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Alimetação, Obesidasde Globo Reporter dia 11-03-11

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Globo Reporter - Edição do dia 11/03/2011

Número de brasileiros acima do peso cresce em 1,5% por ano, diz pesquisa

A pesquisa, realizada em 27 capitais, registra que hoje 52,1% da população masculina e 44,3% da feminina estão com o IMC acima da média. Isabela Assumpção São Paulo, SP

O Brasil dos anos 70 era um país bem diferente, mas nós crescemos, nos modernizamos e engordamos. Quem imaginaria que, nestes 40 anos, um em cada dois brasileiros sofreria com o excesso de peso? A estatística inédita do Ministério da Saúde revela dados alarmantes. A cada ano, cresce em 1,5% o número de brasileiros acima do peso. E nesse panorama, os homens aparecem em maior número do que as mulheres. Tem mais homens fora de forma do que mulheres.

Desde 2006, o índice de brasileiros gordos ou obesos é maior do que o índice das brasileiras. A pesquisa, realizada em 27 capitais, registra que hoje 52,1% da população masculina e 44,3% da feminina estão com o Índice de Massa Corporal (IMC) acima da média. Esse índice calcula o peso ideal de uma pessoa a partir da altura, idade e peso. Será que esse Brasil gordo vai conseguir diminuir os excessos e entrar em forma?

Difícil mesmo é evitar as tentações. Com o óleo fervendo, os bolinhos ficando dourados. Só de olhar já dá água na boca. A cozinha da casa parece uma incrível fábrica de delícias. Todos os meses, saem dela pelo menos sete mil salgadinhos. Tem empadinhas, enroladinhos de salsichas, pasteizinhos, esfirras e tortas de vários sabores. Tem também uma seção dos doces. São mais de 20 bolos e cerca de três mil docinhos de festa. Pode existir lugar pior para quem tem que cuidar do peso? Para emagrecer nessa casa, tem que ser herói.

O estudante Luis Filipe Alonso Galo, com 21 anos, é um vitorioso. A quituteira Helena Alonso, a mãe dele, faz doces e salgados por encomenda. O filho sempre ajudou, provando aqui e beliscando ali. Quem vê hoje nem imagina que ele chegou aos 98 kg. “Eu não tinha controle, eu comia bastante coisa”, revela o jovem. “Se eu andava muito, ficava cansado e queria”.

Agora, a esteira é a melhor amiga de Luis Felipe. O antigo preguiçoso tomou gosto pelos exercícios, quando participou de uma pesquisa na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Trezentos adolescentes obesos foram acompanhados durante um ano por médicos, nutricionistas e psicólogos e deram duro na academia.

No final do programa, Luis Felipe tinha dado adeus a quase 20 quilos. E o mais difícil: ele não engordou de novo. Voltamos com ele à universidade para ver de perto se isso tudo era mesmo verdade. E os exames não mentem. Um deles mede a quantidade de gordura no corpo. O teste é rápido, e o resultado, incrível.

A pesquisadora Ana Dâmaso, da Unifesp, informa a Luis Felipe o resultado dos exames: “você conseguiu manter exatamente a percentagem de gordura que você deveria manter e a mesma que você obteve aqui três anos atrás. É uma vitoria sua por ter passado um ano em terapia tentando mudar toda sua história de vida”.

“Quando comprava uma roupa, eu sempre comprava um número já grande, porque eu pensava: ‘eu vou engordar mesmo, compro maior para durar’”, diz o jovem. Orgulhoso, o Luis Felipe magro compara o manequim que veste agora. O estudante sua a camiseta para não voltar ao que era antes. “Eu trabalho para não engordar, eu faço academia, eu controlo a alimentação. Eu consigo manter tudo o que eles me ensinaram”, aponta Luis Felipe,

Além dele, a família toda aprendeu a lição. Dona Helena prepara o almoço caprichado, mas magrinho. Ela diminuiu o sal e aumentou os temperos verdes. E Luis Felipe dá a receita: “não é só a comida que engorda, as coisas que vão nela e no preparo também atrapalham”. “Saíram os alimentos fritos, e entrou o grelhado, o cozido. Agora, uso mais o forno”, afirma a mãe do estudante.

“Se a família não compreender a importância de ajustar esse estilo de vida de seu filho, com certeza, a chance de esse filho obeso emagrecer é muito menor”, destaca A pesquisadora Ana Dâmaso, da Unifesp.

Mas, em casa de doceira, a sobremesa é sempre muito caprichada. Assim, só com muito controle e força de vontade. Helena mostra o pedaço de doce que o filho comia antes. Depois, ela corta a fatia que Luis Felipe come hoje. É perceptível a diferença entre os dois tamanhos. “É assim: ele come e sai correndo da mesa”, revela a mãe. E Luis Felipe confirma: “Se ficar, repete”.

Quando Luis ajuda a mãe nas encomendas, uma beliscada também não é proibida. “Algumas vezes, pode pegar um ou outro. Não tem problema”, comenta o estudante.

Luis Felipe queima os pequenos excessos na esteira. Tímido, ainda não tem namorada, mas confessa que a nova silhueta está chamando atenção. “As mulheres te olham diferente”, revela.

Nutricionista dá dica para emagrecer: "Leve seu alimento para o trabalho"

Segundo a especialista Ana Dâmaso, da Unifesp, esta é uma forma de diminuir os custos e aumentar a qualidade da alimentação. Ela também afirma que é importante evitar alimentos muito calóricos à noite.

O Globo Repórter, da última sexta-feira (11), mostrou como a obesidade está tornando um problema cada vez mais sério para o brasileiro. Uma pesquisa inédita do Ministério da Saúde revelou números alarmantes. A cada ano, cresce em 1,5%, o número de pessoas acima do peso no país. A pesquisa também concluiu que hoje 52,1% da população masculina e 44,3% da feminina estão com o Índice de Massa Corporal (IMC) acima da média. E para falar do assunto, o programa convidou a nutricionista Ana Dâmaso, da Unifesp, para participar de um bate-papo aqui no site. Leia abaixo, os principais trechos desta entrevista.

Falta de tempo x alimentação saudável

“A gente incentiva os pacientes que tratamos por conta da obesidade a levar seu próprio alimento para o trabalho. É uma forma de diminuir os custos e aumentar a qualidade da alimentação. Em casa, deve-se fazer a mesma coisa,

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preparar alimentos mais leves. Durante a noite o metabolismo do corpo diminui. Portanto, é importante evitar alimentos muito calóricos neste horário”.

“Eu dou uma dica que eu mesmo sigo. Levo todos os dias uma fruta para a universidade. Levar o lanche para a escola ou trabalho é uma coisa que a maioria das pessoas têm vergonha de fazer, mas é saudável e não custa muito. E para ser sincera, quando viajo pelo mundo afora, vejo que se faz muito isso lá fora. E por que não fazermos também? Levar uma fruta ou outro alimento saudável para o trabalho é só uma questão de melhorar a qualidade da própria alimentação”.

Dietas

“Quanto mais a gente passa fome, mais o organismo tende a guardar o alimento da próxima refeição. Então, há um acúmulo excessivo. Uma dieta que seja balanceada e também fracionada ao longo do dia é melhor. O organismo não se sente privado de alimento e por isso não irá guardar aquele próximo alimento que será ingerido. “

“É muito perigoso criar sua própria dieta, por causa da falta de equilíbrio que pode levar a problemas como anemia, anorexia, distúrbios de sono etc. O conselho que eu daria é que se deve procurar um nutricionista, um bom profissional, para que se garanta o equilíbrio alimentar.”

“Os alimentos funcionais são bons quando você tem em paralelo uma dieta completa balanceada.” Distúrbios alimentares

“Apesar de não estar dentro da minha especialidade, com a minha experiência na área de saúde, posso afirmar que pelo menos 80% daqueles que procuram tratamento para obesidade em nosso laboratório têm algum sinal de ansiedade ou depressão”.

Ritmo para a perda de peso

“É normal diminuir o ritmo da perda de peso ao longo de um tempo. Nós chamamos isso de um novo ponto de equilíbrio que o corpo encontra. Ele entende que está tendo menos ingestão de alimento e vai diminuindo a perda gradativamente. A pessoa então vai ficar estagnada naquele ponto, sem conseguir emagrecer. Nesta hora é quando o profissional de saúde e a pessoa interessada em emagrecer devem buscar um novo ponto de equilíbrio para que volte a acontecer uma redução de peso”.

Cirurgia bariátrica

“Na verdade, a pessoa que se submete a uma cirurgia bariátrica causa uma mudança muito radical. Após a cirurgia, é necessário controlar a ingestão de alimento, há chances de que se volte a engordar. Agora, a pessoa que tem consciência de que é importante controlar a alimentação e praticar exercícios físicos, tem uma chance de sucesso enorme”.

Cerveja

“Sim, a cerveja engorda. Um grama de álcool tem 7 calorias e também é metabolizado muito lentamente. Outro detalhe, quem bebe cerveja, costumar acompanhá-la com um petisco, que normalmente é uma fritura. Então, é importante beber com moderação e evitar as gorduras saturadas”.

Namorados se conhecem pela web e juntos conseguem emagrecer

Lilian chegou a perder 30 quilos. André também era obeso e conheceu a namorada pela internet, quando ela estava no auge da transformação. Hoje, os dois se preparam para um desafio: participar de uma meia maratona.

Dulcinéia Novaes São João Del Rei, MG

Será que a vida está mais difícil para os gordinhos? O médico Carlos Daniel Magnoni, do Hospital do Coração de São Paulo (HCOR), coordenou uma pesquisa para saber como a população enxerga os obesos. Em cada dez entrevistados, oito disseram que o excesso de peso pode sim prejudicar a carreira. É quase o mesmo índice dos que acham que a obesidade dificulta o encontro de um parceiro. E metade dos entrevistados disse que nunca se casaria com uma pessoa gorda.

“Por mais que nós tenhamos um aumento da obesidade, a sociedade, de uma forma geral, segrega o obeso, no emprego, no salário, no transporte público e até no casamento”, diz o médico.

A professora Lilian Moreira já viveu este drama. “A obesidade é uma coisa muito triste. As pessoas se escondem. Por mais que elas neguem, elas sofrem muito”, confessa.

Estamos na histórica São João del Rei, em Minas Gerais, terra natal de Tiradentes, a quase 200 quilômetros de Belo Horizonte. Lilian é professora de português, redação e literatura em uma escola particular.

O corpo esguio, de 1,65 m, 55 kg, não faz ninguém imaginar que ela já teve 30 quilos a mais. “Aquela Lilian não saía de casa, aquela Lilian não namorava. Aquela Lilian era triste. Hoje, sou uma pessoa feliz. Tenho pessoas que gostam de mim, que estão do meu lado, me acompanhando”, declara.

Lilian é uma dessas professoras que os alunos adoram: sorridente, bem-humorada, cheia de disposição. Mas nem sempre foi assim. “Antes, eu me escondia. Só trabalhava e estudava, mais nada”, conta.

A vontade de dar um novo rumo à própria vida veio depois de ser fotografada em uma festa. “Quando eu bati o olho na foto, eu estava rindo muito e tinha um papo muito grande. Foi esta foto que eu acordar e resolver cuidar da minha saúde”, conta Lilian.

Na terra dos inconfidentes, uma amizade foi fundamental. Andréia Barros entrou na vida de Lilian como nutricionista. Foram tantos os encontros que as duas se tornaram amigas íntimas. “Eu me coloquei muito próxima para que ela se sentisse acolhida apoiada e orientada, acima de tudo, porque muitas dúvidas vão acontecendo”, diz Andréia.

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No cardápio, entraram frutas, verduras e legumes. Tudo muito diferente do que Lilian costumava consumir. “Eu não comia verduras e frutas. Nunca tinha comido alimento integral. Então, tive que começar a gostar dessas coisas”, revela.

Hoje, diante de um prato repleto de verduras, a atitude é outra. “Tem gente que fala: ‘tenho uma pena de você comendo esta salada’. Eles não sabem como eu gosto de comer aquela salada”, conta Lilian.

Lilian também descobriu os prazeres dos exercícios aeróbicos, da malhação e da musculação. Mas só a academia não bastava. Era preciso ainda mais, e Lilian decidiu por os pés na estrada.

No caminho da pessoa obesa, são muitos obstáculos. O isolamento é um deles. A falta de convívio social acaba prejudicando também as relações amorosas. Mas Lilian venceu esta barreira. Hoje, ela já não corre mais sozinha, encontrou um parceiro.

O estudante André Assunção também era obeso e conheceu Lilian pela internet, quando ela ainda estava no auge da transformação. Foi o começo de um namoro firme e da primeira dieta dele a dar resultados.

“Quando eu encontrei a Lilian, eu vi que o exemplo dela era parecido com o meu, porém eu vi que ela era determinada e me fez acreditar que eu poderia chegar também a emagrecer”, comenta André.

Pelo menos três vezes por semana, o casal percorre a estrada real que liga São João del Rei a Tiradentes. São 20 quilômetros, fazendo ida e volta. Seguindo os passos de Lilian, André já perdeu 26 quilos.

Com corpos mais leves e corações apaixonados, os dois se preparam para mais um desafio: participar, nos próximos meses, de uma meia maratona. “Tudo o que passei valeu apena. Faria tudo de novo, com a mesma determinação com as mesmas atitudes. Tudo”, afirma Lilian.

Excesso de peso aumenta risco de vários tipos de câncer

Segundo o INCA, o câncer é uma das doenças que mais matam no país. Fica atrás apenas das doenças cardiovasculares. E a obesidade tem seu papel garantido neste quadro.

Isabela Assumpção

Consciência é a palavra chave. É preciso ter consciência dos perigos que rondam o nosso corpo, e eles são muitos. A obesidade, além de ser uma doença, é um fator de risco para o câncer.

A nutricionista Sueli couto, do Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Rio de Janeiro, é quem nos alerta: “nas células gordurosas que formam com a obesidade, há um aumento da síntese da produção de hormônios. Além disso, é como se essas células estivessem em processo inflamatório constante, permanente. E isso concorre para o desenvolvimento do câncer”.

Sobrecarregado pelo excesso de peso, nosso corpo corre mais risco de ser vitima de vários tipos de câncer. Entre eles, os de esôfago, pâncreas, vesícula, intestino grosso, endométrio - que é a membrana que reveste o útero -, mama e rins. “Estes especificamente, porque são os que têm relação com o trato digestivo, e são hormônio dependentes”, explica Sueli.

Segundo o INCA, o câncer é uma das doenças que mais matam no país. Fica atrás apenas das doenças cardiovasculares. E a obesidade tem seu papel garantido neste quadro. “Na verdade, o sobrepeso é um alerta para que a gente possa se preocupar com o que você come, com a prática de atividade física, enfim, para que você seja alerta, para que você não atinja a obesidade”, aponta a nutricionista.

É aquela velha fórmula: atividade física, alimentação saudável e controle de peso formam um tripé milagroso. De acordo com o INCA, ele é capaz de evitar 19% de todos os cânceres. “Hoje, o consumo de frutas, legumes e verduras é a principal sentinela do nosso corpo”, afirma a doutora.

Globo Repórter: Uma pessoa obesa que reverte este peso. Ela está livre deste risco de câncer? Sueli Couto, nutricionista do INCA: Certamente, ela tem uma oportunidade de estar reduzindo o seu risco para o desenvolvimento da doença.

Globo Repórter: Significativamente?

Sueli Couto, nutricionista do INCA: Significativamente, não só o câncer como outras doenças crônicas não-transmissíveis, porque a obesidade é um fator de risco para outros tipos de doença além do câncer.

Ração humana atrai adeptos pela praticidade

Dietas malucas podem fazer muito mal ao organismo, pois os músculos ficam mais fracos e sofrem com a falta de energia.

No Brasil, a busca incansável tem uma nova receita. Ração humana: você sabe o que é isso?

São, pelo menos, 10 ingredientes, todos em pó e naturais. É uma receita que está se espalhando pelo Brasil, a dieta da moda.

Aprenda a preparar ração humana

A corretora de seguros Léa Fornazzari resolveu substituir o café da manhã por essa mistura milagrosa que promete de tudo: perda de peso, rejuvenescimento e bom funcionamento do intestino. “Eu não engordo mais. Eu como, mas não engordo, e tenho disposição”, afirma.

Paranaense de 52 anos, Léa mora em São Paulo. Ela é ativa, sempre interessada em alimentação saudável e chegou a tomar o suco vivo para emagrecer.

A corretora de seguros conta que, com o suco vivo, ela tinha muita energia, que o cabelo e a pele melhoraram, mas explica por que parou de tomar. “Você não pode deixar ele cortado na geladeira. Você tem que cortar na hora em

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que você vai fazer. Então, não é uma coisa prática que eu possa carregar, levar para onde eu for. Por isso, eu parei, porque dava muito trabalho”, revela.

Esse é um trabalho que a mistura de cereais não dá. Mas de onde vem a receita que parece mágica? Léa Fornazzari, como milhares de brasileiros, encontrou a fórmula na internet.

E o Globo Repórter foi para a feira, junto com a corretora de seguros, em busca dos produtos naturais da farinha. Na receita, ela mistura 13 ingredientes. Léa leva a receitinha e já pede a quantidade que vai precisar para preparar a mistura.

A corretora de seguros revela alguns itens que estão na sua lista: soja em pó, farelo de trigo, farelo de aveia, gergelim, levedo de cerveja, linhaça dourada moída.

“A linhaça é um elemento muito importante que mantém o ritmo intestinal, tem vitaminas e modifica o trato de trânsito do intestino. Ao mesmo tempo, ele previne algumas alterações que nós temos de doenças”, aponta o nutrólogo e professor Mauro Fisberg, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Quantos produtos naturais! Mas será que misturar tudo isso é mesmo bom para todo mundo?

O professor Mauro Fisberg diz que três colheres ao dia não fazem mal a ninguém. Mas quem é diabético ou tem problemas cardíacos, cuidado: é melhor evitar açúcar mascavo, cacau e o guaraná em pó. “Uma pessoa que é normal e come normalmente todos os tipos de alimentos não precisaria de nenhum outro suplemento”, afirma o nutrólogo.

“Não adianta colocar coisas que sejam muito diferentes, porque a pessoa não consegue manter estes alimentos que não são do seu hábito durante muito tempo”, ressalta a nutricionista Sônia Tucunduva Phillípi, da Universidade de São Paulo (USP).

Na receita da Léa, ainda tem gelatina sem sabor, açúcar mascavo, cacau, farinha de maracujá, quinoa, gérmen de trigo e guaraná em pó. No total, a conta da corretora de imóveis deu R$ 36.

Isso dá menos de R$ 1 por dia para duas pessoas e dura quase dois meses na geladeira. De todas as dietas que Léa já fez, essa é a mais saudável e prática.

Mas Léa afirma que não vale tudo para entrar em um vestido, existem limites. “Eu não sou deste tipo que acha que vale tudo. Eu acho que em primeiro lugar está a minha saúde”, afirma.

Pouca gente se preocupa com o corpo o ano inteiro. A maioria exagera, come o que tem vontade e não faz nada para queimar aquelas gordurinhas extras que em dias nublados nem chamam tanta atenção. Mas é só sair o sol que muitos deixam o bom senso de lado e são capazes de fazer loucuras para entrar em forma.

As magrinhas se exibem e confessam sacrifícios assustadores. “Eu não tomava café da manhã, não comia nada, só almoçava salada e um grelhado, durante praticamente um ano. Mas tive tontura, dor de cabeça. Todo dia, passava mal”, conta a supervisora Vívian Nogueira.

“A primeira coisa que você acaba perdendo são as proteínas mais nobres que são as proteínas musculares”, explica o nutrólogo Mauro Fisberg.

O nosso corpo está programado para proteger os órgãos vitais, como o cérebro, o coração e os pulmões que precisam de muita energia, que vem dos alimentos.

Quando entramos em um regime maluco, o cérebro determina: a energia deve ser retirada dos músculos. E eles ficam mais fracos, sofrem com a dieta. A falta de vitaminas derruba nossas defesas e aumenta a degeneração celular.

“Para matar a fome, eu tomava muito café sem açúcar. Matava a fome, mas acabou com o meu estômago também”, lembra a aposentada Clarice Quagio.

“A cafeína, em alguns elementos, tira bastante a fome, mas, ao mesmo tempo, tem uma ação estimulante importante. E ao mesmo tempo, uma ação tóxica age sobre o nosso trato intestinal, e ela acaba tendo uma duodenite, uma esofagite e pode chegar até a uma úlcera, por irritabilidade”, diz Mauro Fisberg.

“Eu consegui emagrecer 20kg, em um ano”, conta a manicure Téia Santana que, há três anos, passou a comer só carne e salada durante a semana. As lasanhas, pizzas, carboidratos ficaram só para sábados e domingos.

“Em vez de ela restringir o carboidrato para uma vez por semana, ela poderia comer porções muito menores de carboidrato todos os dias, combinadas com proteína, combinadas com vegetais, legumes e frutas que poderiam ser exatamente iguais em termos de perda de peso com muito menos dano para a vida futura dela”, explica o nutrólogo.

“Acho que tudo tem que ter um equilíbrio. Eu não deixo de comer nada do que eu tenho vontade, mas eu sei até onde eu posso ir. Quando exagero, eu sei que eu tenho que voltar. E aí dar uma revisão na coisa. O ideal é você comer sem culpa”, comenta a corretora de seguros Léa.

Sem culpa e com muito prazer. No dia seguinte, ela vai queimar os excessos, até porque aquele pretinho básico precisa entrar no verão que vem.

Linhaça combate o efeito sanfona

Fibra promove a saciedade e ajuda a reduzir a ingestão de alimentos. Repórter testou a dieta e perdeu 3,2 quilos em um mês. Guacira Merlin Rio de Janeiro e São Paulo

"Ultimamente só estou usando camisa de bolinha", conta o músico João Baumman, apontando para a própria barriga.

"Eu perdi todas as minhas roupas, porque engordei bastante este ano. Eu alargo e depois tenho que diminuir de novo", conta a aposentada Maria Lourdes Rosignoli.

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Você já ouviu essa conversa antes? Não é só o pessoal da música que está habituado a pequenos consertos. A obesidade já é um problema de saúde pública. "Nós comemos antes, durante e depois do show", revela a musicista Regina Sbrighi Pimentel.

Comida é sinônimo de festa: macarronada, doces, churrasco com os amigos. Nesse ritmo, nosso corpo muda de forma. É o efeito sanfona. Há quem pense que essa é uma preocupação só das mulheres. Errado. Os homens também sofrem. Afinal, a maioria dos brasileiros está com excesso de peso. Não adianta esconder.

"Eu engordava e emagrecia. Engordava e emagrecia", lembra a dona de casa Ivani Benedetti de Oliveira. Por detrás da sanfona, sempre existe uma história de vai e vem na balança.

"O efeito sanfona é observado quando a pessoa realiza dietas da moda. São dietas muito restritivas, que promovem uma perda de peso rápida. Mas a manutenção desse peso adquirido não ocorre", diz a professora de nutrição Glorimar Rosa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A comerciante Áurea Barcellos conta os tipos de dieta que já fez: "Eu passava o dia todo tomando abacaxi. Já fiz a dieta dos pontos e a dieta da sopa. Também tem outra dieta da sopa: deu sopa, come tudo".

Contra os males do excesso de peso, mulheres unidas. De um lado, aquelas que estão cansadas do engorda e emagrece. Do outro, as nutricionistas da UFRJ. Juntas, estão testando os efeitos da linhaça no combate à obesidade.

"Cada participante da pesquisa recebe um plano alimentar individualizado, que ela deve seguir durante três meses. Fazemos consultas quinzenais, quando elas recebem os suplementos alimentares", explica Glorimar Rosa.

É neste momento que entra a linhaça. São três tipos. "A linhaça dourada apresenta uma maior quantidade de ômega-3 e ômega-6 em comparação com a linhaça marrom integral e a linhaça marrom desengordurada. Ela tem mais gorduras poliinsaturadas, que são benéficas, protetoras do nosso coração", esclarece Glorimar Rosa.

Parte desse grupo recebe óleo de peixe misturado com doce de morango sem açúcar, que também é rico em ômega-3 e 6.

"São três colheres medidas todos os dias, no café da manhã. Vocês podem passar na torrada ou no biscoito", orienta a professora de nutrição Sofia Kimi Uehara, da UFRJ.

"Com geléia de morango enriquecida com óleo de peixe, vemos exclusivamente o efeito do óleo de peixe nos fatores de risco cardiovasculares", diz Glorimar Rosa.

Todos os meses, elas repetem vários exames: colesterol, quantidade de açúcar no sangue, peso, medidas. Em três meses, a costureira Elenice Amorim passou do manequim 48 para o 42 em três meses.

Quem diria que o primeiro efeito para a ex-passista Eliane dos Santos Silva, de 43 anos, seria um novo ritmo de vida? "Eu perdi dez quilos em três meses", conta.

"Aos 35 anos, eu estava bem mais velha do que com 40. Minha auto-estima era baixíssima. Quando o filho começa chamar a mãe de gorda e você percebe que o olhar do marido não é o mesmo, você não consegue se ver no espelho", avalia a dona de casa Andréa Rodrigues de Menezes.

"Para mim, a linhaça foi o início de uma vida saudável", diz a enfermeira Fatima Camello.

Quem nunca começou uma dieta e desistiu logo depois? No corre-corre de todos os dias falta tempo para se preocupar com a alimentação e sobram tentações. As mulheres com quem nós conversamos já venceram esse desafio. Chegou a minha vez. Durante um mês, eu experimentei essa dieta. Primeiro, os exames. Uma bateria deles. Foram cinco coletas de sangue. Em seguida, comecei a dieta. E comecei comendo. A idéia foi usar a farinha de linhaça para espantar a fome.

"Ela é um dos alimentos mais ricos em fibras. Essa fibra promove a saciedade no café da manhã e ajuda a paciente que quer emagrecer a reduzir sua ingestão alimentar ao longo do dia", explica a nutricionista Wânia Lúcia Araújo Monteiro, da UFRJ.

"Você preenche o copo [de café] duas vezes. Pode misturar no iogurte, no leite ou em um suco de fruta", orienta a nutricionista Grazielle Huguenin.

Aí que está a grande dificuldade e o meu maior desafio: como seguir essa dieta em um ritmo de trabalho intenso, como é o ritmo de muita gente no dia a dia?

"Você poderia fazer um sanduíche com pão integral, substituindo o arroz, uma cenoura ralada, alface e peito de frango grelhado", diz Grazielle Huguenin.

Foi assim eu adotei a lancheira. Mas não é tão fácil. Recusar delícias como pizza é uma desfeita! No quinto dia da minha dieta, estávamos em um hotel em São Paulo. Eu não podia nem pensar em comer muitas coisas do café da manhã. Optei por um copo de leite desnatado, um pãozinho e queijo. Escolhi uma fatia bem gordinha para ficar feliz. Aonde eu ia levava um copinho com a medida de farinha de linhaça.

Mas e quem resiste a um pão quentinho? Do total de brasileiros, 66% confessam que ir à padaria é o melhor programa para as horas de lazer. Foi o que revelou uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica nas cinco regiões do país.

"Leva um amigo, toma um cafezinho, relaxa, conversa", diz o panificador Wagner Ferreira. E para quem faz desse lazer um ganha-pão, é ainda mais difícil manter o peso.

"Eu tenho uns 106 quilos. Não resisto. Faço umas caminhadinhas: dou uma volta na padaria", brinca o gerente de padaria José Mazzeo.

Até dona Ivani, da orquestra de sanfonas, já teve uma queda irresistível pela padaria. Adivinhem onde foi o primeiro encontro com o comerciante Manuel de Oliveira?

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"Ele trabalhava na padaria e sabia que eu gostava de sonho. Cada vez que meu pai ia lá comprar um doce, meu sonho ia em cima", lembra dona Ivani.

Recuse o primeiro prato quem nunca tentou agradar com comida. "Comida tem uma relação emocional muito importante. Aprendemos de pequenininho que é feio deixar comida no prato. Aprendemos que se comemora comendo. Aprendemos que quando estamos tristes comemos alguma coisa. Existem famílias que começam o domingo à mesa e fica até sete horas no mesmo ambiente", diz o médico-cirurgião Luiz Vicente Berti, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

O amor entre dona Ivani e seu Manuel é o mesmo dos tempos da padaria. "Eu estava bem magrinha, com 54 quilos. Ele me chamava de bacalhau, porque eu era muito magra", conta dona Ivani.

"Eu não lembro mais", disfarça seu Manuel.

Mas quem vê esse casal feliz nem imagina que, além da dificuldade em controlar o próprio peso, ainda é preciso enfrentar um grave transtorno alimentar dentro de casa. Com a filha, a veterinária Ana Paula de Oliveira, a questão do peso chegou ao extremo.

"Eu olhava para a comida e virava a cara e falava que não queria. Quanto mais magra eu ficava mais eu me via gorda. Eu me via gorda mesmo. Obesa mórbida. Quando descobriram que eu tinha anorexia, eu fui para o tratamento com 38 quilos", lembra Ana Paula, que está fazendo pós-graduação. "Eu estava precisando de alguma coisa para me distrair, com a qual eu me mantivesse ocupada. Então, dois gatinhos vieram e agora estou cuidando deles", conta.

Estudando e cuidando dos gatinhos, ela se fortalece dia após dia.

"Eu tenho a sorte de ter uma mãe que só faltou se algemar comigo para me vigiar", diz Ana Paula. "Nós duas vamos ficar sempre juntas", diz dona Ivani.

Durante a reportagem, nós conhecemos muitas histórias de superação. Depois de um mês fazendo a dieta da linhaça, voltamos ao Laboratório de Nutrição para saber se realmente mudou alguma coisa na minha saúde. Os primeiros resultados mostraram taxas normais de glicose, triglicerídeos e colesterol. Mas o teste mais temido foi mesmo o da balança. Eu perdi 3,2 quilos em um mês.

"Graças à dieta e à linhaça. Sem sombra de dúvida, a redução na ingestão de calorias contribuiu de forma importante para a redução de medidas e no peso corporal. Mas a linhaça contribuiu de forma bastante importante no controle da compulsão alimentar, reduzindo a sensação de fome", explica Glorimar Rosa.

A vendedora autônoma Dionar Rodrigues da Silva começou a dieta junto comigo e gostou dos resultados. "Eu tinha cem centímetros de cintura e hoje estou com 89. Não é igual aos regimes malucos que eu comecei a fazer e davam resultado, mas era momentâneo. Em pouco tempo eu fiz a dieta e agora estou vendo o resultado. É um reloginho: todo dia tenho que tomar linhaça. É ótimo", diz. É um adeus ao efeito sanfona.

Confira as 14 metas para emagrecer com saúde

As nutricionistas da USP têm uma lista de 14 metas que devemos tentar alcançar pouco a pouco, pelo menos duas a cada semana, para perder peso.

Confira as 14 metas da educação alimentar, indicadas pelo Centro de Referência em Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).

1) Faça de 5 a 6 refeições por dia. 2) Frutas na sobremesa e nos lanches.

3) Coma verduras e legumes no almoço e no jantar.

4) A porção de carne deve ser do tamanho da palma da mão. 5) Troque a gordura animal por vegetal e consuma com moderação. 6) Modere nos açúcares e nos doces.

7) Diminua o sal e os alimentos ricos em sódio.

8) Consuma leite ou derivados na quantidade recomendada. 9) Consuma pelo menos 1 porção de cereal integral.

10) Coma uma porção de leguminosas por dia. 11) Reduza o álcool. Evite o consumo diário. 12) Beba no mínimo 2 litros de água por dia.

13) Faça pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias. 14) Aprecie sua refeição. Coma devagar.

Crianças aprendem na escola os segredos da alimentação saudável

Chegar ao peso ideal depende do consumo de frutas, verduras, legumes e saber escoler alimentos saudáveis. A cada 15 dias, crianças de escola de Curitiba vão para o mercado municipal onde têm aulas de culinária.

Dulcinéia Novaes

A turminha é agitada, barulhenta, bem disposta. É só dar uma chance que a criançada logo corre para exercitar os músculos e queimar calorias. A hora do recreio é uma festa, pena que dure tão pouco.

“Nossas crianças não brincam mais. Elas não gastam a energia que elas precisam. Por outro lado, estão comendo calorias a mais”, critica a nutricionista Sílvia Rocha, da Secretaria de Educação de Curitiba.

Há 15 anos, a preocupação nas escolas municipais de Curitiba era com a desnutrição. Hoje, é com o sobrepeso. Duas a cada seis crianças da rede municipal de ensino estão mais fofinhas do que deveriam.

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Em uma escola, na zona sul da cidade, os professores arregaçaram as mangas. Os alunos que já passaram um pouquinho das medidas merecem cuidados especiais. As atividades físicas foram dobradas. Em vez de duas, quatro vezes por semana. Tudo, em ritmo de brincadeira.

Victória Lis Félix Silvério, de 8 anos, começou a participar das atividades há seis meses. Estava pesadinha, beirando os 40 kg. Hoje, ela está três quilos mais magra. Giovana está no mesmo caminho. Já perdeu dois quilos, assim como Antonio, Mateus e André. Todos perderam peso e ganharam mais fôlego.

Os cuidados com a alimentação também cresceram nas escolas da rede municipal. Na hora da merenda, tudo é balanceado para que as crianças não fiquem com excesso de peso. É demorado, é a longo prazo, mas a gente tem bastante confiança que é por aí o caminho”, afirma a nutricionista Sílvia Rocha, da Secretaria de Educação de Curitiba.

Chegar ao peso ideal depende do consumo de frutas, verduras, legumes e saber escolher também outros alimentos saudáveis. Por isso, a cada 15 dias, as crianças deixam os cadernos de lado e vão para o mercado municipal. No local, a visita é orientada por nutricionistas e inclui também aulas de culinária.

Por algumas horas, eles se transformam em pequenos "gourmets".

Tem suco limão, suco de cenoura com limão e docinho de cenoura com coco. Globo Repórter: O que você aprende nessas aulas de alimentação saudável? Antonio Pereira, de 9 anos: Que as frutas são boas e ajudam a emagrecer. Globo Repórter: E você conseguiu emagrecer? Quanto?

Antonio Pereira, de 9 anos: Três quilos.

Eles aprendem também que quanto mais natural a alimentação, melhor para a saúde.

Vitoria Felix Silveiro, de 8 anos, está entre os alunos mais aplicados. “A alimentação saudável é uva, morango, manga, melancia”, diz a menina.

Mas o que fazer quando, se encontra guloseimas em casa? A dona de casa Isis Felix Silveiro, a mãe de Vitória, faz doces para vender. A especialidade é o alfajor, um bolinho recheado com doce de leite e coberto com chocolate.

Desde que a Vitória passou a integrar o projeto de alimentação saudável, as delícias que mãe dela faz foram excluídas do consumo diário. Isis conta como fez para que a filha conseguisse resistir: “tem que controlar”. “Às vezes, minha mãe está fazendo uma coisa eu quase que babo na mesa”, diz a menina.

Mas Vitória tem resistido bravamente. Na hora das refeições, ela tem na ponta da língua as respostas que muitas mães não ouvem nem nos sonhos. Ísis coloca no prato da filha vagem, pepino e cenoura. A família seguiu os passos: mais saladas, comida com pouquíssimo óleo e carnes grelhadas.

“Antes, era arroz, não tinha salada. Era difícil colocar uma salada mesmo na mesa. Às vezes, tinha, mas só alface, o feijão, a carne e acabou”, revela Isis.

Vitória trouxe para a família um novo ritmo de vida. E a mãe aprendeu a lição. “Eu preciso também, porque eu também estou acima do peso. Então, para mim, está sendo ótimo. A gente tem se sentido mais leve até. E a consciência, também”, destaca.

Bebê acima do peso tem 90% de chances de ser um adulto obeso

O mesmo profissional atende o paciente toda a vez que ele vai ao Ambulatório de Obesidade Infantil de Porto Alegre. O método é tão simples que pode ser levado para postos de saúde ou escolas e funciona.

Um bebê de um ano de idade, muito acima do peso, tem 90% de chances de se tornar um adulto obeso. Para evitar isso, a equipe do hospital tenta corrigir hábitos ruins. Nem sempre é fácil. Este mês, Maicon voltou a engordar.

“Ele passou as férias na cada da avó. Ele se descontrolou, com pão e estas coisas que são mais pesadas, que a criança vê e toda hora quer ir lá beliscar. É efeito casa da avó”, declara a dona de casa Elenice Ferreira.

Os resultados podem demorar. Por isso, é essencial em criar vínculos entre as crianças.

O mesmo profissional atende o paciente toda a vez que ele vai ao ambulatório. O método é tão simples que pode ser levado para postos de saúde ou escolas e funciona: de dez crianças que fazem o tratamento, sete conseguem chegar ao peso ideal em apenas dois anos.

“Às vezes, demora seis meses para eles engrenarem, mas tem que insistir com isso, repetir. É o que se faz quando a criança não está aprendendo uma matemática. A gente repete aquela equação várias vezes”, aponta a chefe do serviço de nutrologia do Hospital das Clínicas de Porto Alegre, Elza de Mello.

É como dar os primeiros passos e dizer as primeiras palavras. Foi assim com uma das pacientes mais antigas. Quando a estudante Priscila Martins chegou ao ambulatório tinha seis anos e o mesmo peso que tem hoje, aos 17 anos: 60kg. “Quem via minhas fotos antigamente, não vê o que eu sou hoje. Dizem: ‘como você mudou, você emagreceu muito’. Com isso, eu já fico feliz”, comenta.

“A gente quer o futuro, não o hoje, que em três meses a criança perca tanto de peso. Os pais perguntam: quantos quilos ele precisava perder? Não importa, ele precisa aprender a comer mais saudável. Ele precisa se mexer mais. Isso vai ser para sempre”, destaca a doutora Elza.

“Já conversei com as doutoras. Se eu consegui com a ajuda delas, eu acho que eu posso ajudar outras pessoas. Por isso, eu estou estudando pra ser nutricionista também”, revela Priscila.

Obesidade traz outros problemas, como diabetes e esteatose hepática

Os jovens que participaram de uma pesquisa na Unifesp tinham algum problema causado pela obesidade, como diabetes, esteatose hepática, colesterol alto, triglicério elevado e doenças circulatórias. entre outras.

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Autoestima é o que faz toda a diferença. Quando pesava 106 kg, a estudante Carmela Vecchione, universitária de 21 anos, se escondia atrás de um tipo engraçado. “Aquela que faz a piadinha, e todo mundo dá risada, mas, em termos de confiança como mulher, era um assunto delicado. Não era uma parte minha que estava bem desenvolvida”, diz a jovem.

Agora, com 75 quilos, ela é outra Carmela. “Eu acho que hoje sou uma pessoa mais solta. Eu digo que sou outra pessoa”, declara.

A estudante Maria Cecília Ribeiro de Souza emagreceu 27 quilos. Perdeu o hábito de comer frituras e, aos 16 anos, encontrou o doce sabor de ser admirada. Ela revela que hoje se sente atraente como mulher.

Mas não foi só beleza que as duas garotas conquistaram. “Eu tinha tendência ao diabetes, até porque minha avó tem diabetes. E por eu ser gordinha, isso fica mais próximo de eu ter a doença”, revela Cecília.

Carmela, além do risco de diabetes, tinha gordura no fígado, a chamada esteatose hepática. Mas as duas meninas não eram exceção. Os 300 jovens que participaram do programa tinham algum problema causado pela obesidade.

O endocrinologista Lian Tock lista os problemas de saúde mais encontrados nos jovens: “Diabetes, esteatose hepática, que é gordura no fígado, deslipidemia, colesterol alto, triglicério elevado, doenças circulatórias de um modo geral, fora outras incluindo doenças pulmonares, doenças articulares, doenças na coluna e problemas no joelho devido ao excesso de peso”.

A gordura pesa tanto no corpo como no espírito. “Ao todo, 80% deles apresentam depressão. À medida que eles vão diminuindo o peso, eles vão melhorando dessa depressão”, aponta o doutor Lian.

O endocrinologista aponta um vilão: o sedentarismo. Cecília, que chegou a pesar mais de 100 kg, confessa: “ficava muito tempo parada, só na frente do computador. Não fazia esporte nenhum”. A jovem conta também que enganava os professores na aula de educação física na escola: “Ele estava olhando, dava uma corridinha parava e andava normal”.

Agora, ela não tem mais porque enganar. Hoje, Cecília tira o teste de esforço de letra. Na academia, ela malha de segunda à sexta. E a jovem revela o que ganhou, perdendo tantos quilos: “saúde”.

“Existe uma chance altíssima da criança e do adolescente obeso se tornar um adulto obeso e aumentar todos esses riscos de saúde”, destaca a pesquisadora Ana Dâmaso, da Unifesp.

Mas não é um processo fácil. A estudante Silvia Szterenfeld tem 17 anos. Quando participou da pesquisa, emagreceu dez quilos, mas recuperou tudo de novo. “Eu estou voltando aos poucos com a dieta. Pretendo seguir com isso até conseguir chegar a um ponto em que eu não me esqueça que eu tenho que comer certo”, diz.

Casos como o de Silvia se multiplicam no Brasil e em muitos países.

Especialista dá dicas: devemos fazer 30 minutos de exercícios por dia

Mas professor da UFV alerta que o ideal é fazer atividades físicas todos os dias. Mas cuidado: exercícios demais não é bom. Ele explica que devemos aumentar a carga aos poucos.

Mônica Sanches Rio de Janeiro

Quem nunca se propôs a deixar a preguiça de lado e começar a se exercitar imediatamente? É uma decisão louvável, e nunca é tarde para abandonar o sedentarismo. Mas, antes, a gente precisa saber de algumas dicas.

O professor João Carlos Bouzas Marins é diretor do Laboratório de Performance Humana, do Departamento de Educação Física, na Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. É ele quem alerta: “em princípio, toda e qualquer pessoa acima dos 30 anos tem que fazer um teste cardiológico antes de fazer uma atividade física”.

Segundo o professor, é muito pequena a chance de alguém com menos de 30 anos ter um problema do coração quando fizer exercícios. Mas todos aqueles que puderem devem consultar o médico.

Mas aquela idéia de que basta praticar atividade física duas ou três vezes por semana já ficou ultrapassada. A freqüência deve ser maior. “A nova diretriz do Colégio Americano do Esporte recomenda cinco vezes por semana. Agora, é importante deixar bem claro que, para romper a inércia, ela não tem que iniciar com cinco vezes por semana. Ela tem que progressivamente começar com duas vezes, depois três vezes até chegar a cinco vezes por semana, dentro de um processo progressivo. O tempo recomendável gira em torno de 30 minutos por dia, minimamente”, aponta o professor doutor de Educação Física João Carlos Bouzas Marins, da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Se você for praticar exercícios todos os dias, o recomendado é que alterne o tipo de atividade. Experimente, descubra e escolha o que você gosta. Para a repórter Mônica Sanches, por exemplo, um plano ideal tem corrida na segunda e na quarta-feira. Natação, na terça e quinta. E na sexta, uma aula de ioga. Uma semana completa, com esforço aeróbico, força, equilíbrio e alongamento.

“Isso é até interessante, porque vai trabalhar articulações diferentes, vai trabalhar o estímulo cardíaco de maneira diferente”, declara João Carlos Bouzas Marins, da UFV.

Mas cuidado: exercício demais também não é bom. “Se você faz uma atividade física, e aquilo está gerando dores musculares de maneira a trazer desconforto para você levantar da cadeira, se deslocar, pegar um ônibus, isto é sinal de que o exercício foi feito além da conta”, alerta o professor.

Se por um lado, não devemos exagerar. Por outro, sem esforço, não há resultado. O nosso especialista dá uma dica para ir aumentando a carga aos pouquinhos. “Se hoje eu caminhei 10 minutos, é interessante que na semana que vem eu caminhe mais cinco minutos, 15 minutos. E na outra semana, mais cinco minutos. Progressivamente, de pouquinho em pouquinho, eu vou subindo essa carga. Se hoje eu fiz um trabalho de musculação e levantei 10 quilos, eu não posso na

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semana seguinte tentar dobrar esta carga, eu tenho que fazer um aumento correspondendo a 10%, 15%. De pouquinho em pouquinho, eu ir progredindo esta carga”, explica o professor doutor de Educação Física da UFV.

Agora, se você não tem tempo e só pode fazer exercício duas ou três vezes por semana, não desanime. Você ainda está no lucro. “É claro que, entre a pessoa ficar sedentária completa e fazer alguma coisa de atividade, é muito melhor fazer alguma coisa”, afirma João Carlos Bouzas Marins.

E tem mais. Alimentação e atividade física estão muito ligadas. O nosso desempenho depende desta combinação. O que se deve comer e beber antes, durante e depois do exercício depende muito do tipo de atividade, mas nosso especialista dá algumas dicas. “A recomendação é que a pessoa faça um consumo de líquidos regular, durante toda a atividade física, para não deixar haver desidratação”, diz o professor.

E comer? O que é permitido antes de se fazer exercício? “Isso vai depender do tipo de alimento que a pessoa está fazendo. Se a gente está comentando uma feijoada, essa pessoa tem que comer essa feijoada umas seis horas antes de fazer uma atividade física. Se a pessoa fez um almoço por volta do meio-dia, o interessante é que você tenha um tempo em torno de três horas para que todo o processo digestivo possa ocorrer de maneira normal”, aponta João Carlos Bouzas Marins

O ideal, segundo o professor, é comer algo leve nas duas horas que antecedem o exercício, como uma fruta, por exemplo. “Nesta hora em que antecede a atividade física, é muito importante evitar o consumo de derivados de leite, porque eles tendem a dar problema de refluxo gástrico e levam a um desconforto durante o exercício físico”, alerta o especialista.

Mas ficar sem comer nada também não dá certo. “Isso é prejudicial na hora de fazer o seu exercício físico, para que a pessoa não corra o risco de ter uma queda de açúcar no sangue e levar a um desconforto durante este tipo de exercício”, aponta João Carlos Bouzas Marins.

Quando a pessoa termina de fazer a atividade física, tem de se preocupar em repor a água que perdeu. Para isso, há um teste bem fácil. “É o teste da balança. Basta você se pesar antes da atividade e depois da atividade física, ver a diferença que deu, e essa diferença de peso a gente tem que repor em forma de líquidos. E tanto faz: água, refrescos, chá, café, caldo de cana, água de coco, qualquer tipo de líquido. Só não pode ser cerveja. Quanto mais rápido eu repor essa energia, melhor vai ser na atividade física do dia seguinte”, diz o professor.

Mas, se você conseguir fazer tudo isso, os benefícios para a sua saúde com certeza serão muitos. “O seu estado físico geral vai ser aprimorado. Os riscos de doenças como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos vão cair, dentro de uma atitude que você toma de ser mais pró-ativo”, declara o professor doutor de Educação Física João Carlos Bouzas Marins, da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Especialista explica qual é a melhor forma de começar a correr

Para cada pessoa, existe um ritmo próprio. Daniela aceita o teste. Pesquisador da UERJ indica que ela deve caminhar pelo menos 20 minutos e, no mínimo, três vezes por semana antes de começar a correr.

Mônica Sanches Rio de Janeiro

Um corre-corre contra o tempo: assim é o dia a dia da fisioterapeuta Daniela Bicalho. Em tempos de agenda cheia, ela vive correndo entre uma paciente e outra. Ela está fora de forma, e o desejo é conseguir engrenar mesmo em outro tipo de corrida. “Eu gosto de caminhada e corrida, só que eu não tenho condicionamento físico nenhum. Se eu começo a correr, eu canso”, conta.

Daniela quer começar a correr para perder peso e, principalmente, sair do sedentarismo, adotar um estilo de vida mais saudável. “Quando eu faço exercício, eu fico mais disposta, até mesmo no meu trabalho ajuda. Eu trabalho com massoterapia, drenagem linfática, e carrego uma maca portátil que pesa mais ou menos 20 quilos. Andar daqui ali com aquilo, parar o carro longe para a casa das pacientes e tudo, já fico cansada”, revela a fisioterapeuta.

Daniela acredita que correr seria o melhor exercício. Mas será que é só querer e já sair correndo? Não é bem assim. “Dois minutos de corrida já é o suficiente para estar pedindo uma bomba de oxigênio, bem cansada”, declara.

Ela não é a única que acha difícil começar a correr. Pesquisadores do Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) bolaram um teste. Para cada pessoa, existe um ritmo próprio.

Para descobrir qual deve ser a intensidade ideal do exercício que pretende fazer, Daniela será submetida a um teste que vai mostrar qual é a velocidade dela de transição da caminhada para a corrida.

O teste é simples e pode ser feito em qualquer esteira. Começa com um aquecimento, uma caminhada, em uma velocidade de cinco 5 km/h, durante dois minutos.

Depois do aquecimento, a velocidade sobe para 5,5 km/h. A partir daí, a cada 15 segundos, o ritmo aumenta em 0,1 km/h. Quando Daniela sentir que não está mais confortável caminhar depressa, ela vai ter que correr.

“Ela transitou a 6,3 km/h. Em termos práticos o que significa? Se ela caminhar além dessa velocidade, o estresse ortopédico vai ser muito grande, a fadiga vai ser muito grande, e muito provavelmente ela não vai conseguir passar de 5 a 10 minutos”, diz o professor de educação física Walace Monteiro, da UERJ.

“Quando a pessoa está mal condicionada, está um pouco acima do peso, ela não deve começar correndo. Ela não agüentaria correr muito tempo. A probabilidade de lesão seria maior e a sensação de cansaço, o estresse que o exercício provoca não são nada prazerosos”, aponta o pesquisador.

Daniela deve caminhar pelo menos 20 minutos e, no mínimo, três vezes por semana antes de começar a correr. Mas a fisioterapeuta não tem esteira e nem freqüenta academia. Ela caminha ao ar livre, perto da casa dela, na Lagoa Rodrigo de Freitas, Zona Sul do Rio de Janeiro. E isso não é impedimento para acertar o passo e encontrar o ritmo certo.

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Mas como Daniela vai usar as informações que descobriu na caminhada dela no laboratório na pista ao ar livre? “Na realidade, nós vamos dar uma caminhada. Vamos começar bem lento e vamos aumentar a velocidade para identificar o ponto exato onde ela passa da caminhada para a corrida”, explica o professor de educação física Walace Monteiro, da UERJ.

Na rua, o teste é mais rápido. É só ir aumentando a velocidade da caminhada até o momento em que é necessário correr. Neste ritmo, Daniela vai perceber as mudanças provocadas pelo condicionamento físico. Mais disposição e menos esforço. Vai chegar um momento em que o grau de cansaço na caminhada entra em queda, dia após dia.

“É nesse ponto em que você pode começar a introduzir a corrida, bem lentamente, durante 30 segundos, e volta a caminhar por dois minutos, na mesma velocidade. Depois, você vai invertendo um pouco. Você vai caminhar um minuto e corre um minuto até chegar a um determinado ponto em que você vai correr mais do que caminhar. quando você conseguir fazer isso por uns dez minutos, você está pronta para aumentar um pouquinho a sua velocidade. E daqui a uns meses, você está correndo a lagoa inteira, 7,5 quilômetros”, declara o professor de educação física da UERJ.

Atividades simples do nosso dia a dia podem ajudar a emagrecer

Basta usarmos algumas atividades da rotina. Fernando emagreceu 9 kg. Ele desce do ônibus um ponto antes e caminha 40 minutos na volta para casa. Outra opção é usar as escadas ao invés do elevador.

Neide Duarte São Paulo

O Globo Repórter desta sexta-feira (22) transmite uma ordem médica: mexa-se. Não ficar parado é condição fundamental para uma vida saudável. Descubra como manter a linha mesmo sem praticar esportes. Quantas calorias podemos perder descendo escadas, lavando louças e arrumando a casa?

Nossos gestos mais cotidianos, as atividades domésticas mais comuns podem ser o início de uma vida de atleta. Claro que os nossos movimentos do dia a dia não se comparam ao esforço de nenhum campeão olímpico, mas também significam calorias a menos na nossa dura rotina de correr atrás do prejuízo.

Você duvida? Então, preste atenção nas revelações de um aparelho que é um sistema metabólico computadorizado. Ele pode medir quantas calorias gastamos em cada atividade, cada passo dado dentro de casa. Quem pesa mais, gasta mais, porque o esforço de carregar o próprio corpo é maior.

Enquanto o técnico de documentação Fernando Vargas Junior queima 3,4 calorias por minuto. A técnica de documentação Rosângela Cavalcanti Ferreira, mais pesada, faz a mesma coisa e gasta 4,5 calorias.

“O corpo humano foi concebido para ser ativo. É muito importante a pessoa perceber que mais importante do que a estética é a saúde. A gente costuma até dizer que é preferível um gordinho ativo do que um magro sedentário”, diz o fisiologista Turíbio Leite de Barros Neto, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) ser ativo significa gastar 2.200 calorias por semana, ou seja, caminhar pelo menos uma hora seis dias por semana, ou nadar uma hora, quatro vezes por semana. Essas são tarefa para atletas. Nós, que nunca ganhamos medalha olímpica, precisamos contar cada gesto. Tudo é uma conquista.

O técnico de documentação Fernando Vargas Junior conta que emagreceu nove quilos. Quando caminha, ele queima 6 calorias por minuto. Nos 40 minutos que percorre até chegar em casa, gasta 240 calorias.

A técnica de documentação Rosângela Cavalcanti Ferreira, ao ir de carro para o trabalho, consome 1,35 calorias por minuto. Em 40 minutos, vai gastar apenas 64 calorias. Ela não pode se entregar ao luxo da caminhada. Depois que engravidou duas vezes, engordou muito e nunca mais conseguiu emagrecer. Ela sofre de dores nos joelhos, e a recomendação médica não contribui para a redução de peso. “Devo evitar de subir e descer escada toda hora, ficar muito tempo de pé porque isso agrava”, conta.

Quando Fernando usa as escadas no trabalho está consumindo 6 calorias por minuto. Se fosse de elevador, gastaria apenas 1,25 calorias por minuto. Escolher sempre o que exige maior esforço é o que Fernando aprendeu a fazer no dia a dia, uma raridade nesse mundo da automação.

“A chamada lei do menor esforço está institucionalizada. Se não reagir, a gente vira um verdadeiro refém desses confortos e tende, obviamente, a economizar energia como filosofia de vida”, declara o fisiologista Turíbio Leite de Barros Neto, da Unifesp.

Certamente uma das maiores culpadas por ficarmos cada vez mais sedentários é a internet. Sentados, de frente para o computador, nos damos conta de diversas tarefas que até algum tempo atrás exigiam de nós algum movimento, como, por exemplo, evitamos ir ao banco, enfrentar uma fila e perder 40 minutos. Com isso, nós economizamos 45 calorias. Evitamos ir a uma livraria, caminhar pelas estantes, perder uma hora do meu dia. Com isso, economizamos mais 72 calorias.

Se formos comprar um eletrodoméstico, não vamos sair pela cidade pesquisando, de loja em loja e perder, o melhor preço. Com isso, perdemos mais umas duas horas do meu dia. Assim, economizamos mais 135 calorias. Ao final de um dia, teremos economizado, pelo menos, 252 calorias.

“Haveria um ganho de peso de um quilo por mês, o que significa dizer que, em um ano, você teria ganho 12 quilos de peso, de excesso de peso”,aponta o fisiologista Turíbio Leite de Barros Neto, da Unifesp.

O susto é grande, mas, nestes tempos, em que é mais fácil ganhar do que perder peso, nós nos espantamos com quem consegue emagrecer naturalmente.

“Comecei a me exercitar mais aqui na biblioteca, atividades que exigissem mais de mim esforço físico. Por exemplo, ao pegar o circular, eu notei que eu poderia descer um ponto antes e ir caminhando até a minha casa. E fui

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aumentando isso, dois pontos, três pontos, ia saltando antes. Hoje, eu consigo saltar seis pontos antes que dá 40 minutos de caminhada até a minha casa”, conta o técnico de documentação Fernando Vargas Junior.

Mas, nessa questão, não se pode ser calculista e pensar apenas no gasto calórico. Para o fisiologista Turíbio Leite de Barros Neto, o prazer no exercício físico é fundamental. “Ao invés de ser um remédio amargo que você toma, é uma coisa que você vai fazer com satisfação. Melhora a sua auto-estima, porque você vê que você está fazendo alguma coisa por você”, diz.

“Eu estou dormindo melhor. Não estou tendo tanta sonolência quanto eu tinha, quando eu chegava em casa. Tenho mais disposição para fazer outras atividades fora do trabalho”, revela o técnico de documentação.

Os planos de Fernando ainda vão mais longe. “O meu objetivo é não pegar o circular, onde eu desço, no Metrô Tucuruvi, é ir até a minha casa a pé, que dá em torno de uma hora e dez minutos. Esse é o meu sonho, e eu pretendo alcançar sim, com certeza”, declara.

Exercício é fundamental para quem quer mudar de estilo de vida

A 13ª meta proposta pelas nutricionistas da USP é praticar uma atividade física diariamente, mesmo que durante poucos minutos e no meio do trânsito.

Já o décimo terceiro é o calcanhar de Aquiles de muita gente: praticar pelo menos meia hora de atividade física diariamente. O exercício é fundamental para quem quer mudar definitivamente de estilo de vida. É o que vai nos permitir não abandonar totalmente certas comidinhas que tanto apreciamos.

“Nada é proibido se você não tem um distúrbio metabólico, mas o que a gente tem que aprender é que depende da quantidade e que, se eu comer muito e não gastar energia, eu vou ganhar peso”, aponta a endocrinologista Carlinês Sarno de Moraes, da USP.

Queimar o tal combustível, para não ficar com o tanque cheio demais, ou ir acumulando aqueles outros reservatórios de energia pelo corpo. Isso é importante para qualquer pessoa. Para quem está tentando perder peso de maneira saudável, então, é fundamental.

O repórter Alberto Gaspar foi até uma avenida de São Paulo para encontrar com uma das companheiras de dieta. Edna mora perto e se exercita no meio dos carros. “Vamos fazer caminhada. É muito ruim fazer caminhada aqui, mas que jeito?”, diz a cabeleireira.

A empregada doméstica Meiriane também já está aos poucos fazendo suas caminhadas. Está disposta a deixar de lado a vida de sedentária. “Antigamente, eu tinha preguiça. Achava que o ônibus era mais rápido. Agora não, eu desço e volto a pé”, diz Meiriane. “Depois que eu comecei a fazer caminhada, o sono melhorou bastante. Antigamente, eu tomava remédio para dormir. Agora, não estou tomando”.

O professor de educação física Emanuel Péricles Salvador, da Faculdade de Saúde Pública da USP, dá dicas para Meiriane, em uma praça, cheia de aparelhos de ginástica, perto da casa dela.

Emanuel explica que a maior dificuldade é a gente sair da inércia. “Muitas pessoas estão há décadas sem fazer atividade física. Elas sabem que precisam fazer para ter uma melhora na saúde, mas, se fosse tão simples, todo mundo faria atividade física”, aponta o professor.

E mesmo quem não tem muito tempo, deve insistir. “Se eu só tenho 15 minutos do dia para fazer atividade física, eu vou fazer os 15 minutos. Com o passar do tempo, eu consigo arranjar mais tempo, eu tenho mais motivação. O que antes eram 16 agora viram 30 ou 45 minutos, uma hora de atividade física, mas faz efeito sim”, esclarece o educador físico.

Também não importa se for no meio dos carros e parando nos sinais. “Os carros estão em todo lugar. Mais importante do que ficar em casa usando isso como desculpa para não fazer atividade física é fazer atividade física”, aponta Emanuel.

É o que Luis está fazendo. Como só tem tempo livre à noite, é a essa hora que ele se encontra com o amigo e colega zelador de outro prédio e anda pelas calçadas! Os primeiros dias não foram fáceis. “Comecei a sentir muita dor, tive que fazer alongamento, coloquei gelo. Não estou acostumado”, comenta.

Mas o nosso Luis é persistente e já fez até promessa para emagrecer. “Até o fim do ano, eu não vou tomar bebida alcoólica, não vou comer feijoada, não vou comer rabada, não vou comer costela. Só vou comer comida light”, afirma o zelador. E se o Brasil ganhar a Copa? “Não tem problema, eu tomo água”, garante Luís.

“Cheguei em casa da minha caminhada, estou me sentindo muito bem, melhor do que segunda-feira. Ainda tenho condição de fazer mais meia hora de caminhada, mas agora vou tomar um banho gelado, comer uma saladinha leve e ir dormir”, confessa Luis para a câmera.

“Estou fazendo uma caminhada. Acabei de chegar, andei um pouco, caminhei. Acho que está dando tudo certo pra mim, estou sentindo mais disposição para fazer as coisas”, comenta Meiriane.

“Estou até com a pele melhor. As minhas cliente estão falando que eu estou bem, graças a Deus. Hoje, não fui fazer caminhada, mas amanhã irei, em nome de Jesus, tchau”, declara Edna.

Veja como preparar o pão integral de trigo com linhaça

Receita ajudou o padeiro Ricardo Gonzalez a sustentar a família.

Grande vantagem, segundo Ricardo Gonzalez, é que a massa não precisa ser sovada. Linhaça ajuda a prevenir o envelhecimento precoce e as doenças degenerativas.

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- 2,5 xícaras (chá) de farinha de trigo branca que deve ter um teor de proteína entre 9% e 12%. Esta informação consta no rótulo do produto.

- 1 xícara (chá) de farinha de trigo integral, de preferência grossa. Pode-se utilizar a farinha de centeio como substituta, mas a massa do pão fica um pouco mais úmida.

- 1 colher (sopa) de sementes de linhaça.

- 2 colher (sopa) de farinha de linhaça. Pode-se adquirir pronta, mas o ideal é obtê-la na hora, triturando as sementes.

- 1,5 xícara (chá) de água mineral em temperatura ambiente.

- 5g ou meio pacotinho de fermento biológico liofilizado seco, de preferência importado da Turquia. O produto é importado e embalado no Brasil por marcas nacionais.

- 1 colher (chá) – ou menos – de sal marinho. Em casos específicos de dietas com restrição de sal, pode-se até omitir esse ingrediente.

Modo de Fazer:

Em uma bacia, de preferência de inox, misture bem os ingredientes secos (farinhas e fermento). Deixe o sal de lado, porque ele pode cortar o efeito do fermento.

Após esta etapa, adicione água mineral em temperatura ambiente, mexendo bem com uma colher de inox. O ideal é usar uma batedeira, em velocidade média, por cinco minutos. A mistura deve ficar úmida, sem, no entanto, haver água em excesso. Se ficar muito seca, adicione um pouco mais de água, mas muito pouco, e aos poucos. Se ficar muito úmida, com sobra de água no fundo da bacia, adicione um pouco de farinha e vá corrigindo também aos poucos. Ao fim desta etapa, adicione uma colher (chá) de sal marinho incorporando-o à massa.

Agora, você deve adicionar duas colheres (sopa) de farinha de linhaça. Quem não tiver farinha de linhaça pode triturar a linhaça em casa no liquidificador. Depois, coloque uma colher (sopa) de semente de linhaça. Quem não quiser usar a farinha de linhaça pode usar só os grãos, mas deve, então, colocar duas colheres de semente de linhaça, em vez de uma.

Com a massa pronta, cubra a bacia com um pano levemente úmido ou com um prato, e deixe descansar à temperatura ambiente por 18 horas – nem mais nem menos. Se deixar mais tempo, haverá fermentação excessiva, e o pão ficará com gosto de cerveja. Se deixar menos tempo, o pão perderá em estrutura física, aroma e sabor.

Após as 18 horas, pré-aqueça o forno a 290ºC-300ºC por 15 a 20 minutos. Enquanto isso, unte as formas, utilizando manteiga (de preferência, sem sal) para cobrir todas as paredes internas da forma. Em seguida, polvilhe com farinha e retire o excesso. Se preferir, utilize formas antiaderentes, evitando, assim, o trabalho de untar e enfarinhar as mesmas.

Coloque a massa de pão nas formas, procurando cobrir até 2/3 da altura das paredes laterais ou pouco acima da metade. Adicione, ao topo da massa, meia colher de sopa de sementes de linhaça para cada forma.

Coloque as formas dentro do forno pré-aquecido por 45 minutos. Verifique o pão no forno. A crosta superior deve estar dura, bem firme, e o pão escuro, em tom dourado. Retire as formas. Espere de cinco a dez minutos e retire das formas com cuidado. Deixe os pães esfriarem sobre a grade superior do fogão por pelo menos 25 minutos antes de consumi-los.

Dicas:

Este pão dura de três a cinco dias, em temperatura ambiente, fora da geladeira. Na geladeira, conserva-se por até dez dias. E, no freezer, por três meses. Caso tenha congelado o pão no freezer, retire-o pelo menos de 15 a 20 horas antes de consumi-lo.

Ele fica delicioso se fatiado com uma boa faca de pão, em fatias finas, e deixado tostar em torradeira ou no forno caseiro por três a cinco minutos. É muito saudável substituir a manteiga por um fio de um bom azeite de oliva.

Veja como preparar suco vivo e outras receitas energizantes

Grãos germinados são o grande segredo do suco vivo SUCO DE LUZ DO SOL (SUCO VIVO OU SUCO VERDE)

Modo de Fazer:

Cortar uma maçã em pedaços pequenos e tirar as sementes grandes. Colocar no liquidificador. Usar um pepino como socador para auxiliar a extrair o líqüido que mora dentro das hortaliças. Acrescentar os grãos germinados*, as folhas verdes comestíveis, o legume e a raiz escolhida na proporção indicada, variando as hortaliças sempre que possível e privilegiando as de produção orgânica. Coar em um pano e beber logo em seguida.

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*Como germinar grãos

1 – Colocar de uma a três colheres de sopa de grãos em um vidro e cobrir com água limpa. 2 – Deixar de molho por uma noite (8 horas).

3 – Cobrir o vidro com filó e prender com elástico. Despejar a água e enxaguar bem sob a torneira. 4 – Colocar o vidro inclinado em um escorredor em um lugar sombreado e fresco.

5 – Enxaguar pela manhã e à noite. Nos dias quentes, é preciso lavar mais vezes. Os grãos iniciam sua germinação em períodos variáveis. Em geral, estão com sua potência máxima logo que sinalizam, o processo do nascimento, quando ficam prontos para serem consumidos.

Sugestões de sementes:

Todas as sementes comestíveis, tanto pelo homem como pelos pássaros: girassol, painço, niger, colza, aveia, trigo, linhaça, arroz, soja, centeio, gergelim, grão-de-bico, amendoim, lentilha, nozes, castanha-do-pará, amêndoas, ervilha, feno-grego etc.

Um dos ingredientes mais importantes é a "grama" do trigo. Muito rica em clorofila, é encontrada em mercados e muito fácil de ser plantada em casa. É só comprar sementes de trigo e colocar em bandejas de isopor ou copos plásticos. Basta regar que ela brota, nem precisa de terra. O ideal é comer enquanto está verdinha, até a altura de cerca de um palmo.

Receita: Ana Branco, designer e professora da PUC-RJ ENERGIZANTE NATURAL DE VINAGRE

Ingredientes: 1 colher rasa de mel 1 colher de vinagre água com gás Modo de Fazer:

Dissolver o mel no vinagre. Em seguida, adicionar a água gasosa, sem mexer, para não perder o gás. Como alternativa à água com gás, pode-se usar água de coco ou chá verde.

Receita: Vitório dos Santos Júnior, biólogo MOLHO DE VINAGRE PARA SALADA Ingredientes:

1 maçã-verde sem casca e sem semente 3 colheres de vinagre de maçã

1 colher (sopa) de azeite 1 dente de alho pequeno sal a gosto

Modo de Fazer:

Misturar todos os ingredientes e usar para temperar saladas verdes. Receita: Vitório dos Santos Júnior, biólogo

LASANHA DE ABOBRINHA Ingredientes:

4 abobrinhas cortadas ao comprido 1 queijo minas padrão ralado 1 tomate

1 cebola 1 pimentão

alho a gosto (para quem gosta)

1 pacote de soja em grão (no lugar da carne moída) cheiro-verde

molho de soja (para dar cor à carne) 3 copos de água quente ½ colher de açúcar um pouco de óleo Modo de Fazer: Soja à Bolonhesa:

Colocar a soja em grão em uma vasilha com a água quente e um pouco de molho de soja. Deixar por 5 minutos e escorrer. Refogar a cebola, o tomate, o pimentão e o alho picados com um pouco de óleo. Depois, despejar a soja, misturar, acrescentar mais um copo de água e um pouco de molho de soja. Quando ferver, apagar o fogo e reservar. Acrescentar o cheiro-verde picado.

Montagem da Lasanha:

Em uma tigela refratária, colocar uma camada da soja à bolonhesa, uma camada da abobrinha cortada e uma camada do queijo ralado. Repetir as camadas até terminar. A última camada deve ser de queijo. Colocar no forno pré-aquecido entre 15 a 20 minutos.

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MÚSCULO COZIDO COM ESPECIARIAS Ingredientes:

1kg de músculo cortado em cubos pequenos 400g de cebola picadinha

5 dentes de alho

1 colher de chá de páprica doce 1 colher de chá de páprica sal a gosto

3 colheres de sopa de óleo vegetal água para cobrir o músculo na panela Modo de Fazer:

Em uma panela de pressão pré-aquecida, acrescentar o óleo e dourar bem as cebolas. Acrescentar o alho e, em seguida, o músculo. Acrescentar as pápricas e o sal. Tampar a panela e esperar apitar. Após o apito, baixar o fogo e deixar cozinhar por 20 minutos.

Receita: Clóvis Evaristo, motorista e professor de culinária CALDEIRADA DE FRUTOS DO MATO

Ingredientes: Hortis:

1 maço de couve-flor 1 maço de brócolis 1 berinjela

½ repolho branco ou roxo ½ maço de cebolinha

3 unidades de shiitake grande outros produtos de horta a gosto Sementes:

100g de trigo 100g de cevadinha 100g de gergelim branco Temperos:

Missô, cúrcuma, louro, pimenta dedo-de-moça, almeirão, chicória, salsa ou coentro e azeite extra-virgem. Modo de Fazer:

Picotar o brócolis, o repolho e a berinjela. Prensá-los com miso até brotar o néctar. Picotar os outros hortis e colocá-los na panela de barro em fogo baixíssimo, prensando levemente com os temperos até atingir o amornamento. Adicionar shiitake fatiado junto aos prensados. Servir com azeite extra-virgem

Referências

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