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GAECO Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado Promotoria de Defesa do Patrimônio Público

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Academic year: 2021

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GAECO – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado Promotoria de Defesa do Patrimônio Público

______________________________________________________________________________________________ Rua Capitão Pedro Rufino, nº. 605, Jardim Europa, CEP 86015-700 – Fone/fax (43) 3372-9200 – Londrina-PR

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR RELATOR DA 2ª CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ, por seus agentes adiante firmados, no exercício de suas atribuições, por delegação do Exmo. Sr. Procurador-Geral de Justiça, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com base no incluso inquérito policial 13/GAECO/2012 nº único 0044500-74.2012.8.16.0014, oferecer denúncia contra

HOMERO BARBOSA NETO, brasileiro, casado, jornalista, filho de Jessé de Lima Barbosa e de Maria Tereza de Moura Barbosa, portador da cédula de identidade RG n.º 9.526.444-1 SSP/PR, inscrito no Cadastro de pessoas físicas – CPF n.º 076.409.028-35, natural de Santa Rita do Passa Quatro/SP, nascido em 19/09/1966, residente e domiciliado na Rua Santiago, n.º 833, bairro Bela Suíça, Londrina;

JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, brasileiro, casado, contador, filho de Joaquim Ribeiro e de Florinda Martins, portador da cédula de identidade RG n.º 457.988-7 SSP/PR, natural de Cornélio Procópio/PR, nascido em 05/10/1943, residente e domiciliado na Rua Deputado Ferrari, n.º 1003, Londrina;

MARCO ANTONIO CITO, brasileiro, casado, sociólogo, filho de Guiseppe Cito e de Sonia Maria Gonçalves, portador da cédula de identidade RG n.º 7.327.227-0 SSP/PR, inscrito no Cadastro de pessoas físicas – CPF n.º 025.142.049-33, natural de Cambará/PR, nascido em 13/08/1979, residente e domiciliado na Rua Paraíba, n.º 450, apartamento 1404, centro, Londrina;

LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, brasileiro, casado, contador, filho de Nelson Mota dos Santos e de Ilda Tavares Mota, portador da cédula

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de identidade RG n.º 4.199.285-9 SSP/PR, inscrito no Cadastro de pessoas físicas – CPF n.º 645.267.399-87, natural de Paranavaí/PR, nascido em 30/05/1967, residente e domiciliado na Rua Antonio Pisicchio, n.º 300, apartamento 1101, bairro Gleba Palhano, Londrina;

KARIN SABEC VIANA, brasileira, casada, professora, filha de João Sabec Filho e de Vera Lucia da Costa Sabec, portadora da cédula de identidade RG nº 3.597.076-2 SSP/PR, inscrita no Cadastro de pessoas físicas – CPF n.º 038.391.066-80, nascida em 22/05/1966, residente e domiciliada na Rua Pio XII, n.º 481, apartamento 13, centro, Londrina;

FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, brasileiro, casado, advogado, filho de Fidélis Canguçu e de Lourdes Soares Canguçu, portador da cédula de identidade n. 6.220.381-1 SSP/PR, nascido em Arapongas, no dia 27/09/1975, residente e domiciliado Av. Curitiba, n.º 246, fundos, na cidade de Apucarana/PR;

FÁBIO PASSOS DE GOES, brasileiro, solteiro, administrador de empresas, filho de José Diógenes Ribeiro de Goes e Giselda Passos de Goes, portador da cédula de identidade RG nº 2.902.762-41/SSP-BA, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF sob nº 615.321.185-20, natural de Rio de Janeiro – RJ, nascido no dia 25/03/1969, residente e domiciliado na Rua das Codornas, nº 14.300, Edifício Mar Grand, apto. 204, Ibuí, Salvador-BA, ou na Rua Parque Luiz Viana, nº 03, Centro, Jequié-BA;

FÁBIO CESAR REALI LEMOS, brasileiro, filho de Rubens Manoel Lemos e de Maria Helena Reali Lemos, portador da cédula de identidade RG n.º 4.401.221-9 SSP/PR, inscrito no Cadastro de pessoas físicas – CPF n.º 608.680.909-72, natural de Natal/RN, nascido em 28/05/1967, residente e domiciliado na Rua Rangel Pestana, n.º 452, apartamento 401, bairro Campo Belo, Londrina;

MARCOS DIVINO RAMOS, brasileiro, convivente, empresário, filho de José Francisco Ramos e de Maria Aparecida Ramos, portador das cédulas de identidade RG n.º 4.900.300-5 SSP/PR e n.º 036.891.772-1 SSP/SP, inscrito no Cadastro de pessoas físicas – CPF n.º 144.467.278-93, natural de Itambaracá/PR, nascido em 26/04/1972, residente e domiciliado na Rua Maranhão, n.º 982, apartamento 111, jardim Santa Paula, na cidade de São Caetano do Sul/SP, atualmente recolhido preso no 4º Distrito Policial de Londrina;

PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA, brasileira, convivente, filha de Maria Aparecida Martoni, portadora da cédula de identidade RG n.º 003.023.369-1 SSP/SP, natural de Santo André/SP, nascida em 15/11/1977, residente e domiciliada na Rua Maranhão, n.º 982, apartamento 111, jardim Santa Paula, na cidade de São Caetano do Sul/SP;

ELIANE ALVES DA SILVA, brasileira, filha de Maria Aparecida Alves Ribeiro, portadora da cédula de identidade RG n.º 2.951.126-3

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SSP/SP, inscrita no Cadastro de pessoas físicas – CPF n.º 283.810.078-52, natural de São Paulo/SP, nascida em 22/03/1979, residente e domiciliada na Rua José Alves Fidalgo, n.º 26, na cidade de São Paulo/SP e endereços comerciais na Rua Amazonas, n.º 439, sala 62, Centro, e na Rua Amazonas, n.º 521, conj. 17, 1º andar, Centro, ambos na cidade de São Caetano do Sul/SP;

JÚLIO MANFREDINI, brasileiro, empresário, filho de Linda Bernardo Manfredini, portador do CPF 653.814.678-34 e do RG 4.895.511 SSP-SP, nascido em 04/01/1952, com endereço comercial na Avenida Angélica, 2.578, 10º ao 12º andar, –Consolação, (11) 3595-9997 ou Fax (11) 3595-9951, ou endereço residencial na Rua Batatais nº 507, ambos em São Paulo-SP;

DANIEL MANFREDINI, brasileiro, empresário, filho de Fátima Aparecida Manfredini, portador do CPF 296.158.738-70 e do RG 23.134.200-7 SSP-SP, nascido em 11/03/1980, com endereço comercial na Avenida Angélica, 2.578, 10º ao 12º andar, –Consolação, (11) 3595-9997 ou Fax (11) 3595-9951, ou endereço residencial na Rua Batatais nº 507, ambos em São Paulo-SP;

WILSON MAKOTO YOSHIDA, brasileiro, casado, empresário, filho de Yoshitaka Yoshida e de Yuriko Yoshida, portador das cédulas de identidade RG n.º 8.845.174-0 SSP/PR e n.º 10.203.646 SSP/SP, inscrito no Cadastro de pessoas físicas – CPF n.º 436.223.649-04, natural de Apucarana/PR, nascido em 13/10/1961, residente e domiciliado na Rua Maria Montessori, n.º 167, jardim Albino Biachi, na cidade de Apucarana/PR;

CRISTINA INUMARU YOSHIDA, brasileira, casada, filha de Yoshico Inumaru e de Issamy Inumaru, portadora da cédula de identidade RG n.º 2.127.358-9 SSP/PR, inscrita no Cadastro de pessoas físicas – CPF n.º 635.301.989-00, natural de Londrina/PR, nascida em 12/10/1962, residente e domiciliada na Rua Maria Montessori, n.º 167, jardim Albino Biachi, na cidade de Apucarana/PR;

JOSÉ LEMES DOS SANTOS, brasileiro, separado, gerente financeiro, filho de Dalico Lemes dos Santos e de Santa Maria de Lemes, portador das cédulas de identidade RG n.º 2.365.137-8 SSP/PR e n.º 2.148.349 SSP/GO, inscrito no Cadastro de pessoas físicas – CPF n.º 033.645.639-50, natural de Faxinal/PR, nascido em 13/07/1965, residente e domiciliado na Rua João Huss, n.º 455, apartamento 1004, bairro Gleba Palhano, Londrina;

PEDRO VICTOR BRESCIANI, brasileiro, casado, contador, filho de Nivando Bresciani e de Maria Aparecida Paulo Bresciani, portador da cédula de identidade RG n.º 6.064.384-9 SSP/PR, inscrito no Cadastro de pessoas físicas – CPF n.º 018.115.699-78, natural de Apucarana/PR, nascido em 25/02/1975, residente e domiciliado na Rua Liberato Noli, n.º 644, Residencial Interlagos, na cidade Apucarana/PR;

CLAUDIANE MANDELLI, brasileira, solteira, filha de Claudio Mandelli e de Elizabete Mandelli, portadora da cédula de identidade RG n.º

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7.219.991-0 SSP/PR, inscrita no Cadastro de pessoas físicas – CPF n.º 027.525.339-26, natural de Apucarana/PR, nascido em 30/08/1979, residente e domiciliada na Rua Cambuí, n.º 71, apartamento 1404, na cidade de Apucarana;

LUIS GUSTAVO MANDELLI, brasileiro, solteiro, comerciante, filho de Cláudio Mandelli e de Elizabete Mandelli, portador da cédula de identidade RG nº 7.821.642-5/PR e inscrito no CPF/MF sob nº 046.590.839-00, natural de Apucarana, nascido no dia 20/12/1980, residente e domiciliado na Rua Cambuí, n.º 71, apartamento 1404, Jardim Menegazzo, na cidade de Apucarana; pela prática dos seguintes fatos delituosos:

Fato 01 – Formação de quadrilha dos particulares

No período compreendido entre os anos de 2009 e 2012, até 28 de agosto deste ano, nos Municípios de Apucarana-PR e São Caetano-SP, os denunciados MARCOS DIVINO RAMOS, PAULINA APARECIDA DUARTE

DE SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, dolosamente, associaram-se em quadrilha, entre

si e com outros indivíduos ainda não identificados, com caráter de estabilidade e permanência e sob a forma de organização criminosa, para o fim de cometerem crimes diversos, sobretudo contra a Administração Pública (notadamente de fraude a licitação, peculato e corrupção ativa), de lavagem de dinheiro e de falsidade documental, com a finalidade de obterem lucros ilícitos provenientes do erário público.

Para a concretização dos referidos delitos, MARCOS DIVINO RAMOS, sua mulher PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA e sua funcionária

ELIANE ALVES DA SILVA, valeram-se das empresas pertencentes (de fato)

ao primeiro, especialmente a SOMAR BR IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE ARTIGOS ESCOLARES LTDA, CDF SUPRIMENTOS EDUCACIONAIS E INDUSTRIAIS LTDA e G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA, além de outras, bem como da empresa CAPRICÓRNIO S/A que era, em alguns lugares, representada por MARCOS, enquanto que, por outro lado, os denunciados WILSON MAKOTO YOSHIDA, sua mulher CRISTINA INUMARU YOSHIDA, JOSÉ LEMES DOS SANTOS,

PEDRO BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, o primeiro na qualidade de

sócio de fato, a segunda na qualidade de sócia de direito, o terceiro na qualidade de responsável pelo setor financeiro, o quarto na qualidade de contador e a quinta na qualidade de secretária e sócia de direito, utilizaram das empresas KRISWILL INDÚSTRIA E COMERCIO DE CONFECCOES E BOLSAS LTDA, EXPRESS INDÚSTRIA DE CONFECCOES LTDA, BYD INDUSTRIA E COMERCIO DE CONFECCOES LTDA e IRIDIUM INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES EIRELI LTDA, além de outras. Da mesma forma, os denunciados JÚLIO MANFREDINI e DANIEL MANFREDINI, proprietários e

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representantes da CAPRICÓRNIO S/A, empregaram tal empresa, que possuía tradição e longevidade no mercado de fornecimento de uniformes para entes públicos, para participar de procedimentos licitatórios fraudulentos, delegando, em muitas ocasiões, a representação da CAPRICÓRNIO para

MARCOS DIVINO RAMOS, com o qual mantinham vínculo associativo, razão

pela qual este, sem prejuízo das empresas de sua propriedade, utilizou-se para a prática das mencionadas fraudes bem como das contratações ilícitas que visavam o desvio de dinheiro público, da empresa CAPRICÓRNIO S/A, eis que representava os interesses da aludida pessoa jurídica junto à região que abrangia o Município de Londrina.

Desse modo, referidos denunciados uniram esforços entre si para a prática de fraudes a licitações e consequentes contratações ilícitas por parte de entes públicos diversos, cooptando, ainda e para tanto, agentes públicos mediante oferta de vantagens indevidas, tudo no escopo de obterem proveito com o desvio de recursos públicos decorrentes de contratações que as empresas de sua propriedade e/ou por eles representadas (e outras dos grupos) conquistassem.

Para alcançar o fim almejado pelo bando, os denunciados MARCOS DIVINO

RAMOS, JÚLIO MANFREDINI e DANIEL MANFREDINI, cujas empresas

possuem sede no Estado de São Paulo, entabularam ajustes com WILSON

MAKOTO YOSHIDA, cujas empresas são localizadas em Apucarana-PR, no

sentido de figurarem, mediante simulação, como concorrentes em certames licitatórios ou em contratações de fornecimento de uniformes e outros materiais escolares por intermédio das empresas pertencentes a todos eles, além de outras que eventualmente fossem ligadas aos seus grupos. Nesta perspectiva, incumbia a MARCOS, inclusive agindo por delegação de JÚLIO

e DANIEL, a função precípua de cooptar, mediante corrupção, agentes

públicos, com o fim de obter a contratação das empresas pertencentes aos denunciados, além de, ainda, fornecer a matéria prima necessária à confecção dos uniformes escolares. O denunciado WILSON, por seu turno, fornecia mão-de-obra à produção dos materiais contratados pelas empresas de MARCOS (G8, CDF e outras) e de JÚLIO e DANIEL (CAPRICÓRNIO) com custos que permitissem elevada lucratividade aos integrantes da quadrilha. Aos demais, PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA,

ELIANE ALVES DA SILVA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI,

além de outras funções, competia a assinatura de propostas, orçamentos e outros documentos fraudulentos, a movimentação e a contabilização dissimulada de valores utilizados para pagar vantagens indevidas a agentes públicos, além de figurarem como sócios em algumas das empresas a fim de ocultar o fato de que pertenciam ao mesmo grupo criminoso.

A fim de viabilizar o cometimento de crimes contra a Administração Pública, especialmente fraudes, corrupções e peculatos, é que o denunciado

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APARECIDA DUARTE DE SOUZA e com sua funcionária ELIANE ALVES DA SILVA, que constituiria empresas em nome de ambas ou mesmo as

integraria ao quadro societário de empresas já constituídas, falsificando, via de consequência, o contrato social de tais pessoas jurídicas em sua integralidade ou a alteração social que previsse a mudança no quadro social das mesmas, tudo com o fim de dissimular a verdadeira propriedade das empresas e permitir que participassem simultaneamente de processos licitatórios perante órgãos variados da Administração Pública. Da mesma forma, o denunciado WILSON MAKOTO YOSHIDA ajustou com sua mulher

CRISTINA INUMARU YOSHIDA, com seu funcionário JOSÉ LEMES DOS SANTOS, responsável pelo setor financeiro das empresas do grupo, com PEDRO VICTOR BRESCIANI, contador das empresas, e com CLAUDIANE MANDELLI, secretária, que falsificaria (ou faria uso, caso a falsificação for

anterior) o contrato social e outros documentos das empresas do grupo de sua propriedade, fazendo constar as pessoas de CRISTINA INUMARU

YOSHIDA, de CLAUDIANE MANDELLI, além de outras pessoas (genitores

de WILSON), como sócias de direito de empresas que, de fato, são de

WILSON, a fim de dissimular a verdadeira propriedade das empresas e

permitir que participassem simultaneamente de processos licitatórios perante órgãos variados da Administração Pública. Por seu turno, JÚLIO

MANFREDINI e DANIEL MANFREDINI, embora estivessem inteiramente

ajustados com os demais denunciados para formar um grupo único de empresas, que unisse a CAPRICÓRNIO, a G8, a CDF, a IRIDIUM, a KRISWILL, a SOMAR e outras, de modo a promover a participação de todas elas em processos licitatórios que viessem a ser fraudados, proporcionando a contratação dessas empresas mediante valores superfaturados ou com sobrepreços, a serem obtidos através do pagamento de propinas a agentes públicos, delegaram referidas atribuições a MARCOS DIVINO RAMOS. Os denunciados MARCOS DIVINO RAMOS, PAULINA APARECIDA

DUARTE DE SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, dolosamente, estabeleceram, assim, que

conseguiriam que fosse promovido o peculato de dinheiro público em seu favor, por meio de sobrepreços ou superfaturamento que fossem ajustados nos processos licitatórios fraudulentos que estimulassem, usando parte desses valores desviados para pagar os agentes públicos cooptados, sempre mediante a dissimulação da origem e da natureza dos recursos empregados para pagamento de propina, mantendo-se dolosamente associados, para fins do cometimento de crimes de peculato, corrupção ativa, fraude a licitação, lavagem de dinheiro e outros, ao menos durante o período compreendido entre o ano de 2009 e o dia 28/08/2012.1

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Fato 02 – Falsidade ideológica no contrato social da IRIDIUM

No ano de 2009, os denunciados WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA

INUMARU YOSHIDA, enfrentavam problemas fiscais e de crédito na

empresa de sua propriedade, denominada KRISWILL INDÚSTRIA E COMERCIO DE CONFECCOES E BOLSAS LTDA, razão pela qual, pretendendo facilitar seus negócios, sobretudo nas relações com o Poder Público, resolveram criar uma nova empresa. Assim, objetivando evitar o seu envolvimento formal nas atividades dessa nova empresa, até para que não recaíssem sobre si quaisquer outras consequências, notadamente no âmbito fiscal e de participação em licitações de órgãos públicos variados, WILSON

MAKOTO YOSHIDA e CRISTINA INUMARU YOSHIDA passaram a

entabular um plano para que aludida empresa não fosse constituída em seu próprio nome, mas em nome de terceiras pessoas. Após tratativas ilícitas, restou ajustado que seria adquirida uma empresa já existente, mas que nela figurariam como sócios os irmãos CLAUDIANE MANDELLI e LUIS

GUSTAVO MANDELLI, sendo a primeira funcionária da própria KRISWILL,

os quais, depois de consultados por WILSON e CRISTINA, concordaram em empresar seus nomes para que figurassem falsamente no contrato social como proprietários da empresa.

Desse modo, após todos os ajustes, no dia 01 de julho de 2009, em horário não esclarecido, na cidade de Apucarana, os denunciados WILSON

MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, CLAUDIANE MANDELLI e LUIS GUSTAVO MANDELLI, fizeram inserir na primeira

alteração do contrato social2 da empresa denominada “IRIDIUM INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES LTDA-ME”, a falsa declaração de que CLAUDIANE e

LUIZ GUSTAVO passariam a ser os sócios-cotistas, como se cada qual

adquirindo dos proprietários anteriores 2.500 cotas de R$ 1,00 cada uma, quando em verdade referida empresa havia sido adquirida por WILSON e

CRISTINA, tudo com o fim especial de auxiliar nos interesses da quadrilha

acima descrita, de criar o direito de que tal empresa participasse de licitações, simulando disputas com outras empresas pertencentes a WILSON

e CRISTINA, de permitir que tal empresa formulasse orçamentos para

órgãos públicos para favorecer os interesses dos denunciados e de usar contas bancárias que fossem abertas em nome da empresa para a transação de valores provenientes de atividades ilícitas, bem como para evitar que eventuais dívidas ou responsabilidades recaíssem sobre a pessoa física dos denunciados WILSON e CRISTINA.

Posteriormente foram feitas diversas alterações do mesmo contrato social, para pequenas mudanças de interesse dos ora denunciados, os quais dolosamente fizeram inserir, na segunda alteração, de 10/07/2009, e na terceira alteração, de 01/08/2009, a falsa declaração de que CLAUDIANE e

LUIZ GUSTAVO eram os sócios-cotistas, enquanto que fizeram inserir na

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quarta alteração, de 09/11/2011, na quinta alteração, de 22/11/2011, e na sexta alteração, de 29/03/2012, a falsa declaração de que apenas a denunciada CLAUDIANE MANDELLI havia sido mantida como sócia-proprietária da IRIDIUM, sendo que todas essas inserções em tais alterações contratuais eram inverídicas, porquanto a empresa pertencia (e ainda pertence) de fato a WILSON e CRISTINA, tudo sempre no intuito de criar condições favoráveis para auxiliar nos interesses da quadrilha acima descrita.

O denunciado JOSÉ LEMES DOS SANTOS, agindo com dolo, concorreu para a inserção, na primeira alteração, de 01/07/2009, na segunda alteração, de 10/09/2009, e na terceira alteração, de 01/08/2009, da falsa declaração de que os denunciados CLAUDIANE MANDELLI e LUIZ GUSTAVO

MANDELLI seriam sócio cotistas da IRIDIUM, quando sabia que WILSON e CRISTINA eram os verdadeiros proprietários, ao cooperar para a elaboração

dos aludidos documentos e ao assiná-los na qualidade de testemunha. Por sua vez, o denunciado PEDRO VICTOR BRESCIANI, agindo com dolo, concorreu para a inserção, na quarta alteração, de 09/11/2011, na quinta alteração, de 22/11/2011, e na sexta alteração, de 29/03/2012, da falsa declaração de que a denunciada CLAUDIANE MANDELLI seria sócia-proprietária da IRIDIUM, quando sabia que WILSON e CRISTINA eram os verdadeiros proprietários, ao elaborar aludidos documentos e ao assiná-los na qualidade de contador3.

Fato 03 – Formação de quadrilha dos agentes públicos – Reunião das quadrilha numa única organização criminosa

Entre os anos de 2010 e 2012, com duração de parte dela até a presente data, na Comarca de Londrina, neste Estado, os denunciados HOMERO

BARBOSA NETO, JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, LINDOMAR

MOTA DOS SANTOS,4 MARCO ANTONIO CITO,5 KARIN SABEC VIANA,6

FÁBIO PASSOS DE GÓES7 e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR,8

3 Vide contratos sociais das aludidas empresas que seguem acostados ao Anexo 10.

4 Nomeado para o cargo de secretário de Fazenda em 15/04/2010 e exonerado em 21/05/2011, tendo sido nomeado

novamente para o mesmo cargo em 02/08/2012 e exonerado em 11/09/2012, segundo relatório do Departamento Pessoal da Prefeitura de Londrina.

5 Exerceu o cargo de Coordenador do PROCON-LD de 01/05/2009 a 13/10/2009; o cargo de secretário municipal de

Governo de 07/06/2011 a 03/04/2012; acumulou o cargo de secretário de Gestão Pública de 08/10/2009 a 01/06/2011.

6 Nomeada para o cargo de secretária de Educação por meio do decreto-ato nº 00599/2010, em 15/06/2010, segundo

relatório do Departamento Pessoal da Prefeitura de Londrina, e exonerada de tal cargo em 03/04/2012.

7 Primeiramente exerceu o cargo de Secretário de Planejamento entre 01/05/2009 e 21/12/2009. Em seguida foi

nomeado para o cargo de chefe de gabinete em 30/12/2009 e exonerado em 02/05/2011. Depois, exerceu o cargo de secretário de Planejamento do dia 02/05/2011 a 11/07/2011.

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dolosamente, associaram-se em quadrilha, entre si e com outros indivíduos ainda não identificados, com caráter de estabilidade e permanência e sob a forma de organização criminosa, para o fim de cometerem crimes diversos, sobretudo contra a Administração Pública (notadamente de peculato e corrupção passiva), e de auferirem vantagens ilícitas em decorrência de seus cargos.

A associação dos ora denunciados HOMERO BARBOSA NETO, JOSÉ

JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, visava estabelecer, e de fato

estabelecia, organização criminosa incrustada na Administração Pública do Município de Londrina, que tinha por finalidade a contratação fraudulenta de empresas para prestar serviços ou fornecer mercadorias ao Município de Londrina, desviando recursos públicos em proveito dos particulares responsáveis por tais empresas, e de angariar vantagens indevidas em virtude da má utilização dos cargos ocupados por todos no Executivo Municipal.

Nesse contexto, HOMERO BARBOSA NETO, JOSÉ JOAQUIM MARTINS

RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, todos vinculados à Prefeitura Municipal de Londrina,

uniram-se sob a liderança do primeiro, o qual, na condição de prefeito municipal, organizava e dirigia as ações dos demais, que lhe eram subordinados (do ponto de vista administrativo), determinando de maneira velada a execução de contratações de serviços e aquisições de materiais de maneira fraudulenta, de modo a permitir o desvio de recursos públicos em proveito de particulares e, de consequência, proporcionar o recebimento de vantagens indevidas (propinas) desses mesmos particulares interessados em fornecer serviços ou materiais ao Município de Londrina.

Assim, HOMERO BARBOSA NETO, que foi empossado prefeito municipal de Londrina no dia 01/05/2009, passou a estabelecer tratativas com seu vice,

JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, bem como com os demais

comparsas, a quem foi nomeando ao longo do tempo para cargos do primeiro escalão da Administração Pública Municipal, como LINDOMAR

MOTA DOS SANTOS para a Secretaria de Fazenda, MARCO ANTONIO CITO para a Secretaria de Gestão e de Governo, KARIN SABEC VIANA

para a Secretaria de Educação, FÁBIO PASSOS DE GÓES para a chefia de gabinete e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JÚNIOR para a Procuradoria Geral do Município, a fim de que estes viabilizassem meios para selecionar empresários interessados em pagar vantagens indevidas para os integrantes da quadrilha em troca do desvio de recursos públicos municipais, bem como a simulação de processos aparentemente lícitos de contratação das empresas pertencentes a tais particulares, de modo a propiciar condições de cometer os crimes pretendidos pelo bando.

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Da mesma forma, HOMERO BARBOSA NETO, dolosamente dirigindo as ações dos demais, idealizou aproveitar-se das funções inerentes aos cargos para os quais nomeou cada um de seus comparsas, ajustando com estes que fariam gestões concertadas para levar a cabo o desiderato da quadrilha, tudo de forma a que o seu líder, o então prefeito, não ficasse exposto a riscos de descoberta de seu concurso para os crimes. Assim, durante o período de vigência da associação criminosa, HOMERO BARBOSA NETO, dentre outras atribuições ilícitas, indicou aos seus subordinados as atividades que deveriam promover no interesse da quadrilha, tais como, a

JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO que, na qualidade de vice-prefeito,

fizesse a interlocução com empresários interessados em aderir aos propósitos do bando por ele comandado, a LINDOMAR MOTA DOS

SANTOS que, na qualidade de Secretário de Fazenda, fizesse os

pagamentos a empresas que fossem parceiras nos desvios de recursos públicos, a MARCO ANTONIO CITO que, na qualidade de Secretário de Gestão (por certo tempo) e de Governo, providenciasse os meios para contratação de tais empresas, a KARIN SABEC VIANA que, como Secretária de Educação, solicitasse aquisições de serviços e mercadorias que propiciassem desvios, a FÁBIO PASSOS DE GÓES que na qualidade de chefe de gabinete (janeiro de 2010 a abril de 2011) e de secretário de planejamento (abril a julho de 2011) recebia ordens de BARBOSA NETO e as repassava aos demais secretários, inclusive indicando as contratações ilícitas que deveriam ser promovidas pelo grupo, e a FIDÉLIS CANGUÇU

RODRIGUES JÚNIOR, além de outros, na qualidade de Procurador Geral do

Município, para que fizesse manifestações que salvaguardassem a aparente legalidade dos atos dos demais9.

Ocorre que, por volta do início do segundo semestre do ano de 2010, na cidade de Londrina, HOMERO BARBOSA NETO, JOSÉ JOAQUIM

MARTINS RIBEIRO, MARCO ANTONIO CITO, FÁBIO PASSOS DE GÓES e KARIN SABEC VIANA, na qualidade de agentes públicos, além de outros,

mantiveram contatos com MARCOS DIVINO RAMOS, WILSON MAKOTO

YOSHIDA e JOSÉ LEMES DOS SANTOS, com a finalidade de ajustar

vantagens indevidas que seriam oferecidas para os ocupantes de cargos na Prefeitura Municipal de Londrina em troca do desvio de recursos públicos municipais, bem como a simulação de processos aparentemente lícitos de contratação das empresas pertencentes a tais particulares, de modo a propiciar condições de cometer os crimes pretendidos pelos ora denunciados, com a obtenção de lucros ilícitos para todos.

Desse modo, como houve acordo e os interesses eram os mesmos, isto é, desfalcar o erário municipal com o fim de obter o enriquecimento ilícito de todos, bem como o de oferecer e receber vantagem indevida em razão das funções exercidas pelos agentes públicos, HOMERO BARBOSA NETO,

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JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES, FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, MARCOS DIVINO RAMOS, PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, certamente entre

os anos de 2010 e 2012, dolosamente, associaram-se em quadrilha, entre si e com outros indivíduos ainda não identificados, com caráter de estabilidade e permanência e sob a forma de organização criminosa, para o fim de cometerem crimes diversos, sobretudo contra a Administração Pública (notadamente de peculato, fraude a licitação, corrupção ativa e corrupção passiva) e de lavagem de dinheiro.

Referida quadrilha estabeleceu que os agentes públicos facilitariam a contratação de empresas dos particulares associados ou representadas por estes, notadamente a G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA., a CAPRICÓRNIO S/A LTDA., a CDF SUPRIMENTOS EDUCACIONAIS E INDUSTRIAIS LTDA e a IRIDIUM INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES EIRELI LTDA, sempre através de procedimentos irregulares ajustados entre todos, de modo que fosse possível o desvio de recursos públicos do Município de Londrina em proveito dessas empresas e, em contrapartida, o pagamento de vantagens indevidas (propinas) pelos particulares ao prefeito Municipal HOMERO BARBOSA

NETO, ao vice-prefeito JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO e aos demais

integrantes do bando pertencentes ao primeiro escalão da Administração Pública local. Ao mesmo tempo, os denunciados convencionaram, ainda, que os associados agentes públicos conseguiriam promover o peculato de dinheiro público, em favor dos particulares do grupo criminoso, por meio de sobrepreços ou superfaturamento que fossem ajustados nos processos licitatórios fraudulentos que desenvolvessem, sendo que os particulares usariam parte desses valores desviados para pagar os agentes públicos cooptados, sempre mediante a dissimulação da origem e da natureza dos recursos empregados para pagamento de propina.

Em meados do ano de 2011, em decorrência das investigações concernentes à chamada operação “antissepsia”, referente à subtração de recursos públicos destinados à saúde pública, e dos processos resultantes de tais investigações, HOMERO BARBOSA NETO promoveu ou recomendou a exoneração de FÁBIO PASSOS DE GÓES, de FIDELIS

CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR e de LINDOMAR MOTA DOS SANTOS,

enquanto que o então vice-prefeito, JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, por imposição partidária, desligou-se politicamente de BARBOSA NETO, razão pela qual teriam deixado de integrar a quadrilha a partir de então. Durante o período em que a quadrilha se mantinha unida, em 21 de setembro de 2011, o denunciado HOMERO BARBOSA NETO nomeou

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FÁBIO CÉSAR REALI LEMOS10 para o cargo de secretário de gestão

pública (mantendo MARCO ANTONIO CITO na Secretaria de Governo) e lhe deu a incumbência de providenciar meios para prosseguir na contratação fraudulenta de empresas para prestar serviços ou fornecer mercadorias ao Município de Londrina, desviando recursos públicos em proveito de particulares e angariando vantagens indevidas em virtude dos cargos ocupados por todos no Executivo Municipal, notadamente, dentre outros, nos casos que envolvessem a G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA., a CAPRICÓRNIO S/A LTDA., a CDF SUPRIMENTOS EDUCACIONAIS E INDUSTRIAIS LTDA e a IRIDIUM INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES EIRELI LTDA. Aceitando tais incumbências,

FÁBIO CÉSAR REALI LEMOS aderiu aos propósitos do bando e se

associou dolosamente, em quadrilha, com HOMERO BARBOSA NETO,

MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, MARCOS DIVINO RAMOS, PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, com caráter de

estabilidade e permanência e sob a forma de organização criminosa, para o fim de cometerem crimes diversos, sobretudo contra a Administração Pública (notadamente de peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, fraude à licitação) e de lavagem de dinheiro.

Fatos 04 e 05 – Primeira corrupção – Ajuste para contratação com inexigibilidade – “Carona” de 2010 – Corrupção ativa e corrupção passiva

Objetivando conseguir que o Município de Londrina contratasse empresas de sua propriedade ou que eram por ele representadas, especialmente a G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA., a CAPRICÓRNIO S/A LTDA., a CDF SUPRIMENTOS EDUCACIONAIS E INDUSTRIAIS LTDA e a IRIDIUM INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES EIRELI LTDA., contemplando procedimentos e valores que permitissem promover o desvio de dinheiro público municipal em proveito dos particulares denunciados, por volta do início do segundo semestre de 2010

MARCOS DIVINO RAMOS convencionou com PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI que ofereceriam vantagens indevidas ao prefeito de

Londrina e a outros integrantes do primeiro escalão da Administração Pública municipal, a fim de que estes providenciassem meios de contratar as empresas citadas sem a observância das normas legais, favorecendo-as ilicitamente.

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Assim, exatamente em virtude dos ajustes anteriores, por meio dos quais os integrantes do primeiro escalão da Prefeitura Municipal de Londrina,

HOMERO BARBOSA NETO, JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, agindo sob a liderança do primeiro, contribuiriam

para os propósitos ilícitos da facção da organização criminosa liderada por

MARCOS DIVINO RAMOS, este, por volta do início do segundo semestre de

2010, agindo em conluio com PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA,

ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANDREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, que concorriam para sua conduta ao prestarem auxílio moral e

material, passou a tratar com o então prefeito municipal de Londrina,

HOMERO BARBOSA NETO, bem como com JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, MARCO ANTONIO CITO, FÁBIO PASSOS DE GÓES e KARIN SABEC VIANA, além de outros, a respeito de como seriam feitas as

contratações ilícitas das empresas pertencentes ou representadas por

MARCOS, bem como a maneira como estabeleceriam os valores de tais

contratos de tal modo que permitissem incluir uma parcela considerável de dinheiro público a ser desviado em proveito dos particulares. Além disso,

MARCOS, com apoio dos demais particulares, estabeleceu com BARBOSA NETO a promessa de vantagem indevida pela utilização dos cargos públicos

do prefeito, do vice-prefeito e dos secretários denunciados, que seria extraída de parte dos lucros ilícitos decorrentes do desvio de dinheiro público que estava sendo entabulado.

Assim, em data não especificada precisamente, porém no início do segundo semestre de 2010, por volta de agosto, em Londrina, o denunciado

MARCOS DIVINO RAMOS, agindo em concurso de vontades com PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, levando em conta as

vinculações criminosas que estavam sendo estabelecidas, notadamente para a contratação irregular da G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA. e/ou da CAPRICÓRNIO S/A LTDA. pelo Município de Londrina, afirmou a HOMERO BARBOSA NETO que poderia entregar vantagem indevida – em dinheiro – para este e para os demais integrantes do primeiro escalão da Administração Municipal que prestassem auxílio para a consecução dos objetivos do grupo, com o fim de que o então prefeito e seus subordinados praticassem atos de ofício, consistentes em contratar a G8 e a CAPRICÓRNIO para fornecer materiais para o Município, fixando preços que incluíssem quantias de dinheiro público a serem desviadas em proveito dos particulares, bem como efetuassem os pagamentos correspondentes e permitissem o enriquecimento ilícito destes.

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Interessado nos ganhos ilícitos, indicados nas tratativas com MARCOS

DIVINO RAMOS e com outros particulares do grupo, HOMERO BARBOSA NETO estabeleceu contatos, separada ou conjuntamente, com seus

comparsas, JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS

SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, e

informou que deveriam proceder como proposto por MARCOS, isto é, deveriam praticar atos de ofício em proveito dos particulares, consistentes em contratar a G8 e/ou a CAPRICÓRNIO para fornecer materiais para o Município, com a fixação, nos contratos, de valores que incluíssem quantias de dinheiro público a serem desviadas em benefício das empresas e de seus representantes, bem como deveriam efetuar os pagamentos correspondentes e permitir o enriquecimento ilícito destes, na perspectiva do recebimento de vantagem indevida em dinheiro, que se destinaria a

BARBOSA NETO e a alguns outros de seus comparsas, os quais

manifestaram sua integral anuência e disposição para agir como sugerido. Por tal razão, HOMERO BARBOSA NETO sinalizou positivamente para

MARCOS DIVINO RAMOS, concordando em receber vantagem indevida que

lhe estava sendo prometida (e a seus asseclas), pelo objetivo de determiná-lo – e a JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS

SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR – a

praticarem atos de ofício, isto é, contratar a G8 e/ou a CAPRICÓRNIO para fornecer materiais para o Município em valores que incluíssem quantias de dinheiro público a serem desviadas em proveito dos particulares. Em decorrência disso, HOMERO BARBOSA NETO orientou, dolosamente, ainda no mês de agosto de 2010, que seus asseclas JOSÉ JOAQUIM MARTINS

RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR dessem início ao processo de contratação da G8 e da

CAPRICÓRNIO por meio de processo de inexigibilidade de licitação absolutamente ilegal.

Em seguida, imbuído dos mesmos propósitos, HOMERO BARBOSA NETO determinou que JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO e KARIN SABEC

VIANA, aproveitando o programa “Prefeitura nos Bairros” do dia 14/09/2010,

na Vila Portuguesa, Londrina, por ocasião do atendimento nos bairros que a Prefeitura fazia semanalmente sob o comando do então prefeito11, deveriam se reunir com MARCOS DIVINO RAMOS, JOSÉ LEMES DOS SANTOS e

WILSON MAKOTO YOSHIDA, a fim de detalhar o modo como o pagamento

da corrupção seria feito e como finalizariam o processo de contratação da G8 e da CAPRICÓRNIO, o que de fato aconteceu na data e local mencionados,

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ocasião em que foram feitos os ajustes finais da corrupção e dos desvios que beneficiariam os particulares.

Assim, acabaram por chegar a um acordo, sendo que, dando sequência à atuação criminosa da quadrilha, em meados de setembro de 2010 (no dia 14, ao que consta), Londrina, o denunciado MARCOS DIVINO RAMOS, agindo em concurso com PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA, ELIANE

ALVES DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, por meio da divisão de tarefas, identidade de propósitos e

atendendo aos interesses ilícitos dos integrantes do grupo e das empresas G8 e CAPRICÓRNIO, beneficiários da corrupção, ofereceu vantagem indevida a HOMERO BARBOSA NETO, na época prefeito municipal de Londrina, consistente no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) em espécie, a fim de determiná-lo, e a seus asseclas denunciados, a praticarem ato de ofício, isto é, intervenções favoráveis à contratação e pagamento das aludidas empresas de modo irregular, notadamente através da adesão a atas de registros de preços do Município de São Bernardo do Campo-SP, nas quais as empresas constavam como vencedoras.

Na mesma ocasião, o denunciado HOMERO BARBOSA NETO, em razão das funções de prefeito municipal de Londrina, contando com o concurso de

JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, os quais assentiram

em cooperar com os seus propósitos criminosos e com a realização de atos de ofício que ensejassem o recebimento de propinas, aceitou, em seu nome e no de seus asseclas, a oferta de vantagem indevida, consistente em quantias em dinheiro que seriam pagas por MARCOS DIVINO RAMOS e outros particulares, a fim de que os citados agentes públicos praticassem atos de ofício concernentes aos seus cargos. Para tanto, HOMERO

BARBOSA NETO estabeleceu que JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO e KARIN SABEC VIANA deveriam receber pessoalmente os valores

oferecidos como vantagem indevida, evitando que ele, BARBOSA NETO, como prefeito municipal, tivesse que receber a propina diretamente dos particulares, bem como definiu que tais valores deveriam ser produto de transações bancárias sucessivas, culminando com saque em espécie, de maneira a dissimular e ocultar a natureza dos mesmos, isto é, que se referiam a pagamento de corrupção.

Dessa forma, no dia 15 de setembro de 2010, MARCOS DIVINO RAMOS, com apoio de PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA, ELIANE ALVES

DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI e DANIEL MANFREDINI, todos com a

finalidade de ocultar e dissimular a origem e a natureza dos recursos – para pagamento de vantagem indevida a agentes públicos, promoveu o depósito de R$ 50.000,00 na conta nº 02010637-3, do Banco Mercantil do Brasil,

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pertencente à empresa IRIDIUM INDÚSTRIA DE CONFECÇÕES EIRELI LTDA, de propriedade de WILSON MAKOTO YOSHIDA e de CRISTINA

INUMARU YOSHIDA, porém tendo como sócia formal a secretária destes, CLAUDIANE MANDELLI. Ato contínuo, no dia 17/09/2010, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, com apoio de WILSON MAKOTO YOSHIDA e de CRISTINA INUMARU YOSHIDA, que eram seus empregadores de fato, bem como de PEDRO VICTOR BRESCIANI, contador das empresas do grupo, e de CLAUDIANE MANDELLI, secretária das empresas do grupo, todos ocultando

e dissimulando a origem e a natureza dos recursos – para pagamento de vantagem indevida a agentes públicos, emitiu e descontou o cheque nº 000001 da mesma conta nº 02010637-3, do Banco Mercantil do Brasil, em igual valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), sacando tal quantia em espécie12.

Na sequência, como ajustado com os demais denunciados, JOSÉ LEMES

DOS SANTOS e WILSON MAKOTO YOSHIDA se encontraram, nas

imediações do Banco Mercantil do Brasil, em Londrina, e ofereceram (entregaram) vantagem indevida, correspondente àquela quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) sacada em espécie, para JOSÉ JOAQUIM

MARTINS RIBEIRO e KARIN SABEC VIANA, os quais, agindo com dolo, em

decorrência dos ajustes criminosos com os demais agentes públicos,

HOMERO BARBOSA NETO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, receberam dita importância, tudo com o fim de

determinar estes últimos a praticarem atos de ofício, isto é, intervenções favoráveis à contratação e pagamento das aludidas empresas de modo irregular, notadamente através da adesão a atas de registros de preços do Município de São Bernardo do Campo-SP, nas quais as empresas constavam como vencedoras.

Ato contínuo, JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, então vice-prefeito, e

KARIN SABEC VIANA, então secretária de Educação, entregaram

ocultamente a importância de R$ 50.000,00 para HOMERO BARBOSA

NETO, a fim de que este a empregasse no interesse da organização

criminosa liderada por ele e, principalmente, no seu próprio enriquecimento ilícito.

Em consequência da oferta e entrega da vantagem indevida de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), os denunciados HOMERO BARBOSA NETO, em razão das funções de prefeito municipal de Londrina, e os denunciados JOSÉ

JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, cada qual em sua função

pública, praticaram atos de ofício infringindo dever funcional, isto é,

12 Transações financeiras que seguem descritas no relatório n.º 034/2012, de lavra da auditoria deste Ministério

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defenderam os interesses ilícitos das empresas G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA. e/ou da CAPRICÓRNIO S/A LTDA. junto à Prefeitura Municipal de Londrina, para que fossem contratadas e pagas irregularmente, notadamente através da adesão a atas de registros de preços do Município de São Bernardo do Campo-SP, nas quais tais empresas constavam como vencedoras.

Fato 06 – Fraude a licitação (art. 89) no processo de inexigibilidade de 2010

Estabelecidos os ajustes entre o grupo de agentes públicos liderado por

HOMERO BARBOSA NETO e aquele capitaneado por MARCOS DIVINO RAMOS, sobretudo no que concerne ao pagamento da importância de R$

50.000,00 (cinquenta mil reais) em 17/09/2010, a título de corrupção, conforme descrito no fato anterior, entre os meses de agosto e novembro de 2010 o então prefeito HOMERO BARBOSA NETO, em concurso com seus asseclas JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS

SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR,

determinou que o Município de Londrina instaurasse dois processos administrativos, fora dos casos previstos em lei, de INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO, isto é, o de Nº IN/SMGP 071/2010 (PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 786/2010) e o de Nº IN/SMGP 0378/2010 (PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 1373/2010)13, para a compra de uniformes escolares, determinando a adesão a atas de registro de preço do Município de São Bernardo do Campo/SP, sem justificativa hábil a respaldar a contratação direta de processo de licitação e a amparar a opção pelas atas de registro de preços que tinham como fornecedoras as empresas G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA e CAPRICÓRNIO S/A., ambas empresas pertencentes ou representadas pelo grupo dos particulares ora denunciados, MARCOS

DIVINO RAMOS, PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, os

quais aderiram ao comportamento dos agentes públicos com a pretensão de concorrer para a ilegalidade e serem beneficiados pela inexigibilidade ilegal. Para tanto, HOMERO BARBOSA NETO, JOSÉ JOAQUIM MARTINS

RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR convencionaram utilizar justificativas inválidas e

ilegítimas para a compra direta dos uniformes junto às empresas G8

13 Cópias integrais dos processos de inexigibilidade n.º 071/2010 e 0378/2012, encontram-se no Anexo 08, que ora se

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COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA e CAPRICÓRNIO S/A., invocando-as para beneficiar, indevidamente, as referidas empresas com as contratações a serem efetivadas pela administração pública municipal. Cumprindo os ajustes entabulados com os demais agentes públicos denunciados, sobretudo as orientações do então prefeito HOMERO BARBOSA NETO, o Município de Londrina adquiriu parte dos itens que compunham os kits de uniformes descritos nas atas de registro de preço do Município de São Bernardo do Campo/SP por intermédio da Inexigibilidade de Licitação nº IN/SMGP 071/2010 (Processo Administrativo nº 786/2010- uniformes de verão) e, posteriormente, instaurou novo processo de compra, visando a aquisição dos demais itens desses kits, por intermédio da Inexigibilidade de Licitação nº IN/SMGP 0378/2010 (Processo Administrativo nº 1373/2010- uniformes de inverno), sendo que a ausência de exigência de licitação não se encontrava amparada nas hipóteses legais 14, já que os uniformes escolares se destinavam aos alunos do ano letivo de 2011, na forma sustentada na Inexigibilidade de Licitação nº IN/SMGP 071/2010- Processo Administrativo n° 786/2010, não havendo motivo para que a Administração Pública deixasse de instaurar processo licitatório objetivando a aquisição de uniformes de verão e de inverno (em tamanho e quantidade que atendessem às necessidades dos alunos), já que havia tempo hábil para a instauração do certame (iniciado em meados de 2010).

Do exame dos termos de recebimento dos kits de uniformes nas escolas, verificou-se que os itens de verão foram entregues entre os meses de fevereiro a maio de 2011, enquanto que os de inverno foram entregues nas escolas entre os meses de março a abril de 2011, não se justificando a aquisição separada dos uniformes de verão e de inverno, já que a entrega dos materiais ocorreu praticamente no mesmo período, nem a contratação direta desses itens pelo Município de Londrina sem procedimento licitatório. Apurou-se, ainda, que: os itens adquiridos pelo Município de Londrina não eram iguais aos constantes das atas de registros de preços de São Bernardo do Campo/SP; que grande parte dos materiais adquiridos pelo Município de Londrina não atendeu às necessidades dos alunos da rede municipal; que a aquisição dos materiais não representou vantagem econômica para o Municio de Londrina; que restou evidente a insubsistência das justificativas apresentadas, seja pela invocada necessidade de aquisição imediata dos uniformes, seja pela economicidade, para amparar a utilização da ata de registros de preços do Município de São Bernardo do Campo/SP.

Dessa forma, os denunciados HOMERO BARBOSA NETO, JOSÉ JOAQUIM

MARTINS RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR deixaram de realizar procedimento

licitatório destinado à compra dos uniformes escolares para os alunos da rede pública municipal matriculados no ano letivo de 2011, por meio da adesão à

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ata de registros de preços do Município de São Bernardo do Campo, adquirindo o referido material das empresas G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA, pelo valor de R$ 1.922.700,00 (um milhão, novecentos vinte e dois mil e setecentos reais), e CAPRICÓRNIO S/A., na importância de R$ 4.459.780,00 (quatro milhões, quatrocentos cinquenta e nove mil, setecentos e oitenta reais) decorrente da somatória dos dois contratos = R$ 1.481.380,00 + R$ 2.978.400,00, impossibilitando a obtenção de proposta mais vantajosa para a Administração Pública e a aquisição de produtos realmente compatíveis com a demanda da Secretaria de Educação, o que resultou em contratos ilícitos firmados pelo Município no valor total de R$ 6.382.480,00 (seis milhões, trezentos oitenta e dois mil, quatrocentos e oitenta reais),15 em proveito dos ora denunciados

MARCOS DIVINO RAMOS, PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, proprietários e representantes das aludidas empresas.

Para atender aos propósitos ilícitos convencionados com os demais denunciados, isto é, a contratação das empresas G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA e CAPRICÓRNIO S/A. mediante a realização de processo de inexigibilidade de licitação pretensamente regular (com simulação da licitude), todavia sabidamente fora das hipóteses legais e sem observância das formalidades legais pertinentes à contratação direta (inexigibilidade por meio de “carona”), sobretudo com o fim de cumprir as orientações do então prefeito HOMERO

BARBOSA NETO, no dia 18 de agosto de 2010 KARIN SABEC VIANA,

Secretária Municipal de Educação, dolosamente solicitou ao então Secretário de Gestão Pública, MARCO ANTONIO CITO, a aquisição dos seguintes uniformes escolares, tênis e mochilas: “34.000 camisetas masculinas para o Ensino Fundamental e Educação Especial, 34.000 camisetas femininas para o Educação Fundamental e Educação Especial, 34.000 bermudas masculinas para o Ensino Fundamental e Educação Especial, 34.000 bermudas femininas para o Ensino Fundamental e Educação Especial, 34.000 meias masculinas para o Ensino Fundamental e Educação Especial, 34.000 meias femininas para o Ensino Fundamental e Educação Especial, 34.000 mochilas para o Ensino Fundamental, 34.000 pares de tênis para o Ensino Fundamental”.

No documento, KARIN SABEC VIANA, dolosamente objetivando cumprir o que havia sido ajustado com os demais denunciados, solicitou que a compra desses uniformes fosse realizada sem licitação pública, adotando-se o procedimento conhecido como “carona” 16, sob o falso argumento de que “o

15 Somatória dos valores das compras de uniformes de verão e inverno – valores atualizados.

16 Denominação dada ao tipo de adesão em que um órgão ou ente público utiliza a ata de registro de preços de outro

órgão ou ente público, sem que tivesse participado da elaboração do edital de licitação que originou os preços registrados. Está regulamentado pelo § 3º ao artigo 8º do Decreto Federal nº 3.931/2000 (que regulamenta o sistema

Referências

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