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A Análise do Comportamento Aplicada como abordagem de ensino para a pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – DEDUC/CERES/CAICÓ

FRANCISCA SUÊNDIA BEZERRA

A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (ABA) COMO ABORDAGEM DE ENSINO PARA A PESSOA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

(TEA)

CAICÓ- RN 2020

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FRANCISCA SUÊNDIA BEZERRA

A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (ABA) COMO ABORDAGEM DE ENSINO PARA A PESSOA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

(TEA)

Trabalho de conclusão de curso na forma de monografia apresentado ao Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para a obtenção do título de licenciado em Pedagogia, sob a orientação da Prof. Dra. Kátia Regina Lopes Costa Freire.

CAICÓ-RN 2020

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FRANCISCA SUÊNDIA BEZERRA

A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (ABA) COMO ABORDAGEM DE ENSINO PARA A PESSOA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

(TEA)

Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito obrigatório para obtenção do título de licenciada em Pedagogia.

Aprovada em: ___/___/_____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________ Professora Dra. Kátia Regina Costa Lopes Freire (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

______________________________________________________________ Professora Dra. Francileide Batista de Almeida Vieira (Examinadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

______________________________________________________________ Professora Dra. Jacicleide Ferreira da Cruz Melo (Examinadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

CAICÓ – RN 2020

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A Deus, que me colocou onde eu deveria estar, segundo a sua boa, perfeita e agradável vontade. Que me livrou dos meus medos e realizou o que era impossível aos meus olhos. A minha família, alicerce inabalável em minha caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que foi meu suporte e esteve comigo em todos os momentos, cuidando e me ensinando por meio das situações, além de tornar possível “trazer a memória tudo aquilo que me traz esperança” (Lamentações 3.21).

Ao meu pai Francisco, que me fez compreender que nada pode nos afligir, mas que tudo podemos superar.

A minha mãe Sebastiana, que esteve em constante oração por minha vida e sei que foi por meio dessas que estou concluindo mais uma etapa.

Aos meus irmãos Sandro, Samara e Saionara, exemplos de parceria e acolhimento.

Aos meus sobrinhos Nycolle, Levy, Pérola e Yasmim, que são a razão de um viver mais belo e alegre.

Ao meu esposo Joaquim, que com ações demonstrava todos os dias que estava ao meu lado.

A minha prima e amiga Luana, que compartilhou de todos os momentos de forma atenciosa, conselheira e amorosa.

As minhas colegas Darylene, Eveline, Francineide, Klécia, e Natália, estas se tornaram amigas mais chegadas que irmãs e com cada uma ouve relevante aprendizado.

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RESUMO

A sociedade encontrou-se alheia ao indivíduo com o Transtorno do Espectro do Autismo durante décadas, até que políticas públicas, decretos e leis fossem instituídas para amparar esse público. Tais indivíduos apresentam, em seu desenvolvimento, movimentos estereotipados e comprometimentos na comunicação, interação social e em alguns dos casos deficiência intelectual, de forma que a intensidade desses déficits se modifica de acordo com o grau de acometimento. A pessoa com TEA necessita de uma metodologia diferenciada para o aprendizado, pois os métodos tradicionais de ensino não são capazes de alcançar as áreas afetadas pelo transtorno. Sendo assim, apresenta-se a ABA como uma abordagem de ensino endereçada a este público. O referencial teórico foi fundamentado segundo as concepções da APA (2014), Brasil (2019), Brasil (2020), Gaiato (2018), Lear (2004) e Klin (2019), dentre outros teoristas. O trabalho baseia-se nos princípios de uma revisão bibliográfica que se dá por meio de pesquisas em documentos e obras impressas e eletrônicas, visando fazer o levantamento das concepções de outros autores acerca da temática, permitindo uma familiarização com o tema de forma que possibilite a interpretação. Diante disso, buscou-se analisar as contribuições que a ABA tem proporcionado para o aprendizado e a independência da pessoa com TEA. Com isso, os objetivos do presente trabalho monográfico são: Analisar as leis específicas que asseguram os direitos da pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo; Investigar a expansão da ABA e sua relevância para as terapias da pessoa com TEA; Apresentar os procedimentos teórico-metodológicos utilizados na Análise do Comportamento Aplicada para com a pessoa com o transtorno; e Discutir sobre outras metodologias direcionadas a pessoa com TEA de forma a comparar com a ABA. Discorreu-se sobre os procedimentos de ensino utilizados pela Análise do Comportamento Aplicada e por qual motivo esta metodologia foi direcionada para a pessoa com o transtorno, além de expor outras metodologias direcionadas ao indivíduo com TEA e a relevância dessas quanto à disposição de uma base científica confiável, o que apropria a metodologia com credibilidade. E é por meio dessas evidências, assim como, dos procedimentos que levam em consideração as áreas que precisam de apoio, a diferenciação na metodologia e a intensidade na aplicação para que ocorra o aprendizado, que a Análise do Comportamento Aplicada se alicerça em dar suporte às pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo.

Palavras-chave: Análise do Comportamento Aplicada; Ensino-aprendizagem; Transtorno do

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ABSTRACT

Society found itself alien to the individual with Autism Spectrum Disorder for decades, until public policies, decrees and laws were instituted to support this public. Such individuals present, in their development, stereotyped movements and impairments in communication, social interaction and in some cases intellectual disability, so that the intensity of these deficits changes according to the degree of involvement. The person with ASD needs a different methodology for learning, since traditional teaching methods are not able to reach the areas affected by the disorder. Therefore, ABA is presented as a teaching approach addressed to this audience. The theoretical framework was based on the concepts of APA (2014), Brazil (2019), Brazil (2020), Gaiato (2018), Lear (2004) and Klin (2019), among other theorists. The work is based on the principles of a bibliographic review that takes place through research in documents and printed and electronic works, aiming at surveying the conceptions of other authors about the theme, allowing a familiarization with the theme in a way that allows the interpretation. Given this, we sought to analyze the contributions that ABA has provided for the learning and independence of the person with ASD. Thus, the objectives of this monographic work are: To analyze the specific laws that guarantee the rights of the person with Autism Spectrum Disorder; Investigate the expansion of ABA and its relevance to therapies for people with ASD; To present the theoretical and methodological procedures used in the Analysis of Applied Behavior towards the person with the disorder; and Discuss other methodologies aimed at people with ASD in order to compare with ABA. The teaching procedures used by the Applied Behavior Analysis were discussed and why this methodology was directed to the person with the disorder, in addition to exposing other methodologies directed to the individual with ASD and the relevance of these regarding the availability of a scientific basis reliable, which appropriates the methodology with credibility. And it is through this evidence, as well as the procedures that take into account the areas that need support, the differentiation in methodology and the intensity in the application for learning to occur, that the Applied Behavior Analysis is based on supporting the people with Autism Spectrum Disorder.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...9

1 OS CAMINHOS METODOLÓGICOS...12

2 HISTÓRICO SOBRE O AUTISMO...14

2.1 COMORBIDADES...16

2.2 LEIS QUE ASSEGURAM OS DIREITOS DOS INDIVÍDUOS COM TEA...19

3 A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (APPLIED BEHAVIOR ANALISIS: ABA)...22

3.1.1 As funções de comportamento...27

3.1.2 Programas...29

3.2 RESULTADOS DE APLICAÇÃO DA ABA...30

3.2.1 A ABA na sala de aula...32

3.2.2 TEACCH e Son-Rise: um comparativo com a ABA...33

CONSIDERAÇÕES FINAIS...36 REFERÊNCIAS

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INTRODUÇÃO

O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), apesar de ser um tema mais discutido na atualidade, continua com questões a serem respondidas, sendo uma delas as causas do transtorno, apesar das diversas pesquisas e estudos desenvolvidos com essa finalidade. Com isso, sabe-se que existem origens genéticas e ambientais, tendo como consequência o Autismo sindrômico para as causas genéticas e o idiopático para as ambientais, porém ainda com pesquisas em andamento para conhecimento dos fatores que levam a isso.

As principais características desenvolvidas pelo transtorno são: movimentos estereotipados, dificuldade na interação social e na comunicação. Essas características podem ser melhor observadas a partir do segundo ano de vida, mas em alguns casos, as suspeitas iniciam já no primeiro ano do bebê. O transtorno ainda acarreta algumas comorbidades e as mais comuns são: Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), epilepsia, distúrbio do sono, transtorno de ansiedade e deficiência intelectual.

Ao longo dos anos a nomenclatura que se referia ao transtorno foi sendo modificada de acordo com as descobertas de cada pesquisa, uma dessas terminologias foi o Transtorno Global do Desenvolvimento que integrava o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, o transtorno de Asperger, o transtorno autista, o transtorno desintegrativo da infância e o transtorno de Rett. Atualmente, todas essas especificações compõem o Transtorno do Espectro do Autismo, subdivididas em graus de comprometimento. A partir da propagação e do conhecimento sobre esse transtorno, políticas públicas foram constituídas, assim como, posteriormente leis que assegurassem tais indivíduos como cidadãos de direitos e deveres.

Em meados de 1980, alguns estudiosos propuseram a Análise do Comportamento Aplicada (ABA), como alternativa para compreender determinados comportamentos a partir de fatores ambientais. Essa metodologia foi alvo de investigações científicas e, nesse mesmo ano foi recomendada como terapia indicada para a pessoa com o Transtorno do Espectro do Autismo, de acordo com Freitas (s/d) muito embora possa ser utilizada em instituições escolares, familiares ou empresas. Foi alvo de diversas críticas por ser originada a partir de um estudo desenvolvido com ratos pelo pesquisador Burrhus FredericSkinner, sendo considerado pelos críticos como uma espécie de adestramento humano que mecaniza os comportamentos do indivíduo por meio de um sistema de reforçadores, ou seja, o indivíduo realiza um comportamento desejável que gera consequências prazerosas para este. Esses reforçadores

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podem ser: brinquedos, atividades, elogios ou itens comestíveis e é devido a este último que alguns estudiosos assemelham essa abordagem à domesticação de animais. Partindo do princípio de reforçamento, podemos afirmar que estamos constantemente vivenciando situações que nos reforçam, ou seja, fazemos algo em benefício de consequências positivas.

De acordo com algumas avaliações de Howlin (2010), as intervenções comportamentais são as que podem ser mensuradas, pois tornam possível analisar o comportamento antes e depois dos procedimentos de intervenção, de forma que possibilita observar se este foi ou não modificado, além de serem ainda mais eficientes devido à sua precocidade e acentuada aplicação. Baseado nesta especificidade da ABA, temos que as questões comportamentais se constituem em entraves ao aprendizado do sujeito com TEA, seja em família ou na escola, justificando, assim, a utilização da metodologia que tenha como foco a regulação destes comportamentos.

Diante disso, buscou-se analisar as contribuições que a ABA tem proporcionado para o aprendizado e a independência da pessoa com TEA. Com isso, os objetivos do presente trabalho monográfico são: Analisar as leis específicas que asseguram os direitos da pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo; Investigar a expansão da ABA e sua relevância para as terapias da pessoa com TEA; Apresentar os procedimentos teórico-metodológicos utilizados na Análise do Comportamento Aplicada para com a pessoa com o transtorno; e Discutir sobre outras metodologias direcionadas a pessoa com TEA de forma a comparar com a ABA.

A relevância dessa pesquisa se deu por oportunizar a consolidação de conhecimentos na área da Educação Especial além de proporcionar o estudo exaustivo da temática tendo em vista que o interesse por esta se deu por já utilizar algumas das metodologias apresentadas pela ciência ABA. Esse trabalho proporcionou uma apreciação do tema a luz de estudiosos da área a fim de enriquecer e ampliar o intelecto.

Além disso, o trabalho pode contribuir para a expansão da temática de modo a possibilitar que a população compreenda as individualidades acarretadas pelo transtorno e possa se sensibilizar com respeito às dificuldades que a pessoa com o TEA enfrenta perante a sociedade, assim como, obter conhecimento a respeito de uma intervenção efetiva capaz de promover resultados positivos para o indivíduo com o Transtorno do Espectro do Autismo.

Com o objetivo de apresentar resumidamente o conteúdo que compõe o trabalho, exibiremos sua estrutura a seguir: a introdução, apresenta o Autismo e suas características, bem como, a aproximação e vínculo desse transtorno com a ABA, com isso, já enfatizando os objetivos do trabalho. No capítulo1 seguimos com a metodologia que pontua os procedimentos

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utilizados para o desenvolvimento da pesquisa. No capítulo 2 perpassamos por assuntos que marcaram a história do Autismo e as comorbidades que ainda acometem os indivíduos com o transtorno, assim como, abordamos leis que garantem os direitos cabíveis para este público. No capítulo 3 refletimos sobre os procedimentos utilizados para a aplicação da ABA e os resultados obtidos pela pessoa com TEA que utiliza essa abordagem, além de discorrer sobre outras intervenções para tratamento desse público. Por fim, apresentamos as considerações finais que vem resumir e expor os resultados da pesquisa apresentando também sua relevância social.

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1 OS CAMINHOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos apresentados neste trabalho monográfico têm por objetivo, reunir e analisar os conhecimentos já desenvolvidos por teóricos acerca da Análise do Comportamento Aplicada (ABA – Abreviação de Applied Behavioral Analysis) como uma abordagem de ensino para a pessoa com o Transtorno do Espectro do Autismo, e suas contribuições para esta população, além de discutir a problemática segundo a concepção desses pensadores. De acordo com Webster's Interryational Dictionary apud Marconi e Lacatos “[...] a pesquisa é uma indagação minuciosa ou exame crítico e exaustivo na procura de fatos e princípios; uma diligente busca para averiguar algo. Pesquisar não é apenas procurar a verdade; é encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos científicos” (2002, p. 15). É se aprofundar na investigação de um conteúdo objetivando a realidade dos fatos e a resolução de questionamentos que inquietam o pesquisador.

Partindo da concepção de que método é um procedimento ou caminho para alcançar determinado fim e que a finalidade da ciência é a busca do conhecimento, podemos dizer que o método científico é um conjunto de procedimentos adotados com o propósito de atingir o conhecimento (PRODANOV e FREITAS, 2013, p. 24).

Portanto, a pesquisa cientifica é o processo pelo qual se busca encontrar respostas para indagações, e este ato possui, como consequência, a construção e aquisição de novos conhecimentos por meio da exploração, com o fim de compreender a veracidade dos problemas existentes. Para Demo (2000) apud Prodanov e Freitas a

Pesquisa é entendida tanto como procedimento de fabricação do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio científico e educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo de conhecimento (PRODANOV e FREITAS, 2013, p. 42).

Ainda de acordo com Selltiz (1965) et al apud Marconi e Lacatos (2002, p. 16) “A finalidade da pesquisa é descobrir respostas para questões, mediante a aplicação de métodos científicos", e é por meio de cada procedimento aplicado à metodologia da pesquisa que os objetivos traçados, serão alcançados.

Assim, os procedimentos que serão utilizados baseiam-se a princípio em uma pesquisa de natureza básica pura, cuja finalidade é “unicamente a ampliação do conhecimento, sem qualquer preocupação com seus possíveis benefícios” (GIL, 2010, p. 27), com isso, não

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deixando de ser tão relevante quanto as demais pesquisas, pois estas se apropriam desse mesmo processo para serem realizadas. De acordo com Trujillo (1974) apud Marconi e Lacatos (2002, p. 17), a pesquisa pura proporciona a produção de métodos tão eficazes que os resultados se tornam progressivamente completos.

Esta pesquisa apresenta uma abordagem qualitativa, que objetiva a interpretação e análise dos fatos, na qual o autor é a própria ferramenta da pesquisa e este examina os dados de forma subjetiva. Segundo Mazzotti e Gewandsznajder (s/d p. 148), as pesquisas de carácter qualitativo são mais flexíveis e, por esse motivo, são adaptáveis as mais variadas especificações de cada estudo, ou seja, não possuem grande grau de estruturação prévia. Ainda afirmam que “a coleta sistemática dedados deve ser precedida por uma imersão do pesquisador no contexto a ser estudado” (MAZZOTTI e GEWANDSZNAJDER, s/d p. 148).

No entanto, à medida em que se investiga, pesquisa e explora, mais se granjeia conhecimentos necessários a resolução de problemáticas. Por meio dessa aproximação será possível vislumbrar, de um ângulo, diferentes aspectos que antes não se observava.

O método utilizado para o desenvolvimento do projeto fundamenta-se em uma pesquisa de cunho bibliográfico que se constitui por meio da análise de materiais já desenvolvidos e formulados por outros autores visando explorá-los de forma a compreender e explicar os problemas a luz desses pesquisadores. De acordo com as concepções de Gil (2002),

A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem torna-se particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo espaço (GIL, 2002, p. 45).

Tal pesquisa se dá por meio da consulta em materiais impressos, documentos eletrônicos, revistas, livros, dentre outros dos quais podem auxiliar no conteúdo abordado.

Portanto, realizou-se o levantamento de bibliografias e autores com carácter relevante para a temática supracitada, pelo qual houve o estudo exaustivo de forma que possibilitou relacionar as concepções apresentadas e elencar os pontos chaves, além de esse procedimento bibliográfico ter proporcionado liberdade para o pesquisador se posicionar quanto ao estudo realizado e os pensamentos descritos segundo as concepções da APA (2014), Brasil (2019), Brasil (2020), Gaiato (2018), Lear (2004) e Klin (2019), dentre outros teóricos.

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2 HISTÓRICO SOBRE O AUTISMO

No século XX, mais precisamente no ano de 1911, foi utilizado pela primeira vez o termo “autismo” pelo psiquiatra Eugen Breuler, considerando ser esse uma característica advinda ou herdada da esquizofrenia, fato que, com o passar dos anos, não prosperou diante da comunidade científica. Acreditava-se que o indivíduo perdia o contato com a realidade, acarretando consequências em sua comunicação (SCHMIDT, 2012, p. 1).

Em 1943, o psiquiatra austríaco Leo Kanner retomou o estudo do tema e apresentou o termo que denominou de “distúrbios autísticos do contato afetivo” e, por meio de seus estudos e análises, considerou que as características como déficits na interação social e comunicação, além dos movimentos estereotipados e interesses restritos observados em 11 casos, assemelhavam-se às mesmas características que Breuler já havia afirmado (TAMANAHA et al, 2008, s.p). Em 1944 Hans Asperger, a partir de seus estudos, designou de Psicopatia Autística um distúrbio que apresentava as mesmas características já citadas.

Um marco na classificação desse transtorno ocorreu em 1978, quando Michael Rutter propôs uma definição do autismo com base em quatro critérios: 1) atraso e desvio sociais não só como função de retardo mental; 2) problemas de comunicação, novamente, não só em função de retardo mental associado; 3) comportamentos incomuns, tais como movimentos estereotipados e maneirismos; e 4) início antes dos 30 meses de idade (KLIN, 2006, s.p).

A partir das diversas pesquisas e segundo a concepção desses autores, os estudos foram apresentando características semelhantes entre si, o que contribuiu para chegarem à conclusão de que os indivíduos com o transtorno apresentam características semelhantes, porém com distintos graus de intensidade, embora cada pesquisador apresentasse denominações distintas umas das outras.

Os estudos foram se aprofundando e disseminando-se e a ânsia pela descoberta da natureza do Autismo se expandiu de tal forma que diversas suposições foram levantadas para definir sua etiologia. Entre os anos de 50 e 60 surgiu a hipótese equivocada de que a causa do Autismo se dava por meio de pais que eram considerados, segundo Klin (2006, s.p), “não emocionalmente responsivos a seus filhos (a hipótese da ‘mãe geladeira’)”. A partir desse pensamento, além da dificuldade na aceitação do diagnóstico, a família se tornava diretamente responsável pela condição da criança tornando esse processo demasiadamente doloroso.

Além dessa suposição, em 1998 disseminou-se também a falsa afirmação de que a vacina utilizada para a prevenção do sarampo, rubéola e caxumba causava o Autismo, o que era

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apenas uma hipótese na época, acabou por gerar um forte impacto na sociedade que, por falta de informações, mais precisas e seguras, tomaram a decisão drástica de abster-se de algumas vacinas e por meio dessa tomada de decisão ocorreram graves consequências como grandes surtos de doenças devido à falta de imunização da população. Ao final dos estudos e pesquisas relacionadas à vacina, foi comprovado que essa informação era ilegítima e aquela não poderia causar o transtorno de acordo com o site “Autismo e realidade”.

Houve, inclusive, o surgimento do mito de que haveria uma suposta epidemia de Autismo, devido ao aumento do número de diagnósticos, explicada por Klin (2006) da seguinte forma:

As possíveis razões para o grande aumento na prevalência estimada do autismo e das condições relacionadas são: 1) a adoção de definições mais amplas de autismo (como resultado do reconhecimento do autismo como um espectro de condições); 2) maior conscientização entre os clínicos e na comunidade mais ampla sobre as diferentes manifestações de autismo (e.g., graças à cobertura mais freqüente da mídia); 3) melhor detecção de casos sem retardo mental [...] 5) a compreensão de que a identificação precoce (e a intervenção) maximizam um desfecho positivo (estimulando assim o diagnóstico de crianças jovens e encorajando a comunidade a não "perder" uma criança com autismo, que de outra forma não poderia obter os serviços necessários); e 6) a investigação com base populacional (que expandiu amostras clínicas referidas por meio do sistemático "pente-fino" na comunidade em geral à procura de crianças com autismo que de outra forma poderiam não ser identificadas) (KLIN, 2006, s.p).

Ainda há diversas pesquisas em andamento a fim de identificarem quais fatores estão estritamente ligados ao desenvolvimento do Autismo, desde o consumo de alimentos com agrotóxicos a fatores genéticos e ambientais como:

[...] exposição durante a gestação a alguns agentes tóxicos como a talidomida, misoprostol e ácido valpróico; idade das mães acima de 35 anos à época da gestação; baixo peso da criança ao nascimento; asfixia perinatal; infecções perinatais (como rubéola). Contudo, é importante salientar que várias pessoas passam por esses fatores de risco e não irão desenvolver TEA (ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE PERNAMBUCO, 2015, p. 12).

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria, dentro dos transtornos do neurodesenvolvimento está o Transtorno do Espectro do Autismo, que agora engloba o transtorno autista, transtorno de Asperger e o transtorno global do desenvolvimento, além dos “transtornos antes chamados de autismo infantil precoce, autismo infantil, autismo de Kanner, autismo de alto funcionamento,

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autismo atípico, transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação, transtorno desintegrativo da infância e transtorno de Asperger” (DSM-5, 2014, p. 97).Isso se deve asuas semelhanças nos sintomas como interesses restritos, movimentos estereotipados além de déficits na linguagem e interação social ainda apresentando prejuízos de leves à graves.

Este material é de grande relevância para a classificação e compreensão dos transtornos do neurodesenvolvimento e teve sua primeira versão publicada em 1952 e, por conseguinte, prosseguiu com grupos de estudo aprofundado, tensionando a atualização e precisão das características que definiriam esses transtornos, além de auxiliar como um guia prático no estabelecimento de diagnósticos mais precisos. Visto que quanto mais exatidão há no diagnóstico, maiores são as possibilidades e alternativas assertivas de tratamento, com isso, traz uma descrição melhorada da manifestação dos transtornos nessa última versão. O DSM apresenta a definição para transtorno do neurodesenvolvimento como sendo:

[...] um grupo de condições com início no período do desenvolvimento. Os transtornos tipicamente se manifestam cedo no desenvolvimento, em geral antes de a criança ingressar na escola, sendo caracterizados por déficits no desenvolvimento que acarretam prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico ou profissional. Os déficits de desenvolvimento variam desde limitações muito específicas na aprendizagem ou no controle de funções executivas até prejuízos globais em habilidades sociais ou inteligência (DSM-5, 2014, p. 31).

Nesse caso, apresenta características que estão estreitamente relacionadas ao Transtorno do Espectro do Autismo e ainda aos níveis de gravidade que o mesmo manifesta, de modo que, variam entre 1, 2 e 3 ou mesmo Leve, Moderado e Severo graus de intensidade. Desse modo, quanto maior o grau de comprometimento, maiores devem ser as contribuições externas em favor do desenvolvimento do indivíduo.

2.1 COMORBIDADES

O Transtorno do Espectro do Autismo, além de compreender características específicas advindas do próprio transtorno, ainda acarreta segundo Bianchini (2013) apud Feijão et al (2017), algumas comorbidades como “[...] epilepsia, distúrbio do sono, transtorno de atenção e hiperatividade (TDAH), ansiedade, estereotipia, comportamento infrator e DI”, e de acordo com Rapin e Tuchman (2009, p. 23), este transtorno ainda pode ser classificado como Autismo sindrômico ou secundário fazendo referência ao transtorno que indica apenas uma causa em sua etiologia.

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De acordo com esses autores e em contraposição ao Autismo sindrômico há o Autismo idiopático que, por sua vez, é conhecido como primário ou não-sindrômico, caracterizando-se por não ter etiologia definida além de o indivíduo não apresentar particularidades físicas capazes de revelarem o transtorno. Tais termos são advindos do campo científico da medicina.

As comorbidades citadas acima tornam o diagnóstico ainda mais complexo fazendo-se necessárias novas estratégicas de tratamento que possam ir de encontro aos déficits acarretados pelo transtorno e pelas etimologias, de forma que tais áreas obtenham o suporte adequado e essencial para seu desenvolvimento global.

No geral, a criança com TEA possui aparência típica, ou seja, as características do seu transtorno não são apresentadas fisicamente, porém manifestam um desenvolvimento irregular pelo qual podem ter maiores evidências em algumas áreas em contraposição a outras, tendo como exemplo a linguagem verbal, interação social ou mesmo as altas habilidades intelectuais. Segundo Gaiato e Teixeira (2018, p. 17), “O transtorno do Espectro do Autismo apresenta uma prevalência estimada entre 1% e 2% de crianças e adolescentes de todo o mundo, segundo diversas pesquisas internacionais realizadas nos Estados Unidos, Europa e Ásia”. Com ocorrência quatro vezes maior em meninos do que em meninas. Este transtorno também apresenta graus de acometimento, pelo qual, as características se tornam mais ou menos evidentes, assim como, os procedimentos para tratamentos estabelecem variáveis em razão de sua intensidade.

A seguir será exposto o quadro de acordo com o DSM-5 sobre os:

Quadro 1 - “Níveis de gravidade para o Transtorno do Espectro do Autismo”

Nível de gravidade

Comunicação social Comportamentos restritos e repetitivos

Nível 3

“Exigindo apoio muito substancial”

Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal causam prejuízos graves de funcionamento, grande limitação em dar início a interações sociais e resposta mínima a aberturas sociais que partem de outros. Por exemplo, uma pessoa com fala inteligível de poucas palavras que raramente inicia as interações e, quando o faz, tem abordagens incomuns apenas para satisfazer a necessidades e reage somente a abordagens sociais muito diretas.

Inflexibilidade de comportamento, extrema dificuldade em lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos/repetitivos

interferem acentuadamente no

funcionamento em todas as esferas. Grande sofrimento/dificuldade para mudar o foco ou as ações.

Nível 2

“Exigindo apoio substancial”

Déficits graves nas habilidades de comunicação social verbal e não verbal; prejuízos sociais aparentes mesmo na presença de apoio; limitação em dar início a interações sociais e resposta reduzida ou anormal a aberturas sociais que partem de outros. Por exemplo, uma pessoa que fala frases simples,

Inflexibilidade do comportamento, dificuldade de lidar com a mudança ou outros comportamentos restritos/repetitivos aparecem com frequência suficiente para serem óbvios ao observador casual e interferem no funcionamento em uma

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cuja interação se limita a interesses especiais reduzidos e que apresenta comunicação não verbal acentuadamente estranha.

variedade de contextos. Sofrimento e/ou dificuldade de mudar o foco ou as ações.

Nível 1

“Exigindo apoio”

Na ausência de apoio, déficits na comunicação social causam prejuízos notáveis. Dificuldade para iniciar interações sociais e exemplos claros de respostas atípicas ou sem sucesso a aberturas sociais dos outros. Pode parecer apresentar interesse reduzido por interações sociais. Por exemplo, uma pessoa que consegue falar frases completas e envolver-se na comunicação, embora apresente falhas na conversação com os outros e cujas tentativas de fazer amizades são estranhas e comumente malsucedidas.

Inflexibilidade de comportamento causa interferência significativa no funcionamento em um ou mais contextos. Dificuldade em trocar de atividade. Problemas para organização e planejamento são obstáculos à independência.

Fonte: DSM-5, 2014.

Este quadro apresenta as características do TEA na medida em que este necessitará de menos a mais apoio nos diversos âmbitos da vida.

O ingresso desse público nas instituições escolares causa olhares instigantes e até mesmo temerosos, não por aversão ao indivíduo, mas por vezes, pelo desconhecimento do caso, ou mesmo, a possibilidade de não dispor de estratégias e suporte teórico e prático adequados para atender às necessidades da criança, além dos recursos didáticos que a escola pode ou não disponibilizar.

Visto que há o crescimento do número de diagnosticados com o Transtorno do Espectro do Autismo, é fundamental que os profissionais escolares estejam capacitados e cientes das características que o transtorno ocasiona ou mesmo obtenham conhecimento sobre o mesmo para que seja possível proporcionar o desenvolvimento adequado aos indivíduos com TEA, assim como, as demais síndromes e transtornos. É imprescindível que a comunidade escolar esteja integralmente envolvida e emprenhada no trabalho com todos os discentes, aqui deixamos mais específico àqueles com TEA, afim de proporcionar o desenvolvimento desses. Quando apresentamos o termo “comunidade”, nos referimos a todos os profissionais que compõem a instituição, seja ele porteiro, ASG, professor ou diretor. Contudo, podemos destacar o papel do professor e auxiliar como diretamente responsáveis pelo aluno, dado que esses possuem uma carga horária de 20 horas semanais na Educação Infantil e Ensino Fundamental I, portanto convivem quatro horas diárias durante cinco dias da semana, e de acordo com Silva et al (2012),

O primeiro passo é o conhecimento. Informações específicas sobre o funcionamento autístico são ferramentas essenciais para orientar o professor no trato com esse aluno e, sobretudo, auxiliá-lo em seu desenvolvimento.

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Algumas sutilezas, como falar baixo, chamar a atenção de forma delicada ou ajudá-lo a entender o conteúdo por meio de figuras ou imagens, são sempre muito bem-vindas (SILVA et al, 2012, p. 50).

Além disso, se faz necessário conhecer suas características de forma que sejam compreendidos tanto seu diagnóstico quanto suas comorbidades, tendo como exemplo o que Silva et al (2012) afirma, quando diz que uma comorbidade considerada relevante para os indivíduos com TEA é a epilepsia que acomete cerca de 70 a 75%, sendo que esses podem apresentar crises convulsivas, com início ainda na infância ou na adolescência. Nesse seguimento suponhamos que somos profissionais de uma instituição escolar e repentinamente um indivíduo passa a apresentar crises epilépticas em sala ou em outro ambiente da escola. Como reagiríamos a essa circunstância? Qual seria o procedimento mais adequado diante dessa eventualidade? Para tanto, se faz indispensável que o profissional, ao se deparar com uma situação de crises convulsivas, seja capaz de prestar os atendimentos básicos e necessários à segurança do aluno, da mesma maneira que possa estar preparado para dá suporte a outras possíveis circunstâncias que possam envolver outros tipos de transtornos, bem como, seus diversificados sintomas.

Para isso, torna-se imprescindível que sejam conhecidas as comorbidades que podem ser causadas pelo transtorno, tais “como transtornos ansiosos, transtornos depressivos e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtornos de aprendizagem, entre outros.” (SILVA et al, 2012, p. 50). Dessa forma, será possível assistenciar os indivíduos em suas diferenças, preservando a integridade física e consequentemente proporcionar a expansão de seu conhecimento.

2.2 LEIS QUE ASSEGURAM OS DIREITOS DOS INDIVÍDUOS COM TEA

A pessoa com TEA esteve à margem da sociedade e inclusive de suas próprias famílias por longos anos de carência de conhecimentos acerca dos direitos desse público e falta de posicionamentos familiares e políticos sobre o Transtorno do Espectro do Autismo. Na medida em que o tempo passou, esta população encontrou apoio em instituições filantrópicas, instituições criadas por familiares de pessoas com o transtorno e nas Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs) até que políticas públicas fossem desenvolvidas para o atendimento desse público no quesito saúde mental. Até então, as leis que garantiam direitos

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aos indivíduos com TEA, englobavam as deficiências mentais1 de modo geral, ou seja, não existia uma lei específica para as pessoas com TEA.

Aqueles com a deficiência ou transtorno eram acolhidos em instituições que até então, não disponibilizavam de ações que possibilitassem a inclusão desses indivíduos na sociedade. De acordo com a Associação dos Amigos dos Autistas (AMA) (s/d), em 1983, surgiu em São Paulo a primeira associação voltada para a pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo, sem fins lucrativos e empenhados na busca das metodologias mais atuais e aplicáveis a pessoa com o transtorno, a AMA. A partir dessa entidade com objetivos comuns, outras instituições foram sendo criadas e propagadas, e por defenderem a causa do Autismo,

A mobilização dos familiares levou ao ineditismo da aprovação de uma lei federal específica para o autismo. Em 27 de dezembro de 2012, foi sancionada a Lei nº 12.764, que ‘Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista’ (BRASIL, 2012, p. 710).

Mais conhecida como Lei Berenice Pianca, faz relação à mãe que, a partir do momento que seu filho foi diagnosticado com TEA, não mediu esforços na luta por benefícios e leis que pudessem reconhecer e assegurar as pessoas com TEA perante a sociedade.

Além de reconhecer a pessoa com transtorno do espectro autista (TEA) como ‘pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais’ (Lei nº 12.764, § 2o), produz incidências em diversos campos, como na esfera assistencial, político/gestora, científico/acadêmica, educacional/pedagógica, bem como no campo dos direitos básicos (OLIVEIRA, 2015 apud OLIVEIRA et al, 2017, p. 710).

Dispõe de todos os direitos cabíveis aos mesmos, sendo estes, cidadãos dignos e merecedores de requisitos que a Lei determina, como: vida digna, integridade física e moral, livre desenvolvimento da personalidade, segurança, lazer, proteção contra qualquer forma de abuso e exploração, direito à saúde, diagnóstico precoce, deveres dos planos de saúde, privacidade, nutrição adequada, medicamentos, direito à Educação e ao ensino profissionalizante, transporte escolar, direito ao auxiliar nas escolas, direito à moradia, direito ao mercado de trabalho e direito a previdência e assistência. De acordo com Brasil (2012, n.p), a pessoa com TEA é considerada como pessoa com deficiência pelo qual apresentam características como: “[...] deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social, padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades”.

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A lei apresenta soluções punitivas para qualquer resistência ou descumprimento das determinações estabelecidas, levando a consequências graves impostas pela justiça, para aqueles que se recusarem ou retardarem qualquer atendimento para este público.

Recentemente, a Lei Berenice Pianca recebeu alterações devido ao decreto da Lei Romeo Mion nº 13.977 de 08 de janeiro de 2020, que determina a criação da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CIPTEA) disponibilizada gratuitamente

[...] pelos órgãos responsáveis pela execução da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante requerimento, acompanhado de relatório médico, com indicação do código da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) [...] (BRASIL, 2020, s.p).

Assim, a carteira deverá conter informações essenciais como: nome da pessoa, data de nascimento, filiação ou responsável, “número da carteira de identidade civil, número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e tipo sanguíneo” (Brasil, 2020, s.p). Além disso, as carteiras possuirão uma numeração que possibilitará o conhecimento da dimensão do transtorno no país.

Uma das alterações determina que todos os estabelecimentos públicos e privados devem apresentar a fita com quebra-cabeças colorido, de forma a assegurar que a pessoa com TEA possua “prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social” (Brasil, 2020, s.p).

Para tanto, muitas vitórias já foram alcançadas por essa causa, porém ainda há muito trabalho para ser feito, a luta não deve ser somente de pessoas que lidam diretamente com o Autismo, mas de toda a sociedade, de educadores, de pais de crianças típicas, de governantes, pois a causa deve tocar a todos.

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3 A ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA (APPLIED BEHAVIOR ANALISIS: ABA)

A ABA foi originada a partir da descoberta de B. F. Skinner, juntamente com outros pesquisadores como Ivan Pavlov, Watson, John B. e Edward Thordike, pelo qual fundamentaram os princípios que regiam o Behaviorismo Radical e foram considerados como pioneiros que trataram sobre a temática. A esse respeito, Lear afirma que:

O livro de B. F. Skinner, lançado em 1938, “The Behavior of Organisms” (O comportamento dos organismos), descrevia sua mais importante descoberta, o CondicionamentoOperante, que é o que usamos

atualmente para mudar ou modificar comportamentos e ajudar na aprendizagem.Condicionamento Operante significa que um comportamento

seguido por um estímulo reforçador resulta em uma probabilidade aumentada de que aquele comportamentoocorra no futuro. Em português

claro isso significa que, à medida que você vai levando a vida, vão lhe acontecendocoisas que vão aumentar ou diminuir a probabilidade de quevocê adote determinado comportamento no futuro (LEAR, 2004, p. 10, grifo do autor).

Com isso, nota-se que convivemos frequentemente com os fundamentos do condicionamento operante e este é mais comum do que provavelmente pensávamos. Lear (2004, p. 10) afirma que a “Análise do Comportamento Aplicada (Applied Behavior Analisis: ABA) é um termo [...] que observa, analisa e explica a associação entre o ambiente, o comportamento humano e a aprendizagem”, ou seja, é por meio da interação entre o indivíduo e o ambiente que a aprendizagem de comportamentos são observados e explicados, além desta ciência deter extrema amplitude podendo atuar em diferentes campos de atuação e intervenções como: “medos e fobias, serviços de proteção á criança, estresse e relaxamento, aconselhamento de casal e família”(2004, p. 11), contudo, caracterizando uma diversidade de públicos não apenas se detendo a população atípica.

A ABA teve sua origem no EUA e foi direcionada para a intervenção de indivíduos com o Transtorno do Espectro do Autismo devido seus procedimentos intensivos de ensino. Segundo Freitas esta

[...] vem sendo cada dia mais consolidada por ser uma intervenção baseada em evidência científica, ou seja, uma prática que possui anos de muitas pesquisas, desde 1980 se recomenda Terapia ABA para os indivíduos dentro do Transtorno do Espectro Autista (FREITAS, s/d).

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Foi considerada, no Brasil, de acordo com Freitas (s/d), como sendo a terapia para os indivíduos com autismo devido ao elevado índice registrado desse transtorno no país. Recomenda-se que, quanto mais cedo houver o diagnóstico e a aplicação dessa intervenção precocemente, mais possibilidades de resultados virão.

A ABA baseia-se em procedimentos de ensino estruturado de forma intensiva, na qual é necessário de 30 a 40 horas de terapia semanais, cujo atendimento ocorre de forma individualizada, ou seja, apenas o profissional e o indivíduo. No decorrer da intervenção a interação social vai sendo promovida. É necessário que a pessoa esteja sempre motivada para a realização das atividades, de forma que são utilizados alguns itens motivacionais chamados de

reforçadores, ou seja, elementos que podem estimular e favorecer uma resposta desejada.

A ABA propõe esse sistema de reforçamento e estabelece níveis de ajuda (dicas), que serão detalhados no tópico seguinte, objetivando que o indivíduo possua o mínimo de contato possível com o erro quando for direcionado a fazer algo. Na medida em que seu aprendizado vai sendo consolidado, as dicas vão sendo esvanecidas até que o indivíduo realize a atividade com independência, ou seja, sem necessitar de ajuda.

Ao analisarmos, acordaremos que a ABA utiliza uma metodologia comum, pois se engaja numa espécie de premiação para algo que foi realizado adequadamente. Além disso, é extremamente contrária a punições e considera indispensável que além dos profissionais que atendem a criança/ jovem/ adulto, a família esteja integralmente envolvida nesse processo sempre comemorando as mais simples evoluções.

Para que os procedimentos da ABA sejam realizados nas instituições escolares, é fundamental que haja profissionais que reconheçam a necessidade de atendimento educacional especializado para alunos com TEA por meio dessa metodologia, a necessidade do professor titular ter na sala de aula um acompanhante especializado que uma forças na busca e planejamento de estratégias pedagógicas que possibilite o ensino dos conteúdos escolares por meio da ABA, além da disposição de um espaço que propicie o atendimento de um para um, ou seja, a criança e o profissional.

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3.1 OS PROCEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS DA ABA

Essa metodologia, como já citado, analisa e explica os fatores que causam determinados comportamentos e é por meio dessa investigação que algumas intervenções são aplicadas.

A princípio, para receber a certificação de Analista do Comportamento é necessário recorrer aos Estados Unidos que regulamenta esse título, pois no Brasil, não há normatização e nem aceitação da certificação vinda de outro país, porém para aplicar a metodologia ABA, o profissional deve ser graduado além de dispor de pós-graduação, mestrado ou doutorado, tornando-se mais capacitado e conhecedor da intervenção utilizada na área da Análise do Comportamento.

Para que o profissional introduza em seu atendimento os procedimentos metodológicos da ABA, se faz necessário estruturar uma avaliação visando analisar no indivíduo quais as áreas que necessitarão de mais ou menos apoio substancial, e a partir dos resultados, este organiza um currículo adequado que dará suporte aos déficits identificados, sendo que esse currículo precisa ter um caráter individual, visto que, cada um possui seus diferentes graus de acometimento e dificuldades. Este currículo é apresentado para a professora titular acarretando possibilidades como: conhecer o diagnóstico e características fundamentais de seu aluno, receber orientações de como interagir com este e estimular a busca por conhecimento na área de forma a proporcionar a criação de diferentes estratégias para aplicar com seu aluno com TEA.

De acordo com Gaiato (2018, p. 57), “saber identificar as necessidades de cada criança será fundamental para criar um plano individualizado e personalizado a fim de que todas as potencialidades da criança sejam exploradas”. E ainda segundo Borba e Barros (2018, n.p), esse currículo “geralmente é amplo; incluindo habilidades acadêmicas, de linguagem, sociais, de cuidados pessoais, motoras e de brincar”. A partir desse plano, da mesma forma, será realizado o levantamento de supostos itens considerados motivadores para o indivíduo, esses são chamados de reforçadores como já mencionado anteriormente. De acordo com Borba e Barros (2018, n.p), os reforçadores são itens que a criança/jovem/adulto aprecia e estes se dividem em categorias: reforçadores comestíveis (chocolate, pipoca, suco); reforçadores sociais (muito bem, que lindo!, parabéns); reforçadores tangíveis (brinquedos, objetos); reforçadores físicos (cócegas, massagens, abraço) e atividades (dançar, cantar, ver um vídeo, brincar de se esconder). São esses itens que possibilitarão a minimização ou mesmo extinção de

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comportamentos inadequados socialmente, assim como, as possibilidades de novos aprendizados.

Esta metodologia lida diretamente com a fidedignidade de registros do comportamento de forma que, por meio desses é possível monitorar o quanto ainda é necessário modificar ou não, o comportamento. Além disso, monitora-se do mesmo modo os progressos e regressos na aprendizagem desses indivíduos, objetivando reduzir as possibilidades de involuções permitindo a organização de novas estratégias afim de alcançar o aprendizado necessário, tanto quanto, evoluir para uma etapa mais complexa.

Duas estratégias essenciais da ABA são o DTT (Discrete Trial Training) ou Treino de Tentativa Discreta e o Ensino Incidental também chamado de modelo Naturalista. Esta primeira baseia-se na subdivisão de uma tarefa em partes menores que possui como fim, facilitar a aprendizagem dos indivíduos por meio de um conjunto de partes simples que compõe um comportamento mais complexo.

Isso significa que nós, que estamos aplicando o procedimento, pensamos e planejamos situações para aplicação, escolhemos os possíveis reforçadores (tudo aquilo que pode servir para fortalecer o comportamento da criança e fazer com que a resposta que desejamos seja emitida novamente (BORBA E BARROS, 2018, n.p).

Nisto, também é estabelecida a quantidade de tentativas/vezes que aquela ação será repetida, até que seja aprendida. Ainda de acordo com Duarte et al (2018, p. 127) o DTT é utilizado para “maximizar o aprendizado de habilidades motoras, cognitivas, de comunicação, brincar social e autocuidado” visando a independência e sociabilidade do indivíduo diante das atividades mais essenciais em seu cotidiano.

A segunda estratégia propõe o aprendizado em ambiente natural, ou seja, as situações cotidianas são utilizadas como oportunidades para o ensino. A título de exemplo, com a necessidade de a criança ir ao banheiro, pode ser ensinada a tirar e vestir sua roupa, garantindo sua independência quando o comportamento for aprendido.

A ABA também dispõe da técnica da Aprendizagem sem erro, propondo que no decorrer dos procedimentos de ensino sejam disponibilizados alguns níveis e tipos de suporte ou ajuda para que a criança consiga concluir o que foi solicitado mesmo que sua ação não seja totalmente independente, ou seja, o aplicador a todo momento garantirá o acerto. Dessa forma, a criança sempre irá obter algo como consequência da sua ação. Porém, o reforçador é disponibilizado de acordo com o nível de dica que a mesma recebeu, por exemplo, se a criança tem o tablet como reforçador e precisou de uma dica total, o tempo que irá assistir no tablet será

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menor do que se tivesse feito a ação independente. As dicas são aplicadas das que oferecem mais apoio (ajuda) para aquelas que oferecem menos apoio ao indivíduo, portanto, sendo esvanecidas ao longo das sessões para não gerar dependência de ajuda no indivíduo, ou seja, para que o indivíduo realize algo com independência, sem esperar pela ajuda do profissional. Essa técnica é utilizada para novos procedimentos de ensino, pois permite que a criança não perca a motivação por ainda não realizar o comportamento de forma independente, com isso, impede que aja comportamentos inadequados como a tentativa de se esquivar daquela situação. Para compreendermos melhor, Borba e Barros apresentam o seguinte exemplo,

Imagine, por exemplo, que você queira ensinar a criança a sentar. Nas primeiras tentativas, pode ser necessário não apenas dizer à criança o queela precisa fazer (“senta”), mas também fornecer uma ajuda física, por exemplo, pegando a criança pela mão levando até a cadeira e auxiliando-a a sentar-se. Quando acriança começar a demonstrar mais independência na tarefa essa ajuda será, vamosdizer, uma ajuda leve. Neste caso, você deve fornecer a instrução “senta” e apenasindicar, com um toque, por exemplo, o que ela deve fazer. Esse processo de [sic] vai sendocontinuado até que a criança emita

respostas independentes, ou seja, nesse caso a crianças [sic] sentaria na

cadeira, sem ajuda, quando ouvisse a instrução “senta” (BORBA E BARROS, 2018, n.p, grifo do autor).

Diante disso, podemos apresentar os tipos de dicas que podem ser disponibilizadas para auxiliar no desempenho do indivíduo durante sua intervenção ABA. Detalharemos a seguir.

Dica física – constitui-se pelo apoio físico que o profissional dará a criança para que esta

execute um comportamento, podendo ser uma ajuda de nível total, quando o profissional o conduz de maneira completa, ou de nível parcial, quando há uma sutil ação física sobre a criança. Segundo Duarte et al (2018, p.75), “[...] diante da demanda de ‘Dar tchau’ para o interlocutor que está cumprimentando o aluno, o professor posiciona sua mão sobre do aluno e realiza o movimento de ‘tchau’ estendendo a mão aberta e balançando de um lado pra outro”. Nesse caso, a criança precisou de apoio total para realizar a ação.

Dica gestual – essa se constitui pelo gesto (apontar, olhar, acenar) que se faz para levar a realização de uma resposta, o aplicador não faz contato físico com a criança ou com os estímulos. Por exemplo: o aplicador coloca uma bola e um lego sobre a mesa e pede que a criança o entregue a bola, já tendo o conhecimento prévio que a criança ainda não sabe

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identificá-los de forma independente, o aplicador fornece a dica quando aponta ou olha para a bola, então a criança a entrega ao aplicador.

Modelação – este tipo de dica é utilizado para a obtenção de habilidades motoras e verbais, se

divide em total e parcial. O aplicador realiza e/ou fala a instrução que deve ser repetida na forma de imitação motora ou vocal. Por exemplo: em uma dança, o aplicador solicita que a criança “coloque a mão na cabeça” e emite esta ação. Quando a modelação é parcial, apenas uma das dicas é fornecida, vocal ou motora.

Dica verbal – são dicas apresentadas vocalmente em forma de perguntas ou instrução. Estas

são mais utilizadas com indivíduos que já dominam a vocalização. Exemplificando, segundo Duarte et al (2018, p. 77), “[...] diante do cartão com a imagem de uma galinha, o aluno deve dizer o nome do animal, o professor deve fornecer pistas verbais, dizendo [...] ‘começa com ga...’, ou ‘começa com a mesma sílaba do gato’.”

Dica visual ou textual – são tipos de ajuda que podem ser expressas por meio de imagens ou

textos, como cartas impressas que informam por meio de imagens ou frases a rotina que será seguida no dia.

Dica contextual – são dicas que alteram ao ambiente de forma a estimular o indivíduo a

responder corretamente as instruções. O terapeuta pode mudar objetos de lugar de forma a favorecer uma resposta correta do indivíduo.

Para estabelecer o tipo e o nível de dica essencial para dá suporte ao cliente, será necessário sondar suas habilidades e dificuldades e então, aplicá-las com todo o conhecimento construído acerca das mesmas e esperar, pois, os progressos virão.

3.1.1As funções de comportamento

A ABA estabelece que, para cada comportamento, existe uma respectiva função, para isso, se faz necessário dispor da observação para então compreendê-lo e caso haja necessidade, modificá-lo, como os chamados “comportamentos-problema” por Sella e Ribeiro (2018, p.

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213). Segundo Lear (2004, p. 50), “[...] o comportamento que está acontecendo tem alguma função para a pessoa, ou não estaria acontecendo” Com isso, seria preciso atentar para o (Antecedent – Behaviour – Consequence) ou Antecedente – Comportamento – Consequência, ou seja, o que ocorreu antes (antecedente) da emissão do comportamento e como este foi fortalecido ou reforçado (consequência), visando identificar qual seria a real função do mesmo, por exemplo, para aqueles com TEA que ainda não desenvolveram a linguagem verbal, o que teria motivado seu choro intenso? A título de exemplo o quadro a seguir:

Quadro 2 – Análise do comportamento

Antecedente Comportamento Consequência

PL está sentada à mesa e inicia a realização das demandas.

PL começa a chorar intensamente com a duração de aproximadamente 5 minutos e bate as mãos na mesa.

A terapeuta pede calma, espera a criança se acalmar e continua com as demandas.

Fonte: Elaborado pela autora.

Nesse caso, a função do comportamento seria fuga de demanda que logo após, será mais detalhada. Ainda de acordo com essa tabela é possível observar que o comportamento inadequado da criança será enfraquecido caso a terapeuta continue procedendo do mesmo modo diante de outras ocorrências e, para que este fosse fortalecido, a terapeuta liberaria a criança da mesa para um tempo livre, com isso, a criança iria repetir esse mesmo comportamento para conseguir esquivar-se de tais situações.

A seguir, será apresentada uma breve descrição das funções do comportamento.

Fuga de demanda – quando a criança/jovem/adulto escapa de uma situação aversiva, como a

realização de uma tarefa;

Busca de atenção – quando emite um comportamento em busca da atenção de pessoas, por

exemplo, os pais estão conversando na sala e a criança começa a chorar, então o pai se aproxima dela e inicia brincadeiras, cócegas;

Comportamento auto estimulatório – quando tem por objetivo se autorregular ou trazer

consequências estimulantes, de acordo com Lear (2004, p.50) “‘agitar as mãos’, repetir frases continuamente”.

Razões tangíveis – realiza alguns comportamentos buscando retirar algo negativo, Lear (2004,

p. 51) apresenta o exemplo de “A criança que tira a roupa pode estar tentando reduzir o desconforto por estar quente ou molhada”.

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Essas funções possuem extrema relevância para compreensão dos comportamentos, assim como, o procedimento que será realizado após o comportamento que trará possibilidades de fortalecimento ou enfraquecimento e até extinção.

3.1.2 Programas

Habilidades específicas são introduzidas na terapia da pessoa com TEA com objetivos a serem conquistados de acordo com os déficits que a mesma apresenta nas variadas áreas e estas visam minimizá-los. As habilidades podem ser de atenção, comunicação, linguagem, imitação, dentre outros, para cada uma dessas há um programa específico que visa desenvolvê-las ou aprimorá-desenvolvê-las. A seguir uma sutil apresentação de alguns programas.

Programa Mando - Este programa baseia-se no ato de pedir algo. Segundo Lear (2004, p. 74),

“trata-se de pedir itens reforçadores que se desejam, tais como objetos, atividades ou informação”. O programa é altamente motivador, pois assim que o item é solicitado, automaticamente é entregue a quem o pediu. Ainda de acordo com Lear (2004, p. 74) “é considerado de fundamental importância no ensino de comportamento verbal”. De acordo com Klin (2019, n.p) cerca de 20 a 30% daqueles diagnosticados com TEA, não vão se apropriar da linguagem verbal, para isso, foi desenvolvido o Sistema de Comunicação por Troca de Imagens (PECS), isto é, um sistema de comunicação alternativa que contém figuras impressas com diversas atividades rotineiras como: café da manhã, almoço, jantar, tomar banho, ir ao banheiro, hora de dormir, brincar, descansar, além de brinquedos e comidas preferidas, atividades de lazer como ir a piscina, assim como, acadêmicas. Estas podem ser selecionadas pelo indivíduo pela ação de apontar ou pegar e ser entregue ao aplicador ou membro familiar demonstrando a solicitação de algum item.

Programa de Imitação Motora – o terapeuta realiza um movimento com objetos ou com o

corpo para que o indivíduo possa reproduzi-lo. Segundo Gomes e Silveira (2016, n.p), tais movimentos podem ser realizados com a coordenação motora fina e grossa, partes do corpo como pé e mão, “movimentos fonoarticulatórios” como colocar a língua pra fora ou soprar e sequência de movimentos. Essas ações visam tornar o indivíduo independente, por exemplo, ao ensinar o movimento de pentear o cabelo, além de outras finalidades.

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Programa de Emparelhamento – combinar cores, formas, imagens idênticas, semelhantes, ou

ordenar a sequência cronológica de acontecimentos.

Programa de Linguagem Receptiva – o indivíduo deve desenvolver ou já possuir o

conhecimento discriminativo de objetos, pessoas, figuras e a princípio seguir instruções simples partido para as mais complexas que exigem mais de uma ação.

Nesses programas, é necessário que os aplicadores estejam alinhados quanto ao comportamento emitido, ou seja, será fundamental que este comportamento seja descrito e criterioso. Ao observarem o comportamento de sentar, quais critérios foram definidos para que este comportamento seja registrado como emitido?, a título de exemplo, será considerado o comportamento de sentar, quando a criança flexiona as pernas e apoia as nádegas em assento por 5 segundos.

3.2 RESULTADOS DE APLICAÇÃO DA ABA

Há inúmeros tratamentos que prometem “curas milagrosas” para pessoas com o Transtorno de Espectro do Autismo, alguns desses, comprometem e colocam em risco a vida destas pessoas. Tais procedimentos chamados de tratamentos alternativos não possuem evidências ou comprovações que possam validar e assegurar bons resultados, porém, ainda são consentidos por pessoas desesperadas por cura, ou seja, pessoas que não aceitaram a real condição de tais indivíduos e não dispõem de conhecimentos aprofundados acerca da crueldade que os mesmos podem proporcionar e submetê-los. Alguns deles são: aplicação de células-troncos no cérebro que pode trazer sérias consequências no sistema nervoso e a Solução Mineral Milagrosa ou Miraculous Mineral Solution (MMS), uma substância alvejante utilizada em indústrias que geralmente é ingerida.

A ABA, por sua vez, possui comprovações científicas e dados que validam os progressos que esse público obtém após ser tratado com esse tipo de terapia. Segundo Gaiato (2018, p. 75) “Os tratamentos para Autismo, com comprovação científica de eficácia, são baseados na Análise do Comportamento ou ABA (Applied Behavior Analysis). São tratamentos baseados em psicoterapia comportamental, e que são realizados no mundo todo”.

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Em 1987, houve a primeira publicação de um estudo realizado por Ivar Lovaas que aplicou os princípios da ABA com crianças com TEA, tal estudo apresentou notáveis progressos no desenvolvimento dessas, em relação a crianças que não receberam o mesmo tratamento.

Tabela 1 – Dados da aplicação da ABA por Lovaas

Fonte: Lear, 2004.

[...] os resultados do seguimento destascrianças mostraram que, em um grupo de 19crianças, 47% dos que receberam tratamentoatingiram níveis normais de funcionamentointelectual e educacional, com QIs na faixa do normal e uma performance bem sucedida na1ª série de escolas públicas. 40% do grupo tratado foram depois diagnosticados como portadores de retardo leve e freqüentaram classes especiais de linguagem, e os 10% remanescentes do grupo tratado foram diagnosticados como portadores de retardo severo (LEAR, 2004, p. 12).

Esta publicação contribuiu de forma emblemática para alavancar uma série de outras pesquisas na área, que também evidenciaram progressos e uma nova perspectiva para a aprendizagem desse público. De certa forma, essa metodologia contemporânea acarretou um elevado grau de esperança para o ensino daqueles que convivem com o transtorno, pois de acordo com Khoury (2014, p. 26)

Estudos baseados em evidências mostram que crianças com TEA, na grande maioria dos casos, não aprendem pelos métodos de ensino tradicionais. Estudos anteriores [...] já alertavam que crianças diagnosticadas com TEA não conseguiam manter a atenção, responder a instruções complexas nem manter e focar a atenção em diferentes tipos de estímulos simultâneos (por exemplo, visual e auditivo), e que, desse modo, precisavam de estratégias específicas e diferenciadas de intervenção de ensino (KHOURY, 2014, p. 26).

Para isso, e de acordo com Gaiato (2018, p. 75-76), quanto mais o cérebro for estimulado com técnicas e atividades eficazes, mais ele pode desenvolver novos caminhos para o aprendizado, dessa forma, garantido evoluções significativas para os indivíduos.

Resultados

Recuperados Razoáveis Ruins

Crianças tratadas com ABA 47% 40% 10%

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3.2.1 A ABA na sala de aula

Os alunos com necessidades educacionais especiais têm o direito de serem acompanhados por um professor de Atendimento Educacional Especializado (AEE) ou acompanhante especializado. No caso da aplicação da ABA, se faz necessário a figura desse acompanhante especializado, graduado ou ainda com pós-graduação, mestrado ou doutorado em ABA, este aplicará os princípios da abordagem comportamentalista visando dar suporte ao indivíduo em suas atividades acadêmicas, sociais e de autocuidado. O aluno com TEA deve ser assistido por seu acompanhante especializado, este profissional foi selecionado pela família para aplicar essa abordagem específica, tendo em vista que caso fosse atendido por um professor de AEE, este teria um leque de abordagens para selecionar e então aplicar a intervenção com o indivíduo, tendo possibilidades de não ser a intervenção ABA.

Este acompanhante especializado também atuará como facilitador das interações entre professor-aluno e aluno-aluno, de forma que orientará a maneira adequada de se aproximar e se comunicar com o aluno com TEA. Reafirmando o pensamento, Gaiato (2018, p. 103) garante que “é importante que os profissionais da escola saibam como reforçar comportamentos adequados e eliminar comportamentos indesejáveis, para o bom funcionamento da criança nesse ambiente”. Tais orientações serão oferecidas de maneira informal, de acordo com as necessidades ocasionadas no cotidiano escolar, a título de exemplo, a criança começa a chorar, logo alguém a entrega o tablet, a criança por receber o objeto para de chorar.

De acordo com os princípios da ABA esse comportamento de “chorar” foi fortalecido pela entrega do tablet e terá a possibilidade de ocorrer novamente quando a criança quiser o eletrônico. Nesse caso, o acompanhante especializado poderá orientar o profissional da escola a como proceder diante desse comportamento.

Na sala de aula, o indivíduo com Transtorno do Espectro do Autismo realizará as atividades acadêmicas cabíveis e necessárias sempre levando em consideração sua condição diante do espectro, pois precisará de mais ou menos apoio.

Da mesma forma que os indivíduos com deficiência precisam de um atendimento individualizado, assim acontece com os que têm TEA, que utilizam como intervenção a metodologia ABA, pois os atendimentos também se baseiam em procedimentos de um para um e estes poderão ser realizados na sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE), assim como, na sala de aula juntamente com os colegas e a professora, o que possibilitaria a interação e generalização de comportamentos aprendidos.

Referências

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