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Estilo de vida e expectativa de vida livre de incapacidade funcional da população idosa no Brasil em 2013

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Estilo de vida e expectativa de vida livre de incapacidade funcional da população idosa no Brasil em 2013¹

Natália Martins Arruda¹, Luciana Correia Alves²

¹1 Departamento de Demografia, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” – NEPO, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

² Mestrado em Demografia, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

Resumo

O objetivo deste estudo é estimar e analisar a expectativa de vida livre de incapacidade funcional (EVLI) na população idosa brasileira por sexo considerando o índice de massa corporal (IMC) e os fatores de estilo de vida como o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas com uma certa frequência em 2013. Os dados foram retirados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). A incapacidade funcional foi avaliada por meio da dificuldade em realizar pelo menos uma atividade básica de vida diária (ABVD). A expectativa de vida livre de incapacidade funcional em idosos abaixo do peso (IMC <23 kg / m²), normal (23 ≤ IMC <28 kg / m²), sobrepeso (28 ≤ IMC <30 kg / m²), obesidade (IMC≥30 kg / m²), o estado de tabagismo (fumante ou não) e o consumo de álcool não bebe ou bebe com alguma frequência) foi calculada pelo método Sullivan (1971).O excesso de peso e a obesidade têm um grande efeito sobre a expectativa de vida sem incapacidade funcional. As mulheres com excesso de peso e obesas vivem mais com incapacidade do que os homens. As mulheres na idade de 60 anos esperam viver 69,6% livre de incapacidade funcional dos 23 anos totais de expectativa de vida que ainda esperariam viver. Entre os homens, na idade de 60 anos, o impacto é um pouco menor, com 77,9% dos anos livre de incapacidade funcional em relação aos 19,9 anos de expectativa de vida total. Entre os homens, o tabagismo diminui os anos vividos sem incapacidade funcional. O tempo médio de vida livre de incapacidade para homens de 60 anos foi de 16,8 anos comparado a 23,4 em mulheres com a mesma idade. As mulheres têm

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menor expectativa de vida livre incapacidade do que os homens quando se considera o consumo de álcool. O comportamento saudável está associado à sobrevivência e a forma como os idosos vivem os restantes anos de vida.

Palavras-chave: expectativa de vida, saúde do idoso, imc , estilo de vida, idoso. 1. Introdução

O aumento na população idosa é uma realidade que exige mudanças nas estratégias políticas, econômicas e sociais, de modo a ter uma expectativa de vida saudável, minimizando as deficiências físicas ou necessidades de cuidados especiais (Souza et al, 2016).

O estilo de vida tem sido objeto de estudo nos últimos anos, principalmente no contexto da longevidade e do envelhecimento (Souza et al, 2016). As mudanças rápidas na ingestão nutricional da população que ocorreram no Brasil nas últimas décadas resultaram em um aumento na prevalência de obesidade (Popkin et al, 2012). Nas últimas três décadas, as taxas de obesidade no Brasil triplicaram entre os homens e quase dobraram entre as mulheres (Monteiro et al., 2004).

A obesidade tem sido associada a maior prevalência de incapacidade em estudos transversais e longitudinais (Snih et al., 2007; Vincent et al., 2010). Esta associação positiva foi encontrada entre adultos de idade média e mais velha. Por exemplo, os adultos mais velhos nos Estados Unidos que ganham peso ao longo do tempo têm maior incidência de limitações de mobilidade do que aqueles que mantêm seu peso (Snih et al., 2007; Vincent et al., 2010).

Alguns estudos mostraram que fatores de estilo de vida como tabagismo e consumo de álcool podem prever a mortalidade em idosos (Halme et al., 2010; Ruigomez et al., 1995). Por exemplo, o risco de morte aumenta quando se bebe mais que duas doses por dia na semana (24g de álcool) entre os homens (Halme et al., 2010). Em relação ao tabagismo, o estudo de Ruigomez et al (1995) mostrou que fumar aumentava em quase 4 vezes o risco de morte quando comparado a quem nunca havia fumado.

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O estudo de incapacidade funcional na faixa etária de mais de 60 anos é importante, dado o contexto atual do envelhecimento da população e uma crescente prevalência de obesidade. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi analisar a expectativa de vida livre de incapacidade funcional dos idosos brasileiros por sexo considerando fatores de estilo de vida como o Índice de Massa Corporal (IMC), tabagismo e consumo de álcool no Brasil em 2013.

2. Material e Métodos

Este estudo foi desenvolvido com base em dados fornecidos pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) em 2013 e pelas tábuas de vida do IBGE (2013). A PNS é uma pesquisa transversal de entrevistas domiciliares com cobertura nacional.

Estimou-se a expectativa de vida sem incapacidade para a população idosa brasileira em 2013 com base na construção de tábuas de vida que combinaram a mortalidade e a prevalência de incapacidade funcional estratificada por medidas antropométrica (índice de massa corporal), tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas.

A incapacidade funcional foi avaliada como dificuldade em realizar pelo menos das atividades básicas de vida diária(AVD). A expectativa de vida livre de incapacidade em idosos abaixo do peso (IMC <23 kg / m²), eutróficos (23 ≤ IMC <28 kg / m²), sobrepeso (28 ≤ IMC <30 kg / m²), obesidade (IMC≥30 kg / m²), o tabagismo (fumante ou não) e o consumo de bebidas alcoólicas (não bebe ou bebe com alguma frequência) foi calculado utilizando o método proposto por Sullivan (Sullivan, 1971).

3. Resultados e Discussão

A Tabela 1 mostra que dentre as faixas do índice de massa corporal, a obesidade é que mais impacta na expectativa de vida livre de incapacidade funcional tanto para homens quanto para mulheres. As mulheres na idade de 60 anos

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esperam viver 69,6% livre de incapacidade funcional dos 23 anos totais de expectativa de vida total que ainda esperariam viver. Entre os homens, na idade de 60 anos, o impacto é um pouco menor, com 77,9% dos anos livre de incapacidade funcional em relação aos 19,9 anos de expectativa de vida total. Aos 85 anos, a influência maior do peso sobre a incapacidade ocorre entre os idosos com sobrepeso, com 24,9% entre os homens e 21,6% entre as mulheres.

Para todas as faixas e todas as categorias de peso corporal, as mulheres sofrem uma influência maior sobre sua expectativa de vida livre de incapacidade funcional do que os homens. Esse estudo confirma achados anteriores que afirmaram uma maior vulnerabilidade das mulheres aos efeitos prejudiciais da obesidade (CAO, 2016).

A Tabela 2 mostra os resultados na expectativa de vida livre de incapacidade funcional ao se considerar o consumo de bebidas alcoólicas e do tabagismo. No caso da tabagismo, a influência é maior entre os homens do que nas mulheres até o grupo etário de 80-84 anos. No grupo acima dos 85 anos essa diferença deixa de existir ao se considerar a EVT, ou seja, enquanto que os homens aos 60 anos esperam viver 78,9% dos anos restantes livre de incapacidade funcional e as mulheres na mesma idade esperam viver 89,0% dos anos restantes livre de incapacidade. Ao se atingir os 85 anos, os homens esperam viver dos anos restantes somente 52,6% livre de incapacidade e as mulheres 51,5%.

Em relação ao consumo de álcool, há uma maior influência entre as mulheres comparativamente aos homens, com uma diferença de 16,3 pontos percentuais ao se atingir 80 anos, ou seja, em relação aos homens, ao se atingir 80 anos de idade, espera-se viver 56,8% dos anos restantes livre de incapacidade funcional enquanto as mulheres ao se atingir a mesma idade, esperam viver 40,5% dos anos restantes livre de incapacidade.

O envelhecimento está relacionado ao aumento da massa gorda e há evidências crescentes do impacto prejudicial da obesidade na incapacidade nas coortes mais

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velhas.

Tabela 1 - Expectativa de Vida Total, Expectativa de Vida Livre de Incapacidade e

porcentagem de anos livre de incapacidade funcional entre os idosos no Brasil segundo índice de massa corpórea (IMC), 2013.

Sexo e idade

EVT Baixo peso Eutrófico Sobrepeso Obesidade

EVLI % EVLI % EVLI % EVLI %

Homens 60 19,9 15,8 79,4 16,5 83,1 15,8 79,8 15,5 77,9 65 16,4 12,5 76,4 13,2 80,1 12,5 76,1 12,1 73,9 70 13,3 9,4 70,9 10,0 75,3 9,2 69,5 9,6 72,3 75 10,5 6,8 64,2 7,3 68,9 6,4 61,0 7,0 66,2 80 8,3 4,5 54,1 4,8 58,1 4,0 48,6 4,7 56,8 85 6,4 2,8 43,3 2,8 42,8 1,6 24,9 2,5 39,0 Mulheres 60 23,4 18,7 79,8 18,2 77,9 17,1 73,1 16,3 69,6 65 19,5 14,8 75,7 14,5 74,4 13,3 68,2 12,8 65,5 70 15,9 11,3 71,3 10,9 68,6 9,6 60,2 9,4 59,4 75 12,6 8,0 63,3 7,8 61,7 6,6 52,1 6,5 51,2 80 9,8 4,8 48,4 4,9 49,5 3,5 35,5 4,0 40,5 85 7,7 2,2 29,2 2,1 28,0 1,7 21,6 1,8 23,3

Fonte: PNS, IBGE. EVT: Expectativa de Vida Total. EVLI: Expectativa de vida livre de incapacidade funcional. 2013

Tabela 2 - Expectativa de Vida Total, Expectativa de Vida Livre de Incapacidade

Funcional e porcentagem de anos livre de incapacidade funcional entre os idosos no Brasil segundo tabagismo e consumo de bebida alcoólica, 2013.

Sexo e idade EVT Tabagismo Consumo de bebidas alcoólicas

EVLI % EVLI % Homens 60 19,9 15,7 78,9 17,3 87,1 65 16,4 12,4 75,7 13,9 84,4 70 13,3 9,4 71,2 10,9 81,8 75 10,5 6,7 63,9 8,0 76,2 80 8,3 4,1 49,3 5,8 69,6

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85 6,4 3,4 52,6 3,6 56,1 Mulheres 60 23,4 20,8 89,0 19,3 82,4 65 19,5 17,1 87,9 15,6 80,1 70 15,9 13,5 85,0 12,0 75,5 75 12,6 10,2 80,8 9,0 71,5 80 9,8 7,1 71,9 5,8 58,8 85 7,7 3,9 51,5 2,5 31,7

Fonte: PNS, IBGE. EVT: Expectativa de Vida Total. EVLI: Expectativa de vida livre de incapacidade funcional. 2013

4. Referências Bibliográficas

ANDRADE, F.C.D; NAZAN, A.I.N; LEBRÃO, M.L; DUARTE, Y.A.O. The impact of body mass index and mortality in brazilian older adults. Journal of Aging Research, vol. 2013.

CAO, B.; Future healthy life expectancy among older adults in the US: a forecast based on cohort smoking and obesity history. Population Health Metrics. Vol. 14, no. 23, p. 1-14, 2016.

HALME J.T.; SEPPA K.; ALHO H.;, POIKOLANEN K.; PIRKOLA S.; AALTO M. Alcohol consumption and all-cause mortality among elderly in Finland. Drug Alcohol Depend 2010;106:212-8.

RUIGOMEZ A.; ALONSO J.; ANTO J.M. Relationship of health behaviours to five-year mortality in an elderly cohort. Age Ageing 1995;24:113-9.

SNIH, S.A.; GRAHAM, J. E.; YONG-FANG, K.; GOODWIN, J.S.; MARKIDES, K.S.; OTTENBACHER, K.J. Obesity and Disability: Relation Among Older Adults Living in Latin American and the Caribbean. American Journal of Epidemiology. Vol. 171, No 12, p. 1282–1288, 2010.

SOUZA, M.A.H.; PORTO, E.F.; SOUZA, E.L.; SILVA, K.I. Perfil do estilo de vida de longevos. Rev . Bras . Geriatr . Gerontol, vol. 19, no. 5, p.819-826, 2016.

VINCENT, H.K.; VINCENT, K.R.; LAMB, K.M.; Obesity and mobility disability in the older adult. Obesity reviews. vol. 11, p. 568–579, 2010.

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