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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.442.224 - SP (2014/0057335-9)

RELATOR : MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR

AGRAVANTE : FÁBIO YUSSEI IVANAGA

ADVOGADOS : ISMAR MARCÍLIO DE FREITAS NETO E OUTRO(S)

PEDRO AUGUSTO DE PADUA FLEURY AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE. LEI N. 11.343/2006. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. INTRODUÇÃO ILEGAL EM TERRITÓRIO NACIONAL DE INSUMO DE ENTORPECENTES. IMPORTAÇÃO CLANDESTINA DE SEMENTES DE CANNABIS SATIVA .

MATÉRIA-PRIMA DESTINADA À PREPARAÇÃO DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE. CONDUTA TÍPICA. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE EM RAZÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO DELITO. OBITER DICTUM.

1. A importação clandestina de sementes de cannabis sativa linneu (maconha) configura o tipo penal descrito no art. 33, § 1º, I, da Lei n. 11.343/2006.

2. A conduta do agravante atendeu tanto à tipicidade formal – pois constatada a subsunção do fato à norma incriminadora – quanto à subjetiva, visto que inegável o dolo do agente ao solicitar a importação clandestina das sementes de maconha, consequentemente há como reconhecer presente a tipicidade material, na medida em que o comportamento atribuído se mostrou suficiente para caracterizar o tráfico, nos termos do art. 33, § 1º, I, da Lei n. 11.343/2006.

3. Não se aplica à espécie a Súmula 7/STJ, porquanto não se discutem fatos, mas, sim, sua classificação jurídica. Em termo diversos, dir-se-á, ainda, e com razão, que a função deste Superior Tribunal não é revolver provas, rediscutir matéria fática. No entanto, também seria suma injustiça aceitar os fatos mas a errônea classificação jurídica dada pelas instâncias ordinárias, se a outra classificação, mesmo tendo como incontroversos os fatos, chegar a este Superior Tribunal.

4. As simples considerações feitas de passagem pelo Tribunal de origem, a título de obiter dictum , não revelam uma tese jurídica oportunamente suscitada e devidamente resolvida no acórdão a

quo, na forma como exigido pelo conceito de causa decidida

presente no art. 105, III, da Constituição da República, para autorizar a revisão da matéria por este Superior Tribunal.

5. A jurisprudência deste Superior Tribunal considera que não se aplica o princípio da insignificância aos delitos de tráfico de drogas e Documento: 1515284 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 13/06/2016 Página 1 de 9

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uso de substância entorpecente, pois trata-se de crimes de perigo abstrato ou presumido, sendo irrelevante para esse específico fim a quantidade de droga apreendida.

6. Não há falar em ofensa ao art. 34, XVIII, c, do RISTJ, que franqueia ao relator a possibilidade de dar provimento ao recurso especial quando a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com jurisprudência dominante de Tribunal Superior.

7. O agravo regimental não merece prosperar, porquanto as razões reunidas na insurgência são incapazes de infirmar o entendimento assentado na decisão agravada.

8. Agravo regimental improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro, Antonio Saldanha Palheiro e Maria Thereza de Assis Moura votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 24 de maio de 2016 (data do julgamento).

Ministro Sebastião Reis Júnior Relator

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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.442.224 - SP (2014/0057335-9)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR: Trata-se de

agravo regimental interposto por Fábio Yussei Ivanaga contra decisão que concedeu provimento ao recurso especial do agravado para determinar o

prosseguimento da ação penal em desfavor do recorrido, na 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo/SP (fl. 226).

A ementa do decisum agravado merece transcrição (fl. 221):

RECURSO ESPECIAL. LEGISLAÇÃO EXTRAVAGANTE. LEI N. 11.343/2006. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. IMPORTAÇÃO CLANDESTINA DE SEMENTES DE CANNABIS SATIVA .

MATÉRIA-PRIMA DESTINADA À PREPARAÇÃO DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE. CONDUTA TÍPICA. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO PENAL.

Recurso especial provido.

As seguintes proposições são extraídas do agravo regimental (fls. 232/249):

a) a pretensão disposta no recurso especial do agravado não merece conhecimento, em razão do óbice da Súmula 7/STJ;

b) em desfavor do recurso especial do agravado milita o disposto na Súmula 126/STJ, porquanto o acórdão a quo também contém fundamento constitucional (princípio da dignidade da pessoa humana), além do substrato infraconstitucional;

c) a importação de sementes de maconha foi considerada ato ilícito de forma indevida pelo Relator, porque utilizou, para a configuração do dissídio jurisprudencial, acórdão em habeas corpus ;

d) os acórdãos utilizados pelo Relator em seu decisum singular não se amoldam ao caso disposto nos autos; logo, não atendido o contido no art. 34, XVIII, c, do RISTJ;

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e) por ser extremamente reduzida a quantidade de sementes importadas, somado ao fato de o acusado não ostentar antecedentes, cujas

sementes foram apreendidas pelos Correios (ou seja, o agravante nunca teve sua posse), sem sequer colocar minimamente em eventual risco a sociedade, estão preenchidos os requisitos para se aplicar o princípio da insignificância

(fl. 246);

f) requer-se a atribuição de efeito suspensivo ativo ao agravo regimental para impedir a consecução dos efeitos do decisum agravado.

Por fim, requer a parte agravante a reforma da decisão ou o envio do feito para exame do Colegiado, para a consignação da absolvição da parte agravante, com efeito suspensivo ativo ao agravo regimental.

Dispensou-se a oitiva da parte contrária. É o relatório.

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AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.442.224 - SP (2014/0057335-9)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR (RELATOR):

O agravo regimental não merece provimento.

Desde já afirmo que, segundo a jurisprudência deste Superior Tribunal, a importação clandestina de sementes de cannabis sativa linneu (maconha) configura o tipo penal descrito no art. 33, § 1º, I, da Lei n. 11.343/2006.

No caso em concreto, entre 25/2/2012, data da postagem da encomenda, oriunda do Reino Unido, e 23/3/2012, data na qual a encomenda já estava em território nacional, o recorrido importou, sem autorização e em

desacordo com normas legais e regulamentares, matéria-prima (28 sementes) destinadas à preparação de drogas (maconha) – fl. 112.

Diante disso, o acórdão a quo, ao determinar o trancamento da ação penal em razão da atipicidade da conduta do agravante, firmou-se em sentido contrário à jurisprudência deste Superior Tribunal (fls. 111/115).

Confira-se: a importação clandestina de sementes de cannabis

sativa (maconha) amolda-se ao tipo legal insculpido no art. 33, § 1º, da Lei n. 11.343/2006 (AgRg no REsp n. 1.546.313/SC, da minha relatoria, Sexta

Turma, DJe 5/11/2015).

Consoante se observa dos autos, a conduta do agravante atendeu tanto à tipicidade formal – pois constatada a subsunção do fato à norma incriminadora – quanto à subjetiva, visto que inegável o dolo do agente ao solicitar a importação clandestina das sementes de maconha, consequentemente há como reconhecer presente a tipicidade material, na medida em que o comportamento atribuído se mostrou suficiente para caracterizar o tráfico, nos termos do art. 33, § 1º, I, da Lei n. 11.343/2006, isto é, introdução ilegal, em território nacional, de insumo de entorpecente (fls.

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111/115 e 133/148).

Em acréscimo, deixo claro que não se aplica à espécie a Súmula 7/STJ, porquanto não se discutem fatos, mas, sim, sua classificação jurídica. Em outros termos, dir-se-á, ainda, e com razão, que a função deste Superior Tribunal não é revolver provas, rediscutir matéria fática. No entanto, também seria suma injustiça aceitar os fatos mas a errônea classificação jurídica dada pelas instâncias ordinárias, se a outra classificação, mesmo tendo como incontroversos os fatos, chegar a este Superior Tribunal. Não se discutem fatos, mas, sim, sua classificação jurídica.

Na verdade, a controvérsia disposta nos autos é aquela descrita no trecho do acórdão seguinte: na via especial, a discussão acerca da

classificação jurídica dos fatos dispostos nos autos mitiga a incidência da Súmula 7/STJ (AgRg no REsp n. 1.475.684/RS, da minha relatoria, Sexta

Turma, DJe 31/10/2014).

Da mesma forma, contravindo os argumentos do agravante, inaplicável a Súmula 126/STJ, pois a matéria infraconstitucional é a única a sustentar o acórdão regional. Friso que o argumento constitucional (princípio da dignidade da pessoa humana) vertido no voto condutor do acórdão a quo reveste-se de caráter obiter dictum (fls. 111/115 e 133/148).

Melhor esclarecendo, as simples considerações feitas de passagem pelo Tribunal a quo, a título de obiter dictum, não revelam uma tese jurídica

oportunamente suscitada e devidamente resolvida pela Corte Estadual, na forma como exigido pelo conceito de causa decidida presente no art. 105, inciso III, da Constituição Federal, para autorizar a revisão da matéria por esta Corte Superior (AgRg no REsp n. 1.222.513/RS, Ministro Marco Aurélio

Bellizze, Quinta Turma, DJe 26/2/2013).

Em relação à suposta ocorrência de crime tentado – importação ilegal de insumos para a produção de maconha –, concluo, da atenta leitura dos autos, que não há dúvidas acerca da consumação do delito, porquanto as

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sementes se encontravam com destino certo, qual seja, o endereço da residência do agravante, ou seja, em não havendo dúvidas acerca do lugar da

consumação do delito, da leitura do caput do art. 70 do CPP, torna-se óbvia a definição da competência para o processamento e julgamento do feito (CC n.

132.897/PR, Ministro Rogerio Schietti Cruz, Terceira Seção, DJe 3/6/2014). Indevida a incidência do princípio da insignificância in casu , sobretudo porque a jurisprudência deste Superior Tribunal considera que não se aplica tal princípio aos delitos de tráfico de drogas e insumos, além do uso de substância entorpecente, pois trata-se de crimes de perigo abstrato ou presumido, sendo irrelevante para esse específico fim a quantidade de droga apreendida.

Nesse sentido: AgRg no AREsp n. 330.958/DF, da minha relatoria, Sexta Turma, DJe 23/4/2015.

Afora isso, não há falar em ofensa ao art. 34, XVIII, c, do RISTJ que franqueia ao relator a possibilidade de dar provimento ao recurso especial

quando a decisão recorrida estiver em manifesto confronto com jurisprudência dominante de Tribunal Superior (AgRg no REsp n. 1.252.964/PR, Ministra

Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, DJe 28/11/2013).

Em necessária síntese, repita-se: a importação de matéria-prima (sementes de maconha) com a finalidade de se produzir droga é tipificada no art. 33, § 1º, I, da Lei n. 11.343/2005.

Diante disso, não merece reforma o decisum agravado que, ao conceder provimento ao recurso especial do Parquet , determinou o prosseguimento da ação penal em desfavor do agravante (fl. 226):

[...] Ante o exposto, com fulcro no art. 34 do RISTJ e no disposto na Súmula 568/STJ, dou provimento ao recurso especial para, ao cassar o acórdão regional (fls. 133/148), determinar o prosseguimento da ação penal em desfavor do recorrido, na 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo/SP, consoante a presente decisão.

[...]

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Dessa forma, o agravo regimental não merece prosperar, porquanto as razões reunidas na insurgência são incapazes de infirmar o entendimento assentado na decisão agravada.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO

SEXTA TURMA

AgRg no

Número Registro: 2014/0057335-9 REsp 1.442.224 / SP

MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 00255900320134030000 122848220124036181 201303000255900

255900320134030000

PAUTA: 24/05/2016 JULGADO: 24/05/2016

Relator

Exmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ Subprocuradora-Geral da República

Exma. Sra. Dra. MARIA ELIANE MENEZES DE FARIA Secretário

Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RECORRIDO : FÁBIO YUSSEI IVANAGA

ADVOGADOS : ISMAR MARCÍLIO DE FREITAS NETO E OUTRO(S)

PEDRO AUGUSTO DE PADUA FLEURY

ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes de Tráfico Ilícito e Uso Indevido de Drogas - Tráfico de Drogas e Condutas Afins

AGRAVO REGIMENTAL

AGRAVANTE : FÁBIO YUSSEI IVANAGA

ADVOGADOS : ISMAR MARCÍLIO DE FREITAS NETO E OUTRO(S)

PEDRO AUGUSTO DE PADUA FLEURY

AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Sexta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

Os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro, Antonio Saldanha Palheiro e Maria Thereza de Assis Moura votaram com o Sr. Ministro Relator.

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