I M P O R T A N C I A D O P R O C E S S O D E C O M U N I C A Ç Ã O N A A S S I S T Ê N C I A D E E N F E R M A G E M
Maguida Costa Stefanelli *
S T E F A N E L L I , M . C . Importância d o processo de comunicação n a assistência de enferma-gem. Rev. Esc. Enf. USP, S ã o Paulo, 15(3):239-245, 1 9 8 1 .
A autora apresenta uma revisão de literatura sobre a importância da comunicação na interação enfermeira-paciente, qualquer que seja sua área de atuação. Focaliza sumaria-mente opiniões sobre conceito de comunicação, comunicação terapêutica e necessidade de pesquisas de enfermagem neste campo.
I N T R O D U Ç Ã O
O b s e r v a n d o estudantes de e n f e r m a g e m no d e s e m p e n h o de suas f u n ç õ e s , cons-t a cons-t a m o s q u e u m a das d i f i c u l d a d e s q u e a m a i o r i a deles apresencons-ta é escons-tabelecer diá-logo significativo c o m o p a c i e n t e . Q u a n d o o paciente começa a f a l a r de suas ááreas de r e a l p r e o c u p a ç ã o , a a l u n a torna-se ansiosa e e n c e r r a a conversação. Co-m e n t a , depois, q u e a e n c e r r o u p o r q u e n ã o sabia o q u e f a l a r ou c o Co-m o d a r seqüên-cia ao a s s u n t o .
N a disciplina E n f e r m a g e m P s i q u i á t r i c a , é dada ênfase ao aspecto da co-m u n i c a ç ã o e n f e r co-m e i r a - p a c i e n t e . S ã o co-m i n i s t r a d a s a u l a s sobre conceitos básicos de c o m u n i c a ç ã o e técnicas t e r a p ê u t i c a s de c o m u n i c a ç ã o . A s a l u n a s , i n i c i a l m e n t e , r e -sistem ao uso J a s técnicas a l e g a n d o q u e estas t o r n a m o r e l a c i o n a m e n t o c o m o p a c i e n t e m u i t o f o r m a l . A o t é r m i n o do estudo da disciplina, p o r é m , o a l u n o , em-b o r a a i n d a n ã o consiga u s a r a d e q u a d a m e n t e todas as técnicas t e r a p ê u t i c a s apre-sentadas, comenta q u e seria m u i t o m a i s intereressante ter a p r e n d i d o estas no início do c u r s o de e n f e r m a g e m , pois a c h a q u e c o m isto p o d e r i a t e r e v i t a d o v á r i a s situações desagradáveis e m e s m o a j u d a d o de m o d o m a i s eficiente o p a c i e n t e . R e -conhece, p o r t a n t o , q u e o uso de técnicas terapêuticas de c o m u n i c a ç ã o é ú t i l e necessário e m q u a l q u e r á r e a de e n f e r m a g e m e n ã o só e m E n f e r m a g e m P s i q u i á t r i -ca.
O p r e s e n t e a r t i g o t e m p o r o b j e t i v o ressaltar a i m p o r t â n c i a da c o m u n i c a ç ã o p a r a a assistência de e n f e r m a g e m e e s t i m u l a r as colegas, docentes o u n ã o , e os a l u n o s p a r a q u e p e n s e m m a i s a t i v a m e n t e sobre a i m p o r t â n c i a d a c o m u n i c a ç ã o v e r b a l e n ã o v e r b a l q u e se d e s e n v o l v e e n t r e eles e o p a c i e n t e .
C O N C E I T O D E C O M U N I C A Ç Ã O
C o m u n i c a ç ã o é a f u n ç ã o h u m a n a q u e t o r n a possível a u m a pessoa relacio-nar-se c o m o u t r a ( R U E S C H , 1 9 5 7 ) . O significado da c o m u n i c a ç ã o a b r a n g e todos
os procedimentos por m e i o dos q u a i s u m ser h u m a n o pode afetar o u t r o . Esses procedimentos i n c l u e m tanto a comunicação v e r b a l como a n ã o v e r b a l . 0 con-ceito abrange duas ou m a i s pessoas e m i n t e r a ç ã o e u m i n t e r c â m b i o de mensa-gens, e m d e t e r m i n a d o contexto. P a r a que a c o m u n i c a ç ã o seja efetiva, é necessá-r i o que o necessá-receptonecessá-r c o m p necessá-r e e n d a a m e n s a g e m e dê u m a necessá-resposta. A penecessá-rcepção da m e n s a g e m i n f l u i p r o f u n d a m e n t e na pessoa e pode p r o v o c a r m u d a n ç a da conduta h u m a n a ( R U E S C H , 1 9 6 4 ) . Este a f i r m a , a i n d a , que o fracasso n a comunicação p r o v o c a f r u s t r a ç ã o , a q u a l , se p r o l o n g a d a ou intensa, t o r n a pensamentos, senti-m e n t o s e reações p r o g r e s s i v a senti-m e n t e i n a p r o p r i a d o s e desorganizados; isto r e d u z a capacidade do i n d i v í d u o p a r a o r e l a c i o n a m e n t o interpessoal.
C o m u n i c a ç ã o , segundo H O F L I N G et alii ( 1 9 7 0 ) , é u m processo realizado e m dois sentidos, de modo recíproco, que transmite mensagens e n t r e i n d i v í d u o s . A resposta à m e n s a g e m p r o v o c a , a c u r t o ou longo p r a z o , m u d a n ç a n o m o d o de sentir, p e n s a r ou a t u a r de u m a pessoa.
I M P O R T Â N C I A D A C O M U N I C A Ç Ã O
R U E S C H ( 1 9 6 4 ) , o pioneiro da comunicação terapêutica, e S U L L I V A N ( 1 9 5 3 ) , o i n t r o d u t o r da teoria interpessoal, n a p s i q u i a t r i a , colocam a doença m e n -t a l como dis-túrbfò n o processo de c o m u n i c a ç ã o da pessoa e como p e r -t u r b a ç ã o n o r e l a c i o n a m e n t o interpessoal, r e s p e c t i v a m e n t e . Torna-se, assim, fácil p a r a a en-f e r m e i r a perceber a i m p o r t â n c i a da c o m u n i c a ç ã o n a assistência de e n en-f e r m a g e m , j á q u e , dos m e m b r o s da e q u i p e dedicada à assistência do paciente, é ela q u e passa m a i s t e m p o j u n t o ao m e s m o e que m a i s oportunidades t e m p a r a c o m e l e inte-r a g i inte-r .
V á r i o s autores colocam e m evidência a i m p o r t â n c i a da comunicação n a as-sistência de e n f e r m a g e m ; no cuidado do doente m e n t a l , o uso de técnicas tera-pêuticas de c o m u n i c a ç ã o , n a i n t e r a ç ã o e n f e r m e i r a - p a c i e n t e , tornou-se o foco de atenção.
F l o r e n c e Nightingale, e m 1 8 5 9 , j á d e m o n s t r a v a p r e o c u p a ç ã o e m relação à comunicação associada à assistência de e n f e r m a g e m . E l a faz c o m e n t á r i o s sobre certos tipos de diálogos e p e r g u n t a s vagas q u e p r o v o c a m respostas imprecisas ( N I G H T I N G A L E , 1 9 4 6 ) .
ser definido c o m o técnico. E n f e r m a g e m é u m r e l a c i o n a m e n t o h u m a n o , e n t r e o i n d i v í d u o q u e está doente ou necessitando de a j u d a de profissionais de saúde e a e n f e r m e i r a deve ser p r e p a r a d a p a r a responder a essas necessidades. A e n f e r m a g e m torna-se u m processo e d u c a t i v o e t e r a p ê u t i c o q u a n d o h á , e n t r e e n f e r m e i r a e paciente, respeito m ú t u o . Os f a t o r e s q u e n o r t e i a m o r e l a c i o n a m e n t o e n f e r m e i r a p a -ciente são i n ú m e r o s e complexos e n ã o h á f ó r m u l a s mágicas p a r a enfrentá-los, u m a v e z q u e cada situação interpessoal é ú n i c a e n u n c a p o d e r á se r e p e t i r . D a í po-demos i n f e r i r a necessidade da e n f e r m e i r a f a z e r uso consciente da c o m u n i c a ç ã o e m toda i n t e r a ç ã o c o m o paciente, p a r a t e n t a r c o m p r e e n d e r e i d e n t i f i c a r suas necessidades.
K E M P F ( 1 9 5 7 ) , e n t r e as qualidades q u e considera i m p o r t a n t e s p a r a a en-f e r m e i r a , destaca a h a b i l i d a d e e m comunicar-se com o o u t r o . A e n en-f e r m e i r a deve d e m o n s t r a r sensibilidade à c o m u n i c a ç ã o n ã o f a l a d a e à capacidade de o u v i r atenta-m e n t e , saber o q u e f a l a r e q u a n d o f a l a r , e atenta-m l i n g u a g e atenta-m c l a r a e acessível ao pa-ciente e seus f a m i l i a r e s .
A e n f e r m e i r a t e m q u e possuir h a b i l i d a d e interpessoal p a r a a j u d a r o paciente q u a n d o este é assistido n a u n i d a d e de i n t e r n a ç ã o . C o m o p a r t i c i p a n t e do processo de i n t e r a ç ã o com o paciente, ela t e m q u e estudar n ã o só a c o m u n i c a ç ã o do mes-m o c o mes-m o a sua p r ó p r i a e a p r e n d e r a u s a r a sua experiência interpessoal ( G R E G G , 1 9 5 4 ) . E l a tem q u e a n a l i s a r o q u e é ú t i l , o u n ã o , nas suas interações com o pa-ciente, p a r a p r o v e r experiência interpessoal t e r a p ê u t i c a ( G R E G G , 1 9 6 3 ) .
W I E D E N B A C H ( 1 9 6 3 ) coloca a e n f e r m a g e m como a arte d e a j u d a r o ciente. P a r a a a u t o r a , se o o b j e t i v o da e n f e r m e i r a é a j u d a r u m d e t e r m i n a d o pa-ciente, ela t e m q u e c e n t r a r sua atenção n a r e a l necessidade de a j u d a deste. P a r a atender esta necessidade ela l a n ç a m ã o de todo seu potencial e habilidades, especial-m e n t e as r e l a c i o n a d a s à c o especial-m u n i c a ç ã o coespecial-m pacientes.
D e s u m a i m p o r t â n c i a p a r a a e n f e r m a g e m é a h a b i l i d a d e e m comunicar-se com pacientes, como a f i r m a F U E R S T & W O L F F ( 1 9 6 4 ) . Essas a u t o r a s consi-d e r a m q u e , se este aspecto consi-da e n f e r m a g e m f o r negligenciaconsi-do, estará senconsi-do nega-d a à e n f e r m e i r a a o p o r t u n i nega-d a nega-d e nega-de conhecer aquele que está sob seu cuinega-danega-do e nega-de obter satisfação p a r a ambos.
Ressalta M O É R I N ( 1 9 6 5 ) a necessidade da e n f e r m e i r a t o r n a r sua comuni-cação eficaz. A f i r m a que a base p a r a o t r a t a m e n t o do paciente v e m de dados colhidos da observação e da c o m u n i c a ç ã o com pacientes. Reconhece ser o apren-dizado da h a b i l i d a d e de comunicação u m processo g r a d u a l e q u e r e q u e r atenção d u r a n t e toda a v i d a profissional da e n f e r m e i r a .
S ó pelo uso de c o m u n i c a ç ã o e f e t i v a p o d e r e m o s a t i n g i r os objetivos da r e -lação de a j u d a e n f e r m e i r a - p a c i e n t e , citados p o r T R A V E L B E E ( 1 9 6 9 ) . A enfer-m e i r a a j u d a o paciente a e n f r e n t a r seus p r o b l e enfer-m a s a t u a i s , conceituá-los, perceber sua participação n a experiencia q u e v i v e , e n f r e n t a r seus p r o b l e m a s de f o r m a r e a -lística, v i s u a l i z a r a l t e r n a t i v a s de solução p a r a seus p r o b l e m a s , testar n o v os p a d r õ e s de c o m p o r t a m e n t o , comunicar-se, socializar-se e aceitar e n c o n t r a r u m sentido e m sua doença. A análise destes objetivos t o r n a possível c o n c l u i r q u e a e n f e r m a -g e m constitui u m processo de a j u d a .
E n t r e os conceitos q u e M O S E R ( 1 9 7 0 ) considera básicos p a r a as interações e n f e r m e i r a - p a c i e n t e está a m ú t u a compreensão da l i n g u a g e m e n t r e t e r a p e u t a e paciente.
D A V I T Z ( 1 9 7 0 ) e A L S T S C H U L ( 1 9 7 0 ) c o m e n t a m a necessidade d e en-c o r a j a r e n f e r m e i r a s a se en-c o m u n i en-c a r e m e f e t i v a m e n t e en-c o m seus paen-cientes.
A u t o r e s como K R E U T E R ( 1 9 5 7 ) , B U R S T E I N & D I E R S ( 1 9 6 4 ) , CON A CON T ( 1 9 6 5 ) , H A Y S & L A R S O CON ( 1 9 6 6 e 1 9 7 0 ) , L E W I S ( 1 9 6 9 ) , T R A V E L -B E E ( 1 9 7 1 ) , M A N F R E D A ( 1 9 7 3 ) e P R U E N ( 1 9 7 9 ) , e n t r e o u t r o s , a f i r m a m ser a comunicação q u e ocorre n a interação e n f e r m e i r a - p a c i e n t e f u n d a m e n t a l , es-sencial e parte i n t e g r a n t e do cuidado de e n f e r m a g e m .
P A T E R S O N & Z D E R A R D ( 1 9 7 6 ) colocam a e n f e r m a g e m h u m a n í s t i c a como u m diálogo, pois toda ação de e n f e r m a g e m e n v o l v e u m a f o r m a especial de e n c o n t r o de pessoas. A N D E R S O N ( 1 9 7 9 ) t a m b é m a f i r m a q u e a e n f e r m a g e m é u m diálogo e destaca, a i n d a , a i m p o r t â n c i a da c o m u n i c a ç ã o n ã o - v e r b a l .
A comunicação eficaz, que é i m p o r t a n t e e m todas as áreas da a t i v i d a d e h u -m a n a , assu-me conotação -m a i s a -m p l a no p l a n e j a -m e n t o do cuidado da saúde, pois a ansiedade e x p e r i m e n t a d a pela pessoa doente t o r n a a m a i s v u l n e r á v e l às m e n -sagens verbais e não-verbais do t e r a p e u t a ( D A U B E N M I R E et a l i i , 1 9 7 8 ) .
P a r a H E N D E R S O N & N I T E ( 1 9 7 8 ) a h a b i l i d a d e n o uso da c o m u n i c a ç ã o p o r e n f e r m e i r a s e outros profissionais da á r e a de saúde é indispensável, t a n t o p a r a percepção dos aspectos emocionais como p a r a d e s e n v o l v i m e n t o do relacio-n a m e relacio-n t o de a j u d a com o pacierelacio-nte; esse r e l a c i o relacio-n a m e relacio-n t o afeta todo p r o c e d i m e relacio-n t o de e n f e r m a g e m e médico, c o n t r i b u i n d o p a r a o bem-estar do paciente. Os autores a l e r t a m os leitores, a i n d a , sobre a i m p o r t â n c i a de todos os profissionais da á r e a de saúde estarem conscientes de q u e , e n q u a n t o estão c o m u n i c a n d o algo, q u e r v e r b a l q u e r n ã o v e r b a l m e n t e , eles estão a u t o m a t i c a m e n t e " e n s i n a n d o " e os p a -cientes " a p r e n d e n d o " .
E m pesquisa realizada e m u m a u n i d a d e de t e r a p i a i n t e n s i v a , N O B L E ( 1 9 7 9 ) estudou os diferentes estímulos p r o v e n i e n t e s de a p a r e l h o s , luzes, t r a t a m e n t o s dolorosos, p r o x i m i d a d e e n t r e pacientes e a comunicação e n t r e m e m b r o s d a e q u i p e . Estes h a v i a m sido citados como elementos q u e c o n t r i b u í a m p a r a a c h a m a d a "sínd r o m e ou psicose "sínde t e r a p i a i n t e n s i v a " ; chegou à conclusão "sínde q u e a c o m u n i c a -ção dos m e m b r o s da equipe, p r i n c i p a l m e n t e aquela q u e ocorre e n t r e eles, é a p r i n c i p a l responsável pelos distúrbios emocionais apresentados pelos pacientes.
c o n s i d e r a m , a i n d a , q u e a eficácia do cuidado de e n f e r m a g e m m a n t é m relação direta com a h a b i l i d a d e de c o m u n i c a ç ã o da e n f e r m e i r a .
A G U I L L E R A ( 1 9 7 7 ) e S M I T H ( 1 9 7 9 ) a b o r d a m a i m p o r t â n c i a d e a j u d a r o paciente a se v a l o r i z a r como pessoa e a necessidade de oferecer-lhe oportuni-dades p a r a se c o m u n i c a r c o m o u t r a s pessoas q u e q u e i r a m a j u d á - l o , a f i m de q u e ele possa d e s e n v o l v e r r e l a c i o n a m e n t o f u n c i o n a l dentro da sociedade.
E D W A R D S & B R I L H A R T ( 1 9 8 1 ) são de opinião q u e a h a b i l i d a d e inter-pessoal da e n f e r m e i r a é tão i m p o r t a n t e p a r a sua responsabilidade profissional q u a n t o a h a b i l i d a d e técnica do cuidado d i r e t o . S e r capaz de comunicar-se adequa-d a m e n t e c o m o paciente poadequa-de ser u m a questão adequa-de v i adequa-d a o u m o r t e p a r a esta pessoa.
C O M U N I C A Ç Ã O T E R A P Ê U T I C A
P o d e m o s i n f e r i r da r e v i s ã o de l i t e r a t u r a feita até a q u i q u e a e n f e r m e i r a t e m a responsabilidade de t o r n a r t e r a p ê u t i c a sua comunicação c o m o paciente.
C o m u n i c a ç ã o t e r a p ê u t i c a p a r a R U E S C H ( 1 9 6 4 ) é a q u e l a n a q u a l o tera-p e u t a tem tera-p o r o b j e t i v o tera-p r o v o c a r m u d a n ç a n a f o r m a de c o m u n i c a ç ã o do o u t r o — o paciente — p a r a p r o d u z i r relações sociais m a i s g r a t i f i c a n t e s . Na comunicação com o p a c i e n t e , o terapeuta a j u d a - o a esclarecer aspectos conflitantes e oferece-lhe apoio, p r o c u r a n d o torná-lo m a i s capaz de e n f r e n t a r seus p r o b l e m a s e de aceitar a q u i l o q u e n ã o pode ser m u d a d o . P a r a q u e a c o m u n i c a ç ã o seja positiva ela t e m que r e s p e i t a r características como f l e x i b i l i d a d e , p r o p r i e d a d e , eficiência e res-posta; a presença destas q u a t r o características d e t e r m i n a o sucesso da comunica-ção.
Interação positiva o u efetiva é f a c i l i t a d a q u a n d o h á l i b e r d a d e e n t r e os in-terlocutores p a r a p e r g u n t a s e respostas, a f i m de c h e g a r e m a m e l h o r compreen-são do q u e estão t e n t a n d o c o m u n i c a r ; q u a n d o h á respeito pelas idéias do o u t r o ; e, q u a n d o a c o m u n i c a ç ã o n ã o - v e r b a l é percebida e i n t e r p r e t a d a a c u r a d a m e n t e . Fi-n a l m e Fi-n t e , c o m u Fi-n i c a ç ã o é efetiva q u a Fi-n d o a u m e Fi-n t a a compreeFi-nsão e Fi-n t r e os h o m e Fi-n s ( L E W I S , 1 9 6 9 ) .
E n t r e outros a u t o r e s , P E P L A U ( 1 9 5 2 ) , D A V I S ( 1 9 6 3 ) , S C H U L L M A N et alii ( 1 9 6 4 ) , T R A V E L B E E ( 1 9 6 9 ) , E D W A R D S & B R I L H A R T ( 1 9 8 1 ) acre-ditam que a h a b i l i d a d e e m técnicas t e r a p ê u t i c a s , n a r e l a ç ã o interpessoal, somen-te pode ser d o m i n a d a c o m a p r á t i c a e q u e só conhecimento somen-teórico n ã o é su-ficiente.
S I M O N S ( 1 9 6 9 ) ressalta a i m p o r t â n c i a da e n f e r m e i r a d e s e n v o l v e r meioa de a v a l i a r sua efetividade n o uso d a c o m u n i c a ç ã o c o m pacientes.
Existe n ú m e r o reduzido de pesquisas sobre a q u a l i d a d e do r e l a c i o n a m e n t o e n f e r m e i r a - p a c i e n t e , como a f i r m a P L U C H A N ( 1 9 7 0 ) .
D e acordo c o m K R I Z I N O F S K Y ( 1 9 7 6 ) a aplicação da teoria da comunica-ção no» c a m p o da e n f e r m a g e m geral, n o da p s i q u i a t r i a , com evidência n a área d e saúde m e n t a l , t e m sido, h i s t o r i c a m e n t e , aspecto i n t e g r a n t e do processo de en-f e r m a g e m . A s técnicas utilizadas n a c o m u n i c a ç ã o com paciente são c h a m a d a s de t e r a p ê u t i c a s e t ê m sido preconizadas como base do r e l a c i o n a m e n t o e n f e r m e i r a p a -ciente. A l g u m a s pesquisas têm evidenciado a d i m i n u i ç ã o da ansiedade pelo uso destas técnicas, m a s , sobre a a r t i c u l a ç ã o da teoria de comunicação c o m o p r o -cesso de e n f e r m a g e m , m u i t o pouco t e m sido p u b l i c a d o .
Nesta b r e v e r e v i s ã o de l i t e r a t u r a sobre a i m p o r t â n c i a da comunicação n a as-sistência de e n f e r m a g e m , p r o c u r a m o s citar autores q u e p e r t e n c e m a diversas áreas de e n f e r m a g e m : e n f e r m a g e m m é d i c a , c i r ú r g i c a , de educação e de ensino, de f u n d a m e n t o s de e n f e r m a g e m e p s i q u i á t r i c a ; o objetivo foi e v i d e n c i a r q u e a c o m u n i c a ç ã o e f e t i v a e n t r e e n f e r m e i r a e paciente é u m dos meios m a i s valiosos d e q u e esta profissional pode l a n ç a r m ã o p a r a t o r n a r o cuidado i n t e g r a l do pa-ciente u m a r e a l i d a d e , q u a l q u e r q u e seja sua área de a t u a ç ã o .
É f r e q ü e n t e o paciente n ã o a p r e s e n t a r resposta satisfatória m e s m o q u e tra-tado c o m terapêutica adequada. E m g e r a l , esta o c o r r ê n c i a é devida a p r o b l e m a e m o c i o n a l q u e r e p e r c u t e e m seu o r g a n i s m o e i m p e d e s u a p r o n t a r e c u p e r a ç ã o ; a e n f e r m e i r a , pelo uso adequado da comunicação, p o d e r á i d e n t i f i c a r o p r o b l e m a r e a l e a j u d á - l o a r e c o b r a r a saúde.
M e s m o nas t a r e f a s m a i s e l e m e n t a r e s de e n f e r m a g e m , tais c o m o oferecer co-m a d r e ao paciente, co-m u d á - l o de decúbito, a j u d á - l o a lococo-mover-se, é p o r co-m e i o da c o m u n i c a ç ã o com o paciente q u e a e n f e r m e i r a t r a n s m i t e - l h e apoio, atenção, en-f i m trata-o como ser h u m a n o . C o m isso ele terá satisen-fação de suas necessidades básicas de s e g u r a n ç a , confiança e auto-estima, o q u e f a c i l i t a r á s u a r e c u p e r a ç ã o .
C O N S I D E R A Ç Õ E S F I N A I S
Quase todos os autores citados r e s s a l t a m a i m p o r t â n c i a da comunicação n ã o v e r b a l e da ação desta sobre o paciente. D e n a d a a d i a n t a dizermos ao paciente, p o r e x e m p l o , como deve ser sua postura, se a nossa não está de acordo com o q u e c o m u n i c a m o s v e r b a l m e n t e . Da observação da i n t e r a ç ã o e n f e r m e i r a - p a c i e n t e ou es-tudante-paciente podemos perceber q u e o paciente está, e m g e r a l , até mais aten-to à comunicação não v e r b a l do q u e à v e r b a l . Podemos e x t r a p o l a r este p r i n c í p i o p a r a o r e l a c i o n a m e n t o p r o f e s s o r - a l u n o . Este, c o m o o paciente, está atento, o tem-p o todo, tem-p a r a a comunicação n ã o v e r b a l daquele, q u e deve ser coerente e consis-tente c o m a v e r b a l .
S T E F A N E L L I , M . C . I m p o r t a n c e of the c o m m u n i c a t i o n process f o r nursing practice. Rev. Esc. Enf. USP, S ã o P a u l o , 7 5 ( 3 ) : 2 3 9 - 2 4 5 , 1 9 8 1 .
The Author presents a survey of the literature about the importance of communication in the nursing-patient interaction regardless to the area of practice. The author summarizes opinions about communication, therapeutic communication concepts and the need of nur-sing research in this area.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUILERA, D. C. Components of psychiatric nursing. In: . Review of psychiatric nursing. Saint Louis, Mosby, 1977. cap. 3, p. 37-58.
ALSTCHUL, A. T. Go and talk to the patients. Nursing Mirror, 130 (15): 41-6, 10 April 1970. ANDERSON, N. D. Human interaction for nurses. Superv. Nurse, Chicago, 10 (10): 44, 48-50, Oct. 1979. BURSTEN, B. & DIERS, D. K. Pseudo-patient, centered orientation. Nurs. Forum, Hillsdale, 3 (2):
38-51, 1964.
CONANT, H. C. Use of Bales' interaction process analysis to study nurse-patient interaction. Nurs. Res., New York, 14 (4): 304-9, Fall 1965.
DAVIS, A. J . The skills of communication. Amer. J . Nurs., New York, 63 (1): 66-70, Jan. 1963. DAVITZ, L. J . Introduction. In: Interpersonal processes in nursing. Case histories. New
York, Springer, 1970. cap. 1. p. 1-10.
EDWARDS, B. J . & BRILHART, J . K. Nursing as communicating. In: Communication m nurse practice. Saint Louis, C.V. Mosby, 1981. cap. 1. p. 1-23.
FUERST, E. V. & WOLFF, L. Using communication skills. In: Fundamentals of nursing. 3 ed. Philadelphia, J.B. Linpincott, 1964. part 17, p. 203-11.
GREGG, D. E. The psychiatric nurse's role. Amer. J. Nurs, New York, 54 (7): 848-51, July 1954. GREGG, D. E. The therapeutic role of nurse. Perspect. Psychiatr. Care, Hillsdale, 1 (1): 18-24, Jan./
Feb. 1963.
HAYS, J . S. Analysis of nurse-patient communication. Nurs. Outlook, New York, 14 (9): 32-5, 1966. HAYS, J . S. & LARSON, K. Interacting with patients. New York, Macmillan, 1970. 282 p.
HENDERSON, V. & NITE, G. Communication, human relations, learning, health goals and guidance. In: Principles and practice of nursing. New York, Macmillan, 1978. cap. 16. p. 911-91.
HOFLING, C. K. et alii. Compreensión de las relaciones entre enfermera y paciente. In: . Enfermería psiquiátrica. 2.ed. México, Interamericana, 1970. cap. 3, p. 23-60.
KEMPF, F. C. Integrative behavior in the development of personality. In: The person as nurse. New York, Macmillan, 1957. cap. 6. p. 92-115.
KREUTER, F. R. What is good nursing care. Nurs. Outlook, New York, 5 (5): 302-4, May 1957. KRIZINOFSKY, M. T. Evolution of the communication model of therapy. In: . Kneisl, C. R.
& WILSON, H. S. Current perspectives in psychiatric nursing. Saint Louis, Mosby, 1976. cap.' 14 p 148-63.
KRON, T. Communication in nursing. Philadelphia, W.B. Saunders, 1972. p. 1-12, 44-66, 284-290. LEWIS, G. K. Communication. In: . Nurse-patient communication. 2.ed. Dubuque, Brown|
1969. p. 1-12, 58-72.
MANFREDA, L. M. Communication skills. In: . Psychiatric nursing. 9.ed. Philadelphia, Davis, 1973. cap. 21, p. 262-76.
MEYERS, M. E. The effects of types of communication on patients' reactions to stress. Nurs. Res., New York, 13 (2): 126-31, Spring 1964.
MORRIM, H. C. Communicating with and about patients and ther families. In: Communication for nurses. Totowa, Littlefield, Adams, 1965. cap. 7. p. 76-90.
MOSER, D. H. Communicating with a schizophrenic patient. Perspect. Psychiatr. Care, Hillsdale, 8 (1): 36-45, 1970.
NIGHTINGALE, F. Notes on nursing. 2.ed. Philadelphia, Lippincott, 1946. p. 54-76.
NORDMARK, M. T. & ROHWEDER, A. W. Comunicación. In: . Bases científicas de la en-fermería. 2.ed. México, Prensa Médica Mexicana, 1979. cap. 4, p. 585-93.
PEPLAU, H. E. Interpersonal relations in nursing. New York, Putnam's, 1952. p. 3-16, 263-309. PLUCHAN, M. L. The nurse-patient relationship in the home setting. Ann Arbor, 1970. (Dissertation —
Faculty of the Graduate School of Arts and Sciences, University of Denver). RUESCH, J . Disturbed communication. 5.~ed. New York, W.W. Norton, 1957, p. 73 RUESCH, J . Comunicación terapéutica. Buenos Aires, Paidós, 1964. 399 p.
SCHULMAN, M. D. et alii. The therapeutic dialogue: a method for the analysis of verbal interaction. Springfield, Charles C. Thomas, 1964. p. 8-16, 87-115.
SIMMONS, J . A. Observation and collection of data. In: . The nurse-patient relationship in psychiatric nursing. Philadelphia, W.B. Saunders, 1969. cap. 2, p. 11-36.
SMITH, C. Communication skills. Nurs. Times, London, 75 (22): 926-9, 31 May 1979.
SULLIVAN, H. S. Definitions. In: . The interpersonal theory of psychiatry. New York, W.W. Norton, 1953. cap. 2, p. 13-30.
TRAVELBEE, J . Intervention In psychiatric nursing: process in the one-to-one relationship. Philadelphia, F.A., Davis, 1969. 280 p.
Concept: communication. In: Interpersonal aspects of nursing. 2. ed. Philadel-phia, Davis, 1971. cap. 9. p. 93-116.