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3.2 Fases do desenvolvimento do método

3.2.3 Elaboração das planilhas de aplicação

3.2.3.1 Planilha Entrada de Dados

Esta planilha recebe os dados das medições realizadas, funcionando como um banco de dados de informações iniciais. Ela está organizada de modo que os dados podem ser inseridos periodicamente (intervalo mensal, no caso).

É muito importante, neste caso, definir os limites específicos para cada indicador, pois os mesmos servirão de base para os cálculos realizados pela planilha de índice de qualidade ambiental, que serão mencionados posteriormente. Como já comentado, esses limites podem ser padrões de legislação ou metas definidas pela própria organização. Elaborou-se a Tabela 3.2, a fim de detalhar os valores que foram utilizados como limites para os indicadores, com suas respectivas fontes de aquisição.

Tabela 3.2 – Valores limite para os parâmetros relativos aos indicadores da Planilha Entrada de Dados.

Indicador Unidade Valor limite Fonte

Consumo de Energia Elétrica kwh/m 2,2

Consumo de Água 13,5

Consumo de Água (Preparação) m³/km 5,0

Ef ici ê n c ia d e R e cu rs o s

Consumo de Vapor Ton/km 2,6

Sistema de metas da organização pH -- 6 – 10 Vazão m³/dia 5000 Temperatura do efluente °C 40 Sólidos sedimentáveis mL/Lh 20

Substâncias solúveis em hexano 100

Sulfeto 1,0 Sulfato 1000 Amônia total 50 Índice de fenóis 5 Ef lu e n te s Chumbo mg/L 1,5 Portaria SEMACE nº 154, de 22 de junho de 2002.

Dióxido de enxofre (SO2) g/106 kcal 5000

Material particulado g/106 kcal 1500

Resolução CONAMA nº 008/90.

Monóxido de carbono (CO) 811

Emi ssõ e s G a so sa s

Óxidos de nitrogênio (NOX) mg/m³ 405,5

Proposta CONAMA, processo 02000.000921/2002-78

O que pode ser observado na Tabela 3.2 é que as fontes das quais provêm os valores nela especificados são diversas. Para os quatro primeiros indicadores, componentes da categoria Eficiência de Recursos, os valores limite são definidos a partir das metas da organização.

Sobre esse aspecto, vale a pena comentar que as metas definidas podem vigorar por um período que está sujeito às necessidades de evolução da organização. Por isso, em alguns casos, comparar valores de anos diferentes pode gerar conclusões equivocadas. Em função dessa circunstância, no caso desta pesquisa, as metas foram mantidas constantes ao longo do período de um ano (janeiro a dezembro de 2005), a fim de possibilitar a análise dos resultados, discutidos posteriormente.

Para os indicadores da categoria Efluentes (pH até Chumbo) os valores limites são originários da Portaria nº 154/02 da SEMACE. É interessante notar que esta portaria ainda estabelece limites para outros parâmetros. É certo que os parâmetros determinados como indicadores nesta pesquisa são os que mais interessam à indústria têxtil e são, efetivamente, os monitorados pelo órgão ambiental, que é a própria SEMACE. Obviamente, outros tipos de indústria apresentam efluentes com diferentes características e, por conta disso, a escolha dos indicadores, no caso de aplicações desse método em outras realidades industriais, provavelmente indicaria um conjunto diferente do estabelecido neste caso.

Os indicadores “Dióxido de enxofre” e “Material particulado” têm seus limites impostos pela resolução CONAMA nº 008/90, apropriada para equipamentos geradores de calor. Essa situação específica pode ser observada a partir da unidade de medida desses indicadores (g/106 kcal), que nos traz uma idéia de massa de poluente emitido por quantidade de energia produzida. Esses são, portanto, parâmetros indicativos da eficiência do equipamento, podendo gerar ações de manutenção, a fim de melhorar o desempenho sob o ponto de vista ambiental. Para o caso de “Óxidos de nitrogênio” e “Monóxido de carbono”, são feitos comentários mais detalhados na seção seguinte.

3.2.3.1.1 Considerações sobre os padrões de emissão de CO e NOX para caldeiras

No Brasil, o Estado do Paraná foi pioneiro na definição destes padrões de emissão de CO e NOX para caldeiras. A partir da Resolução SEMA nº 041/02, de 09

de dezembro de 2002 (PARANÁ, 2002), ficaram estabelecidos diversos parâmetros de controle da qualidade do ar para os processos industriais, dentre eles, a emissão de NOx e CO nos processos de geração de calor.

Na Resolução SEMA 041/02, os padrões para esses equipamentos (em se tratando do porte dos que estão em operação na unidade industrial em estudo) são de 1000 mg/Nm³ e 500 mg/Nm³ para a emissão de CO e NOx, respectivamente,

considerando um oxigênio referencial de 11%, para o caso da queima de biomassa (as caldeiras em questão utilizam-se, na maior parte do tempo, de casca de castanha de caju, como combustível).

Nesta mesma resolução, encontra-se a equação que define a conversão dos valores dos padrões de emissão, aplicável para processos nos quais não há a injeção de oxigênio puro:

M M R R

C

O

O

C

−−

=

21

21

(3.3) onde,

CR: concentração corrigida para condições referenciais, em mg/Nm3 ou ppmv;

OR: concentração referencial de Oxigênio, em % por volume;

OM: concentração medida de Oxigênio, em % por volume;

CM: concentração medida em, mg/Nm3 ou ppmv.

No caso em estudo, o oxigênio médio é de 6,8%, gerando uma correção nesses valores, passando os mesmos a serem 704 e 352 mg/Nm³. Há, também, que se considerar a questão do metro cúbico normal (Nm³), que toma por base a quantidade de ar existente num volume de 1m³, nas condições de 1atm de pressão e temperatura a 0°C.

Mahan e Mayers (1993) apresentam a dedução da equação de estado dos gases ideais, que pode ser escrita da seguinte forma:

nRT

PV

=

(3.4)

onde,

P: pressão do gás, em N/m2 (Pa); V: volume ocupado pelo gás, m3; n: número de mols;

R: constante universal dos gases (sendo 8,314 N.m/mol.K); T: temperatura absoluta, em K.

Assim, é necessário fazer uma nova conversão dos valores dos padrões de emissão para as condições de temperatura e pressão nas quais se realizam as medições: pressão atmosférica normal e temperatura média de 205 °C (gases de saída). Aplicando a equação 3.4 a essas condições, chega-se a, aproximadamente, 400 e 200 mg/m³ de CO e NOx, respectivamente.

Existe, no CONAMA, proposta de resolução, sob o processo 02000.000921/2002-78 (CONAMA, 2006), sendo tramitada para a definição dos padrões aqui discutidos. De acordo com essa proposta, que traz diretrizes semelhantes às da resolução SEMA 041/02 (padrões de emissão em diversos segmentos industriais), os limites para o caso em questão seriam de 1300 e 650 mg/Nm³, para CO e NOX, respectivamente.

Levando-se em consideração todas as condições de transformação (oxigênio referencial de 8%, oxigênio medido de 6,8% e temperatura média de 205°C), chega-se, a partir das equações 3.3 e 3.4, a valores de 811 e 405,5 mg/m³ de CO e NOX, respectivamente, para os padrões de emissão desses gases. São

esses os valores finalmente adotados na planilha em referência, uma vez que se trata de uma proposta de abrangência nacional.

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