delphi4, levando em consideração o grau de influência positiva ou negativa do parâmetro sobre o ambiente como um todo.

4 Essa técnica utiliza a reunião de um grupo de especialistas que, de forma sistemática e com regras determinadas, chegam à conclusão sobre a importância de um determinado fator em relação a outro. Sendo atribuídos, o valor 1 ao mais importante e valores menores aos menos significantes. Uma aplicação clara desse método pode ser encontrada em Canter (1996, p. 554-557).

0 1

Valor do parâmetro (m, ha, mg/L)

Q

u

a

li

d

a

d

e

A

m

b

ie

n

ta

(47)

Na etapa final, o impacto ambiental é calculado considerando a situação antes e depois da aplicação do projeto, através da equação que se segue:

( )

( )

=

=

=

m

i

i i m

i

i

i

w

V

w

V

EI

1 2 1

1 (2.1)

onde,

EI: Impacto ambiental;

(Vi)1: Valor da qualidade ambiental do parâmetro i, com a aplicação do projeto;

(Vi)2: Valor da qualidade ambiental do parâmetro i, sem a aplicação do projeto;

wi: peso relativo (importância) do parâmetro i;

m: número total de parâmetros

No trabalho apresentado por Dee et al. (1973), ainda foram levadas em consideração as variações percentuais dos impactos ambientais para determinados grupos de parâmetros. Dessa maneira, os autores demonstram que é possível reduzir sensivelmente a subjetividade da análise.

Aplicações desse método têm sido realizadas em outras áreas de estudo (por ex. arquitetura, sistemas agrícolas etc.). Algumas dessas aplicações serão discutidas posteriormente.

2.4.8.2 O Sistema APOIA–NovoRural

No trabalho apresentado por Rodrigues e Campanhola (2003), consta o desenvolvimento de um método com concepção semelhante, porém bem mais sofisticado, realizado no Centro Pesquisas da EMBRAPA – Meio Ambiente. Desse desenvolvimento surgiu o Sistema APOIA-NovoRural (Avaliação Ponderada de Impacto Ambiental de Atividades do Novo Rural).

Imagem

Figura 2.1 – Principais fases do desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA)
Figura 2.6 – Conceito de funcionamento da Matriz “passo-a-passo”.
Figura 2.7 – Exemplo de rede de interação para os efeitos do lançamento de SO 2  por uma indústria
Figura 2.9 - Exemplo de matriz de ponderação para indicador de avaliação de impacto ambiental do  sistema APOIA-NovoRural
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Referências

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