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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE CIÊNCIAS MÉDICAS E DA SAÚDE Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde. CESAR ROBERTO PINHEIRO. VIOLÊNCIA NO NAMORO: Relações entre traços de personalidade, estresse, distorções cognitivas e práticas parentais. São Bernardo do Campo 2019.

(2) 1. Cesar Roberto Pinheiro. VIOLÊNCIA NO NAMORO: relações entre traços de personalidade, estresse, distorções cognitivas e práticas parentais. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Psicologia. Orientador: Prof. Dr. Antônio de Pádua Serafim.. Área de Concentração: Psicologia da Saúde. São Bernardo do Campo 2019.

(3) 2.

(4) 3. FICHA CATALOGRÁFICA Pinheiro, Cesar Roberto P655v Violência no namoro: relações entre traços de personalidade, estresse, distorções cognitivas e práticas parentais / César Roberto Pinheiro. 2019. 144 f. Tese (Doutorado em Psicologia da Saúde) – Escola de Ciências Médicas e da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2018. Orientação de: Antonio de Pádua Serafim. 1. Violência contra a mulher 2.Neuroticismo 3. Estresse psicológico 4. Dissonância cognitiva 5. Poder familiar I. Título CDD 157.9.

(5) 4. A tese de doutorado sob o título: “Violência no namoro: relações entre traços de personalidade, estresse, distorções cognitivas e práticas parentais” foi elaborada por Cesar Roberto Pinheiro, sendo apresentada em 13 de fevereiro de 2019, perante banca examinadora composta pelos seguintes membros: Prof. Dr. Antônio de Pádua Serafim (Presidente/UMESP), Prof.ª. Dra. Marilda Emmanuel Novaes Lipp (Titular/PUC-Campinas), Profa. Dra. Cristina Castanho de Almeida Rocca (Titular/IPQ HCFMUSP), Profa. Dra. Miria Benincasa Gomes (Titular/UMESP), Profa. Dra. Hilda Rosa Capelão Avoglia (Titular/UMESP).. Prof. Dr. Antônio de Pádua Serafim Orientador e Presidente da Banca Examinadora. Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Daúde. Programa: Pós-graduação Stricto Sensu Área de concentração: Psicologia da Saúde Nível: Doutorado Linha de Pesquisa: Saúde, Violência e Adaptação Humana.

(6) 5. Dedico esta tese à minha família, em especial à minha esposa, aos meus filhos e filha, que foram mananciais nos momentos de deserto e celebraram comigo nos tempos de vitória..

(7) 6. AGRADECIMENTOS. À minha esposa e aos meus filhos, que me incentivaram desde a gestação deste trabalho e que ternamente compreenderam quando de minha ausência, necessária à conclusão deste trabalho.. Ao querido Prof. Dr. Antônio de Pádua Serafim, por sua inestimável orientação; por não gerar amarras, mas proporcionar autonomia na construção deste texto.. À Prof.ª Dra. Miria Benincasa Gomes e à Prof.ª Dra. Hilda Rosa Capelo Avoglia, pelas significativas contribuições, por ocasião de meu exame de qualificação.. Agradeço às queridas alunas (meu trio preferido!) da graduação do curso de Psicologia, Tamara Souza, Ingrid Diniz Bellot e Mariana Sanches, pelo auxílio no lançamento de dados nas planilhas.. Agradeço à Universidade Metodista de São Paulo, na pessoa do reitor, Prof. Dr. Paulo Borges de Campos Junior, pela permissão no aprofundamento e realização deste projeto e na caminhada pelo aperfeiçoamento da pesquisa.. Agradeço à Prof.ª Dra. Maria Geralda Viana Heleno, pelo estímulo ao ingresso no Programa de Pós-graduação em Psicologia da Saúde.. Minha gratidão à querida e eterna Prof.ª Dra. Marilda Emmanuel Novaes Lipp, por me auxiliar nos primeiros passos da pesquisa no mestrado e agora pela sua honrosa participação na banca examinadora.. Agradeço à Prof.ª Dra. Cristina Castanho de Almeida Rocca, pelo aceite e participação na banca examinadora.. Agradeço à secretária Elisangela Castro, por sua indispensável ajuda..

(8) 7. Por fim, agradeço à Vetor Editora, por ceder gratuitamente os formulários para aplicação do NEO FFI – R..

(9) 8. Aqueles que por aí estão atravancando o meu caminho, eles passarão, eu passarinho. Mário Quintana.

(10) 9. RESUMO. Pinheiro, C. R. (2019). Violência no namoro: relações entre traços de personalidade, estresse, distorções cognitivas e práticas parentais. (Tese de Doutorado, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, Brasil).. Este estudo teve como objetivo verificar se traços de personalidade, práticas parentais, distorções cognitivas e estresse estão associados à aceitação de violência em pessoas envolvidas em relações de namoro. Colaboraram com esta pesquisa 311 participantes, 228 mulheres e 83 homens, com idade igual ou superior a 18 anos, estudantes de uma universidade localizada no Grande ABC Paulista. Para a coleta de dados, foram utilizados: Questionário sociodemográfico, Inventário de personalidade cinco fatores revisado (NEO FFI - R), Escala de distorções cognitivas (EDC), Escala de exigência e responsividade (EER), Escala de ansiedade, depressão e estresse (EADS) e a Escala de aceitação de violência no namoro (EAVN). Os principais resultados das análises descritivas e correlacionais indicaram que 42,12% dos participantes apresentaram elevado nível de estresse (severo e extremamente severo) e, particularmente, as mulheres apresentaram níveis mais elevados de estresse. Verificou-se que o neuroticismo esteve positivamente associado ao alto nível de estresse, indicando que quanto maior o escore de neuroticismo, mais elevado o nível de estresse. Os dados também revelaram correlação positiva entre parentalidade autoritária materna e paterna com aceitação de violência no namoro. Quanto às distorções cognitivas, os maiores índices são dos domínios auto culpa e preocupação com o perigo, sendo que, dentre estes, as distorções mais mencionadas respectivamente são “Culpar-se a si mesmo por alguma coisa, mesmo que provavelmente a culpa não tenha sido sua” e “Pensar o pior quando alguém quer lhe falar alguma coisa”. No que tange à variável violência no namoro, encontrou-se correlação positiva com neuroticismo, indicando que quanto maior o escore deste, maior a probabilidade de aceitação de violência nos relacionamentos.. Palavras-chave: violência no namoro; neuroticismo; práticas parentais; distorções cognitivas; estresse..

(11) 10. ABSTRACT. Pinheiro, C.R. (2019). Violence during the dating period: relationship between personality traces, stress, cognitive distortions and parental practices. (Doctoral Thesis, Methodist University of São Paulo, São Bernardo do Campo, Brasil).. The objective of this study was to verify if personality traits, parental practices, cognitive distortions and stress are associated with the acceptance of violence in people involved in dating. The research had 311 participants as collaborators, 228 women and 83 men, aged 18 or up, being students in a University from Grande ABC Paulista. To collect data, Socio-demographic questionnaires, Five factors revised personality inventory (FFRPI), Cognitive distortions scale (CDE), Exigency and responsiveness scale (EES), Depression, anxiety and stress scale (DASS) and Scale of Violence Acceptance during the dating period (SVAD) were applied. The principal results of descriptive and co-relational analyses appointed that 42,12% of participants presented high levels of stress (severe and extremely severe). Particularly, women presented higher levels of stress. Verified that neuroticism was certainly linked to high stress levels, indicating that the higher score of neuroticism, the higher the level of stress. The data collected also revealed a real correlation between parental authoritarian behavior, both paternal and maternal with violence acceptance during the dating period. As for cognitive distortions the highest scores are related to self-guilt and preoccupation with the dangers associated with this behavior. Among them, the more mentioned distortions are, respectively, “To blame yourself for something, even when you probably were not guilty” and “Imagine the worst when somebody wants to tell you something”. In respect to variable scores of violence during the dating period, it was found a real correlation with neuroticism, indicating that the higher score of neuroticism, the higher the probability of violence acceptance in relationships.. KEY WORDS: Violence during the dating period, neuroticism, parental practices, cognitive distortions, stress..

(12) 11.

(13) 12. RESUMEN. Pinheiro, C. R. (2019). Violencia en el noviazgo: relaciones entre rasgos de personalidad, estrés, distorsiones cognitivas y estilos educativos parentales. (Tesis de doctorado, Universidad Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, Brasil).. Este estudio tuvo como objetivo verificar si rasgos de personalidad, estilos educativos parentales, distorsiones cognitivas y estrés están asociados a la aceptación de violencia en las personas involucradas en relaciones de noviazgo. Colaboraron con esta investigación 311 participantes, 228 mujeres y 83 hombres, con edad igual o superior a 18 años, estudiantes de una universidad ubicada en el Grande ABC Paulista. Para medir las variables los instrumentos elegidos fueron: Cuestionario sociodemográfico, Inventario de personalidad cinco factores - revisado (NEO FFI - R), Escala de exigencia y responsividad (EER), Escala de distorsiones cognitivas (EDC), Escala de ansiedad, depresión y estrés (EADS) y la Escala de aceptación de violencia en el noviazgo (EAVN). Los principales resultados de los análisis descriptivos y correlacionales indicaron que 42,12% de los participantes presentaron un elevado nivel de estrés (severo y extremadamente severo). En particular, las mujeres presentaron niveles más altos de estrés. Se verificó que el neuroticismo estuvo positivamente asociado al alto nivel de estrés, indicando que cuanto mayor el score de neuroticismo, más elevado el nivel de estrés. Los datos también revelaron correlación positiva entre parentalidad autoritaria materna y paterna con aceptación de violencia en el noviazgo. En cuanto a las distorsiones cognitivas los mayores índices son de los dominios auto culpa y preocupación con el peligro, siendo que entre éstos las distorsiones más mencionadas respectivamente son "Culparse a sí mismo por alguna cosa, aunque probablemente la culpa no haya sido suya" y "Pensar lo peor cuando alguien quiere hablarle algo". En lo que se refiere a la variable violencia en el noviazgo se encontró correlación positiva con el neuroticismo, indicando que cuanto mayor sea el score de éste, mayor es la probabilidad de aceptación de violencia en las relaciones.. Palabras clave: violencia en el noviazgo; neuroticismo; estilos educativos parentales; distorsiones cognitivas; estrés..

(14) 13.

(15) 14. SUMÁRIO. Apresentação............................................................................................................18 I – REVISÃO CONCEITUAL E PROBLEMÁTICA.....................................................20 I.1 – REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA...................................................39 I.1.1. Violência no namoro: breve histórico...................................................39 I.1.2 Substâncias psicoativas..........................................................................40 I.1.3 Coerção sexual.........................................................................................41 I.1.4 Ideação suicida.........................................................................................42 I.1.5 Estilos parentais.......................................................................................43 I.1.6 Transtornos psicológicos.......................................................................44 I.1.7 Gênero.......................................................................................................45 I.1.8 Influência do contexto.............................................................................46 I.1.9 Assédio.....................................................................................................47 I.1.10 Violência legitimada..............................................................................48 I.1.11 Neuroticismo..........................................................................................48 I.2.ESTRESSE.........................................................................................................51 I.3. TRAÇOS DE PERSONALIDADE......................................................................52 I.4. DISTORÇÕES COGNITIVAS.............................................................................56 I.5. PRÁTICAS PARENTAIS....................................................................................58 I.6. PROBLEMA DE PESQUISA..............................................................................60 I.7. OBJETIVO GERAL............................................................................................62 I.7.1 Objetivos Específicos..............................................................................62 I.8. HIPÓTESES.......................................................................................................63 II – MÉTODO..............................................................................................................65 II.1. Participantes..............................................................................................65 II.2. Local e Ambiente.......................................................................................68 II.3. Instrumentos.............................................................................................68 II.3.1. Questionário Sociodemográfico (ANEXO V).......................................68 II.3.2. Escala de Ansiedade, Depressão e Estresse (ANEXO VI).................68 II.3.3. Inventário de Personalidade Cinco Fatores Revisado.......................70 II.3.4. Escala de Distorções Cognitivas – EDC – (Anexo VI)........................70 II.3.5. Escala de Aceitação da Violência no Namoro – EAVN (ANEXO VII)...71 II.3.6. Escala de Exigência e Responsividade – EER (ANEXO VIII).............72.

(16) 15. II.4. Procedimentos..........................................................................................74 II.5. Descrição da análise dos dados..............................................................75 II.6. Aspectos Éticos.........................................................................................76 III – RESULTADOS....................................................................................................77 III.1. Práticas Parentais....................................................................................77 III.1.1. Diferença dos escores de percepção das práticas parentais quanto ao gênero..........................................................................................................77 III.1.2. Diferenças entre os escores de percepção materna e paterna..................................................................................................................78 III.1.3. Diferenças entre as variáveis dependentes em relação as práticas parentais maternas e paternas.......................................................................78 III.1.4. Diferenças entre as variáveis dependentes em relação aos estilos parentais: autoritário e autoritativo................................................................79 III.2. Traços de Personalidade.........................................................................80 III.2.1. Diferenças entre os traços de personalidade quanto ao gênero...................................................................................................................80 III. 3. Diferença entre as variáveis dependentes quanto ao gênero.............80 IV – DISCUSSÃO.......................................................................................................83 V – CONCLUSÃO......................................................................................................98 VI – REFERÊNCIAS................................................................................................102 VII – ANEXOS..........................................................................................................123 ANEXO I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)................123 ANEXO II - Solicitação para realização da Pesquisa na Instituição.............125 ANEXO III - Termo de Autorização da Instituição...........................................126 ANEXO IV – Parecer consubstanciado do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).................................................................................................................127 ANEXO V - Escala de Ansiedade, Depressão e Estresse – EADS...............131 ANEXO VI – Escala de Distorções Cognitivas – EDC.....................................133 ANEXO VII – Escala de Aceitação da Violência no Namoro...........................132 ANEXO VII – Escala de Exigência e Responsividade – EER........................135 VIII. APENDICES.....................................................................................................140 APÊNDICE I – Questionário Sociodemográfico............................................140.

(17) 16. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Características e resultados dos 45 artigos incluídos nesta revisão sistemática ...............................................................................................................23 Tabela 2 – Características gerais dos participantes.............................................66 Tabela 3 – Valores das variáveis na Escala de Ansiedade, Depressão e Estresse ........................................................................................................................69 Tabela 4 – Comportamentos Parentais: Percepção quanto ao gênero...............77 Tabela 5 – Comportamentos Parentais: Diferenças quanto à tendência central..............................................................................................................................78 Tabela 6 – Comportamentos parentais maternos e variáveis dependentes.......78 Tabela 7 – Comportamentos parentais paternos e variáveis dependentes........79 Tabela 8 – Comportamentos parentais maternos e variáveis dependentes.......79 Tabela 9 – Comportamentos parentais paternos e variáveis dependentes........79 Tabela 10 – Big Five: Teste de hipóteses quanto ao gênero...............................80 Tabela 11 – Teste de correlação das variáveis com estresse..............................81 Tabela 12 – Teste de correlação das variáveis com aceitação de violência......81 Tabela 13 – Teste de correlação das variáveis com distorções cognitivas.........................82 Tabela 14 - Níveis de Estresse a partir da EADS....................................................94.

(18) 17. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Representação da Revisão sistemática de literatura realizada para o presente estudo........................................................................................................21 Figura 2 - Esquema de Práticas Parentais.............................................................. 59 Figura 3 - Representação do fluxo das questões levantadas neste estudo e divisão de trabalho...................................................................................................61 Figura 4 - Representação do modelo a ser testado neste estudo........................64 Figura 5 – Heatmap: Correlação de Spearman......................................................82 Figura 6 – Nível de neuroticismo na amostra........................................................95.

(19) 18. Apresentação Been many days Couldn't take The pain Felt like I should take My life away See it everyday In every other Young sisters face (Young sister, sister) See'em cryin' out Life full of doubt Runnin' in the streets No self esteem Thinkin' that Use to be me What a shame! (Garrett, Blige, Aries, Jackson, & Morgan, 2005). A violência entre parceiros, quer seja conjugal em suas nuances (casamento civil, no qual há uma relação maritalmente constituída ou união estável, em que os parceiros coabitam) ou durante o namoro é amplamente reconhecida pela literatura científica (Martins A. P., 2017). Já no início do presente século, tanto a Associação Americana de Psicologia (APA) quanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontavam a necessidade de estudos etiológicos da violência, dado que naquele momento histórico a violência entre parceiros íntimos foi reconhecida como fator de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais. De acordo com os dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada) e do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), publicados no Atlas da Violência 2018 (Cerqueira, et al., 2018), em média ocorreram 606 casos de violência doméstica e 164 estupros por dia no Brasil no ano de 2017 - isso somente entre os relatados. Adiciona-se a este quadro uma série de estudos indicando que a violência entre cônjuges inicia durante o namoro, tendendo a produzir um padrão relacional ao longo do ciclo vital (Straus, 2004; Strauss & Savage, 2005; Chan, Straus, Brownridge, Tiwari, & Leung, 2008; Straus & Mattingly, 2008; Teten, Ball, Valle, Noonan, & Rosenbluth, 2009). De acordo com Flake (2013), a respeito dos significativos índices apontados em mais de 200 estudos desde 1980, o elevado risco de violência entre parceiros íntimos durante o namoro na maioria das vezes não é reconhecido em toda a sua extensão..

(20) 19. Nesse sentido, quanto mais variáveis relacionadas ao tema forem objeto de estudo, maior e melhor será a compreensão do fenômeno em si, visto que a fase do namoro marca o início de relacionamentos afetivo-sexuais, os quais podem vir a concretizar estruturas familiares funcionais ou disfuncionais. O presente estudo objetivou investigar a violência em relações de namoro de estudantes universitários. A violência entre este público apresenta-se como um significativo problema social (Couto, 2013), pelo qual se intencionou investigar como essa variável relaciona-se com fatores que, segundo a literatura científica, podem ser preditores de comportamentos violentos: o neuroticismo, o estresse, as distorções cognitivas e as práticas parentais. De acordo com Cristóvão (2012), estudos sobre a violência no namoro objetivam compreender a etiologia dos comportamentos violentos nas relações afetivas, considerando-se inúmeras variáveis que examinam agressores e vítimas na tentativa de elucidar o problema. Pesquisas com tal perspectiva (Matos, 2006; Saavedra & Machado, 2012; Almeida, 2007) posicionam-se entre os modelos de cunho preventivo, particularmente, das ocorrências de tal prática, a qual pode ser definida como socialmente desestruturante, causando estresse, sofrimento e perdas às pessoas e aos seus respectivos núcleos familiares. A seguir, será apresentada uma revisão de literatura sobre violência no namoro e as variáveis relacionadas, a qual sustentou teoricamente o presente estudo. Dessa forma, será abordada sobre a estratégia de busca da literatura e a revisão propriamente dita. Especificamente sobre o estresse, serão enfocados o conceito e a distinção entre fontes internas e externas de estresse. Quanto à variável neuroticismo, ela será descrita a partir da Teoria dos Cinco Fatores (Cloninger, 2003). Em seguida, apresenta-se a variável distorção cognitiva, proposta por Beck, Rush, Shaw e Emery (1997). Finalizando a parte teórica, será destacado o impacto das práticas parentais (Baumrind, 1991) no desenvolvimento competente ou não do ser humano, além da apresentação da problemática e dos objetivos do presente estudo..

(21) 20. I – REVISÃO CONCEITUAL E PROBLEMÁTICA Trentini e Paim (1999) afirmam que durante a realização de uma revisão de literatura é fundamental uma seleção criteriosa pertinente ao problema pesquisado. Isso significa ter familiaridade com os textos e, através deles, reconhecer os autores, além do que produziram anteriormente sobre o problema estudado. A revisão de literatura abrange parte significativa da introdução do projeto e, deste modo, a fundamentação teórica sob a qual a lógica da pesquisa está sendo estruturada. Echer (2001) destaca que a revisão de literatura não descarta nenhum texto que trate da questão estudada até o delinear do seu tema de pesquisa. Na medida em que avança na revisão, o pesquisador desenvolve um senso mais seletivo e aprofunda suas buscas. Antes de apresentar a revisão propriamente dita, faz-se necessário um breve comentário sobre os descritores utilizados nas buscas. Em cada um dos bancos utilizados inicialmente foi realizada uma consulta dos termos na língua portuguesa, porém, resultou em um número mínimo de artigos. Por exemplo: ao utilizar a variável violência no namoro associada a estudantes universitários no banco BVS, foram encontrados somente 4 artigos. Em língua inglesa, no mesmo banco, utilizando os termos dating violence and university students, foram encontrados 128 artigos. O mesmo processo foi reproduzido com os outros descritores e resultado semelhante foi encontrado. Do ponto de vista deste estudo, tal dado torna-se relevante, visto que na língua materna da pesquisa há pouca produção científica sobre o referido tema. Na realização desta revisão foram consultadas as seguintes bases de indexação para pesquisa: Biblioteca Virtual em Saúde (Portal de Pesquisa da BVS), PUBMED e PSYCNET (APA). Ao utilizar os descritores dating violence and university students, na base BVS foram encontrados 128 artigos, na base PUBMED 626 e na PSYCNET 36. Em consulta posterior, tais descritores foram substituídos por dating violence e cognitive distortions, os quais, na BVS, foram localizados 2 artigos, na PUBMED, 1, e na PSYCNET, nenhum..

(22) 21. Num terceiro momento, foram utilizados os descritores “dating violence” e “personality traits”, os quais, na BVS, localizou-se 16 artigos, na PUBMED, nenhum, e na PSYCNET, 1 artigo. Na próxima etapa, foram introduzidos os descritores “dating violence” e “parenting styles”, mas não foram encontrados artigos em nenhum dos três indexadores. Na mesma direção, substituiu-se os termos “parenting styles” por “parenting practice” e, na BVS, foram localizados 4 artigos, porém, na PUBMED e na PSYCNET, não foram localizados artigos. Finalmente, os termos “estresse” e “dating violence” foram utilizados, o que obteve, na BVS, 127 artigos, na PUBMED, 18 e na PSYCNET, 8.. Dating violence and university students. Dating violence and cognitive distortions. Dating violence and personality traits. Dating violence and parenting styles. Dating violence and parenting practices. Dating violence and stress. PSYCNET (APA). 45 Figura 1. Representação da Revisão sistemática de literatura realizada para o presente estudo. Após feita a análise dos títulos e resumos, levando-se em conta critérios de inclusão e exclusão, bem como o objetivo desta pesquisa, foram selecionados 45 artigos para esta revisão. As publicações selecionadas foram analisadas com relação à autoria, ano de publicação,. periódico,. base. de. dados,. participantes/público-alvo,. instrumentos/procedimentos, foco de análise, principais resultados e discussão. Considerando os dados apresentados na Tabela 1, a seguir, os artigos foram.

(23) 22. agrupados em categorias, a saber: substâncias psicoativas; coerção sexual; ideação suicida; estilos parentais; transtornos psicológicos; gênero; influência do contexto; assédio; legitimação da violência e traços de personalidade..

(24) Tabela 1 – Categorias elaboradas a partir dos 45 artigos incluídos nesta revisão sistemática No.. 1.. Categorias. Autor (ano). Substâncias. Lysova e. psicoativas. Hines (2008). Objetivo. Verificar associação entre a violência do parceiro íntimo e o uso excessivo do álcool. Investigar a associação da violência 2.. Substâncias psicoativas. Ávila (2013). entre parceiros íntimos e consumo de substâncias (álcool e drogas) entre estudantes universitários.. Participantes 500. Resultados/Discussão. estudantes. universitários. russos. (290 mulheres e 211 homens). O estudo aponta que as mulheres têm perpetrado mais a violência contra seus parceiros íntimos; e as associações entre consumo excessivo de álcool e violência com o parceiro são mais significativas entre as mulheres.. 311 sujeitos de idades (239 mulheres e 72 homens). Quanto ao consumo de álcool e outras drogas, verificou-se a sua relação com a violência na intimidade e identificou-se um conjunto sólido de indivíduos adeptos destes consumos.. Homens apresentaram um maior consumo de drogas, ficando entre níveis moderado e severo,. 3.. Substâncias psicoativas. Saldivia & Vizcarra (2012). Averiguar relação entre o abuso de drogas e violência no namoro. 205 participantes (81. quando comparados com mulheres. Levando-se. homens. 123. em conta as variáveis sociodemográficas, homens. mulheres) estudantes. exercem mais a violência em relação às mulheres.. universitários do sul do. Os resultados mostram uma relação significativa e. Chile. direta entre o abuso de drogas e violência no. e. namoro..

(25) 24. No.. Categorias. Autor (ano). Objetivo. Participantes. Resultados/Discussão. Investigar (via preenchimento de. 842 pacientes entre 14. formulário digital) a prevalência e os. e. correlatos de violência no namoro. buscaram atendimento. (vitimização ou agressão) com uso. de emergência dentro. abusivo de álcool.. de uma universidade.. Vijay Singh, Quyen Epstein-Ngo, Rebecca M. Cunningham, 4.. Substâncias. Sarah A.. psicoativas. Stoddard, Stephen T. Chermack,. 20. anos. que. Verificou-se que 842 pacientes que procuraram o serviço de emergência testaram positivo para abuso de álcool. Destes, 188 relataram violência no namoro no ano anterior.. and Maureen A. Walton (2015) Avaliar a prevalência e os correlatos. 5.. Substâncias psicoativas. Umana,. de violência do parceiro íntimo, em. Fawole, e. estudantes de graduação e pós-. Adeoye (2014). graduação do sexo feminino em uma instituição terciária.. Desenvolver uma escala que meça a. 6.. Coerção sexual. González e Méndez, (2009). coerção sexual e estudar a relação entre. estratégias. detectadas. na. de. escala,. coerção tipo. de. compromisso do casal e a violência física e sexual.. 1.255 mulheres, sendo. Averiguaram que as estudantes que fumavam,. 1.100 estudantes de. consumiam álcool ou tinham um histórico de. graduação e 155 de. violência. pós-graduação,. probabilidade de sofrer violência, do que as. (Universidade. de. interpreta,. estudantes. não. apresentaram. expostas. a. maior. estes. Ibadan - Nigéria).. comportamentos.. 175 universitários, 79. Identificou-se. mulheres e 96 homens. (manter a pressão, mesmo diante da negativa do. em. parceiro); culpabilização (sugere algum tipo de. relacionamentos. heterossexuais. três. componentes:. insistência. com. problema com o parceiro) e chantagem emocional. de. (não demonstrar carinho para com o parceiro). O. duração (M = 2.70. mesmo estudo aponta uma correlação elevada. anos),. entre violência sexual e violência física. Assim,. certo. tempo. e. atividade.

(26) 25. sexual que incluía a. metade das mulheres que sofrem violência sexual. penetração.. também sofrem violência física, porém somente um. quarto das. que sofrem física relatam. penetração forçada. No.. 7.. Categorias. Coerção sexual. Autor (ano). Paiva e Figueiredo (2005). Objetivo. Participantes. Verificar o abuso no relacionamento íntimo. entre. estudantes. universitários.. 318. estudantes. universitários,. 8.. Coerção. Antunes. sexual. (2016). sendo. 147 homens e 171 mulheres. 523. Estudar. Resultados/Discussão. a. violência. nos. relacionamentos em jovens adultos num contexto universitário.. estudantes. ensino. Verificou-se que a agressão psicológica é a forma de abuso mais prevalente. Os homens perpetram mais coerção sexual, mas são mais vítimas de abuso físico com sequelas do que as mulheres.. do. universitário. Observou-se. que. uma. das. formas. mais. (410 mulheres e 103. prevalentes de abuso entre homens e mulheres é. homens). a coerção sexual, sendo que os homens tendem. com. uma. média de 25 anos de. mais a perpetrá-la.. idade.. 9.. Ideação suicida. Examinar. a. prevalência. e. os. correlatos. de ideação suicida e. Verificou-se correlação significativa entre violência. Chan, Tiwari,. violência por parceiro de namoro em. 651. Leung, Ho, e. um. universitários. Cerulli (2007). universitários em três universidades. grupo. de. 651. estudantes. estudantes (Hong. Kong). de Hong Kong.. 10.. Ideação suicida. WolfordClevenger, et al (2015). mostraram que 55% das pessoas com ideação suicida tinham um histórico de violência. Além disso, 39% das pessoas que cometiam violência apresentaram histórico de ideação suicida.. Examinar a prevalência e correlatos de ideação suicida em. física do parceiro e ideação suicida. Os resultados. homens. 22% da amostra relatou ideação suicida nas duas 294 homens. semanas anteriores à entrada no programa de intervenção..

(27) 26. participantes de um programa de intervenção para agressores.. No.. Categorias. Autor (ano) Chan, Straus,. 11.. Ideação. Brownridge,. suicida. Tiwari e Leung (2008). Objetivo. Participantes. Avaliar a prevalência da agressão física, coerção sexual e ideação suicida em estudantes universitários. Compreender as atitudes dos jovens face à violência no namoro e a forma 12.. Estilos parentais. Moura (2012). como os estilos parentais percebidos por. eles. influenciar. podem a. condicionar. forma. como. e. estes. toleram e legitimam a violência.. 16.000. Resultados/Discussão. estudantes. Verificou-se que, a partir de uma análise de. universitários (de 21. correlação, tanto perpetradores quanto vítimas de. locais em 22 diferentes. agressão. países).. ideação suicida.. A. amostra. constituída. por. é. física. Observou. que. apresentaram. quanto. mais. aumento. na. autoritários. e. 221. permissivos são os pais mais elevados são os. jovens (121 mulheres e. níveis de legitimação e tolerância com relação à. 100. com. violência no namoro. Por outro lado, verificou-se. idades compreendidas. que quanto mais os pais são autoritativos menores. entre os 12 e os 16. são os níveis de aceitação e legitimação da. anos de idade.. violência.. homens). Analisar a evolução desta temática violência no namoro na literatura 13.. Estilos. Fernandes. científica, além de descrever e refletir. Revisão de. parentais. (2013). sobre os vários fatores por detrás. Literatura. Observou-se que a violência parental se configura como um dos principais fatores de risco para a violência no namoro.. deste tipo de violência.. Analisar 14.. associações. entre. as. 551. jovens. Estilos. Barbosa. experiências adversas precoces, os. mulheres. parentais. (2014). níveis inferiores de segurança na. homens) entre os 18 e. vinculação. os 30 anos. romântica. e. os. e. (345 206. Verificou-se. que. as. experiências. adversas. precoces (abuso, maltrato, negligência, violência doméstica, a perda ou separação de figuras significativas ou estar sob o cuidado de pessoas com um grau de psicopatologia considerável).

(28) 27. comportamentos. violentos. na. estão associadas a comportamentos violentos nas. intimidade dos jovens.. No.. Categorias. Autor (ano). relações de intimidade.. Objetivo. Participantes. Resultados/Discussão. Verificar a relação do comportamento. 15.. Estilos. Fritz, Slep e. parentais. O’Leary (2012). violento na família de origem e a violência no relacionamento com. Encontrou-se que filhos vitimizados pelo pai ou 453 participantes.. parceiro íntimo.. mãe tornam-se um preditor significativo de violência com parceiro íntimo.. Examinar em uma amostra aleatória estratificada. 16.. de. estudantes. Vázquez,. universitárias vítimas de violência,. Estilos. Torres, Otero,. física, emocional e sexual, sofrida em. parentais. Blanco, e. algum momento de suas vidas e no. López (2010). último ano, tanto na vida pública. 1043. estudantes. Presenciar. maus. tratos. na. infância. ou. universitárias. adolescência apresenta-se como um fator de risco. espanholas.. associado à violência contra a mulher.. quanto na vida privada, não se limitando à violência do parceiro.. Examinar. a. prevalência. da. vitimização física e psicológica em. 17.. Estilos. Lehrer, Lehrer. parentais. & Zhao (2012). estudantes, bem como os contextos em que ocorreu a violência física. Investigar. a. prevalência. de. testemunhar a violência interparental durante a infância.. Estudantes universitários,. sendo. 484 mulheres e 466 homens.. Foi encontrada alta prevalência de violência física e psicológica no namoro, associada à violência interparental testemunhada durante a infância..

(29) 28. No.. Categorias. Autor (ano). Objetivo. Participantes. Aproximadamente. Instituto 18.. Estilos. Mexicano de. parentais. la juventud. Verificar a presença de violência nas relações de namoro.. 7. Dentre a enorme quantidade de dados, entre os. milhões de jovens que. antecedentes de violência, verificou que 21.3%. estiveram. um. dos jovens entrevistados relataram que sofreram. de. algum tipo de insulto na infância. Dentre eles, 55%. em. relacionamento. (2008). Resultados/Discussão. namoro em 2007.. habitavam áreas urbanas e 45% áreas rurais.. Verificar os efeitos da negligência na infância, manifestos na idade adulta, além. de. fornecer. informações. preliminares sobre até que ponto o comportamento negligente ocorre em diferentes contextos sociais. Além disso, examinar a relação do nível de 19.. Estilos. Straus e. parentais. Savage (2005). violência. em. um. determinado. contexto social e da negligência experimentada na infância com a manifestação de violêcia com um parceiro de namoro.. 9069. estudantes. universitários em 17. Evidenciou-se que a negligência parental é um. países (6 na Europa, 2. alto fator de risco para violência no namoro.. na América do Norte, 2. Comportamentos. na América Latina, 5. experimentados. na Ásia, 1 na Austrália. probabilidade de agressão ao parceiro de namoro.. e 1 na Nova Zelândia).. parentais na. infância. negligentes aumentam. a.

(30) 29. No.. Categorias. Autor (ano). Objetivo. Participantes. Resultados/Discussão. Examinar a relação entre a saúde no. 20.. Bonomi,. final da adolescência e a experiência. Anderson,. de violência física/ sexual e não-física. Transtornos. Nemeth,. no. namoro,. psicológicos. Rivara, e. violência. Buettner. relevantes para os adolescentes de. (2013). hoje (por exemplo, assédio via e-mail. no. incluindo namoro. tipos que. de são. Constatou-se que mulheres vítimas de violência 585 participantes.. no namoro, quando comparadas a mulheres não vitimadas, tiveram o risco aumentado para sintomas depressivos e transtornos alimentares. e mensagens de texto). Verificou-se que a violência no namoro entre Ackard,. 21.. Transtornos psicológicos. Eisenberg e NeumarkSztainer (2007). adolescentes está associada a uma maior Avaliar o impacto a longo prazo da violência. do. namoro. adolescentes. na. entre saúde. comportamental e psicológica.. 671 participantes sexo masculino e 720 do sexo feminino.. probabilidade de problemas de saúde e ao aumento. do. comportamental. risco e. de. comprometimento. psicológico. em. jovens,. particularmente adolescentes do sexo feminino. A violência no namoro também está associada a sintomas depressivos e tentativas de suicídio.. Transtornos 22.. Psicológicos. Mechanic,. Explorar entre mulheres vítimas de. Weaver, e. agressão, as múltiplas formas de. perseguição contribuem na predição de sintomas. violência. com. de TEPT e depressão. Os resultados destacam a. transtorno de estresse pós-traumático. importância de examinar as múltiplas dimensões. (TEPT) e depressão.. de abuso dos parceiros íntimos.. Resick (2008). e. sua. relação. 413 participantes.. Verificou-se que o abuso psicológico e a.

(31) 30. No.. Categorias. Autor (ano). Objetivo. Participantes. Resultados/Discussão 7,4% das participantes relataram ter vivenciado pelo menos um tipo de VBG. Para mulheres. Avaliar a associação entre violência. 23.. Transtornos. Rees, et al.. psicológicos. (2011). baseada. em. gênero. (VBG). transtorno mental, sua gravidade, comorbidades. e. expostas a 3 ou 4 tipos de VBG, as taxas de. e 1.218 mulheres.. funcionamento. transtornos. mentais. foram. de. 77,3%. para. transtornos de ansiedade, 52,5 % para transtorno do humor, 47,1% para transtorno por uso de. psicossocial entre mulheres.. substâncias, 56,2% para TEPT e 34,7% para tentativas de suicídio. Estudos sobre simetria de gênero vêm questionar as. Elaborar uma revisão de literatura. 24.. Gênero. Casimiro (2008). referente ao debate científico em torno da simetria e assimetria de gênero. da. violência. no. perspectivas. mais. tradicionais. sobre. a. violência, as quais tendem a afirmar (baseando-se Revisão de. no empirismo) que homens são mais violentos que. Literatura. as mulheres. Além disso, sugere que, no âmbito da conjugalidade (união civil, união estável e nas. relacionamento.. relações de namoro) existe uma simetria na violência (com predomínio da violência feminina).. Analisar casos de agressão física. Gênero 25.. Straus e Ramirez (2007). Entre os resultados obtidos, verificou-se que. contra parceiros de namoro por meio de quatro amostras de estudantes universitários, em cidades do México e dos Estados Unidos.. 1446 casos.. quando apenas um dos parceiros era violento, a probabilidade era duas vezes maior de que este fosse do sexo feminino..

(32) 31. No.. Categorias. Autor (ano). Objetivo. Participantes. Investigar, a partir das narrativas de 26.. Gênero. Ataíde (2015). duas. jovens. universitárias,. Constatou-se que ainda existe assimetria de poder. o. 2 participantes.. fenômeno da violência nas relações. intercultural,. em favor do homem, resultante de práticas sociais que fomentam a desigualdade de gênero.. de namoro.. Pesquisa. Resultados/Discussão. cujo. instrumento, “Revised Conflict Tactics Scale”, foi utilizado para avaliar a 27.. Gênero. Aldrighi (2004). Verificou que 78,6% das agressões físicas de. frequência e o padrão da violência entre. casais,. bem. como. para. 455 estudantes. maior severidade são práticas mútuas entre. universitários.. homens e mulheres, indicando, portanto, simetria. examinar os tipos de negociação de. de gênero.. conflito e os efeitos das diferenças socioculturais. na. etiologia. da. violência no namoro.. Examinar as taxas de violência do Lysova e 28.. Gênero. Douglas (2008). O estudo relata altas taxas de prevalência de. parceiro íntimo (VPI), levando-se em. 338. conta quatro tipos de conflito íntimo:. russos,. (a) agressão física, (b) lesão física, (c). diferentes. Tanto homens quanto mulheres apresentaram a. agressão psicológica, e (d) coação. universidades.. mesma. sexual.. universitários de. quatro. quatro tipos de violência (agressão física, lesão física, coerção sexual e agressão psicológica).. probabilidade. de. ser. perpetrador(a) de ações violentas.. vítima. e.

(33) 32. No.. 29.. Categorias. Gênero. Autor (ano). Díaz, et al. (2013). Objetivo. Participantes. Resultados/Discussão. 169 alunas do curso de. Os pesquisadores analisaram que 1 em cada 5. Verificar violência de gênero entre. Enfermagem. da. participantes sofreram violência física. 9% foram. estudantes universitárias.. Universidade. de. abusadas sexualmente, bem como apresentaram. Oviedo – Espanha.. maior atraso na ruptura da relação (13,2 meses versus 3,6 meses).. Influência do contexto. Examinar os efeitos individuais e Sabina (2013). nacionais da privação econômica na violência. entre. universitários.. os. estudantes. Três. hipóteses. principais foram testadas: (1) se a 30.. privação. econômica. em. nível. individual está associada à violência, (2) se a renda nacional bruta está associada às taxas de violência entre os países e (3) se a associação entre privação econômica individual e violência entre parceiros varia de acordo com o contexto econômico nacional medido pela renda nacional bruta.. Verificou-se 14.090 participantes de 31 nações (estudantes universitários).. que. indivíduos. economicamente. desfavorecidos experimentam mais violência do seu parceiro. Além disso, aqueles que vivem em países mais pobres experimentam mais violência do parceiro, independentemente da privação econômica..

(34) 33. No.. Categorias. Autor (ano). Objetivo. Participantes. Resultados/Discussão. Analisar a evolução da temática 31.. Influência do. Fernandes. (violência no namoro) na literatura. Revisão de. contexto. (2013). científica, além de descrever e refletir. Literatura. Dentre os principais fatores de violência no namoro. estão. os. baixos. recursos. socioeconômicos e demográficos. sobre os vários fatores por detrás desse tipo de violência.. A variável cultura é significativa na compreensão da violência entre casais de namorados. Foram identificadas,. 32.. parceiro. 100 estudantes (19%. os. homens. violência. Influência do. Torres e. estudantes universitários e em que. mulheres),. da. contexto. Cortiñas. medida se relacionam com o bem-. Universidade. de. (2014). estar psicológico dos mesmos. Além. Granada. disso. Melilla).. analisado. se. entre. de. Mohand,. é. do. atitudes. existem. diferenças dependendo do grupo cultural de pertencimento.. da. Escala. de. à origem cultural e gênero. Mulheres de origem. frequência com que ocorrem certos e. partir. Relacionamento do Casal, diferenças em relação. Desenvolver um estudo descritivo da. comportamentos. a. e. 81%. de. (Campus. europeia apresentaram uma pontuação mais elevada quando comparada com as amazigh (população do norte da África, principalmente Argélia e Marrocos) no que diz respeito ao relato de desconforto em seus relacionamentos. A hipótese do estudo é a de que esse resultado se deve ao tipo de educação obtida no seio da família, visto que na cultura amazigh situações relacionadas à vida conjugal são consideradas um tabu, especialmente para as mulheres, de modo que estas são ensinadas a não discutirem isso com ninguém..

(35) 34. No.. Categorias. Autor (ano). Objetivo. Participantes. Resultados/Discussão Percebeu-se a violência psicológica como a forma. 33.. Influência do contexto. Póo e. Verificar a percepção dos estudantes. Vizcarra. universitários sobre violência com o. (2008). mais prevalente de agressão e reconheceu-se a bidirecionalidade e as diferenças de gênero nas 36 estudantes.. parceiro íntimo.. manifestações da violência, e atribuiu-se a origem e a manutenção da violência a fatores individuais e não culturais e sociais.. 57% da amostra relatou ter sofrido violência. Estimar a magnitude da violência por parceiro. 34.. Influência do contexto. Larrañaga e Figueroa (2010). íntimo. em. psicológica e 26% violência física. Os fatores. estudantes. universitários na Região Sul do Chile,. 447 universitários. descrevendo as formas pelas quais. (230 homens e 217. se manifesta, os fatores de risco. mulheres).. associados, as consequências e as. (2011). favoráveis. à. As variáveis associadas à violência psicológica. à. violência. e. maior. tempo. de. Cerca de metade dos participantes (de ambos os sexos) já vivenciaram um episódio de assédio,. tanto para quem assedia quanto para Assédio. atitudes. relacionamento entre os parceiros.. Determinar a experiência de assédio,. 35.. recebida,. violência e baixa participação religiosa.. favoráveis. ela.. quem. psicológica. foram: sexo, violência física recebida, atitudes. estratégias utilizadas para lidar com. Ohnishi, et al.. associados à violência física foram: sexo, violência. é. assediado. e. o. reconhecimento do assédio como violência do parceiro íntimo entre estudantes universitários japoneses.. 274 universitários japoneses.. seja como quem o pratica ou como destinatário. No entanto, os participantes do estudo não reconheceram como violência o assédio verbal, o controle das atividades do parceiro íntimo e relações sexuais desprotegidas..

(36) 35. No.. 36.. Categorias. Assédio. Autor (ano). Espelage e Holt (2007). Objetivo. Participantes. 684. estudantes. Resultados/Discussão. do. Examinar associações entre bullying,. ensino fundamental e. vitimização de pares, assédio sexual. médio.. violência. experiências durante. adolescência. a. com. a. infância. e. (violência. namoro moderadas estão associadas às vítimas de bullying e ao relato de maiores níveis de ansiedade e depressão.. e violência no namoro.. Examinar. Experiências de assédio sexual e violência no. parental,. exposição à violência íntima com. Gagné, 37.. Assédio. Lavoie, e Hébert (2005). parceiro, abuso sexual dentro e fora. 622. da família, assédio sexual na escola,. (idade média de 16,3. Os resultados sugerem que as experiências de. violência. o. anos) pertencentes a 5. violência extrafamiliares são fatores de risco mais. envolvimento com parceiros violentos. escolas localizadas em. significativos para a violência juvenil entre. ou vítimas de violência e experiência. áreas de médio e baixo. parceiros do que as experiências intrafamiliares,. violenta prévia entre o casal) como. nível socioeconômico. especialmente o fato de ter sido assediada. potenciais fatores de risco para a. de Montreal e Quebec. sexualmente na escola por meninos.. revitimização psicológica, física ou. (Canadá).. sexual. na. nas. comunidade,. relações. adolescentes e seus parceiros.. entre. adolescentes.

(37) 36. No.. Categorias. Autor (ano). Objetivo. Participantes. Resultados/Discussão Quanto à questão da legitimação da violência no. Analisar as representações sociais da. 38.. Violência. Vasconcelos. legitimada. (2014). violência. entre. parceiros. namoro, encontrou-se uma baixa legitimação da. íntimos. 340 estudantes. numa amostra de estudantes de. violência nas relações íntimas, embora os sujeitos. universitários.. saúde, serviço social e militares, com. do. 39.. Violência legitimada. Richards, e Dretsch (2013). em. comportamentos. tenham. apresentado. amostra feminina.. Examinar a amostra quanto à sua disposição. masculino. justificativas para violência, comparativamente à. especial enfoque na variável “sexo”.. Branch,. sexo. denunciar. 275 estudantes. violentos. universitários. observados no namoro entre seus. 54% afirmaram que relatariam sobre as pessoas vitimizadas aos funcionários da universidade e 38% denunciariam os perpetradores da violência.. (calouros).. É importante ressaltar que 87% tentariam intervir. amigos.. na vitimização e perpetração da violência. 700. estudantes. pertencentes. a. três. universidades chilenas. 40.. Violência legitimada. Infante e. Através. Quiroga. verificar os mitos que legitimam a. de. violência.. Universidad. de. Valparaíso. e. (1997). de. estudo. quantitativo. (Universidad. Católica. Constatou-se que os homens tendem a não se. Valparaíso,. responsabilizar pela violência exercida, atribuindo. Universidade de Playa Ancha).. a culpa da agressão à parceira, por provocá-lo..

(38) 37. No.. Categorias. Autor (ano). Objetivo. Participantes. Resultados/Discussão. Verificou uma certa propensão do grupo a concordar com a afirmação “quando a mulher usa roupa curta ou apertada deseja ser assediada”. Saldívar, 41.. Violência. Ramos, e. legitimada. Saltijeral (2004). Estudo de validação de constructo e. 300 estudantes (40%. Outro aspecto significativo apontado na pesquisa. da confiabilidade das escalas de. masculino. 60%. diz respeito ao fator culpabilidade, o qual implica. Aceitação de Violência e de Mitos de. feminino). da. na sustentação da crença de que mulheres. Violação.. Universidade. estupradas merecem tal ataque porque se. Autônoma do México.. comportaram de forma inadequada. O fator. e. invulnerabilidade. também. foi. significativo. indicando a razão pela qual o homem pode estuprar mulheres.. A pesquisa aponta que maridos e esposas que apresentaram índices mais altos de neuroticismo no início do casamento envolveram-se em. Estudo longitudinal em casais com. 42.. Neuroticismo. Hellmuth e. relato de efeitos do neuroticismo na. McNulty. perpetração da violência íntima ao. (2008). longo dos primeiros quatro anos de casamento.. violência íntima. Também demonstra que na 169 casais.. medida em que o casal desenvolveu habilidades mais eficazes para resolver problemas ou níveis mais. baixos. significativamente. de. estresse. menos. tornaram-se. propensos. envolverem em violência íntima.. a. se.

(39) 38. No.. Categorias. Autor (ano). Objetivo. Participantes. Os resultados confirmaram a hipótese de que. Daspe,. 43.. Neuroticismo. Sabourin,. Examinar. Godbout,. neuroticismo e coerção sexual de. Lussier e. homens com mulheres.. a. associação. níveis mais altos de neuroticismo masculino. entre 299 casais.. Hammett, 44.. Neuroticismo. O’Neal, Lydston, e Aramburo (2016). predizem níveis mais altos de coerção sexual perpetrada por homens, enquanto níveis baixos a moderados de neuroticismo predizem níveis mais. Hébert (2015) Ulloa,. Resultados/Discussão. baixos de coerção sexual cometida por homens. Examinar a associação entre os cinco grandes traços de personalidade e a perpetração. de. violência. pelo. parceiro íntimo e vitimização entre. 2,876 homens e 4,311. Neuroticismo foi uma das cinco dimensões que. mulheres, com idade. emergiu como fator de risco associado à violência. entre 25 e 34 anos.. pelo parceiro íntimo.. homens e mulheres. Determinar os efeitos de traços de. 45.. Neuroticismo. Ongun e Barlas (2017). personalidade. de. estudantes. universitários no abuso percebido em. Não descrito no artigo.. Verificou-se uma correlação entre neuroticismo e abuso percebido.. seus relacionamentos românticos.. Diante dos resultados apresentados na Tabela 1, faz-se necessário o aprofundamento do material encontrado visando uma melhor compreensão do tema estudado. Esse aprofundamento será apresentado de forma mais elaborada a seguir, no item I.1.1 da revisão sistemática de literatura..

(40) I.1 – REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA I.1.1. Violência no namoro: breve histórico Once upon a time there was a girl In her early years she had to learn How to grow up living in a war that she called home Never knew just where to turn for shelter from the storm It hurt me to see the pain across my mother's face Every time my father's fist would put her in her place Hearing all the yelling I would cry up in my room Hoping it would be over soon (Aguilera & Perry, 2002). É fato que o tema da violência tem ocupado espaços relevantes no meio científico. Estudos recentes dedicaram sua atenção às práticas de violência no namoro (Price & Byers, 1999). Tal dedicação ao tema se deve, segundo Matos (2006), ao seu cariz preditivo de relações conjugais violentas. Isto não significa que os estudos sobre esta variável sejam de fácil execução. Pesquisar sobre violência no namoro apresenta uma série de dificuldades: definir o constructo violência no namoro, acessar o público-alvo e a precária produção acadêmica sobre o tema no Brasil. Segundo Flake (2013), foi somente a partir dos anos 80 que estudos sobre violência ampliaram seu campo da violência conjugal para a violência no namoro, referenciada na literatura como dating violence ou courtship violence. Por exemplo, Henton, Cate, Koval, Lloyd, e Christopher (1983) investigaram a presença ou não de violência entre 644 estudantes do ensino médio. Os resultados mostraram que 78 estudantes tinham experimentado algum tipo de violência em seus relacionamentos. Outro pioneiro nessa temática foi Makepeace (1981), o qual conduziu uma investigação a respeito da natureza e prevalência da violência no namoro. Como resultado obteve indicativos de que um em cada cinco estudantes universitários experimentaram pelo menos um incidente de abuso físico em seus relacionamentos de namoro. Em complemento, 61% da amostra informou conhecer alguém pessoalmente que experimentou violência no namoro. Para Makepeace, a violência no namoro é tão desenfreada quanto no relacionamento conjugal. Entre outros, os estudos de Arias e Beach (1987) definiram violência no namoro como o emprego de pequenas táticas de violência (por exemplo, lançar alguma coisa,.

(41) 40. empurrar, agarrar) e das principais táticas de violência (por exemplo, chutar, bater). O'keeffe, Brockopp, e Chew (1986) também incluíram ameaças verbais em sua definição operacional de agressão no namoro. Esta maior abrangência permitiu que estudos como o de Smith, White, e Holland (2003) investigassem agressões físicas nas relações de namoro durante o ensino médio e a agressão sexual decorrente desta no ambiente universitário. Mulheres vítimas de violência no ensino médio apresentaram maior risco de vitimização durante seu primeiro ano de universidade. Já Muñoz-Rivas, Graña, O'Leary, e González (2007), também pesquisando agressões físicas e psicológicas em relações de namoro entre jovens universitários espanhóis, verificaram que a violência psicológica (presença de agressão verbal, comportamento coercitivos e ciumentos) e a agressão física foram significativamente maiores para mulheres. A contraposição desses estudos indica a complexidade do tema. Além disso, esta ampliação de campo tornou-se também um indicativo para a criação de novos instrumentos. Em estudo de validação do DQV (Dating Violence Questionnaire) feito com 418 estudantes universitários, Preshaghi, Franca, Rodriguez-Franco, e Curcio, (2015) verificaram a relação entre psicoticismo e neuroticismo e violência sexual. Humilhação e violência física estão correlacionadas com psicoticismo. Levando-se em conta este breve histórico, pode-se afirmar que um estudo que pretenda abordar a questão da violência no namoro não pode desconsiderar as variáveis que estão associadas, visto que elas podem fornecer indicadores, fatores de riscos, preditores e principalmente elementos para uma cultura preventiva. Dessa forma, a seguir são apresentados os artigos selecionados para esta revisão, distribuídos em categorias conforme Tabela 1.. I.1.2 Substâncias psicoativas. Lysova e Hines, 2008, utilizando-se de uma amostra de 500 estudantes universitários russos (nos quais 58% eram mulheres), procuraram verificar a associação entre a violência do parceiro íntimo e o uso excessivo do álcool. O estudo aponta que mais mulheres têm perpetrado a violência contra seu parceiro íntimo; e as associações entre consumo excessivo de álcool e violência com o parceiro são mais significativas entre as mulheres. Além disso, comportamentos antissociais foram.

(42) 41. significativamente relacionados ao consumo excessivo de álcool e à perpetração da violência com o parceiro íntimo tanto em homens quanto em mulheres. Ávila (2013) verificou numa amostra de estudantes de ensino superior que o uso de álcool constitui um fator de risco para vitimização de agressão psicológica e sua perpetração, além do abuso físico sem sequelas e com sequelas. Saldivia e Vizcarra (2012) estudaram a relação entre o abuso de drogas e violência no namoro entre 205 (81 homens e 123 mulheres) estudantes do sul do Chile. Homens apresentaram um maior consumo de drogas, ficando entre níveis moderado e severo, quando comparados com mulheres. Levando-se em conta as variáveis sociodemográficas, homens exercem mais a violência em relação às mulheres. Os resultados mostram uma relação significativa e direta entre o abuso de drogas e violência no namoro. Singh, et al (2015) verificaram que 842 pacientes, entre 14 e 20 anos, que procuraram um serviço de emergência, testaram positivo para abuso de álcool. Destes, 188 relataram violência no namoro no ano anterior. Umana, Fawole, e Adeoye (2014), em uma coleta de dados junto à Universidade de Ibadan (Nigéria), com 1.255 mulheres, sendo 1.100 estudantes de graduação e 155 de pós-graduação, averiguaram que as estudantes que fumavam, consumiam álcool ou tinham um histórico de violência interparental apresentaram maior probabilidade de sofrer violência do que as estudantes não expostas a esses comportamentos.. I.1.3 Coerção sexual. Outra variável significativa relacionada à violência no namoro é a coerção sexual. Em estudo sobre táticas de coerção sexual, realizado por González e Méndez (2009), foram revelados três componentes: insistência (manter a pressão, mesmo diante da negativa do parceiro); culpabilização (sugerir algum tipo de problema com o parceiro) e chantagem emocional (deixar de demonstrar carinho para com o parceiro, aparentando tristeza ou seriedade). Esse mesmo estudo aponta uma correlação elevada entre violência sexual e violência física. Assim, metade das mulheres que sofrem violência sexual sofrem violência física, porém somente um quarto das que sofrem violência física relatam penetração forçada..

(43) 42. Em estudo sobre abuso no relacionamento íntimo entre estudantes universitários, Paiva e Figueiredo (2005) verificaram que a agressão psicológica é a forma de abuso mais prevalente. Os homens perpetram mais coerção sexual, mas são mais vítimas de abuso físico com sequelas do que as mulheres. Antunes (2016), em estudo com 523 estudantes do ensino universitário, com uma média de 25 anos de idade, observou que a agressão psicológica é a forma de abuso que prevalece entre homens e mulheres, seguida do abuso físico e, por último, da coerção sexual, sendo que, nesse quesito, os homens tendem a perpetrar mais a coerção sexual.. I.1.4 Ideação suicida. Chan, Tiwari, Leung, Ho, e Cerulli (2007) apontam significativa correlação entre violência física do parceiro e ideação suicida. O trabalho deles foi realizado com 651 estudantes universitários de Hong Kong e os resultados mostraram que 55% das pessoas com ideação suicida tinham um histórico de violência. Cabe ressaltar a respeito desse trabalho que 39% das pessoas que cometiam violência tinham uma história de ideação suicida. Em nova pesquisa, Chan, Straus, Brownridge, Tiwari, e Leung (2008), avaliando a prevalência da agressão física, coerção sexual e ideação suicida numa amostra de 16.000 estudantes universitários, de 21 locais em 22 diferentes países, verificaram a partir de uma análise de correlação que tanto perpetradores quanto vítimas de agressão física apresentaram aumento na ideação suicida. Poucos estudos examinaram a prevalência e os correlatos da ideação suicida em homens. Wolford-Clevenger, et al (2015), em estudo transversal examinaram a prevalência e os correlatos da ideação suicida em 294 homens encaminhados por ordem de tribunal para um programa de intervenção para agressores. 22% da amostra relatou ter tido ideação suicida nas duas semanas anteriores à entrada no programa de intervenção para agressores. Os resultados sugerem que os sintomas de depressão e transtorno de personalidade borderline observados em homens que participam de programas de intervenção para agressores justificam uma avaliação completa do risco de suicídio..

(44) 43. I.1.5 Estilos parentais. Levando-se em conta a variável estilos parentais, Moura (2012) observa que quanto mais autoritários e permissivos são os pais mais elevados são os níveis de legitimação e tolerância com relação a violência no namoro. Por outro lado, verificouse que quanto mais os pais são autoritativos menores são os níveis de aceitação e legitimação da violência. De acordo com Fernandes (2013) em revisão de literatura, a violência parental configura-se como um dos principais fatores de risco para a violência no namoro. Outra variável associada a estilos parentais é a de comportamento negligente. De acordo com estudo feito por Straus e Savage (2005) com estudantes universitários em 17 países (6 na Europa, 2 na América do Norte, 2 na América Latina, 5 na Ásia, 1 na Austrália e 1 na Nova Zelândia) evidenciou-se que a negligência parental é um alto fator de risco para violência no namoro. Comportamentos parentais negligentes experimentados na infância aumentam a probabilidade de agressão ao parceiro de namoro. Barbosa (2014) verificou em estudo uma associação entre as experiências adversas precoces (abuso, maus tratos, negligência, violência doméstica, a perda ou separação de figuras significativas, estar sob o cuidado de pessoas com um grau de psicopatologia considerável) estão associadas à qualidade da vinculação romântica (Teoria de Bowlby a qual propõe a reprodução dos vínculos com a figura de cuidado nas relações adulta) e aos comportamentos violentos nas relações de intimidade. O'Leary, Fritz, e Slep (2012) em estudo sobre a relação do comportamento violento na família de origem e violência no relacionamento com parceiro íntimo, verificaram que, filhos vitimizados pelo pai ou mãe tornam-se um preditor significativo de violência com parceiro íntimo. Presenciar maus tratos na infância ou adolescência apresenta-se como um fator de risco associado a violência contra a mulher (Vázquez, Torres, Otero, Blanco, & López, 2010). Em análise comparativa entre estudantes universitários (n= 484 mulheres, 466 homens) de cursos de educação no Chile, Lehrer, Lehrer e Zhao (2012) encontraram alta prevalência de violência física e psicológica no namoro, associada a violência interparental testemunhada durante a infância..

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