Sistema Financeiro Internacional:
de Bre3on Woods ao Não-
Sistema
Prof. Dr. Diego Araujo Azzi 2017.2
O papel do Renminbi no SMI
Criptomoedas
Revisão
O papel do Renminbi no SMI
• O obje7vo da estratégia de desenvolvimento da China não é criar uma economia de mercado, mas tornar a China um país moderno, rico e poderoso.
• Taxa de juros, taxa de Câmbio, preços e mecanismos de mercado estão voltados para uma estratégia de desenvolvimento mais ampla.
• Forte controle e direcionamento do crédito, com a oferta concentrada nos grandes bancos públicos.
• Rígidos controles sobre o sistema financeiro - com elevados volumes de depósitos e de poupança – e sobre a conta de capital (taxas de juros sobre depósitos e sobre emprés7mos, e taxa de câmbio)
• No entanto, a China não está isolada do sistema financeiro globalizado hoje existente. Muito pelo contrário.
• Corporações transnacionais construíram cadeias globais de valor (divisão internacional da produção) nas quais a China é parte
central (formação do cluster manufatureiro sino-asiáIco)
• A economia chinesa tem uma relação simbióIca com a globalização produ7va, realizada por meio do dólar.
• Apesar de ter se inserido na economia global sem ter uma
moeda internacional, as dimensões de sua economia a colocam como um pólo de poder
• Como pólo de poder emergente, a China busca ampliar a sua parIcipação nas esferas de poder decisório no plano
internacional
• Estabelecer o Renminbi como moeda internacional (ao menos regional) passa a ser uma estratégia de longo prazo da China, pois permi7ra ao país desfrutar de diversos privilégios que hoje são apenas dos EUA
– ajustar seu balanço de pagamentos em moeda nacional – auxiliar empresas nacionais afazer negócios no exterior
– imprimir mais moeda nacional conforme a necessidade de ajuste do BP – manutenção de menores reservas internacionais em moeda estrangeira
• Apesar das suas dimensões e do potencial do Renminbi como moeda internacional, no curto prazo a China – assim como a
França em BreYon Woods – apóia uma eventual criação de uma moeda mundial supranacional em subs7tuição ao dólar.
Instrumentos de intervenção macroeconômica
• 5 bancos comerciais públicos
• 3 bancos de desenvolvimento públicos
• Expansão dramá7ca do crédito: Estoque total de dívida saltou de 155% PIB em 1998 para 235% do PIB em 2012 (90% setor não- financeiro: governo, famílias, empresas. Empresas 64%; setor público 15% e famílias 11%)
• 40 bancos estrangeiros na China – representam apenas 2% dos a7vos totais (USD 341bi em 2011)
State-dominated financial system
Banco Central da China- People’s Bank of China
- regulado e fiscalizado pela Comissão de Regulação Bancária da China - subordinada ao Conselho de Estado (coordenação de agências
governamentais)
- subordinado ao Poli7buro do Par7do Comunista Chinês
• Bancos chineses no top 10 mundial
– Industrial and Commercial Bank of China – China Construc7on Bank
– Agricultural Bank of China – Bank of China
– China Development Bank e Export-Import Bank of China são os responsáveis por promover a transnacionalização de empresas chinesas e suas operações no exterior (estratégia Going Global).
• Estado empresarial chinês (state-led capitalism)
• Combinação de emprestador de úlIma instância (garan7dor dos emprés7mos bancários e das dívidas corpora7vas) com
capitalista de risco (que formula e financia polí7cas industriais e de inovação por meio dos bancos)
• Regulação financeira pró-aIva “impede” a formação de pirâmides
Estratégia de internacionalização Renminbi (pós-crise de 2008)
• 1) Uma estratégia cautelosa e inédita, através de um conjunto de instrumentos e experimentações
• Historicamente a existência de um mercado financeiro profundo, a
conversibilidade da moeda e a abertura da conta de capital antecedem o uso internacional de uma moeda
• China tenta pra7car uma conversibilidade controlada
• 2) A credibilidade do Renminbi deve ser construída pela China independente da sua eventual capacidade de converte-lo em ouro.
• Mesmos critérios de confiança dos EUA (hard and so. power)
• 3) Escassez de Renminbis fora da China devido ao superávit em conta corrente é uma dificuldade
Estratégia de internacionalização Renminbi: 3 movimentos
• 1) Aumentar o uso do renminbi no comércio internacional e em acordos bilaterais (redução de custos por currency swaps – 17 países asiá7cos, inclusive Japão + Brasil; Argen7na; Coréia do Sul; Turquia, etc)
• 2) Desde 2007: Criação de um mercado off shore (“fora” da China) em Hong Kong e outras praças para que seja possível comprar e vender a moeda chinesa no exterior (8% total Hong Kong, apenas 0,3% global)
• Internacionalização sem abertura da conta de capital
• Mas com crescente interpenetração do mercado offshore sobre o domésIco
• Internacionalização do Renminbi acarretará em reformas no mercado financeiro nacional
• 3) Transformação de Shangai em centro financeiro internacional
• 2002 – abertura (lenta e gradual) da conta de capitais
• Busca por estabelecer ao menos uma hegemonia regional na Ásia
• China como emprestador de úl7ma instância na região
• IniciaIva Chiang Mai: China + 12. Países se comprometem a auxílios mútuos em situações de crise.
• CRA dos BRICS
• Resultados até 2012: mais de 900 ins7tuições financeiras em mais de setenta países já realizam negócios em renminbi
• Porém corresponde a apenas 0,74% das operações comerciais e financeiras globais (13ª posição entre as moedas)
• 2016 - Renminbi alcança 4% do total de transações no mercado cambial internacional
• 8º lugar nas moedas mais transacionadas
• Dólar-Renminbi é a 6ª transação mais freqüente
• Renminbi supera o peso mexicano como moeda emergente mais trocada
• 2016: Renminbi passa a integrar a cesta de moedas que compõem os Direitos Especiais de Saque do FMI (primeira inclusão desde o Euro, em 1999)
Criptomoedas
• Criptomoedas
• Movimento libertário nos EUA: cypher punks
• anarquistas de direita e de esquerda
• liberais
• Ideal de enfrentamento com o Estado e garan7a dos direitos dos indivíduos
• Bit torrent como crí7ca à propriedade intelectual
• Um dos alvos é a moeda
• Criptografia como instrumento polí7co
• Criptografia: área da matemá7ca de alta complexidade
• Transações sem intermediários
• tem que ser validadas por toda a rede de forma descentralizada
• fornece maior transparência e segurança
• não vinculadas a nenhuma iden7dade civil do indivíduo
Criptomoedas
• Mineração
• processar o algorí7mo criptográfico (conjunto de operações logicamente encadeadas) dos blockchains
• fornecer soluções matemá7cas de alta complexidade
• bitcoins como recompensa pela colaboração em rede
• À medida que aumenta o uso de criptomoedas, se torna cada vez mais dihcil e custoso o processo de mineração
• indivíduos não são mais capazes de minerar por conta própria
• grandes corporações passam a dominar o processo de mineração
• centralização do processo de mineração cria uma espécie de Bancos Centrais privados para cada criptomoeda
• Para além das criptomoedas, Fintec – Financial Tecnology –
transformações e apropriações do sistema financeiro tradicional
• Digitalização do serviço bancário (mobile)
• Inteligência Ar7ficial (subs7tuirá os call centers)
• P2P Lending (“sem” intermediários)
• Big Data (targeted services)
• Block Chain (an7-faud instruments)
• Digital Payments (Facebook money transfer)
• Robot Advisory (cheaper, more transparent)
• Satoshi Nakamoto teria prestado um serviço aos grandes bancos?
Revisão
Pontos para estudo
• Relação entre avanço tecnológico e sistema financeiro (internet; crise asiá7ca; Nasdaq; Subprime; Fintec)
• Democra7zação (ampliação do uso) das finanças envolve
inves7dores profissionais e amadores no mesmo jogo (direct finance) mas com assimetria de informações
• Invenção do day trading
• Exuberância irracional nos lançamentos de IPOs de tecnologia
• Mecanismos de transferência de riscos pelo sistema
• Papel das Agências de Classificação de Riscos
• Papel dos Bancos de Inves7mentos
• Papel das Companhias de Seguros
• Papel das inovações financeiras, como os deriva7vos; epacotamento, etc
• Papel da tomada de risco imprudente e da alavancagem do sistema
Pontos para estudo
• Conflitos de interesse entre o setor público (reguladores) e privado (inves7dores) (revolving doors)
• Problemas da teoria econômica neoclássica e da modelagem econométrica
• Manipulação de preço de a7vos e fraudes por parte de grandes inves7dores
• Concentração cada vez maior do sistema bancário/financeiro (too big to fail; poder oligopolís7co dos grandes bancos)
• Riscos financeiros sistêmicos
• Polí7cas de Bail Outs e Quan7ta7ve Easing
• Próxima crise, a crise das Dívidas Soberanas (quem salvará o emprestador de úl7ma instância?)
• Problemas para a Democracia: bancos fortes, Estados fracos (Grécia, p. ex.)
• Fintecs: apropriação pelo sistema de tecnologias originalmente libertárias