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Ferrugem do eucalipto: planejamento evasivo, estimativa de dano e análise da viabilidade do controle químico

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CAMPUS DE BOTUCATU

FERRUGEM DO EUCALIPTO: PLANEJAMENTO EVASIVO,

ESTIMATIVA DE DANO E ANÁLISE DA VIABILIDADE DO

CONTROLE QUÍMICO

MARCUS VINICIUS MASSON

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP – Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Agronomia (Proteção de Plantas).

BOTUCATU Agosto – 2009

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CAMPUS DE BOTUCATU

FERRUGEM DO EUCALIPTO: PLANEJAMENTO EVASIVO,

ESTIMATIVA DE DANO E ANÁLISE DA VIABILIDADE DO

CONTROLE QUÍMICO

MARCUS VINICIUS MASSON

Orientador: Prof. Dr. Edson Luiz Furtado

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP – Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de Mestre em Agronomia (Proteção de Plantas).

BOTUCATU Agosto – 2009

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar presente em todos os momentos de minha vida.

Aos meus pais Luiz Alberto Masson e Sônia Maria Desie Masson, responsáveis pelas minhas realizações, pela condução, apoio e incentivo.

Aos meus irmãos Vitor Luis Masson e Luis Felipe Masson e familiares, pela paciência e compreensão na distância.

Ao Professor Doutor Edson Luiz Furtado, pela amizade, orientação, caráter, e toda experiência transmitida nestes anos de convivência.

À minha companheira Aline Nascimento, pelo amor, carinho e dedicação transmitidos, imprescindíveis à superação dos desafios lançados pela vida.

Aos docentes, funcionários e estagiários do Departamento de Produção Vegetal – Defesa Fitossanitária pela amizade e colaboração, em especial ao Prof. Dr. Carlos Frederico Wilcken.

À Veracel Celulose S.A., de modo especial ao Antônio Sérgio Alípio, pela concessão do apoio financeiro.

Ao David Evandro Fernandes, Carlos André Gaspar dos Santos e Daniela Andrade Neves (Veracel Celulose S.A.), pelo apoio irrestrito, confiança e amizade ao longo deste tempo.

Aos amigos, Alex Sander Porcena, Mário Dal Pogetto, Carlos Augusto Passos, Jovane Pereira da Cruz, Jacyr Mesquita Alves, Aline Angeli, William Matos, Jivaldo Araújo, Rodrigo Veiga de Miranda, Marivaldo Gonzaga, Arthur Vrechi, Carlos Antônio Santos de Oliveira, pelo companheirismo e auxílio na execução deste trabalho.

A todos os amigos da Veracel Celulose S.A. e Copener Florestal Ltda.

Aos amigos Thiago Petine, André Gracioso, Obede Fontes, Rodrigo Bonfim, Valdenir Soeiro, Daniel Rosa, Marco Basseto, Cecília Ohto, Haroldo Antunes, Domingos Santos, e tantos outros companheiros, pela amizade e companheirismo.

Ao Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF), pela concessão da bolsa de mestrado.

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SUMÁRIO

RESUMO ...1

SUMMARY ...3

1 INTRODUÇÃO...5

2 REVISÃO DE LITERATURA ...8

2.1 A importância da eucaliptocultura no Brasil ...8

2.2 Ferrugem do eucalipto...11

2.2.1 Importância da doença...11

2.2.2 Sintomatologia...14

2.2.3 Etiologia ...17

2.3 Epidemiologia da ferrugem do eucalipto ...21

3 MATERIAL E MÉTODOS...34

3.1 Zoneamento das áreas de plantio através do Índice de Infecção...34

3.2 Estudo da epidemia de ferrugem no tempo e no espaço...36

3.2.1 Comportamento de clones quanto à intensidade de ferrugem em diferentes regiões de plantio ...38

3.2.2 Estudo temporal da epidemia de ferrugem ...39

3.2.3 Estudo espacial da epidemia de ferrugem ...41

3.3 Estudo de danos causados pela ferrugem ...44

3.4 Estudo da eficiência e viabilidade econômica de fungicidas em diferentes doses no controle químico da ferrugem...50

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...54 4.1 Índice de infecção...54 4.1.1 Região Norte...54 4.1.2 Região Sul ...57 4.1.3 Região Oeste...59 4.1.4 Região Central A ...61 4.1.5 Região Central B ...64

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4.2.1 Comportamento de clones quanto à intensidade de ferrugem em diferentes regiões

de plantio ...71

4.2.2 Emprego de modelos para descrever as curvas de progresso da ferrugem do eucalipto ao longo do tempo...77

4.2.3 Análise de Dinâmica e Estrutura de Focos...85

4.2.4 Índice de dispersão e Lei de Taylor...101

4.2.5 Teste de run e doublets...104

4.3 Estimativa de dano ocasionado pela ferrugem do eucalipto...113

4.4 Análise da eficiência e viabilidade do controle químico...135

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...146

6 CONCLUSÕES...149

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...150

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivos: a) realizar estudos epidemiológicos que permitiram identificar regiões do extremo Sul do Estado da Bahia propícias ao plantio de eucalipto e desfavoráveis à ferrugem causada por Puccinia psidii, dentro do princípio de evasão; b) quantificar os danos ocasionados pela doença no campo; c) avaliar a viabilidade do controle químico da ferrugem de forma curativa. Para caracterizar as regiões de plantio, foram coletados dados de estações climáticas, calculados os Índices de Infecção e realizado um estudo teórico. Para caracterizar a epidemia de ferrugem no campo, foram instaladas parcelas de observação (4 blocos com 08 clones cada) em cinco diferentes regiões edafoclimáticas de plantio pertencentes à empresa Veracel Celulose. As plantas foram avaliadas atribuindo-se notas, conforme escala diagramática. No estudo de dano, foram analisadas três regiões de plantio, aferindo-se medidas de altura, e quando possível o DAP. Para o controle químico utilizou-se o delineamento em blocos ao acaso, em esquema fatorial 3 x 3 (3 produtos e 3 doses), sendo 0,5, 1,0 e 1,5 mL ou g de Produto concentrado por Litro de solução. O ensaio químico constou de 4 repetições, com avaliação de severidade das plantas. Os tratamentos foram: 1-) Testemunha; 2-) Fungicida Amistar WG (azoxistrobina – estrobilurina); 3-) Fungicida Folicur 200 CE (tebuconazol – triazol); 4-) Fungicida Nativo SC (tebuconazol – triazol + trifloxistrobina – estrobilurina). Verificou-se que a área de plantio do extremo sul do estado da Bahia, apresentou no ano de 2008, três regiões críticas para a ocorrência de ferrugem

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(Oeste, Central B e Norte). A epidemia no campo apresentou duas fases: uma de crescimento e outra de decréscimo dos sintomas. A ferrugem do eucalipto disseminou-se, de um modo geral, no sentido da linha de plantio. O maior dano médio causado pela ferrugem do eucalipto na região alcançou 27,08% em volume de madeira, aos 19 meses de idade das plantas. Verificou-se que com o aumento na doVerificou-se dos fungicidas, houve maior redução da doença nas plantas, quantificada em percentual de área foliar lesionada. O fungicida tebuconazol + trifloxistrobina a 1,5 mL/L foi o mais eficiente contra a ferrugem do eucalipto em condições de campo. O fungicida tebuconazol foi o melhor em viabilidade econômica nas três doses testadas.

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EUCALYPTUS RUST: EVASIVE PLANNING, DAMAGE ESTIMATIVE AND FEASIBILITY OF CHEMICAL CONTROL ANALISYS. 2009. 167p. Dissertation (Master Degree in Agronomy – Plant Protection) – Faculty of Agronomic Sciences – São Paulo State University (UNESP)

Author: MARCUS VINICIUS MASSON Adviser: EDSON LUIZ FURTADO

SUMMARY

This study aimed to: a) epidemiological studies to identify regions of the extreme south of Bahia State conducive to the planting of eucalyptus and unfavorable to rust caused by Puccinia psidii within the principle of avoidance, b) quantify the

damage caused by the disease in the field, c) assess the feasibility of chemical control rust in the healing. To characterize the regions of planting, data were collected from weather stations, calculated the Rates of infection and made a theoretical study. To characterize the epidemic of rust in the field, plots were installed for observation (4 blocks with 08 clones each) in five different climatic regions of plantation belonging to the company Veracel Celulose. The plants were evaluated giving up notes as diagrammatic scale. In the study of damage, were examined three regions of planting, checking up measures time, and where possible the DAP. For chemical control using the design in randomized blocks in factorial scheme 3 x 3 (3 products and 3 doses), with 0.5, 1.0 and 1.5 mL or g of product concentrate per liter of solution . The test chemicals consisted of 4 replicates, with assessment of severity of the plants. The treatments were: 1 -) control; 2 -) Amistar WG Fungicide (azoxystrobin - strobilurins) 3 -) 200 EC Fungicide Folicur (tebuconazole - triazole), 4 -) Nativo SC Fungicide (tebuconazole - triazole + trifloxystrobin - strobilurins). It was found that the plantation area of the southern state of Bahia, presented in 2008, three critical regions for the occurrence of rust (West, Central B and North). The epidemic in the field showed two phases: a growth and a decrease in symptoms. Eucalyptus rust has spread, in general, towards the line of planting. The highest average damage caused by eucalyptus rust in the region reached 27.08% by volume of wood at

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19 months old plants. It was found that with increasing dose of fungicides, there was greater reduction of disease in plants, measured in percentage of leaf area injured. The fungicide tebuconazole + trifloxystrobin at 1.5 mL / L was the most efficient for the eucalyptus rust in field conditions. The fungicide tebuconazole was the best economic viability in the three doses tested.

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1 INTRODUÇÃO

O setor de florestas plantadas no Brasil desempenha um papel importante no cenário sócio-econômico do país, contribuindo na geração de empregos, divisas e tributos, como também na geração de renda através de agregação de valor aos produtos madeireiros. O atual ciclo de expansão das cadeias de produção de celulose e papel, painéis de madeira e siderurgia a carvão vegetal, acompanha a retomada do desenvolvimento da atividade industrial no país, dentro do atual ciclo de crescimento da economia brasileira (ABRAF, 2008). Atualmente o Brasil detém uma das maiores áreas de reflorestamentos do mundo, com aproximadamente seis milhões de hectares, com plantios constituídos basicamente pelos gêneros de Pinus e Eucalyptus (ABRAF, 2008).

O eucalipto era considerado uma essência florestal praticamente livre de doenças até a década de 70. Entretanto, o avanço das áreas reflorestadas para regiões mais quentes e úmidas, o plantio de espécies mais suscetíveis e a utilização repetitiva de uma mesma área para plantio criaram condições favoráveis à ocorrência de doenças (JUNGHANS, 2000; FURTADO et al., 2008). Dentre elas, a ferrugem causada por Puccinia psidii Winter, e o cancro, causado por Cryphonectria cubensis (sin. Crysoporthe cubensis) (Bruner) Hodges, são as mais limitantes do estabelecimento de novos plantios e da condução de brotações de algumas espécies e procedências de Eucalyptus (RUIZ et al., 1987; FERREIRA, 1989).

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A ferrugem do eucalipto causada pelo fungo Basidiomycota Puccinia

psidii, a partir da década de noventa, vem sendo apontada como uma das principais doenças da

cultura, ocasionando severos danos às plantações, com redução na produção de celulose (FERREIRA, 1989; MASSON et al., 2007).

A doença foi relatada pela primeira vez no Brasil, em 1929 (GONÇALVES, 1929), e formalmente descrita em 1944 (JOFFILY, 1944), e é considerada, atualmente, uma das mais importantes doenças na cultura do eucalipto.

Puccinia psidii é um fungo nativo da América do Sul e encontra-se

amplamente distribuído nas Américas do Sul e Central e nas ilhas do Caribe (LAUDON & WATERSTON, 1965; DI STEFANO et al., 1998), havendo ainda relatos da sua presença na Jamaica (MACLACHLAN, 1938) e na Flórida – EUA (MARLATT & KIMBROUGH, 1979; RAYACHHETRY et al., 1997). Ainda não existem evidências do Puccinia psidii na Austrália, centro de origem do Eucalyptus (COUTINHO et al., 1998). Além do eucalipto, o patógeno infecta outras espécies de Myrtaceae, como: goiabeira, jambeiro, jabuticabeira, araçazeiro, pitangueira e jameloeiro, dentre outras (FURTADO & MARINO , 2002).

A doença incide em mudas no viveiro e em plantas jovens no campo, (até dois anos de idade) (FERREIRA & SILVA, 1982; FERREIRA, 1983) e em brotações após o corte raso. O patógeno ataca, preferencialmente, folhas jovens e terminais de galhos, causando deformações dos órgãos, perda de dominância apical e, provavelmente, redução de crescimento (KRUGNER, 1980; FERREIRA, 1983).

Estudos realizados em condições controladas indicaram que os diferentes fatores ambientais tiveram efeito sobre Puccinia psidii (CASTRO, 1983; FERREIRA, 1983). Sobre a doença em condições de campo, inferiu-se que o ambiente pode influenciar a severidade da doença (MORAES et alii, 1982; FERREIRA, 1983), entretanto, nenhuma correlação foi feita entre índice da doença e condições do ambiente, a partir de estudos efetuados por Takahashi (2002) e Masson (2006). Ruiz et al. (1989a) afirmam ser necessário o conhecimento de fatores meteorológicos que influem na incidência e severidade da doença para possibilitar a determinação de épocas do ano mais favoráveis ao patógeno. Através do monitoramento climático e estudos de campo, há a possibilidade de inferências direcionadas às possibilidades de ocorrência de epidemias.

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Segundo Bergamin Filho & Amorim (1996), epidemia é definida pelo aumento da intensidade e, ou, extensão (área geográfica) da doença em uma dada população de plantas. No caso da ferrugem esta pode acarretar danos de até 25%, em média, na produção no Estado de São Paulo (FURTADO et al., 2001). Frente a essa situação, as estratégias de mitigação devem considerar as hipóteses de que possa ocorrer um impacto econômico ou não, pois as mudanças climáticas podem também variar sobre os diferentes patossistemas, em cada região (GHINI, 2005). E esta interferência climática pode levar à ocorrência de doenças mesmo em áreas livres de epidemias. Segundo a mesma autora, as doenças policíclicas, não podem ser estudadas em ambientes fechados, pois os resultados geralmente não são representativos.

O controle da ferrugem pode ser feito por meio de aplicação de fungicidas, plantio de materiais suscetíveis em épocas desfavoráveis à doença e plantio de materiais resistentes. Em materiais suscetíveis de alto valor comercial, pode-se aplicar o fungicida triadimenol a 0,5 g ou 0,5 mL i.a./L, a cada 20 dias, nas brotações após o corte raso e em jardins clonais (ALFENAS et al., 1993). O plantio de genótipos de Eucalyptus de rápido crescimento é também uma medida preconizada (FERREIRA, 1983).

Não obstante ao controle químico e genético, o princípio da evasão consiste na seleção de áreas com clima que favoreça o desenvolvimento do hospedeiro e desfavoreça o patógeno (GALLI et al., 1978). Diante do avanço de áreas reflorestadas no país, a partir da década de noventa, em concomitância com a ascensão dos níveis de incidência e severidade da ferrugem do eucalipto, o princípio da evasão, embasado em estudos climáticos apoiados por experimentações de campo, tem se mostrado uma importante ferramenta no manejo ecológico da eucaliptocultura, com resultante redução da capacidade infectiva do patógeno, acarretando em diminuição do uso de fungicidas.

Neste contexto, os objetivos deste trabalho foram: a) Caracterizar as áreas de plantio da empresa quanto a favorabilidade à ferrugem, através do Índice de Infecção; b) avaliação e caracterização espaço-temporal da ferrugem para oito diferentes clones de eucalipto, inseridos em cinco diferentes regiões de plantio no extremo Sul do Estado da Bahia; c) quantificar através de estimativas volumétricas, o dano ocasionado pela doença em condições de campo; e d) analisar a eficiência do controle químico com três diferentes fungicidas e diferentes doses.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 A importância da eucaliptocultura no Brasil

A atividade de base florestal, presente em quase todo o território nacional, divide-se em vários segmentos, como: celulose e papel, papelão ondulado, siderurgia a carvão vegetal, móveis e madeira processada mecanicamente, que engloba a produção de madeira serrada, painéis reconstituídos, compensados e laminados e produtos de maior valor agregado, além de vários produtos não madeireiros (SBS, 2008).

No Brasil, cuja área territorial é de 851,5 milhões de hectares, há 477,7 milhões ha de cobertura florestal. As plantações florestais, ocupando apenas 0,67% do território nacional, somam 5,74 milhões ha, sendo 3,55 milhões com eucalipto; 1,82 milhão com pinus e 370,5 mil de outras espécies (SBS, 2008).

O setor de base florestal brasileiro tem participação significativa no Produto Interno Bruto Nacional, representando 3,5% do PIB nacional, ou seja, US$ 37,3 bilhões (SBS, 2008).

A área de florestas plantadas no Brasil vem crescendo em média de 2,0 a 3,0% ao ano nos últimos anos, atingindo um total de 5,5 milhões de hectares de florestas plantadas somente com Pinus e eucalipto, em 2007. Tanto o crescimento da área plantada

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como incrementos na produtividade são insuficientes para atender a demanda crescente de madeira para diferentes segmentos do setor produtivo (ABRAF, 2008).

As exportações brasileiras alcançaram, em 2006, US$ 137,5 bilhões. Nesse mesmo ano o setor de base florestal exportou US$ 10,3 bilhões, correspondendo a 7,3% do total exportado pelo país. O segmento de celulose e papel teve maior participação nas exportações brasileiras de produtos florestais, com US$ 4 bilhões com crescimento de 17,6% em relação a 2005. As exportações de madeira serrada, compensados e produtos de maior valor agregado representaram cerca de US$ 2,9 bilhões; de móveis US$ 1,05 bilhão e de ferro gusa a carvão vegetal US$ 1,65 bilhão (SBS, 2008).

A cadeia produtiva do setor florestal em 2006 foi responsável por cerca de 6,9 milhões de empregos. No mesmo ano, a cadeia produtiva exclusivamente do setor de florestas plantadas (primário e transformação industrial), respondeu por 4,33 milhões de empregos, um aumento de 6,1% em relação ao ano anterior (SBS, 2008).

A produção de madeira em tora de florestas plantadas para uso industrial no Brasil cresceu 14% no decorrer dos anos. Estima-se que em 2006 a produção de madeira em tora foi da ordem de 156,2 milhões m3, um aumento de aproximadamente 3,6% em relação ao ano anterior, sendo 103,3 milhões m3 de eucalipto e 52,9 milhões m3 de pinus (SBS, 2008).

Com a necessidade do aumento da área plantada, grandes empresas têm lançado projetos de porte expressivo, com conceitos inovadores, como os baseados parcialmente ou totalmente no suprimento a partir de parcerias com pequenos e médios produtores rurais independentes e pequenas empresas. Os programas de fomento florestal buscam incentivar o plantio de florestas, sobretudo em pequenas propriedades, fornecendo ao produtor as mudas, insumos e assistência técnica, garantindo a compra de sua madeira, cuja rentabilidade hoje se apresenta acima das culturas tradicionais, principalmente quando comparada com gado, cacau, milho e algumas frutíferas (ABRAF, 2008).

Em 2006, o segmento de celulose e papel apresentava uma área de aproximadamente 1,7 milhão de hectares de florestas plantadas, compreendendo espécies como: eucalipto com 1,3 milhão há (78,7%); pinus, 343,7 mil ha (20,5%) e outras espécies com 14 mil ha (0,8%). Empresas deste segmento detêm 2,6 milhões ha de áreas de preservação permanente e de reserva legal, excedendo o disposto pela legislação ambiental

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brasileira. A produção de celulose e pastas alcançou 11,2 milhões de toneladas e a de papel, 8,72 milhões de toneladas, representando um crescimento de 8% e 1,5%, respectivamente, em relação ao ano anterior (SBS, 2008).

Em 2006, o faturamento do segmento de papelão ondulado foi estimado em R$ 5,09 bilhões, 5% inferior ao ano anterior. Neste mesmo ano a produção total, foi de 2,48 milhões de toneladas, o consumo aparente 2,18 milhões de toneladas e as exportações 2,18 milhões toneladas. A projeção para 2007 é de um crescimento de 4% nas vendas, totalizando 2,27milhões toneladas (SBS, 2008).

O Brasil é um dos maiores produtores e consumidores de carvão vegetal do mundo. Em 2006, a produção nacional de carvão vegetal foi de aproximadamente 35,1 milhões mdc, sendo 17,9 milhões mdc de origem de florestas plantadas e 17,2 milhões mdc de florestas nativas (SBS, 2008).

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), em 2006, a produção de madeira serrada atingiu 23,8 milhões m³, predominando a madeira tropical (14,7 milhões m³) frente à produção de madeira de pinus (9,1 milhões m³). O consumo em 2006 totalizou 21 milhões m³ (88,4% da produção nacional). As exportações brasileiras totalizaram cerca de 2,9 milhões m³ no mesmo ano (SBS, 2008).

A produção de compensados em 2006 foi de 3,04 milhões de m3, representando uma queda de 15,1% em relação a 2005 (3,6 milhões m3). O consumo nacional, com cerca de 860 mil m3, também teve uma queda de 10,8% em relação ao consumo de 2005. As exportações totalizaram cerca de 2,2 milhões m3, com valor total de US$ 650 milhões. Para 2007, as quedas na produção, consumo e exportação deverão persistir (SBS, 2008).

A produção brasileira de Produtos de Maior Valor Agregado (PMVA) é fragmentada e diversificada. Em 2006, a produção de molduras foi de 721 mil m³; de EGP foi de 522 mil m³; de pisos de madeira foi de 34,9 milhões m², a produção de portas de madeira atingiu 8,19 milhões de unidades. As exportações de PMVA atingiram o valor de US$ 2,2 bilhões (SBS, 2008).

A produção de painéis de madeira reconstituída em 2006, foi de 4,78 milhões m3. A maior produção de painéis de madeira foi a do aglomerado, cerca de 2,2 milhões m³, representando 46% do total, seguida pelo MDF, 35,5%, chapa de fibra, 11,2% e OSB, 7,3% (SBS, 2008).

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Em média, 70% da madeira maciça utilizada pela indústria moveleira é proveniente de plantios florestais. O pinus e o eucalipto vêm se consolidando no segmento de camas e de salas de jantar e estruturas de móveis estofados e, mais recentemente, na fabricação de móveis de jardim para exportação. As exportações brasileiras de móveis de madeira totalizaram US$ 1,048 bilhão em 2006 (SBS, 2008).

Em novembro de 2007 eram 5,05 milhões de hectares de florestas certificadas pelo FSC, sendo 2,79 milhão ha de florestas nativas (55,4%) e 2,25 milhões ha de florestas plantadas (44,6%). Outros 963,8 mil hectares de florestas certificadas pelo CERFLOR/PEFC, dos quais 890,7 mil ha de florestas plantadas (91,3%) (SBS, 2008). Frente a este cenário e, não obstante à tamanha importância da cultura do eucalipto no Brasil, aliada às mais refinadas técnicas de cultivo e multiplicação, não foram obtidos materiais totalmente resistentes à pragas e doenças, principalmente à ferrugem do eucalipto.

2.2 Ferrugem do eucalipto

2.2.1 Importância da doença

Recebem o nome de ferrugens as doenças fúngicas causadas por basidiomycotas pertencentes à Ordem Uredinales. Tais microorganismos são ditos, atualmente, parasitos ecologicamente obrigados, uma vez que algumas poucas espécies puderam ser mantidas em laboratório, graças ao desenvolvimento de culturas axênicas (COFFEY, 1975; CUTTER JR., 1959; FIGUEIREDO & COUTINHO, 1994; KATSUHIRO & KATSUYA, 1985; MARTINS et al., 1995). Os fungos representantes da Ordem Uredinales apresentam alta especificidade em relação a seus hospedeiros, sendo capazes de infectar um grande número de plantas vasculares, cultivadas e silvestres. Várias espécies consideradas como de distribuição mundial, que infectam plantas cultivadas, causam prejuízos significativos à agricultura (APARECIDO & FIGUEIREDO, 1999). A literatura cita mais de 150 espécies de ferrugens como importantes ou, potencialmente importantes para a agricultura na América do Sul (SCOTT & MACLEAN, 1969).

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A ferrugem causada por Puccinia psidii Winter é uma das doenças mais severas na cultura do eucalipto (Eucalyptus spp.) no Brasil, com potencial de causar perdas em outras áreas tropicais e subtropicais do mundo que possuam florestas de eucalipto (COUTINHO et al., 1998).

Puccinia psidii Winter é, atualmente, uma doença muito comum e

severa em plantações de procedências de eucalipto muito suscetíveis à doença com menos de dois anos de idade, ou até o estádio fenológico B (FERREIRA, 1986). Depois do corte destas plantações a ferrugem pode tornar-se ainda mais importante, afetando severamente os tufos de brotações recém-emitidas dos tocos. Isso pode resultar na morte total das brotações de muitos tocos. Essa perda de tocos, somada às perdas de árvores por várias causas durante o primeiro ciclo da plantação, incluindo as ausências de brotações em tocos por outras causas, pode fazer com que a reforma do povoamento seja requerida, precocemente, para poucos meses após o primeiro corte. A ferrugem do eucalipto também ocorre nos viveiros, onde aliás é facilmente controlável. Sua maior importância econômica está indubitavelmente relacionada com as condições de campo (FERREIRA, 1989).

Embora existam vagas menções de ferrugens que atacavam plantas de eucalipto no Brasil em 1912 (JOFFILY, 1944) e 1929 (GONÇALVES, 1929), em termos científicos a primeira descrição no Brasil da ferrugem do eucalipto causada por Puccinia psidii foi feita em 1944, por Joffily (1944), no Estado do Rio de Janeiro, em mudas de Eucalyptus

citriodora. Todavia, a primeira constatação de que se tem notícia sobre esta ferrugem,

causadora de danos preocupantes, ocorreu em 1973, num viveiro e plantações de E. grandis – procedência da África do Sul (A.S.), até a idade aproximada de 1,5 anos, na Costa do Estado do Espírito Santo (FERREIRA, 1983). Na ocasião, os danos mais expressivos deram-se num viveiro, em que mais de 400.000 mudas foram refugadas para o plantio no campo, em observância a uma recomendação silvicultural tomada à risca na empresa, naquela época, de levar para o campo somente mudas bem-formadas, de excelente aspecto silvicultural (o que não se observava com aquelas mudas, uma vez que a ferrugem do eucalipto mata terminais de galhos e de haste principal).

De 1974 a 1979, no Vale do Rio Doce e na Zona da Mata de Minas Gerais e Costa do Espírito Santo, vários ataques dessa ferrugem, esporádicos, porém severos, sempre afetando plantas com menos de dois de idade, foram registrados em viveiros e

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principalmente em plantações comerciais da procedência de E. grandis, mencionada anteriormente, e em parcelas experimentais de E. phaeotricha – 9782, e E. cloeziana – 9785. Nesse mesmo período, incidência muito leve foi verificada em outras procedências de E.

grandis e de outras espécies, em ensaios de introdução de espécies (FERREIRA, 1983),

desmerecendo, entretanto, menções especiais.

De 1979 a 1980, nas regiões do Vale do Rio Doce e Zona da Mata do Estado de Minas Gerais, Nordeste do Espírito Santo e Sudeste da Bahia, ocorreu mais de uma dezena de ataques severos da ferrugem do eucalipto afetando E. grandis – A.S. e algumas procedências de E. cloeziana de origens desconhecidas. Desse período, destacam-se os extensos ataques ocorridos nas regiões de Guanhães e Ipatinga - MG. Nesse último município, mais de 300 hectares de E. grandis – A.S., com seis meses de idade, foram varridos pela doença. Em 1981 e 1982, houve reincidência da doença nessas áreas, todavia, sem a expressão dos anos anteriores, visto que a maior parte dos plantios feitos com material mais suscetível à doença já se encontrava em idade superior a dois anos, a partir da qual a doença não tem tido mais importância nas plantações (FERREIRA, 1983).

De 1980 até nossos dias, registros de surtos importantes da ferrugem do eucalipto têm sido feitos no Sudeste da Bahia, Nordeste do Espírito Santo e Vale do Rio Doce do Estado de Minas Gerais, afetando plantações novas ou brotações novas de tocos de procedências de eucalipto altamente suscetíveis (FERREIRA, 1989).

Com esse histórico de constatações, pretendeu-se dar ciência de que a ferrugem do eucalipto deixou de ser doença cujos danos são consideráveis apenas em raras ocasiões (KRUGNER, 1980). Doravante, deve ser considerada como doença importante para procedências suscetíveis até o estádio fenológico B (FERREIRA, 1986). Até atingir tal estádio, as plantações de material suscetível, quando atacadas, têm crescimento muito prejudicado pela doença, no ano do ataque, fato claramente constatável quando plantas isentas da doença ou com apenas leves infecções, que ocorrem em baixo percentual, apresentavam crescimento contrastantemente superior ao restante da plantação, severamente afetada pela doença (FERREIRA, 1989, TAKAHASHI, 2002).

O fungo Puccinia psidii, atualmente representa um dos principais agentes responsáveis por prejuízos e injúrias nos reflorestamentos de eucalipto do Estado de

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São Paulo, passando a ser considerada importante em meados de 1990 em plantios jovens de eucaliptos da região de Itapetininga e Vale do Paraíba, segundo Camargo et al. (1997).

Demuner & Alfenas (1991) verificaram que as espécies de Eucalyptus mais suscetíveis à P. psidii são: E. grandis W Hill ex Maiden, E. pellita F Muell, E.

phaeotricha Blakely et Mckie e E. cloeziana F. Muell. Com relação a esta última espécie, os

mesmos autores relataram que em 1986 cerca de 122 hectares foram quase que totalmente dizimados pelo patógeno na região de Teixeira de Freitas, BA, resultando numa perda de cerca de U$ 73.200,00. De acordo com dados literários, E. cloeziana é uma espécie com grande potencialidade para reflorestamento no Sudeste da Bahia devido ao rápido crescimento e à alta densidade de sua madeira (DEMUNER & ALFENAS, 1991).

Segundo Bergamin Filho & Amorim (1996), epidemia é definida pelo aumento da intensidade e, ou, extensão (área geográfica) da doença em uma dada população de plantas, no caso da ferrugem esta pode acarretar danos de até 25%, em média, na produção no Estado de São Paulo (FURTADO et al., 2001). O dano é definido como qualquer redução na quantidade ou na qualidade da produção devido a injúrias causadas pelo patógeno (NUTTER et al., 1991). Posto isso, estimativas confiáveis dos prejuízos causados pelos patógenos são um pré-requisito para o desenvolvimento de qualquer programa bem sucedido de controle da doença (WALKER, 1983).

2.2.2 Sintomatologia

Puccinia psidii infecta tecidos jovens como folíolos, inflorescências,

gemas e frutos novos (SILVEIRA, 1951; GALLI, 1980; SOUZA, 1985; FERREIRA, 1989). É conhecida como ferrugem das mirtáceas, por infectar importantes mirtáceas florestais e frutíferas como o jambo, goiaba, jaboticaba, uvaia, araçazeiro, cambucazeiro, jambeiro, dentre outras (SILVEIRA, 1951; JOFFILY, 1944; GALLI, 1980; FERREIRA, 1989; SOUZA, 1985).

Várias espécies de eucalipto foram constatadas como hospedeiras do fungo, entre elas: Eucalyptus grandis, E. phaeotricha, E. pilularis, E. citriodora, E. saligna e

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Segundo Ferreira (1989), em mudas nos viveiros e em plantas no campo, o ataque da ferrugem restringe-se aos órgãos tenros das plantas, ou seja, aos primórdios foliares com seus pecíolos e aos terminais de galhos, ramos e haste principal. Especialmente nos rebentos foliares, os primeiros indícios de ataque são minúsculas pontuações, levemente salientes, verde-claras ou vermelho-amareladas. Depois de um ou dois dias, essas pontuações são pústulas de urediniósporos amarelos, contendo 1-5 urédias. A partir de então, as pústulas aumentam de tamanho, a ponto de em uma bem desenvolvida ter-se mais de 20 urédias, cada uma com cerca de 0,2-0,3 mm de diâmetro. No início do desenvolvimento das pústulas, surgem as urédias dando a impressão de se agruparem circularmente, que é a formação vista ao microscópio esteroscópio e que, nas pústulas já totalmente desenvolvidas, é difícil de ser percebida, dada a profusão de urediniósporos produzidos. Nos próximos dias que se seguem ao surgimento das primeiras pústulas num limbo tenro, tem início as infecções secundárias dentro de uma mesma planta, especialmente pela disseminação dos urediniósporos por orvalho ou chuva. Isso faz com que, em condições favoráveis à doença, em poucos dias, os órgãos tenros de um terminal de galho ou haste principal estejam totalmente tomados pela ferrugem, em virtude da interligação das pústulas, provocada pelas infecções secundárias. Nesse estádio, a ferrugem do eucalipto tem sintomatologia inconfundível, dada pela intensa e típica esporulação uredospórica do patógeno, de coloração amarelo-gema-de-ovo, que aparece nos órgãos atacados. Os rebentos foliares e seus pecíolos, bem como as partes mais apicais dos galhos e haste principal, que são os órgãos mais suscetíveis à ferrugem, ficam encarquilhados e totalmente tomados pela esporulação mencionada. Os limbos com até 50% do desenvolvimento total apresentam essa esporulação com menos intensidade e com predominância em suas faces inferiores, onde, em algumas áreas, verifica-se ajuntamento de pústulas que provocam deformações foliares. Nos limbos com cerca de 50-80% do desenvolvimento total, é notada apenas incidência de pústulas esparsas, com tendência a se juntarem apenas em alguns poucos pontos. Quando se verificam esses ajustamentos perto da nervura principal, eles provocam fortes deformações nos limbos. Quando incidem apenas sobre nervuras secundárias, a deformação é mais leve e ocorre geralmente apenas em uma das metades do limbo, delimitada pela nervura principal. Nos limbos novos, mas já totalmente desenvolvidos, tem sido notado apenas um número muito reduzido de pústulas, esparsamente distribuídas no limbo de até 10 mm de diâmetro cada. Em quaisquer tipos de limbos, as

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pústulas esparsas são irregulares e geralmente têm seus limites fixados pelas nervuras secundárias, terciárias ou quaternárias. Os limbos maduros ou velhos não se mostram atacados em condições de campo e têm-se comportado como imunes às infecções uredospóricas em condições de inoculações artificiais.

A esporulação amarelo-gema-de-ovo que perfaz a característica mais importante para a diagnose da ferrugem do eucalipto em condições de campo começa a desaparecer com cerca de uma a duas semanas depois de sua manifestação nos órgãos atacados. Assim, os terminais de galhos e haste principal apresentam áreas hipertrofiadas, verrucosas, com forte coloração ferrugínea, que aparentemente são reações da planta (uma espécie de calejamento) às infecções. Nessa fase de ressecamento de pústulas, para o diagnóstico da doença em condições de campo, é preciso ter experiência com a doença, caso contrário, o mais aconselhável é tentar encontrar, na mesma planta ou em plantas vizinhas, a esporulação fresca. A sintomatologia de hipertrofias verrucosas tem sido confundida, algumas vezes, erroneamente, no Vale do Rio Doce – MG, com sintomas de enfermidade “seca de ponteiros do eucalipto do Vale do Rio Doce (SPEVRD)”, enfermidade totalmente distinta da ferrugem do eucalipto (FERREIRA, 1989).

Em condições de ambiente favorável, o patógeno infecta órgãos tenros da parte aérea, em mudas no viveiro e em plantas jovens no campo com até 3 m de altura, e pode causar redução de crescimento e perda de dominância apical, morte de brotações após o corte raso, bem como morte e refugo de mudas para o plantio (CARVALHO et al., 1994).

A ferrugem do eucalipto raramente mata plantas, exceto quando ataca com severidade brotações novas de tocos após corte raso. As plantas mais atacadas, depois da fase de ressecamento de pústulas, recuperam-se da doença, emitindo intensa brotação, a qual poderá ser atacada novamente pela ferrugem, dependendo das condições ambientais reinantes no campo, nos dias em as brotações surgirem. Quando as condições ambientais são favoráveis ao ataque da ferrugem, os rebentos foliares e hastes das brotações mostram-se rapidamente tomados pela enfermidade, dada a grande quantidade de inoculo existente no campo, resultante das infecções anteriores. Nessas condições, as plantas apresentam sintomatologia bastante complexa, pela existência de terminais de galhos e de haste principal ressecados, com áreas hipertrofiadas verrucosas e ferrugíneas, brotações abundantes e primórdios foliares deformados pelo ataque da ferrugem. Esse aspecto de superbrotamento, deformações dos

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primórdios foliares, impedindo que atinjam seu desenvolvimento completo, confere à planta um aspecto enfesado que, quando observada com altura inferior a 1,5m, dá a impressão de não ser uma planta de eucalipto, mas um pé de pimenteira miúda. Os sucessivos surtos da doença numa plantação têm acarretado, comumente, o aumento de árvores dominadas, resultante da diferença de suscetibilidade (FERREIRA, 1989).

2.2.3 Etiologia

Puccinia psidii é um fungo nativo da América do Sul e encontra-se

amplamente distribuído nas Américas do Sul e Central e nas ilhas do Caribe (LAUDON & WATERSTON, 1965; DI STEFANO et al., 1998), havendo ainda relatos da sua presença na Jamaica (MACLACHLAN, 1938) e na Flórida – EUA (MARLATT & KIMBROUGH, 1979; RAYACHETRY et al., 1997). Ainda não existem evidências do Puccinia psidii na Austrália, centro de origem do Eucalyptus (COUTINHO et al., 1998). Além do eucalipto, o patógeno infecta outras espécies de Myrtaceae, como: goiabeira, jambeiro, jabuticabeira, araçazeiro, pitangueira e jamelãozeiro, dentre outras.

Conforme classificação de doenças proposta por McNEW (1960), a ferrugem do eucalipto enquadra-se no grupo V (manchas, ferrugens, oídios, míldios).

O fungo inicia seu ciclo a partir do urediniósporo, que atinge uma brotação nova de um clone ou procedência suscetível. Iniciada a infecção, após seis a dez dias, é notável a presença de lesões, formando a nova esporulação, que se dissemina através do vento, causando epidemias (FURTADO et al., 2001).

Puccinia psidii é um patógeno de ciclo curto, da qual se conhecem

seus estádios I – écio (FIGUEIREDO et al., 1984), II – urédia, III – télia e IV – basídio (MACLACHLAN, 1938; FERREIRA, 1983). Até então o estádio espermogonial é desconhecido, mas é provável que não exista. O estádio I – écio apresenta a mesma morfologia do estádio II – urédia e teve sua ocorrência mostrada, até o momento, apenas no jambeiro (FIGUEIREDO et al., 1984), mas provavelmente também ocorra nas demais mirtáceas hospedeiras do patógeno. O estádio II é constantemente produzido em condições naturais ou em inoculações artificiais e, inclusive, é por meio de suas pústulas uredospóricas, de coloração amarela que, em termos práticos, se faz o diagnóstico da doença em condições de campo.

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Individualmente, uma pústula bem desenvolvida pode ter mais de 20 urédias, cada uma com 0,2 – 0,3 mm de diâmetro. As pústulas podem interligar-se, e isso acontece, especialmente quando os primórdios foliares e as partes apicais tenras dos galhos e da haste principal se mostram totalmente cobertos pela esporulação. Esta esporulação aparece tomando ambas as faces dos primórdios foliares, mas, nas folhas um pouco mais desenvolvidas, é muito mais abundante nas faces inferiores dos limbos. Os urediniósporos variam quanto à forma, predominando os piriformes e de esféricos a ovais, que apresentam leves esquinulações na parede externa e medem 10-20 x 15-25 µm.

Os estádios III e IV em geral, têm sido muito pouco encontrados nas ocorrências naturais desta ferrugem do eucalipto. Em plantas de jambeiro (Syzygium jambos), em condições naturais, em Viçosa-MG, os teliósporos têm sido facilmente encontrados, na época mais quente do ano, de dezembro a março, sendo, inclusive, as pústulas constituídas de mistura de teliósporos e urediniósporos, reconhecidas a olho nu por suas tonalidades mais castanhas, em contraste com as pústulas amarelo-vivas, que contêm apenas urediniósporos. Nessa mesma época, mas com menor freqüência do que em jambeiro, teliósporos de P. psidii têm sido encontrados em jaboticabeira, principalmente nas pústulas em folhas, misturadas aos urediniósporos. Ruiz (1989a) informou que situação análoga tem sido verificada com a ferrugem em E. cloeziana no Sudeste da Bahia nos meses mais quentes do ano. Em condições artificiais, em Viçosa-MG, tem-se obtido abundante produção de teliósporos em plantas de eucalipto, quando inoculadas, na época mais quente do ano, com urediniósporos procedentes de eucalipto ou jambeiro. Pústulas urediniais/teliais ou teliais puras, produzidas nessas condições, têm sido perceptíveis a olho nu, em decorrência da distribuição das urédias/télias, com tonalidade marrom, formando agrupamentos circulares, sempre na face inferior do limbo. De poucos a numerosos agrupamentos urediniais/teliais podem ser vistos por limbo, cada uma com diâmetro variável, tendo, individualmente, quatro a 20 télias, cada uma com 0,1 a 0,2 mm de diâmetro. Esses agrupamentos vinham intermeados ou não por pústulas uredospóricas puras, amarelo-vivas. Muitas urédias/télias continham praticamente só teliósporos, sendo os urediniósporos observados salpicadamente em suas porções superiores, onde eram facilmente visualizados sob lupa estereoscópica, pelo contraste de suas colorações amarelas sobre os teliósporos marrons. Os teliósporos de Puccinia psidii são pedicelados, bicelulares, clavados, achatadamente, muitos com uma papila apical na parede da célula posterior e medem 15-28 x

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30-60 µ m. Suas duas células, ou apenas uma, germinam em condições naturais e em ágar-simples produzindo basídios com basidiósporos. Quando a germinação se processa em placas com ágar-ágar simples, ficando as placas dentro de ambientes com umidade saturada, a maioria dos teliósporos que germina produz basídios aberrantes, com muita variação de tamanho, de 20 a 130 µ m de comprimento, onde, nos locais em que deveriam surgir os esterigmas com basidiósporos, surgiram, na realidade, estruturas semelhantes a falanges ou dentículos, desprovidos de basidiósporos. Essas aberrações parecem ser comuns em algumas ferrugens quando seus teliósporos germinam sob condições de excesso de umidade. Todavia, mesmo em condições superúmidas, alguns teliósporos, cerca de 8% daqueles que geminavam basídios normais com 40-70 µ m de comprimento, providos de esterigmas típicos, sendo que apenas cerca de 0,1% desses basídios chegavam a produzir basidiósporos (FERREIRA, 1989).

A infectividade de basidiósporos de P. psidii ficou demonstrada, até o momento, apenas no jambeiro. Figueiredo et al. (1984) verificaram, aos 10-18 dias das inoculações basidiospóricas em folhas de jambeiro, estruturas reprodutivas do patógeno morfologicamente idênticas aos soros urediniais. No caso, essas estruturas seriam do estádio écio, do tipo uraécio (CUMMINS e HIRATSUKA, 1983), pois, por definição, eciósporos são os primeiros esporos (unicelulares, não produtores de basídios) no ciclo das ferrugens após as infecções basidiospóricas.

A existência de ampla variabilidade genética inter e intra-específica para resistência à ferrugem, permite o controle da doença por meio de plantios de clones, progênies ou espécies resistentes. Dentre as espécies resistentes, destacam-se: Corymbia

citriodora, C. torelliana, Eucalyptus camaldulensis, E. microcorys, E. pellita, E. pilularis, E. propinqua, dentre outros. Em regiões favoráveis a ferrugem, deve-se evitar plantios seminais

de Eucalyptus grandis, E. phaeotricha, E. cloeziana, E. globulus e E. nitens. Também é possível selecionar plantas com características de rápido crescimento escapando-se da doença pela precocidade, uma vez que a maiores alturas o patógeno, geralmente não encontra microambiente favorável à infecção (ALFENAS et al., 2004).

Quanto à resistência genética ao patógeno, muitas empresas avaliam a incidência e severidade da doença em seus testes de progêneses e clonais, buscando através de avaliações nos plantios e inoculações em mudas, avaliar sua resistência e/ou tolerância. Esta é a alternativa recomendável para o controle da doença em plantios. Em materiais mais

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suscetíveis em viveiro o uso de fungicidas, como o Triadimenol e ou Azoxystrobin, em aplicações quinzenais, é viabilizado devido a danos ocasionados principalmente em cepas de jardim clonal e minijardim clonal (ALFENAS et al., 2004).

Ferreira & Silva (1982) em experimento envolvendo cerca de onze espécies de Eucalyptus spp, na região do Espírito Santo, constataram que apenas o Eucalyptus

torelliana e o Eucalyptus brassiana, não apresentaram sintomas da doença. Porém, espécies

que como essas podem ser resistentes à doença muitas vezes são pouco apropriadas para as regiões nas quais o plantio será estabelecido e sua finalidade (CASTRO, 1983).

A curto prazo, segundo Ruiz & Alfenas (1989) e Demuner & Alfenas (1991), a aplicação de fungicidas em plantas jovens ou em brotações oriundas de tocos após o corte raso, pode constituir uma alternativa viável de controle da ferrugem do eucalipto.

Coelho et al. (2001), estudaram a variabilidade fisiológica de Puccinia

psidii e detectaram três grupos de especialização fisiológica por meio das reações diferenciais

nos hospedeiros. Os grupos de especialização não apresentaram diferenças entre si quanto ao período de geração e período latente médio; todavia, diferiram em relação ao número de soros por área foliar, indicando que este parâmetro é útil na distinção da virulência dos isolados.

Os estudos sobre variabilidade fisiológica de Puccinia psidii são relativamente escassos. Vários autores relatam diferenças entre virulência e agressividade de isolados de P. psidii provenientes de vários hospedeiros e regiões. No entanto pouco se sabe sobre a variabilidade fisiológica de isolados do patógeno de diferentes regiões geográficas (COELHO et al., 2001).

Furtado et al. (2005) estudaram a variabilidade fisiológica de Puccinia

psidii em Eucalyptus grandis e no híbrido “urograndis” e verificaram que em relação aos

genótipos de eucalipto utilizados, verificou-se maior suscetibilidade em E. grandis quando comparado com o híbrido, além da existência de especializações fisiológicas em diferentes populações de Puccinia psidii.

Portanto devem ser desenvolvidas metodologias que possibilitem a obtenção de dados básicos à cerca deste microorganismo, proporcionando a aplicação de métodos de controle mais apropriados e específicos (APARECIDO & FIGUEIREDO, 1999).

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2.3 Epidemiologia da ferrugem do eucalipto

As epidemias de doenças de plantas são o resultado da combinação dos seguintes elementos: plantas hospedeiras suscetíveis, patógenos virulentos e condições favoráveis de ambiente, ocorrendo por um período de tempo suficientemente longo. A epidemiologia tem por objetivo: estudar a evolução das doenças em populações do hospedeiro; avaliar os prejuízos absolutos e relativos causados pelas doenças nas culturas; avaliar o efeito simples e as interações entre resistência do hospedeiro, medidas sanitárias, uso dos fungicidas e outras medidas de controle das doenças; avaliar a eficiência técnica e econômica das medidas de controle em cada etapa sobre os agroecossistemas; estabelecer estratégias de controle das doenças e aperfeiçoá-las para a proteção integral das culturas. A epidemiologia é, portanto, a ligação entre os estudos envolvendo etiologia, fisiologia, ciclos de vida do patógenos e as medidas aplicáveis ao controle integrado de doenças (VALE et al., 2004).

Conforme Bergamin Filho & Amorim (1996), o conceito de epidemia é dado pelo aumento ou extensão da doença em uma dada população de plantas e, endemia consiste na presença permanente da doença em uma determinada região geográfica (país, estado, cidade), porém sem estar em expansão, ou seja, patógeno e hospedeiro estão em constante interação e equilíbrio. Não obstante, uma doença endêmica pode se tornar epidêmica, bastando, por exemplo, que ocorram mudanças no ambiente que favoreçam a rápida multiplicação e dispersão do patógeno. A possibilidade de ocorrência de uma epidemia está intimamente relacionada com a evolução de determinada doença, a qual envolve diferentes fases do ciclo de vida do patógeno. No que diz respeito ao número desses ciclos, as doenças podem ser consideradas monocíclicas ou policíclicas, ou ainda, denominadas, respectivamente, doenças de juros simples ou de juros compostos, em analogia entre o rendimento de capital num banco e a dinâmica da doença (VANDERPLANK, 1963).

O clima exerce influência marcante sobre o desenvolvimento de doenças, pois pode atuar sobre o patógeno, sobre o hospedeiro e sobre a interação patógeno x hospedeiro. O conhecimento das exigências climáticas dos fitopatógenos é de grande importância para o entendimento da evolução da doença no campo, e para se prever, com certa exatidão, a ocorrência de epidemias em determinadas condições climáticas e agrícolas de uma região (KRUGNER, 1980). Contudo é na fase de germinação e penetração da estrutura

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infectiva que o clima pode atuar mais diretamente sobre o patógeno, pois este ainda não ganhou o interior do hospedeiro e está mais exposto à ação do ambiente (KRUGNER, 1980).

Para a ocorrência de uma epidemia de doença em plantas há necessidade contínua de condições favoráveis, tais como uma população de plantas suscetíveis, grande quantidade do inóculo do patógeno virulento e ambiente favorável e duradouro (VALE & ZAMBOLIM, 1996).

O ambiente é um agregado de todas as condições externas afetando a vida e o desenvolvimento de um organismo. Em doenças de plantas o ambiente pode afetar o hospedeiro, o patógeno ou os vetores. A maioria dos fungos e bactérias patogênicas necessitam de altos níveis de molhamento para infectar o hospedeiro, sendo que alguns exigem a presença de água livre na superfície do hospedeiro (VALE & ZAMBOLIM 1996).

As doenças são influenciadas mais pelos fatores microclimáticos do que pelos macroclimáticas normalmente registrados nas estações meteorológicas. Em termos meteorológicos formais, as condições presentes até 2 metros acima do nível do solo são microclimáticas. Os fitopatologistas, entretanto, consideram como condições microclimáticas aquelas que envolvem toda a planta, seja ela de pequeno ou grande porte (VALE et al., 2004).

A temperatura pode ter um efeito importante em cada componente do patossistema e constitui a variável do ambiente mais comumente correlacionada com a incidência e a severidade das doenças de plantas (VALE & ZAMBOLIM, 1996). Deste modo a infecção, a colonização, a produção de inóculo, a dispersão e sobrevivência constituem os elementos necessários para o desenvolvimento das epidemias em plantas (TENG & JOHNSON, 1988). Todos esses processos são afetados pelos fatores meteorológicos, principalmente temperatura e umidade.

As regiões em que se registraram índices severos de ocorrência de ferrugem em Eucalyptus spp. estão contidas em regiões bioclimáticas semelhantes, com temperatura média anual de 20º a 23ºC, a precipitação média anual de 1100 a 1400 mm, apresentando déficit hídrico de 30 a 90 mm (FUJIHARA et al., 1994). Neste caso, condições como temperatura baixa e alta umidade são necessárias para infecções, o que ajuda a explicar a ocorrência de surtos esporádicos, de relativa curta duração e de rápida disseminação (FERREIRA, 1981).

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A incidência e severidade da doença variam em função da espécie e do genótipo do hospedeiro, região geográfica e época do ano, sendo particularmente exigente quanto às condições de microclima e existência de órgãos juvenis (ALFENAS et al., 2000).

O período de molhamento foliar, assim como a temperatura, é um importante parâmetro para ferrugens. Segundo Mederick & Sackston (1972), muitos patógenos de caule e folhas são intimamente afetados pelo molhamento, como água livre na superfície foliar ou como vapor d’água na atmosfera. Alguns patógenos não germinam e, conseqüentemente, não conseguem penetrar no hospedeiro na ausência de água livre.

O fato de uma cultura de eucalipto apresentar ferrugem está associado à ocorrência de períodos favoráveis durante o tempo em que a cultura apresentar brotações jovens e sobrepostas. Diferenças na época de plantio ou de procedências podem resultar em diferentes períodos de exposição que podem ou não coincidir com condições ambientais favoráveis à infecção por Puccinia psidii (FERREIRA, 1981).

Piza & Ribeiro (1989), avaliaram o efeito de cinco temperaturas, cinco tipos de água e sete períodos de incubação sobre a germinação de urediniósporos de Puccinia

psidii, e constataram que temperaturas entre 15º e 18ºC, um mínimo de seis horas de câmara

úmida e o uso de água destilada esterilizada são as melhores condições para a germinação de urediniósporos. Foi observado o mesmo em trabalho sobre influência de diferentes temperaturas na germinação de urediniósporos de Puccinia psidii, por Ferreira (1981), que determinou a temperatura de 15ºC como a temperatura que mais favorece o processo. Ruiz et al. (1989b), avaliando o nível de infecção em povoamentos de Eucalyptus cloeziana, verificaram que o maior índice de doença ocorreu nas temperaturas de 20º a 25ºC e a 24 horas de água livre na superfície foliar. Segundo os mesmos autores à 20ºC, o período ótimo estimado de água livre para infecção foi de 31 horas, contudo a temperatura ótima estimada para infecção foi de 23ºC.

O período latente ou de geração de Puccinia psidii é relativamente curto, variando em média de cinco a sete dias. Infecção e esporulação variam com o período de molhamento, temperatura, fenologia do hospedeiro e luz (ALFENAS et al., 2000). No campo, sob temperaturas de 18º a 25ºC e umidade relativa acima de oito horas de duração, a enfermidade incide em órgãos jovens da planta. Temperaturas menores ou iguais à 10ºC e temperaturas maiores ou iguais à 30ºC, presença de luz e inexistência de órgãos juvenis

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limitam os processos iniciais de infecção. Temperaturas abaixo de 15ºC e acima de 30ºC, após incubação, limitam a esporulação (ALFENAS et al., 2000).

Em condições de infecção natural, altos níveis de intensidade da ferrugem do eucalipto são, geralmente, esporádicos sobre procedências e progênies suscetíveis, podendo ocorrer durante um mês apenas, ou de cinco a mais meses durante o ano (CARVALHO et al., 1994). Esta ocorrência é dada, segundo Ruiz et al. (1989a), quando prevalecem, durante um período mínimo de oito horas, as temperaturas noturnas entre 18º e 25ºC e umidade relativa superior ou igual à 90%. Posto isso, no Brasil, as condições favoráveis para a ocorrência da ferrugem ocorrem nos meses de maio à agosto, períodos em que foram registrados altos índices da doença no campo (RUIZ et al., 1989a; TAKAHASHI et al., 1999).

Aparecido et al. (2003) avaliaram o efeito da idade e da temperatura na germinação de urediniósporo de Puccinia psidii em jambeiro e goiabeira, verificaram que estruturas com 10 dias, mantidas a 15, 18 e 21°C e coletadas de plantas de jambo apresentaram cerca de 30% de germinação, diferindo daquelas provenientes de goiabeira, com mesma idade e submetidas às mesmas temperaturas, que apresentaram germinação inferior a 15%. Para esporos com 14 dias, a 21°C coletados de jambeiro registrou-se a maior porcentagem de germinação, 36,4%. Com relação às estruturas coletadas na goiabeira, aos 21 dias e sob 15°C, foi registrado o maior valor, 29,4%. Aos 34 dias, registrou-se 0% de germinação a qualquer das temperaturas estudadas tanto para jambeiro como para goiabeira.

Não somente para atacar o eucalipto, mas também outros hospedeiros,

Puccinia psidii depende muito de aspectos fenológicos específicos, tais como órgãos tenros

em eucalipto, jambeiro e goiabeiras e frutos nas jabuticabeiras. Assim, quando os órgãos tenros são infectados, morrendo posteriormente, um novo ataque somente ocorrerá quando novas brotações surgirem e, além disso, se surgirem em condições ambientais propícias às infecções pelo patógeno. Desde 1979 vêm-se observando brotações em plantas de jambeiro e frutificações em jabuticabeira, principalmente as temporonas, em condições naturais, em Viçosa-MG. Sempre que as folhas tenras de jambeiro, ainda com colorações verde-arroxeadas ou róseo-arroxeadas, ou as frutificações de jabuticabeiras, surgem em dias com temperaturas relativamente baixas ou moderadas e elevada umidade, muitas vezes dias garoentos, as infecções de P. psidii surgem quase repentinamente e de maneira intensa, sugerindo que o

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fungo tenha mecanismos de sobrevivência muito eficientes, ficando à espera apenas de que as condições ambientais e fenológicas o favoreçam para causar as infecções. Nessa sobrevivência, talvez os teliósporos possam ter lugar de destaque (FERREIRA, 1989).

Em eucaliptais jovens maciçamente atacados, como no caso das plantações de E. grandis – procedência da África do Sul, com cerca de seis meses de idade, em que somente no Município de Ipatinga mais 300 ha se apresentaram repentina e extensivamente atacados, fica a dúvida: - qual a procedência do inóculo primário e como é que esta doença se dissemina tão rapidamente nos plantios? – O inóculo pode ser proveniente de urediniósporos do patógeno que infecta mirtáceas nativas ou exóticas em áreas vizinhas às do reflorestamento ou mesmo dentro deste, nas veredas e brejos que ficam sem reflorestar. Segundo Maclachlan (1938), os urediniósporos de P. psidii perdem viabilidade permanecendo durante três semanas a 15,5°C. Uma outra hipótese para a origem do inóculo primário seria por meio dos teliósporos, que garantiriam a sobrevivência do patógeno nas mesmas mirtáceas acima. Quando as condições ficassem favoráveis, esses teliósporos germinariam nas proximidades das plantações, de onde os basidiósporos poderiam ser disseminados pelo vento até as plantas do eucalipto, estabelecendo-se as primeiras infecções. Todavia, até o momento, a infectividade de basidiósporos de P. psidii foi demonstrada experimentalmente apenas em folhas de jambeiro (FIGUEIREDO et al., 1984). Uma vez surgidas as primeiras pústulas, as infecções secundárias, dentro de uma mesma planta, ocorreriam principalmente pela ação do orvalho, chuva, insetos e ventos, redistribuindo os uredosporos pelos órgãos tenros da planta. De uma planta para outra, os fatores ventos, principalmente em dias garoentos, e insetos parecem ser os agentes de disseminação mais importantes. A rápida disseminação da doença nos plantios dá-se pela eficiência dos agentes de disseminação, que atuam em consonância com o relativamente curto período de geração que esta ferrugem apresenta, ou seja, cinco a sete dias, definindo-se período de geração como o tempo que vai desde a inoculação até o aparecimento das primeiras pústulas. Apenas para que se tenha uma idéia desse relativo curto período de geração de Puccinia psidii em eucalipto, basta confrontá-lo com o apresentado por

Hemileia vastatrix em cafeeiro, que é 20-30 dias (FERREIRA, 1989).

Os fatores temperatura, água livre e luz afetam significativamente o processo inicial de infecção de P. psidii em eucalipto (CASTRO, 1983; FERREIRA, 1983; RUIZ, 1988) e outras mirtáceas (MACLACHLAN, 1938). Essa fase inicial de infecção

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corresponde ao processo de germinação de esporos e início de penetração e colonização do patógeno no tecido hospedeiro, equivalente ao período de permanência de plantas em câmara úmida imediatamente pós-inoculação artificial. Dentre cinco temperaturas testadas, com duração de 12 horas, e, ágar-simples, no escuro, de 10 a 30°C, em intervalo de 5°C, a temperatura mais favorável a germinação (78%) de urediniósporos de P. psidii procedente de eucalipto e jambeiro foi de 15°C. A 10 e 20°C houve satisfatórias percentagens de germinação de urediniósporos, de 33,7 e 46,1%, respectivamente. A 25 e 30°C houve muito pouca germinação, de 5,0 e 0,2%, respectivamente (FERREIRA, 1983). O efeito inibitório da luz na germinação de urediniósporos de P. psidii foi demonstrado por Ruiz (1988), que estudou a influência dos períodos crescentes de luz ou escuro, de quatro a 24 horas, na germinação dos urediniósporos a 20°C, em ágar-simples.

Várias temperaturas e tempos de água livre têm sido testados no processo inicial de infecção da ferrugem do eucalipto, envolvendo a germinação e início de penetração e colonização do patógeno. Para isso, mudas de eucalipto, depois de submetidas aos tratamentos do binômio temperatura e tempo de água livre durantes seus períodos de permanência em câmara úmida, no escuro, foram posteriormente levadas para ambiente de 20°C, com 12 horas de fotoperíodo, durante 12 dias. De 10 a 25°C houve infecção de P. psidii nas mudas a partir de um tempo mínimo houve satisfatória infecção do patógeno. Melhor infectividade observada deu-se a 20°C com 24 horas de permanência das mudas em câmara úmida. A temperatura de 30°C durante os tempos de água livre testados na superfície foliar, de seis a 48 horas, não propiciou infecção do patógeno em mudas de eucalipto. A luz, quando aplicada durante o período de permanência das mudas inoculadas em câmara úmida, mostrou-se também inibitória do processo de germinação de urediniósporos e início de penetração e colonização do patógeno (RUIZ, 1988). Estudos realizados por Castro (1983) levaram-no a acreditar que de 17 a 25°C é provável que a infecção de P. psidii em eucalipto ocorra num período menor do que 12 horas de água livre na superfície foliar. Desses estudos (CASTRO, 1983; RUIZ, 1988) pode-se concluir que, para condições de campo para o Sudeste brasileiro, os períodos noturnos de abril a agosto reúnem, com maior freqüência, os fatores que mais favorecem o processo de germinação de urediniósporos e início de penetração e colonização

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de P. psidii em eucalipto (escuro, temperatura relativamente baixas ou moderadas e período de molhamento foliar por orvalho ou garoa, de seis ou mais horas).

A influência dos fatores temperatura e luz na continuidade da colonização e produção de esporos de P. psidii em mudas de eucalipto tem sido estudada. Esta etapa do processo infectivo corresponde à fase que ocorre após retirada das mudas inoculadas artificialmente da condição de câmara úmida. Nenhuma esporulação do patógeno foi observada em mudas que permaneceram 12 dias a 15°C, em ambiente com fotoperíodo de 12 horas de luz. Após esse período de observação (12 dias), as mudas foram transferidas para ambiente análogo, a 20°C, exibindo esporulação uredospórica dois dias depois. Isso sugeriu que a temperatura de 15°C teve efeito genestático, permitindo o crescimento micelial e a colonização dos tecidos, mas inibindo a esporulação de P. psidii. Presumindo que, após retiradas da câmara úmida e submetidas a 12 dias durante certa temperatura, o maior número de urédias/2,4 cm² de tecido foliar refletiria resultado da melhor condição para colonização e esporulação do patógeno de poder repetitivo do seu ciclo nos tecidos de eucalipto, a temperatura de 20˚C foi a mais favorável (195 urédias/2,4 cm²), dentre quatro temperaturas testadas a intervalo de 5ºC, de 15 a 30ºC (RUIZ, 1988). A temperatura de 25ºC foi francamente favorável à colonização do patógeno, mas pouco favorável à sua esporulação uredospórica (58 urédias/2,4 cm²) e altamente favorável à esporulação teliospórica (182 télias/2,4cm²). A temperatura de 30°C foi desfavorável tanto à esporulação uredospórica quando à teliospórica. A luz aplicada nessa fase do processo infectivo favorece tanto a produção de urediniósporos quanto a de teliósporos (RUIZ, 1988). O surgimento de esporulação teliospórica predominante sobre a uredospórica de P. psidii deve ser interpretada como reflexo de reação na fisiologia do patógeno diante de condições de ambiente ou de hospedeiro que são desfavoráveis à repetitividade do seu ciclo pela via uredospórica, forçando-o a buscar recursos de variabilidade genética ou de produção de estruturas de resistência para sua sobrevivência. Pelo menos um desses recursos virá em decorrência da produção de teliósporos. Diante desse fato e dos resultados anteriores, pode-se presumir que temperaturas próximas de 20°C são favoráveis à repetitividade de P. psidii em eucalipto, ou à doença ferrugem do eucalipto em si. Condições de temperaturas relativamente baixas ou moderadas, aliadas a tempo de água livre na superfície foliar maior que seis horas e escuro,

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permitem e favorecem a germinação de urediniósporos e o início de penetração e colonização de patógeno; Tais temperaturas na presença de luz, e independente de umidade, são favoráveis à continuidade da colonização e esporulação uredospórica; Temperaturas relativamente elevadas (próximas ou superiores a 30°C) impedem o processo de germinação de urediniósporos e o início de penetração e colonização, e desfavorecem a continuidade da colonização e a esporulação uredospórica (RUIZ, 1988).

Suzuki & Silveira (2003) avaliaram a germinação in vitro de urediniósporos de Puccinia psidii armazenados sob diferentes combinações de umidade relativa e temperatura e concluíram que urediniósporos com percentuais iniciais altos de germinação (76 a 83%), quando armazenados a baixas temperatura e umidade relativa (4 +2°C e 40 +5% UR), mantiveram-se viáveis por até 100 dias, com valores de germinação acima de 3%. A temperatura foi o fator que mais afetou a viabilidade dos esporos armazenados. O efeito deletério de temperaturas elevadas sobre urediniósporos de Puccinia psidii pode ser outro fator que contribui para a menor incidência da doença nas épocas mais quentes do ano.

Aparecido et al. (2003) avaliaram a influência da temperatura sobre a infecção, formação de teliósporos e produção de basidiósporos por Puccinia psidii, constatando que temperaturas amenas favoreceram todo o ciclo vital do patógeno uma vez que, quando as mesmas variaram de 15° a 23°C, beneficiaram a infecção e induziram à elevada produção de soros teliais e basidiósporos.

Ferreira (1981) estudando a ocorrência, temperatura para germinação de uredosporos, produção de teliósporos, hospedeiro alternativo e resistência da ferrugem do eucalipto verificou dentre as temperaturas de 15, 20, 25 e 30°C testadas para a germinação de uredosporos em agar-simples, a mais favorável foi 15°C. Inoculações com uredosporos apresentaram período latente de 5 a 7 dias. O reduzido período latente e a preferência por temperaturas relativamente baixas, aliada à necessária alta umidade para infecções, ajudam a explicar a ocorrência da doença em surtos esporádicos, de relativa curta duração e de rápida disseminação.

Outro fato importante da ferrugem do eucalipto é que, de modo geral, plantas com mais de dois anos ou no estádio fenológico C não são mais vistas sendo atacadas pelo patógeno. Isso provavelmente se deve ao fato de que a partir dessa idade, ou estádio, os órgãos suscetíveis já se encontram em alturas da planta em que o ambiente é mais ventilado,

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com mais baixa umidade relativa, ou de difícil acesso ao inóculo uredospórico do patógeno pelas vias normais de sua dispersão no campo (FERREIRA, 1989).

Mesmo nas plantações mais jovens e de procedências reconhecidamente muito suscetíveis a P. psidii, a ferrugem do eucalipto é uma doença de surtos esporádicos. Seus ataques podem surgir, mas também desaparecerem em quaisquer épocas do ano. Uma plantação pode não ter a ferrugem ou pode tê-la durante apenas um mês por ano, ao passo que outras podem tê-la durante cinco meses ou mais. Nesse último caso, a época anual mais propícia para isso é de abril a agosto, conforme mencionado anteriormente. No caso de apenas um surto de um mês por ano, provavelmente o que acontece é o seguinte: a partir de duas semanas das infecções, a esporulação das partes tenras vai-se ressecando, deixando-as com apenas fortes necroses; com três semanas esse ressecamento já é total. A partir de quatro semanas, as brotações começam a aparecer, mas nessa época, as condições ambientais podem não ser favoráveis ao patógeno, ocorrendo em campo, por exemplo, períodos contínuos com dias quentes, ensolarados, noites com temperaturas relativamente elevadas e com menos de seis horas de água livre. Nesse caso, as brotações não seriam atacadas e desenvolver-se-iam até o amadurecimento, reinfolhando a planta, que passaria a ter, a partir daí, fenologia normal. Aparentemente, para que um surto de ferrugem do eucalipto se estabeleça extensivamente no campo, é preciso haver, após o aparecimento das primeiras pústulas uredospóricas em alguma(as) planta(s), períodos de duas a três semanas com noites de temperaturas relativamente baixas ou moderadas, e formação de água livre (orvalho ou garoa) nas superfícies dos órgãos tenros durantes seis ou mais horas, continuamente ou interrompidos, esparsadamente, por uma ou duas noites sem essas condições, seguindo-se períodos durante o dia em que a temperatura média fique sempre abaixo de 25°C. A caracterização da ferrugem do eucalipto como doença favorecida por temperatura relativamente baixa ou moderada e alta umidade (água livre) decorre de observação dos surtos da doença em condições de campo (FERREIRA, 1983; RUIZ, 1988) e de estudos de fatores que mais favorecem a produção, germinação e infecções uredospóricas e a produção e germinação de teliósporos (CASTRO, 1983; FERREIRA, 1983; RUIZ, 1988). Em condições naturais, tanto eucalipto quanto jambeiro, os teliósporos surgem muito mais freqüentemente nas épocas mais quentes do ano. Em condições de inoculações artificiais, após o período de

Referências

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