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Análise comparativa: sistema de certificação de edifícios (SCE) em Portugal

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Análise Comparativa:

Sistema de Certificação de Edifícios (SCE)

João Manuel Paz Teixeira

MESTRADO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DO AMBIENTE

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Análise Comparativa:

Sistema de Certificação de Edifícios (SCE)

Em Portugal

João Manuel Paz Teixeira

MESTRADO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DO AMBIENTE

2009

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Sistema de Certificação de Edifícios (SCE)

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Análise Comparativa:

Sistema de Certificação de Edifícios (SCE)

João Manuel Paz Teixeira

MESTRADO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DO AMBIENTE

Dissertação orientada pelo Prof. Doutor José Ângelo Guerreiro da

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Análise Comparativa:

Sistema de Certificação de Edifícios (SCE)

Em Portugal

João Manuel Paz Teixeira

MESTRADO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DO AMBIENTE

orientada pelo Prof. Doutor José Ângelo Guerreiro da

Silva

2009

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA ANIMAL

Sistema de Certificação de Edifícios (SCE)

MESTRADO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DO AMBIENTE

orientada pelo Prof. Doutor José Ângelo Guerreiro da

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ii

Agradecimentos

O esforço é grande e o homem é pequeno. Eu, Diogo Cão, navegador, deixei

Este padrão ao pé do areal moreno E para diante naveguei.

A alma é divina e a obra é imperfeita. Este padrão sinala ao vento e aos céus Que, da obra ousada, é minha a parte feita: O por-fazer é só com Deus.

E ao imenso e possível oceano Ensinam estas Quinas, que aqui vês, Que o mar com fim será grego ou romano: O mar sem fim é português.

Fernando Pessoa, Mensagem

Foi de facto, com esforço e dedicação que se realizou este trabalho, com muitas ondas e marés mas sempre focado no padrão a erguer.

Assim gostaria, primeiramente de agradecer ao meu orientador Prof. Doutor José Guerreiro pela disponibilidade demonstrada e os úteis conselhos que me emprestou.

Gostaria também de agradecer ao pessoal da Agência Nacional de Energia, que tanto me ajudaram na pesquisa e registo dos dados, sem os quais não seria possível realizar este trabalho.

Ao Eng. Luís Coelho e João Francisco, do Instituto Politécnico de Setúbal pela pelas explicações técnicas e auxílios. Um especial agradecimento pela participação no projecto do Hotel Radisson que muito contribuiu para as conclusões finais.

Ao Eng. Raúl Bessa e entidade Gaia Residence, pelo óptimo contributo que prestaram no caso de estudo associado ao sector da saúde.

As volatilidades que por vezes sentimos necessitam de um factor tranquilizante: à minha mulher, amiga e companheira, cujo contributo diário é inexplicável e indescritível por palavras.

Aos meus pais pelo exemplo e pela dedicação. Os ensinamentos e o interior plantado, duram uma vida. Mais tarde recordamos essas e outras realidades.

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iii Por fim, ao meu sócio e amigo Rui Soares Vila por ter segurado as pontas de uma empresa

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iv

Resumo

Neste trabalho foi traçado o objectivo principal de avaliar a aplicação do sistema de certificação energética em Portugal. Este objectivo foi concretizado avaliando as distribuições dos IEE nos vários sectores de actividade e o grau de sucesso na implementação do regulamento aos vários sectores de actividade. Com base nos resultados obtidos, foi possível concluir que não existe nenhum padrão de distribuição entre os sectores de actividade. Quando se analisa os valores cumulativos, utilizando o método das Curvas de Pearson, verifica-se que, apesar de haver semelhanças entre as curvas distribuição de alguns sectores de actividade, a falta de um padrão definido justifica a opção tomada pelos legisladores de adoptar perfis de utilização específicos para as tipologias de espaço certificados.

Da avaliação do grau de sucesso na implementação do regulamento, concluiu-se que, baseado nos dois descritores contabilizados: % de desvio ao valor energético regulamentar e % de espaços com IEE superiores aos valores energéticos regulamentares, os sectores que apresentaram maior grau de sucesso na implementação foram: Sector da Saúde; Hotelaria com qualidade igual ou superior a 4 estrelas; Estabelecimentos Desportivos sem piscina e os Supermercados. No pólo oposto, os sectores de actividade que sentiram maiores dificuldades foram: Estabelecimentos de Hotelaria com qualidade igual ou inferior a 3 estrelas; Estabelecimentos Desportivos com piscina e os estabelecimentos de Ensino.

Por fim, de referir dois objectivos auxiliares que contribuíram para as conclusões finais desta dissertação: Análise crítica do quadro legal em vigor e análise comparativa entre as barreiras detectadas no SCE e as descortinadas na Norma NP EN ISO 14001:2004 [1].

Palavras-Chave

Sistema de Certificação Energético e de Qualidade Ar Interior; Índices de Eficiência Energética; Certificação; Valor Energético Regulamentar; Portugal

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v

Summary

This dissertation´s main objective was to evaluate how the energy certification system is implemented in Portugal. This was achieved by evaluating the distributions of the EEI and analyzing how successful was the implementation of the regulations pertaining to various sectors of activity. Based on the final results, it was concluded that there is no pattern of distribution among sectors. When analyzing the cumulative values, using the method of Pearson curves, it appears that, although there are similarities between the distribution curves of some sectors, the lack of a definite pattern justifies the decision taken by the legislators to adopt profiles for specific types of activities.

After assessing the degree of success in implementing the Regulation, the author of this study concluded based on the two descriptors (% deviation from the energy regulation values and % of activities with higher EEI than the energy regulation values), that the sectors with the highest degree of success in implementation were: the Health Sector; hotels with 4 stars or greater accomodation, sports establishments without pool facilities and supermarkets. At the other end of the spectrum, the sectors that experienced the greatest difficulties were: Hotels with 3 stars or less accomodation, sports establishments with pool facilities and education institutions.

Finally, the two secondary objectives, which contributed to the final conclusions of this thesis were addressed: critical analysis of the existing legal framework and comparative analysis of the barriers identified in the ECS and the ones in the NP EN ISO 14001:2004 [1].

Keywords

Energy Certification System and Indoor Air Quality (ECS), Energy Efficiency Indexes (EEI), Certification; Energy Regulation Value; Portugal

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vi

Índice

Agradecimentos………..ii

Resumo………..iv

Summary………....v

1. Introdução - Sistema Energético e Conceitos-Base...…….………...1

2. Objectivos……….………18

3. Quadro Legal Nacional e Comunitário……….……….19

3.1. Directiva 2002/91/CE………..19

3.2. Projecto de Norma prEN 15217:2005…...……...….………..25

3.3. Decreto-Lei 78/2006 – Sistema de Certificação Energética …………...30

3.3.1. D.L. 79/2006 - RSECE (CE e Qualidade Ar Interior)…………....38

3.3.2. Estatísticas de Aplicação do SCE e de QAI em Portugal...49

3.3.3. Analise SWOT………...55

4. Análise Comparativa com Aplicação de Programas Semelhantes……….57

4.1. Objectivos do Trabalho para Análise Comparativa………57

4.2. Metodologia do Trabalho para Análise Comparativa……….58

4.3. Resultados e Discussão do Trabalho para Análise Comparativa……....61

4.3.1. Sectores Tradicionais……….……….……61 4.3.2. Sectores Emergentes………….………...62 4.3.2.1. Turismo………....62 4.3.2.2. Saúde………...65 5. Metodologia……….67 5.1. Selecção da Amostra………..……….…....67 5.1.1. Estabelecimentos de Ensino…………..………...68 5.1.2. Pavilhões Desportivos………..………..72 5.1.3. Bancos e Seguradoras………...75 5.1.4. Estabelecimentos de Saúde………..79 5.1.5. Estabelecimentos Turísticos………..81

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vii 5.1.6. Supermercados………..………….85 5.2. Tratamento da Amostra………...88 5.3. Métodos de Análise………..91 5.4. Limitações do Estudo………...………92 5.5. Esquema Metodológico………..………...94 6. Resultados e Discussão………..95 6.1. Sector da Saúde…………..……….………99 6.2. Sector do Turismo..…………..………..106 6.3. Sector Desportivo………110

6.4. Sector da Banca e Seguradoras………..114

6.5. Sector do Ensino………...……….116

6.6. Sector Supermercados………..118

6.7. Casos de Estudo………...……….121

6.7.1. Sector do Turismo……….………...121

6.7.2. Sector da Saúde………..……...126

7. Conclusões e Considerações Finais………...132

8. Referências Bibliográficas……….134

9. Anexos……….………138

9.1. Questionários Caso Estudo Turismo...………..………..138

9.1.1. Perito Energético………..…...………..138

9.1.2. Perito de QAI……….………...142

9.2. Questionário Caso Estudo Saúde…..………..146

9.2.1. Perito Energético e de QAI...………..……….146

9.2.2. Proprietário/Responsável………...152

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1

Introdução

Energia – Sistema Energético e Conceitos-Base

“Energy is central to achieving the interrelated economic, social and environmental aims of sustainable Human Development”[2].

Efectivamente, a frase descrita no Prefácio do World Energy Assessment, é diagnosticante da temática que esta Tese Mestrado pretende abraçar e da sua multiplicidade de resultados e consequências na Nova Sociedade do séc. XXI.

Desde os primórdios do Desenvolvimento Humano que a Energia tem desempenhado um papel fulcral nos mais diversos avanços civilizacionais, senão veja-se que quando o Homem passou a ser Sedentário com a agro-pecuária, a utilização do Trabalho Animal possibilitou multiplicar por um factor de 10 a Energia disponível para o Ser Humano; Este cenário voltaria a repetir-se com a Introdução do Moinho de Água e mais tarde com a Invenção da Máquina a Vapor e o Motor de Explosão, possibilitando a utilização do Automóvel para aumentar a capacidade de deslocação de Pessoas e Bens, contribuindo para a expansão de Mercados e atribuindo à Energia a primeira dimensão conceptual – Dimensão Económica.

De facto, o sector energético na sua relação com a economia mundial possui uma multiplicidade de actividades inter-relacionadas e de factores que não teriam interesse abordar detalhadamente neste trabalho. No entanto, é de ressalvar a relação entre o sector energético de produção, através das mais diversas fontes de combustível, sejam fósseis ou mais recentemente com a introdução das renováveis e o sector dos serviços energéticos, cujo conceito abrange as actividades que advêm das mais-valias retiradas da utilização dessa mesma energia produzida, como exemplos temos, a iluminação, confecção de alimentos, climatização de interiores, refrigeração, transportes, etc. A compreensão desta cadeia de proveito económico irá possibilitar definir políticas energéticas mais eficientes, envolvendo os intervenientes da cadeia e alcançando resultados mais duradouros. Seguidamente, interessa abordar a variação de procura Energética e a sua interligação com o crescimento económico nas várias fases da cadeia referida.

Há que compreender que o aumento de procura de energia primária, motivada pelo crescimento económico, é de 2% ao ano, quer seja energia comercial, quer sejam formas

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2 tradicionais de energia, como a queima da madeira. Há neste caso uma real preocupação com a sustentabilidade económica, do ponto vista da interdependência da Energia, já que a este ritmo chegaremos a valores astronómicos a meio do próximo século e mesmo assumindo alterações tecnológicas e novas alternativas energéticas, dificilmente deixará de ser a problemática mais gravosa das próximas gerações. Apesar deste nível de dependência energética, é visível pelas estatísticas existentes, nomeadamente, nos estudos divulgados pelas Nações Unidas, que os Países da OCDE, mais desenvolvidos e com melhores ratios económicos possuem actualmente menos dependência energética para motivar as respectivas economias, do que Países subdesenvolvidos. Esta situação motiva alguns economistas a desenhar alternativas de política económica, que começam já a dar frutos, como é o caso, do Leapfrogging. Este conceito económico consiste em consciencializar países subdesenvolvidos ou em processos iniciais de desenvolvimento, da necessidade de alavancarem as suas economias, não através dos passos históricos dados por outros países, já que esse cenário colocá-los-ia em contínuo atraso civilizacional, mas substituindo por tecnologias e metodologias recentes, utilizando esse potencial para liderar mercados económicos, ao invés de continuar constantemente a procurar repetir as fases do passado. Traria benefícios económicos, sociais e ambientais, quer a nível regional/nacional, quer indirectamente contribuindo para uma melhoria global. Promove então, um salto qualitativo das fontes energéticas tradicionais, muito pouco eficientes, poluentes e com graves consequências para a saúde pública, para tecnologias inovadoras, como é o caso da Energia Solar, e por isso catapultando as respectivas economias para a liderança mundial, sem consequências sociais, ambientais e económicas, nefastas. Desta forma, poderão alcançar um estádio desenvolvimento que aposte em materiais eficientes, com design miniaturizados, com grandes ratios de conservação de energia e provocando a saturação dos mercados de escala para produtos básicos, contribuindo assim para o aumento do seu Produto Interno Bruto e podendo fazer frente aos graves problemas sociais que enfrentam. Qual é então a influência que os preços da energia têm nos mercados mundiais?

Aquilo que se vem verificando nos últimos anos, através da análise da aplicação dos vários tipos de políticas energéticas, nas mais diversas regiões do globo, é que o impacto nos Consumidores é muito maior aquando grandes variações dos preços da Energia do que, relacionado com os valores absolutos. Este cenário é visível se compararmos as economias energéticas Americana, com preços baixos e susceptíveis de grandes variações de valor e o Sector Energético Europeu que aposta valores significativamente superiores todavia, mais estáveis. No entanto, independentemente das políticas aplicadas, o aumento dos preços Energéticos afecta o valor das Taxas de Importação, contribuindo para mais dificuldades económicas imediatas, maior taxa de desemprego e consequentemente menor bem-estar

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3 social. Por outro lado, o mesmo aumento trará também maior motivação para desenvolver tecnologias mais eficientes e uma aposta clara na Investigação e Desenvolvimento do Sector Energético. Podemos concluir que, as condições existentes no País onde serão aplicadas as políticas energéticas influenciam as consequências resultantes da intervenção nos preços dos combustíveis. Qualquer que seja a decisão, requer uma ponderação elevada já que as consequências serão profundas e a vários níveis.

Como já foi referido, uma das hipóteses mais defendidas para fazer face ao atraso energético que alguns países possuem e cujas consequências económicas e sociais são astronómicas, é a alteração completa dos seus sistemas de produção de energia, substituindo-os por Tecnologias Recentes para que esse salto qualitativo tenha um efeito impulsionador dos vários sectores económicos. Este é portanto um cenário win-win. Qual é então a dificuldade em aplicar esta alternativa em Países com índices energéticos e económicos baixos? De facto, um dos pré-requisitos para o desenvolvimento Energético, qualquer que seja o país, é o Investimento de Capital. Perante esta premissa, só existem quatro origens possíveis desse capital: Estatal, Privado Interno, Privado Estrangeiro, Institucional Estrangeiro. Nas primeiras duas hipóteses, relacionadas com o investimento interno do país, dificilmente trarão frutos, já que falamos de países com balanças orçamentais descontroladas, dificuldades em seleccionar os investimentos necessários e como consequência com pouco potencial para investir em infra-estruturas Energéticas da Nova Geração. Sejam privados ou Estatais, os investimentos neste caso, serão reduzidos. Estes Investidores quererão não só recuperar o investimento que fizeram inicialmente, como também tirar vantagens competitivas do negócio. Perante estes requisitos, os Países em vias de Desenvolvimento, apresentam por norma, Governos frágeis, pouco fiáveis, com Mercados Controlados, sem livre circulação de bens, aumentando o Risco que Investidores Estrangeiros terão ao investirem nestes Países. Como consequência, optam por alternativas mais seguras.

Sobra então uma última alternativa de investimento – Investimento Institucional Estrangeiro. Esta tem sido a resposta possível, dada a nível global, para fazer face a esta crise energética. Desta forma, criando melhores condições de desenvolvimento, contribuem para diminuir os problemas sociais mundiais, entre os quais, poderemos destacar a Pobreza Extrema, Fome, Baixa Esperança Média de Vida, Criminalidade, etc.

É, portanto compreensível, que a Energia seja uma das principais preocupações dos líderes mundiais, já que o acesso e o uso variam intensamente entre os diversos países,

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4 particularmente, entre os mais Ricos e os Países em Desenvolvimento. Esta premissa traz uma nova dimensão ao sector Energético – Dimensão Social.

De facto, nos nossos dias, 2 biliões de pessoas, continuam a viver com formas artesanais de Energia, não tendo acesso às mesmas oportunidades de conforto, mobilidade e produtividade que a Sociedade Moderna dispõe, contribuindo para uma Desigualdade Social Vertiginosa e com consequências Mundiais graves. Esta disparidade acentua-se quando falamos em Mulheres e Crianças na qual a dependência de Fontes Energéticas Tradicionais é total. O acesso a Energia comercial e aos serviços e a disparidade de preços fixados para o recurso Energético ameaça desta forma a Estabilidade Social Mundial e contrapõe-se ao Conceito de Desenvolvimento Humano. Vejamos então, quais os efeitos directos e indirectos que a Variação da Utilização de Energia provoca nos Índices Sociais Mundiais. Podemos então verificar, recorrendo às estatísticas existentes no gráfico 1, no qual está representada a variação da procura primária de energia em função das receitas familiares no Brasil, que existem factores sociais que têm uma influência directa na Utilização de Energia, nomeadamente:

 Nível de Rendimentos

 Falta de Oportunidades para Mulheres  Crescimento Populacional

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Gráfico 1 – Utilização de Fontes Energéticas Fontes: Goldemberg, José 2004 [2]

Efectivamente, existem nos nossos dias, 1.3 Biliões de pessoas que vivem com menos de 1 Dólar por dia. A crise social e económica que vivemos só vêm agravar este cenário sendo por isso uma das grandes prioridades mundiais.

avassaladora, as receitas familiares ou individuais não representam a real miséria no qual o grosso desta população vive diariamente. De facto, a falta de acesso e de oportunidades a serviços energéticos, como por exemplo a ele

empobrecimento, do qual dificilmente conseguirão quebrar o ciclo. Hoje em dia, mais de 2 Biliões de pessoas vivem sem electricidade e com combustíveis tradicionais como fonte energética, o que provoca uma queda de produ

vejamos, parte desta população passa várias horas por dia a recolher lenha e água, por vezes de longas distâncias, para conseguir suprir as necessidades energéticas das suas casas. Normalmente, são mulheres e crianças

e energia, que poderiam utilizar para educação ou outras actividades mais produtivas, caso o sistema energético estivesse a um nível aceitável. A falta

iluminação laboral inadequada,

diminuir de oportunidades empresariais para o tecido económico local. Em suma, podemos concluir que uma alteração nas fontes de energia (de tradicional para comercial) e um maior acesso aos serviços energéticos, como

Utilização de Fontes Energéticas no Brasil por Classe de Rendimentos Familiares.

Efectivamente, existem nos nossos dias, 1.3 Biliões de pessoas que vivem com menos de 1 A crise social e económica que vivemos só vêm agravar este cenário sendo por isso uma das grandes prioridades mundiais. Apesar da realidade dos números ser avassaladora, as receitas familiares ou individuais não representam a real miséria no qual o grosso desta população vive diariamente. De facto, a falta de acesso e de oportunidades a serviços energéticos, como por exemplo a electricidade, coloca-os num patamar de empobrecimento, do qual dificilmente conseguirão quebrar o ciclo. Hoje em dia, mais de 2 Biliões de pessoas vivem sem electricidade e com combustíveis tradicionais como fonte energética, o que provoca uma queda de produtividade bastante significativa. Senão vejamos, parte desta população passa várias horas por dia a recolher lenha e água, por vezes de longas distâncias, para conseguir suprir as necessidades energéticas das suas casas. Normalmente, são mulheres e crianças que realizam estas tarefas, perdendo tempo e energia, que poderiam utilizar para educação ou outras actividades mais produtivas, caso o sistema energético estivesse a um nível aceitável. A falta de electricidade provoca uma iluminação laboral inadequada, telecomunicações limitadas e como consequência um diminuir de oportunidades empresariais para o tecido económico local. Em suma, podemos concluir que uma alteração nas fontes de energia (de tradicional para comercial) e um maior

icos, como a electricidade e formas modernas

5 Efectivamente, existem nos nossos dias, 1.3 Biliões de pessoas que vivem com menos de 1 A crise social e económica que vivemos só vêm agravar este cenário sendo da realidade dos números ser avassaladora, as receitas familiares ou individuais não representam a real miséria no qual o grosso desta população vive diariamente. De facto, a falta de acesso e de oportunidades a os num patamar de empobrecimento, do qual dificilmente conseguirão quebrar o ciclo. Hoje em dia, mais de 2 Biliões de pessoas vivem sem electricidade e com combustíveis tradicionais como fonte tividade bastante significativa. Senão vejamos, parte desta população passa várias horas por dia a recolher lenha e água, por vezes de longas distâncias, para conseguir suprir as necessidades energéticas das suas que realizam estas tarefas, perdendo tempo e energia, que poderiam utilizar para educação ou outras actividades mais produtivas, caso electricidade provoca uma telecomunicações limitadas e como consequência um diminuir de oportunidades empresariais para o tecido económico local. Em suma, podemos concluir que uma alteração nas fontes de energia (de tradicional para comercial) e um maior electricidade e formas modernas de confeccionar

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6 alimentos, serão uma resposta, ainda que apenas parcial, para quebrar o ciclo de pobreza extrema que ainda se verifica em algumas regiões do globo terrestre.

No que diz respeito à Demografia, existe realmente uma relação entre o crescimento populacional e a procura de Energia Primária. Há medida que a população aumenta, crescem também as necessidades Energéticas colectivas. No entanto, paralelamente a esta premissa, há que compreender que a inserção de serviços energéticos básicos em alguns países vai também afectar as taxas de natalidade, trazendo os valores de nascimentos por família para valores mais desejáveis e com maiores benefícios familiares. A transição demográfica de decréscimo das taxas de fertilidade e natalidade está relacionada com o desenvolvimento de determinados índices sociais, nomeadamente, ambiente local, educação das mulheres, erradicação da pobreza extrema, cenários que vulgarmente instigam ao trabalho infantil. Todos estes índices poderão ser melhorados com serviços energéticos de mais baixo custo.

No quarto tópico foi referido a Urbanização como um factor que afecta a utilização da Energia disponível. De facto, pequenas alterações, como oferecer mais opções energéticas em zonas rurais de difícil acesso poderão desacelerar a migração para as grandes urbes e desta forma travar o crescimento das mesmas. É importante ressalvar que ter em consideração os critérios energéticos, como infra-estruturas, pontos de alimentação, sistemas de transportes etc., poderá desacelerar o aumento de procura energética associado ao rápido crescimento de grandes cidades.

Por fim, não é descurar o problema apresentado pela massificação da utilização do automóvel que se apresenta como o principal emissor de gases com efeito de estufa. Como tal, requer também uma intervenção profunda, nomeadamente na entrada das grandes cidades, cujas consequências se fazem sentir na saúde pública, na qualidade do ar e no congestionamento das grandes vias.

Em suma, independentemente do País ou zona do Globo, verificamos que os lares mais pobres continuam a ser mais fustigados pela variação dos preços da Energia do que as famílias mais abastadas. Se tivermos em linha de conta, o Inverno de 1999/2000 recordamos que os aumentos que o barril de petróleo provocou foram verdadeiramente desastrosos, socialmente falando, quer em Países em vias de Desenvolvimento, quer em Países Industrializados, nos quais algumas pessoas se viram privadas dos serviços energéticos habituais. A Iniquidade actual é insuportável e ameaça o nosso conceito de Desenvolvimento Humano.É indispensável alterar o curso da história recente.

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7 Se do ponto de vista social, existem diversos factores que relacionam a Energia e respectivos serviços com os índices mais importantes, também a nível ambiental esta situação se verifica. Efectivamente, é reconhecido que grande parte das metodologias actuais de produção e utilização de Energia trazem impactos ambientais a nível local, regional e global que ameaçam o nosso nível de vida actual e no futuro, atribuindo-lhe a última dimensão ao conceito de Energia Sustentável – Dimensão Ambiental.

Durante décadas sempre se reconheceu os impactos locais que as actividades ligadas à produção, transformação, transporte e utilização de energia provocavam no ambiente local. Exemplos disso são: a desflorestação, com a queima da madeira; e em várias fases da industrialização, impactos como poluição aérea, aquática e terrestre eram comuns nas mais diversas partes do globo. O que realmente constituiu uma descoberta recente foi o reconhecimento de impactos ambientais regionais e globais, decorrentes de actividades energéticas. De facto, apesar dos inquestionáveis benefícios trazidos pela utilização de Energia, não existem dúvidas quanto ao seu papel na degradação ambiental, nomeadamente, no balanço ecológico, biodiversidade, saúde pública e até a nossa própria qualidade de vida.

A nível doméstico, podemos verificar que a utilização de combustíveis sólidos, como a madeira, para confeccionar alimentos ou para climatização traz impactos significativos para a saúde pública. Concretizando, existem actualmente, 2 milhões de mortes prematuras por ano, devido à exposição a gás oriundo da queima descontrolada destes combustíveis. Existe também a problemática da Matéria Particular Suspensa e dos Hidrocarbonetos, para os quais ainda não existem níveis máximos padronizados.

Por outro lado, a nível local e regional, a queima de combustíveis fósseis, como o gás natural, é a forma mais frequente de confeccionar alimentos e de climatizar os lares nos Países Industrializados. As emissões resultantes da queima deste combustível fóssil são um dos principais contribuintes para a poluição urbana. Para além disso, os precursores da deposição de ácidos podem precipitar-se avárias centenas de quilómetros, do seu local de origem, muitas das vezes, ultrapassando as fronteiras nacionais. Esta acidificação provoca diversos danos naturais, nomeadamente, a degradação de ecossistemas, colheitas agrícolas e até estruturas antropogénicas, podendo alterar a composição e função de alguns sistemas naturais. Exemplos disso são a redução de produtividade de algumas florestas, zonas piscatórias ou agrícolas.

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Mais recentemente incorporou

pelo sector energético. Ao observar a figura 1, constata

com efeito de estufa na atmosfera está distribuída pelos mais diversos sectores. contributo que podemos associar ao sector que envolve a produção, transporte

energéticos é a “maior fatia deste bolo”. Claro está, que para isto contribui o carácter abrangente que o sector possui na actual so

significativo que o sector provoca.

o Sistema Climático Terrestre, sendo parte do problema que origina as Alterações Climáticas.

Figura 1 – Emissões Anuais de Gases com Efeito de Estufa por Sector de Actividade Fontes: World Bank, 1999[12]

Apesar de se observarem todo

Qualidade Ambiental dos Sistemas Naturais, existem actualmente várias estratégias que Mais recentemente incorporou-se a vertente global dos impactos ambientais pro

Ao observar a figura 1, constata-se que a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera está distribuída pelos mais diversos sectores.

buto que podemos associar ao sector que envolve a produção, transporte

“maior fatia deste bolo”. Claro está, que para isto contribui o carácter abrangente que o sector possui na actual sociedade mas é impossível

que o sector provoca. Como já é reconhecido, estas concentr

o Sistema Climático Terrestre, sendo parte do problema que origina as Alterações

Emissões Anuais de Gases com Efeito de Estufa por Sector de Actividade

Apesar de se observarem todos estes conflitos que opõem a necessidade de Energia e a Qualidade Ambiental dos Sistemas Naturais, existem actualmente várias estratégias que

8 se a vertente global dos impactos ambientais provocados se que a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera está distribuída pelos mais diversos sectores. O buto que podemos associar ao sector que envolve a produção, transporte e serviços “maior fatia deste bolo”. Claro está, que para isto contribui o carácter impossível negar o efeito estas concentrações influenciam o Sistema Climático Terrestre, sendo parte do problema que origina as Alterações

s estes conflitos que opõem a necessidade de Energia e a Qualidade Ambiental dos Sistemas Naturais, existem actualmente várias estratégias que

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9 beneficiam não só ambas as perspectivas, como também contribuem para uma melhoria económica e de Qualidade de Vida. Estas são as Alternativas referidas em seguida.

Existem, em suma, três graves Características do actual sistema Energético Mundial e que exigem uma intervenção profunda, a montante e a jusante, de forma a alterar o cenário profetizado pelos Especialistas:

- O actual Sistema Energético não é suficientemente seguro e custeado para suportar um crescimento económico à Macro escala. A Produtividade de um terço da população Mundial está comprometida pela falta de acesso a Energia Comercial, e possivelmente outro terço sofre de desequilíbrios e insegurança económica devido a fontes energéticas pouco confiáveis.

- As actuais fontes Energéticas não são globalmente acessíveis, uma iniquidade com consequências práticas, políticas e morais num Mundo cada vez mais em Rede.

- Impactos Ambientais Negativos locais, regionais e globais da Produção e Utilização da Energia ameaçam a saúde e o Bem-estar da Actual e Futuras Gerações.

Perante o que foi referido até agora, parecem estar reunidas as condições para que estas intervenções possam fazer parte das políticas energéticas e ambientais mundiais, trazendo o tal conceito de Energia Sustentável que defendo. No entanto, a incorporação de determinadas políticas, como por exemplo a comercialização de Energia por Fontes Renováveis tem de obedecer obrigatoriamente às leis de Mercado, cujas falhas poderão dificultar estas alterações. Devem ser colocadas algumas questões para que a incorporação destas políticas seja uma realidade a curto, médio prazo: Poderão estas tecnologias inovadoras, que extraem, mantêm e convertem Energia, ser desenvolvidas em tempo útil; Poderão estes processos contribuir para novos problemas? Serão os preços destes Serviços Energéticos acessíveis ao cidadão? Todas estas questões vão requerer intervenções nos Mercados que irão absorver estas alterações, quer sejam alterações de Impostos, quer sejam, taxas bonificadas, apoios ou subsídios, benefícios fiscais ou outros mecanismos que assegurem os resultados económicos, sociais e ambientais pretendidos. Analisarei então, as três hipóteses de intervenção:

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10  Novas Tecnologias Fósseis Inovadoras sem Emissões (p.e. nuclear).

 Racionalização do Consumo Energético (Maior Eficiência);

A primeira hipótese de intervenção engloba a actividade de Exploração de Novas Fontes Energéticas de recursos endógenos e com valores de emissão de poluentes e Gases com Efeito de Estufa (GEE’s) nulos ou muito próximos de zero. Alguns exemplos destas fontes energéticas são: Biomassa, Solar, Eólica, Hídrica, Geotérmica, etc. Várias destas Fontes Energéticas apresentam algumas falhas, relativamente à sua introdução no mercado e respectiva comercialização. Senão vejamos os problemas sociais, económicos e ambientais associadas à construção das grandes Hídricas, em Países em vias de desenvolvimento. Por outro lado, Fontes como a Solar e Eólica são intermitentes e como tal, devido à dificuldade em conservar Energia, possuem algumas limitações nas suas aplicações. Existem actualmente, especialistas que defendem a conjunção destas Energias Intermitentes com Energia Hidroeléctrica ou Centrais de Combustíveis Fosseis, potencializando o efeito de produção de Energia, através de Fontes Renováveis.

Perante estas limitações é necessário intervir no Mercado para potencializar a sua comercialização. Isto poderá ser alcançado, procurando formas de baixar os preços destas tecnologias durante as suas fases iniciais de desenvolvimento e comercialização, mantendo as mais-valias de competitividade que estas formas de Energia trazem para a Economia. Balanceando os custos totais das Energias Convencionais e fazendo-os reflectir no Mercado poderá ser uma forma efectiva de atribuir maior competitividade às Energias Renováveis. Um exemplo desta prática é o estabelecimento de taxas “verdes” para a Electricidade Convencional ou Aquecimento.

O segundo item refere-se ao desenvolvimento de tecnologias energéticas de origem fóssil, todavia, com zero emissões de GEE’s e poluentes. De facto, embora a procura de novas alternativas energéticas seja relevante, não se poderá chamar revolução energética se não incluirmos os Combustíveis Fosseis, cujo contributo é fundamental para assegurar a sustentabilidade energética Mundial. Os exemplos desta aplicação multiplicam-se e poderão ser uma realidade num futuro próximo. Senão veja-se os novos sistemas avançados que vêem substituir as turbinas a vapor. Os Ciclos de Combustão de Gás Natural têm sido escolhidos sempre que possível, pelas suas características de baixo custo, elevada eficiência e poucos impactos ambientais. A Economia Energética poderá dar um passo importante se começar a apostar nas turbinas de gás e nos ciclos combinados ao invés das

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11 turbinas tradicionais de vapor. Poderei também referir os sistemas de cogeração, através do desenvolvimento dos motores recíprocos e das microturbinas, ou os combustíveis sintéticos produzidos por Poligeração, ambos com potencial para substituir a médio prazo, as centrais de carvão em termos de produção eléctrica.

Por outro lado, o objectivo de utilizar o Hidrogénio como Fonte Energia continua em desenvolvimento, através dos novos mecanismos de Células de Combustível. Estas têm ganho um novo ânimo, como transportadoras de Energia, porque oferecem elevada eficiência sem quaisquer emissões de poluentes ou GEE’s. Existe a tentativa, no Mercado Automóvel, de introduzir os carros a células de combustível, todavia, ainda sem resultados concretos.

Por fim, será necessário falar do tema energético mais controverso das últimas décadas – Energia Nuclear. A Energia Nuclear representa actualmente 6% da Energia Primária Mundial e 16% da Electricidade. De facto, apesar da projecção que inicialmente foi realizada para o papel da Energia Nuclear para a Produção Mundial, esta tem vindo a diminuir gradualmente, devido a várias razões, mais tarde descobertas: seus custos iniciais, temáticas de segurança, destino para materiais radioactivos, etc. Todas estas limitações têm causado um sentimento de desconfiança, na opinião pública e isso tem-se reflectido na diminuição do investimento em Energia Nuclear. Muito tem sido desenvolvido nesta área, nomeadamente nos novos reactores nucleares (LWR), novos métodos de deposição de material radioactivo e desta forma desenvolver o potencial controlado desta Fonte Energética.

A última hipótese de intervenção será a melhor analisada, já que o Regulamento em causa enquadra-se, enquanto política energética, nesta tipologia de intervenção. Para além disso, Portugal apresenta o maior ratio de Energia Despendida por Unidade de Produção (UP), o que significa que precisamos de gastar mais Energia para obter uma Produtividade Igual aos nossos Parceiros Europeus. Assim sendo, torna-se imperativo uma intervenção neste sector, quer a nível Europeu e principalmente a nível Nacional. Estas informações estão visíveis na tabela 1, onde se verifica a diferença entre os vários ratios de Energia por UP.

De facto, desde os anos 70, com o aumento vertiginoso dos preços do petróleo resultantes da Análise efectuada aos stocks Americanos, que a consciência, da necessidade de Utilizar a Energia de uma forma mais eficiente e racionalizada, aumentou gradualmente. Em meados dos anos 90 já os governantes mundiais se encontravam conscientes sobre esta

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12 problemática e dispostos a alterar algumas das suas políticas. Hoje em dia, já a grande maioria dos Países da OCDE apresentam resultados bastante interessantes neste domínio, quer seja nos Processos Industriais, iluminação doméstica, Aquecimento e Arrefecimento de Edifícios ou nos Transportes, sectores com grandes exigências Energéticas.

Tabela 1 – Intensidade Energética por Unidade de Riqueza em 1994 e em 2005 (kg de petróleo necessário para obter 1000 euros)

Fontes: IEA, 1999 [6]

Actualmente, o ratio de conversão de Energia Primária em Energia Útil é de 1/3. Posteriormente, durante a utilização dos diversos serviços energéticos, existem novas perdas significativas, quando esta se converte de Energia Útil em Serviços Energéticos. É nesta fase que se poderão concentrar esforços para reduzir as perdas por dissipação. Isto teria um efeito importante para a economia, já que resultaria em Serviços Energéticos de baixos custos e por outro lado, diminuiria as Emissões de GEE’s para a atmosfera.

Apesar destes benefícios, a Eficiência Energética tem sido constantemente desvalorizada como solução para a Crise Energética Mundial. Algumas das razões para esta afirmação, envolvem a descentralização de actuações e de intervenientes envolvidos, com dificuldade de organização e motivação para alcançar resultados, que na maior parte das vezes são pouco visíveis e atribuem pouco notoriedade social. A somar a estas desvalorizações

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13 sociais, existem uma serie de falhas de Mercado que dificultam uma Utilização de Energia mais eficiente. As falhas detectadas são as seguintes:

 Falta de Informação adequada, conhecimento técnico e Formação por parte dos intervenientes;

 Grandes incertezas sobre o retorno de investimento para as alterações de tecnologias inovadoras mais Eficientes;

 Falta de Capital e possibilidades de Financiamento;

 Tecnologias mais Eficientes com Custos Iniciais e de Manutenção muito Elevados;  Custos de Formação e Consultoria muito Elevados;

 Falta de Incentivos para a Manutenção;

 Existência de Benefícios diferenciados para o Utilizador da Energia em detrimento do Investidor (Proprietário poderá investir numa tecnologia mais eficiente que irá beneficiar o utilizador que paga mensalmente a electricidade)

 Custos Externos da Utilização da Energia, que não estão incluídos nos Preços Tabelados;

 Padrões de Comportamento de Consumidores, Operadores e Decisores que muitas vezes se deixam influenciar por ideias de Prestigio Social ou Normas Profissionais.

Esta alternativa de comportamento energético possui uma característica extremamente importante não só para os consumidores individuais como para a Economia Mundial, no seu todo: Melhoria Continua. De facto, a poupança de Energia conseguida através da introdução de medidas mais eficientes, poderá ser investida em novos bens e produtos poupadores de Energia. À semelhança do que está preconizado nos Sistemas de Gestão Ambiental com o Ciclo de Demming, a introdução destas medidas eficientes, poderão abrir novas oportunidades para conservar Energia, transformando este processo no ciclo positivo de melhoria continua.

É importante reflectir sobre os tipos de medidas para racionalização de Energia. Independentemente das medidas aplicadas, estas deverão ter como objectivo a supressão das falhas de mercado. Poderão ser estabelecimento de preços directo ou indirectamente, através da atribuição de subsídios ou condições especiais de aquisição de equipamentos eficientes, a padronização de valores de eficiência, certificações de produtos ou métodos, acordos voluntários, campanhas de informação de consumidores, mecanismos de financiamento, etc. Através destas medidas poder-se-á incrementar o PIB, alicerçado num

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14 melhor desempenho ambiental e económico, usando a mesma quantidade de energia. Naturalmente, o Regulamento Energético que está em análise nesta Tese de Mestrado insere-se nos mecanismos legais de Padronização de Eficiência, cuja sua aplicação é Obrigatória.

Se avaliarmos a actual Matriz Energética Portuguesa (Fontes: DGEG, 2008[15]) deparamo-nos com um cenário bastante preocupante. Está caracterizada por uma intensidade Energética acima da Média Europeia e cuja posição relativa tem vindo a agravar-se por força de uma economia cada vez mais exigente em termos energéticos, sem no entanto, ter o grau de consciencialização, para fazer face à actual crise de sustentabilidade. Isso fica patente na tabela 1, já referida anteriormente, que demonstra o aumento da Energia Consumida por Unidade de Riqueza. Tendencialmente este valor tem diminuído na União Europeia, todavia, Portugal não apostou nestas competências e vê-se confrontado com um cenário de afastamento prejudicial dos índices Energéticos Europeus. Se a par desta situação, for referido o Protocolo de Quioto cujo as consequências Ambientais e Económicas serão difíceis de incorporar, compreendemos a necessidade de intervir no Mercado Energético Português. Poderemos indicar a Racionalização de Energia como uma mais-valia importante, para dar resposta a determinados comportamentos culturais que conduziram ao cenário actual. Alterar esses comportamentos, será essencial, principalmente se a par desta situação apostarmos nas outras duas tipologias de intervenção.

A questão que se coloca será onde intervir e com que medidas? Como foi referido anteriormente, a escolha de políticas Energéticas, face à diversidade de efeitos negativos e positivos decorrentes das aplicações, terão necessariamente de ser ponderadas em função das condições do Mercado, objecto de intervenção.

Portugal é um país com escassos recursos energéticos próprios, nomeadamente, aqueles que asseguram a generalidade das necessidades energéticas da maioria dos países desenvolvidos (como o petróleo, o carvão e o gás). Tal situação de escassez conduz a uma elevada dependência energética do exterior (85,4% em 2008[15]), sendo totalmente dependente das importações de fontes primárias de origem fóssil, e com uma contribuição das energias hídrica (fortemente dependente das condições climatéricas), eólica, solar e Geotérmica, biogás e de lenhas e resíduos, que importa aumentar. Portugal está assim perante uma reduzida diversificação da oferta energética primária, aliada à escassez de recursos próprios, que conduz a uma maior vulnerabilidade do sistema energético às flutuações dos preços internacionais, nomeadamente do preço do petróleo, exigindo esforços no sentido de aumentar a diversificação. Quanto ao consumo de energia final,

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15 este sofreu um aumento de 18,0% entre 2000-2008[15]. Verificou-se um aumento do consumo de 15,7% de petróleo, de 78,8% de gás natural e de 22,4% em electricidade[15]. Em 2008, o peso do consumo dos principais sectores de actividade económica relativamente ao consumo final de energia, foi de 24,4% na Indústria, 37,4% nos Transportes, 18,5% no Doméstico, 15,0% nos Serviços e 4,7% nos outros sectores (onde se inclui a Agricultura, Pescas, Construção e Obras Públicas) [15]. Constata-se assim uma forte incidência dos sectores de Indústria e Transportes no consumo de energia final e um aumento significativo nos Edifícios (Residencial e Serviços). O crescimento verificado no sector dos transportes reflectiu o crescimento da taxa de motorização e da mobilidade, a par do desenvolvimento das acessibilidades. No sector industrial, o consumo final tem vindo a decrescer nos últimos anos, resultante de uma maior actuação na área da eficiência energética dos processos e instalações. No sector doméstico, denotando uma melhoria das condições de conforto da população em geral, assiste-se a uma evolução crescente do consumo de energia eléctrica por unidade de alojamento (2584 kWh/alojamento em 2008 contra 2252 kWh/alojamento em 2002[15]). Em relação às formas de energia utilizadas, verifica-se uma estabilização nos consumos dos produtos de petróleo, a favor da electricidade e do gás natural. O consumo de energia nos serviços, dependente fundamentalmente do grau de terciarização da economia, cresceu 49,4% no período 2000-2008[15]. Em suma, Portugal apresenta em 2008 um consumo de energia final per capita de 2,14 tep/habitante[15] e apesar do constante crescimento das necessidades energéticas, Portugal ainda é um dos países da UE com menor consumo de electricidade per capita - em 2008 foi de 5416 kWh, correspondendo ao 18º lugar dos países europeus. Só a Letónia, a Lituânia, a Polónia e a Hungria registaram consumos per capita mais baixos. Contudo, em termos de eficiência, Portugal apresenta uma intensidade energética de 260 kgep/1000 Euros em 2008, com um decréscimo de 6,4% em relação a 2003[15].

Perante este cenário Energético, importa travar o aumento do dispêndio de Energia nos Edifícios, quer sejam Sector Residencial ou Serviços. Esta alteração foi posta em prática, através de diversas medidas de apoio à Eficiência Energética para Particulares e Empresas. Contudo, importa ressalvar o Novo Regulamento de Sistemas Energéticos e de Climatização em Edifícios pela sua implicação no Mercado Imobiliário Português e pela sua aposta na Divulgação como ferramenta para aumentar a consciência Social para esta problemática.

Este Regulamento Energético é regido pelo recém-criado Sistema de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior (QAI) em Edifícios, promulgado pelo decreto-lei 78/2006, instituído, com os seguintes objectivos:

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16  Assegurar a Aplicação dos Regulamentos de Características de Comportamento Térmico em Edifícios (RCCTE) e Sistemas Energéticos e de Climatização em Edifícios (RSECE), nomeadamente no que diz respeito à Eficiência Energética, à incorporação de Energias Renováveis e ao QAI;

 Informar os Cidadãos do Desempenho Energético e QAI dos Edifícios, através do Certificado que deverá ser apresentado ou afixado;

 Apresentar Medidas Correctivas, com o respectivo custo e rentabilidade, para informar o proprietário das potencialidades do seu imóvel em termos de Consumos Energéticos Futuros;

Este decreto-lei foi estabelecido através da Directiva Comunitária 2002/91/CE que reforça legalmente a necessidade de todos os Estados Membros possuírem um Sistema de Certificação Energética em Edifícios que informe os utilizadores ou visitantes de grandes Edifícios, do Comportamento Energético dos mesmos.

Como já foi referido, os requisitos técnicos a aplicar através desta Certificação Energética e QAI estão presentes no Regulamentos Térmicos RSECE e RCCTE, cuja formalização se encontra nos D.L. 79 e 80/2006, respectivamente. Estes foram adoptados tendo em conta os anteriores regulamentos Térmicos em Portugal, nomeadamente D.L. 40/90 e 118/98, devidamente actualizados e tendo como linha de conta as sugestões delineadas no Projecto de Norma prEN15217, no qual se definiu os requisitos de análise térmica para os Edifícios, bem como os critérios de Qualidade do Ar Interior, essenciais para a criação, a posteriori, do Sistema de Certificação Energética e Qualidade do Ar Interior.

No que diz respeito ao Regulamento promulgado pelo decreto-lei 79/2006, exclusivamente aplicado a Edifícios que possuam mais de 1000m2 e/ou Potência Nominal de Climatização superior a 25kW, este trouxe uma padronização que já se adivinhava indispensável para a Actividade de Construção em Portugal e para o limiar de Boa Qualidade de Ambiente em Edifícios visitados frequentemente pelo Público.

Este Regulamento foi criado com quatro objectivos fundamentais, que sumariam a sua aplicação:

 Definir as condições de conforto térmico e de higiene que devem ser requeridas (requisitos exigenciais) nos diferentes espaços dos edifícios, em consonância com as respectivas funções;

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17  Melhorar a eficiência energética global dos edifícios, não só nos consumos para climatização mas em todos os tipos de consumos de energia que neles têm lugar, promovendo a sua limitação efectiva para padrões aceitáveis, quer nos edifícios existentes, quer nos edifícios a construir ou nas grandes intervenções de reabilitação de edifícios existentes;

 Impor regras de eficiência aos sistemas de climatização que permitam melhorar o seu desempenho energético efectivo e garantir os meios para a manutenção de uma boa qualidade do ar interior, quer a nível do projecto, quer a nível da sua instalação, quer durante o seu funcionamento, através de uma manutenção adequada;

 Monitorizar com regularidade as práticas da manutenção dos sistemas de climatização como condição da eficiência energética e da qualidade do ar interior dos edifícios.

Este Regulamento será a base desta análise de Tese, que centrará esforços para tentar compreender até que ponto os requisitos técnicos definidos se encontram bem ajustados à realidade do Mercado Português, sob pena de hipotecar a sua aplicação, e se estes se encontram reflectidos, posteriormente, na Certificação Energética, cuja finalidade é exactamente fornecer essa informação de forma intuitiva ao consumidor.

Esta é uma medida, centrada não só na aposta da Racionalização de Energia como também na incorporação obrigatória de Energias Renováveis para Aquecimentos de Água Sanitárias. Como conclusão, Portugal poderá sair bastante beneficiado face ao Mercado que possui, descrito anteriormente, e como tal será um passo essencial para atingir a Sustentabilidade Energética que começamos por definir.

Este conceito de Energia Sustentável, numa perspectiva económica, social e ambiental foi a base motivacional para a realização desta Tese de Mestrado. Termino, parafraseando José Goldemberg, referindo-se às consequências da manutenção do actual cenário Energético: “Otherwise, Environmental Damage will Accelerate, Inequity will increase, and Global Economic Growth will be jeopardized”[2].

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Objectivos

O objectivo central deste trabalho de mestrado foi a Análise da Aplicação do Sistema de Certificação Energética e da Qualidade de Ar Interior em Portugal, a vários sectores de actividade (Turismo, Saúde, Ensino, Banca e Seguradoras, Supermercados e Desporto). Esta análise foi realizada em duas vertentes: Análise comparativa das distribuições do Índices de Eficiência Energética nos vários sectores; Avaliação do grau de sucesso da implementação do sistema certificação em cada um dos sectores.

Para alcançar o objectivo delineado foram colocadas algumas questões, relacionadas com o quadro legal existente. Com este intuito foi elaborada uma análise crítica da legislação nacional e comunitária em vigor que está na base do D.L. 78/2006 (SCE). Através deste exercício foi possível compreender detalhadamente, quais as bases da criação do regulamento e com que linhas orientadoras foi implementado. Isso irá influenciar a interpretação dos resultados obtidos, contribuindo para a avaliação global da implementação do Regulamento Energético.

Por outro lado, sentiu-se a necessidade de comparar a implementação deste Regulamento com outros Sistemas de Certificação Nacionais. Para isso, foi elaborada uma análise comparativa entre as dificuldades detectadas na aplicação da Norma NP EN ISO 14001:2004 e as descortinadas neste trabalho. Esta análise foi realizada em dois sectores de actividade (Saúde e Turismo). Desta forma, foi possível compreender concretamente, quais as dificuldades sentidas pelos intervenientes do processo de certificação e quais dessas são transversais a ambas as certificações. A ocorrência de problemáticas recorrentes poderá indicar uma reincidência nos erros resultantes da implementação das Normas ou Regulamentos e desta forma, contribuir para a avaliação global da aplicação do SCE em Portugal.

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Quadro Legal Nacional e Comunitário

DIRECTIVA 2002/91/CE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 16 de Dezembro de 2002 relativa ao desempenho energético dos edifícios

1.1 – ANTECEDENTES E EVOLUÇÃO

Esta Directiva Comunitária está na Base da Elaboração do Sistema de Certificação Energética Português.

Foi delineada para todos os Estados-Membros o timing de Aplicação, as linhas orientadoras da Metodologia e a Informação presente no dito Certificado.

Antes de podermos descrever essas linhas orientadoras, é importante compreender o contexto e os alicerces legais e técnicos que deram origem a este instrumento de Certificação Energética.

Primeiramente, é importante ressalvar que esta Directiva foi baseada em alguns princípios presentes no Tratado Europeu, nomeadamente, a protecção do ambiente enquanto linha a seguir em termos de Políticas Comunitárias e a utilização racional e prudente dos recursos naturais, petrolíferos, gás natural e combustíveis sólidos, fontes energéticas essenciais para o funcionamento do actual modo de vida. Todavia, as mesmas são fontes de emissão de poluentes muito significativas.

Em termos legais, a Directiva apoiou-se em duas directivas já existentes: directiva 93/76/CEE, que regulamenta as Emissões de CO2 e as primeiras medidas de eficiência Energética; e directiva 89/106/CEE que regulamenta os produtos de construção, nos Estados-Membros, nomeadamente, em relação à instalação de aquecimentos, arrefecimentos e ventilação, prevendo já uma redução dos consumos, conforme as condições climáticas e os utilizadores.

Estas duas Directivas deram o mote para mais tarde ser criado o Plano de Acção da Comissão de Eficiência Energética, já no ano de 2000. Este Plano definiu, medidas especificas para os edifícios.

Para além dos mecanismos legais precursores do Sistema de Certificação Energético Europeu, houve uma serie de bases conceptuais, algumas descritas na Introdução desta Tese, e que sustentam teoricamente a origem desta Directiva Comunitária, nomeadamente:

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20  As medidas propostas nesta Directiva têm em linha de conta as conclusões e respectivos compromissos assumidos no Protocolo de Quioto e visam ser uma ferramenta auxiliar no alcançar das Metas preconizadas.

 A matriz Energética da Comunidade Europeia tem evoluído no sentido de aumentar o dispêndio de Energia associado aos Edifícios, quer no Sector Residencial, quer no Sector de Serviços. Esta Directiva irá tentar pôr um travão nesse aumento.

 A sustentabilidade do Mercado Energético Mundial encontra-se em risco. Uma das ferramentas mais eficazes na procura dessa sustentabilidade é a Racionalização de Energia. A Comunidade procura influenciar esse mesmo Mercado através das medidas propostas nesta Directiva.

1.2 - OBJECTIVOS GERAIS E ESPECIFICOS

Tendo estas premissas como base teórica, a Directiva foi desenvolvida para fazer face a este aumento de consumo Energético nos Edifícios. Para isso, estabeleceram-se os objectivos formais deste documento:

 Estabelecer a Metodologia para o Cálculo Desempenho Energético Integrado nos Edifícios;

 Aplicação dos Requisitos Mínimos Estabelecidos, para Novos Edifícios;

 Aplicação dos Requisitos Mínimos estabelecidos para Grandes Edifícios Existentes que sejam sujeitos a Grandes Obras de Renovação;

 Aplicação do Sistema de Certificação Energética em Edifícios;

 Inspecção e Manutenção de Equipamentos Energéticos para Climatização e/ou Ventilação de Edifícios.

Efectivamente, houve a preocupação de ao instituir o Regulamento, não intervir na Execução Prática do mesmo. Coube aos Estados Membros a sua adequação, conforme as condições climatéricas, de mercado e culturais, mas mantendo as linhas orientadoras para que os objectivos, acima referidos não fossem corrompidos. Por outro lado, a aplicação destas medidas, não irá interferir com outros Regulamentos Nacionais ou Comunitários,

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21 ligados ao Mercado Imobiliário ou aos Produtos de Construção. Estas foram importantes salvaguardas no processo de transição da Legislação Comunitária para as Jurisdições Nacionais. O tempo máximo de aplicação dado pela Comunidade, para que os Estados Membros tomassem todas as medidas jurídicas, regulamentares e técnicas foi até Janeiro de 2006. No entanto, países como Portugal que ainda não disponham de Peritos Independentes Qualificados para o Cálculo do Desempenho Energético tiveram um tempo adicional de três anos para aplicar na sua totalidade o Sistema Nacional de Certificação Energética de Edifícios e Qualidade de Ar Interior.

1.3 - DEFINIÇÃO

Mas o que é um Certificado de Desempenho Energético?

Segundo a definição formal da Directiva, o Certificado Desempenho Energético é um certificado no qual está indicado o cálculo do desempenho energético do edifício com base numa metodologia cuja definição geral está delineada nesta Directiva. Este documento terá que ser reconhecido oficialmente pelo Estado Membro e pela Entidade Responsável pela Gestão do Sistema Nacional de Certificação Energética e QAI, que no caso Português é a Agência Nacional para a Energia (ADENE).

1.4 – ÂMBITOS DE APLICAÇÃO

Foram definidos duas tipologias de aplicação da referida Directiva: Edifícios Novos e os Edifícios já existentes. No primeiro objecto de aplicação, foi estabelecida a obrigação de cumprimento dos requisitos mínimos de desempenho energético fixados na Directiva e que posteriormente serão descritos. Terá que se apresentar o Certificado de Desempenho Energético aquando a transacção do Imóvel, compra e venda e arrendamento. Esta última imposição legal aplica-se também aos Edifícios Existentes.

Por outro lado, como já foi referido, existem diferentes abordagens metodológicas para os Grandes Edifícios de Serviços, com áreas superiores a 1000m2 e/ou Potências de Climatização Instaladas superiores a 25kW; e para os Pequenos Edifícios. Nestes casos, em Grandes Edifícios Novos, a Directiva refere a necessidade de, na altura do projecto, estudar a viabilidade técnica, ambiental e económica de Sistemas Alternativos, particularmente:

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22  Sistemas descentralizados de fornecimento energético baseados em energias

renováveis  Co-geração

 Sistemas urbanos ou colectivos de aquecimento ou arrefecimento  Bombas de calor

No que diz respeito aos Grandes Edifícios Existentes, caso sofram uma grande obra de remodelação, na qual a envolvente do prédio corresponde a 25% do valor patrimonial do prédio (sem contabilizar o terreno), são aplicados os requisitos mínimos energéticos exigíveis para os Edifícios Novos, de forma a assegurar o melhoramento de desempenho Energético dos Edifícios Reabilitados. Os Edifícios Públicos que correspondam a esta tipologia de Aplicação deverão afixar o Certificado Energético, de forma visível para informar os utentes do Desempenho Energético do Edifício.

Por fim, independentemente da tipologia de aplicação, todos os edifícios novos ou existentes, terão que apresentar o Certificado de Desempenho Energético na altura da transacção do imóvel, cuja validade será de 10 anos. Deve ainda, incluir valores de referência, como valores regulamentares e marcos comparativos, para que os consumidores possam comparar e avaliar o desempenho energético do edifício. O certificado deve ser acompanhado de sugestões para a melhoria do desempenho energético sob condições de rentabilidade económica.

1.5. – METODOLOGIA

A metodologia de avaliação de Desempenho Energético será, como foi referido, desenvolvida detalhadamente pelos Estados Membros, todavia, estará balizada por algumas imposições desta Directiva, particularmente:

1 - Os critérios a considerar durante o cálculo do desempenho Energético:

a) Características térmicas do edifício (envolvente e divisões internas, etc.). Estas características poderão também incluir a estanquidade ao ar;

b) Instalação de aquecimento e fornecimento de água quente, incluindo as respectivas características de isolamento;

c) Instalação de ar condicionado; d) Ventilação;

e) Instalação fixa de iluminação (em especial do sector não residencial);

f) Posição e orientação dos edifícios, incluindo condições climáticas exteriores; g) Sistemas solares passivos e protecção solar;

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23 h) Ventilação natural;

i) Condições climáticas interiores, incluindo as de projecto.

2 – Em termos de factores positivos deverá ser considerada a influência de:

a) Sistemas solares activos e outros sistemas de aquecimento e produção de electricidade baseados em fontes de energia renováveis;

b) Electricidade produzida por sistemas de co-geração;

c) Sistemas urbanos ou colectivos de aquecimento e arrefecimento; d) Iluminação natural.

3 - Foram ainda considerados, para definir os requisitos mínimos de desempenho energético, as seguintes tipologias de Edifícios, de acordo com a sua funcionalidade:

a) Habitações unifamiliares de diversos tipos; b) Edifícios de apartamentos; c) Edifícios de escritórios; d) Estabelecimentos escolares; e) Hospitais; f) Hotéis e restaurantes; g) Instalações desportivas;

h) Edifícios destinados a serviços de comércio grossista e retalhista; i) Outros tipos de edifícios que consomem energia.

1.6 – MANUTENÇÃO E INSPECÇÃO EQUIPAMENTOS

Outro dos aspectos fulcrais de aplicação desta Directiva Comunitária é a Manutenção e Inspecção dos Equipamentos Energéticos. Há então referência à necessidade de proceder à inspecção de Caldeiras e Sistemas de Ar Condicionado de forma a assegurar a sua optimização de funcionamento e desta forma evitar perdas de Energia. No que diz respeito às caldeiras existem duas imposições legais desta Directiva:

a) Refere a necessidade de realizar inspecções a Caldeiras alimentadas por combustíveis fósseis. A Periodicidade de inspecção para Caldeiras com Potências Nominais superiores a 100kW deve ser de no máximo 2 anos. Para Caldeiras a Gás deverá ser de no máximo 4 anos. Por outro lado, refere a necessidade de propor soluções de substituição e alternativas energéticas para o aquecimento de edifícios, os quais possuem caldeiras com mais de 15 anos de funcionamento.

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24 b) Fornecer informações aos utilizadores sobre alternativas energéticas, necessidade de substituições, rentabilidade, etc., para que se verifique uma crescente utilização de equipamentos mais adequados e eficientes às necessidades do Utilizador.

Em relação aos Ar Condicionado, é feita também a imposição de se realizarem inspecções a Sistema de AC com Potências Nominais superiores a 12kW. Fica também patente a aposta na informação do utilizador fornecendo sempre que possível alternativas energéticas e com melhor eficiência para a climatização do imóvel em análise.

1.7 – PERITOS QUALIFICADOS

Quer a metodologia de avaliação quer a Manutenção dos Equipamentos Energéticos deve ser realizada por peritos qualificados/creditados para o efeito, que poderão actuar em nome individual ou colaborando em entidades públicas ou privadas. Tal como foi referido, aqui residiu a dificuldade de aplicação da Directiva no imediato. Portugal, optou por formar os Peritos e gradualmente introduzir o Sistema de Certificação Energética e de QAI.

1.8 – NORMAS AUXILIARES

Como auxiliares de aplicação do SCE foram criadas alguns Projectos Norma que delinearam tecnicamente, de forma uniforme, o método de cálculo de Desempenho Energético em Equipamentos, Iluminação ou a melhor forma de Aplicar a Certificação. Estes auxiliares estão presentes na EN 832, prEN 13790 ou mais recentemente o Projecto Norma 15217, uma tentativa para uniformizar o formato do Certificado Energético.

Imagem

Figura 1 – Emissões Anuais de Gases com Efeito de Estufa por Sector de Actividade Fontes: World Bank, 1999 [12]
Figura 2 – Faseamento da Implementação do SCE e de QAI em Portugal  Fontes: Portaria 461/2007  [17]
Gráfico 2 – Nº de Certificados Energéticos em Portugal por tipologia de edifício até Outubro de 2009
Gráfico 3. – Evolução do Nº de Certificados ao longo dos anos 2007,2008 e 2009.
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Referências

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