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INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA

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Academic year: 2021

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Olá! Meu nome é Aline Brito. Sou graduada em Biblioteconomia e Ciência

da Informação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Mestre em Engenharia de Produção com ênfase em informação estratégica e empresarial pela Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP). Doutora em Ciência, Tecnologia e Sociedade com ênfase em Informação Científica e Tecnológica também pela UFSCar. Atualmente, sou coordenadora, professora e tutora do curso de Biblioteconomia (EaD) do Claretiano. Minha formação e experiências profissionais sempre estiveram ligadas ao ensino e à pesquisa na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, além da atuação como bibliotecária no Sesi-SP.

E-mail: aline.brito@claretiano.edu.br

Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 claretiano.edu.br/batatais

(3)

Batatais

INTRODUÇÃO À

BIBLIOTECONOMIA

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Educacional Claretiana.

CORPO TÉCNICO EDITORIAL DO MATERIAL DIDÁTICO MEDIACIONAL Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves

Preparação: Aline de Fátima Guedes • Camila Maria Nardi Matos • Carolina de Andrade Baviera • Cátia

Aparecida Ribeiro • Dandara Louise Vieira Matavelli • Elaine Aparecida de Lima Moraes • Josiane Marchiori Martins • Lidiane Maria Magalini • Luciana A. Mani Adami • Luciana dos Santos Sançana de Melo • Patrícia Alves Veronez Montera • Raquel Baptista Meneses Frata • Simone Rodrigues de Oliveira

Revisão: Eduardo Henrique Marinheiro • Filipi Andrade de Deus Silveira • Rafael Antonio Morotti • Rodrigo

Ferreira Daverni • Vanessa Vergani Machado

Projeto gráfico, diagramação e capa: Bruno do Carmo Bulgarelli • Joice Cristina Micai • Lúcia Maria de Sousa

Ferrão • Luis Antônio Guimarães Toloi • Raphael Fantacini de Oliveira • Tamires Botta Murakami

Videoaula: André Luís Menari Pereira • Bruna Giovanaz • Marilene Baviera • Renan de Omote Cardoso Bibliotecária: Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

020 B875i

Brito, Aline Grasiele Cardoso de

Introdução à Biblioteconomia / Aline Grasiele Cardoso de Brito – Batatais, SP : Claretiano, 2018.

122 p.

ISBN: 978-85-8377-549-2

1. Biblioteconomia. 2. Ciência da Informação. 3. Bibliotecário. 4. Unidades de informação. 5. Profissional da informação. 6. Informação. 7. Conhecimento. I. Introdução à Biblioteconomia. CDD 020 INFORMAÇÕES GERAIS Cursos: Graduação

Título: Introdução à Biblioteconomia Versão: fev./2018

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

1. INTRODUÇÃO ... 9

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ... 11

3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ... 14

4. E-REFERÊNCIAS ... 15

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 16

UNIDADE 1 – PRESSUPOSTOS DA BIBLIOTECONOMIA 1. INTRODUÇÃO ... 19

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ... 19

2.1. ORIGENS DO CONHECIMENTO EM BIBLIOTECONOMIA ... 19

2.2. AS CORRENTES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO EM BIBLIOTECONOMIA ... 23

2.3. A BIBLIOTECONOMIA E A DOCUMENTAÇÃO ... 29

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ... 32

3.4. EPISTEMOLOGIA ... 32 3.5. CONHECIMENTO EM BIBLIOTECONOMIA ... 33 3.6. PENSAMENTOS EM BIBLIOTECONOMIA ... 34 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ... 34 5. CONSIDERAÇÕES ... 36 6. E-REFERÊNCIAS ... 37 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 38

UNIDADE 2 – A BIBLIOTECONOMIA CIENTÍFICA E PROFISSIONAL 1. INTRODUÇÃO ... 41

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ... 41

2.1. O CAMPO CIENTÍFICO EM BIBLIOTECONOMIA ... 41

2.2. ATUAÇÃO PROFISSIONAL EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO ... 49

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ... 63

(6)

6. E-REFERÊNCIAS ... 68

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 68

UNIDADE 3 – INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO 1. INTRODUÇÃO ... 71

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ... 71

2.1. INFORMAÇÃO ... 71

2.2. A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E SEUS PARADIGMAS ... 74

2.3. A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO ... 79

2.4. MUSEOLOGIA E ARQUIVOLOGIA NO BRASIL ... 81

3. 3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ... 86

3.1. PARADIGMA ... 86 3.2. CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO ... 87 3.3. ARQUIVOLOGIA E MUSEOLOGIA ... 88 4. 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ... 89 5. 5. CONSIDERAÇÕES ... 91 6. 6. E-REFERÊNCIAS ... 91 7. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 92

UNIDADE 4 – PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS NO BRASIL E NO MUNDO 1. INTRODUÇÃO ... 97

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA ... 97

2.1. CONSELHOS, ASSOCIAÇÕES E SINDICATOS DA CLASSE ... 98

2.2. IDENTIDADE PROFISSIONAL DO BIBLIOTECÁRIO E SEU CAMPO DE ATUAÇÃO ... 105

2.3. A ÉTICA DO BIBLIOTECÁRIO ... 108

2.4. TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS DA BIBLIOTECONOMIA NO BRASIL E NO MUNDO... 111

3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR ... 115

3.1. LEGISLAÇÃO DE BIBLIOTECOMONIA ... 115 3.2. ÉTICA PROFISSIONAL ... 116 3.3. RUMOS DA BIBLIOTECONOMIA ... 116 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ... 117 5. CONSIDERAÇÕES ... 119 6. E-REFERÊNCIAS ... 119 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 121 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 121

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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO

Conteúdo

Apresentação dos elementos fundamentais da biblioteconomia no que se refere aos seus pressupostos filosóficos e epistemológicos. A construção sócio-histórica da biblioteconomia como campo científico e profissional. Introdução às teorias e ao pensamento sobre a ciência da Informação. Evolução da biblioteconomia e sua relação com áreas afins: arquivologia, museologia. Perspectivas e tendências no Brasil e no mundo. Introdução à Sociologia das profissões: identidade profissional do bibliotecário e seu campo de atuação.

Bibliografia Básica

BRIQUET DE LEMOS, A. A. De bibliotecas e biblioteconomias: percursos. Brasília: Briquet de Lemos, 2015.

OLIVEIRA, M. (Org.). Ciência da informação e Biblioteconomia: novos conteúdos espaços de atuação. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2005.

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Bibliografia Complementar

BORGES, M. A. G. O profissional da informação: somatório de formações, competências e habilidades. In: BAPTISTA, S. G.; MUELLER, S. P. M. Profissional da informação: o espaço de trabalho. Brasília: Thesaurus, 2004. p. 55-69.

FONSECA, E. N. Introdução à Biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos, 2007. RANGANATHAN, S. R. Cinco leis da Biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos, 2009. RUSSO, M. Fundamentos de Biblioteconomia e ciência da informação. Rio de Janeiro: E-Papers, 2010. (Coleção Biblioteconomia e gestão de unidades de informação, Série didáticos, v. 1)

VIEIRA, R. Introdução à teoria geral da Biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 2014.

É importante saber

Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:

Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá

ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos, os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de saber.

Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente

se-lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é

imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos,

não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu-ra de "navegação" (hipertexto), como também galeitu-rantem a ableitu-rangência, a densidade e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató-rios, para efeito de avaliação.

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1. INTRODUÇÃO

Estimado aluno e futuro bibliotecário, seja bem-vindo! Neste momento, iniciamos o estudo de Introdução à

Bi-blioteconomia, por meio do qual você obterá as informações

ne-cessárias para o embasamento teórico da sua futura profissão e para as atividades que virão posteriormente.

Este material traz fundamentos para o posicionamento crí-tico de um futuro bibliotecário, cujo trabalho deverá levar em consideração as demandas dos diversos atores sociais que inte-ragem nos múltiplos espaços da profissão.

O que é Biblioteconomia?

Inicialmente, devemos refletir: o que você entende por Biblioteconomia?

O público comum geralmente responderá com outras per-guntas, como: Tem a ver com economia dos livros? Tem a ver com bibliotecas? É a gestão de bibliotecas?

Neste momento não se preocupe com isso, pois juntos res-ponderemos a essa pergunta com propriedade ao longo de nos-sos estudos. Veremos que o conceito é muito mais abrangente do que o senso comum afirma.

O termo "biblioteconomia" é derivado do termo "biblioteca", que é composto por dois vocábulos do latim, biblio (livro) e theke (caixa), e refere-se à ideia da biblioteca como depositária de livros.

Embora seja uma das profissões mais antigas do mundo, a palavra "biblioteconomia" só começou a aparecer na metade do século 20, com o início dos cursos na área.

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Assim, a relação entre as bibliotecas e a Biblioteconomia era bem marcante e com traços de sentidos e significados evi-dentes, pois tanto o espaço físico (biblioteca) como a área de atuação (Biblioteconomia) eram reconhecidos como preserva-doras de livros e de conhecimentos.

Segundo Shera (1977) a biblioteconomia é considerada uma profissão que oferece serviços, assim as características de seus diversos ramos de atuação resultam da natureza e das par-ticularidades (ou necessidades) do grupo que se beneficia desses serviços.

Ou seja, vamos imaginar um bibliotecário inserido em um ambiente escolar, por exemplo. Este deverá atuar em sintonia com as expectativas e necessidades desse grupo específico, com-posto pelos alunos, professores, pais de alunos, coordenadores e diretores da escola, dentre outros. Essa afirmação nos leva a identificar a importância de uma atuação atenta e flexível no ofe-recimento de produtos e serviços de informação.

Em termos gerais, o termo biblioteconomia relaciona-se com a sistematização dos serviços de bibliotecas, consideradas como instituições sociais.

Nesse sentido, estudaremos na Unidade 1 os pressupostos filosóficos e epistemológicos fundamentais da Biblioteconomia, para que possamos estabelecer sua origem, influências e princi-pais contribuições para a sociedade.

Quando abordamos a construção sócio-histórica da Biblio-teconomia como campo científico e profissional, percebemos que há uma significativa atuação profissional em relação ao tra-balho científico. Essa discussão será apresentada na Unidade 2.

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No Brasil, entendemos que a Biblioteconomia faz parte de uma área maior denominada Ciência da Informação. Na Unidade 3, estudaremos as teorias, pensamentos e relações da Bibliote-conomia com a Ciência da Informação. Veremos também a evo-lução da Biblioteconomia e sua relação com áreas afins, como Arquivologia e Museologia.

Por fim, na Unidade 4, trataremos das perspectivas e ten-dências da Biblioteconomia no Brasil e no mundo, mediante estu-dos introdutórios sobre a sociologia das profissões, abordando a identidade profissional do bibliotecário e seu campo de atuação.

2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS

O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-mento dos temas tratados. Vejamos:

1) Arquivologia: é a disciplina que estuda as funções

bá-sicas, princípios e técnicas específicas para arquivar, conservar, organizar e guardar documentos de forma que sejam fáceis de encontrar.

2) Bibliotecário: é o supremo "ligador do tempo", e o seu

trabalho é o mais interdisciplinar de todos, pois lida com a ordenação, relação e estruturação do conheci-mento e dos conceitos (SHERA, 1977).

3) Biblioteca: instituição social responsável por

preser-var, tratar, disseminar e divulgar informação e conhe-cimento. Contribui para o sistema total de comunica-ção na sociedade. Embora as bibliotecas tenham sido criadas como instrumentos para maximizar a utilização

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dos registros gráficos em benefício da sociedade, elas atingem sua meta trabalhando com os indivíduos e por meio deles, atingem a sociedade (SHERA, 1977). 4) Biblioteconomia: o objetivo da biblioteconomia é

au-mentar a utilidade social dos registros gráficos, inde-pendentemente do nível intelectual em que operar, atendendo desde uma criança analfabeta distraída em seu primeiro livro de gravuras até um erudito interes-sado em alguma indagação esotérica. Fundamental-mente, a biblioteconomia é a gerência do conhecimen-to (SHERA, 1977).

5) Ciência da Informação (CI): disciplina que investiga as

propriedades e o comportamento da informação, as forças que governam seu fluxo e os meios de processá--la para aperfeiçoar sua acessibilidade e uso. A CI está ligada ao corpo de conhecimentos relativos à origem, coleta, organização, estocagem, recuperação, interpre-tação, transmissão, transformação e uso de informa-ção. Ela tem tanto um componente de ciência pura, associado à pesquisa dos fundamentos sem atentar para sua aplicação, quanto um componente de ciência aplicada, ao desenvolver produtos e serviços (BORKO, 1968).

6) Conhecimento: produto da apropriação pelo

indiví-duo de informações e da estruturação particular des-tas, sendo forçosamente individual e subjetiva. "(...) A produção dos estoques de informação não possui um compromisso direto e final com a produção do conhe-cimento" (BARRETO, 1994, p. 4), ou seja, o conheci-mento deve ser a informação em ação.

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7) Epistemologia: corpo de conhecimento sobre o

pró-prio conhecimento. O estudo da forma pela qual o conhecimento desenvolveu-se e tem se desenvolvido. Tem sido há muito tempo objeto de muitos estudos em todas as áreas do conhecimento.

8) Filosofia: de modo geral, conceituado como o amor

à sabedoria. Consiste no estudo de problemas funda-mentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem.

9) Informação: no contexto da Ciência da Informação,

a informação é registrada e institucionalizada (inten-cionada e contextualizada). Para poder cumprir sua missão, as configurações informacionais devem, além de selecionar, organizar e disponibilizar a informação – atribuindo-lhe um selo de qualidade –, fornecer expli-cações acerca dos procedimentos adotados de modo que o usuário possa exercer um papel ativo com con-dições para avaliar o selo de qualidade da informação à qual teve acesso (SMIT, 2012).

10) Museologia: é o campo que estuda os museus e sua

interação com a realidade humana, por meio da rela-ção entre o ser humano, os aspectos culturais e a na-tureza, nas mais variadas formas de conceber o real. 11) Tecnologia: em sentido amplo, o imperativo

tecnoló-gico está impondo a transformação da sociedade mo-derna em sociedade da informação, era da informação ou sociedade pós-industrial (SARACEVIC, 1996).

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3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE

O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei-tos mais importantes deste estudo.

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4. E-REFERÊNCIAS

ALVARENGA, L. D. Representação do conhecimento na perspectiva da ciência da informação em tempo e espaço digitais. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, v. 8, n. 15, p. 18-40, 2003. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/1331>. Acesso em: 29 out. 2017.

BARRETO, A. A. A questão da informação. São Paulo em Perspectiva, v. 8, n. 4, p. 3-8, 1994. Disponível em: <https://bibliotextos.files.wordpress.com/2012/03/a-questao-da-informac3a7c3a3o.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017.

BORKO, H. Information Science: What is it?. American Documentation, v. 19, n. 1, p. 3-5, jan. 1968. (tradução livre). Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile. php/2532327/mod_resource/content/1/Oque%C3%A9CI.pdf> . Acesso em: 29 out. 2017.

FLORIDI, L. Biblioteconomia e ciência da informação (BCI) como filosofia da informação aplicada: uma reavaliação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 1, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/16788>. Acesso em: 29 out. 2017.

MOSTAFA, S. P. Epistemologia ou filosofia da Ciência da Informação? Informação &

Sociedade: Estudos, v. 20, n. 3, p. 65-73, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.

ufpr.br/brapci/v/a/9585>. Acesso em: 29 out. 2017.

ORTEGA, C. D. Relações históricas entre Biblioteconomia, Documentação e Ciência da Informação. DataGramaZero, v. 5, n. 5, p. A03, 2004. Disponível em: <http://basessibi. c3sl.ufpr.br/brapci/v/a/2048>. Acesso em: 29 out. 2017.

SHERA, J. Epistemologia social, semântica geral e Biblioteconomia. Ciência da

Informação, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/

brapci/v/a/1360>. Acesso em: 29 out. 2017.

SILVA, J. L. C.; FREIRE, G. H. A. Um olhar sobre a origem da ciência da informação: indícios embrionários para sua caracterização identitária. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, v. 17, n. 33, p. 1-29, jan./abr. 2012. Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/147/14723067002/>. Acesso em: 29 out. 2017.

WILSON, T. D. A dimensão epistemológica da Ciência da Informação e seu impacto sobre o ensino em Arquivologia e Biblioteconomia. Brazilian Journal of Information

Science, v. 2, n. 1, p. 1-15, 2008. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e relações. Perspectivas em

Ciência da Informação, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.

SMIT, J. W. A informação na Ciência da Informação. InCID: Revista de Ciência da

Informação e Documentação, v. 3, n. 2, p. 84-101, jul./dez. 2012.

VIEIRA, R. Introdução à teoria geral da biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 2014.

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PRESSUPOSTOS DA BIBLIOTECONOMIA

Objetivos

• Conhecer as origens e os pressupostos históricos, filosóficos e epistemoló-gicos da Biblioteconomia.

• Analisar a Biblioteconomia como uma das áreas do conhecimento humano.

Conteúdos

• Origens e introdução à Biblioteconomia.

• Pressupostos históricos, filosóficos e epistemológicos da Biblioteconomia. • Biblioteconomia e Documentação.

Orientações para o estudo da unidade

Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bi-bliográficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) Busque identificar os principais conceitos apresentados; siga a linha gra-dativa dos assuntos para observar a evolução do estudo dos pressupostos históricos, filosóficos e epistemológicos da Biblioteconomia.

3) Não deixe de recorrer aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

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1. INTRODUÇÃO

Vamos começar nossa primeira unidade de estudo, você está preparado?

Nesta unidade, estudaremos o início do universo da Bib-lioteconomia até os dias atuais. Introdução à BibBib-lioteconomia almeja apresentar a Biblioteconomia e os seus pressupostos fi-losóficos, situando-os no universo do conhecimento, da comuni-cação e da informação, apresentando seus principais conceitos e correntes de pensamento.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA

O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do

Conteú-do Digital IntegraConteú-dor.

2.1. ORIGENS DO CONHECIMENTO EM BIBLIOTECONOMIA A história das bibliotecas e consequentemente de suas práticas é milenar. Contudo, a construção da autonomia dessa área como um campo de conhecimento vem se processando nos últimos quinhentos anos. Podemos considerar ainda que a sua consolidação como uma disciplina científica deu-se no final do século 19.

Depois disso, desenvolveram-se diversos estudos, práticas e reflexões, constituindo diferentes correntes de estudo, que re-sultaram na riqueza e pluralidade que estabelece o campo da Biblioteconomia.

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Vamos apresentar aqui uma possível organização dessa produção científica diversa, mediante algumas correntes de pensamento que percorrem as ciências sociais e humanas (nas quais a Biblioteconomia insere-se).

O objetivo será construir uma reflexão acerca da história e da filosofia das ciências, pois a Biblioteconomia está totalmente relacionada com o desenvolvimento do conhecimento humano, não só do científico, propagador do progresso e da geração de riquezas entre as nações.

O mais importante neste estudo é que você conheça as possíveis relações da Biblioteconomia com algumas correntes de pensamento. Ainda assim não será possível esgotar aqui essa reflexão. Portanto, de acordo com seu interesse e necessidade, é fundamental que você se aprofunde em textos que trazem ou-tras contribuições para este tema: epistemologia, história e filo-sofia em Biblioteconomia.

Vale destacar que, durante o século 20, houve uma intensa aproximação entre os campos da Biblioteconomia e da Ciência da Informação (a Biblioteconomia promoveu estudos sobre os fenômenos informacionais, e a Ciência da Informação, sobre os fenômenos da Biblioteconomia). No entanto, nesta unidade, nosso foco será apenas para as produções teóricas específicas da Biblioteconomia.

Assim:

Com a invenção da escrita e o estabelecimento das primeiras ci-dades, no início dos processos de sedentarização das coletivida-des, apareceram as primeiras manifestações de espaços especí-ficos (que serão, séculos depois, as "bibliotecas") voltados para a guarda e a preservação desses registros de conhecimento, sendo a Biblioteca de Alexandria considerada uma instituição paradigmática nesse sentido (ARAÚJO, 2013, p. 42).

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No Egito Antigo, na Grécia Clássica, no Império Romano e nos mundos árabe e chinês, do primeiro milênio à Idade Média na Europa, ergueram-se e consolidaram-se bibliotecas relacionadas com os mais diversos acervos – religiosos, literários, científicos, políticos, entre outros. Entretanto, foi só após o Renascimento, a partir do século 15, que começaram a surgir as primeiras formas tangíveis do que se poderia chamar de um conhecimento teórico específico em Biblioteconomia.

Dessa maneira, podemos dizer que, com o Renascimento, ressurgiu o interesse pela produção humana, pelas obras artísti-cas, filosóficas e científicas – tanto as da Antiguidade Greco-Ro-mana como aquelas que se desenvolviam naquele momento.

Assim, o interesse pelo culto das obras, por sua guarda e por sua preservação foi ressaltado. Surgiram muitos tratados e manuais a partir do século 17. Eles foram pensados para:

• as regras de procedimentos nas instituições responsá-veis pela guarda dessas obras;

• as regras de preservação e conservação física dos materiais;

• as estratégias de descrição formal das peças e dos documentos.

Com a Revolução Francesa e as demais revoluções burguesas na Europa, que marcaram a transição do Antigo Regime para a Mod-ernidade, ocorreu uma profunda transformação em todas as di-mensões da vida humana – inclusive nas bibliotecas. Surgiu aí o conceito moderno de "Biblioteca Nacional", que tem no seu caráter público sua marca distintiva. São formadas as grandes coleções, são realizados amplos processos de aquisição e acumulação de acervos – o que reforçou a natureza custodial destas instituições. A necessidade de se ter pessoal qualificado para as nascentes in-stituições modernas levou à formação dos primeiros cursos profis-sionalizantes voltados para regras de administração das rotinas

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de-stas instituições. Um exemplo desse tipo de produção é o Manuel du bibliothécaire, accompagné de notes critiques, historiques et littéraires, de Jean Pie Namur, publicado em 1834. Por fim, com a consolidação da ciência moderna como forma de produção de conhecimento, também o campo das humanidades viu-se convo-cado a se constituir como ciência. Surgiram no século XIX aqueles que seriam os precursores do estabelecimento do projeto de cons-tituição científica da Biblioteconomia: a consolidação de teorias e regras de catalogação (como as de Panizzi, de 1841, e de Jewett, de 1852) e dos sistemas de classificação bibliográfica (sendo o mais importante deles o de Dewey, de 1876) (ARAÚJO, 2013, p. 43).

É importante mencionar Advis pour dresser une bibliothèque, de autoria de Gabriel Naudé, publicada em 1627. A obra foi tradu-zida para o português como Conselhos para formar uma

bibliote-ca, pela editora Briquet de Lemos, em 2016. Ela é considerada um

marco dessa transição da Biblioteconomia empírica (conhecimento do dia a dia sem comprovação científica) para a moderna prática bibliotecária (FONSECA, 1979, p. 11).

O modelo de ciência então dominante, oriundo das ciências exatas e naturais, voltado para a busca de regularidades, estabelecimento de leis, ideal matemático e intervenção na natureza por meio de processos técnicos e tecnológicos, se expandiu para as ciências sociais e humanas através do Positivismo. Esse é o modelo que in-spirou as pioneiras conformações científicas da Biblioteconomia, que privilegiou os procedimentos técnicos de intervenção: a cata-logação e a classificação. Mais do que oposições, os três movimen-tos acima destacados se somaram, constituindo um grande mode-lo ou "paradigma". A perspectiva patrimonialista voltou-se para os "tesouros" que devem ser custodiados, ressaltando a importância da produção simbólica humana. A entrada na Modernidade en-fatizou as especificidades da instituição biblioteca, que devia ter estruturas organizadas e rotinas estabelecidas para o exercício da custódia. E a fundamentação positivista priorizou as técnicas particulares da Biblioteconomia a serem utilizadas para o correto tratamento do material custodiado (ARAÚJO, 2013, p. 43).

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Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você vai

acom-panhar as definições da palavra "epistemologia". Em seguida é esperado que você saiba situá-la dentro do contexto de nossa disciplina. Antes de prosseguir para o próximo assunto, apre-cie as leituras e vídeos indicados, procurando dessa forma as-similar o conteúdo estudado.

2.2. AS CORRENTES DO PENSAMENTO FILOSÓFICO EM BIBLIOTECONOMIA

Veremos a partir daqui que a Biblioteconomia tem fortes vínculos com o Funcionalismo, o Positivismo e o Construtivismo.

As necessidades sociais e a corrente funcionalista

O pensamento funcionalista mais marcante na Biblioteco-nomia é encontrado na obra do espanhol Lasso de la veja (1892-1990). Em seu tratado, o autor alega que, inicialmente, as biblio-tecas eram instituições voltadas unicamente para a conservação dos livros e que, naquele momento (década de 1950), estavam passando a constituir-se como instituições pedagógicas ativas, verdadeiras, algo que ele chamou de "universidades populares" (LASSO DE LA VEGA, 1952).

Lasso de la Vega apresenta uma mudança no entendimen-to da profissão de bibliotecário, não mais como um conservador que se limita a ver os usuários lendo, mas como um agente pro-pulsor e mediador de cultura. Ele situa essa mudança de postura em meados do século 19, com os movimentos pela biblioteca pública na Inglaterra.

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Essa transformação do entendimento da função das bib-liotecas é social e cultural, marca épocas ou paradigmas. Atual-mente não é nada trivial pensarmos uma biblioteca que tenha como principal missão a mera guarda e preservação do acervo.

Vejamos agora uma explicação sobre o que é o Funcionalismo:

O Funcionalismo representa uma forma de se estudar a reali-dade humana baseada essencialmente numa analogia entre a lógica social e a lógica biológica, daí resultando em modelos "organísmicos" de compreensão: a existência de um todo com-posto por "órgãos", cada um deles desempenhando suas fun-ções. Tal abordagem surgiu nos campos da Sociologia com Dur-kheim, da Antropologia com Malinowski e na Psicologia com Watson [...] (ARAÚJO, 2013, p. 44).

Shera (1977) fez uma análise funcionalista do significado da biblioteca, para quem cada sociedade forma e utiliza suas coleções de registros materiais de conhecimento de um modo particular. Isso sig-nifica que os movimentos culturais exercem um papel determinante na configuração da instituição biblioteca, influenciando a natureza de sua coleção, os serviços oferecidos e as formas de ser administrada.

Para Shera, o fundamento (função) da biblioteca exprime-se no fato de existir para atender certas necessidades sociais.

Dessa maneira, as funções de uma biblioteca variam de acor-do com as necessidades das diferentes sociedades nas diferentes épocas. Assim, a biblioteca deve ser mais do que "truques para en-contrar determinado livro", deve atender à sociedade em todas as suas potencialidades e, por que não, em suas necessidades.

Outro significativo autor com contribuições funcionalistas, foi o indiano Ranganathan (1892-1972), um nome muito impor-tante da Biblioteconomia.

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Ranganathan teorizou sobre diversos assuntos de natureza funcionalista. Entre eles, está a teoria da classificação facetada (possivelmente você estudará essa teoria em outra disciplina).

Além dessa contribuição, merece destaque seu livro Five Laws

of Library Science (1931). Traduzido para o português pela Editora

Briquet de Lemos como As cinco leis da Biblioteconomia. As leis são: 1) os livros são para uso;

2) a cada leitor, seu livro; 3) a cada livro, seu leitor; 4) poupe o tempo do leitor;

5) a biblioteca é um organismo em crescimento.

Por trás da aparente simplicidade de seus enunciados, cada lei revela uma problematização que enfatiza a importância do efetivo uso (função) da biblioteca e de seus recursos, de modo a atender às necessidades da sociedade, mediante o atendimento de cada um de seus componentes.

Essa reflexão de Ranganathan foi bastante difundida no Ocidente e aproximou a Biblioteconomia e a Teoria Sistêmica. Ambas as teorias aceitam a metáfora das organizações vistas como organismos vivos, ou sistemas compostos por subsistemas.

Assim, diversos estudos posteriores analisaram a biblio-teca como um sistema, composto por:

Subsistemas de entrada:

1) Seleção e aquisição.

2) Descrição e representação. 3) Organização.

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Subsistemas de saída:

1) Análise de questionamentos. 2) Busca e recuperação.

3) Disseminação. 4) Avaliação.

A Teoria Sistêmica originou-se nos trabalhos do biólogo austríaco Bertalanffy (1901-1972) e converteu-se num método geral de análise utilizado por diversas disciplinas científicas. Seu pressuposto básico é o primado do todo sobre as partes, isto é, algo só pode ser estudado a partir da identificação de seus el-ementos constituintes e da inter-relação entre eles.

A abordagem funcionalista é, desse modo, um tipo especí-fico de estudo sistêmico.

A perspectiva crítica – Positivismo

A perspectiva crítica na Biblioteconomia manifestou-se bastante vinculada aos processos de redemocratização logo após as ditaduras militares, nas quais houve forte censura à circulação de determinados livros.

Em um primeiro momento, desenhou-se um conjunto de práticas voltadas para as populações excluídas ou marginaliza-das. Abriu-se espaço para a extensão bibliotecária com carros-biblioteca e serviços de caixa-estante, por exemplo. Esses ser-viços buscavam alargar o acesso físico aos livros por meio da proximidade espacial. Em muitos casos, tais práticas passaram a ser descritas como de "ação cultural" ou "animação cultural".

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A corrente crítica opôs-se ao Positivismo, que tem no Fun-cionalismo sua forte expressão. Vejamos uma caracterização do Positivismo:

O Positivismo consiste na aplicação de métodos e princípios das ciências exatas e biológicas aos fenômenos humanos e sociais. Uma de suas principais expressões é, justamente, o Funciona-lismo. A perspectiva crítica nasceu como sua oposição, pro-pondo uma especificidade das ciências humanas e sociais. Sua origem está vinculada ao Marxismo no campo da Sociologia, à Psicanálise no campo da Psicologia e à Antropologia Cultural no campo da Antropologia (ARAÚJO, 2013, p. 45).

Uma das mais completas sistematizações que aproximam ação cultural e Biblioteconomia é o trabalho de Flusser (1983). O autor apresenta duas possíveis ideias de cultura:

• Um conjunto de objetos, artefatos; portanto, um acer-vo, estoque, ou seja, preservar é suficiente;

• Um conjunto de representações, visões de mundo, prá-ticas sociais (cultura como "contexto" em oposição a "acervo").

Essas duas definições correspondem a duas compreensões sobre como deve ser o contato com a cultura (com a herança cultural): uma que a entende como uma herança universal, acu-mulada pela humanidade, um conjunto unitário, e outra que a vê como produto de experiências de tensões e lutas políticas. É justamente aí que se insere o trabalho do bibliotecário e da bib-lioteca como instrumentos de ação cultural.

Expressões concretas dessa linha de pensamento redefi-nem o conceito de biblioteca como "centro de cultura" (MILANE-SI, 1997). Outros trabalhos de natureza prática, com essa inspi-ração, buscavam substituir o "depósito silencioso de livros" que

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era a biblioteca "tradicional" por instituições sociais, dinâmicas e vivas, em que o povo participe.

Foi retomada dessa forma a expressão "biblioteca públi-ca" (também muitas vezes entendida como um tipo especial de biblioteca pública, a "biblioteca popular"), mas com um sentido bastante diferente do modelo funcionalista – embora as designa-ções "viva" e "dinâmica" apareçam em ambos os modelos.

Talvez a principal diferença entre a biblioteca "viva" e "dinâmica" crítica e funcionalista esteja relacionada à quem as bibliotecas servem: nobres e cientistas ou o cidadão comum?

Essa reflexão remete-nos à próxima subseção, que abor-dará a visão de biblioteca para múltiplos usuários.

Estudos na perspectiva dos sujeitos ativos – Construtivismo

Tanto a visão crítica como a visão dos estudos funciona-listas de certo modo "enxergavam" a sociedade e os indivíduos como seres passivos, meros receptáculos de informação.

Reformulando o papel da sociedade e dos indivíduos, agora como sujeitos ativos, e estudando as apropriações de conhecimen-tos, a partir de suas diferentes necessidades e usos, desenvolveu-se uma nova perspectiva – os estudos de usuários de bibliotecas.

O estudo efetivo dos usuários só ocorreu no início do sé-culo 20, quando houve um grande interesse em se saber como e o que as pessoas liam, e qual o uso feito das bibliotecas em geral (FIGUEIREDO, 1994).

Entre os estudos contemporâneos sobre essa visão, de-staca-se a abordagem construtivista de Carol Kuhlthau (2004), que atuou principalmente no âmbito das bibliotecas escolares.

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De forma empírica, a autora empreendeu diversas pesquisas so-bre como os usuários estudam, buscam e usam os recursos dis-poníveis na biblioteca, bem como as habilidades e barreiras que interferem nesse processo.

Dessa maneira, o Construtivismo:

[...] é uma forma de análise dos fenômenos humanos e sociais que destaca o fato de que a realidade não tem uma existência nela mesma – é, antes, produto da interação entre aspectos ob-jetivos e a ação do sujeito que conhece. Sua origem remonta, na Psicologia, aos trabalhos de Jean Piaget e, na Sociologia, a au-tores como Schutz, Berger e Luckmann (ARAÚJO, 2013, p. 45).

As leituras indicadas no Tópico 3. 2 tratam do

conhe-cimento já produzido em Biblioteconomia. Neste momento, você deve ler esses textos para aprofundar o tema abordado.

2.3. A BIBLIOTECONOMIA E A DOCUMENTAÇÃO

A Documentação, posterior à Biblioteconomia, voltou-se ao desenvolvimento de técnicas e princípios de organização e recuperação informacional, voltada ao tratamento documental. Essas ações projetaram-se independentemente do tipo de docu-mento ou de suporte, permitindo enxergar o docudocu-mento sem seu contexto de aplicação (ORTEGA, 2010).

A Biblioteconomia, a Documentação e a custódia dos ar-quivos eram tratadas de forma única. No entanto, interesses par-ticulares começaram a dividir essas atividades em grupos sepa-rados, que passaram a adotar atitudes de intolerância entre si.

Por mais de quatro séculos, a Biblioteconomia foi quase sinônimo de Bibliografia. Considerando a Bibliografia como o

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princípio da Documentação, pode-se dizer que esta esteve un-ida à Biblioteconomia desde o século 15 até fins do século 19, quando Otlet e La Fontaine sistematizaram e desenvolveram a Documentação como uma disciplina distinta da Biblioteconomia.

Os europeus deram continuidade a esses estudos e aplica-ções. A Segunda Guerra Mundial acentuou esses avanços devido às necessidades específicas dos países envolvidos de recuperar conteúdos de tipos diversos de documentos, inclusive com ten-tativas primárias de recuperação mecânica da informação.

Otlet vem sendo considerado precursor e fundador da Documentação e da própria Ciência da Informação.

A atualidade da obra de Otlet revela-se nos estudos re-alizados hoje por pesquisadores da Ciência da Informação (tais como: autores, copistas, impressores, editores, livreiros, biblio-tecários, documentadores, bibliógrafos, críticos, analistas, com-piladores, leitores, pesquisadores e trabalhadores intelectuais), nos quais verifica-se que as operações documentárias acompan-ham o documento desde o instante em que ele surge da pena do autor até o momento em que impressiona o cérebro do leitor. A sistematização realizada por Otlet culminou na publicação, em 1934, do Traité de Documentation.

Mesmo trabalhando ativamente na otimização de processos e técnicas documentárias, servindo realmente para a Ciência da Infor-mação, a Documentação foi praticamente excluída dos estudos an-glo-saxões e simplesmente substituída pela Ciência da Informação.

No cenário brasileiro da década de 1950, a inserção da Bibliografia e a ampliação pela Documentação já representaram uma visível insuficiência da formação biblioteconômica no que concerne ao tratamento do conteúdo dos documentos e ao uso das então novas tecnologias de documentação. Isso

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apresenta-va-se como um entrave ao desenvolvimento de atividades rela-cionadas à Documentação Científica.

Atualmente, alguns autores anglo-saxões, como Rayward e Buckland, escreveram trabalhos resgatando o aporte teórico da Documentação difundida na Europa, especialmente as obras de Otlet e de seus discípulos, como Briet. No entanto, uma das obras-chave para área, o Tratado de Documentação (1934), ai-nda não teve uma tradução para o inglês.

Tais indícios revelam que a Documentação ainda não tem seu devido reconhecimento, mesmo que tenha dado "insumos" tanto para a Ciência da Informação, em sua constituição cientí-fica, como para a Biblioteconomia, na adequação de processos e práticas documentais,.

Antes de realizar as questões autoavalitivas propostas no

Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3. 3

para compreender um pouco mais sobre os pensamentos filo-sóficos em Biblioteconomia.

DICA: Visite o site da Biblioteca Nacional do Brasil e de um outro

país. Quando tiver oportunidade, visite-as pessoalmente.

Vídeo complementar ––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. • Para assistir ao vídeo pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula,

localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso Graduação, a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.

• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão "Vídeos" e selecione: Introdução à Bibilioteconomia – Vídeos Complementares – Complementar 1. ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

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3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR

O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição necessária e indispensável para você compreender integral-mente os conteúdos apresentados nesta unidade.

3.4. EPISTEMOLOGIA

Epistemologia é uma palavra pouco utilizada em nosso dia a dia, mas tem a ver com praticamente tudo o que sabemos. Por isso, vale a pena tentarmos compreendê-la um pouco mais, primeiramente em um contexto geral e em seguida relacionando com nossa área, a Biblioteconomia.

• SCIFILO. O que é epistemologia (teoria do conhecimen-to)? (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=QIFR6hx1X0s>. Acesso em: 29 out. 2017. • TESSER, G. J. Principais linhas epistemológicas con-temporâneas. Educar em Revista, n. 10, p. 91-98,

jan./dez. 1994. Disponível em: <http://www.scie- lo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104--40601994000100012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 29 out. 2017.

• SHERA, J. Epistemologia social, semântica geral e biblio-teconomia. Ciência da Informação, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/brapci/_ repositorio/2010/04/pdf_dde99ac1c9_0009749.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017.

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3.5. CONHECIMENTO EM BIBLIOTECONOMIA

A evolução da tecnologia e o progresso do conhecimento humano estão totalmente atrelados ao surgimento das bibliotecas no passado. Considerando que vivenciamos a Era da Informação e do Conhecimento, tornou-se essencial revermos técnicas, atitudes e desdobramentos da Biblioteconomia no presente e no futuro.

Os textos a seguir apresentam essa linha de pensamen-to, que acompanha e, de certa forma, influencia as transforma-ções necessárias à área. Além de ler o artigo de Siqueira (2010), assista aos dois vídeos indicados. "A Biblioteca de Alexandria" apresenta essa famosa biblioteca considerada um marco históri-co para os estudos sobre o início da Bibliotehistóri-conomia. Já o vídeo institucional da Biblioteca Nacional do Brasil, conta um pouco de sua história e de sua função. Confiram!

• SIQUEIRA, J. C. Biblioteconomia, documentação e ciên-cia da informação: história, sociedade, tecnologia e pós--modernidade. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 15,

n. 3, p. 52-66, set./dez 2010. Disponível em: <http:// portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/ view/1124/771>. Acesso em: 29 out. 2017.

• DOCUMENTARIOSCIENCIA. A Biblioteca de Alexandria –

Documentário (1996) (vídeo). Disponível em: <https://

www.youtube.com/watch?v=TK5zppZzUy4>. Acesso em: 29 out. 2017.

• BNDIGITAL. Biblioteca nacional (Brasil) (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=9kml6RIq5UQ>. Acesso em: 29 out. 2017.

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3.6. PENSAMENTOS EM BIBLIOTECONOMIA

Recomendamos que você leia o artigo de Floridi (2010), que reflete sobre a Filosofia da Informação, e o artigo de Araújo (2013), que reforça os tópicos desta primeira unidade. Em se-guida, assista ao filme O homem que queria classificar o mundo, e saiba um pouco mais sobre a vida de Paul Otlet, considerado o pai da Documentação e precursor da Ciência da Informação. Você perceberá diversas relações entre Biblioteconomia, Biblio-grafia e Documentação, além da criação da Internet. Bom filme e boas leituras!

• FLORIDI, L. Biblioteconomia e ciência da informação (BCI) como filosofia da informação aplicada: uma reavaliação.

InCID: Revista de Ciência da Informação e

Documenta-ção, v. 1, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci. ufpr.br/brapci/v/a/16788>. Acesso em: 29 out. 2017. • IPTV/USP. O homem que queria classificar o mundo

(ví-deo). Disponível em: <http://iptv.usp.br/portal/video. action?idItem=5941>. Acesso em: 29 out. 2017.

• ARAÚJO, C. A. A. Correntes teóricas da Biblioteconomia.

Re-vista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v. 9, n. 1,

p. 41-58, jan./dez. 2013. Disponível em: <https://rbbd.febab. org.br/rbbd/article/view/247>. Acesso em: 29 out. 2017.

4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS

A autoavaliação é uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em re-sponder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas.

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1) O termo "biblioteconomia" é derivado do termo "biblioteca" composto por dois vocábulos do latim, biblio (livro) e theke (caixa), refere-se à ideia da biblioteca como: a) Depositária de livros. b) Depósito de caixas. c) Disseminadora de livros. d) Museus de livros. e) Coleção de caixas.

2) Advis pour dresser une bibliothèque, é uma significativa obra de autoria de Ga-briel Naudé, publicada em 1627. A tradução deste título em português seria: a) "Conselhos de um bibliotecário".

b) "Conselhos para formar uma biblioteca". c) "Advertências para um bibliotecário". d) "Endereço de uma biblioteca". e) "Formação de Bibliotecas".

3) Ranganathan publicou o famoso livro Five Laws of Library Science em 1931. Tra-duzido para o português como As cinco leis da Biblioteconomia. Essas leis são: a) Os livros são para uso; A cada leitor, seu livro; A cada livro, seu leitor;

Poupe o tempo do leitor; A biblioteca é um organismo em crescimento. b) Os livros são para guardar; A cada leitor, seu bibliotecário; A cada livro, sua biblioteca; Poupe o tempo do bibliotecário; A biblioteca é um or-ganismo estático.

c) Os livros são para uso; A cada leitor, seu livro; A cada livro, seu leitor; Poupe o uso da biblioteca; Evite o crescimento.

d) Os livros não são para uso; A cada leitor, sua biblioteca; A cada livro, seu leitor; Poupe o tempo do leitor; A biblioteca não é um organismo em crescimento.

e) Poupe o tempo do leitor; A biblioteca é um organismo em crescimen-to; Utilize livros antigos; Biblioteca não é museu; Evite o crescimento. 4) Como vimos, a corrente crítica opôs-se ao Positivismo, que tem uma forte

expressão no: a) Existencialismo. b) Construtivismo.

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c) Criticismo. d) Funcionalismo. e) Expressionismo.

5) Por mais de quatro séculos, a Biblioteconomia foi quase sinônimo de Bi-bliografia. Considerando a Bibliografia como o princípio da Documenta-ção, pode-se dizer que esta esteve unida à Biblioteconomia desde o século 15 até fins do século 19, quando dois pesquisadores sistematizaram e de-senvolveram a Documentação enquanto disciplina distinta da Biblioteco-nomia. São eles:

a) Smit e Araújo. b) Shera e Borko. c) Otlet e La Fontaine. d) Shera e La Fontaine. e) Seracevic e Otlet. Gabarito

Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-toavaliativas propostas: 1) a. 2) b. 3) a. 4) d. 5) c.

5. CONSIDERAÇÕES

Chegamos ao final da primeira unidade, na qual você teve a oportunidade de discutir uma Biblioteconomia que se mostra, por um lado, consolidada em suas escolhas e princípios já

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secu-lares e, por outro, dinâmica e flexível em direção a novas abor-dagens e capaz de adaptar-se às condições históricas, culturais, epistemológicas e tecnológicas contemporâneas.

Veja agora o Conteúdo Digital Integrador que ampliará seu conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, você apre-nderá as características da Biblioteconomia como campo cientí-fico e profissional.

6. E-REFERÊNCIAS

ARAÚJO, C. A. A. Correntes teóricas da Biblioteconomia. Revista Brasileira de

Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 9, n.1, p. 41-58, jan./dez. 2013.

Disponível em: <https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/247>. Acesso em: 29 out. 2017.

BIBLIOO. Briquet de Lemos – Biblioteconomia: passado e futuro (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7_pOPyLExkA>. Acesso em: 29 out. 2017. BIBLIOTECA NACIONAL. Apresentação. Disponível em: <http://www.bn.gov.br/sobre-bn/apresentacao>. Acesso em: 29 out. 2017.

______. Histórico. Disponível em: <http://www.bn.gov.br/sobre-bn/historico>. Acesso em: 29 out. 2017.

BNDIGITAL. Biblioteca nacional (Brasil) (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=9kml6RIq5UQ>. Acesso em: 29 out. 2017.

FLORIDI, L. Biblioteconomia e ciência da informação (BCI) como filosofia da informação aplicada: uma reavaliação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 1, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/16788>. Acesso em: 29 out. 2017.

MOSTAFA, S. P. Epistemologia ou filosofia da Ciência da Informação? Informação &

Sociedade: Estudos, v. 20, n. 3, p. 65-73, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.

ufpr.br/brapci/v/a/9585> . Acesso em: 29 out. 2017.

ORTEGA, C. D., LARA, M. L. G. A noção de documento: de Otlet aos dias de hoje.

DataGramaZero, v. 11, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/

index.php/article/view/0000008400/cca9a49474077340b069f1222c313618>. Acesso em: 29 out. 2017.

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SHERA, J. Epistemologia social, semântica geral e biblioteconomia. Ciência da

Informação, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/

brapci/_repositorio/2010/04/pdf_dde99ac1c9_0009749.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FIGUEIREDO, N. M. Estudos de uso e usuários da informação. Brasília: IBICT, 1994. FLUSSER, V. A biblioteca como um instrumento de ação cultural. Revista da Escola de

Biblioteconomia da UFMG, v. 12, n.2, p. 145-169, set. 1983.

FONSECA, E. N. A biblioteconomia brasileira no contexto mundial. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1979.

KUHLTHAU, C. C. Seeking meaning: a process approach to library and information services. Londres: Libraries Unlimited, 2004.

LASSO DE LA VEGA, J. Manual de biblioteconomia: organización tecnica y cientifica de las bibliotecas. Madri: Mayfe, 1952.

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A BIBLIOTECONOMIA CIENTÍFICA E

PROFISSIONAL

Objetivos

• Compreender as especificidades da Biblioteconomia como campo científico.

• Compreender as especificidades da Biblioteconomia como campo profissional.

Conteúdos

• Panorama e conceito do campo científico da área. • Panorama e conceito do campo profissional da área. • Atuação nas unidades de informação e suas características.

Orientações para o estudo da unidade

Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir:

1) Não se limite ao conteúdo deste Caderno de Referência de Conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bi-bliográficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual.

2) Busque identificar os principais conceitos apresentados.

3) Recorra aos materiais complementares descritos no Conteúdo Digital Integrador.

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1. INTRODUÇÃO

Vamos começar nossa segunda unidade de estudo. Nela va-mos abordar a revolução técnica e científica da Biblioteconomia, que resultou na necessidade de estudos mais avançados sobre as técnicas empregadas em bibliotecas e centros de documentação.

O progresso técnico e científico ampliou a capacidade hu-mana em todas as direções, resultando em um grande acúmulo de informação. Esse grande volume de informação, por conse-guinte, ampliou as funções, as atividades e as responsabilidades do bibliotecário profissional.

2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA

O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma su-cinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do

Conteú-do Digital IntegraConteú-dor.

2.1. O CAMPO CIENTÍFICO EM BIBLIOTECONOMIA

No Brasil, o primeiro bibliotecário foi o jesuíta português An-tônio Gonçalves, que em 1604 passou a trabalhar na biblioteca do Colégio da Bahia (FONSECA, 1979). Naquele período, e até o início do século 20, não havia cursos de formação de bibliotecários no Brasil.

O ensino de Biblioteconomia surgiu a partir do Decreto no

8.835, de 11 de julho de 1911, que definiu a criação do primeiro curso de Biblioteconomia na Biblioteca Nacional. Tal fato ocorreu devido ao empenho do pernambucano Manuel Cícero Peregrino da Silva (1866-1956), diretor da Biblioteca Nacional na época.

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Entretanto, as aulas só tiveram início em abril de 1915 de-vido a desistência dos inscritos (RUSSO, 1966; CASTRO, 2000). O exame de admissão neste primeiro curso era composto de prova escrita de português e provas orais de geografia, literatura, histó-ria universal e línguas (francês, inglês e latim). Era pré-requisito para ser bibliotecário possuir cultura geral.

O ensino da Biblioteca Nacional era influenciado pela esco-la francesa École National des Chartes, com forte característica humanística e voltada para os funcionários daquela biblioteca.

Em 1936 também foi oferecido um curso de Bibliotecono-mia em São Paulo, que em sua criação era mantido pela Prefeitu-ra do Município de São Paulo. Em 1940, o curso foi incorpoPrefeitu-rado pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Nos primeiros anos de criação, diferentes visões guiaram as escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo. A primeira mantinha suas raízes humanísticas, enquanto a segunda era basicamente técnica. Consequentemente, os bibliotecários formados passavam a defender a abordagem tecnicista ou humanística, de acordo com a escola em que haviam estudado.

Considera-se que a polêmica entre Rio e São Paulo foi mar-cante quanto às questões técnicas da área. No entanto, com o movimento de americanização do Brasil e devido às exigências do mercado de trabalho, a Biblioteca Nacional em 1944 modificou seu currículo com o acréscimo de disciplinas técnicas, tais como: Ca-talogação, Classificação, Bibliografia e Referência (CASTRO, 2000). Contudo, não deixou de lado sua influência humanística. O ensino de Biblioteconomia no Rio de Janeiro e em São Paulo apresenta-vam diferenças, inclusive relacionadas a controvérsias da prática de técnicas e de disciplinas cursadas (CASTRO, 2000).

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O Quadro 1 apresenta as disciplinas que compunham o curso em Biblioteconomia entre 1915 e 1962. Nota-se que, em-bora tivessem perfis diferentes, havia sintonias entre as forma-ções de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Quadro 1 O início do ensino de Biblioteconomia no Brasil.

Fonte: Castro (2000).

Agora, no Quadro 2, veja a grade de disciplinas do curso de Biblioteconomia no Claretiano.

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Quadro 2 Disciplinas do curso de Biblioteconomia no Claretiano.

Comunicação e Linguagem

Fontes de Informação e Competência Informacional Fundamentos da Educação

Introdução à Biblioteconomia

Ação Cultural: Projetos Culturais e Atuação do Bibliotecário Estudos de Usuários

Introdução à Biblioterapia

Projeto - Representação Descritiva: Catalogação Representação Descritiva: Catalogação Metodologia da Pesquisa Científica Optativa de Formação I

Projeto - Representação Temática: Classificação Representação Temática: Classificação Sistemas de Informação

Automação e Informatização de Unidades de Informação Linguagens Documentárias

Planejamento de Unidade de Informação

Projeto - Automação e Informatização de Unidades de Informação Projeto – Linguagens Documentárias

Serviços de Referência e Recuperação da Informação Arquitetura da Informação e Usabilidade

Biblioteca Escolar Optativa de Formação II

Preservação, Conservação de Documentos e Tratamento de Obras Raras Administração

Antropologia, Ética e Cultura Estágio Curricular Supervisionado

Estudos Linguísticos e Literários aplicados à Biblioteconomia Pesquisa Bibliográfica e Normalização

Atividades Complementares

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Depois de observar os dois quadros, tente responder às se-guintes questões:

1) O que foi acrescentado? 2) O que foi modificado? 3) O que permaneceu?

4) Em sua opinião, os desafios de hoje são maiores do que os do passado?

Percebemos que a Biblioteconomia brasileira é assumida quase que diretamente como origem e subárea da Ciência da Informação. O fato é que houve um processo de acomodação entre as duas áreas:

• de um lado, definiu-se a Biblioteconomia como estudo formativo vinculado às diretrizes curriculares nacionais, com seus aspectos legais, com o intuito de graduar; • do outro, definiu-se, como espaço para a Ciência da

In-formação, o campo de estudos e pesquisas avançados em cursos e programas de pós-graduação.

Todo campo científico necessita de uma literatura especia-lizada e atuaespecia-lizada. No Brasil alguns dos principais periódicos que tratam temas da Biblioteconomia e Ciência da Informação são:

1) DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação (1999-).

2) Perspectivas em Ciência da Informação (1996-).

3) Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação (1996-).

4) Morpheu: Revista Eletrônica em Ciências Humanas – Conhecimento e Sociedade (2002-).

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5) RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação (2003-).

6) Em Questão: Revista da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS) (2003-).

Você conhece esses periódicos? A leitura de seus artigos vão ajudar muito em seu aprendizado.

Consideramos que a Biblioteconomia não se constitui como uma área científica, mesmo com a incorporação de novos equipamentos tecnológicos à sua rotina, alterando serviços bá-sicos como a catalogação (utilização das redes colaborativas) e o atendimento ao usuário (serviço de referência virtual).

Segundo Pinheiro (1999), a Biblioteconomia precisaria de uma "ciência" para lhe dar respeitabilidade acadêmica. Para ele, mesmo com a disseminação e uso de equipamentos e proce-dimentos físicos no âmbito digital, a área ainda não conseguiu relacioná-los efetivamente com base na produção que realiza e com o uso da informação em um contexto específico.

Agora vamos ver algumas características da Bibliotecono-mia na Europa e nos Estados Unidos.

Europa e EUA

A partir da primeira metade do século 20, a Europa inovou em termos de pesquisa e experimentos de processos de organi-zação da informação. Contudo, devido ao patamar tecnológico da época e das dificuldades políticas e econômicas daquele mo-mento, essas pesquisas e experimentos não foram disseminados e implantados (Buckland, 1991).

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No mesmo período, os Estados Unidos estavam preocu-pados em aumentar o número de bibliotecas. Estas eram vistas como equipamentos culturais e educacionais, capazes de garan-tir acesso universal aos seus acervos. Apesar de haver alguma pesquisa e experimentação de tecnologias no país, elas ainda não eram técnicas e modelos aplicados para processos de biblio-tecas, não sendo, assim, significativas.

Foi só durante e após a Segunda Guerra Mundial que o espírito pragmático e o apoio em pesquisa tecnológica dos Es-tados Unidos levou a um grande avanço, permitindo várias implantações.

No período, a Europa estava devastada pela Guerra e não acompanhou o avanço dos Estados Unidos, recebendo, entre-tanto, suas influências.

Surgia uma nova concepção de bibliotecas, diante da ne-cessidade de mudança do conceito elitista desse ambiente. A biblioteca até então encarada como depósito de conservação de livros raramente lidos ou de acesso reservado apenas para determinado público:

Fechadas em si mesmas, solenes e pouco convidativas, difi-cultando muitas vezes o acesso à informação, com fundos que pouco ou nada têm a ver com os interesses da generalidade da população (NUNES, 1996, p. 57).

Uma nova perspectiva, em oposição ao espírito de conser-vação das bibliotecas, fez com que a divulgação, o acolhimento dos usuários e a função de referência aos poucos deixassem de ser consideradas secundárias.

Essa transformação começou na Inglaterra, onde a ideia da verdadeira biblioteca pública surgiu no começo do século 19, com o movimento liderado por Horace Mann (1796-1859) e

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Henry Barnard (1811-1900), em favor da educação para todos os segmentos da sociedade (FONSECA, 1992).

Assim, os Movimentos pela Biblioteca Pública (Public

Li-brary Movements) destacaram-se:

• por um lado, devido à importância de se atingir todos os indivíduos da sociedade, propondo uma reformula-ção do conceito de biblioteca (passando a entendê-las como agentes ativos no processo democrático);

• por outro lado, devido ao surgimento de diversas inova-ções práticas nas bibliotecas para aumentar a acessibi-lidade física e intelectual (priorizando os serviços de re-ferência, adequando os acervos, criando instrumentos mais fáceis para a busca, entre outros).

O salto teórico-conceitual dessa abordagem pelo usuário ocorreu a partir de um grupo de pesquisadores da Graduate Li-brary School da Universidade de Chicago. Nessa instituição foi criado o primeiro programa de doutoramento em Biblioteco-nomia. O grupo de Chicago é considerado fundamental para a passagem de uma Biblioteconomia de orientação meramente profissionalista para uma científica.

Nesta mesma época, no Brasil, ainda estávamos revendo influências e organizando nossos primeiros cursos de graduação.

Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você vai

acom-panhar a lei que regulamenta a profissão do bibliotecário e re-fletir sobre a trajetória da Biblioteconomia até os dias atuais. Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

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2.2. ATUAÇÃO PROFISSIONAL EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO Com o entendimento de que as bibliotecas possuem um papel social e que devem mediar a formação do cidadão comum, presenciamos recentemente bibliotecários atuando em múlti-plos contextos. Embora haja consenso de que as bibliotecas se-jam relevantes, hoje temos vários tipos ou ramificações dessa ideia, em espaços que podem ser físicos ou digitais.

Nesse sentido é mais compreensível utilizarmos o termo "unidade de informação" no lugar de biblioteca, pois o biblio-tecário pode aplicar as técnicas da Biblioteconomia em outros espaços, como empresas, livrarias, bancos e assessorias.

Veremos a seguir algumas possibilidades de atuação pro-fissional e algumas das especialidades existentes (bibliotecário de referência, de processamento técnico, de aquisição, periódi-cos etc.), bem como suas competências (Vieira, 2014).

Bibliotecário de referência

O bibliotecário de referência normalmente é encontrado em bibliotecas universitárias ou especializadas. Ele é responsá-vel por ajudar o usuário a encontrar a informação, direcionan-do e orientandirecionan-do sua pesquisa pelo contato direto ou por outros meios, até que seja sanada sua necessidade informacional.

Ele também é responsável por dar suporte ao pesquisa-dor/usuário na normalização de trabalhos científicos de acordo com as normas da ABNT ou outras, como a APA.

O campo de atuação é vasto: pesquisador ou consultor em pesquisas das universidades, empresas públicas ou privadas, centros de documentação etc.

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São atividades exigidas desta atuação:

1) manter-se informado sobre atualidades gerais e sobre as novidades do acervo;

2) utilizar todos os recursos tecnológicos e mídias na orientação do usuário;

3) conhecer seu acervo, assim como as melhores fontes de pesquisa on-line ou por meio do Comut (comutação bibliográfica);

4) manter uma boa comunicação oral e escrita com os usuários, sempre de forma clara;

5) ser agente cultural por meio da promoção de ações e eventos culturais em sua unidade ou pela cidade.

Bibliotecário escolar

Pode ser considerado o maior responsável pela formação do hábito de leitura entre jovens estudantes, sendo um elo entre os jovens e os livros. Esse profissional é responsável por incenti-var a leitura e a pesquisa, e, em muitos casos, apresenta à crian-ça o mundo da pesquisa em seu início de vida cultural.

Na biblioteca escolar, o bibliotecário é um mediador que auxilia as crianças e os jovens a desenvolverem competências necessárias para: aprender, estimular o senso crítico, argumen-tar e instigar a criatividade e o interesse por novos conhecimen-tos. São suas funções:

1) treinar e formar para a utilização dos recursos da bi-blioteca e de tecnologia de informação;

2) formar competências e conhecimento da informação; 3) promover programas de leitura e eventos culturais,

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4) participar de atividades relacionadas à gestão do cur-rículo escolar;

5) participar da preparação, promoção e avaliação de ati-vidades de aprendizagem;

6) preparar e administrar os orçamentos e a formação da equipe;

7) promover políticas para desenvolver os serviços de acordo com as necessidades da comunidade escolar (VIEIRA, 2014).

Com as leituras propostas no Tópico 3. 2, você se

infor-mará um pouco mais sobre a Biblioteca Escolar. Antes de pros-seguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.

Bibliotecário de processamento técnico

O bibliotecário de processamento técnico é responsável por tratar a informação, atuando nos processos de catalogar, classificar e indexar, ou seja, fazer uma descrição e identificação do conteúdo do item, de forma que facilite o acesso do usuário à informação.

É necessário conhecer as atividades da biblioteca e seus instrumentos de trabalho – como códigos e tabelas de cataloga-ção, linguagens documentárias, tesauros e vocabulários contro-lados – necessários para a análise e processamento técnico dos documentos da unidade, que habitualmente são divididos em três etapas:

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Catalogação

Catalogar significa registrar todo material que chega à bi-blioteca utilizando técnicas biblioteconômicas que possibilitem e facilitem o acesso às informações. Os instrumentos utilizados para a catalogação são: o AACR2, utilizado mundialmente para padronizar e descrever os documentos; e algum formato especí-fico (o mais utilizado é o formato MARC 21).

Classificação

Classificar significa reunir coisas, informações etc., no caso do bibliotecário classificador, por grupo e conforme suas carac-terísticas. Para isso, durante o processamento técnico, é neces-sário utilizar um sistema de classificação (CDD, CDU etc.) por meio do qual se reúnam os assuntos pertinentes devidamente codificados.

Indexação

Indexar é incluir o registro de um documento em um índice ou repositório de informações, que deve formar o catálogo de uma bi-blioteca. Os registros são compostos por diversos dados e informa-ções que descrevem o documento, objetivando localizá-lo no acervo.

Na descrição dos documentos é necessário incluir o cabe-çalho (informações básicas) sobre o autor, título, assunto etc. Os índices podem ser encabeçados por assuntos, autores, títulos, editoras etc. No entanto, normalmente, ao buscar o documento, a recuperação dá-se pelo assunto.

Para a boa indexação de um item de qualquer tipo de uni-dade de informação, é de suma importância determinar o assun-to e inclui-lo em um vocabulário controlado. Isso pode evitar o

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