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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Vitália e na Azienda Ospedaliero Universitaria di Sassari

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Academic year: 2021

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(1)

Verónica Sofia Castro Vieira

Nº 201106184

(2)

VERÓNICA VIEIRA I

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Vitália

setembro de 2016 a dezembro de 2016

Verónica Sofia Castro Vieira

Orientadora: Dra. Paula Nadais

_____________________________________

Tutora FFUP: Prof. Doutora Helena Vasconcelos

______________________________________

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VERÓNICA VIEIRA II

Declaração de Integridade

Eu, Verónica Sofia Castro Vieira, abaixo assinado, nº 201106184, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele).

Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, de de 2017. Assinatura: ___________________________________________ (Verónica Sofia Castro Vieira)

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VERÓNICA VIEIRA III

Índice

Agradecimentos ... vi Resumo ... viii Índice de Abreviaturas ... ix Índice de Figuras ... x

Índice de Tabelas ... xii

Índice de Anexos ... xiii

1 Introdução ... 1

2 Parte A – A Farmácia Vitália ... 1

2.1 Localização geográfica ... 1

2.2 Horário de Funcionamento ... 2

2.3 Recursos Humanos ... 2

2.4 Caracterização do espaço exterior ... 2

2.5 Caracterização do espaço interior ... 3

2.6 Fontes de Informação ... 7 2.7 Gestão e Administração... 7 2.7.1 Gestão de Stock ... 7 2.7.2 Sistema Informático ... 8 2.7.3 Encomendas e Aprovisionamento ... 9 2.7.4 Receção de Encomendas ... 9 2.7.5 Armazenamento ...10

2.7.6 Controlo de Prazos de Validade, Devoluções e Trocas ...11

2.8 Dispensa de Medicamentos ...11

2.8.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ...11

2.8.2 Medicamentos não Sujeitos a Receita Médica ...16

2.8.3 Medicamentos Genéricos ...16

2.8.4 Outros Produtos Disponíveis para o Público ...17

2.9 Laboratório de Manipulados ...19

(5)

VERÓNICA VIEIRA IV

2.11 Formações ...20

Parte B ...21

3 Tema 1 – Uso Adequado de Antibióticos ...21

3.1 Enquadramento ...21

3.2 Introdução ...22

3.2.1 Dia Europeu do Antibiótico ...22

3.2.2 O uso do antibiótico ...22

3.2.3 As Resistências aos Antibióticos ...24

3.3 Objetivo ...29

3.4 Metodologias ...29

3.5 Tratamento de Dados ...30

3.6 Resultados e Discussão ...30

3.7 Conclusão ...31

4 Tema 2 – Degustação de Chás e Tisanas Tilman ® ...32

4.1 Enquadramento ...32

4.2 Introdução ...33

4.2.1 A importância do chá ...33

4.2.2 A gama de Tisanas Biológicas Tilman ®...33

4.2.3 O Marketing na Farmácia Comunitária ...34

4.3 Objetivo ...35

4.4 Metodologias ...35

4.5 Resultados e Conclusão ...36

5 Tema 3 – Rastreio a Pernas Pesadas: Insuficiência Venosa Crónica ...36

5.1 Enquadramento ...36 5.2 Introdução ...37 5.2.1 Fisiopatologia e Classificação ...37 5.2.2 Diagnóstico ...38 5.2.3 Tratamento ...39 5.3 Objetivo ...40

(6)

VERÓNICA VIEIRA V 5.4 Metodologias ...40 5.5 Resultados e Conclusão ...41 6 Conclusão ...41 7 Bibliografia ...42 8 Anexos ...50

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VERÓNICA VIEIRA VI

Agradecimentos

O concluir desta etapa será um marco importante na minha vida. Foram muitas as batalhas e as pessoas que me ajudaram a concluir este trajeto. A todos fico, para sempre, a dever um eterno e sentido obrigado.

Começo por agradecer a quem permitiu a realização deste relatório, tanto no local de estágio, como na instituição que orgulhosamente frequentei, a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto.

Em primeiro quero agradecer ao Dr. Armindo pela oportunidade de poder estagiar na Farmácia Vitália. Ao Dr. Paulo pelas longas conversas e ensinamentos transmitidos, que me permitiram abrir horizontes sobre as diferentes perspetivas da farmácia comunitária. Agradeço toda a confiança que ambos me deram e por toda o apoio ao longo dos quatro meses.

Em segundo quero agradecer à Drª. Paula, minha orientadora durante o estágio. Agradeço por todos os ensinamentos, pela aptidão superior de me incutir capacidade de gestão e organização em contexto de trabalho. Agradeço, por fim, por me ter tornado uma melhor profissional, fornecendo-me as ferramentas para abraçar o mundo do trabalho com maior confiança e segurança.

Neste ponto não podia, também, deixar de referir a Drª. Catarina. Sempre disposta a dar de si aos outros, foi de uma importância inqualificável durante o meu estágio. Foi, literalmente, o meu braço direito durante os quatro meses. Agradeço, ainda, à Drª Joana por toda a disponibilidade, por todo o apoio nos projetos que desenvolvi e por toda a paciência em partilhar comigo os seus conhecimentos. Se hoje sou uma melhor profissional, mais conhecedora e mais habilitada, muito se deve a estas doutoras.

Não me posso esquecer também da restante equipa da Farmácia Vitália. À D. Laurinda, À D. Amélia, à D. Luísa, à D. Maria José, ao Sr. Joaquim, ao Sr. Quim Zé, ao Sr. Sérgio, ao Sr. António e a D. Giselda, o meu sentido obrigado pelo suporte e por me terem integrado na equipa da Farmácia Vitália de forma rápida, facilitando todo o meu processo de aprendizagem.

Em terceiro lugar, quero agradecer à minha tutora da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, a Professora Helena Vasconcelos. Por todo o apoio e ajuda durante o meu estágio, tanto no planeamento das minhas atividades, como pelas suas valiosas dicas na elaboração do presente relatório.

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VERÓNICA VIEIRA VII Esta segunda parte dos agradecimentos é direcionada para aqueles que me acompanharam mais de perto ao longo destes anos.

Em primeiro lugar agradeço aos meus pais. A eles tudo devo. Não há palavras que cheguem para descrever o quão agradecida estou por tudo o que fizeram por mim ao longo destes anos. Agradeço-lhes a dedicação, a paciência, o esforço diário, mas acima de tudo agradeço o exemplo constante que me dão. É graças a eles e ao seu exemplo que sou hoje uma pessoa melhor, feliz e realizada. Obrigado!

Quero, ainda, agradecer aos amigos que comigo partilharam estes anos. Travámos muitas batalhas juntos, muitas lágrimas, muitos risos e muitos momentos que nunca mais esquecerei. Com amigos assim, as dificuldades são esbatidas e o caminho é bem mais fácil a percorrer. É por pessoas e momentos assim, que a Faculdade também vale a pena. Obrigado por terem tornado estes anos tão especiais.

Por último, quero agradecer ao meu melhor amigo e namorado Carlos Sá, por nunca me ter deixado cair. Com o seu apoio, a sua paciência e a sua calma, tudo se tornou mais fácil. Sem ele, este dia teria chegado certamente mais tarde.

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VERÓNICA VIEIRA VIII

Resumo

O estágio curricular representa uma ponte entre os cinco anos de formação com a prática quotidiana do farmacêutico comunitário. O estudante é incluído numa equipa, que o orienta e suporta, com o objetivo de consolidar os conhecimentos adquiridos. Nesta fase, são clarificadas as diversas funções do farmacêutico comunitário, que vão desde a regulamentação, gestão, farmacovigiância ou aconselhamento. O atendimento ao público é uma das mais importantes, e para a qual é necessária mais experiência e conhecimento, muitas vezes adquiridos neste estágio.

Este relatório é constituído por duas partes. Na primeira, é realizada uma descrição detalhada das tarefas executadas durante o estágio, bem como dos conhecimentos adquiridos. Na segunda, encontram-se descritos os projetos desenvolvidos, que têm como temas o uso adequado de antibióticos, degustação de chás e tisanas e, por fim, rastreio da Doença Venosa Crónica. Os temas foram escolhidos por mim, baseando-me nas características da farmácia e naquilo que observei durante o período ao balcão.

O estágio na Farmácia Vitália teve a duração de quatro meses e deu-me a possibilidade de adquirir inúmeros conhecimentos em diversas áreas, bem como a realidade atual da farmácia comunitária. Certamente revelar-se-á uma mais valia para a minha futura vida profissional.

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VERÓNICA VIEIRA IX

Índice de Abreviaturas

IVC – Insuficiência Venosa Crónica

MNSRM – Medicamento Não Sujeito A Receita Médica

MRSA – Meticilin Resistet Staphilococcus aureus

MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica

PVP – Preço de Venda ao Público

SNS – Sistema Nacional de Saúde

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VERÓNICA VIEIRA X

Índice de Figuras

Figura 1- Espaço Exterior ... 3 Figura 2- Logótipo da campanha “Antibióticos: Utilize com Cuidado”, da WHO. (Retirado de (37)) ...22 Figura 3 – Número de doses de antibiótico utilizadas, em cada 1000 pessoas, em diferentes países (Adaptada de (43)) ...23 Figura 4 – Número de classes de antibióticos registados, por década (Adaptado de (51)). ...25 Figura 5 - Resistência à meticilina nos isolados invasivos de Staphylococcus aureus (MRSA) em Portugal, 1999-2014 (Adaptado de DGS (32)) ...27 Figura 6 – Epidemiologia de K. pneumoniae resistente a carbapenemos em países europeus, em 2015 (Adaptado de (60)) ...27 Figura 7 – Distribuição de idades dos inquiridos ...30 Figura 8 – Representação do funcionamento de uma veia saudável (esquerda) e de uma veia doente (direita) (Adaptado de (96)). ...37 Figura 9 – Representação dos diferentes estadios da ICV. (Adaptado de (97) ...38 Figura 10 – Consumo de antibióticos em Portugal (DDD/1000 habitantes/dia). (Adaptado de (32)) ...52 Figura 11 – Percentagem das respostas à pergunta: “Para que servem os antibióticos?”. ...59 Figura 12 – Percentagens de respostas à pergunta: “Os antibióticos podem ser utilizados para curar gripes e constipações?”. ...59 Figura 13– Percentagens de respostas à pergunta: “Já pediu ao seu farmacêutico um antibiótico sem receita médica?”. ...60 Figura 14 – Percentagens de respostas à pergunta: “Já tomou antibióticos que não foram prescritos por um médico?”. ...60 Figura 15 – Percentagens de respostas à pergunta: “Pensa que o seu médico lhe disponibiliza a informação necessária para o uso correto do antibiótico?”. ...61 Figura 16 – Percentagens de respostas à pergunta: “A última vez que tomou antibióticos foi:”. ...61 Figura 17 – Percentagens de respostas à pergunta: “O que faz ao antibiótico, se lhe sobrar no final do tratamento?”. ...62 Figura 18 – Percentagens de respostas à pergunta: “Quem pensa ser o principal culpado do uso incorreto de antibióticos?”. ...62

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VERÓNICA VIEIRA XI Figura 19 – Percentagens de respostas à pergunta: “É permitido o uso de antibióticos para prevenir doenças na criação de animais?”. ...63 Figura 20 – Percentagens de respostas à pergunta: O uso incorreto de antibióticos pode levar ao aparecimento de resistências?”. ...63 Figura 21 – Percentagem das respostas à pergunta: “Para que servem os antibióticos?”, excluindo os indivíduos que pertencem à área da saúde. ...64 Figura 22 – Percentagens de respostas à pergunta: “Os antibióticos podem ser utilizados para curar gripes e constipações?”, excluindo os indivíduos que pertencem à área da saúde. ...64

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VERÓNICA VIEIRA XII

Índice de Tabelas

Tabela 1- Lista de colaboradores da Farmácia Vitália e respetivas funções ... 2 Tabela 2- Representação esquemática da Farmácia Vitália ... 4 Tabela 3 - Classificação clínica, etiológica, anatómica e fisiopatológica da Insuficiência Venosa Crónica [92] ...67 Tabela 4 – Alvos farmacológicos dos fármacos vasoativos [92] ...68

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VERÓNICA VIEIRA XIII

Índice de Anexos

Anexo I – Organização cronológica das principais tarefas desenvolvidas ...50

Anexo II – Ficha de Preparação de Suspensão Oral de Trimetoprim 1% ...51

Anexo III – Consumo de antibióticos em Portugal ...52

Anexo IV – Postagem no Facebook da Farmácia Vitália referente ao Inquérito sobre o Uso Correto de Antibióticos ...53

Anexo V – Inquérito realizado às pessoas que se dirigiam à Farmácia Vitália ...54

Anexo VI – Panfleto referente ao Uso Correto de Antibióticos distribuído na Farmáci ...56

Anexo VII – Postagem no Facebook da Farmácia Vitália do Panfleto referente ao Uso Correto de Antibióticos ...58

Anexo VIII – Análise dos dados referentes ao “Inquérito sobre o Uso Adequado de Antibióticos”. ...59

Anexo IX – Panfleto Informativo Gama Tilman...65

Anexo X – Posto utilizado para realizar a degustação de Tisanas da Gama Tilman ® ....65

Anexo XI - Postagem no Facebook da Farmácia Vitália referente a Degustação de Chás promovida no Dia Internacional do Chá ...66

Anexo XII – Tabela CEAP ...67

Anexo XIII – Tabela de mecanismos de ação dos vários fármacos vasoativos ...68

Anexo XIV – Doppler venoso utilizado no rastreio ...69

Anexo XV – Inquérito realizado, baseado no questionário ‘’Check-up venoso’’ da SPACV ...69

Anexo XVI – Postagem no Facebook da Farmácia Vitália referente ao rastreio de Insuficiência Venosa Crónica ...72

Anexo XVII – Gabinete de apoio onde foi realizado o rastreio ...72

Anexo XVIII – Panfleto referente `Insuficiência Venosa Crónica distribuído na Farmácia Vitália ...73

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VERÓNICA VIEIRA 1

1 Introdução

O estágio profissional realizado em farmácia comunitária, no final do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, permite ao estudante consolidar os conhecimentos adquiridos durante o seu percurso académico, aplicando-os a um ambiente profissional, aumentando a sua confiança e segurança na prática farmacêutica.

O meu estágio foi realizado na Farmácia Vitália e teve a duração de 4 meses, de setembro a dezembro. Neste local, tive a oportunidade de contactar com a realidade profissional, sempre acompanhada e orientada por uma equipa muito profissional e competente.

Cada vez mais o farmacêutico representa um profissional de saúde de confiança, a quem os utentes recorrem primeiramente. Assim, encontra-se numa posição privilegiada para aconselhar o utente e esclarecer todas as suas dúvidas. Hoje em dia, o seu papel vai mais além da simples dispensa de medicamentos passando, principalmente, pela promoção da saúde.

O presente relatório serve para descrever as tarefas e atividades desenvolvidas, e também os conhecimentos adquiridos nesse período. No Anexo I encontra-se a organização cronológica das principais tarefas desenvolvidas em cada período. No entanto, a sua execução não era restrita, uma vez que realizava outras funções sempre que necessário.

2 Parte A – A Farmácia Vitália

2.1 Localização geográfica

A Farmácia Vitália encontra-se situada na Praça da Liberdade, uma das ruas mais movimentadas da baixa do Porto. Foi inaugurada pela sociedade Comercial Portuguesa, a 23 de março de 1933. O nome da sociedade manteve-se ao longo do tempo, mas os sócios têm vindo a mudar. Atualmente, é dirigida pelo Dr. Paulo Pinho e pelo Dr. Armindo Cosme, o diretor técnico.

Aliando a localização central na cidade do Porto ao facto de se localizar numa área turística de referência, a Farmácia Vitália recebe uma grande variedade de utentes, tanto a nível etário como socioeconómico.

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VERÓNICA VIEIRA 2 2.2 Horário de Funcionamento

A farmácia encontra-se aberta de Segunda a Sexta das 8h30 às 19.30h, e aos Sábados das 9h00 às 13h00, totalizando 59 horas semanais, cumprindo o disposto no Decreto-Lei n.º 53/2007, de 8 de março (1).

2.3 Recursos Humanos

Na farmácia Vitália existe uma numerosa equipa, com uma grande heterogeneidade de colaboradores. É composta por 5 farmacêuticos, 8 técnicos de farmácia e uma auxiliar de limpeza, que todos os dias trabalham com o objetivo de prestar o melhor serviço aos utentes que se deslocam à farmácia. Na Tabela 1, encontram-se descriminados cada um dos colaboradores e respetivas funções.

Tabela 1- Lista de colaboradores da Farmácia Vitália e respetivas funções

Função

Diretor Técnico Dr. Armindo Cosme

Sócio Dr. Paulo Pinho

Farmacêutica Substituta Dr.ª Paula Nadais Farmacêutica Dr.ª Catarina Moutinho

Dr.ª Joana Marques Técnico de Farmácia D. Laurinda Monteiro

D. Amélia Gama D. Luísa D. Maria José Castro

Sr. Joaquim Ferreira Sr. Joaquim Oliveira

Sr. Sérgio Alves Sr. António Oliveira Auxiliar de Limpeza D. Giselda

2.4 Caracterização do espaço exterior

A Farmácia Vitália encontra-se na Avenida da Liberdade nº34, que se localiza no final da Rua dos Clérigos e da Avenida dos Aliados, dois pontos de referência da cidade do Porto. Situa-se no velho Palácio das Cardosas e foi desenhada pelos arquitetos Amoroso Lopes e Manuel Marques, em 1932 (2). A acessibilidade é garantida a idosos, crianças e

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VERÓNICA VIEIRA 3 portadores de deficiências, uma vez que não existem degraus ou outro tipo de obstáculos. Existem duas portas automáticas de entrada, que protegem os utentes do contacto direto com o exterior enquanto aguardam pela sua vez.

Na fachada exterior é possível observar-se o logótipo da farmácia, uma grande cruz vermelha e a inscrição “Farmácia Vitália”. A cruz vermelha ilumina-se nas noites em que a farmácia se encontra de serviço.

A fachada apresenta um aspeto limpo e cuidado, com montras atrativas e regularmente atualizadas (Figura 1).

O horário de atendimento e a identificação do diretor técnico encontram-se afixados à entrada da farmácia.

Está exposta, em zona visível, informação que assinala as farmácias do município em regime de serviço permanente/disponibilidade e respetiva localização e/ou forma de contactar com o farmacêutico responsável.

No centro da montra, e possível observar a existência de um postigo que permite a comunicação com o exterior, essencial quando a farmácia está de serviço noturno.

Desta forma, a farmácia cumpre os pontos previstos nas Boas Práticas Farmacêuticas da Ordem dos Farmacêuticos (3), bem como o Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de agosto, que regula os requisitos do espaço físico da farmácia de oficina (4).

Figura 1- Espaço Exterior

2.5 Caracterização do espaço interior

De acordo com o artigo 29º, presente no Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, as farmácias devem dispor de: sala de atendimento ao público, armazém, laboratório e instalações sanitárias (4). A Farmácia Vitália encontra-se dividida em 3 andares, de forma

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VERÓNICA VIEIRA 4 a garantir uma maior organização e segurança no manuseamento do medicamento, mas também de forma a proporcionar aos utentes uma experiência que corresponda aos seus requisitos, em termos de privacidade, comodidade e acessibilidade. A divisão de espaços de acordo com a sua finalidade é descrita como ideal nas Boas Práticas Farmacêuticas, com o objetivo de maximizar a prestação de cuidados de saúde (3). Na Tabela 2 encontra-se esquematizada a organização interna da farmácia.

Tabela 2- Representação esquemática da Farmácia Vitália

Piso -1

Armazém principal/Zona de receção de encomendas

Gabinete de aconselhamento nutricional, podológico e osteopata Zona de apoio á compra de calçado ortopédico e ortóteses

Piso 0

Zona de atendimento ao público

Gabinete de atendimento personalizado/realização de testes bioquímicos Armazém de apoio Sala de convívio Instalações sanitárias Piso 1 Laboratório de manipulados

Escritório dos serviços administrativos Escritório do diretor técnico

Sala de reuniões Armazém

Instalações sanitárias

No piso -1 são realizados um conjunto de serviços, tais como nutrição, podologia e osteopatia, que têm como objetivo apresentar aos clientes uma maior diversidade de ações que podem realizar na farmácia. A zona de apoio à compra de calçado ortopédico e ortóteses é ampla e bem iluminada, podendo-se encontrar expostos os vários modelos. Neste piso, localiza-se o armazém principal. Aqui encontram-se os medicamentos sujeitos a receita médica éticos, os medicamentos conservados no frio, os dispositivos médicos, os produtos dietéticos e ainda os medicamentos veterinários. Estão organizados por ordem alfabética do nome comercial, da dosagem menor para a maior, e de acordo com o prazo de validade do produto, respeitando o principio First Experied, First Out (FEFO). Está equipado com um sistema de medição de humidade e temperatura, que permita monitorizar a manutenção das condições adequadas, de forma a assegurar o bom estado de conservação dos produtos, tal como é exigido no artigo 34º do Decreto-Lei n.º 307/2007,

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VERÓNICA VIEIRA 5 de 31 de agosto (4). No centro do armazém localiza-se um balcão, equipado com o sistema informático utilizado na farmácia, onde se realiza a receção e envio de encomendas, a devolução e ainda a rotulagem de produtos. Pode-se, também, encontrar o cofre onde estão armazenados os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, bem como o contentor de recolha ValorMed.

A área de atendimento do piso 0 é constituída por 7 postos individualizados e equipados com computador, impressora, leitores óticos de códigos de barra, leitores de cartão de cidadão (CC) e ainda uma caixa registadora, de forma a garantir a privacidade e comodidade de cada utente. O local é caracterizado por um ambiente calmo e profissional, permitindo uma boa comunicação entre farmacêutico e utente. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM), medicamentos de uso veterinário, medicamentos homeopáticos, produtos de higiene oral, bem como suplementos alimentares encontram-se expostos imediatamente atrás do balcão, numa área inacessível para o utente. À sua disposição, têm uma enorme variedade de produtos de dermocosmética, puericultura, capilares, sexualidade e oculares, distribuídos por lineares e gôndolas, estrategicamente colocados de forma a captar a atenção do utente. Podem, ainda, encontrar dois sofás para descanso, um aparelho digital de determinação da pressão arterial, uma balança para medição de peso, altura e consequente cálculo do Índice de Massa Corporal e um posto de água refrigerada. Esta área possui um sistema de videovigilância, com o respetivo aviso afixado à entrada. Anexo ao balcão, existe a área do armazém de apoio reservada apenas aos profissionais da farmácia, onde estão dispostas diversas gavetas fechadas. Nas primeiras colunas encontram-se os Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM), ordenados alfabeticamente segundo o nome comercial. Posteriormente encontram-se os medicamentos genéricos ordenados segundo a sua Denominação Comum Internacional (DCI). Intercaladamente, pode-se ainda encontrar Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) com maior poder de venda de forma a aumentar a sua acessibilidade. Pode-se, ainda, encontrar um frigorífico para os produtos que exijam condições de temperatura entre os 2ºC e os 8ºC, estantes com suplementos alimentares, produtos capilares e dentários. O Prontuário Terapêutico mais atual está disponível para esclarecer dúvidas durante o atendimento.

Neste piso localiza-se também o gabinete de apoio personalizado onde se efetuam os testes bioquímicos, tais como medição da glicémia, colesterol total, triglicerídeos e ácido úrico, bem como a medição da pressão arterial. Este gabinete é ainda utilizado para administração de injetáveis e para prestar um aconselhamento e acompanhamento mais personalizado às necessidades de cada utente, permitindo a verificação da evolução de determinadas doenças, com o objetivo de prevenir emergências médicas. Numa zona mais

(20)

VERÓNICA VIEIRA 6 recuada, é possível encontrar a sala de convívio para os profissionais da farmácia, onde é possível realizar as refeições diárias.

No piso 1 está localizado o laboratório de manipulação farmacêutica. Este não só cumpre os requisitos presentes na Portaria n.º 594/2004, de 2 de junho (5), obedecendo às boas práticas de fabrico de manipulados, como também possui todos os equipamentos mínimos obrigatórios, como uma balança com precisão sensível ao miligrama, banho de água termostatizado e pedra para a preparação de pomadas (6). Entre outros equipamentos possui, também, um Unguator®, uma autoclave e uma balança analítica. As matérias-primas estão organizadas em prateleiras numeradas, enquanto que os restantes instrumentos necessários estão colocados em armários ou gavetas devidamente fechadas. As matérias-primas inflamáveis e tóxicas estão armazenadas numa zona particular. Existe ainda um frigorifico que tem como objetivo armazenar manipulados estáveis a baixas temperaturas. À disposição está uma variedade de fontes bibliográficas, como o Formulário Galénico Português e a Farmacopeia Portuguesa, que podem ser necessários no esclarecimento de dúvidas durante a manipulação de manipulados. No computador portátil é possível realizar uma pesquisa alargada sobre novos manipulados que possam ser prescritos e realizar encomendas de matérias-primas aos fornecedores. Este computador possui um software adaptado para o registo eletrónico de todos os manipulados preparados, bem como a sua rotulagem.

Do armazém deste piso fazem parte os medicamentos Over The Counter (OTC), bem como os medicamentos genéricos, sendo que o estão dispostos separadamente e por ordem alfabética do nome comercial e do DCI, respetivamente. Em anexo, encontram-se armazenados produtos de dermocosmética, fraldas, pensos para incontinência e produtos de higiene oral. Tanto no laboratório como nestes armazéns, é possível encontrar um sistema de medição de temperatura e humidade, de forma a garantir as condições ótimas de armazenamento de reagentes e medicamentos.

Na sala de reuniões pode-se observar a existência de um pequeno museu, que conta a história da Farmácia Vitália. Estão em exibição antigos aparelhos, materiais utilizados na manipulação, assim como manipulados fabricados ao longo dos anos. Nesta sala realizam-se reuniões com responsáveis de laboratórios detentores dos produtos vendidos na Farmácia Vitália, expõem-se novos produtos e se dão formações de artigos já disponíveis na farmácia.

Por fim, neste andar, é possível encontrar o gabinete do Diretor Técnico, um gabinete de secretariado com dois postos de trabalho, bem como instalações sanitárias.

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VERÓNICA VIEIRA 7 2.6 Fontes de Informação

De forma a exercer a profissão da forma construtiva e meritória, o farmacêutico deve procurar constantemente manter-se atualizado sobre a evolução cientifica na sua área, de forma a consolidar e renovar conhecimentos (7). Desta forma, torna-se fundamental consultar fontes de informação fidedignas.

Informaticamente, é possível consultar o site do INFARMED (Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P), o Prontuário Terapêutico online, o Centro de Documentação e Informação sobre Medicamentos (CEDIME) da Associação Nacional de Farmácias (ANF) ou o Centro de Informação de Medicamentos (CIM) da Ordem dos Farmacêuticos.

Para além disso, é possível encontrar na Farmácia Vitália várias fontes de informação em edição de papel, como o Prontuário Terapêutico e a Farmacopeia Portuguesa IX, documentos indicados pelo INFARMED, e consideradas de acesso obrigatório no momento da cedência de medicamentos (3, 8).

No laboratório de manipulação encontra-se disponível para consulta o Formulário Galénico Português 2007, a Farmacopeia Portuguesa 8, a obra de Martindale “The complete drug reference”, o Manual de Terapêutica Dermatológica e Cosmetológica da autoria do professor Prista. Em caso de dúvida na área dos produtos veterinários é possível consultar o Guia de Produtos Veterinários – Índice Nacional Veterinário.

2.7 Gestão e Administração

Para além de um local de prestação de cuidados de saúde, uma farmácia comunitária é também uma empresa que necessita de uma gestão constante e eficaz, de forma a garantir a continuação do seu funcionamento.

2.7.1 Gestão de Stock

A gestão de stocks é fundamental para o correto funcionamento de uma farmácia. Corresponde aos produtos disponíveis para dispensa, que existem em determinado momento na farmácia. É essencial que se encontrem em quantidade e qualidade suficiente, com o objetivo de corresponder às necessidades dos utentes. De forma a evitar o empate de capital, a ocupação de espaço necessário ao armazenamento ou ainda perdas por expiração do prazo de validade, o stock excessivo deve ser evitado. Por outro lado, a farmácia deve comprometer-se a não ter rutura de stock.

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VERÓNICA VIEIRA 8 De forma a cumprir estes pontos, é necessário levar em atenção diversos fatores, como o perfil dos utentes, a disponibilidade dos produtos, o custo de armazenamento, a sazonalidade, o custo de capital e de encomenda, os produtos publicitados na comunicação social, entre outros.

O stock deve ser adaptado às necessidades de cada farmácia, enquanto que o oposto deve ser evitado. Contudo, por motivos externos à farmácia, ocorrem ruturas de stock, devido a produtos esgotados ou rateados.

A correta gestão de stocks é auxiliada pelo sistema informático Sifarma 2000, onde podem ser definidos stocks mínimos e máximos, valores que são regularmente revistos de forma a adequarem-se às necessidades dos utentes.

Os erros de stock ocorrem essencialmente em medicamentos com embalagens idênticas, mas que diferem no número de unidades. As causas são várias, mas deve-se essencialmente a erros na dispensa, que podem ser detetados utilizando a opção de verificação do Sifarma 2000, que confirma que o medicamente presente na receita é aquele que está, de facto, a ser vendido ao utente. Podem, também, dever-se a erros na receção de encomenda, devoluções e furtos que ocorrem principalmente em produtos de higiene e cosmética, que se encontram expostos.

A verificação dos prazos de validade (PV) é essencial para garantir a sua eficácia e segurança. Na Farmácia Vitália realiza-se mensalmente a verificação do PV dos stocks com o auxilio de uma lista gerada pelo Sifarma 2000 com os produtos cujo PV expira nos próximos dois meses, de forma a serem retirados da zona de produtos disponíveis para dispensa. Posteriormente, é feita a dispensa e a correção no Sifarma.

2.7.2 Sistema Informático

A Farmácia Vitália utiliza o Sifarma 2000, um sistema informático que surgiu com o objetivo de simplificar o processo de venda, permitindo que o farmacêutico disponha de mais tempo e atenção para o utente.

Tornou-se, ainda, numa ferramenta essencial para a gestão de stocks, uma vez que permite efetuar diversas ações como criar e enviar encomendas aos fornecedores, ajustar stocks mínimos e máximos, consultar histórico de compras e vendas, rececionar encomendas, controlar prazos de validade, entre outras. Representa não só um apoio informático, mas também cientifico, visto que cada produto possui uma ficha com toda a informação cientifica, desde interações medicamentosas, contraindicações, posologias e uso terapêutico.

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VERÓNICA VIEIRA 9 Para além disso, efetua a organização automática das receitas em lotes de 30 e constitui uma ferramenta muito útil na dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, permitindo um controlo eficaz da dispensa e da sua venda.

2.7.3 Encomendas e Aprovisionamento

De forma a adquirir os produtos que necessita, a farmácia pode efetuar compras a distribuidores/grossistas ou diretamente a laboratórios ou a representantes de marcas. A Farmácia Vitália trabalha diretamente com vários distribuidores grossistas, como a Cooprofar, Alliance Healthcare e Agrofauna. A seleção dos fornecedores é feita com base em diversos fatores como as condições financeiras que oferecem, a facilidade de contacto, a rapidez de entrega ou a possibilidade de devoluções. À Cooprofar são preferencialmente encomendados produtos de venda livre, enquanto que a Alliance Healthcare se efetuam encomendas de produtos com o preço impresso na cartonagem, uma vez que o Preço de Venda à Farmácia (PVF) é geralmente mais acessível. À Agrofauna efetuam-se encomendas de medicamentos veterinários. Existem 3 tipos de encomendas: as encomendas diárias, geradas automaticamente no final do dia pelo Sifarma com base no stock mínimo e máximo programado e no que foi vendido no próprio dia, encomendas utilizando plataformas dos distribuidores e ainda encomendas via telefone, para pedidos mais específicos. Os distribuidores possuem horários próprios de ronda, pelo que as encomendas devem respeitar as horas estipuladas de acordo com a urgência do pedido. As encomendas realizadas diretamente ao laboratório são geralmente em maior volume, de forma a obter descontos comerciais e bonificações. Estes acordos são estipulados entre o farmacêutico responsável e os delegados dos laboratórios. Neste tipo de encomendas estão incluídos os genéricos e produtos de venda livre.

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de passar duas semanas no armazém, onde realizei algumas encomendas diárias. No atendimento, por diversas vezes, realizei encomendas utilizando as plataformas dos distribuidores e por via telefónica.

2.7.4 Receção de Encomendas

A receção de encomendas é o processo pelo qual se dá entrada dos produtos encomendados no sistema informático, ajustando preços e atualizando o stock. As encomendas chegam à farmácia em caixotes característicos de cada fornecedor, acompanhados da fatura, geralmente em duplicado. Na fatura consta o Código Nacional do Produto (CNP) de cada produto encomendado, o nome deste, a quantidade pedida e a

(24)

VERÓNICA VIEIRA 10 enviada, o Preço de Venda ao Público (PVP), que deverá corresponder ao Valor Máximo Admissível (9), o PVF e o número do contentor na qual se encontra. Se se tratarem de psicotrópicos e estupefacientes é ainda adicionado outro documento. Posteriormente, é realizada a confirmação da quantidade recebida de cada produto relativamente à que se encontra na fatura, os PVF são atualizados, assim como a data de validade se o stock na farmácia for zero. Para os produtos de venda livre calcula-se o PVP (PVP = PVF x IVA x Margem de Lucro), de acordo com as Margem de Lucro estipulada pela farmácia. É feita a impressão das etiquetas, com ou sem alarme, dependendo da disposição na farmácia e a probabilidade de furto. A entrada dos produtos é feita através da leitura do código de barras, no entanto, nem todos os códigos são reconhecidos, sendo necessário ir à ficha do produto e associá-lo. Após o registo de toda a encomenda, compara-se o preço da fatura com o preço obtido no sistema informático, efetuam-se correções, imprime-se o comprovativo de receção de encomenda, que é anexado à fatura original e transportado para os serviços administrativos. Se se verificar uma discrepância entre o preço faturado e o preço obtido pelo sistema informático significa que pode ter ocorrido algum erro, como a falta de um produto que foi faturado mas não enviado, pelo que se deve entrar em contacto com o responsável de envio da encomenda.

Nas duas semanas que passei exclusivamente no armazém tive a oportunidade de efetuar a receção de todo o tipo de encomendas. Competia-me colaborar com uma boa gestão do stock e armazenamento.

2.7.5 Armazenamento

O armazenamento é o passo seguinte, sendo de uma elevada importância, uma vez que agiliza o trabalho do farmacêutico aquando da dispensa, mas também permite a correta manutenção das características do medicamento. Os produtos que necessitam de temperaturas de conservação entre os 2 e os 8ºC são imediatamente armazenados no frigorifico assim que chegam à farmácia. Os restantes produtos são armazenados em condições de temperatura e humidade controlada (inferior a 25ºC e 60%, respetivamente), ao abrigo da luz e com ventilação adequada, de acordo com as BPF. De forma a minimizar as perdas por expiração do prazo de validade, os produtos são armazenados de modo a obedecerem ao principio FEFO.

A arrumação de produtos foi uma das minhas primeiras funções quando iniciei o meu estágio na Farmácia Vitália. Esta atividade revelou-se essencial para associar nomes comerciais a princípios ativos, funções terapêuticas, formas e dosagens. Posteriormente, traduziu-se num atendimento mais rápido e eficaz.

(25)

VERÓNICA VIEIRA 11

2.7.6 Controlo de Prazos de Validade, Devoluções e Trocas

Através do Sifarma, todos os meses é impressa uma lista de produtos cujo

prazo de validade termina em dois meses. Os produtos referidos são retirados e,

posteriormente, entregues aos fornecedores, acompanhados de uma nota de

devolução, onde se justifica o motivo se adiciona o número de fatura da sua

encomenda e se seleciona a entidade para a qual será feita a devolução.

Obtém-se um documento em triplicado, Obtém-sendo que dois dos quais são enviados juntamente

com os produtos, e o outro permanece na farmácia. Se os produtos forem aceites

pelo fornecedor, este imitirá uma nota de crédito à farmácia, que será descontada

na fatura mensal. No caso de não serem aceites, os produtos voltam para a

farmácia, que os coloca no VALORMED, para serem devidamente processados e

destruídos, representando um prejuízo direto para a farmácia.

Em caso de trocas, a entidade envolvida envia outros produtos cuja entrada

no sistema informático é efetuada simultaneamente com a saída dos produtos

envolvidos.

2.8 Dispensa de Medicamentos

De acordo com o Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos, uma das principais

funções do farmacêutico é a de dispensar medicamentos de uso humano e

veterinário, tendo sempre como principal objetivo zelar pela saúde e bem-estar do

utente. A dispensa de um medicamento deve ser um ato consciente e responsável,

onde o farmacêutico recolhe toda a informação necessária junto do paciente e,

utilizando o seu conhecimento cede um medicamento, mediante prescrição médica,

em regime de automedicação ou, ainda, por aconselhamento farmacêutico.

Acompanhando a dispensa, o farmacêutico deve fornecer toda a informação,

oralmente ou por escrito, de forma a garantir não só que o utente beneficia dos

efeitos terapêuticos do medicamento, mas que se encontra consciente das

possíveis reações adversas à medicação. Sendo o profissional de saúde mais

próximo e acessível à população, cabe ao farmacêutico desempenhar um papel

fundamental na utilização correta, segura e racional do medicamento.

2.8.1 Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica são aqueles que são dispensados apenas após a apresentação de uma receita médica válida. Segundo o Decreto-Lei nº176/2006,

(26)

VERÓNICA VIEIRA 12 de 30 de agosto, encontram-se englobados neste grupo os medicamentos que cumprem os seguintes requisitos:

• “Possam constituir um risco para a saúde do doente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam

• Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam

• Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas sejam indispensável aprofundar

• Destinem-se a ser administrados por via parentérica” (10).

2.8.1.1 A Receita Médica

A receita médica tem vindo a evoluir de forma positiva nos últimos anos, de forma a evitar erros de prescrição e de dispensação. Através da Portaria n.º 417/2015, de 4 de dezembro, passou a ser obrigatória a prescrição exclusiva através de receita eletrónica desmaterializada a partir de 1 de abril de 2016 em todo o Sistema Nacional de Saúde (SNS) (11). Segundo este novo modelo pode ser fornecido ao utente uma guia de tratamento, muitas vezes essencial para a sua informação e organização, na qual consta a DCI da substância ativa do medicamento, a forma farmacêutica, a dosagem, a quantidade e a posologia. Cada linha de prescrição contém a validade de dispensa, que pode ser de 30 dias ou 6 meses, e informação sobre os preços dos medicamentos. Para além disso, encontra-se ainda presente o número da prescrição, o código matriz, o código de acesso e dispensa e o código do direito de opção (12). Este modelo eletrónico acompanha um grande número de vantagens para o utente, uma vez que permite a prescrição, em simultâneo, de diferentes tipologias de medicamentos, podendo optar por aviar todos os produtos prescritos, ou apenas parte deles, sendo possível aviar os restantes em diferentes datas e estabelecimentos (13). Outra das vantagens deste sistema trata-se da utilização do Cartão de Cidadão para portar a receita, contudo, como pude verificar no meu estágio, não é uma opção de primeira escolha para os utentes.

Para que o farmacêutico possa aceitar a receita eletrónica e dispensar os medicamentos nela contidos, é necessário que esta contenha os seguintes elementos: número de receita, identificação do médico prescritor, dados do utente, identificação do medicamento, com respetiva DCI, dosagem, forma farmacêutica, dimensão da embalagem e Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos representado em dígitos e código de barras cuja leitura permite visualizar todas as opções equivalentes (14). A prescrição por marca só é permitida nas seguintes situações:

(27)

VERÓNICA VIEIRA 13 • medicamento com margem ou índice terapêutico estreito;

• existência de justificação técnica do prescritor, como reação adversa prévia, margem ou índice terapêutico estreito ou continuidade do tratamento superior a 28 dias (14).

Um outro tipo de receita, as receitas manuais, só podem ser aceites em casos excecionais, como: falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio ou outras situações até 40 receitas por mês. Nas receitas manuais e nas receitas eletrónicas materializadas apenas podem ser prescritos medicamentos ou produtos de saúde. O número máximo de embalagens da receita a dispensar é de 4 e não pode ultrapassar o limite de 2 embalagens por medicamento ou produto de saúde prescrito. Estes limites não são aplicados em receitas eletrónicas desmaterializadas, para além de que podem ser prescritos, juntamente com outros produtos, nomeadamente para autocontrolo da diabetes mellitus.

Para serem válidas, as receitas eletrónicas materializadas e manuais devem conter o número da receita, identificação e assinatura do médico prescritor, dados do utente, entidade financeira responsável, indicação de regime especial se aplicável, data de prescrição e validade. Durante o meu estágio, os erros que detetei mais frequentemente trataram-se da falta de assinatura do médico e de data de prescrição.

Algo que observei frequentemente tratou-se da tentativa de obtenção de MSRM, tais como antibióticos e benzodiazepinas, sem prescrição médica. Nestes casos, o medicamento não foi dispensado, foram realizadas algumas questões para perceber a necessidade do fármaco, e aconselhada uma consulta médica.

2.8.1.2 Aviamento da Receita Médica

O aviamento da receita médica deve tratar-se de um processo interativo entre o utente e o farmacêutico. Uma das questões que deve ser estar presente é se se trata da primeira vez que o doente vai tomar aquela medicação. Se a resposta for afirmativa, a atenção deve ser redobrada, certificando que não existem dúvidas quanto à posologia, indicação terapêutica, possíveis efeitos adversos, tentando adequar a explicação ao grau de conhecimento da pessoa em questão. Se se tratar de uma medicação crónica, é importante verificar se está a ser eficaz ou se causou efeitos adversos.

De seguida, deve registar-se informaticamente a receita, indicando o número da receita e o código de acesso para as receitas eletrónicas. É importante questionar se o utente possui outro plano de saúde. Se sim, deve ser feita uma fotocópia da receita, se for materializada, indicando o número de beneficiário do cartão do plano associado.

(28)

VERÓNICA VIEIRA 14 No caso das receitas eletrónicas, os medicamentos de grupo homogéneo são listados de acordo com o stock existente na farmácia. É selecionado o pretendido pelo utente e, de seguida, é realizada a confirmação através do sistema informático, comprovando que o medicamento dispensado corresponde ao selecionado, de forma a evitar erros de dispensação. A farmácia deve ter sempre disponível três marcas dos cinco genéricos mais baratos de um mesmo grupo homogéneo (14).

No final, e no caso de receitas manuais ou materializadas, os medicamentos comparticipados são impressos no verso da receita com o plano de comparticipação correspondente, onde o utente deve assinar para declarar se utilizou ou não o direito de opção.

Na dispensa de medicamentos psicotrópicos devem ser registados os dados do médico, do doente e da pessoa que levanta a medicação, incluindo os dados presentes no cartão de cidadão e morada dos dois últimos.

2.8.1.3 Comparticipação de Medicamentos

Os medicamentos podem estar sujeitos a determinados regimes de comparticipação, onde o utente paga apenas uma percentagem do preço do medicamento, sendo a restante parte suportada por uma determinada entidade de saúde.

O Estado é responsável pela comparticipação dos preços dos medicamentos prescritos a utentes do SNS e aos beneficiários da Direção-Geral de Proteção Social aos Funcionários e Agentes da Administração Pública (ADSE).

Esta comparticipação é definida por escalões, baseados na classificação fármaco-terapêutica do medicamento em questão. A comparticipação geral do SNS no preço dos medicamentos é (15, 16):

• O escalão A é de 90 % do PVP; • O escalão B é de 69 % do PVP; • O escalão C é de 37 % do PVP; • O escalão D é de 15 % do PVP.

O regime especial de comparticipação aplicado a pensionistas com baixos rendimentos anuais conta ainda com um acréscimo de 5 % de comparticipação em medicamentos do escalão A e de 15 % nos escalões B, C e D. Nas receitas materializadas e manuais é necessário constar a letra R, indicador deste regime especial, juntamente com o organismo de comparticipação (17).

(29)

VERÓNICA VIEIRA 15 São comparticipadas em 100% pelo SNS os medicamentos usados no tratamento da paramiloidose, do lúpus, da hemofilia, das hemoglobinopatias e ainda o Priadel®, utilizado na psicose maníaco-depressiva. Outras patologias podem ter uma menor comparticipação, sendo que esta apenas é aplicada numa lista de medicamentos selecionados. Nas receitas deste regime especial, os despachos que estabelecem as condições devem estar sempre presentes (18).

Existe, ainda, um regime de comparticipação inserido no Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes, que comparticipa 85% do PVP das tiras-teste e 100% do PVP das agulhas, seringas e lancetas destinadas aos utentes do SNS e subsistemas públicos (19).

Adicionalmente, existe a possibilidade de os MSRM serem comparticipados por entidades e subsistemas de saúde independentes do SNS, como é o caso dos CTT®, dos Serviços de Assistência Médico-Social (SAMS), do Seguro Medis de Saúde, dos Serviços de Assistência na Doença da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública, entre outros. O valor de comparticipação destas entidades é adicional ao valor oferecido pelo SNS e não em substituição deste.

Os medicamentos manipulados podem ser alvo de comparticipação pelo SNS quando não existe no mercado de especialidade farmacêutica um medicamento com igual substância ativa na forma farmacêutica pretendida ou quando há necessidade de adaptação de dosagens ou formas farmacêuticas às carências terapêuticas de populações específicas, como é o caso da pediatria ou da geriatria. A comparticipação é justificada quando o medicamento vem colmatar uma lacuna a nível dos medicamentos preparados industrialmente. Deste modo, são definidos legalmente os medicamentos manipulados contemplados nos parâmetros previamente referidos, sendo aplicada uma comparticipação de 30% sobre o PVP final, estando sujeita a atualização (20).

2.8.1.4 Conferência de Receituário

Diariamente, as receitas aviadas por cada funcionário da Farmácia Vitália são verificadas e colocadas separadamente, de acordo com os organismos de comparticipação, num arquivo portátil para posterior faturação das mesmas. As receitas materializadas e as manuais são carimbadas, datadas e assinadas pelo farmacêutico que as aviou, no verso da receita. É, ainda, responsável por verificar se existe algum erro que possa impedir a farmácia de reaver o dinheiro da comparticipação. Com as receitas eletrónicas houve uma significativa redução de erros nas receitas, mas que ainda continuam a ocorrer.

(30)

VERÓNICA VIEIRA 16 A faturação e a conferência final do receituário que é feita ao longo do mês corrige possíveis erros não detetados previamente. Desta forma evita-se a devolução das receitas e consequente perda financeira para a farmácia. As receitas são organizadas em lotes, por organismo, numeradas de 1 a 30. A cada lote é anexado o verbete de identificação previamente carimbado ficando, assim, as receitas prontas para serem enviadas para o Centro de Conferências de Faturas (CCF), se o organismo se tratar do SNS, ou para a ANF no caso dos restantes organismos. A data limite para o envio das receitas no CCF é até ao dia 10 do mês respetivo, sendo que no dia 25 desse mesmo mês são disponibilizados os resultados

Se as receitas são devolvidas devido a erros é possível efetuar a correção das mesmas e enviá-las de novo no mês seguinte para a instituição correspondente, evitando, desta forma, perdas significativas para a farmácia.

2.8.2 Medicamentos não Sujeitos a Receita Médica

Entendem-se por MNSRM, aqueles que se destinam ao alívio e tratamento de “queixas de saúde passageiras e sem gravidade” que devem ser ministrados de forma responsável e autónoma pelo utente, o qual pode ou não ser assistido e aconselhado por profissionais farmacêuticos (21). Esta classe de medicamentos pode ser dispensada em outros locais de venda autorizados para além das farmácias, sendo que o seu PVP varia de acordo com a margem de lucro que o posto de venda aplicar.

Apesar de a utilização de MNSRM ser uma prática integrante e comum das farmácias, é importante que esteja limitada a situações clínicas bem definidas, devendo efetuar-se de acordo com as especificações estabelecidas para estes medicamentos. O seu uso inadvertido pode trazer consequências para a saúde do utente.

No momento da dispensa do MNSRM, o farmacêutico deve garantir que o utente ficou esclarecido relativamente à indicação terapêutica do medicamento, à posologia e aos efeitos adversos e contraindicações. De forma a completar o aconselhamento devem ser referidas medidas não farmacológicas que contribuirão para melhorar a condição clínica e a evitar recidivas.

2.8.3 Medicamentos Genéricos

. Segundo a lei, medicamento genérico é um “medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica

(31)

VERÓNICA VIEIRA 17 e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados”(22).

Os genéricos podem ser MSRM ou MNSRM. No momento da dispensa, salvo raras exceções, deve ser dado ao utente direito de escolha entre a compra de um genérico ou de um medicamento de marca.

Deparei-me, ao longo do estágio, com uma grande desconfiança dos utentes perante os genéricos. Há uma ideia generalizada de que os genéricos são medicamentos “maus”, “ineficazes” entre outros adjetivos menos abonatórios. O Farmacêutico tem um papel relevante nesta questão, principalmente no que à informação sobre os genéricos e a sua eficácia diz respeito.

Tive a oportunidade também de verificar que, ao contrário da ideia generalizada que existe, a venda de genéricos, desde que feita com rigor, conhecimento e capacidade de gestão, pode ser extremamente benéfica e monetariamente recompensadora para as farmácias.

2.8.4 Outros Produtos Disponíveis para o Público

2.8.4.1 Produtos de Uso Veterinário

A Lei definiu medicamento veterinário como algo com propriedades curativas ou preventivas de doenças de animais através do restabelecimento das funções do seu organismo.(23) Tal como nos medicamentos de uso humano, estes podem ser divididos em MSRM e MNSRM.

Na Farmácia Vitália existe uma ampla variedade de medicamentos de uso veterinário disponíveis, tornando-se um centro de referência no aconselhamento e venda de cuidados de saúde animal. Em termos de vendas, os que apresentam um volume mais elevado são os antiparasitários internos e externos, as vacinas, os complexos vitamínicos, os anticoncecionais e os antibióticos.

Apesar de se destinarem a animais, estes medicamentos têm um impacto na saúde pública sendo, assim, necessária a mesma precaução na dispensa de antibióticos.

2.8.4.2 Produtos de Dermocosmética

Entende-se como produto cosmético “qualquer substância ou mistura destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo humano,

(32)

VERÓNICA VIEIRA 18 designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais” (24).

Rigorosamente legislados, os produtos cosméticos são controlados segundo os mais elevados padrões de proteção da saúde pública (25).

Esta área é uma das grandes apostas da Farmácia, sendo possível encontrar gamas integrais de várias marcas conceituadas: Bioderma®, Uriage®, ROC®, Vichy®, La Roche-Posay®, Lierac®, Phyto®, Klorane® e ainda Bexident®, Elgydium®, Oral B®, Paradontax®, Sensodyne®, entre muitas outras. Ocasionalmente, agentes promotores das marcas vêm à Farmácia Vitália, para sugerir aos utentes experimentações gratuitas dos produtos e descontos excecionais, promovendo a compra e aumentando significativamente as vendas. Os produtos de dermocosmética são, sem dúvida, uma das principais fontes de rendimento económico para a farmácia, daí a importância de mantê-los sob uma gestão de qualidade.

2.8.4.3 Medicamentos Homeopáticos e Fitoterapêuticos

A homeopatia é uma forma de terapia alternativa em que o tratamento resulta da diluição e dinamização da mesma substância que produz o sintoma num indivíduo saudável. As matérias-primas podem ser de origem vegetal, animal, mineral e ainda compostos químicos. A Boiron® é a marca mais vendida na Farmácia Vitália. Contudo, esta terapia é maioritariamente utilizada por turistas, onde as terapias homeopáticas estão mais desenvolvidas quando comparadas com Portugal, e ainda, pelo facto de serem medicamentos relativamente mais caros.

Os produtos fitoterápicos são feitos à base de plantas com um efeito terapêutico. Este tipo de produtos é visto pelo público como sendo seguro devido à sua origem natural. No entanto, esta perceção nem sempre corresponde à realidade, podendo existir sobredosagem e interações. Os produtos fitoterápicos mais procurados na Farmácia Vitália eram tisanas e laxantes.

2.8.4.4 Produtos de Puericultura e Obstetrícia

Os produtos de puericultura são produtos destinados a bebés e crianças e têm a função de promover o sono, o relaxamento, a higiene, a alimentação e a sucção. Devido à

(33)

VERÓNICA VIEIRA 19 sensibilidade das crianças, este tipo de produtos é regulamentado a fim de evitar a presença de substâncias perigosas (26).

Na secção de produtos de puericultura encontra-se os artigos para bebé como chupetas, biberons, tetinas, fraldas, leites, papas e ainda extratores de leite e esterilizadores a vapor. Na Farmácia Vitália, a venda destes produtos é pontual e de pouca significância. Quanto a cuidados obstetrícios focam-se, essencialmente, no cuidado anti estrias, suplementação alimentar, produtos indicados para a amamentação e também cintas e soutiens específicos para a gravidez.

2.8.4.5 Ortopedia e Dispositivos Médicos

Dispositivo médico é qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado, isoladamente ou em combinação, em seres humanos, para fins de diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença, de uma lesão ou de uma deficiência e ainda para o estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico, assim como para o controlo da conceção (27). Alguns dos dispositivos médicos essenciais estavam disponíveis, como: meias elásticas, dispositivos intra-uterinos, preservativos, nebulizadores, seringas e canetas de insulina.

O calçado ortopédico é normalmente recomendado para correção de alguns problemas de formação dos pés ou fisiologia diferenciada, problemas de coluna e de formação de cava de pé e, ainda, para pés de atleta, cansaço nos pés, pés chatos, joanetes, dores no calcanhar, calos, pé diabético, entre outros. Algumas marcas especializadas nesta área e disponíveis na Farmácia Vitália eram Scholl® e Pedag®. Este tipo de materiais é considerado dispositivo médico.

2.9 Laboratório de Manipulados

A Farmácia Vitália tem uma grande história na área dos manipulados, sendo conhecida pela preparação de manipulados de qualidade e pelo seu provisionamento a outras farmácias, hospitais e utentes no distrito do Porto e arredores.

Na farmácia Vitália são preparados manipulados magistrais, isto é, segundo uma receita médica que especifica o doente para o qual se destina o medicamento, e também manipulados oficinais que são preparados com base em indicações compendiais (Farmacopeia ou formulário), sendo dispensados diretamente aos utentes da farmácia (28).

(34)

VERÓNICA VIEIRA 20 Para cada manipulado é elaborada uma ficha de preparação resumida (Anexo II) do modelo presente no Formulário Galénico Português, onde consta o lote, origem e quantidade usada de matérias-primas, o procedimento adotado na preparação, o preço, a validade, a verificação e a embalagem de acondicionamento. Para além disso, é sempre registado o operador e todo o processo é confirmado e validado por um farmacêutico.

Todos os manipulados são rotulados com a fórmula, a data de preparação, o lote, o PVP, o modo de conservação, a validade e outras advertências pertinentes (Uso externo; manter fora do alcance das crianças). Os preparados magistrais, para além destes parâmetros rotulares, contêm adicionalmente o nome do médico e do utente a quem se destina o medicamento.

O valor dos honorários depende da forma farmacêutica do produto acabado e da quantidade preparada. Este valor tem origem num fator F que é divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística sendo atualizado todos os anos conforme a proporção do crescimento do índice de preços ao consumidor divulgado para o ano anterior àquele a que respeita. O valor das matérias-primas advém do valor da aquisição, sem o Imposto de Valor Acrescentado (IVA), multiplicado por fatores de acordo com a maior das unidades em que forem utilizadas. Por fim, o valor da embalagem consiste no valor pela qual foi adquirida, sem IVA, multiplicado pelo fator 1,2 (29).

2.10 Prestação de Cuidados de Saúde

Na zona de atendimento da Farmácia Vitália, encontram-se disponíveis aos utentes, uma balança eletrónica e um esfigmomanómetro automático, permitindo o controlo do índice de massa corporal e da pressão arterial dos utentes. Normalmente um profissional presta auxílio na medição dos parâmetros, aconselhando posteriormente em função dos resultados obtidos. É também possível avaliar os parâmetros bioquímicos essenciais, como a glicemia, colesterol total, triglicéridos, ácido úrico e hemoglobina, sendo a sua medição determinante para o controlo e seguimento farmacológicos.

2.11 Formações

Um dos deveres do farmacêutico é manter-se informado e atualizado em relação aos diversos produtos. Desta forma, frequentei diversas formações, tanto a nível de OTC (Antigrippine®, UL®, Elás®), como de cosmética (La RochePosay®, Phyto®, Lierac®).

(35)

VERÓNICA VIEIRA 21

Parte B

3 Tema 1 – Uso Adequado de Antibióticos

3.1 Enquadramento

“A maior ameaça à Medicina Moderna”. É assim classificado pela Organização das Nações Unidas (ONU) o aumento das resistências bacterianas aos antibióticos (30, 31), que se estima serem a causa de morte de mais de 700 000 pessoas, por ano, em todo o mundo (30).

De acordo com o relatório publicado pela Direção Geral de Saúde (DGS) denominado "Portugal-Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos 2015", é possível verificar que o consumo de antibióticos tem vindo a diminuir, apesar de as resistências se manterem elevadas (32), resultando na morte de 12 pessoas, por dia, no país (33, 34).

Uma vez que o meu estágio decorreu nos meses de outono e inverno, altura mais propensa a doenças respiratórias, foi possível observar uma elevada procura de antibióticos. Apesar de a dispensa de antibióticos ser sujeita a receita médica, ainda existem muitos utentes que se dirigem primeiramente à farmácia, com o objetivo de adquirir o medicamento sem prescrição. Outra situação que pude verificar foi a toma incorreta do antibiótico prescrito.

Dois exemplos que pude vivenciar são descritos de seguida:

• Casal idoso, que me apresenta uma caixa vazia de Azitromicina ToLife® 500 mg, 3

comprimidos. Senhor refere que “está com muita tosse” e pede “os comprimidos iguais aos que o médico prescreveu à mulher, que na altura lhe fizeram muito bem”. • Senhor, cerca de 40 anos. Traz consigo uma receita médica de Ciprofloxacina 500 mg, que diz ser para o “irmão, que vai ser operado”. No entanto, referiu que tem “dúvidas que ele tome mais do que um comprimido”, perguntando ainda se “podia tomar juntamente com álcool”.

Estas situações demonstram a falta de informação da população relativamente ao uso adequado do antibiótico. Desta forma, decidi realizar um questionário, online e na Farmácia Vitália, e ainda distribuir um panfleto onde pretendo alertar sobre as resistências aos antibióticos e o que fazer para as diminuir. Estas atividades foram integradas na “Semana Mundial para a Sensibilização sobre o Antibiótico”, de 14 a 20 de novembro, que inclui o Dia Europeu do Antibiótico, celebrado a 18 de novembro.

(36)

VERÓNICA VIEIRA 22 O farmacêutico comunitário tem o dever cívico e moral de promover o uso correto do medicamento.

3.2 Introdução

3.2.1 Dia Europeu do Antibiótico

O Dia Europeu do Antibiótico é uma iniciativa do European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC), que se celebra no dia 18 de novembro, ao qual Portugal adere todos os anos. Foi criado com o objetivo de chamar a atenção para a importância do uso correto do antibiótico e diminuir o seu consumo desnecessário, incentivando as pessoas a seguir estritamente as instruções do médico (35).

A um nível global, a WHO (World Health Organization) promove a “Semana Mundial para a Sensibilização sobre o Antibiótico”, que este ano se celebra de 14 a 20 de novembro. A campanha, denominada “Antibióticos: Utilize com Cuidado”(Figura 2) tem como objetivo encorajar todos os estados membros, estudantes e profissionais de saúde, bem como o publico em geral, a aumentar o alerta sobre as resistências a antibióticos (36).

Figura 2- Logótipo da campanha “Antibióticos: Utilize com Cuidado”, da WHO. (Retirado de (37))

3.2.2 O uso do antibiótico

Os antibióticos são considerados uma das formas de terapia com maior sucesso na história da medicina. É de conhecimento geral que contribuíram significativamente para a diminuição da mortalidade e da morbilidade, através do controlo de doenças infeciosas (38). Ao contrário do que se pensa, o seu uso é muito anterior à denominada “Era do Antibiótico”.

Foram descobertos vestígios de tetraciclinas em esqueletos humanos datados dos anos 350 e 500 DC (Depois de Cristo), na região da Núbia. A sua presença apenas é explicada pela exposição, através da dieta, de materiais que possuíssem este antibiótico (39). Outro exemplo foi encontrado num estudo histológico a um fémur, datado do período

(37)

VERÓNICA VIEIRA 23 Romano, encontrado no Oásis de Dakhleh, Egipto (40). É possível inferir que a ingestão de tetraciclinas teve um papel protetor nestas populações, uma vez que a taxa de infeções documentada é muito diminuída (38).

Com a investigação de Paul Ehrlich, que culminou na descoberta de arsfenamina, que curava a sífilis, começou a “Era do Antibiótico” (41). Seguiu-se Alexander Fleming, em 1928, com a descoberta acidental de um fungo que tinha propriedades antimicrobianas, o Penicillium notatum. Com o inicio da 2ª Guerra Mundial surgiu a grande demanda por antibióticos. O enorme volume de emergências médicas levou à produção de penicilina, em 1945, que era 20 vezes mais eficaz que o seu protótipo de 1939. Fleming, juntamente com outros dois cientistas, Florey e Chain, receberam o prémio Nobel em 1945 pelo seu enorme contributo para a medicina (41, 42).

Nos 20 anos seguintes foram descobertas várias classes de antibióticos, no entanto, a partir dos anos 80 observou-se uma considerável diminuição (41).

Entre 2000 e 2010, o consumo mundial de antibióticos subiu cerca de 30%. Este aumento deve-se, principalmente, a países como a India e a África do Sul, onde a maioria dos medicamentos é vendida sem prescrição médica. Outro problema prende-se com o aumento do uso na criação de animais (43).

Na Figura 3 pode-se observar o número de doses utilizadas, por 1000 pessoas, em vários países do mundo.

Figura 3 – Número de doses de antibiótico utilizadas, em cada 1000 pessoas, em diferentes países (Adaptada de (43))

Portugal manteve-se, durante muitos anos, acima da média europeia no que concerne à utilização de antibióticos pela comunidade. Em 2012, e de acordo com o sistema europeu de monitorização ESAC-Net (European Surveillance of Antimicrobial Consumption Network), Portugal ocupava a nona posição, entre 30 países europeus, com

Referências

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