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Direitos e deveres dos aprendizes frente a Lei nº 10.097, de 19 de dezembro de 2000

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NIÉGE JACUBOWSKI PEREIRA

DIREITOS E DEVERES DOS APRENDIZES FRENTE A LEI Nº 10.097, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000

Ijuí 2016

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NIÉGE JACUBOWSKI PEREIRA

DIREITOS E DEVERES DOS APRENDIZES FRENTE A LEI Nº 10.097, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito, objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Curso - TC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS - Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais

Orientador: Ms. Paulo Marcelo Scherer

Ijuí 2016

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Dedico este trabalho a Deus acima de tudo, à minha família e meu orientador pelo apoio e confiança em mim depositados durante toda a minha jornada.

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AGRADECIMENTOS

À minha família, que sempre esteve presente e me incentivou com apoio e confiança nas batalhas da vida e com quem aprendi que os desafios são as molas propulsoras para a evolução e o desenvolvimento.

Ao meu orientador Paulo Scherer, com quem eu tive o privilégio de conviver e contar com sua dedicação, disponibilidade, apoio е confiança.

A esta Universidade, sеυ Corpo Docente, Direção е Administração, qυе oportunizaram а janela qυе hoje vislumbro um horizonte superior, eivado pela acendrada confiança no mérito е ética aqui presentes.

A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о meu muito obrigado!

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A justiça é o direito do mais fraco.

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso faz uma análise dos direitos e deveres dos aprendizes, a fim de propiciar o entendimento dos Direitos Trabalhistas assegurados a estes jovens no mercado de trabalho. Considera a trajetória histórica em busca de eficazes direitos transformadores na esfera do direito do trabalho, sendo aplicados de modo protetivo ao trabalho jovem. Aborda a legislação como forma de regulamentar as relações trabalhistas entre contratante e o jovem. Devido ao consequente aumento de contratações, vem provocando muitos questionamentos em busca da combinação do trabalho com a devida formação do jovem. Estuda o contrato de aprendizagem, procedimento necessário para a contratação, investigando seus trâmites, técnicas e características. Investiga o perfil do empregador e do aprendiz, diante da Legislação. Faz uma breve análise das jurisprudências e tece considerações sobre as mesmas. Finaliza concluindo que se deve priorizar o aprendizado, diante do pleno desenvolvimento do jovem, há necessidade de incentivo e inclusão das empresas nas cotas exigidas, ensejando e a implementação de condições de garantir Direitos Trabalhistas de forma efetiva no contexto jurídico e social.

Palavras-Chave: Noções do trabalho infantil e do aprendiz. Lei 10.097 de 2000. Analise de jurisprudência.

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ABSTRACT

The present work of course completion makes an analysis of the rights and duties of the apprentices in order to facilitate the understanding of the Labor Rights assured to these young people in the labor market. It considers the historical trajectory in search of effective transformative rights in the sphere of labor law, being applied in a protective way to young work. It addresses legislation as a way of regulating labor relations between the contractor and the youth. Due to the consequent increase of contractions, it has been provoking many questions in search of the combination of the work with the proper formation of the young person. It studies the learning contract, necessary procedure for the contracting, investigating its procedures, techniques and characteristics. Investigates the profile of the employer and the apprentice, before the Legislation. It gives a brief analysis of the jurisprudence and makes considerations about them. Finally concludes that learning should be prioritized, given the full development of the young, there is a need to encourage and include companies in the required quotas, enabling and implementing conditions to guarantee labor rights effectively in the legal and social context.

Keywords: Understanding child labor and the learner. Law 10,097 of 2000. Analysis of jurisprudence.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1 O SISTEMA DE PROTEÇÃO AO TRABALHO DO MENOR E DO APRENDIZ ... 11

1.1 História do trabalho infantil e da aprendizagem ... 11

1.2 A legislação protetiva Internacional ... 16

1.3 A legislação protetiva no Brasil ... 19

1.4. As piores formas de trabalho infantil ... 24

2 O CONTRATO DE APRENDIZAGEM ... 28

2.1 Normas protetivas ao aprendiz ... 31

2.2 O Decreto 5.598/2005 e a Lei nº 10.097/0000 Direitos e Obrigações do aprendiz... 34

2.3. Decisões jurisprudências acerca do tema ... 42

2.3.1. Do Direito Do Aprendiz ... 42

2.3.2 Da Responsabilidade Do Empregador ... 44

CONCLUSÃO ... 47

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta um estudo acerca das primeiras noções sobre o trabalho infantil e da aprendizagem, a fim de efetuar uma análise em busca da construção dos direitos e deveres dos aprendizes. Essa busca é necessária face à crescente contratação em relação ao atual mercado de trabalho.

Além de trajetória, em razão da complexidade história e da grande evolução da sociedade relacionada ao trabalho infantil, emite mudanças significativas que, muitas vezes, buscam a solução da exploração do trabalho, pois atingem os menores.

Para a realização deste trabalho foram efetuadas pesquisas bibliográficas e por meio eletrônico, analisando, também, as jurisprudências, a fim de enriquecer a coleta de informações e permitir um aprofundamento no estudo do trabalho do aprendiz, revelar a importância de assegurar direitos e deveres na inserção no mundo do trabalho, gerando perspectivas para a problemática da solução de conflitos.

Inicialmente, no primeiro capítulo, foi feita uma abordagem da história como uma transformação das sociedades e as formas de composição do trabalho e do jovem menor nas sociedades primitivas. Segue uma análise da legislação e normas como forma de solução dos conflitos gerados no mundo do trabalho, para melhores condições e garantias aos menores e jovens.

No segundo capítulo, analisa-se mais profundamente a contratação do aprendiz, seu conceito, procedimentos e aplicação. Também são analisados o papel do contratante e a qualificação necessária para a obrigação de cotas, a maneira

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para como o colaborador, auxiliando na construção de uma sociedade mais consciente de suas responsabilidades, contribuirá para o fim da exploração do trabalho infantil.

Deve-se ver, na contratação do jovem, uma mão amiga e indispensável ao desenvolvimento e inserção deste no mercado de trabalho, a fim de demonstrar que há muito se vem buscando alternativas, inclusive, de melhores formas. Por fim, as legislações vigentes são mencionadas em função de sua relevância na viabilização da sua efetiva aplicação da proteção ao trabalho do jovem.

A partir desse estudo, se verifica que a contratação do aprendiz apresenta características essenciais para o desenvolvimento e crescimento, construção de alternativas e melhores condições, em razão de utilizar as cotas, em que as partes têm direitos e deveres construídos conjuntamente, através do contrato de aprendizagem, com a participação do Estado para legislar e fiscalizar, conduzindo o procedimento, em busca da efetiva contratação dos aprendizes de forma licita.

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1 O SISTEMA DE PROTEÇÃO AO TRABALHO DO MENOR E DO APRENDIZ

Pode-se alegar que uma significativa conquista do jovem menor nessa sua caminhada evolutiva foi a concretização dos Direitos Trabalhistas que, com o apoio do Estado, deram a esses jovens condições de atuação no mercado de trabalho, juntamente com e/ou de desenvolvimento profissional, voltado à sua proteção.

Impossível imaginar o menor se não como um sujeito de direitos protegidos para sua formação. Entretanto, como contextualizá-lo dentro dessa perspectiva em um mundo globalizado, industrializado, em pleno desenvolvimento tecnológico? Apenas em um Estado delimitado, norteado pelos Direitos Humanos, Trabalhistas e, até mesmo, os Direitos Sociais, é possível ver os jovens de maneira protegida e amparada na sua posição de jovem-empregado.

Trata-se de uma visão mais abrangente do jovem, voltada para o trabalho, para o jovem como empregado, assegurando seu desenvolvimento pessoal e profissional. É uma resposta ao individualismo dos empregadores do feudalismo, até mesmo da revolução industrial, que na sua época era norteada pela brutalidade e exploração. Os Direitos Trabalhistas do jovem aprendiz vão contra essas atitudes ensejam a humanização e inserção adequada do jovem no mercado de trabalho.

Feitas essas primeiras colocações, esclarece-se que o presente capítulo tem por objetivo analisar o tema historicamente, ou seja, a história do trabalho infantil e da aprendizagem, em especial no seu surgimento, a fim de possibilitar, após a verificação de sua eficácia no mercado atual, em que se asseguram direitos e obrigações nas relações de trabalho, objeto deste estudo.

1.1 História do trabalho infantil e da aprendizagem

A história do trabalho do menor e aprendiz continuamente foi marcada pela luta de seus direitos, reconhecendo-o como uma pessoa que necessita de proteção especial, principalmente pela sua condição física e psicológica, ainda em formação; pelas buscas e questionamentos de melhores condições na sua inserção no mundo do trabalho, enfim, um processo ativo de construção e reconstrução de acordo com

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a problematização das épocas. Inicialmente, objetivando apenas a redução de jornadas de trabalho e condições no ambiente, em seguida, gradativamente, se voltar para a vida em sociedade e para o trabalho profissionalizante, em conexão com o princípio da proteção integral, como enfatiza Garcia:

As normas de proteção ao trabalho do menor se justificam em razão de sua titularidade de direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, gerando o chamado princípio da proteção integral, estabelecido pelo sistema jurídico, de modo a assegurar o pleno desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade (art. 3.º do Estatuto da Criança e do Adolescente). (GARCIA, 2015, p. 602)

Dentre os direitos dos menores, encontram-se os Direitos Trabalhistas, ora classificados como direitos efetivos para essa geração, aplicados aos menores e jovens, com idade de 14 a 24 anos, exceto pessoas com deficiências, assim como os Direitos Trabalhistas aplicados aos trabalhadores, porém direitos com algumas peculiaridades distintas, ou seja, com proteções necessárias, imposta em lei. Ou ainda:

O trabalho do menor deve merecer especial proteção do direito, porque há razões: 1) fisiológicas, para que seja possível o seu desenvolvimento normal, sem os inconvenientes das atividades mais penosas para a saúde, como ocorre nos serviços prestados em subsolo, períodos noturnos etc.; 2) de segurança, porque os menores, pelo mecanismo psíquico de atenção, expõem-se a riscos maiores de acidentes de trabalho; 3) de salubridade, impondo-se sempre afastar os menores dos materiais ou locais comprometedores para o seu organismo; 4) de moralidade, por haver empreendimentos prejudiciais à moralidade do menor, como as publicações frívolas, a fabricação de substâncias abortivas etc.; 5) de cultura, para que seja assegurada ao menor uma instrução adequada. (OVIEDO, 1934, p. 403 apud NASCIMENTO, 2011, p. 892)

Contudo, embora importante tal classificação, o que se pretende, por ora, é contextualizar historicamente a luta pela consecução dos Direitos Trabalhistas, a fim de poder, após entender sua natureza ou essência, verificar se tais direitos, em especial os Direitos Trabalhistas, estão, atualmente, se afastando de suas origens e finalidades, adequando a proteção trabalhista ao jovem menor.

O surgimento do trabalho infantil, com a necessidade de amparo legal, está associado à época das corporações de ofício, ou seja, da passagem do modo feudal para o capitalismo. Cada corporação tinha o controle do trabalho de sua congregação e do comércio interno local e suas concorrências; eram divididos entre

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classes: os mestres, oficiais e aprendizes. No entanto, os aprendizes não recebiam salários, pois efetuavam treinamento e após o término, tornavam-se jornaleiros, no intuito de, futuramente, se tornar mestres.

Essa colocação vem de encontro com o entendimento de Cassar, que explica com precisão o cenário da ordem e direitos das corporações de ofício:

o aprendiz devia obediência a seu mestre e, no final de seu aprendizado, em torno de cinco anos, tornava-se companheiro ou oficial. No entanto, continuava vinculado ao mesmo mestre até que o aprendiz ou o companheiro se tornassem mestres, o que acontecia somente através de prova, que era paga. (CASSAR, 2014, p. 59)

Porém, percebe-se, claramente, nesse tipo de vínculo, um cenário de desproteção aos jovens menores trabalhadores, que se submetiam às ordens dos mestres. Naquela época, o trabalho poderia ultrapassar 18 horas em algumas ocasiões, mas chegavam, em média, a 12 e 14 horas por dia. Havia exploração do trabalho da mulher e da criança, além de trabalho em condições excessivamente insalubres e perigosas. (CASSAR, 2014)

Ao fim das corporações de ofício,

a decadência das corporações de ofício iniciava-se. Em 1789, as corporações de ofício foram extintas com a Revolução Francesa e em 1791 a Lei Chapelier (art. 1°), de 17 de junho, proibia seu restabelecimento e demais coalizões. Nasce a lei do mercado, o liberalismo, sem intervenção estatal nas relações contratuais. (CASSAR, 2014, p. 59)

Com o surgimento da revolução industrial, a sociedade se partiu em duas, burguesia e proletariado. O efeito social da revolução se entende com os princípios do liberalismo econômico e político e até na ideia que o Estado deveria se retirar da economia, com o intuito de haver liberdade individual de cada membro da sociedade, quer dizer, entre o empregado e empregador. Daí, destaca-se a sábia colocação de Nascimento:

A expressão questão social não havia sido formulada antes do século XIX. Os efeitos do capitalismo e das condições da infraestrutura social se fizeram sentir com muita intensidade com a Revolução Industrial. Destaque-se o empobrecimento dos trabalhadores, inclusive dos artesãos, a insuficiência competitiva da indústria que florescia, os impactos sobre a agricultura, os

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novos métodos de produção em diversos países e as oscilações de preço. A família viu-se atingida pela mobilização da mão de obra feminina e dos menores pelas fábricas. Os desníveis entre classes sociais fizeram-se sentir de tal modo que o pensamento humano não relutou em afirmar a existência de uma séria perturbação ou problema social. (NASCIMENTO, 2011, p. 33)

Por força dessa ampla oferta em face da substituição do homem pela máquina, houve um desiquilíbrio do salário, das condições de trabalho, colocando os jovens e menores em situação desprotegida, com cargas horárias de trabalho absurdas, chegando até 16 horas diárias, também eram expostos ao trabalho em minas e subsolo.

Nesse sentido, refere-se Sergio Pinto Martins:

No passado, os menores eram equiparados às mulheres, como se verifica em dois Capítulos da CLT sobre a tutela que deve ser dada a essa pessoa. Hoje, isso já não se justifica, principalmente diante do fato de que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. A tutela do direito do trabalho do menor apenas se evidencia no momento em que o trabalho interfere em sua formação moral, física, cultural etc. (MARTINS, 2012, p. 635)

Do mesmo modo, Amauri Mascaro Nascimento entende que:

O trabalho das mulheres e menores foi bastante utilizado sem maiores precauções. Na Inglaterra, os menores eram oferecidos aos distritos industrializados, em troca de alimentação, fato muito comum nas atividades algodoeiras de Lancashire. Aliás, as próprias paróquias — unidade administrativa civil inglesa, subdivisão territorial do condado criada pela denominada Lei dos Pobres — encarregavam-se, oficialmente, de organizar esse tráfico, de tal modo que os menores se tornaram fonte de riqueza nacional. Houve verdadeiros contratos de compra e venda de menores, estabelecidos entre industriais e administradores de impostos dos pobres. (NASCIMENTO, 2011, p. 39)

Complementa, ainda, Nascimento, ao mencionar o episódio salarial que se formou após a revolução Industrial:

Não é fácil saber com precisão a situação salarial dos trabalhadores logo após a Revolução Industrial, porque há uma insuficiência de documentos e também não se pode com segurança fazer uma correta interpretação sem conhecer a evolução dos preços e as necessidades de vida. No entanto, de um modo geral, os historiadores afirmam que os salários eram baixos, tanto assim que algumas medidas governamentais, como levantamentos e pesquisas, foram reclamadas. Foi o que aconteceu na Alemanha e na Inglaterra. Os salários, sempre insuficientes, nas indústrias eram mais elevados que na agricultura, e os homens ganhavam mais que as mulheres e os menores. (NASCIMENTO, 2011, p. 44)

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Vislumbra-se de tal contexto histórico a relevância dos movimentos na conquista dos Direitos Trabalhistas, caracterizando sua essência protetiva, com a presença do sindicato ocupante de um papel garantidor de direitos. Vólia Bomfim Cassar descreve, de forma bastante elucidativa, a situação relatada:

O Direito do Trabalho nasce com duas ramificações: Direito Individual do Trabalho e Direito Coletivo. O Direito Coletivo, com a preocupação abstrata e geral de proteção dos interesses do grupo de trabalhadores (categoria) ou de empresários. O direito individual, com a preocupação concreta da proteção dos direitos sociais do empregado. A base do direito coletivo do trabalho é o sindicato. (CASSAR, 2014, p. 60)

Constata-se, por conseguinte, que o surgimento dos Direitos Trabalhistas está diretamente ligado a transformações na sociedade, que pareciam concretizar direitos protetivos e inerentes ao trabalhador como tal, visando garantia ao jovem menor de modo diferenciada:

São vários os esforços realizados para melhorar as condições de trabalho dos jovens e impedir a mão-de-obra infantil. As razões apresentadas, originariamente, para justificar a legislação tutelar a respeito do menor, são de caráter higiênico e fisiológico. É sabido que o trabalho em jornadas excessivas e realizado em determinadas circunstâncias, como em subterrâneos e à noite, poderá comprometer o normal desenvolvimento dos jovens; se eles são afetados nos seus primeiros anos, tornar-se-ão adultos enfermos, incapacitados ou minorados, acarretando problemas demográficos futuros, com graves repercussões sociais. (BARROS, 2001, p. 90)

Ao continuar, percebe-se, nas palavras da autora, a relevância dos Direitos Trabalhistas, assim como os demais autores, porque não dizer, complementaridade ao princípio da proteção. As medidas de proteção estão direcionadas no sentido de proibir o trabalho da criança, restringir o trabalho do jovem e equiparar o trabalho do maior de dezoito anos ao do adulto.

Tendo a destacar, com relação ao surgimento dos Direitos Protetivos e Trabalhistas do jovem menor ao longo da história, que os referidos direitos foram resultados de muita luta, eles foram, verdadeiramente, uma aquisição das classes oprimidas, e das próprias famílias. Não é possível esquecer que a conquista de tais direitos é essencial para existir o equilíbrio da proteção que é dada ao jovem menor, assim como possuem grande relevância pelos textos internacionais, como será exposto, após conceituá-los, no subtítulo a seguir.

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1.2 A legislação protetiva Internacional

Com a grande exploração e falta de humanização expostas nos países, houve grande necessidade do Estado legislar sobre as normas de regulamentação do trabalho “a legislação sobre o trabalho do menor sofreu a influência da ação internacional, recebendo um tratamento nitidamente tutelar, mais ou menos semelhante à proteção conferida à mulher”. (BARROS, 2001, p. 93)

Em âmbito internacional, Robert Owen, que liderou a fábrica de tecidos de New Lamark, na Escócia, foi importante para o desenvolvimento da proteção do trabalho. Com seu auxílio, foi aprovada lei, em 1819, tornando ilegal o emprego de menores de 9 anos e restringindo o horário de trabalho dos adolescentes de menos de 16 anos para 12 horas diárias, nas atividades algodoeiras, assim como em 1833, provocada pela Comissão Sadler, uma lei proibiu o emprego de menores de 9 anos e limitou a jornada de trabalho dos menores de 13 anos em 9 horas, além de vedar o trabalho noturno. (NASCIMENTO, 2011, p. 891)

Importante, aqui, observar que assim como na Inglaterra, a conquista dos Direitos Trabalhistas e melhores condições de trabalho ao jovem menor se expandiram mundialmente ao longo da história, quando fica, também, clara a importância da constituição dos direitos de proteção mundialmente, conforme o autor Nascimento.

Na França, em 1813, foi proibido o trabalho dos menores em minas; em 1841, proibido o emprego de menores de 8 anos e fixada em 8 horas a jornada máxima dos menores de 12 anos e em 12 horas a dos menores de 16 anos. Na Alemanha, em 1839, foi votada lei que proibia o trabalho de menores de 9 anos e restringia a 10 horas a duração diária do trabalho dos menores de 16 anos. A lei industrial de 1869 fixou a idade mínima de admissão em 12 anos. Na Itália, em 1886, foi aprovada a lei que fixou em 9 anos a idade mínima para o emprego e proibiu certos tipos de trabalho para o menor. (NASCIMENTO, 2011, p. 891)

Complementa, ainda, Nascimento:

Daí por diante a legislação trabalhista protege o menor ao fixar regras tutelares proibitivas destinadas à idade mínima para o seu trabalho, quanto

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aos ambientes de trabalho que possam prejudicar a sua saúde, integridade física e formação moral e a valorizar diretrizes voltadas para a sua educação e qualificação profissional. (NASCIMENTO, 2011, p. 891)

Dessa forma, com a necessidade de regulamentação internacional a OIT consolidado e atrelamento à ONU, criada no ano de 1919, com o propósito de defender e ampliar-se melhores formas do trabalho do menor e da aprendizagem, desenvolvendo um papel importantíssimo para fixação das legislações e na preparação de políticas econômicas, sociais e trabalhistas, acompanhando cada época e suas problematizações.

A OIT é responsável pela formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho (convenções e recomendações) as convenções, uma vez ratificadas por decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento jurídico. (OIT, 2016)

No mesmo entendimento, Delgado discorre sobre a importância da Organização Internacional do Trabalho:

Não obstante, o Direito Internacional do Trabalho, desde seu surgimento em 1919 com a fundação da Organização Internacional do Trabalho pelo Tratado de Versalhes, e, considerada sua estruturação, principalmente em torno das Convenções da OIT, tem mantido e até incrementado sua influência no âmbito interno das realidades normativas nacionais e, até mesmo, comunitárias. Nas últimas décadas, em face da acentuação da globalização e da influência crescente de certa perspectiva internacional no interior das sociedades nacionais, a força do Direito Internacional do Trabalho tem se elevado. (DELGADO, 2016, p. 62)

A primeira Conferência Internacional do Trabalho, realizada em 1919, definiu a idade mínima de 14 anos para o trabalho na indústria e a proibição do trabalho noturno de mulheres e menores de 18 anos, após efetuou fim ao trabalho infantil irregular, que era a mão de obra barata, sendo utilizada para a exploração dos países subdesenvolvidos.

Tendo em vista a necessidade de proteção ao jovem menor, foram publicadas as principais convenções e recomendações, conforme enumera Barros:

A OIT tem adotado, desde suas primeiras assembleias, Convenções Internacionais sobre o trabalho do menor, que vêm se incorporando à legislação interna dos Estados-Membros. Assim, em 1919, ela aprovou a Convenção n° 05, que limitou a quatorze anos a idade mínima para a admissão em minas, canteiros, indústrias, construção naval, centrais

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elétricas, transportes e construções. Excetua-se o trabalho em escolas profissionais autorizadas e em empresas familiares. No mesmo ano, a Convenção n° 06 proibiu o trabalho noturno do menor na indústria. Em 1920, a Convenção n° 07 estabeleceu em quatorze anos a idade mínima para o trabalho marítimo. A Convenção n° 10, de 1921, proibiu o trabalho agrícola aos menores de quatorze anos e a de n° 13 vedou o trabalho em serviços que implicassem o uso de cerusa, sulfato de chumbo e outras substâncias insalubres aos menores de dezoito anos. Em seguida, a Convenção n° 15, de 1921, fixou em dezoito anos a idade para o trabalho em navios, na condição de foguista e paioleiros. A Convenção n° 16, de 1921, determinou que os menores de dezoito anos se submetessem a exame médico antes de ingressarem em empregos a bordo e realizassem novo exame anualmente, salvo se trabalhassem em embarcação, cuja tripulação fosse constituída de familiares. De 1932 é a Convenção n° 33, revista pela de n°60, de 1937. A Convenção n° 33 dispôs sobre a idade mínima para contratação de menores em trabalhos não industriais, conforme definido na legislação interna dos países, não se aplicando às oficinas de família. A Convenção n° 7 foi revista pela de n° 58, que fixou em quinze anos a idade mínima para o trabalho marítimo, à semelhança das Convenções n°s 59 e 60, que fixaram esta mesma idade para o trabalho na indústria e nos serviços não industriais, respectivamente, revendo as Convenções n° 05 e n° 33. De 1946 são as Convenções n°s 78 e 79, dispondo a primeira sobre exame médico de menores em trabalhos não industriais e a segunda concernente ao trabalho noturno dos menores nestas atividades. Referiu-se ao trabalho noturno de menores na indústria, a Convenção n° 90, de 1948, e a d e n° 112 estabeleceu idade mínima de quinze anos para o trabalho em barcos de pesca. Dispuseram também sobre o trabalho do menor a Convenção n° 128, de 1967, alusiva a peso máximo a ser transportado, a 138 e a 146, ambas de 1973, dispondo sobre idade mínima para admissão no emprego. As principais Convenções da OIT, sobre a temática, ratificadas pelo Brasil são as de n°s 05, 06, 07,16, 58 e 182. Além dessas normas internacionais, há várias Recomendações da OIT sobre o trabalho do menor, entre as quais as de n°s 04, 14, 41, 45, 52, 57, 60, 77, 79, 80, 87, 96, 101, 117 e 190, entre outras. (BARROS, 2001, p. 93-94)

O Brasil está entre os membros fundadores da OIT, tendo participação brasileira desde a década de 1950, após, aderiu-se as convenções e recomendações, conforme ressalva OIT, falando da importância que se faz hoje:

Além da promoção permanente das Normas Internacionais do Trabalho, do emprego, da melhoria das condições de trabalho e da ampliação da proteção social, a atuação da OIT no Brasil tem se caracterizado, no período recente, pelo apoio ao esforço nacional de promoção do trabalho decente em áreas tão importantes como o combate ao trabalho forçado, ao trabalho infantil e ao tráfico de pessoas para fins de exploração sexual e comercial, à promoção da igualdade de oportunidades e tratamento de gênero e raça no trabalho e à promoção de trabalho decente para os jovens, entre outras. (OIT, 2016)

Assim definidos os Direitos Trabalhistas Internacionais, passa-se a verificar suas primeiras previsões constitucionais.

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1.3 A legislação protetiva no Brasil

O trabalho do menor e a aprendizagem também estão resguardados no âmbito nacional, pela Constituição Federal vigente, porém, desde o primórdio, em relação à proteção resguardada ao menor, era encontrada no Decreto nº 1313/1890, que nunca foi regulamentado. Este Decreto atribuía proteção aos menores, como a proibição ao trabalho da criança nas máquinas em movimento e nas faxinas, assim como o trabalho noturno.

A Europa já havia vivenciado a reação do proletariado, alimentada por movimentos socialistas de largo espectro e contida pelas medidas compensatórias empreendidas pela social-democracia, quando o operariado brasileiro se insurgiu e obteve a intervenção estatal. O Estado brasileiro era liberal, mas estava atento à experiência europeia e, por isso, promulgou normas que regulavam a jornada de menores cujo trabalho era permitido a partir de oito anos de idade (Decreto 1313/1891), o privilégio de salário pago a trabalhadores rurais (Decreto 1150/1904) e uma das seis primeiras leis, em todo o mundo, sobre férias remuneradas, fixando-as em quinze dias para empregados de estabelecimentos comerciais, industriais, bancários e de instituições beneficentes (Lei 4982/1925), além do Código de Menores de 1927 (Decreto 17934-A), que proibia o trabalho de menores de doze anos e limitava o trabalho de outros menores. (CARVALHO, 2011)

Desde a Constituição do Império, de 1824, houve a preocupação com o trabalho, sendo ela a primeira constituição brasileira, que tratou de eliminar as corporações de ofício, garantindo a liberdade ao trabalho no país.

A Constituição de 1891, com a instalação da OIT em 1919, fez os movimentos operários crescer, pela sua influência internacional, em busca de melhores condições de trabalho. Posteriormente, com o governo de Getúlio Vargas, foi promulgação a Constituição de 1934, originando, no texto constitucional, normas específicas do Direito do Trabalho. Quanto a isso, destaca Martins:

A Constituição de 1934 proibiu a diferença de salário para um mesmo trabalho por motivo de idade (art. 121, 1º, a). Era vedado o trabalho para menor de 14 anos, o trabalho noturno, a menores de 16 anos e em indústrias insalubres a menor de 18 anos (art. 121, 1º, d). Falava-se ainda de maneira genérica nos serviços de amparo à infância (art. 121, 3º). (MARTINS, 2012, p. 637)

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A Constituição de 1937 expressa a intervenção do Estado, com características do sistema corporativista, tendo instituído o sindicato único, vinculado ao Estado, além de proibir a greve (vista como recurso antissocial e nocivo à economia).

A Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei 5.452, de 1.º de maio de 1943, sistematizou e reuniu as diversas leis esparsas sobre Direito do Trabalho existentes à época.

A Constituição de 1946 restabeleceu o direito de greve, rompendo, de certa forma, com o corporativismo da Carta de 1937, apresentando um rol de Direitos Trabalhistas superior àquele das Constituições anteriores.

A Constituição de 1967 manteve os Direitos Trabalhistas previstos nas Constituições anteriores e passou a prever o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, que havia sido criado pela Lei 5.107, de 13 de setembro de 1966. (GARCIA, 2015, p. 29)

Constata-se, dessa maneira, que o surgimento da Constituição Federal de 1988, tratou claramente dos direitos trabalhistas e previdenciários dos menores ligados a transformações na sociedade, diferentemente das dimensões ou gerações de direitos anteriores, que pareciam concretizar direitos já existentes. É essa a visão apresentada por Delgado:

Como já visto, o parâmetro antidiscriminatório idade foi lançado pela Constituição de 1946 e suprimido pelas cartas do regime militar. A Constituição de 1988 corrigiu a distorção, inserindo, novamente, esse padrão no corpo do Texto Político Máximo do país (art. 52, caput e art. 7S, XXX, CF/88). E o fez reportando-se não somente à diferença de salários (como referido pela Constituição de 1946), mas também ao exercício de funções e de critério de admissão (art. 79, XXX). A Constituição de 1988, porém, foi mais explícita ainda em sua intenção antidiscriminatória, ao estipular que entre a proteção especial normativamente deferida aos menores englobava-se a “garantia de direitos previdenciários e trabalhistas”, além da “garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola” (art. 227, § 3S, II e lll, CF/88). (DELGADO, 2016, p. 801)

A Constituição Federal atual, de 1988, proíbe a diferença de salários, do exercício de funções, e critério de admissão pela razão da idade; veda o trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de 18 anos, e qualquer trabalho a menores de 14 anos, com exceção da condição de aprendiz, conforme citado por Martins:

Inicialmente, as Constituições brasileiras versavam apenas sobre a forma do Estado, o sistema de governo. Posteriormente, passaram a tratar de todos os ramos do Direito e, especialmente, do Direito de Trabalho, como ocorre com nossa Constituição atual. (MARTINS, 2012, p. 5)

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a Constituição Federal de 1988 (art. 7º, XXXIII) proíbe o trabalho noturno, perigoso ou insalubre ao menor de 18 anos e de qualquer trabalho a menor de 16 anos, salvo se aprendiz a partir de 14 anos. Além disso, veda diferenças de salário em razão de sexo, idade ou estado civil (inciso XXX).

A exceção do trabalho na condição de aprendiz, trazida pelo referido Art. Constitucional, traça com perceptibilidade o importante panorama que envolve o surgimento desses novos direitos e as modificações que lastram o trabalho do jovem menor, nas palavras de Cassar.

É certo que a norma é de ordem pública e deve ser aplicada imediatamente para impedir que o menor trabalhe. A criança e o adolescente devem frequentar a escola, brincar, fortalecer os laços familiares e descansar para crescer, de forma a tornar-se um adulto saudável. Esta é a finalidade da lei. (CASSAR, 2014, p. 556)

Entende-se que o menor de 14 anos, na condição de aprendiz, está capacitado para os atos da vida trabalhista, ele é capaz de ser inserido no mercado de trabalho de modo especial, admitido pela CF/88 via aprendizagem, como enfatiza Delgado:

Define-se, em conformidade com a CLT, como o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por tempo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 anos e menor de 24 anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação (art. 428). (DELGADO, 2016, p. 628)

Isso porque, no mercado de trabalho, são procuradas pessoas com qualificações e com profissionalização, por isso, a condição de aprendiz vem da conformidade com as cobranças do atual mercado de trabalho, despertando um acúmulo de jovens em busca de emprego que, em muitas circunstâncias, não são admitidos por falta de qualificação, destaca Garcia:

A Constituição Federal de 1988, no art. 227, apresenta a seguinte previsão de destaque: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” (redação determinada pela EC 65/2010).

O § 3.º do mesmo art. 227 estabelece, ainda, que o direito à proteção especial abrange a garantia de direitos previdenciários e trabalhistas (inciso

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II), bem como a garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola (inciso III). (GARCIA, 20015, p. 601)

Direcionado ao conjunto de legislação vigente, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) disciplina o Trabalho Educativo, sendo necessário observar-se a maneira do trabalho das crianças e adolescentes aprendizes, ou seja, deve ser atribuído um equilíbrio entre a educação e o trabalho, é o traz o art. 68 da Lei nº 8.069:

O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação, para o exercício de atividade regular remunerada. §1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pessoal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo. §2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho não desfigura o caráter educativo. (BRASIL, 1990)

Deve-se admitir uma adequada aprendizagem por parte do trabalhador, de modo que as atividades laborais precisam conciliar e ajudar o processo de ensino no desenvolvimento pessoal e social, ensejando condições para que o jovem possa efetuar a atividade remunerada juntamente com sua formação educacional e moral.

Conforme esclarece Oris de Oliveira, quer isso dizer que o trabalho educativo envolve, em sua dinâmica, “uma inter-relação com a escola, colaborando para que o educando tenha acesso (ou regresso), sucesso e permanência na escola não somente do ensino fundamental, mas também propiciando acesso a níveis mais elevados”.(35) Não ha, pois, “trabalho educativo sem participação ativa da escola”.(36) Em síntese, no trabalho educativo mencionado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, a atividade laborativa e mero acessório componente de um processo mais amplo e mais relevante de formação integral da pessoa do educando. (OLIVEIRA, 1999 apud DELGADO, 2016, p. 870)

Trata-se do “trabalho educativo”, que é a inclusão de preceitos do ECA relativos ao trabalho e educação dos menores, de modo que quem desrespeitá-las, na esfera do Direito do Trabalho, fica a luz do manto protetivo da CLT. Explica, mais, o autor Delgado:

Ausente esta estreita subordinação da atividade laborativa a dinâmica e aos fins pedagógicos, esvai-se o tipo jurídico do art. 68 do ECA, despontando a simples (e vedada) utilização do trabalho do jovem sem proteção trabalhista e previdenciária. Em tais situações de desvio da finalidade legai, impõe-se a

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plena incidência do manto protetivo da ordem jurídica trabalhista (caput dos arts. 3a e 2a da CLT; art. 227, § 3a, II, CF/88). (DELGADO, 2016, p. 802)

O Estatuto da Criança e do Adolescente ressalta a importância da profissionalização e da proteção no trabalho em seu art. 69, observando-se os aspectos de pessoa em desenvolvimento e também da capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. Conforme Garcia:

O art. 69 da Lei 8.069/1990 assegura ao adolescente o direito à profissionalização e à proteção no trabalho, observados, entre outros, o respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, bem como a capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho. Cabe analisar, no entanto, os diversos deveres e responsabilidades quanto ao menor, quando inserido nas relações de trabalho. (GARCIA, 2015, p. 606)

Entretanto, aos jovens e menores, devem ser observadas suas medidas de proteção para efetivo desenvolvimento, assim, o legislador atribui uma proteção especial, pela Consolidação das Leis Trabalhistas, Lei nº 10.097/2000 e o Estatuto da Criança e do Adolescente, ou seja, em legislação específica, em um complexo que compreende as fundamentais formas de proteção do trabalho, acompanhando a Carta Magna.

Na Consolidação das Leis do Trabalho, de 1.º de maio de 1943, aprovou-se a matéria em questão, em seu Capítulo IV: “a Consolidação das Leis do Trabalho (arts. 402 a 441) disciplina o trabalho do menor empregado e, também, o contrato de aprendizagem (arts. 424 a 433). (NASCIMENTO, 2011, p. 892)

Tendo em vista tal Consolidação, pode-se afirmar que a colocação dos jovens menores no mercado de trabalho e seus direitos em questão estão no ponto de fiscalização por parte do Ministério do Trabalho, como expõe Nascimento:

O Ministério do Trabalho e Emprego expediu diversas Portarias, entre as quais as de n. 702, de 2001, que estabelece normas para avaliação da competência de entidades sem fins lucrativos que tenham por objeto a assistência ao adolescente e a educação profissional, e que se proponham a desenvolver programas de aprendizagem; a Instrução Normativa n. 26, de 2001, sobre contrato de aprendizagem; a Portaria n. 7, sobre erradicação do trabalho infantil; a Instrução Normativa n. 1, de 2000, sobre planejamento de ações para o desenvolvimento do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil; a Portaria n. 20, de 2001, da Secretaria da Inspeção do Trabalho e do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho, sobre atividades nas quais é proibido o trabalho do menor de 18 anos de idade; e a Portaria n. 6,

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publicada no DOU de 7 de fevereiro de 2001, trazendo nova relação de serviços e locais considerados perigosos ou insalubres para os menores de 18 anos. (NASCIMENTO, 2011, p. 892)

Desse modo, constatadas as origens constitucionais e legislações do Direito Trabalhista, bem como, tendo em vista a importância da constitucionalização desses direitos, passa-se a analisar as piores formas de trabalho infantil instituída como forma de estabelecer os locais nos quais estes direitos podem não ser resguardados.

1.4. As piores formas de trabalho infantil

O trabalho infantil é considerado aquele realizado por crianças e adolescentes, a partir dos 16 anos, exceto nos casos de trabalho noturno, perigoso ou insalubre, nos quais a idade mínima se dá aos 18 anos, em atividades proibidas, visando garantir o pleno desenvolvimento do menor. As possíveis causas do trabalho infantil são relatadas no texto “O Contexto do Trabalho Infantil e a Imprensa”:

Crianças e jovens são obrigados a trabalhar por várias razões, sendo a pobreza a principal delas. Muitos governos, ao enfrentar crises econômicas, não dão prioridade às áreas que poderiam ajudar a aliviar as dificuldades enfrentadas por famílias de baixa renda: não priorizam saúde, educação, moradia, saneamento básico, programas de geração de renda, treinamento profissional, entre outros. Para essas famílias, a vida se torna uma luta diária pela sobrevivência. As crianças são forçadas a assumir responsabilidades, ajudando em casa para que os pais possam trabalhar, ou indo elas mesmas trabalhar para ganhar dinheiro e complementar a renda familiar. (OIT, 2016)

Por outro lado, outra causa de trabalho infantil seria:

Outro fator que obriga ao trabalho infantil é a opinião, comum em muitas culturas – e não só nos estratos mais pobres –, de que as crianças devem compartilhar as responsabilidades da família, participando do trabalho dos pais, ganhando remuneração fora de casa ou ajudando na administração da casa. Esta última é especialmente verdadeira para as meninas, de quem é esperado que cuidem dos irmãos e irmãs, bem como das tarefas domésticas, a ponto de estas se tornarem sua principal ou única atividade. (OIT, 2016)

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A convenção 182 da OIT, “Convenção sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil e a Ação Imediata para a sua Eliminação” 1, elenca as piores

formas de trabalho infantil, é uma forma de classificação adotada por vários países para definir as atividades que mais oferecem riscos à saúde, ao desenvolvimento e à moral das crianças e dos adolescentes.

Barros assim explica tal classificação:

Ao se determinar e localizar estes últimos, deve-se levar em consideração: os trabalhos em que a criança fique exposta a abusos de ordem física, psicológica ou sexual; os trabalhos subterrâneos, debaixo d ’água, em alturas perigosas ou em locais confinados; os trabalhos com máquinas, equipamentos e ferramentas perigosas, ou que impliquem a manipulação ou transporte manual de cargas pesadas; trabalhos insalubres, agentes ou processos perigosos ou a temperaturas, níveis de ruído ou de vibrações prejudiciais à saúde e os trabalhos executados em condições especialmente difíceis, como os horários prolongados ou noturnos, ou trabalhos que retenham injustificadamente as crianças em locais à disposição do empregador. Todo Estado-membro que ratificar a referida norma internacional deverá implementar programas para eliminar as piores formas de trabalho infantil, em consulta com as instituições governamentais, com as organizações de empregados, empregadores e outros grupos interessados. (BARROS, 2001, p. 94)

Nascimento traça, com clareza, a posição que o Brasil se colocou frente a convenção 182 da OIT:

O Brasil aderiu à política recomendada pela Convenção n. 182 e 138 da OIT, em matéria das piores formas de trabalho infantil “desenvolveram-se, no plano internacional, diversas medidas de proteção que incluem a Convenção n. 5, de 1919, sobre idade mínima de admissão ao emprego, proibindo-o, em estabelecimentos industriais, para crianças com menos de 14 anos de idade, norma geral depois elevada para 15 anos e para trabalhos penosos”. A Convenção n. 138 instou os Estados a perseguir uma política nacional que visa a assegurar a efetiva abolição do trabalho infantil e elevar, progressivamente, a idade mínima de admissão no emprego, ressalvando o trabalho para formação profissional. (NASCIMENTO, 2011, p. 1964)

Mediante publicação do Decreto 6.481, o Brasil tratou de divulgar a Lista TIP, juntamente com formas de fiscalizar e enfatizar a sua observância na sociedade e no combate mediante políticas públicas para seu cumprimento. É essa a visão apresentada por Barros:

1 Disponível em: <http://www.promenino.org.br/trabalhoinfantil/piores-formas>. Acesso em: 29 out.

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O Brasil, dando efetividade ao comando contido nesta norma internacional, publicou o Decreto n° 3.409, de 10 de abril de 2000, a Instrução Normativa MTE/SIT n° 01, de 23 de março de 2000, dispondo sobre ações para erradicação do trabalho infantil e proteção ao trabalhador adolescente e também a Portaria MTE/SIT n° 07, de 23.03.2000, criando Grupos Especiais de Combate ao Trabalho Infantil e de Proteção ao Trabalhador Adolescente, definindo sua subordinação, finalidade, composição e atribuições. (BARROS, 2001, p. 94)

O Decreto nº 6.481, de 12 de junho de 2008, traz elencadas as piores formas de trabalho infantil no referido artigo:

Art. 4º Para fins de aplicação das alíneas “a”, “b” e “c” do artigo 3º da Convenção nº 182, da OIT, integram as piores formas de trabalho infantil: I - todas as formas de escravidão ou práticas análogas, tais como venda ou tráfico, cativeiro ou sujeição por dívida, servidão, trabalho forçado ou obrigatório;

II - a utilização, demanda, oferta, tráfico ou aliciamento para fins de exploração sexual comercial, produção de pornografia ou atuações pornográficas;

III - a utilização, recrutamento e oferta de adolescente para outras atividades ilícitas, particularmente para a produção e tráfico de drogas;

IV - o recrutamento forçado ou compulsório de adolescente para ser utilizado em conflitos armados. (BRASIL, 2008)

Aliado à influência dessa posição da proibição do trabalho infantil na legislação, vê-se o princípio da proteção das normas referentes aos direitos trabalhistas do menor, que, pelo já exposto, atinge, também, as garantias fundamentais atribuídas na Constituição Federal. Veja-se o que atesta Cassar:

Outros, apesar de reconhecerem alguma mudança no Direito do Trabalho, percebem também que o Brasil ainda não pode ser visto como país que efetivou o welfare (o bem-estar social), pois ainda temos trabalho escravo ou, em condição análoga; exploração do trabalho do menor; condições subumanas de trabalho e legislação trabalhista ainda muito desrespeitada. Por isso, não se pode defender o total afastamento do Estado desta relação privada, não se pode pretender a privatização dos direitos trabalhistas, o retrocesso de um grande avanço conquistado com profundo sacrifício. (CASSAR, 2014, p. 72)

Destarte, encerra-se este capítulo, ressaltando a importância da Proibição do trabalho infantil, em relação aos direitos trabalhistas do jovem menor, por elevá-los a direitos e garantias fundamentais e, por conseguinte, atribuir-lhes a aplicabilidade da legislação.

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Conforme Mauricio Godinho Delgado (2016, p. 442), o empregado aprendiz é figura importante no Direito do Trabalho por traduzir fórmula jurídica de inserção da juventude nos benefícios civilizatórios da qualificação profissional pelo caminho mais bem protegido, que é o da relação de emprego.

Além disso, relativamente aos direitos dos trabalhadores, em especial, pode-se obpode-servar, por meio de sua previsão detalhada, que mereceram especial tratamento e proteção no atual texto constitucional, pois não é justificável o trabalho infantil nas condições ilícitas. As regras desse vínculo empregatício, celebrado por meio de uma espécie de contrato de trabalho especial, serão mais detidamente examinadas no Capítulo II a seguir.

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2 O CONTRATO DE APRENDIZAGEM

O trabalho infantil sempre existiu e, em muitos momentos da história, sequer ocorria distinção entre atividade de faixas etárias. A Carta Magna afirma que a partir dos quatorze anos o sujeito está apto ao trabalho, considerando as condições especiais do menor, ou seja, na condição de aprendiz. Apesar da figura do aprendiz, das corporações de ofício medievais, permanece a terminologia.

Para Caio Franco Santos (2010), o acessível é que o jovem menor não exerça função laboral, que dedicasse seu tempo a estudos, a atividades esportivas, de laser e cultural, ajudando em seu desenvolvimento físico e psicológico para a vida adulta.

Contudo, como o contrato de aprendizagem está densamente ligado à questão da idade, motivado pelo contexto histórico, pelas condições de trabalho de cada época, pelas exigências do mercado de trabalho atual, e outros fatores, é possível que o jovem possa trabalhar. Santos assevera:

O contrato de aprendizagem apresenta-se como solução plausível. Por um lado, dá ao adolescente oportunidade de receber salário de forma digna, com a garantia de Direitos Trabalhistas e Previdenciários. Por outro lado, não descuida de sua formação, pois exige que o adolescente frequente o ensino fundamental e proporcione-lhe qualificação profissional em terminado oficio. (SANTOS, 2010, p. 18)

A necessidade impõe ao jovem procurar uma atividade de trabalho, para sobrevivência própria ou para sua família, submetendo-se ao mundo do trabalho de maneira licita ou ilícita. Confirmando esse entendimento, afirma Santos:

Se a necessidade de adolescente auferir renda é uma realidade que não pode ser superada a curto e médio prazo, deve a lei dispor-lhe especial proteção para evitar-lhe a exploração colocá-lo a salvo de ambientes ou atividades que o trabalho precoce tem na sua formação profissional e intelectual. A inserção do adolescente no mercado de trabalho deve ocorrer de forma menos prejudicial possível. (SANTOS, 2010, p. 18)

Conhecendo a realidade do trabalho brasileiro, fica evidenciado que as formas de contratos de trabalhos são feitas para conferir proteção jurídica aos empregados, pela sua posição de inferioridade econômica em relação aos

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empregadores, sendo essa maneira uma forma de equilíbrio nas relações trabalhistas.

Para ajudar a promover a contratação de jovens aprendizes, o governo vem procurando fornecer instrumentos capazes de tornar mais amplo e obrigatório a inserção do jovem de maneira licita no mundo do trabalho. A forma de regulamentar essas contratações foi fixada pela Lei nº 10.097, de 19/12/2000, juntamente com o Decreto Federal nº 5.598/2005.

O Contrato de Aprendizagem, como normalmente é chamado, é um contrato que surgiu de situações reais, que acabaram sendo positivadas pelo direito, ou seja, a lei tem como base uma circunstância da realidade cotidiana frente à realidade trabalhista. Em outras palavras, é a conversão de um fato em direito, de modo positivo, incluindo o jovem de maneira licita no mundo do trabalho, lhe atribuído proteção por meio de legislação.

A história relata e expõe que a mão de obra do jovem menor era explorada pela falta de legislação, ou do conhecido da mesma, o Contrato de Aprendizagem vem como forma de regulamentação, que nada mais é que a formalização da troca da mão de obra do aprendiz, pela observância do seu desenvolvimento e sua formação adequada por parte do empregador, pela força do trabalho, juntamente com a sua formação.

Essa prática de inclusão do jovem no mercado de trabalho foi desenvolvida com o passar dos anos, com a assistência legislativa do Estado, sendo que, o que poderia ser efetivado seriam contratos para melhor desenvolvimento do menor e do jovem. Essas legislações foram essências para o incentivo da contratação pelos empregadores e, assim, impulsionar o pleno desenvolvimento do jovem em relação ao trabalho.

A partir de 2000, com a Lei nº 10.097, o Estado passou a se posicionar como parte incentivadora para a contratação, com um cuidado especial na assistência provedora e fiscalizadora, intervindo vigorosamente no cenário trabalhista e econômico, por meio de legislação rigorosa e amplos recursos econômicos, voltados

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para sua aplicabilidade. Buscou juntar e impulsionar o aprendiz junto aos empregadores, que estavam aparentemente disfarçados em meio à ilicitude.

Entretanto, não é somente o Estado que tem o dever de ser fiscalizador e promover a inclusão e proteção do aprendiz, a família, pais e sociedade também são agentes capazes para, juntamente com o Estado, efetivar medidas. Como afirma Barros:

É dever dos responsáveis legais dos menores (pais, mães ou tutores) afastá-los dos empregos que diminuam o seu tempo de estudo, reduzam o repouso necessário à sua saúde ou prejudiquem sua educação moral (art. 424 da CLT). Caso o serviço possa acarretar prejuízo de ordem física ou moral para o menor, os pais ou representante legal poderão pleitear a extinção do contrato. (BARROS, 2001, p. 105)

De tal modo, o que seria uma garantia para o jovem e seus responsáveis, acabou tendo efetividade na prática, frente às constantes restrições observadas na utilização da mão de obra do próprio aprendiz, reguladas por força de Lei, que exigem observância a elas por parte do empregador.

A contratação do jovem aprendiz é uma das soluções possíveis para que seja efetuada oportunidade ao jovem de receber salário, direitos previdenciários e trabalhistas de maneira digna, de forma a conciliar com sua formação, combatendo as formas de trabalho que são prejudiciais. Verificar-se que a contratação, com a devida qualificação profissional do jovem, enseja mudanças positivas para o menor em pleno desenvolvimento, e até mesmo da sociedade, como relata Santos:

Fins desenvolvimento social e do indivíduo: A importância da educação profissional no pleno desenvolvimento já seria razão bastante a justificar investimentos do Estado e da sociedade. A aquisição de conhecimentos, ampliação de consciência, a aguçar do espírito crítico, o desenvolvimento de habilidades e a integração produtiva e realizadora do indivíduo na sociedade são favorecidos pela educação profissional e importa na evolução pessoal, necessidade inata do ser humano. A sociedade tem como finalidade suprema o bem comum, que se realiza quando se alcança o bem de cada um. Desenvolvimento do país: Enfim, deve se ter sempre em conta a aprendizagem é uma forma de educação profissional e objetiva a qualificação de mão de obra. Com tal educação concorre para o desenvolvimento do país, da sociedade e dos indivíduos, há interesse público em que a aprendizagem seja tutelada pelo Estado, com participação da sociedade; Aproveitamento do aprendiz no próprio estabelecimento: O aproveitamento do adolescente no próprio estabelecimento em que ocorre a aprendizagem constitui uma finalidade da lei. Não se trata de uma finalidade que necessariamente deve ser alcançada, pois o empregador não está

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obrigado a contratar o adolescente ao final da aprendizagem. Trata-se de uma expectativa uma consequência desejada, que inspirou o legislador – é nesse sentido que constitui uma finalidade. De qualquer forma, esse fim almejado da aprendizagem tem importância decisiva na interpretação de alguns dispositivos da lei. (SANTOS, 2010, p. 20)

Portanto, faz-se necessária, sempre, uma busca de alternativas à prestação jurisdicional do Estado e melhores condições para que haja efetiva proteção ao aprendiz na devida função laboral, a fim de regular essas relações de forma construtiva, benéfica ao aprendiz e a sociedade.

Referente a essas premissas, convêm refletir que o momento atual não permite mais que se prolonguem conflitos envolvendo o trabalho infantil ilícito, ou seja, a exploração do trabalho da criança e adolescentes, é necessário utilizar adequados métodos alternativos, de modo a contribuir, indo de encontro ao Contrato de Aprendizagem, de modo lícito e legal, de acordo com Manual da Aprendizagem:

A aprendizagem é um instituto que cria oportunidades tanto para o aprendiz quanto para as empresas, pois prepara o jovem para desempenhar atividades profissionais e adquirir capacidade de discernimento para lidar com diferentes situações do mundo do trabalho e, ao mesmo tempo, permite às empresas formarem mão-de-obra qualificada cada vez mais necessária em um cenário econômico em permanente evolução tecnológica. (BRASIL, 2009, p. 11)

Tendo como objetivo deixar mais sólida a compreensão e a abordagem do assunto voltado à proteção do trabalho do jovem, é necessário adentrar à análise dos sujeitos que figuram no negócio jurídico, para/no qual se traduz o contrato de trabalho, ou seja, é necessário discorrer os conceitos e as medidas de proteção ao trabalho do aprendiz.

2.1 Normas protetivas ao aprendiz

A limitação básica do trabalho do jovem, principalmente do menor, na sua condição de aprendiz, diz respeito à condição da pessoa em seu pleno desenvolvimento, e a sua formação profissional merece total cautela. Tendo em vista que sua não observância acarreta responsabilidade para envolvidos na relação, sejam os empregadores, familiares, poder público ou a sociedade, devem zelar pela total observância da efetiva proteção dos direitos e garantias.

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A Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 7º, inciso XXXIII, l, faz proibições para o trabalho em algumas situações: “proibição do trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos”. (BRASIL, 1988). Não é possível que o aprendiz, e qualquer pessoa com menos de 18 anos, realize trabalho noturno, perigoso ou insalubre, essa proibição é de natureza absoluta, pois em nenhum momento será possível, a Constituição é clara quanto a sua vedação.

Essa limitação ao trabalho do menor, trazida pela Constituição Federal, também se encontra na legislação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 67, inciso I, II, III, e IV, no qual estabelece:

Art.67 – Ao Adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em atividade governamental ou não governamental, é vedado o trabalho: I- noturno realizado entre 22 (vinte duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte; II – perigoso, insalubre ou penoso; III–realizado em locais prejudiciais a sua formação e ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; IV-realizado em horário e locais que permitam a frequência à escola. (BRASIL, 1990)

O trabalho que prejudica o menor é proibido, pois afeta seu pleno desenvolvimento e sua formação, sendo proibido por força da legislação vigente, é uma medida de proteção, Saraiva (2013) relata que a norma tem caráter essencialmente protecionista do menor, que visa proteger a criança e o adolescente, evitando que o menor deixe de estudar para trabalhar, prejudicando seu desenvolvimento físico, moral e mental.

O Estado exerce atividade essencial, legislando e proibindo o trabalho do menor, efetuando-lhe proteção, uma vez que tal situação atinge a liquidez e certeza do crédito nele representado, sobre a questão, refere Nascimento:

O Estado proíbe o trabalho do menor nos seguintes casos: 1) serviços noturnos (CF, art. 7º, XXXIII, e CLT, art. 404); 2) locais insalubres, perigosos ou prejudiciais à sua moralidade (CF, art. 7º, XXXIII, e CLT, art. 405); 3) trabalho exercido nas ruas, praças e outros logradouros públicos, salvo mediante prévia autorização do Juiz de Menores, que verificará se a ocupação é indispensável à sua própria subsistência ou à de seus pais, avós ou irmãos e se dessa ocupação não poderá advir prejuízo à sua formação moral (CLT, art. 405, § 2º), acrescentando-se que a Constituição

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proíbe qualquer trabalho do menor, salvo na condição de empregado e de aprendiz, regra que pode ter afetado esse texto da legislação infraconstitucional. Ao empregador é vedado utilizar o menor em atividades que demandem o emprego de força física muscular superior a 20 ou 25 quilos, conforme a natureza contínua ou descontínua do trabalho. Não se aplica essa exigência se a força utilizada for mecânica ou não diretamente aplicada. (NASCIMENTO, 2010, p. 905)

O trabalho noturno proibido por força de Lei se aplica ao menor de 18 anos de idade, quanto aos maiores de 18 anos não há vedação, no entanto, deve ser pago o adicional que lhe é de direito. Entende-se que o que se busca é priorizar o direito do menor à sua vida social e familiar para pleno desenvolvimento, esclarece Barros:

Ao menor de dezoito anos é proibido o trabalho noturno, assim considerado aquele realizado entre 22 e 5 horas do dia seguinte, no meio urbano (art. 404 da CLT) e, no meio rural, de 20 as 4 horas, se executado na pecuária, ou 21 às 5 horas, se exercidas as atividades na agricultura (arts. 11, parágrafo único, e 12 do Decreto n° 73.626, de fevereiro de 1974). Razões de ordem biológica, social e econômica justificam a proibição. (BARROS, 2001, p. 100)

Compreende-se, então, que a possibilidade do trabalho do menor se efetiva através da aprendizagem, de modo que, somente será possível se houver condições necessárias e adequadas. Neste caso, o aprendiz não poderá ser exposto, de forma alguma, ao trabalho que prejudique seu pleno desenvolvimento, deverá, portanto, exercer trabalho digno, dentro dos limites impostos em Lei.

O empregador que contrata algum menor em trabalho proibido será autuado pela prática e o vínculo empregatício será reconhecido de forma que terá direitos como um empregado, e não aprendiz, Saraiva menciona:

Não obstante, verificada a prestação de serviços nas condições acima descritas, serão devidos ao obreiro menor todos os direitos elencados nas normas trabalhistas, haja vista que, embora proibido o trabalho, as partes não tem mais como voltar ao status quo ante, sendo impossível o menor devolver sua força de trabalho, e injusto que o empregador se locuplete do seu labor. (SARAIVA, 2013, p. 91)

Compreende-se que a possibilidade do trabalho do menor se efetiva através da aprendizagem, de modo que somente será possível se houver condições necessárias e adequadas. Neste caso, o aprendiz não poderá ser exposto, de forma nenhuma, ao trabalho que lhe prejudica seu pleno desenvolvimento, deverá, portanto, exercer trabalho digno, dentro dos limites impostos em Lei.

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Dessa forma, diante da complexidade e obrigatoriedade do devido contrato de aprendizagem, de forma escrita, que assegura direitos e obrigações ao empregado e aprendiz, esse assunto será abordado de forma mais aprofundada, detalhada, face à diferentes formas de direitos, devidamente expressos e regulamentados na Legislação; pela Constituição Federal, CLT, assim como no Decreto 5.598, de 01 de dezembro de 2005, que regulamente a Lei da Aprendizagem 10.097/2000, na real adequação para o efetivo meio de contratação licita, evitando, assim, que diminua o trabalho infantil, proibido mediante a exploração.

2.2 O Decreto 5.598/2005 e a Lei nº 10.097/0000 Direitos e Obrigações do aprendiz

Com a Lei 10.097/2000 firmou-se a necessidade de intervenção do Estado nas atividades trabalhistas do jovem, estabelecendo a imprescindibilidade de que tal fato deveria tornar-se obrigacional. Logo, pode-se afirmar que a Lei 10.097/2000 está entre os instrumentos criados pela Constituição Federal em 1988 e, assim, sua existência tem como base a Constituição. A origem da Lei nº 10.097 resultou de atendimento à Constituição Federal, alterando a Consolidação das Leis Trabalhistas em artigos específicos.

A contratação do aprendiz, por força de lei, sendo equipada com o conceito popular de Lei do Jovem Aprendiz ou Aprendiz Legal, trazida pela Lei 10.097/2000, foi criada para facilitar a entrada do jovem no mercado de trabalho sem prejudicar sua formação escolar, equilibrando formação profissional e prática laboral, colocando em uso seus conhecimentos adquiridos durante sua formação, desde que os empregadores não tenham como objetivo o lucro, e que as contratações que realizem envolvam o desenvolvimento, enquanto pessoa, do jovem.

A Consolidação das Leis Trabalhistas define o referido Contrato de Aprendizagem nos seguintes termos:

Art. 428 Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de 24 (vinte e

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