Boletim do Centro Regional de
Informação das Nações Unidas
Bruxelas, Março de 2007, N.º 23
Caricaturas em Bruxelas
Este mês temo-nos dedi-cado a organizar três novas edições de Carica-turas pela paz”. Alguns de vós lembrar-se-ão de que a iniciativa nasceu a 16 de Outubro do ano passado, na Sede da ONU, em Nova Iorque, com uma conferência e uma exposição de caricaturas políticas. O caso das caricaturas dinamarquesas e a controversa exposição de cartazes sobre o Holocausto, no Irão, ilustraram bem o poder e a responsabilidade dos caricatu-ristas políticos.
A ideia de “Caricaturas pela Paz” foi concebida pelo caricaturista francês Plantu, que convidou os seus amigos em todo o mundo a associarem-se a ele, na ONU, para falar da responsabilidade que implica aparecer diariamente nas primei-ras páginas dos jornais a comentar as notícias. O evento alcançou um grande êxito, sobretudo porque aqueles carica-turistas não eram só artistas talentosos e responsáveis mas também divertidos. Nasceu, assim, um movimento.
A segunda edição da iniciativa teve lugar na Sede da ONU em Genebra, quando
do primeiro aniversário do Conselho de Direitos Humanos. A Directora do Servi-ço de Informação das Nações Unidas em Genebra, Marie Heuze, organizou um acontecimento notável. Em parceria com os organizadores do Festival Internacio-nal do Filme de Direitos Humanos, pro-moveu um debate corajoso e interessan-te com Plantu e seis outros caricaturis-tas. A próxima edição decorrerá em França, cujo Ministério da Cultura e Comunicação acolherá os nossos carica-turistas.
A fim de celebrar o Dia da Liberdade de Imprensa, a 3 de Maio, dez caricaturistas da Argélia, Bélgica, República Democráti-ca do Congo, Egipto, Líbano, Israel, Dina-marca, Estados Unidos e, é claro, Plantu virão a Bruxelas. UNRIC está a trabalhar em parceria com o Centro Belga da Banda Desenhada para organizar uma mesa redonda e montar uma exposição de caricaturistas políticos, que estará aberta ao público durante dois meses. A 4 de Maio, os caricaturistas encontrar-se-ão com personalidades influentes de Bruxelas na Biblioteca Solvay, que acolhe os “Friends of Europe”.
Esteja atento a este espaço para mais notícias sobre “Caricaturas pela Paz”.
Editoral
- Afsane Bassir-Pour
A Assembleia Geral da ONU aprovou, a 15 de
Março, importantes propostas de reforma
apresentadas pelo Secretário-Geral Ban
Ki-moon, nomeadamente a designação de um Alto
Representante para Assuntos de
Desarmamen-to e a reestruturação das funções de
manuten-ção da paz, a fim de assegurar um melhor
pla-neamento, um envio mais rápido de forças e
um processo mais dinâmico.
O apoio da Assembleia traduziu-se na
adopção de duas resoluções, facto que
foi considerado pelo Secretário-Geral
como “um bom começo para o nosso
trabalho em conjunto”. “Agora, podemos
iniciar uma iniciativa de reforma a um só
voz – uma colaboração assente na
con-fiança recíproca”, disse, prometendo
continuar a consultar os
Estados-membros “num espírito de abertura e de
transparência”.
Na sua resolução sobre o reforço da
capacida-de da ONU no domínio da manutenção da paz
(A/RES/61/256), a Assembleia apoiou a
reestru-turação do Departamento de Operações de
Manutenção da Paz (DPKO), incluindo a
cria-ção de um novo Departamento de Apoio
Logístico.
De acordo com o plano, o novo
Departamen-to de Operações de Paz trataria de Departamen-todos os
factores relacionados com estratégia,
planea-mento e envio de forças, enquanto o
Departa-mento de Apoio Logístico assumiria a
respon-sabilidade pela gestão.
Pela resolução sobre a promoção da agenda do
desarmamento (A/RES/61/257), a Assembleia
apoiou a criação de um Gabinete de Assuntos
de Desarmamento, “mantendo, ao mesmo
tempo, a autonomia orçamental e integridade
das actuais estruturas e funções do actual
Departamento de Assuntos de
Desarmamen-to”. O novo Gabinete será chefiado por um
Alto Representante com a categoria de
Secre-tário-Geral Adjunto, ou seja, a mesma do
actual chefe do Departamento.
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Assembleia Geral apoia propostas de reforma de Ban Ki-moon em prol de uma ONU mais forte
A Vice-Secretária-Geral da ONU deslocou-se a Bruxelas, onde teve encontros com funcionários da UE, incluindo o Comissário para o Desenvolvimento e a Ajuda Humanitária, Louis Michel, e com o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Bélgica, Karel De Gucht.
Durante a sua presença na capital belga, Asha-Roge Migiro assistiu ao lançamento do relatório The
Partnership between the UN and the EU, o primeiro a descrever
minuciosamente a parceria entre as duas organizações.
O relatório explica que a ONU e a Comissão Europeia trabalham em conjunto em mais de 80 países em desenvolvimento e países em transição, produzindo um impacto considerável nas esferas do desenvolvimento e dos direitos humanos, da assis-tência humanitária e da reabilita-ção e recuperareabilita-ção no pós-conflito. Incidindo sobre os
resul-tados da parce-ria entre a CE e a ONU no terreno, dá uma ideia da amplitude e profundidade da colaboração
entre as duas organizações. A primeira análise realizada pela ONU da totalidade da sua coo-peração para o desenvolvimento e no domínio da ajuda humanitá-ria no terreno com a CE aponta claramente áreas em que a ONU acrescenta valor ao trabalho da CE, nomeadamente áreas sensí-veis de governação que benefi-ciam com a legitimidade mundial e a imparcialidade de que a ONU goza, áreas temáticas onde a ONU tem conhecimentos espe-cíficos essenciais e casos em que o mais importante é a coordena-ção entre múltiplos actores e doadores.
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Em visita a Bruxelas, Vice-Secretária-Geral
Asha-Rose Migiro assiste a lançamento de relatório
Após mais de um ano de conversações, comprovando que se tornou “evidente que as partes não são capazes de chegar a um acordo sobre o futuro estatuto do Kosovo”, o Enviado Especial da ONU, Martti Ahti-saari, pronunciou-se a favor de um «futuro Kosovo independente, viável, duradouro e estável», numa primeira fase sob a supervisão de um Represen-tante Civil Internacional.
A palavra “independência” aparece, pela primeira vez, no relatório definitivo do Enviado Especial do Secretário-Geral, transmitido ao Conselho de Segurança a 26 de Março.
O antigo presidente finlandês considera “urgente resolver a questão fundamen-tal” do estatuto, afirmando que o “Kosovo não poder permanecer no seu estado actual de indeterminação”, pois a incerteza tornou-se um “obstáculo importante à sua evolução democrática, à consagração do princípio de responsa-bilidade, à recuperação económica e à reconciliação interétnica”.
Martti Ahtisaari considera que “a única opção viável para o Kosovo é a inde-pendência, numa primeira fase sob supervisão da comunidade internacio-nal”, mas sublinha: “o Kosovo é um caso inédito que requer uma solução inédita. Esta solução não constitui um preceden-te para outros conflitos que não foram resolvidos”.
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nça Internacionais
Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC
Secretário-Geral apoia proposta de um
Kosovo independente
der
O Secretário-Geral transmitiu ao Presidente do Conselho de Segurança o relatório sobre o futuro estatuto do Kosovo, assim como o projecto de resolução global elaborado pelo seu Enviado Especial, Martti Ahtisaari, que recomenda a independência supervisionada pela comunidade interna-cional.
O Secretário-Geral exprimiu o seu pleno apoio ao relatório e ao projec-to do seu Enviado Especial, numa mensagem em que salienta que esta etapa marca uma “fase decisiva” na determinação do Kosovo, província da Sérvia sob administração da ONU, desde 1999.
“O Conselho de Segurança recebeu um plano que o Secretário-Geral considera conter todos os elementos necessários para uma solução justa e duradoura sobre o futuro estatuto do Kosovo”, afirma Ban Ki-moon. O Secretário-Geral, para quem a adopção de uma solução duradoura para a questão do estatuto político do Kosovo deveria ser uma “prioridade da comunidade internacional no seu conjunto”, avisara: “o recurso de grupos extremistas à violência para atingir objectivos políticos não será tolerado e deverá ser firmemente condenado”.
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Kosovo: Martti Ahtisaari recomenda independência
sob supervisão internacional
Timor Leste: assinatura de um Código de Conduta
para eleições presidenciais de 9 de Abril
“O descontentamento da população continua a ser o principal factor de intensificação da insurreição”, afirma o Secretário-Geral, no seu último relató-rio sobre a situação no Afeganistão, o qual refere que a violência fez 2723 mortos entre 1 de Setembro de 2006 e 25 de Fevereiro de 2007.
“A violência ligada à insurreição atingiu o nível máximo em Setembro de 2006, depois, diminuiu, devido aos intensos esforços para garantir a segurança e à chegada do Inverno”, sublinha o relató-rio. “O número de incidentes durante os meses de Inverno foi, no entanto, muito superior ao número registado nos anos anteriores”.
Ban Ki-moon precisa que, desde o último relatório, “se verificou um aumento claro dos efectivos das forças de insurreição dispostos a realizar operações de combate clássicas contra as forças de segurança governamentais e internacionais”. Durante o período abrangido, ou seja, desde 11 de Setem-bro de 2006, o número de atentados-suicidas atingiu um nível recorde.
“No Norte do Afeganistão, a violência entre facções e a criminalidade conti-nuam a constituir um problema real
para as autoridades governamentais e a representar um perigo para o pessoal das organizações internacionais de ajuda”, afirma Ban Ki-moon. “A insegurança continua a ser o principal obstá-culo à realização dos direitos
humanos no Afeganistão”, recorda, frisando que “a igualdade de género não avança”.
Ban Ki-moon considera também “extremamente preocupante” a corrup-ção generalizada do sistema judicial e afirma que “a cultura da papoila do ópio e a economia da droga continuam a ganhar terreno”.
Atendendo a todos estes factores, entende que “chegou a hora de a comunidade internacional reconfirmar o seu compromisso em relação ao Afeganistão e agir rapidamente para consolidar os resultados obtidos ao longo dos seis últimos anos”.
Assim, recomenda que o mandato da UNAMA, que termina a 24 de Março, seja prorrogado por 12 meses”. O Chefe da Missão Integrada das
Nações Unidas em Timor Leste (UNMIT), Atul Khare, saudou a assinatura em Díli de um Código de Conduta para as eleições presiden-ciais previstas para 9 de Abril. “A assinatura de hoje [16 de Março] demonstra um reconhecimento formal dos princípios orientadores e das regras que ajudarão a garantir que as eleições sejam livres, justas, transparentes e pacíficas”, delcarou Atul Khare.
O Código de Condu-ta foi assinado pelos oito candidatos à presidência bem como por represen-tantes dos órgãos de soberanias de Timor Leste (Presidente da República, Governo, Parlamento e tribu-nais), da Igreja e da sociedade civil. Atul Khare sublinhou o compromis-so de aceitar o resultado das elei-ções ou de o contestar apenas perante os tribunais competentes, assumido por todos os candidatos, os seus representantes e apoiantes. Comprometeram-se também a fazer uma campanha “positiva”, com programas de acção isentos de ataques pessoais contra os outros candidatos, e a evitar toda e qual-quer influência “ilegítima” nos elei-tores.
Afeganistão: perante agravamento da insegurança
Ban Ki-moon recomenda prolongamento da
Guiné-Bissau: tensões políticas e sociais persistem,
enquanto a economia se deteriora
O clima político na Guiné-Bissau é marcado por diferendos cada vez mais profundos, num contexto económico muito frágil, afirma o Secretário-Geral no seu último relatório ao Conselho de Segurança.
“O apoio internacional é, sem dúvida, importante, mas o Governo deve continuar a mostrar o caminho, se quiser que as reformas sejam levadas a bom termo”, lembra o documento, publicado a 22 de Março e que incide essencialmente sobre a evolução da situação desde o último relatório de Kofi Annan, datado de 6 de Dezembro de 2006.
“É crucial que o Governo se continue a interessar de perto pelas reformas da administração pública e do sector da segurança, que são elementos-chave da estratégia de redução da pobreza e da promoção da estabilidade e do desenvolvimento”, diz Ban Ki-moon.
Year in Review 2006
UN Peace Operations – New Challenges, New Horizons
Além de factos e dados estatísticos e outras informações sobre as
actuais operações de manutenção da paz da ONU, a publicação, lançada
em Março, contém capítulos sobre os acordos de paz, de cessar-fogo e
de cessação de hostilidades alcançados com o apoio político e
diplomáti-co das Nações Unidas.
Assuntos Humanitários
Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC
O Fundo Central de Resposta em Situação de Emergência (CERF) festejou o seu primeiro ano de existência, a 9 de Março. Durante este período, foram atri-buídos mais de 376 mil milhões de dólares a programas de ajuda humanitária, em 40 países.
«Saúdo tudo o que foi conseguido pelo CERF ao longo do ano e aguardo com impaciência a consolidação e a continuação deste avanço, à medida que o Fundo for evoluindo», declarou John Holmes, Secretário-Geral Adjunto para os Assuntos Humanitários e Coordenador das Operações de Socorro de Emergência da ONU.
«Apesar de a generosidade demonstrada pelos doadores ter sido impressionante, espero ver ainda mais países, organizações e indivíduos juntarem-se a nós, no quadro de parcerias, a fim de apoiar este Fundo», acrescentou John Holmes.
Em 2006, numerosas contribuições do CERF foram utilizadas em crises humanitárias em que os civis foram apanhados num conflito armado, mas a maioria dos fundos foi utilizada como resposta a catástrofes naturais.
Primeiro aniversário do Fundo Central de Resposta em Situação de Emergência
As Nações Unidas e os seus parcei-ros humani-tários lança-ram um apelo urgente de 17,7 milhões destinado a apoiar os esforços do Governo moçam-bicano no sentido de socorrer as cente-nas de milhar de pessoas afectadas pelas cheias e pelo ciclone Favio, que atingi-ram o país no mês passado.
Os fundos obtidos serão aplicados na ajuda de emergência e de recuperação a prestar a 435 000 moçambicanos, duran-te cerca de 6 meses, afirmou o Gabineduran-te das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA).
O apelo da ONU surge em resposta ao plano de recuperação e reconstrução do Governo, no valor de 71 milhões, o qual se centra na reinstalação, produção agrícola, abastecimento de água e
estra-das, saúde e educação, infra-estruturas e rápida recuperação do sector privado. O Coordenador dos Assuntos Humani-tários da ONU, John Holmes, elogiou o Governo por se ter mostrado prepara-do, o que ajudou a evitar que uma catás-trofe natural se transformasse numa calamidade. «As autoridades mostraram uma liderança que permitiu que a ONU e aos seu parceiros prestassem apoio onde foi sendo necessário, a fim de garantir que as pessoas afectadas pos-sam reconstruir as suas vidas o mais rapidamente possível», acrescentou John Holmes.
O OCHA advertiu que os fundos gover-namentais, embora sejam bem-vindos, são insuficientes para fazer face às necessidades humanitárias. Entretanto, após mais de 40 dias de operações de ajuda humanitária, os recursos estão a «esgotar-se rapidamente».
Para mais informações
Moçambique: organismos da ONU solicitam 17,7 milhões
de dólares para ajudar as vítimas das cheias e do ciclone
Lançado jogo de vídeo que ensina a reduzir os riscos
associados a catástrofes naturais
As crianças podem agora aprender a agir perante catástrofes naturais – desde incêndios florestais a inundações ou tsunamis, passando por ciclones e sis-mos de grande intensidade - e a atenuar os efeitos destas, graças ao novo jogo de vídeo em linha lançado pela Estraté-gia Internacional de Redução de Catás-trofes (ISDR). O projecto resulta de uma campanha de educação da ISDR e ensina as crianças a construírem aldeias e cidades mais seguras. O jogo é consti-tuído por várias missões que têm de ser realizadas num tempo-limite e com um orçamento específico.
Deste modo, as crianças aprendem, de uma forma lúdica, em que medida o local e os materiais de construção utilizados são importantes, quando surge uma catástro-fe natural. É-lhes também ensinado como os sistemas de alerta precoce, os planos de evacuação e a educação podem salvar vidas. As crianças são os futuros arquitec-tos, governantes, médicos e pais do mundo de amanhã. Se souberem o que há a fazer para reduzir o impacto das catástrofes naturais, ajudarão a criar um mundo mais seguro.
Para jogar: http://www.stopdisastersgame.org/playgame.html
A instabilidade meteorológica
na África Austral, caracterizada
por condições que vão desde
secas abrasadoras a cheias
devastadoras, destruiu as
pers-pectivas de uma colheita para
milhões de pessoas e pode
significar mais um ano de
escassez geral de alimentos,
advertiu hoje o Programa
Ali-mentar Mundial (PAM) das
Nações Unidas, que se debate
com grande falta de fundos.
"Tudo indica que a África
Aus-tral poderá enfrentar, mais
uma vez, uma escassez
alimen-tar crítica no próximo ano",
disse o Director Regional do
PAM, Amir Abdulla. "É
neces-sário realizar avaliações tão
brevemente quanto possível, a
fim de determinar o impacte
das perdas agrícolas nestes
grupos, mas os indícios que já
existem relativamente a vários
países são alarmantes."
Mesmo sem as dificuldades
adicionais da irregularidade
geral das colheitas na África
Austral, o PAM enfrenta um
défice de fundos de
aproxima-damente 97 milhões de dólares
no que se refere às operações
em curso e a realizar até ao
final de 2007. O PAM presta
actualmente assistência a 4,3
milhões pessoas na região.
Partes de Angola, Madagáscar,
Moçambique, Namíbia e
Zâm-bia foram atingidas por cheias
devastadoras que destruíram
dezenas de milhares de
hecta-res de culturas durante a fase
de crescimento mais crítica.
Pelo contrário, no Lesoto, na
Namíbia, no Sul de
Moçambi-que, em grande parte da
Suazi-lândia e em zonas extensas de
terras de cultivo no Zimbabué,
têm-se registado secas
prolon-gadas que estão a destruir as
culturas ou a impedir o seu
desenvolvimento. O Lesoto,
por exemplo, prevê que a sua
produção agrícola diminua 60%
em comparação com o ano
passado.
Além disso, na África do Sul,
geralmente o maior produtor
de milho da região e um dos
locais de aprovisionamento do
PAM, receia-se que as
colhei-tas sejam fracas, devido ao
intenso calor que se tem feito
sentir nas últimas semanas e à
seca em algumas zonas do país.
Um dos países mais afectados
por episódios de seca é a
Sua-zilândia, que enfrenta a
possibi-lidade de um sexto ano
conse-cutivo de más colheitas, talvez
o pior dos últimos 25 anos.
Há zonas do Zimbabué que
também constituem motivo de
especial preocupação, já que
os primeiros indícios revelam
que as culturas de cereais em
grande parte da metade
meri-dional do país foram dizimadas
por um período prolongado de
seca em Janeiro e princípios de
Fevereiro.
Para mais informações
Seca e cheias em risco de causar escassez geral de
alimentos na África Austral, adverte a ONU
Desen
volvimento Ec
onómico e Social
Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC
A população mundial continua a envelhecer e irá exceder os 9 mil milhões de habitantes até 2050, afirma um relatório da ONU (World Population Prospects: The 2006 Revision), que prevê um período de transição na estrutura demográfica do planeta. Segundo o relatório, a população mundial irá regis-tar um crescimento de cerca de 2,5 mil milhões nos próximos 43 anos, passando dos actuais 6,7 mil milhões para 9,2 mil milhões, em 2050. Este cresci-mento equivale à população total do planeta em 1950 e diz sobretudo respeito às regiões menos desenvolvidas.
A população destas regiões passará de 5,4 mil milhões em 2007, para 7,9 mil milhões em 2050, enquanto as regiões desenvolvidas permanecerão estáveis, com cerca de 1,2 mil milhões de habitan-tes. Estas regiões deveriam sofrer um declínio da população, se não tomássemos em conta a migra-ção dos países em desenvolvimento para os países
desenvolvidos.
O relatório salienta que o declínio da fecundidade e a crescente longevidade conduzirão a um enve-lhecimento rápido da população, num número cada vez maior de países, nomeadamente no que se refere à faixa etária de mais de 60 anos.
Nos países desenvolvidos, o número de pessoas com mais de 60 anos deve praticamente duplicar, de 245 milhões, em 2005, para 406 milhões, em 2050, e o número de pessoas com menos de 60 anos deve baixar de 971 milhões, em 2005, para 839 milhões, em 2050.
Nos países menos desenvolvidos, o relatório prevê que a fecundidade desça de 2,75 filhos por mulher, entre 2005 e 2010, para 2,05, entre 2045 e 2050. No grupo dos países menos avançados, esta redu-ção ainda será mais abrupta, ao passar de 4,63 filhos por mulher para apenas 2,50.
«Para se alcançarem estes resultados, é essencial que o acesso ao planeamento familiar cresça nos países mais pobres», afirma o relatório.
Todos estes números revelam uma transição na estrutura demográfica do planeta, disse Hania Zlot-nik, Directora da Divisão de População do Departa-mento dos Assuntos Económicos e Sociais da ONU.
A fase em que se encontram a Europa e a América do Norte caracteriza-se por uma maioria de pes-soas idosas. Convém, no entanto, que salientar que o envelhecimento da população é o resultado de um êxito da humanidade. É agora necessário que as mudanças na sociedade possam permitir que as populações beneficiem plenamente de uma vida mais longa e melhor.
População mundial continua a envelhecer, afirma relatório da ONU
Um novo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) revela que as perturbações neurológicas, da epilepsia à doença de Alzheimer, passando pelos acidentes vasculares cerebrais e as dores de cabeça, afectam cerca de mil milhões de habitantes do nosso planeta. As perturbações neurológicas incluem também traumatismos cerebrais, infec-ções neurológicas, a esclerose múltipla e a doença de Parkinson.
Este relatório, intitulado Neurological Disorders: public health challenges, revela que dos mil milhões de pessoas afectadas no mundo, 50 milhões sofrem de epilep-sia e 24 milhões padecem da doença de Alzheimer e outras demências. As
per-turbações neurológicas afectam pessoas de todos os países, independentemente da idade, sexo, nível de educação ou rendimento.
Estima-se que, todos os anos, 6,9 milhões de pessoas morram devido a perturbações neurológicas. Na Europa, os custos das perturbações neurológicas para a economia foram avaliados em cerca de 139 mil milhões de Euros, em 2004.
O acesso a cuidados apropriados é difícil para a maioria das pessoas que sofrem de perturbações neurológicas, para as suas famílias e para as pessoas que cui-dam delas. A OMS preconiza a integra-ção dos cuidados neurológicos nos cui-dados de saúde primários.
Para mais informações
Perturbações neurológicas afectam milhões
de pessoas no mundo
As mulheres que trabalham são mais numerosas do que nunca, mas as dispari-dades entre homens e mulheres no que se refere à condição destas, à segurança do emprego, aos salá-rios e à educação contribuem para a «feminização dos trabalhadores pobres», segundo um novo relató-rio da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Segundo o relatório Global
Employ-ment Trends for Women 2007, o
número de mulheres presentes no mercado de trabalho – com um emprego ou activamente à procu-ra de emprego – atingiu o nível mais elevado.
Em 2006, a OIT considerou que as
mulheres representavam 1,2 mil milhões num total de 2,9 mil milhões de trabalhadores no mun-do. Aliás, há cada vez mais mulhe-res no desemprego (81,8 mil milhões) ou que estão limitadas a empregos pouco produtivos no sector agrícola e nos serviços ou que recebem ainda uma remune-ração inferior à dos homens com funções semelhantes.
O relatório acrescenta que é necessário dar às mulheres e às suas famílias a possibilidade de trabalharem para conseguir esca-par à pobreza, criando oportuni-dades de um emprego digno que lhes permitam exercer uma activi-dade produtiva e remunerada em condições de liberdade, segurança e dignidade humana. “Se assim não for, o processo de feminização dos trabalhadores pobres prosse-guirá e será transmitido à próxima geração”, avisou a OIT.
OIT alerta para “feminização” dos
trabalhadores pobres
O Enviado Especial do Secretário-Geral para Luta contra a Tuberculose apelou a que se intensificassem os esforços para erradicar a tuberculose, que é, em regra, considerada uma doença do passado, mas continua a matar diariamente 5000 pessoas.
“É absolutamente essencial que o público seja mais bem informado sobre a tuberculose”, disse Jorge Sampaio aos jornalistas, em Nova Iorque, a 22 de Março, quando do lançamento do novo relatório Global Tuberculosis Report, da Organização Mundial de Saúde. Embora se trate de uma doença curável, a tuberculose “não desa-pareceu” e o mundo enfrenta “situações assustadoras” com novas estirpes que são extrememamente resis-tentes, lembrou Jorge Sampaio, que também sublinhou que a ligação letal entre o VIH e a tuberculose está a aumentar rapidamente.
Na véspera, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, assinou o Apelo à Acção para Acabar com a Tuber-culose, no âmbito da parceria que imagina um mundo sem tuberTuber-culose, um mundo onde a primeira criança nascida neste milênio verá a tuberculose ser erradi-cada durante a sua vida.
Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC
Dir
e
itos Humanos
Numa mensagem vídeo enviada à 4ª. sessão do Conselho de Direitos Humanos, que decorre em Genebra de 12 a 30 de Março, o Secretário-Geral da ONU reconheceu a enorme responsabilidade que pesa sobre os ombros dos seus membros.
“Nas próximas semanas e meses, a vossa determinação será constantemente posta à prova”, avisou o Secretário-Geral, acrescen-tando que as graves crises e problemas que surgirão, “exigirão uma análise e soluções” e que é crucial que disponham “dos elementos necessários para ser bem-sucedidos”. Insistindo na importância do trabalho do Conselho de Direitos Humanos, o Secretário-Geral frisou, dirigindo-se aos seus membros: “Hoje, o mundo observa-vos para ver se este jovem Conselho cumprirá as suas promessas”. Referindo-se ao primeiro aniversário do novo órgão, no mês de Junho, Ban Ki-moon evocou o exame periódico universal a que os seus membros serão sujeitos, insistindo no facto de esta avaliação oferecer “perspectivas
promissoras para a promoção e protecção dos direitos humanos onde a situação é mais sombria”.
O Secretário-Geral considerou ainda necessá-ria a presença de peritos independentes de forma a “garantir uma recolha e uma análise imparcial dos factos”. A responsabilidade que recai sobre o Conselho exige que aproveite os recursos da sociedade civil e dos mecanis-mos internacionais dos direitos humanos, referiu Ban Ki-moon, que acrescentou que era igualmente necessária a plena utilização dos procedimentos especiais. A questão dos procedimentos especiais é complexa, uma vez que existem posições divergentes nesta maté-ria.
“Todas as vítimas de violações dos direitos humanos devem poder recorrer ao Conselho de Direitos Humanos” afirmou Ban Ki-moon. “É nisto que consiste o vosso mandato. É, afinal, em função disso que sereis julgados”, disse ainda o Secretário-Geral.
Para mais informações
Nenhum país está imune aos problemas
de direitos humanos, diz Alta-Comissária
para os Direitos Humanos, Louise Arbour
A apresentação do relatório da Missão de Alto Nível do Con-selho de Direi-tos Humanos sobre a situação no Darfur ficou marcada pela preocupação em relação às vítimas do conflito e pelo reconhecimento de que o Governo sudanês infringiu a responsabilidade de proteger, ao actuar em concertação com as milícias Janjaweed responsáveis pelos mas-sacres e pela deslocação de populações. A Missão, dirigida por Jody Williams, Prémio Nobel da Paz 1997, não pôde visitar o Darfur ou mesmo o Sudão, apesar dos repetidos pedidos de vistos, mas deslocou-se à Sede da União Africana, em Addis Abeba, assim como ao terreno, no Chade.
«As forças governamentais agiram frequente-mente em conjunto com os Janjaweed e as milícias, nomeadamente para cometer viola-ções dos direitos humanos. Os movimentos rebeldes também cometeram tais violações. Aliás, os ataques armados e as actividades criminosas aumentaram de uma forma signifi-cativa», salienta o relatório.
O relatório, que afirma claramente que os civis se tornaram os principais alvos e vítimas, considera que “os mecanismos judiciais e de
justiça existentes são subfinanciados, politica-mente comprometidos e ineficazes”.
Ao apresentar o relatório, Jody Williams evocou o princípio da responsabilidade, que recai sobre os Estados, de proteger a popula-ção contra o genocídio, os crimes de guerra, os crimes contra a humanidade e a limpeza étnica e lembrou: “Quando um Estado não é capaz de o fazer ou se recusa fazê-lo, a res-ponsabilidade de reagir recai sobre a comuni-dade internacional”. A Prémio Nobel da Paz 1997 chamou a atenção para o facto de o conflito continua a assolar o país, tendo mata-do 200 000 pessoas.
O relatório recomenda a melhoria da protec-ção das populações, o avanço das negociações de paz e a melhoria do acesso dos trabalhado-res humanitários. Recomenda ainda que se julguem os autores de violações dos direitos humanos, se criem programas que visem remediar as causas fundamentais do conflito, incluindo as causas económicas, se apliquem as recomendações dos mecanismos de protecção dos direitos e se ofereça uma compensação às vítimas.
“A situação é clara e a documentação, abun-dante; não há dúvidas quanto a este assunto”. “A população não precisa de relatórios suple-mentares, mas sim de protecção”, frisou Jody Williams, apelando à comunidade internacional para que tome medidas urgentes a fim de proteger a população do Darfur.
Para mais informações
Temos perante nós grandes desafios e, acima
de tudo, uma grande responsabilidade,
afirmou o Presidente do
Conselho de Direitos Humanos
Na abertura da 4ª. sessão do Conselho de Direitos Huma-nos, o seu Presi-dente, Embaixa-dor Luís Alfonso de Alba, declarou que a sessão tinha lugar num momento crucial. “Embora tenhamos alcançado avanços significativos na cons-trução institucional do Conselho, ainda temos de alcançar acordos sobre pontos delicados e importantes do que será o novo sistema de promoção e protecção dos direitos humanos no mundo”, disse, sublinhando a necessidade de que nas negociações prevaleça um espírito construtivo e um diálogo aberto, especialmente entre actores de diferentes regiões e grupos. “Só assim será possível superar as diver-gências e evitar a politização”.
Segundo o Presidente, para superar a tentação de repetir as inércias da Comissão de Direitos Humanos, será preciso fixar critérios de aplicação universal, que permitam evitar a politização, a selectividade e a política de “dois pesos duas medidas”. Salientou também a importância da cooperação, “uma das premissas básicas que deram origem à criação deste órgão e que não deve ser mera retórica, devendo antes permear todo o trabalho do Conselho”.
Luís Alfonso Alba sustenta que, para ser eficiente e justa, a nova instituição tem de desenvolver uma prática que desta-que a cooperação genuína e o compromisso dos Estados no novo contexto do Conselho, de uma maneira bi-direccional. “Neste contexto, precisamos de uma nova cultura que se traduza num aumento da cooperação”.
Conselho de Direitos Humanos
«Agradeço esta nova oportu-nidade para usar da palavra perante o Conselho e abor-dar numerosos casos especí-ficos de países e alguns rela-tórios temáticos», disse Louise Arbour, a 15 de Mar-ço.
“Referi muitas vezes que nenhum país está imune aos problemas de direitos huma-nos”, continuou a Alta-Comissária para os Direitos Humanos, para quem “todos os países podem beneficiar com a cooperação com os mecanismos de direitos humanos” e com o Alto Comissa-riado.
“Estas formas de cooperação e interacção variam de inten-sidade e alcance”, acrescentou, “mas estou convencida de que uma maior abertura e receptividade por parte dos governos proporcionam benefícios e recursos adicionais para enfrentar os desafios que os direitos humanos colo-cam”.
“Hoje, o mundo observa-vos”, afirma Ban Ki-moon
A população do Darfur não precisa de relatórios
suplementares, mas sim de protecção, frisou Jody Williams
Dir
e
itos Humanos
Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC
Duzentos anos depois de os Estados Unidos e o Império Britânico terem proibido o tráfico de escravos, muitos milhões de pessoas continuam a ser submetidas a práticas esclavagistas, avisou o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon.
“Essas práticas incluem a servidão por dívidas e a utilização de crianças em conflitos armados”, disse o Secretário-Geral a 1 de Março, na cerimónia de abertura de uma exposição que assinala o duo-centésimo aniversário do comércio transatlântico de escravos. “As vítimas estão demasiado assusta-das para falar publicamente. Apesar de tudo o que temos conseguido com a nossa campanha em prol dos direitos humanos, muito resta ainda por fazer”.
A exposição Lest We Forget – The Triumph Over Slavery (Para que Não Esqueçamos – O Triunfo sobre a Escravatura), que está aberta ao público na Sede da ONU em Nova Iorque, ilustra as práti-cas culturais, polítipráti-cas, económipráti-cas e sociais dos africanos escravizados, quando viviam nas condi-ções desumanizadoras impostas pela escravatura.
Organizada pelo Departamento de Informação Pública da ONU e os Estados Membros da Comunidade Caraíba (CARICOM), em associação com o Cen-tro Schomburg para a Investigação sobre a Cultura Africana, a exposição coincidirá com o Dia Internacional para a Comemoração do 200º Aniversário da Abolição do Tráfico Transatlântico de Escravos.
“Esta exposição não fala apenas da vitória sobre o tráfico de escravos”, disse Ban Ki-moon. “Vemos também homens e mulheres que lutam por manter a dignidade e preservar a sua cultura, num mundo impiedoso. Que a sua luta nos inspire. Façamos o que resta ainda fazer”.
Duzentos anos depois da abolição do tráfico de escravos, persistem práticas
esclavagistas, avisou Ban Ki-moon
Em 28 de Novem-bro de 2006, a Assembleia Geral das Nações Unidas designou 25 de Março de 2007 Dia Internacional de Comemoração do 200º Aniver-sário da Aboli-ção do Tráfico Transatlântico de Escravos. Reconhecendo os efeitos duradouros da escravatura no mundo moderno, os Estados-membros afirmaram que a escravatura estava no cerne de "uma profun-da desigualprofun-dade social e económica e de sentimen-tos de ódio, intolerância, racismo e preconceito que continuam a afectar ainda hoje as pessoas de ascendência africana".
A finalidade deste Dia Internacional é prestar homenagem à memória daqueles que morreram em consequência da escravatura, inclusivamente devido aos horrores da travessia do Atlântico e da luta pela libertação. Um outro objectivo é reduzir o "défice de conhecimento" que existe hoje em dia em relação às consequências do tráfico de escravos e da escravatura.
Contexto
A escravatura e o tráfico de escravos encontram-se entre as mais graves violações de direitos humanos da história da humanidade. O tráfico transatlântico de escravos foi um fenómeno único em toda a história da escravatura devido à sua duração (400 anos), escala (aproximadamente 17 milhões de pessoas, excluindo as que morreram durante o transporte) e a legitimidade que lhe foi conferida,
inclusivamente pelas leis desse tempo.
O tráfico transatlântico de escravos foi a maior deportação da história. Prolongou-se do século XVI ao século XIX e envolveu várias regiões e continentes: a África, a América do Norte e do Sul, a Europa e as Caraíbas, e traduziu-se na venda e exploração de milhões de Africanos pelos Euro-peus.
Justificação do sistema de escravatura O tráfico transatlântico de escravos era um sistema económico abrangente e em grande escala. Os principais países que praticavam este tráfico - Espa-nha, Portugal, os Países Baixos, a Dinamarca, Bélgi-ca, Estados Unidos, Inglaterra e França - obtinham lucros consideráveis em cada etapa da viagem trian-gular e muitas cidades europeias floresceram graças aos lucros das indústrias agrícolas criadas e literal-mente sustentadas pelo trabalho dos escravos africanos.
Legado
O legado do tráfico transatlântico de escravos é um tema muito debatido. Ninguém pode negar que esteve na origem da destruição de uma parte consi-derável das línguas, culturas e religiões de milhões de escravos africanos. O facto de se ter retirado de África um número tão elevado de pessoas causou grandes perturbações na economia africana e, segundo alguns estudiosos, deixou África perma-nentemente numa situação de desvantagem em comparação com outras partes do mundo. Pode também dizer-se que a escravatura deu ao mundo uma definição dos Africanos que deixou um legado de racismo e um estereótipo que os classifica como inferiores.
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Dia Internacional de Comemoração do 200º Aniversário
da Abolição do Tráfico Transatlântico de Escravos
A comemoração do 200º. Aniversário da Abolição do Tráfico Transatlântico de Escravos também serve para nos recordar que continuam a florescer formas contemporâneas de escravatura – como o tráfico de seres humanos, a prostituição forçada, as crianças-soldado e o trabalho em condições de servidão e a utilização de crianças no comércio internacional de droga – em grande medida em consequência da discriminação, da exclusão social e da vulnerabilidade, exacerbadas pela pobreza.
•
Calcula-se que 300 000 crianças sejam actualmente exploradas como crianças-soldado, em cerca de 30 zonas de conflito em todo o mundo. Muitas das crianças raptadas que se convertem em crianças-soldados são também obrigadas a tornar-se escravas sexuais.•
A Organização Internacional das Migrações estima que 700 000 mulheres, raparigas, homens e rapazes sejam traficados para fora do seu país, sendo afastados de suas casas e famílias e submetidos à escravatura.•
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, há 191 milhões de crianças econo-micamente activas com idades compreendidas entre os 5 e os 14 anos. Quase 40% – 74 milhões de crianças – realizam trabalhos perigosos.•
Calcula-se que 5,7 milhões de crianças sejam vítimas de trabalho forçado e de tra-balho em condições de servidão e que 1,2 milhões de crianças sejam vítimas de tráfico de crianças.Associada ao tráfico de pessoas existe a exploração sexual das crianças para fins comerciais. Todos os anos, um milhão de crianças, sobretudo rapari-gas, é obrigado a prostituir-se. Essas raparigas são vendidas para serem usadas sexualmente ou na pornografia infantil, tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento.
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Formas modernas de escravatura
Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC
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"Somos todos cúmplices no proces-so de aquecimento global. Há práti-cas insustentáveis que estão arreiga-das na nossa vida do dia-a-dia. Mas, na ausência de medidas decisivas, o verdadeiro custo dos nossos actos será suportado pelas próximas gerações, começando pela vossa", disse Ban Ki-moon, numa conferên-cia da Escola Internacional das Nações Unidas, na sede da Organi-zação, em Nova Iorque.
"Isso é um legado inaceitável, um legado que temos de procurar evi-tar unindo esforços. Neste momen-to, os danos já causados ao nosso ecossistema levarão décadas, se não séculos, a sanar – se agirmos desde já. Infelizmente, a minha geração não soube cuidar do nosso planeta, o único planeta que temos. Mas tenho esperança de que a vossa geração se venha a revelar uma melhor gestora do nosso ambiente; na verdade, ao olhar à minha volta aqui hoje, tenho uma forte sensação de que isso já está a acontecer", acrescentou Ban Ki-moon.
Depois de ter reconhecido que grande parte do trabalho das Nações Unidas continua a ter por objectivo prevenir e pôr termo a conflitos, o Secretário-Geral afir-mou que perigo que a guerra repre-senta para toda a humanidade – e
para o nosso planeta – pode equipa-rar-se à crise climática e ao aqueci-mento global.
Tal como tem sublinhado frequen-temente, desde que tomou posse, Ban Ki-moon afirmou que a luta contra as alterações climáticas seria uma das suas principais prioridades como Secretário-Geral.
Acrescentou que tenciona discutir as alterações climáticas com os dirigentes mundiais na cimeira do G-8 em Junho, que reunirá as princi-pais nações industrializadas. "Estas questões transcendem as frontei-ras", disse o Secretário-Geral. "É por essa razão que proteger o ambiente do planeta ultrapassa em grande medida a capacidade dos países agindo isoladamente. Só a acção internacional concertada e coordenada, apoiada e sustentada pela iniciativa individual, será sufi-ciente.”
"A instância natural para tal acção é a ONU. Estou firmemente empe-nhado em garantir que a ONU ajude a comunidade internacional a fazer a transição para práticas sus-tentáveis."
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Plantar Árvores pelo planeta: campanha
“mil milhões de arvores”
O Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA) lançou uma campanha a nível mundial desti-nada a promover a plantação de árvores, já anunciada neste Boletim. Com a iniciativa Plantar Árvores pelo Planeta: Campanha "Mil Milhões de Árvores" pretende-se levar as pes-soas, as comunidades, as organiza-ções e os governos a registarem no sítio Web as suas promessas de plantar uma árvore, com o objectivo de conseguir que sejam plantadas pelo menos mil milhões de árvores em todo o mundo, durante 2007.
A ideia desta campanha deve-se à Professora Wangari Maathai, laurea-da com o Prémio Nobel laurea-da Paz em 2004 e fundadora do Green Belt Movement do Quénia, que já plan-tou mais de 30 milhões de árvores em 12 países africanos desde 1977. Quando um grupo empresarial dos Estados Unidos disse à Professora Maathai que planeava plantar um milhão de árvores, a sua resposta foi: "Acho óptimo, mas aquilo que é realmente necessário fazer é plantar mil milhões de árvores!". Wangari Maathai é a principal patrocinadora da Campanha "Mil Milhões de Árvo-res".
A campanha tem tido um enorme êxito. A 26 de Março, as promessas registadas mencionavam 819 348 645 árvores. E 8 029 965 árvores foram já plantadas, graças à campa-nha. Para acompanhar de perto a evolução desta iniciativa, visite
www.unep.org/billiontreecampaign.
Ban Ki-moon apela à nova geração para
que cuide melhor do planeta do que a sua
própria geração tomou
Como parte dosesforços das Nações Unidas para combater o a q u e c i m e n t o global, a Organi-zação mundial l a n ç o u u m a parceria única com a Cidade de São Francisco, o Bay Area Council e uma série de empresas da região, que se destina a servir de modelo para as acções que empresas e cidades do mundo inteiro podem empreender para combater o aquecimento global. A iniciativa, denominada "Principles on Climate Leadership" ("Princípios de Liderança no domínio do Clima"), proporcionará às empresas da zona um quadro para as suas acções de luta contra o aquecimento global, bem como um fórum no âmbito do qual poderão partilhar as melhores práticas destinadas a reduzir os gases com efeito de estufa, por exemplo, através do estabelecimento de objectivos de redução das emissões ao nível das empresas ou da prestação de serviços de transporte alternativos aos traba-lhadores.
Irá ainda criar um modelo para acções no domínio do clima nos sectores
privado e público que o Pacto Global da ONU procurará promover junto de empresas e cidades do mundo inteiro. O Pacto é uma iniciativa lançada em 1999 para promover a boa cidadania empresarial e uma globalização res-ponsável.
Os Princípios foram oficialmente subs-critos por mais de 20 empresas de diversos sectores – incluindo a Gap Inc., a Google e a Shaklee – que tam-bém anunciaram o lançamento da iniciativa Business Council on Climate Change (BC3) num evento especial em São Francisco, a cidade onde nasceu a ONU, com a assinatura da Carta em 1945.
"As iniciativas voluntárias como a BC3 e a iniciativa Princípios de Liderança no domínio do Clima serão fundamentais como meio de promover acções pro-gressistas e vigorosas relacionadas com a crise mundial do clima", disse Georg Kell, Director Executivo do Pacto Global da ONU.
"Ao mesmo tempo, é importante ter presente que a acção voluntária não pode substituir uma regulamentação eficaz – deve antes servir de base e complemento à regulamentação."
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ONU lança iniciativa relativa ao clima como
modelo para combater aquecimento global
Os Ministros dos principais países industrializados e países em desenvolvi-mento presentes numa Conferência sobre Alterações Climáticas, na Alema-nha, conseguiram alcançar “progressos importantes” sobre uma série de ques-tões, disse Yvo de Boer, Secretário Executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Cli-máticas, mostrando-se animado com o resultado “muito construtivo” das conversações.
Yvo de Boer afirmou que os participan-tes chegaram a um consenso sobre várias questões, incluindo o apoio à explicação científica do papel da huma-nidade no aquecimento global e a necessidade de que a resposta esteja de acordo com o pensamento da comunidade científica.
Também concordaram em que qual-quer resposta a tais alterações deve surgir “num contexto duplo”, centran-do-se na redução das emissões de gases de efeito de estufa e garantindo que promove um desenvolvimento sustentável, em particular nos países mais pobres.
Os ministros concordaram também no seguinte: a tecnologia será crucial quando os países tentam dar uma resposta e adaptar-se às alterações; enfrentar o problema da desflorestação merece especial atenção, dado o impacto que esta tem nas emissões de gás de efeito de estufa; os países em vias de desenvolvimento necessitam de ajuda urgente dos Estados industrializa-dos, para se poderem adaptar às alte-rações climáticas.
Na conferência participaram os Minis-tros do Ambiente dos G8 (Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos) bem como os representantes de cinco países em desenvolvimento – Brasil, China, Índia, México e África do Sul.
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Conferência sobre alterações climáticas realizada em
Potsdam alcança “progressos importantes”
Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC
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O maior programa de investigação polar dos
últimos 50 anos, que tem como um dos seus
tópicos principais o aquecimento global, teve
início a 1 de Março, enquanto milhares de
cientistas de mais de 60 países se preparam
para realizar 220 projectos científicos e no
terreno, nas regiões do Pólo Norte e do Pólo
Sul.
O Ano Polar Internacional (API) 2007-2008,
um programa do Conselho Internacional da
Ciência (ICSU) e da Organização
Meteoroló-gica Mundial (OMM) das Nações Unidas, será
o quarto evento desta natureza. Os API
ante-riores, 1882-83, 1932-33 e 1957-58, este
último também conhecido como Ano
Interna-cional da Geofísica, contribuíram todos para
um aprofundamento considerável dos
conhe-cimentos sobre o sistema da Terra.
"O Ano Polar Internacional surge numa
encruzilhada do futuro do planeta; a primeira
parte do Quarto Relatório de Avaliação do
Painel Intergovernamental sobre Alterações
Climáticas (IPCC), apresentada em Fevereiro,
revelou que estas regiões são extremamente
vulneráveis à subida das temperaturas", disse
o Secretário-Geral da OMM, Michel Jarraud.
"No entanto, nos pólos existem poucas
esta-ções meteorológicas e outras instalaesta-ções de
observação ambiental de carácter mais geral,
e é essencial instalar mais destas estruturas e
aumentar a cobertura por satélite, de modo a
podermos formar uma imagem melhor do
ritmo a que estas zonas estão a mudar e do
impacte global destas mudanças", acrescentou.
Os projectos a realizar no âmbito do Ano
Polar Internacional visarão obter um maior
conhecimento do estado ambiental passado,
presente e futuro das regiões polares e
pro-mover uma melhor compreensão das
interac-ções entre estas regiões e o resto do planeta.
Irão igualmente investigar as fronteiras da
ciência nas regiões polares e utilizar a situação
única destas regiões para criar observatórios
do interior da Terra, do Sol e do cosmos.
Além disso, os projectos investigarão os
pro-cessos culturais, históricos e sociais que
influenciam a sustentabilidade das sociedades
humanas circumpolares.
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Aquecimento global nos Pólos Norte e Sul debaixo do microscópio em Trabalho
de Investigação Apoiado pela ONU
Embora a percentagem de unidades populacionais que se considera encon-trarem-se num estado de depaupera-ção ou à beira da depauperadepaupera-ção tenha permanecido inalterada nos últimos 15 anos, há várias espécies de peixes no alto-mar, fora do alcance das juris-dições nacionais, que estão em risco de sobreexploração, advertiu a Orga-nização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).
Vinte e cinco por cento de todas as unidades populacionais controladas pela FAO estão sobreexploradas, depauperadas ou a recuperar de um estado de depauperação, segundo um relatório divulgado na segunda-feira pela organização.
Mais de metade dos tubarões oceâni-cos, que são grandes migradores, e dois terços das unidades populacionais do alto-mar, nomeadamente, as da pescada, do bacalhau e do alabote do Atlântico, do tubarão-frade e do atum rabilho encontram-se num estado de depauperação ou em grande risco de ruptura, diz o relatório State of World Fisheries and Aquaculture.
"Embora estas unidades populacionais apenas representem uma pequena fracção dos recursos haliêuticos do mundo, são indicadores fundamentais do estado de uma enorme componen-te do ecossiscomponen-tema dos oceanos", disse Ichiro Nomura, Subdirector-Geral da FAO para as Pescas.
O relatório preconiza também que se reforcem as organizações regionais de pesca (ORP), que são instituições multilaterais constituídas pelos gover-nos para promover a cooperação com vista a reduzir a exploração das unida-des populacionais.
Nos últimos anos, a falta de empenha-mento político por parte dos mem-bros de algumas dessas organizações e "as posições inflexíveis que militam contra uma gestão regional correcta da pesca têm dificultado, se não impe-dido" os esforços desenvolvidos no sentido de responder aos desafios da conservação e da gestão, diz o relató-rio. Considera, no entanto, que as ORP são os únicos mecanismos realis-tas susceptíveis de reduzir a explora-ção das unidades populacionais. Refor-çar estas organizações com vista a conservar e gerir mais eficazmente as unidades populacionais "continua a ser o principal desafio que a governação internacional da pesca enfrenta".
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Populações de peixes e tubarões do alto-mar em risco de
destruição, adverte organismo da ONU
Embora em termos globais as flores-tas do mundo estejam a diminuir de ano para ano, o relatório da FAO State of the World Forests 2007 con-tém informação que é motivo de optimismo e revela que, em algumas regiões, se está a registar uma inver-são do processo de desflorestação que dura há séculos, graças a uma gestão eficaz das florestas e à pros-peridade económica.
"Muitos países têm dado provas de vontade política de melhorar a ges-tão das florestas revendo as suas políticas e legislação e reforçando as instituições responsáveis pelo sector florestal", disse o Director-Geral Adjunto da FAO, David Harcharik. "Está a dedicar-se cada vez mais atenção à conservação do solo, água, diversidade biológica e outros valo-res ambientais."
Segundo o relatório, as florestas cobrem aproximadamente 4 mil milhões de hectares, ou 30%, da área continental do planeta, e no período entre 1990 e 2005 o mundo perdeu 3% das suas florestas, a um ritmo médio de 0,2% por ano.
Entre 2000 e 2005, 57 países partici-param um aumento da sua área florestal, enquanto 83 participaram um decréscimo. As florestas desapa-recem ao ritmo de 7,3 milhões de hectares por ano, ou 20 000 hecta-res por dia, o que equivale a
aproxi-madamente o dobro da área de Paris.
Na Ásia e no Pacífico, a área florestal aumentou entre 2000 e 2005, ao contrário do que acontecera em décadas anteriores. Embora se tenha registado uma aceleração da desflo-restação no Sudeste Asiático, esta situação foi contrabalançada pela plantação de grandes extensões de floresta na China. A Europa e a Amé-rica do Norte também apresentaram aumentos das suas áreas florestais. Ainda no mesmo período, entre os 10 países onde, colectivamente, existem 80% por cento das florestas primárias do mundo, a Indonésia, o México, a Papuásia-Nova Guiné e o Brasil foram os quatro países que apresentaram as maiores perdas de área florestal.
A África e a América Latina e Caraí-bas foram as regiões onde se regista-ram as maiores perdas de área flo-restal.
O crescimento económico ajuda a travar a desflorestação melhorando as condições, de modo a permitir uma gestão sustentável das florestas, diz o relatório.
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Algumas florestas do mundo estão a inverter um
processo de declínio que dura há séculos, segundo
Boletim do Centro de Informação Regional das Nações Unidas—UNRIC
Especial Mulher
A 51ª. sessão da Comissão da Condição da Mulher reuniu de 26 de
Fevereiro a 9 de Março de 2007, na sede da ONU, em Nova Iorque.
A Comissão, constituída por 45 Estados-membros, desempenha um
papel catalisador na promoção da igualdade de género, quer a nível
nacional, quer a nível do sistema das Nações Unidas, ao trabalhar a par
com o ECOSOC, com a própria Assembleia Geral e com o Conselho
de Segurança.
A principal produção da Comissão são as conclusões acordadas sobre
os temas prioritários em cada ano, pois, para além da análise do tema
prioritário, contêm as recomendações aos Governos, às entidades
governamentais e outras instituições, aos actores da sociedade civil e a
outros parceiros relevantes de modo a poderem ser implementadas aos
níveis internacional, regional e local. O relatório final é submetido
ulteriormente ao Conselho Económico e Social, para adopção.
Em 2006, a Comissão introduziu novos métodos de trabalho, ao decidir
que a próxima sessão iria incidir sobre um único tema chave, “A
elimi-nação de todas as formas de discrimielimi-nação contra as raparigas”. Outra
das inovações da Comissão este ano prende-se com a avaliação dos
progressos na implementação dos acordos firmados durante a anterior
sessão e que dizem respeito ao papel dos homens e dos rapazes na
consecução da igualdade de género.
A sessão de 2007 salientou a importância de trabalhar no sentido da
eliminação da violência contra as raparigas na vida pública e privada,
da eliminação de todas as formas de assédio sexual, exploração e
tráfi-co de mulheres, da eliminação de tendências sexistas na administração
da justiça e da erradicação de quaisquer conflitos que possam surgir
entre os direitos das mulheres e os efeitos nocivos de certas práticas
tradicionais ou consuetidinárias, preconceitos culturais e extremismos
religiosos.
Na sessão de abertura, Asha-Rose Migiro, Vice-Secretária-Geral das
Nações Unidas apelou a uma acção colectiva, concertada e integrada
para erradicar todas as formas de discriminação, flagrantes ou ocultas,
e eliminar a violência contra a mulher e as raparigas a qual, na sua
opinião, é a forma mais perversa de discriminação feminina,
relem-brando os compromissos assumidos na Cimeira Mundial de 2005.
Para Asha-Rose Migiro, os direitos das mulheres e das crianças do
sexo feminino constituem uma parte inalienável, integral e indivisível
dos direitos humanos. A participação plena das raparigas, em
condi-ções de igualdade, na vida política, civil, económica, social e cultural,
ao nível nacional, regional e internacional, bem como a erradicação de
todas as formas de discriminação com base no sexo, constituem
objec-tivos prioritários da comunidade internacional. Apesar das orientações
das Nações Unidas, a discriminação de género continua a manter-se.
Segundo um relatório do Secretário-Geral, os dois instrumentos
jurídi-cos internacionais directamente relacionados com os direitos das
rapa-rigas – a Convenção sobre os Direitos da Criança e a Convenção para a
Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres
– não são suficientes, pois nenhum deles codifica leis que tratem de
forma sistemática a situação difícil das raparigas. Por outro lado, os
Estados não integram as suas disposições o que tem conduzido à
per-sistência da violação e da discriminação.
A constatação mais evidente é que muito está ainda por fazer para se
atingirem os padrões inscritos na estratégia internacional para a
promo-ção das mulheres, em particular em termos do acesso das raparigas à
educação, da eliminação dos estereótipos e da promoção das mulheres
na vida pública e política. Os efeitos da discriminação e da violência
contra as raparigas são devastadores. Pelo menos 55 milhões de
rapari-gas continuam a não frequentar a escola; milhões de raparirapari-gas em
ida-de escolar trabalham como empregadas domésticas; estima-se ainda
que 40% das crianças-soldado sejam raparigas e que em todo o mundo,
mais de 60% de jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 25
infectadas com o virus HIV/SIDA sejam do sexo feminino.
No âmbito dos esforços para aplicar, a nível mundial, as
recomenda-ções para proteger os direitos fundamentais das raparigas, numerosos
Estados-membros aprovaram ou reforçaram leis nacionais que visam
proteger as raparigas, nomeadamente pela proibição do aborto
selecti-vo em função do sexo do feto, lutando contra o trabalho infantil,
ele-vando a idade mínima para contrair matrimónio e fazendo face à
vio-lência contra as raparigas, incluindo a exploração sexual comercial, a
pornografia, o tráfico e o abuso sexual.
Apesar destas medidas, subsistem numerosos problemas e
insuficiên-cias a nível da aplicação da lei. As partes interessadas, incluindo os
decisores políticos, os prestadores de serviços, as comunidades e as
famílias – e até as próprias raparigas – nem sempre têm plena
cons-ciência dos seus direitos. Permanecem descuradas em inúmeras
políti-cas e programas nacionais e questões decisivas como o trabalho
doméstico das crianças, o casamento precoce e forçado, o trabalho
digno, o registo civil, o VIH/SIDA, o abuso sexual e o tráfico
conti-nuam a não ser consideradas.
O estudo do Secretário-Geral sobre a Violência contra a Mulher e o
relatório do Perito Independente das Nações Unidas sobre a Violência
contra as Crianças, bem como os relatórios do Secretário-Geral sobre
todas as formas de discriminação e de violência contra as raparigas
submetidos à apreciação da Comissão, constituem provas
incontestá-veis e fazem apelo ao fim da discriminação e da violência contra as
raparigas.
O empoderamento das raparigas é essencial para erradicar a pobreza, a
doença e a discriminação em todo o mundo, provocando um efeito
multiplicador na produtividade e eficiência e promovendo um
desen-volvimento económico sustentado. Este tema assume-se como o
priori-tário no trabalho da Comissão em 2008.
51 ª sessão da Comissão da Condição da Mulher adopta Relatório Final e conclusões acordadas
sobre eliminação da discriminação e violência contra as raparigas
As situações económicas difíceis nos países mais fragilizados têm como resul-tado a aceleração e feminização da pobreza. A sua imediata atenuação e even-tual eliminação devem permanecer como uma das grandes prioridades da comunidade internacional. Torna-se assim urgente alcançar as metas dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio até 2015, de modo a promover um elevado nível de saúde fisica e mental ao longo da vida, com base na igualdade de género, mediante a redução das taxas de malnutrição e analfabe-tismo, o acesso à água potável, o direito da mulher a cuidados de saúde ade-quados e a serviços de planeamento familiar, assim como à igualdade de aces-so a todos os níveis de ensino.
É essencial promover o acompanhamento dos programas informáticos para erradicar a discriminação de dados, de modo a apresentar estatísticas e indica-dores fiáveis por sexo e medir os progressos alcançados no domínio da sua aplicação.
A Comissão sublinhou a necessidade de serem tomadas medidas específicas de protecção das raparigas afectadas por conflitos armados ou por situações de pós-conflito. As violações dos direitos das mulheres em situações de con-flito armado constituem violações dos princípios fundamentais de Direitos Humanos e do Direito Internacional Humanitário. Todas as violações deste tipo, incluindo o homicídio, as violações
sistemáticas, a escravatura sexual e a gravidez forçada, exigem uma resposta particularmente eficaz. Contudo, também se assume como necessário proporcionar formação no domínio dos direitos humanos e do auxílio humanitá-rio aos elementos das forças de manutenção de paz e ao pessoal da ONU, para que possam reconhecer e lidar com este tipo de violações dos direitos humanos e realizar o seu trabalho sem preconceitos.
A Comissão afirmou a necessidade do pleno envolvimento de homens e rapazes na luta contra a desigualdade de género no mundo. Este será, aliás, o tema prioritário da Comis-são em 2009.
A Comissão reconhece que se mantêm atitudes socio-culturais negativas e que os estereótipos de género contribuem de facto e de jure para manter as viola-ções dos direitos das raparigas, sendo necessário promover a não discrimina-ção de tratamento entre rapazes e raparigas no seio da família, assegurar que os jovens de ambos os sexos tenham acesso à informação e educação, sobretu-do no contexto sobretu-do VIH-SIDA, e promover a participação e a responsabiliza-ção activa dos jovens do sexo masculino nas campanhas de eliminaresponsabiliza-ção da discriminação e violência contra as raparigas.
Os governos e as organizações regionais e internacionais são exortados a facilitarem o acesso das mulheres a cargos de chefia e a permitirem a sua maior participação nos processos decisórios. A Comissão encoraja ainda a adopção de novas medidas no seio do Secretariado da ONU, no sentido de serem nomeadas e promovidas mulheres enquanto membros do pessoal, em conformidade com a Carta das Nações Unidas e encoraja outros órgãos princi-pais e subsidiários da Organização a garantir a participação das mulheres em condições de igualdade.
No que diz respeito ao tema “As adolescentes e as práticas tradicionais noci-vas” a Comissão concluiu que raparigas entre os 10 e os 14 anos estão particu-larmente expostas à discriminação e à violência, ao casamento precoce, à preferência por filhos varões e a mutilação ou excisão genital. Esta afecta entre 100 a 140 milhões de mulheres e calcula-se que anualmente 2 milhões se encontrem expostas ao risco de serem submetidas a esta prática. A Comis-são exortou os Estados-membros a condenar esta prática nos termos da resolu-ção “Pôr fim à Mutilaresolu-ção Genital Feminina”, apresentada pela África do Sul, em nome do Grupo Africano e que foi adoptada por consenso. A Comissão exortou ainda os Estados a tomarem medidas para proteger as raparigas e as mulheres da mutilação genital feminina, adoptando leis contra esta forma de violência e pondo fim à impunidade daqueles que a praticam.
Noutra resolução adoptada por consenso pela Comissão, com participação
activa da União Europeia, os Estados são exortados a tomar uma série de medidas para a promulgação e o respeito pelas leis que garantam que o casa-mento é realizado livremente e com o pleno consenticasa-mento dos nubentes. A Comissão também adoptou por 40 votos a favor e 2 contra (Estados Unidos e Canadá) um projecto de resolução sobre as mulheres palestinas e a ajuda a conceder-lhes. Adoptou igualmente uma resolução sobre as raparigas e o vírus VIH/SIDA, apresentada pelo Lesoto em nome da Comunidade de Desenvolvi-mento dos Estados da África Austral (SADC).
O Presidente do ECOSOC precisou que 2007 será um ano vital na conceptua-lização das relações entre este Comité e os seus órgãos subsidiários. O objec-tivo primordial será alcançar uma maior eficácia para que o processo de refor-ma a introduzir permita às comissões funcionais urefor-ma melhor concertação. A Comissão da Condição da Mulher, enquanto órgão subsidiário, tem vindo, desde 2002, a contribuir para este esforço de maior cooperação com o ECO-SOC. Neste contexto, a Presidente da Comissão para a Condição da Mulher anunciou ainda a intenção de iniciar um novo diálogo com o Conselho de Direitos Humanos.
Em paralelo decorreu no dia 7 de Março, a reunião informal sobre a Reforma das Nações Unidas para a Igualdade de Género, organizada pela Presidência da Comissão da Condição da Mulher. Neste âmbito é de salientar a necessi-dade do trabalho das Nações Unidas ser alvo de maior difusão, pois só assim se dará visibilidade e continuida-de aos esforços nas políticas continuida-de igual-dade e se conseguirão melhores resul-tados. Contudo, a igualdade de género deve ser da responsabilidade de todo o sistema da ONU.
É essencial a racionalização e a coope-ração de esforços de forma a fortalecer os mecanismos das Nações Unidas neste domínio e favorecer os objecti-vos do respeito universal e observância das normas internacionais, tornando mais eficazes as suas actividades e evi-tando as duplicações desnecessárias.