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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA - PROLING

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CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUÍSTICA - PROLING

JACIARA DE LIRA ALMEIDA DANTAS

OS DIREITOS DE APRENDIZAGEM DO EIXO ESTRUTURANTE PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS NA PRÁTICA DO PROFESSOR PARTICIPANTE DO PNAIC

João Pessoa - PB

2019

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JACIARA DE LIRA ALMEIDA DANTAS

OS DIREITOS DE APRENDIZAGEM DO EIXO ESTRUTURANTE PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS NA PRÁTICA DO PROFESSOR PARTICIPANTE DO PNAIC

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Linguística da Universidade Federal da Paraíba, como parte das exigências para obtenção do grau de Mestre em Linguística.

Orientadora: Profª Drª Evangelina Maria Brito de Faria.

JOÃO PESSOA - PB

2019

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A Deus, ao meu marido e a nossa filha, dedico!

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por sua constante fidelidade e provisão em todos os momentos vivenciados nesses quase dois anos de trabalho nessa dissertação, a ele eu dedico uma imensurável gratidão. Ao meu marido e nossa filha pelo amor, carinho, cuidado e encorajamento, eles são colunas em minha vida. As Minhas amigas Arineyde e Paty, minhas parceiras na caminhada acadêmica e na vida, pessoas que eu sempre pude contar. A Dinha, amiga inesquecível que sempre deu um jeitinho de estar presente desde a seleção do mestrado, torcendo e vibrando cada conquista minha. A minha orientadora Profª Drª Evangelina Maria Brito de Faria, por todo apoio, incentivo e orientações sempre tão enriquecedoras, a paciência e tranquilidade como conduziu os momentos de orientação. A ela minha enorme gratidão. A professora Drª Marianne Carvalho Bezerra Cavalcante pelas importantes contribuições no exame de qualificação, as sugestões de leitura e organização do trabalho. A Professora Maria Aparecida Valentin Afonso, pelas indicações valorosas no exame de qualificação, suas sugestões de leitura e direcionamentos foram essenciais para a finalização do trabalho. A Fábia, Jonh, Jociele e Cesar, pelo companheirismo e momentos de muito aprendizado e descontração em nossas reuniões de estudo e muito trabalho. À Coordenação do curso, na pessoa do Prof. Dr. José Ferrari Neto, pela disposição de tempo e orientações sempre que lhe solicitei. À Ronil e Valberto, pela exatidão e paciência nas orientações que solicitei ao longo do processo, vale ressaltar que não fora poucas, a eles serei sempre grata.

A professora colaboradora da pesquisa que, concordou com a execução da pesquisa nas suas aulas, sempre nos recebendo com muita gentileza, atenção, disponibilidade e profissionalismo. Do meu lugar de pesquisadora posso dizer que a experiência foi valorosa.

Por fim, agradeço a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior),

pela concessão da bolsa durante parte do período de execução do mestrado.

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RESUMO

A escrita é historicamente reconhecida como uma atividade que tem como função compartilhar nosso modo de pensar acerca dos assuntos de uma cultura ou sociedade. Estudos atuais no âmbito da educação, da linguística e da psicologia são consensuais no sentido de reconhecer a necessidade de conduzir a criança a refletir sobre a função e o uso do sistema de escrita alfabética, como também de inseri-la em práticas de letramento e situações reais de produção escrita. Diante disso, esse estudo tem como objetivo identificar práticas de ensino que valorizam a escrita como uma habilidade em uso na sociedade e contribuem para a autonomia e proficiência da escrita do aluno. E como objetivos específicos, conhecer a compreensão da professora pesquisada sobre os direitos de aprendizagem e sua concepção de escrita; observar práticas na sala de aula; descrever e analisar os dados utilizando como parâmetro, um dos eixos do documento do MEC, o eixo produção de textos escritos.

Metodologicamente, elencamos a pesquisa de campo com caráter descritivo e exploratório e metodologia qualitativa, a qual nos permitiu conhecer, observar, e descrever sistematicamente práticas de ensino desenvolvidas por uma professora participante do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC de uma turma de 3º ano do Ensino Fundamental. O corpus constituiu-se de 20 visitas à escola, realizadas em um período de quatro meses e reuniu informações coletadas em entrevistas e observações de práticas sobre produção escrita em sala de aula. Teoricamente nos apoiamos na concepção de linguagem socialmente construída pautada em Vygotsky (1991), Bakhtin (1995), Tfouni (2010), Kleiman (2002), Soares (2004), Marcuschi (2008), dentre outros pesquisadores do tema. A partir da análise do corpus é possível concluir que há uma coerência entre o conteúdo apresentado na entrevista e as práticas observadas em sala de aula e que os Direitos de Aprendizagem do eixo da Produção de textos se instituem em sala através de práticas vivenciadas pelas crianças.

Notamos também que a professora demonstra constante preocupação com o sistema notacional de escrita e que, para acompanhar a progressão dos alunos ela estabelece uma rotina sistemática de interação individual e coletiva que desafia os alunos a refletir, questionar e testar diferentes hipóteses em suas produções textuais. Essa perspectiva de ensino nos permitiu entender que a professora vem assegurando aos alunos o direito de aprender a planejar, produzir e organizar um texto escrito. Assim, esperamos que essa pesquisa possa contribuir com a comunidade acadêmica e fomentar novas discussões e compartilhamentos de boas práticas de ensino da escrita.

Palavras-chave: Direitos de Aprendizagem. Escrita. Eixo da escrita

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ABSTRACT

Writing is historically recognized as an activity whose function is to share our way of thinking about the affairs of a culture or society. Current studies in education, linguistics and psychology are consensual in order to recognize the need to lead a child to reflect on the function and use of the alphabetic writing system, as well as to insert it in literacy practices and situations written production. Therefore, this study aims to identify teaching practices that value writing as a skill in use in society and contribute to the autonomy and proficiency of student writing. And as specific objectives, to know the teacher's understanding of the learning rights and their conception of writing; observe practices in the classroom; describe and analyze the data using as a parameter one of the axes of the MEC document, the axis of production of written texts. Methodologically, it was listed a field research with descriptive and exploratory character and qualitative methodology, which allowed us to know, observe and systematically describe teaching practices developed by a teacher participating in the National Pact for Literacy in the Right Age - Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa or PNAIC in Portuguese - from a class of the third year of Elementary School. The corpus consisted of 20 visits to the school, held in a period of four months and gathered information collected in interviews and observations of practices on written production in the classroom. Theoretically we relied on the conception of socially constructed language based on Vygotsky (1991), Bakhtin (1995), Tfouni (2010), Kleiman (2002), Soares (2004), Marcuschi (2008), among other researchers of the theme. From the analysis of the corpus it is possible to conclude that there is a coherence between the content presented in the interview and the practices observed in the classroom and that the Learning Rights of the axis of the Production of texts are instituted in the classroom through practices experienced by the children. We also noted that the teacher shows constant concern with the notational writing system and that to follow the progression of the students it establishes a systematic routine of individual and collective interaction that challenges students to reflect, question and test different hypotheses in their textual productions. This teaching perspective has allowed us to understand that the teacher has been assuring students the right to learn to plan, produce and organize a written text. Thus, we hope that this research can contribute to the academic community, foster new discussions and share good writing practice.

Keywords: Learning Rights. Writing. Writing Axis.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01: Tirinha turma da Mônica: Episódio Chico Bento ... 40

Figura 02: Correio dos Desejos ... 65

Figura 03: Diário de bordo /1 ... 66

Figura 04: Diário de bordo /2 ... 67

Figura 05: Diário de bordo /3 ... 68

Figura 06: Atividade inicial do caderno de produção textual ... 69

Figura 07: Projeto Alimentação saudável (Música Comer Comer de Patati Patatá) ... 70

Figura 08: Projeto Alimentação saudável (mural com produções dos alunos) ... 70

Figura 09: Cantinho da Leitura ... 75

Figura 10 - Leitura Deleite na sala de aula ... 75

Figura 11- Leitura Deleite na Biblioteca/1 ... 75

Figura 12 - Leitura Deleite na Biblioteca/2 ... 76

Figura 13 - Sequência didática (atividade do livro) ... 77

Figura 14 - Atividades de produção textual em grupo ... 78

Figura 15: - LD adotado em sala de aula ... 79

Figura 16: - Atividade do LD da pág. 233 ... 81

Figura 17: Exposição dos Haicais/produção de uma aluna ... 81

Figura 18: Haicai de uma aluna ... 82

Figura 19: Atividade da página 45 do LD ... 86

Figura 20: Atividade da página 45 do LD ... 86

Figura 21: Atividade da página 47 do LD ... 87

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Quantitativo dos estudos encontrados ... 17

Quadro 02 – Dissertações elencadas no Estado da Arte ... 12

Quadro 03 – Artigos no Estado da Arte ... 22

Quadro 04 – Quadro dos objetivos e aprendizagem: Oralidade ... 46

Quadro 05 – Quadro dos objetivos e aprendizagem: Leitura ... 47

Quadro 06 – Quadro dos objetivos e aprendizagem: Produção de textos escritos ... 48

Quadro 07 – Quadro dos objetivos e aprendizagem: Análise Linguística 1 ... 49

Quadro 08 – Quadro dos objetivos e aprendizagem: Análise Linguística ... 50

Quadro 09 – Quantitativo das aulas observadas ... 54

Quadro 10 - Dados extraídos do quadro expositivo da escola ... 73

Quadro 11 - Atividades observadas ... 73

Quadro 12 - Objetivos de aprendizagem e ações da professora... 88

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs SEA – Sistema de Escrita Alfabética

PNAIC – Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa IES – Quadro dos objetivos e aprendizagem: Leitura ZDP – Zona de Desenvolvimento Proximal

ANA – ANA Avaliação Nacional da Alfabetização

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

MEC – Ministério da Educação

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1. A ESCRITA COMO PRÁTICA SOCIAL: CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS ... 17

1.1.1 O Estado da Arte ... 17

1.1.2 A Linguagem escrita ... 24

1.1.3 Os domínios do SEA no percurso da alfabetização... 31

1.1.4 A escrita afirmada como um direito ... 41

2 PERCURSO METODOLÓGICO ... 52

2.1.1 Caracterização da pesquisa...52

2.1.2 O campo da pesquisa ... 52

2.1.3 A Colaboradora da pesquisa ... 53

2.1.4 Procedimentos de coletas dos dados ... 53

2.1.5 Instrumentos ...53

2.1.6 Delimitação do corpus ... 54

3. O LUGAR DA ESCRITA NA ESCOLA: ANÁLISES E DISCUSSÕES ... 55

3.1.1 Os direitos da aprendizagem e ensino da escrita na concepção da professora...55

3.1.2 Um olhar sobre a prática...64

3.1.3 Os Direitos de aprendizagem e a produção textual na prática observada... 88

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 91

REFERÊNCIAS ... 95

APÊNDICES ...102

ANEXOS ...104

(13)

INTRODUÇÃO

A escrita é historicamente reconhecida como uma atividade humana que tem como uma de suas principais funções, compartilhar nosso modo de pensar acerca dos assuntos de uma cultura ou sociedade. De acordo com Antunes (2003), a comunicação presente na sociedade e diversidade cultural vem sendo gradualmente marcada por meio de práticas de escrita:

Assistimos, sempre mais, a um mundo que interage pela escrita. São jornais, revistas, livros, folhetos, cartazes, placas, entre outros, a nos apelar para a informação e para a orientação social. A complexidade inerente à vida das pessoas nas grandes cidades impõe a conveniência, a economia e a eficácia da comunicação escrita (ANTUNES, 2003, p. 23).

A escrita, que é decorrente de uma sociedade letrada, atinge a todos indistintamente e mesmo aqueles que não possuem escolaridade estão imersos na cultura letrada. Por essa perspectiva, entendemos a escrita como uma atividade, presente em todo entorno do sujeito de uma sociedade letrada. É certo, que em relação a criança em desenvolvimento cognitivo e social, a exposição aos registros escritos em todo o seu entorno provoca seu interesse de compreendê-los. De acordo com Ferreiro e Teberosky (1999), desde a mais tenra idade a escrita é manifestada na criança e pela criança, pois entre as reproduções de rabiscos e uma escrita mais elaborada elas naturalmente assumem o papel de produtoras de textos para manifestar suas impressões e se comunicar com seus pares.

Nessa direção, é possível entender a linguagem escrita como uma modalidade da língua em uso que se aprende e se manifesta de forma gradativa e contínua (FRONZA;

LORANDI; LEMES, 2006; LORANDI; CRUZ; SCHERER,2011). Os estudos de Papália e Feldman (2013) apontam que, aproximadamente aos 06 anos de idade, as habilidades linguísticas apresentam maiores progressos, de acordo com as autoras as crianças desta fase são mais capazes de compreender, interpretar e reproduzir a escrita.

O grande momento da criança em relação à escrita talvez seja quando ela passa a

entender a sua função social ao se relacionar com os espaços e realidades que a cercam. A

exemplo da escola, lugar onde naturalmente elas começam a perceber os sentidos das letras,

sílabas e palavras, compreender a estrutura sistemática dos textos e reconhecer a prática de

escrita como uma forma de dialogar com seus próprios saberes e os saberes dos outros, ou

seja, as crianças começam a reconhecer que seus rabiscos e tentativas de escrita possuem uma

função interativa.

(14)

Cabe destacar que essa função interativa da escrita é marcada justamente pela intenção do sujeito de compreender e se fazer compreendido nas situações sociais em seu entorno. Para Bakhtin

1

(2000 [1979]) e sua concepção do dialogismo, essa forma de linguagem tem intenção dialógica visto que sempre numa atividade de escrita, o sujeito busca provocar no outro uma devolutiva quase que imediata, uma compreensão responsiva ativa:

A compreensão responsiva nada mais é senão a fase inicial e preparatória para uma resposta (seja qual for a forma de sua realização). O locutor postula esta compreensão responsiva ativa: o que ele espera, não é uma compreensão passiva que, por assim dizer, apenas duplicaria seu pensamento no espírito do outro, o que espera é uma resposta, uma concordância, uma adesão, uma objeção, uma execução, etc (BAKHTIN, 2000 [1979], p.291).

Essa concepção de Bakhtin reforça o entendimento de que a linguagem escrita é uma atividade direcionada pela necessidade natural que o sujeito possui de se relacionar com seus pares, legitimar suas ideias e participar ativamente de uma sociedade. Quando refletimos sobre esse desejo de pertencer a uma realidade social por meio da escrita, é comum lembrarmos a empolgação das crianças quando estão arriscando a escrita do seu próprio nome, em geral na fase de transição que permite a comunicação recíproca entre a escrita de rabiscos e o reconhecimento de escrita como um símbolo (ALENCAR, 2012; FAYOL, 2014).

De acordo com Vygotsky (2000), é por meio desses primeiros traçados que a criança começa a perceber a função simbólica da escrita, assim a prática da escrita ajuda a criança a internalizar as representações dos textos em sua volta antes mesmo dela dominar o sistema alfabético de escrita ou a norma culta da língua.

Todavia, Soares (2004) destaca que, em situações de ensino, é imprescindível reconhecer que, ao contrário da linguagem oral que, em geral, a resposta é mais imediata a linguagem escrita exige uma série de habilidades além dos primeiros traçados, ou seja, para escrever textos mais estruturados e formais a criança precisa aprender dois tipos de regras: as regras que governam a constituição das expressões linguísticas (regras semânticas, sintáticas, morfológicas e fonológicas) e as regras que governam os padrões de interação verbal em que essas expressões linguísticas são usadas (regras pragmáticas).

Ainda a esse respeito, convém salientar que para além do conceito de palavras e estruturas gramaticais, o desenvolvimento da escrita deve ter em si uma intenção social de

1

Concepção de linguagem desenvolvida por Mikhail Bakhtin (1995[1929])

(15)

comunicação e de expressão (SOARES, 2004, FERREIRO;TEBEROSKY,1999, LEITE;

BAPTISTA, 2010). Nessa direção, Marcuchi (2008) diz que as tratativas relativas à fala e escrita não devem ter como base apenas as questões relativas ao código, pois a fala é adquirida naturalmente nos diferentes contextos em que o indivíduo está inserido, já a escrita é ensinada e consolidada em contextos mais formais, a exemplo da escola que em geral é reconhecida como um espaço responsável por sistematizar o conhecimento.

Portanto, os estudos no âmbito educacional que discutem a escrita e sua função social concordam que a escola é por excelência uma das instituições responsáveis pela formação social e intelectual das crianças, e que as práticas de ensino precisam ser introduzidas a partir de uma exposição explícita quanto aos assuntos específicos, promovendo a troca de saberes e compreensão de que a escrita é uma atividade natural e acessível a qualquer cultura e sociedade (KLEIMAN 1995; SOARES 2004; LEITE; BAPTISTA 2010; BITTENCOURT;

SILVA, 2015).

É certo que, em algumas realidades, as práticas pedagógicas ainda entendem a escrita apenas como uma das habilidades a serem aprendidas no processo de alfabetização, em detrimento ao pensamento de que ensinar o sistema de escrita alfabética (SEA) é possibilitar a inserção da criança na cultura escrita de qualquer sociedade. Portanto uma das principais finalidades do ensino de leitura e escrita deve ser auxiliar a criança no desenvolvimento de estratégias progressivas e sofisticadas para que ela compreenda o que lê e consiga expressar na escrita suas ideias, pensamentos e sentimentos, (SOARES, 2004; ANTUNES, 2003;

ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, (2008); PAPALIA; FELDMAN, 2013).

Nesse mesmo entendimento, Ferreiro e Teberosky (1999) afirmam que as práticas de ensino da escrita devem priorizar e potencializar as etapas que a criança já consegue dominar, portanto o ensino deve valorizar a criança em si e suas habilidades sociocognitivas. Logo, importa-nos reconhecer que, principalmente no processo de alfabetização, o professor assume um papel imprescindível no percurso de apropriação e domínio da língua escrita.

O termo “alfabetização” vem sendo fonte expressiva de pesquisas no âmbito educacional, linguístico e psicológico, os estudos têm discutido estratégias que possam assegurar a formação de leitores e escritores no contexto brasileiro (SOARES, 2004;

ALBUQUERQUE; MORAIS, 2008; FARIA; SOARES, 2015; FERNANDES, 2017;

MORAIS, 2005). Com esse enfoque, a preocupação dos Parâmetros Curriculares Nacionais -

PCNs (BRASIL, 1997), aponta para que além do ensino de convenções ortográficas e

(16)

gramaticais, os alunos sejam direcionados a fazer uso da escrita naturalmente em suas atividades dentro e fora da escola:

O trabalho com produção de textos tem como finalidade formar escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes. Um escritor (o termo “escritor” está sendo utilizado aqui para referir-se não a escritores profissionais e sim a pessoas capazes de redigir) competente é alguém que, ao produzir um discurso, conhecendo possibilidades que estão postas culturalmente, sabe selecionar o gênero no qual seu discurso se realizará escolhendo aquele que for apropriado a seus objetivos e à circunstância enunciativa em questão (PCN’s 1997, pág. 28).

O exposto nos traz a reflexão sobre o fato de que, embora já tenha se passado mais de vinte anos da publicação dos PCN’s (1997), os indicadores relativos ao desempenho da escrita em boa parte das escolas brasileiras ainda apresentam níveis de proficiência abaixo do esperado. Por essa razão, as políticas públicas e a sociedade vêm se articulando em busca de alternativas para apresentar resultados mais positivos acerca desse cenário.

Compreende-se que, para além dos desafios comumente encontrados no processo de ensino da escrita, as expectativas dos documentos oficiais, bem como de programas de incentivo à leitura e à escrita, é que o desenvolvimento dessas habilidades linguísticas sejam consolidados já nos anos iniciais do ensino fundamental. Dentre os programas de incentivos podemos citar o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – (PNAIC) instituído em 2012 com o objetivo de se construir junto aos professores alfabetizadores, práticas coletivas do processo de alfabetização numa perspectiva progressiva de apropriação e consolidação do SEA e das estruturas sociais dos textos.

O PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa foi instituído pelo Ministério da Educação (MEC) em 2012:

O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 87, inciso II, parágrafo único da Constituição Federal, e considerando o disposto nas Leis no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, no 11.273, de 06 de fevereiro de 2006, e no art. 2º do Decreto no 6.094 de 2007, no art. 2o do Decreto no 6.755 de 2009 e no art. 1o, parágrafo único do Decreto no 7.084 de 2010, resolve:

Art. 1o Fica instituído o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa, pelo qual o Ministério da Educação (MEC) e as secretarias estaduais, distrital e municipais de educação reafirmam e ampliam o compromisso previsto no Decreto no 6.094, de 24 de abril de 2007, de alfabetizar as crianças até, no máximo, os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental, (Diário Oficial nº 129, 2012 [Portaria nº 867], 2012).

Para a instituição do PNAIC, outra importante iniciativa foi a elaboração e publicação

do documento intitulado Elementos Conceituais e Metodológicos para definição dos Direitos

de Aprendizagem e Desenvolvimento do Ciclo de Alfabetização (1º, 2º e 3º anos) do Ensino

(17)

Fundamental, em novembro de 2012, a elaboração do referido documento contou com a participação ativa de pelo menos 12 instituições públicas brasileiras do ensino superior a partir de discussões e pesquisas realizadas por estudantes de pós-graduação em Educação e Letras, estudantes de graduação em Pedagogia e professores da educação básica, somando-se um total de 84 participantes que discutiram essencialmente a realidade do baixo desempenho em leitura e escrita dos alunos brasileiros.

Tais discussões resultaram na proposição de alguns direitos básicos que precisam ser contemplados nas práticas de ensino no ciclo da alfabetização:

A criança tem, no início do Ciclo da Alfabetização, o direito de “aprender a ler e a escrever”, em situações com a mediação do professor e em situações mais autônomas, para que possa, no final do Ciclo, chegar ao “ler para aprender” e

“escrever para seguir a escolarização”, o que significa uma evolução necessária, como estudante e cidadã (BRASIL, 2012, p.6).

Considerando o exposto, temos percebido que as discussões acerca do processo de alfabetização no contexto brasileiro têm caminhado essencialmente na direção de se pensar e repensar práticas de ensino que possibilitem a reflexão da criança acerca da estrutura convencional e função social das palavras em seu entorno, práticas que compreendam a leitura e a escrita como um processo progressivo que se consolida principalmente a partir de atividades contextualizadas que valorizam o saber prévio que cada criança manifesta em suas atividades escolares (ALBUQUERQUE; MORAIS; FERREIRA, 2008; BAPTISTA, 2010;

BIANCHI, 2015).

Conforme já mencionado anteriormente, embora já se contemple um olhar mais empírico acerca das experiências em sala de aula, iniciativas de formação continuada para professores alfabetizadores e investimentos de recursos para um ensino dinâmico e contextualizado, de acordo com algumas avaliações nacionais

2

, o analfabetismo ainda é uma forte realidade nas escolas brasileiras. Esses resultados avaliativos têm recorrentemente provocado discussões inquietantes na sociedade e contextos de pesquisas em diferentes campos do conhecimento, dentre eles a pedagogia, psicologia e linguística, as discussões têm

2

PROVINHA BRASIL - Avaliação diagnóstica aplicada aos alunos matriculados no segundo ano do ensino fundamental

ANA - Um dos instrumentos do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), avalia os níveis de

alfabetização e letramento em língua portuguesa, a alfabetização em matemática e as condições de oferta do

ciclo de alfabetização das redes públicas.

(18)

buscado dentre outras questões, identificar os antecedentes e consequentes que vem refletindo no baixo desempenho dos alunos.

Esse cenário nos sugere refletir sobre a importância de avançar com as discussões empíricas acerca das práticas de ensino na alfabetização, com a expectativa de conhecer e descrever como e sob quais escolhas metodológicas os professores alfabetizadores têm planejado suas ações para o ensino do sistema de escrita alfabética.

Diante do exposto, o presente estudo, teve como objetivo geral identificar práticas de ensino que valorizam a escrita como uma habilidade em uso na sociedade que contribuem para a autonomia e proficiência da escrita do aluno. E como objetivos específicos, conhecer a compreensão da professora sobre os direitos de aprendizagem e sua concepção de escrita;

observar as práticas na sala de aula; descrever e analisar os achados utilizando como parâmetro, o eixo produção de textos escritos do documento do MEC, o eixo produção de textos escritos. Partimos do pressuposto de que, o ensino da produção escrita requer suportes teóricos para encaminhar propostas que busquem o desenvolvimento das habilidades no domínio do sistema de escrita para a produção de textos efetivos e coerentes.

Assim, estruturamos essa dissertação em três capítulos. No primeiro, A escrita como um direito de aprendizagem, apresentamos o estado da arte, reflexões teóricas sobre a escrita e apresentamos o documento do MEC Elementos Conceituais e Metodológicos para definição dos Direitos de Aprendizagem (BRASIL, 2012). No segundo capítulo trazemos todo percurso metodológico e no terceiro as análises. Finalizamos tecendo nossas considerações acerca do tema do estudo.

Esperamos que os resultados apresentados e discutidos nesta dissertação possam

contribuir com a comunidade acadêmica fundamentando as discussões acerca dos direitos de

aprendizagem e escrita, forneça informações para os envolvidos com políticas públicas

direcionadas a promover uma educação de qualidade, como também, possa se estender às

mãos de educadores interessados em mudar o cenário atual de baixo desempenho na

competência em escrita dos alunos brasileiros que buscam assegurar o pleno desenvolvimento

dos alunos de modo que eles consigam fazer uso da escrita proficiente em suas práticas

sociais.

(19)

1. A ESCRITA COMO PRÁTICA SOCIAL: CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS

1.1.1 O Estado da arte

Para melhor definir os caminhos do nosso estudo buscamos investigar o que, e como os trabalhos teóricos vêm discutindo as palavras-chave contidas em nosso tema. Deste modo, realizamos uma busca nas seguintes bases de dados: (Google Acadêmico, Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES, Portal de Periódicos da CAPES/MEC e Repositório Institucional da UFPB), utilizando os descritores elencados da seguinte forma: “Direitos de aprendizagem”; “eixo da escrita”, “Direitos de aprendizagem”;

“eixo escrita”, Direitos de aprendizagem;eixo da escrita e Direitos de aprendizagem;escrita.

Optou-se por refinar a busca considerando a disposição de filtro de cada base de dados utilizando os seguintes critérios de inclusão: ser artigo, dissertação e tese publicados em português publicados no período compreendido entre 2014 e 2018 pela importância de se reunir as publicações do últimos cinco anos, bem como pelo nosso foco nas publicações de estudos relativos aos desdobramentos do PNAIC que teve a sua primeira edição em 2013. É válido destacar que optamos por utilizar o refinamento disponível nas próprias bases de dados. A busca nos possibilitou encontrar um total de 91 estudos entre artigos e dissertações, porém após uma leitura sistemática dos resumos dos referidos estudos elencamos apenas 19 que apresentaram relação com nosso tema de pesquisa sendo que, 14 foram dissertações e 05 artigos.

Quadro 1 – Quantitativo dos estudos encontrados

Conforme descrição no Quadro 1, esses estudos foram indexados nas bases de dados do Google Acadêmico, Repositório Institucional da UFPB e Periódicos CAPES e desenvolvidos pelas áreas Educação (9), Linguística (6) e Letras (04). No quantitativo das dissertações observamos que os objetivos dos estudos estiveram interessados em investigar o

Base de dados Quant.

Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES 00

Scientific Eletronic Library Online - SCIELO 00

G. Acadêmico 07

Repositório Inst. UFPB 05

Periódicos CAPES 07

19 Área do Conhecimento

Educação 09 Linguística 06 Letras 04

(20)

desempenho em leitura e escrita dos alunos do ciclo da alfabetização, a prática docente na perspectiva do PNAIC, contribuições do PNAIC para o ensino na alfabetização e práticas de avaliação da escrita na alfabetização, 01 dissertação tratou do tema consciência fonológica e alfabetização. Em relação aos artigos observamos que os estudos investigaram os aspectos relativos ao desempenho dos alunos da alfabetização, aquisição da escrita, desempenho dos alunos em produção textual e concepção dos professores quanto ao ensino na alfabetização.

Quadro 2 - Dissertações elencadas no Estado da Arte Título / Autor

(es)/IES /ano

Objetivo Metodologia Resultados

01

Explorando artes sequenciais: as práticas de ensino e de

avaliação com quadrinhos nas aulas de língua portuguesa dos anos iniciais do ensino fundamental

Analisar as práticas pedagógicas de ensino e de avaliação com quadrinhos nas aulas de Língua Portuguesa em anos iniciais do Ensino Fundamental, de uma escola da rede municipal de Fortaleza.

Um estudo de caso, com pesquisa de campo, de caráter qualitativo, descritivo, além de uma

investigação documental.

Segundo os resultados encontrados nesta pesquisa, as práticas pedagógicas e de avaliação das professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental, no universo pesquisado, incluem o trabalho com quadrinhos, apesar do pouco domínio técnico revelado pelos professores.

ALVES, Eveline Valério

Faculdade de Educação da

Universidade Federal do Ceará,

2018

02

Conteúdos de conhecimento linguístico para o ensino da

alfabetização: uma análise sobre a formação de alfabetizadores na política do PNAIC

Analisamos as relações entre a formação realizada no Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) em língua portuguesa e as necessidades formativas do alfabetizador, em conteúdos de conhecimento linguístico necessários à alfabetização.

Pesquisa bibliográfica e documental e

fundamentada nos pressupostos da perspectiva histórico- cultural da linguagem, e desenvolvimento humano. As categorias analisadas foram alfabetização; escola, ensino e professor;

leitura, oralidade e escrita; conhecimentos, habilidades e direitos de aprendizagem.

Concluímos que o PNAIC deu continuidade às formações para professores fundamentadas nos princípios da teoria construtivista, portanto, a formação está centrada na importância de o professor guiar o processo de alfabetização com base no conhecimento dos estágios de desenvolvimento da escrita propostos pelo construtivismo.

BASSO, Susana Vera Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, 2018

03

O Planejamento da prática pedagógica do professor

alfabetizador: marcas da alfabetização continuada

Analisar repercussões da formação

continuada desenvolvida no PNAIC com foco no planejamento dos professores alfabetizadores dos anos iniciais do EF

Realizou-se observações, questionários,

entrevistas, discussões com os professores.

Os resultados apontaram que a formação continuada teve repercussão, no planejamento e inserção de práticas inovadoras na organização e rotina dos professores.

ELEOTÉRIO, Paula

Francimar da Silva

Universidade UFRN

(21)

2016

04

O pacto nacional pela alfabetização na idade certa (PNAIC) e sua contribuição aos professores

alfabetizadores sobre o sistema de escrita alfabética (SEA)

O presente estudo tem como objetivo compreender a contribuição do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) aos professores alfabetizadores sobre o Sistema de Escrita Alfabética (SEA), e sobre como esse conhecimento interfere nas ações didático-pedagógicas em prol da

alfabetização, configurando-se como uma proposta instigadora para avançar nas

discussões em relação à formação

continuada.

Para coleta de dados foram utilizadas as entrevistas semiestruturadas e aplicação de questionários com perguntas abertas e fechadas A pesquisa conta com 111 participantes, sendo caracterizada como quali-quanti, cujos dados coletados são tratados por meio de uma abordagem qualitativa.

Os resultados desta investigação revelam que, de maneira geral, o PNAIC contribuiu para a troca de experiências entre os professores, conhecimento para melhor compreender os estágios de escrita pelos quais a criança passa durante a alfabetização, reflexão sobre a prática pedagógica, organização e planejamento, reflexão sobre o aprendizado da criança e preocupação com o fazer aprender do estudante. Em relação ao conhecimento sobre o SEA, os professores dizem que, a partir do PNAIC, houve uma melhor compreensão acerca dos níveis de escrita pelos quais a criança passa no processo de alfabetização e os direitos de

aprendizagem para cada ano (1º, 2º e 3º) do ciclo de alfabetização. As falas dos professores também revelaram que o

conhecimento sobre o SEA repercutiu, de maneira importante, na qualidade da prática pedagógica.

KORN, Eliane Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE

2016

05

O Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: aprendizagem da leitura no 1º ano do ensino fundamental

O objetivo deste estudo, partindo da nova proposta do ciclo de alfabetização do PNAIC, é o de analisar a aprendizagem da leitura dos alunos do 1º ano do Ensino Fundamental, da rede Municipal de João Pessoa, de turmas acompanhadas por professoras alfabetizadoras participantes deste Pacto

Um estudo de caso, exploratório, descritivo,

desenvolvido a partir das abordagens Qualitativa e

quantitativa. A amostra foi composta por 18 professoras

alfabetizadoras participantes da formação do PNAIC, no município de João Pessoa. E elaboramos um questionário de coleta de dados e em seguida, aplicamos o mesmo com o grupo focal, durante o curso de formação.

Os resultados mostraram que os alunos do 1º ano do Ensino Fundamental avaliados pelas professoras alfabetizadoras

demonstraram uma boa aprendizagem da leitura, de acordo com os Direitos de Aprendizagem

referentes ao ano em estudo, além do mais, os achados deste estudo evidenciaram também um novo olhar sob a

organização do trabalho pedagógico por parte das professoras do grupo investigado.

LOPES, Priscila Alves de Almeida

Universidade Federal da Paraíba - UFPB

2014

(22)

06

A aquisição do sistema de escrita alfabética no ciclo de alfabetização: a situação de alunos no 3º ano em Teixeira de Freitas - BA

Tem, como principal objetivo,

compreender e analisar os fatores que interferem no processo de alfabetização de alunos que chegam ao final do ciclo e não estão

alfabetizados.

A pesquisa foi de abordagem qualitativa, do tipo interventiva e utilizou os seguintes instrumentos e procedimentos para a produção dos dados:

análise documental, encontros de

intervenção pedagógica e entrevista

semiestruturada com três professores e a coordenadora pedagógica da escola objeto de estudo.

Com o material produzido foram notados avanços na aprendizagem dos alunos em relação ao SEA, indicando a necessidade de um investimento maior na superação da dicotomia alfabético-alfabetizado. No movimento da pesquisa, foram verificados alguns fatores que parecem interferir na não

aprendizagem dos alunos que são de natureza pedagógica,

administrativa, política e familiar.

PEREIRA, Priscila Alves

Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC

2017

07

Placas e cartazes: o uso dos gêneros

discursivos s aulas de Português no Ensino Fundamental

Sequência didática que teve como objetivo aprimorar as habilidades leitora e escritoras dos alunos.

Pesquisa-ação Promoveu o avanço das habilidades leitoras e escritoras dos alunos e ainda a apropriação das características dos gêneros.

ELENO, Mariana Jablonski de Freitas Faculdade de Filosofia e Letras – SÃO PAULO 2018

08

Literacia: uma proposta de jogo digital educacional como auxílio no desenvolvimento do sistema alfabético de escrita

Desenvolver uma proposta de jogo digital educacional como auxílio no desenvolvimento do sistema alfabético de escrita de alunos do ciclo de alfabetização do Ensino

Fundamental I.

Pesquisa qualitativa aplicada com caráter experimental. duas pedagogas que orientam professoras alfabetizadoras no Ciclo de Alfabetização, bem como 3 (três) professoras que lecionam no 1º ano do Ensino Fundamental, 3 (três) que lecionam no 2º ano e mais 3 (três) que lecionam no 3º ano do Ensino

Fundamental, totalizando 9 (nove) professoras

alfabetizadoras. O instrumento de coleta de dados foi um questionário com perguntas abertas e do tipo likert

Pode-se perceber através do gráfico que, comparado ao nível nacional, o município de São José dos Pinhais está atrás da meta que pretende chegar ao número de 11 alunos por computador até 2020.

Quando se fala de tecnologia na escola, têm se preocupado muito com questões técnicas, relativas a equipamentos, deixando de lado o elemento central de qualquer ato

pedagógico, que é o professor. Apesar de se envolverem, os professores ainda demonstraram certa resistência quando ao uso do programa Literacia.

KERSCHER, Ricardo Centro Universitário Internacional UNINTER,

2017 09

A Relação entre a Consciência

Fonológica e aquisição

Avaliar as contribuições da relação entre a

Pesquisa qualitativa com caráter descritivo e intervencionista com

Os resultados apontarem

que as contribuições dessa

relação acontecem

(23)

da escrita aquisição da escrita e a consciência fonológica para o processo de alfabetização.

aluno do ciclo de alfabetização ensino fundamental.

Aplicamos pré- teste/intervenção didática proposta pelo PNAIC/pós-teste.

principalmente com a inserção da CF no processo de alfabetização.

CAXIAS, Aldenice da Silva

Universidade Federal da Paraíba - UFPB 2015

10

Práticas para a aquisição da

proficiência da escrita em relatos de

professores no ciclo da alfabetização

Investigar a desarticulação entre os objetivos e os procedimentos e estratégias de atividades para a aquisição da

proficiência na escrita de alunos do ciclo da alfabetização.

Pesquisa de natureza qualitativa que constituiu um corpus de 12 relatos

selecionados como uma das atividades

obrigatórias da formação continuada.

O estudo traz evidências de fragilidades na especificação de estratégias apropriadas para o alcance de objetivos determinados e permite inferir que a dissonância ou incoerência global verificada nos relatos, pode ser um indicativo de desarticulação de natureza mais ampla, que envolve o processo pedagógico como um todo.

FERNANDES, Terezinha Alves Universidade Federal da Paraíba - UFPB 2017

11

Leitura e escrita no final do ciclo de alfabetização: uma interface com uma proposta de letramento do PNAIC.

Apresentar os resultados de uma pesquisa que analisou o desenvolvimento dos alunos do 3º do ensino Fundamental de uma escola do Município de Bayeux-PB a partir de uma proposta didática orientada pelo PNAIC.

Pesquisa quantiquali de caráter descritivo intervencionista.

Tratou-se de uma vivencia da própria professora da turma.

Os resultados apontaram que os alunos evoluíram na competência de leitura e escrita.

Geysa Paula Castor da Silva Fontes

Universidade Federal da Paraíba - UFPB 2015

12

Nas entrelinhas da segmentação de palavras: juntar ou separar?

Desenvolver estratégias para trabalhar as segmentações – hipersegmentação e hipossegmentação em gênero textual que propicia a relação oral/escrita.

Estudo de campo de caráter qualitativo de cunho descritivo com uma proposta de intervenção pedagógica. Para a coleta dos dados foram utilizados e sequencia de atividades aplicadas a dez alunos da turma do 2º ano.

Das dez crianças que participaram da pesquisa, seis conseguiram compreender melhor a formalização da segmentação na escrita após a sequência de atividades aplicadas em sala de aula.

SANTOS, Joseane Azevedo de Oliveira dos.

Universidade Federal da Paraíba

2017

13

A prática avaliativa na produção textual escrita dos discentes nos anos iniciais do ensino fundamental

Este estudo tem como objetivo geral analisar as concepções e as práticas avaliativas do professor frente aos desvios dos alunos do Ciclo de Aprendizagem (correspondente ao

Para a realização dessa pesquisa, foram utilizados os seguintes instrumentos:

observação em sala de aula, entrevista gravada em áudio e recolhidas práticas de produção escrita dos cadernos de dois alunos, para a

O resultado das análises aponta que apesar dos avanços no discurso da professora, mesmo que timidamente efetivados na sua prática pedagógica, ainda existem desafios na transposição didática, na perspectiva de um ensino reflexivo, pelo menos no SOARES, Maria

Zuleide Abrantes .

Universidade Federal

da Paraíba –pB

(24)

2014

1o, 2o e 3o anos, denominado também de Ciclo de

Alfabetização) na produção textual escrita.

coleta de dados, que foram analisados a partir da proposta do PNAIC.

que diz respeito à produção textual escrita.

14

Processo de reconstrução dos planos de estudos dos anos iniciais em uma escola pública a partir dos direitos de aprendizagem

Tem por objetivo principal a reestruturação dos planos de estudos dos anos iniciais a partir dos direitos de aprendizagem dos estudantes.

Este relatório crítico reflexivo apresenta a análise final do projeto de intervenção

realizado em uma escola estadual de ensino médio, na cidade de Pelotas, envolvendo professores do ensino fundamental anos iniciais e equipe pedagógica da instituição. O projeto foi realizado entre os meses de março e julho de 2016, dentro dos espaços destinados as reuniões pedagógicas na escola.

Os resultados das ações interventivas apresentaram aspectos formalmente importantes na

convivência do grupo de professores, melhorando as relações, o diálogo, a troca de experiências, rompendo coma solidão pedagógica e o trabalho individual.

CONTREIRA, Patrícia Pinho

Universidade Federal do Pampa

2016

Quadro 3 – Artigos no Estado da Arte Título / Autor

(es)/Periódico/ano

Objetivo Metodologia Resultados

01

O ensino da língua escrita: um processo de inclusão social

Este estudo tem como objetivo compreender como o ensino da língua escrita vem sendo proposto às crianças que cursam os anos iniciais do ensino fundamental, mediante a análise de referências que o fundamentam, buscando tecer relações deste ensino com as discussões acerca da inclusão social, que também vem atravessando significativamente o cenário educacional do país.

Estudo bibliográfico Assim se conclui, mostrando que as práticas de alfabetização e letramento, endossadas pelas questões da inclusão social, devem se conciliar com a finalidade de promover o efetivo ensino da língua materna,

relacionando a apropriação do sistema alfabético às práticas sociais de leitura e escrita, e buscando a interação e diálogo como forma de emancipação do educando, como sujeito social, para ser capaz de participar ativamente da sociedade em que vive.

MARTINS, Verônica de Andrade de Almeida

ROCHA, Patrícia Rodrigues

Revista Philologus, Ano 22, N° 64 Supl.:

Anais do VIII SINEFIL. Rio de Janeiro: CiFEFiL, jan./abr

2016

02

Avaliação da produção textual na

alfabetização: uma prática

Ainda em construção

Tem por objetivo discutir práticas avaliativas de produção textual de professores engajados em Programas do MEC para a Alfabetização, para compreender os possíveis obstáculos

Foram realizadas entrevistas com a professora e feitas análises de produções de duas crianças de sete anos, do segundo ano de

uma escola pública da cidade de João

Os dados mostram que a avaliação ligada às ações de ensino de produção textual, servindo como ponto de partida para o planejamento

didático, ainda precisa ser efetivamente

implementada em salas de FARIA, Evangelina

Maria Brito de

SOARES, Maria

Zuleide Abrantes

(25)

Revista Prolíngua – ISSN 1983 – 9979 p.

260

Vol. 10 – Núm. 1

que impedem a efetivação da aprendizagem da produção textual por parte das crianças.

Pessoa alfabetização.

2015

03

Direitos de aprendizagem de língua portuguesa:

aprofundamento necessário

Objetivo deste estudo foi apresentar a percepção dos professores participantes da pesquisa sobre os direitos e o tratamento dado durante o Pacto.

Estudo de caso e para a geração de dados, neste artigo, foi utilizada a entrevista coletiva.

Os resultados evidenciam que as professoras elogiaram o material de formação, o acervo literário e a socialização de práticas, criticaram a carga horária e a organização dos encontros, a mediação dos formadores e ressaltaram que os direitos de aprendizagem se

mostraram uma novidade, mas que não houve aprofundamento do estudo sobre eles.

OLIVEIRA, Andréa Ramos de.

PARISOTTO, Ana Luzia Videira.

Colloquium Humanarum,

Presidente Prudente, v.

14, n. 4, p.40-45 out/dez 2017. DOI:

10.5747/ch.2017.v14.n 4.h332

2017

04

Avaliação diagnóstica do sistema de

apropriação de escrita alfabética de alunos do 1º ao 3º ano

O objetivo do

diagnóstico é fazer uma avaliação para analisar como o aluno está se apropriando da língua escrita. Nosso objetivo inicial é apresentar os dados dos três

diagnósticos realizados nos dois semestres de 2013 com os dois diagnósticos realizados no primeiro semestre de 2014

Pesquisa qualitativa com ênfase no estudo documental

comparativo. Buscou- se analisar três diagnóstico de 2014 com dois diagnostico de 2013.

É evidente a partir da análise comparativa das tabelas (por ano) o avanço no desenvolvimento dos alunos na construção do SEA. Portanto, o que vem sendo desenvolvido na escola, tem atingido as metas propostas pelo PNE, tanto que, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) da escola parte de 5.4 em 2011, antes do início do PACTO, para 6.2 no ano de 2013.

OLIVEIRA,

Bernadete Lazarini de, Igor PADOVAN, Dionne dos Santos, MAGALHÃES, Gelson Simões CUPAIOLI, Vanessa da Silva

Revista Ensino &

Pesquisa, v.14 n.01 p.123-135

2016

REIS, Mariléia Silva dos.

Textura Canoas n.31 p.37-51

2014

06

Refletindo sobre a língua escrita e sobre sua notação no final da educação infantil

Discutir o ensino e a aprendizagem da linguagem escrita envolvendo meninos e meninas de

5 anos.

Foram acompanhadas duas turmas na última etapa da educação infantil durante um ano letivo.

Nota-se que aquelas crianças que puderam explorar narrativas de ficção, cantigas rimadas e outros textos da tradição oral, além de jogos fonológicos, apresentaram progressos marcantes.

Conclui-se que, quando o tema é o lugar da escrita na MORAIS, Artur

Gomes de.

ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de.

BRANDÃO, Carolina

(26)

Perrusi Alves. educação infantil, é importante não se ater às duas posições que têm polarizado o debate: a alfabetização precoce com métodos tradicionais ou a supressão do ensino da língua escrita e de sua notação, em nome de preservar-se a ludicidade naquela fase da educação básica.

Rev. bras. Estud.

pedagog. (on-line), Brasília, v. 97, n. 247, p. 519-533, set./dez.

2016.

2016

Os resultados apontaram que as discussões apoiaram-se principalmente na perspectiva sociointeracionista de linguagem e desenvolvimento cognitivo de Vygotsky (2000), como também na perspectiva do letramento pautados em Kleiman (2002), Tfouni, (2010), Morais;

Albuquerque, (2010) dentre outros autores que estudam o tema buscando entender o processo de alfabetização e trazendo contribuições de resultados relativos à aplicação de testes e intervenções direcionadas ao desempenho de leitura e escrita de alunos do ensino fundamental. Notou-se também a prevalência de produções com ênfase na prática de ensino de professores alfabetizadores. Destacamos que esses estudos pesquisaram o processo de alfabetização considerando as dimensões de leitura, de escrita e de produção textual simultaneamente, apresentando resultados concernentes ao avanço dos alunos durante a execução da pesquisa.

Observamos ainda a prevalência de estudos intencionados em conhecer e discutir as contribuições do PNAIC para o ensino desse seguimento, destacando as orientações e suporte do referido programa para a prática do professor. Importa ressaltar que o tema, direitos de aprendizagem foi mencionado apenas nesses estudos. Em linhas gerais, a leitura dos estudos elencados contribuiu para o entendimento de que os direitos de aprendizagem ainda não é um tema muito evidenciado como uma forma de nortear a prática de ensino na alfabetização.

1.1.2 A Linguagem Escrita

A linguagem é reconhecida socio-historicamente como uma condição primária para a

vida em sociedade. Do ponto de vista das Ciências Humanas e Sociais, a linguagem é

marcada como um mecanismo que direciona as manifestações de desejos, ideias e sentimentos

do sujeito em sociedade. Embora as discussões teóricas e metodológicas sobre a linguagem

transcorram sob diferentes concepções, é possível perceber um consenso entre os

(27)

pesquisadores, de que a aquisição e o desenvolvimento da linguagem se dão primeiramente pela relação que se estabelece entre os processos cognitivos e as relações interpessoais do sujeito (VYGOTSKY, 1989; LORANDI; CRUZ; SCHERER, 2011; PAPALIA; FELDMAN, 2013, FERREIRO; TEBEROSKY, 1999).

De acordo com alguns autores, a linguagem e a cognição são elementos essenciais para a vida humana em sua totalidade, o suposto é que o ser humano se utiliza da cognição, bem como de um conjunto de elementos físicos, mentais e emocionais para organizar os conhecimentos adquiridos nas relações interpessoais. Nessa perspectiva, parece ser inconcebível discutir linguagem apenas do ponto de vista social, visto que as manifestações de linguagem são compostas por uma estrutura neurocognitiva que organiza os mecanismos de ouvir, falar, ler, interpretar e escrever (CAPOVILLA; CAPOVILLA, 2004; LEITE;

BITTENCOURT; SILVA, 2015; ROTTA, OHLWEILER, RIESGO 2006)

De modo semelhante, na compreensão de Borges e Salomão (2003), para além da vivência em sociedade e intenção do ser humano se comunicar, é fundamental considerar que a linguagem está intimamente interligada à cognição, uma vez que a cognição é responsável por organizar os pensamentos e ideias que ele constrói nas experiências em seu contexto social. E de acordo com alguns estudos a linguagem assume a função de expressar essa organização por meio de diferentes modalidades oral, escrita e gestual (LORANDI, 2011;

MARCUSCHI, 2008; DIONÍZIO, 2007).

Do ponto de vista sociocognitivo, os teóricos Piaget e Vygostsky

3

foram um dos pioneiros nas pesquisas sobre as implicações das estruturas cognitivas e processos mentais no desenvolvimento da linguagem. Eles construíram suas concepções a partir da observação de crianças em seus contextos de interação, Piaget sob o ponto de vista biológico e Vygostsky com o olhar mais direcionado as interações e condições sociais que orientavam o comportamento das crianças. Esses teóricos caminharam lado a lado em suas pesquisas, quando concordaram que toda manifestação de linguagem foi resultado das interpretações de mundo que as crianças fizeram ao se comunicarem umas com as outras (PAPALIA;

FELDMAN, 2013).

Pelo exposto, temos constatado que muito se tem discutido sobre aquisição de linguagem do ponto de vista sociocultural e linguagem como função comunicativa.

Confirmando esse pensamento, Marcuschi (2008) afirma que a linguagem é um elemento

3

Teoria do desenvolvimento Cognitivo Piaget

3

(1896-1980) e Teoria Sociointeracionista Vygostsky

3

(1896-1934)

(28)

cultural que se desenvolve principalmente por meio das relações e atividades sociocomunicativas. Para Bakhtin (2002) o viés comunicativo da linguagem permite que o sujeito falante possa construir novos conhecimentos em si mesmo e nos outros a partir de um diálogo responsivo:

Todo discurso é orientado para a resposta e ele não pode esquivar-se à influência profunda do discurso da resposta antecipada. O discurso vivo e corrente está imediata e diretamente determinado pelo discurso-resposta futuro: ele é que provoca esta resposta, pressente-a e baseia-se nela. Ao se constituir na atmosfera do “já dito”, o discurso é orientado ao mesmo tempo para o discurso-resposta que ainda não foi dito, discurso, porém, que foi solicitado a surgir e que já era esperado. Assim é todo diálogo vivo (BAKHTIN, 2002, p. 89).

Os estudos difundidos pelo filósofo-linguista Bakhtin (2006) nos revelam que em toda manifestação de linguagem existe uma intenção dialógica, o sujeito não fala simplesmente por falar:

Toda palavra serve de expressão a um em relação ao outro. Através da palavra, defino-me em relação ao outro, isto é, em última análise, em relação à coletividade.

A palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e os outros. Se ela se apoia sobre mim numa extremidade, na outra apoia-se sobre o meu interlocutor. A palavra é o território comum do locutor e do interlocutor (BAKHTIN, 2006, p.117).

Essa concepção filosófica de Bakhtin acerca da linguagem não despreza em momento algum as contribuições das demais perspectivas teóricas sobre as implicações dos processos mentais no percurso de aquisição da linguagem, porém ele não negocia seu posicionamento sobre o caráter social da linguagem quando formula seu conceito de dialogismo e gêneros discursivos (SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2010).

De certo, as manifestações de linguagem podem se dá por diferentes modalidades, a saber: oral, sinalizada ou escrita (LORANDI, 2011; MARCUSCHI, 2008; DIONÍZIO; 2007).

No entanto, nosso estudo esteve direcionado especialmente para a aquisição do processo da escrita, com vista a compreender os domínios relativos à sua aquisição, desenvolvimento e principalmente sua construção e uso em sociedade. Partindo também do princípio de que diferente da linguagem oral, cujo desenvolvimento incide de forma natural em contexto basicamente familiar em primeira mão, dispensando um aparato de formalidade, a linguagem escrita necessita ser ampliada a partir de um ensino explícito, envolvendo a contextualização em uma situação mais formal e estruturada (MARCUSCHI, 2008; LEITE, BITTENCOURT, SILVA, 2015).

De acordo com os estudos de Vygotsky, Luria e Leontiev (2010), a experiência da

criança com a escrita inicia-se antes mesmo da sua inserção na escola:

(29)

No começo, a criança relaciona-se com coisas escritas sem compreender o significado da escrita; no primeiro estágio, escrever não é um meio de registrar algum conteúdo específico, mas um processo autocontido, que envolve a imitação de uma atividade do adulto, mas que não possui, em si mesmo, significado funcional. Esta fase é caracterizada por rabiscos não diferenciados; a criança registra qualquer ideia com exatamente os mesmos rabiscos (VYGOTSKY, LURIA, LEONTIEV, 2010, p. 180-181).

É possível perceber que desde a mais tenra idade a criança demonstra uma intenção comunicativa na escrita, uma vez que, ao rabiscar um símbolo ou um conjunto de símbolos, a criança confirma querer revelar algo que aprendeu e deseja comunicar (VYGOTSKY, 2000;

ALENCAR, 2012). Soares (2005) compartilha a ideia de que após essa etapa de rabiscos e desenhos simbólicos a criança começa a interpretar a função comunicativa da escrita principalmente quando aprende a ler e escrever:

Em contato com a linguagem escrita, a criança dirige sua atenção para diferentes dimensões desse objeto. Em primeiro lugar, a atenção da criança se volta para compreender o que distingue a escrita e o desenho. Nesse esforço, ela estabelece que a linguagem escrita e os sinais gráficos como letras e números “servem para ler”.

Distinguindo o que “serve para ler” do que não serve, a criança busca estabelecer critérios ou princípios de natureza gráfica para definir o que é passível de ser lido e de ser escrito. Dois princípios são, então, estabelecidos: u o princípio da quantidade mínima de letras, de acordo com o qual uma escrita, para ser lida, deve possuir um número suficiente de letras (mais de uma letra, no mínimo); u e o princípio da variedade interna de letras, de acordo com o qual, um objeto gráfico, para ser lido, deve apresentar caracteres diferentes (um conjunto de letras iguais, como AAAA, por exemplo, não constituiriam algo passível de ser lido). (SOARES; BATISTA, 2005, p. 33).

E é sobre esse processo de aprender a ler e escrever que Vygotsky (2000) também vem chamar a atenção para a necessidade de se compreender que, na criança, esse processo é gradual e contínuo, ou seja, na interação com cada novo conhecimento. Esse posicionamento de Vygotsky nos confere entender que o processo de aquisição da escrita deve considerar principalmente a relação do que ela já conseguiu aprender com o que ela está acabando de conhecer. Dito de outra forma, o ensino da escrita precisa ter como principal objetivo uma mediação de um outro que intensifique o conhecimento prévio da criança buscando relacioná- los com a construção de um novo conhecimento. É o que Vygotsky chama de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP):

Para Vygotsky, os adultos, ou os colegas mais desenvolvidos, devem ajudar a

direcionar e organizar a aprendizagem da criança antes que esta possa dominá-la e

internalizá-la. Essa orientação é muito eficaz para ajudar a criança a atravessar a

zona de desenvolvimento proximal (ZDP), a distância entre o que ela já é capaz de

(30)

fazer sozinha e o que pode realizar com assistência. A instrução sensível e eficaz, portanto, deve ter como objetivo a ZDP e aumentar em complexidade na medida em que as habilidades da criança são aperfeiçoadas (PAPALIA e FELDMAN, 2013 p.

66).

Essa constatação de Vygotsky nos leva ao entendimento de que a escrita na criança precisa ser carregada de sentido sobre o que se escreve, ou seja, ela precisa entender a importância da estrutura da palavra e concomitantemente saber utilizá-la em seu contexto, a mediação, portanto, precisa ser uma constante em seu cotidiano.

Na atualidade, a escrita é reconhecida como uma modalidade da língua que possibilita a criança compreender e se fazer compreendida em suas relações sociais. Rotta; Ohlweiler e Riesgo (2006) afirmam para se comunicar pela escrita a criança se utiliza de um código simbólico como representação do seu pensamento acerca das situações em sua volta. De acordo com Ferreiro e Teberosky (1999) mesmo que ainda não domine a forma convencional da escrita, a criança naturalmente arrisca autênticos rabiscos e traçados para expressar sua compreensão de mundo:

Nossa visão do processo de aquisição da linguagem escrita, é que no lugar de uma criança que espera passivamente o reforço externo de uma resposta produzida, pouco menos que o acaso, aparece uma criança que procura ativamente compreender a natureza da linguagem que se fala a sua volta e que tratando de compreendê-la formula hipóteses, busca regularidades, coloca à prova suas antecipações e cria sua própria gramática (que não é simples cópia deformada do modelo adulto, mas sim criação original). (FERREIRO E TEBEROSKY, 1999 p. 24).

Nas últimas décadas, a escrita vem sendo foco de discussões em diferentes áreas do conhecimento como a Pedagogia, Psicologia, Sociologia e Linguística. Temos observado que o diálogo entre as concepções vem sendo consensuais quanto às implicações do contexto social para a compreensão e construção da escrita na criança, onde a mesma assume o papel de protagonista na relação comunicativa que se estabelece entre ela e seu contexto social.

Ademais, pensar sobre o desenvolvimento da escrita numa perspectiva prática, é contemplar uma realidade social que tem na própria criança um participante ativo em todo o processo dialógico, reconhecendo que ela é capaz de interagir com os signos e os símbolos construídos socialmente e atribuir a eles, novos significados a partir da interação com outras crianças ou adultos (BAPTISTA, 2010). Sobre esses aspectos, Rojo (2006) diz:

A escrita não é, embora muitos creiam nisto, uma transcrição da fala, não é um

código de transcrição. Ao contrário, como bem lembrava Emília Ferreiro (1986), a

escrita elege alguns sinais gráficos para representar alguns aspectos (sons, pausas,

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