• Nenhum resultado encontrado

A linguagem brasileira de sinais no âmbito da Educação Física

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A linguagem brasileira de sinais no âmbito da Educação Física"

Copied!
34
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Beatriz Mascarenhas Xavier da Silva

A Linguagem Brasileira de Sinais no âmbito da educação física escolar

Niterói 2017

(2)

UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

BEATRIZ MASCARENHAS XAVIER DA SILVA

LIBRAS NO AMBITO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Monografia apresentada ao Curso de Educação Física da Universidade Federal Fluminense como requisito para obtenção do Grau de Licenciada em Educação Física

ORIENTADOR: PROF. SERGIO ABOUD COORIENTADOR: TAUAN NUNES MAIA

Niterói 2017

(3)

BEATRIZ MASCARENHAS XAVIER DA SILVA

LIBRAS NO AMBITO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Monografia apresentada ao curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal Fluminense, como requisito para obtenção do Grau de Licenciado em Educação Física.

Aprovada em ___ de Dezembro de 2017.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________ Prof. Sérgio Ricardo Aboud Dutra. – Orientador

UFF

_____________________________________________ Prof. Ms. Tauan Nunes Maia – Co-orientador

IFRJ

_____________________________________________ Prof. Dr. Aurélio Pitanga Vianna

UFF

Niterói – RJ 2017

(4)

DEDICATÓRIA

Dedico esse Trabalho de Conclusão de Curso ao meu falecido Avô que de certa forma a esta hora estaria orgulhoso dessa minha trajetória percorrida, isso aqui é para o senhor, meu querido avô. Todo meu amor, saudade, orgulho e exemplo pertence à você, meu herói.

(5)
(6)

A UM AUSENTE Tenho razão de sentir saudade,

tenho razão de te acusar.

Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora.

Detonaste o pacto.

Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade

sem prazo sem consulta sem provocação até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.

Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas. Que poderias ter feito de mais grave

do que o ato sem continuação, o ato em si, o ato que não ousamos nem sabemos ousar

porque depois dele não há nada? Tenho razão para sentir saudade de ti, de nossa convivência em falas camaradas,

simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades. Sim, acuso-te porque fizeste

o não previsto nas leis da amizade e da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar

porque o fizeste, porque te foste. Carlos Drummond de Andrade

(7)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço ao meu Deus, meu amigo fiel, pela fé, coragem e conservação da minha saúde e que me ajudou até aqui, me dando forças e sabedorias nessa longa caminhada, que resultaram neste trabalho de conclusão de curso na minha tão sonhada Universidade Federal Fluminense.

Em segundo lugar gostaria de agradecer em especial à minha mãe que sempre esteve ao meu lado, me incentivando e me ajudando neste trabalho, agradecer pela mãe fantástica que é, este trabalho aqui é para você, mãe. Mãe, obrigada por não ter me deixado desistir desta caminhada, que muitas vezes foram difíceis e cansativas. Ao meu pai e meu irmão por me encorajarem esse trabalho, amo vocês.

Ao meu namorado que me deu total suporte, estando sempre do meu lado e me incentivando em tudo que faço, principalmente nesse TCC, me incentivando e me dando forças a dar continuidade a esta jornada tão sonhada. Dedico ele a você, meu amor, obrigada por tudo, te amo demais. À você Rafael Vita, meu muito obrigada por me amar, pela paciência e incentivo. Juntos vamos longe, meu amor.

Agradeço ao meu orientador Tauan, por não ter desistido de mim nessa trajetória difícil, agradeço sua paciência e compreensão até aqui. Agradeço também a cada um desta banca, que por sua vez fizeram parte dessa minha trajetória na UFF de maneira especial, foram professores marcantes e acima de tudo, meus amigos. Me aconselharam, ajudaram, me deram força e apoio em tudo. À vocês queridos professores, meu muito obrigada e meu carinho especial.

Gostaria de agradecer também a família que sempre orou por mim, me apoiou e me incentivou em todos os anos desta faculdade. À minha segunda família, que me recebeu de braços abertos com muito carinho e amor, todos eles, sogro, vó Marlene, cunhados, também que estiveram comigo me encorajando a seguir esta carreira e finalizar está tão sonhada faculdade de Licenciatura em Educação Física.

Mãe e Amor, à vocês meu muito obrigada em especial por me aguentar neste tempo difícil. Agradeço demais a compreensão, carinho e amor que tiveram por mim em cada segundo de todos os dias até aqui. Amo vocês.

(8)

Agradeço a cada professor nesses 5 anos de faculdade, pela paciência, ajuda e o principal, por cada ensinamento e instrução para me tornar uma ótima profissional. Agradecer imensamente as minhas melhores amigas: Flávia, Barbara, que estiverem comigo todos os dias durante esses cinco anos. Obrigada meninas, por cada choro, risada, micos, ensinamentos, trabalhos feitos, por serem minhas cumplices em tudo. À vocês, meu muito obrigada e deixar bem claro o quanto amo vocês.

Fabiana, eu não poderia deixar de agradecer em especial, à você, por cada conversa e conselho trocado que por sua vez me deu forças e coragem para finalizar esse tão sonhado trabalho. Muito obrigada por acreditar no meu potencial e mostrá-lo a mim. Giovanna, Paola, Letícia, Marcelo e Carolina, não poderia deixar de agradecer principalmente, à vocês, em destaque. Pois vocês foram responsáveis por cada pedacinho desse trabalho também. Foram vocês que aguentaram os meus choros, desesperos, alegrias e alívios por cada linha escrita. Obrigada pela amizade e compreensão. Amo vocês demais.

Não poderia deixar de agradecer aos meus amigos que de maneira especial me ajudaram nessa caminhada, ainda mais depois que eu soube da depressão. Me deram uma força extrema para finalizar esse trabalho de conclusão de curso, à vocês meus amigos: Karin Dias, Letícia Barbosa, Giovanna Balochini, Izadora Braga, Paola Clavé, Carolina Cabral, Marcelle Marques, Bianca Lopes, Keila Garcia, Natália Gonçalves, Patricia Maia, Matheus Freire, Marcelo Henrique, Fernando Duarte, Gustavo La Rocca, Affonso Clavé, Vanderson Souza, Joao Carlos. E sem poder esquecer da minha alegria que é ter sobrinhos e afilhadas maravilhosas, aos meus bebês: Esther Dias, Izabel Dias, Alice Barbosa, Manuella Balochini, Heitor Cabral, Paulo Clavé. À vocês meu muito obrigada por tudo.

(9)

“A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida.”

(10)

RESUMO

Este trabalho é um trabalho qualitativo com caráter exploratório, que visa falar sobre a inclusão do surdo nas aulas de Educação Física Escolar, que se deu através de uma experiência pessoal vivenciada e ao ser observada a defasagem existente pelos professores de Educação Física ao se comunicarem com seus alunos surdos, decidi investir como tema do trabalho de conclusão de curso. Foram realizadas pesquisas da Literatura, buscando enfatizar a importância do conhecimento sobre LIBRAS para um professor de Educação Física, bem como as aulas de educação física escolar podem trabalhar a inclusão dos deficientes auditivos. Possui como relevância acadêmica: mostrar o processo histórico e luta dos surdos e como se dá a defasagem nas aulas de educação física, buscando por sua vez solucionar a falta de capacitação do professor e as atividade coletivas nas aulas, onde por sua vez entendemos que estes alunos devem ser inseridos não somente nas aulas mas também na vida social da escola, por isso a importância desse tema.

(11)

ABSTRACT

This work is a qualitative exploratory work that aims to talk about the inclusion of the deaf in the classes of Physical Education School, which was through personal experience and observed the gap existing by Physical Education teachers when communicating with his deaf students, I decided to invest as a theme of the course completion work. Literature researches were carried out, seeking to emphasize the importance of knowledge about LIBRAS for a Physical Education teacher, as well as the school physical education classes can work to include the hearing impaired. It has as academic relevance: to show the historical process and the struggle of the deaf and how the lag occurs in physical education classes, seeking in turn to solve the lack of teacher training and the collective activities in the classes, where in turn we understand that these students should be inserted not only in class but also in the social life of the school, so the importance of this theme.

(12)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

LIBRAS: Linguagem Brasileira de Sinais PIBID: Programa de Iniciação à Docência INES: Instituto Nacional de Educação de Surdos PCN’s: Paramêtros Curriculares Nacionais MEC: Ministério da Educação

(13)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...12 APRESENTAÇÃO DA TEMÁTICA...12 2 JUSTIFICATIVA...14 2.1 OBJETIVO...16 2.2 METODOLOGIA...16

3 CAPÍTULO I – REFLEXÕES SOBRE A DEFICIÊNCIA AUDITIVA...19

3.1 HISTÓRIA DA LIBRAS...19

3.1.1 DEFICIENCIA AUDITIVA E INCLUSÃO...19

4 DEFICIENCIA AUDITIVA E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR...25

5 CONSIDERAÇÕES...29

(14)

1 INTRODUÇÃO

O incentivo para essa pesquisa se deu pelo fato do contato com pessoas surdas que se iniciou na minha infância, me estimulando a aprender a Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS) aos oito anos de idade. Desde então tenho me relacionado com pessoas e seus diferentes tipos de grau da surdez.

A motivação para a realização deste trabalho deu-se através da experiência obtida em observações feitas no decorrer do Curso de Graduação em Educação Física, tive contato com alunos surdos através de aulas ministradas no Programa de Iniciação à Docência (PIBID) em colégios públicos na região de Niterói. Pude perceber a dificuldade de inclusão dos alunos com essa deficiência nas aulas de Educação Física tanto por parte dos alunos quanto por parte dos professores.

Ao observar uma grande defasagem no que se refere ao fato dos Professores de Educação Física não saberem o básico de LIBRAS e a dificuldade na relação professor-aluno, muitas vezes interferida por um intérprete, causando assim, um desconforto ou desinteresse dos alunos surdos sobre sua aula.

Este fato me estimulou a pesquisar sobre a inclusão e sua defasagem dos surdos nas aulas de Educação Física possibilitando o entendimento de maneira mais aprofundada transformando-se assim no tema desta pesquisa.

Este trabalho deverá ser um trabalho de revisão bibliográfica e terá como objetos de estudo os professores de Educação Física e os alunos surdos no âmbito das aulas de educação física.

(15)

APRESENTAÇÃO DA TEMÁTICA

Segundo Monteiro (2006), em décadas passadas, os surdos eram privados de seus direitos básicos, tais como serem ensinados em escolas pois eram considerados pela sociedade como incapazes de aprender os ensinamentos. Desta forma, aos surdos cabia a exclusão social pois pelo fato de não falarem eram consideradas pessoas que não possuíam raciocínio com isso acabavam sendo considerados como portadores de doenças mentais.

No final do Século XV, não havia, no Brasil, escolas especializadas para surdos. Com isso, os ouvintes, tentavam por sua vez, ensinar os surdos através de gestos, linguagem escrita, treinamento da voz através de vibrações sonoras e leitura dos lábios para a comunicação. Alguns professores se dedicaram à educação dos surdos: uns achavam que o melhor método era o método oral puro, que seria da língua falada, outros já priorizavam a língua de sinais junto com o ensino da fala, tido como método combinado.

A educação de Surdos no Brasil tem início em 1857, com a fundação pelo professor francês Hernest Huet, surdo, do Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, onde foram lançadas as bases para a educação desses alunos. A partir de então, os surdos brasileiros passaram a contar com uma escola especializada para sua educação e tiveram a oportunidade de criar a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). (PAGNEZ e SOFIATO, 2014).

Encontramos na revista espaço INES que na metade da década de 1980, foi observado o surgimento de maneira incisiva pela área acadêmica relacionado a surdez, através de trabalhos publicados em forma de livros que mostravam a surdez em seus aspectos análogos à educação e suas implicações e juntamente com a iniciativa de relatar tais acontecimentos sobre essa luta sobre a conquista do espaço dos surdos na sociedade nas imprensas brasileiras.

Atualmente este Instituto possui o nome de Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES) que é uma referência nacional. É mantido pelo governo federal e atende crianças, jovens e adultos surdos de ambos os sexos e cursos para intérpretes.

Uma das lutas conquistadas pelos surdos foi a LIBRAS passar a ser o segundo idioma oficial do país e para os surdos passou a ser a primeira língua oficial. Já que no passado a primeira Língua era o português, obrigando-os a aprender através das cordas vocais ou leitura labial, travando os sinais com as mãos. A Língua de sinais também

(16)

proporciona mais agilidade de raciocínio, pois ajuda a pensar visualmente e não só verbalmente.

(17)

2 JUSTIFICATIVA

Através da minha experiência no Instituto de Educação Professor Ismael Coutinho (IEPIC) pude perceber que a escola, por sua vez, tem um papel fundamental no que se diz respeito a inclusão, sabendo que a escola é o reflexo da sociedade. O professor é um dos componentes principais para a formação da educação inclusiva, pois tem o poder de viabilizar na sala de aula as condições necessárias e principais para atender todos os alunos em suas necessidades e particularidades.

A inclusão proposta pelo MEC determina a obrigação de que todo e qualquer aluno esteja na sala de aula, ou seja, todos têm direito a educação. Matricular um aluno e colocá-lo em uma sala de aula não significa incluir, pois incluir é mais do que integrar um aluno em sala de aula; é favorecer suas habilidades, possibilitar seu desenvolvimento psicosocioeducacional, é reconhecer, e eliminar, os pré-conceitos e preconceitos em relação ao aluno e a todo o contexto no qual ele é inserido.

Portanto, não basta incluir um aluno surdo em sala de aula, sem que o professor saiba e entenda no mínimo o básico de LIBRAS, sem que a escola tenha intérprete de língua de sinais; sem que os professores compreendam quem é o aluno surdo, desenvolvam atividades para esse aluno e, imprescindivelmente, sem que haja reconhecimento da importância de que a primeira língua do surdo é a LIBRAS.

O professor deve aprender a língua de sinais, pois é única forma de se comunicar com os surdos assim ele se interage, vive, se relaciona, observando o quanto é necessário reconhecer que a língua de sinais é uma língua de extrema importância ao surdo e que sem ela não há meios socioeducacionais.

De acordo com a teoria construtivista há de se pensar em cada aluno como um ser único, que traz diferentes particularidades e aprendizados de seu convívio anterior a escola. Pensando dessa forma, há de se respeitar o aluno surdo e mudo.

Deve ser responsabilidade do governo oferecer uma capacitação a cada profissional contratado anteriormente a admissão ao cargo. Porém não só o aprendizado de libras seria suficiente, há de se haver todo um preparo psicológico do próprio professor e para que o professor possa aprender a lidar com esse aluno e com a turma que o receberá. Assim como nas escolas públicas é de responsabilidade do governo o preparo dos professores, nas escolas particulares ditas “normais”, também há de haver esse preparo.

Sabemos que existem classes especiais em algumas escolas para o recebimento desses alunos. Porém se pensarmos melhor, essas classes não só excluem o surdo e mudo,

(18)

mas o afastam do convívio social desde a classe infantil, o que trará reflexos no ensino para esses alunos. Aonde poderia haver uma troca e aprendizado de diferentes “culturas” e conhecimentos, há apenas exclusão e limitação do saber, o que é totalmente contraditório aos ensinamentos do construtivismo.

Ainda devemos lembrar que o surdo e mudo é apenas alguém que não possui a linguagem falada, mas sua capacidade de raciocínio mental não é afetada (no caso de apenas a surdez e mudez), dessa forma com a capacitação dos professores para essa linguagem seria possível incluir o surdo e mudo em um cotidiano escolar normal e não excludente.

Destacamos que LIBRAS não é apenas uma riqueza dos surdos, mas de todos os cidadãos brasileiros. O acesso à educação é um direito de todos, e por isso compreender e estar preparado para lidar com esses alunos tem que ser mais analisado pelo ministério da educação, pois professor que se forma hoje em dia não possui base para ter em sua sala de aula alunos com surdez e outras deficiências, a não ser que esse procure e se prepare melhor por fora. Pois na sua formação isso tem uma grande deficiência.

A Educação Física por sua vez é uma disciplina de suma importância para o processo de inclusão educacional. Com a minha visão em estágios, pude perceber a defasagem que há nos professores de educação física, quando há alunos surdos mesclados com os ouvintes na sala de aula. A despreparação que existe é preocupante, uma vez que os professores não possuem muito o conhecimento sobre LIBRAS, porém é interessante a garra e força de vontade dos professores em se comunicar e incluir os alunos de maneira total.

Assim sendo, ficam os seguintes questionamentos:

1) Quais as principais dificuldades para a inclusão do aluno surdo nas aulas de educação física?

2) Que problemas decorrentes da ausência nas aulas de educação física podemos observar no aluno surdo?

3) Que estratégias podem ser usadas para a inclusão deste aluno nas aulas de educação física?

(19)

2.1 OBJETIVOS

O objetivo geral do presente estudo é refletir acerca da importância da Educação Física na inclusão do aluno surdo. Os objetivos específicos são:

1) Descrever as principais dificuldades para a inclusão do aluno surdo nas aulas de educação física descritas na literatura pesquisada. 2) Entender que problemas são decorrentes da ausência nas aulas de

educação física e que pode ser observado no aluno surdo.

3) Investigar estratégias que podem ser usadas para a inclusão deste aluno nas aulas de educação física.

2.2 METODOLOGIA

Esta é uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório. A pesquisa qualitativa é utilizada quando se quer descrever o objeto de estudo com maior riqueza de detalhes, sendo assim costuma ser muito utilizada quando se estuda, por exemplo, o comportamento de um indivíduo ou de um grupo social. Tem como uma de suas características, a possibilidade de ter a influência da opinião do pesquisador que neste caso é considerada fundamental (MASCARENHAS, 2012). O tema abordado neste trabalho e seus objetivos, requerem que utilizemos de uma pesquisa exploratória. A pesquisa exploratória é utilizada quando o pesquisador pretende se tornar mais íntimo do assunto pesquisado, para depois criar hipóteses sobre o tema. Em grande parte, esse tipo de estudo inclui um levantamento bibliográfico referente ao assunto. (MASCARENHAS, 2012).

As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos de pesquisa, estas são as que apresentam menor rigidez no planejamento. Habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso.(GIL 2012; p.27).

(20)

As pesquisas exploratórias têm por objetivo ainda, possibilitar uma visão mais ampla e mais próxima referente à determinado assunto. Na maioria das vezes este tipo de pesquisa compõe o início de uma investigação mais extensa. Se o tema a ser abordado for muito genérico é necessário esclarecê-lo e delimitá-lo e para isso é necessário realizar uma revisão de literatura e outras ações. Ao final desse processo a problematização do tema passa a ser mais esclarecida, e pode ser investigada a partir de procedimentos sistematizados. (GIL, 2012).

Neste estudo será utilizada uma pesquisa bibliográfica, descritiva o que tornou mais possível o aprofundamento no conhecimento descrito nas literaturas em questão, sobre o tema da inclusão de surdos no âmbito da educação física escolar. Segundo Gil (2012), as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento das relações entre variáveis. Segundo Costa e Costa (2009) pesquisa descritiva descreve as características de uma determinada população ou um determinado fenômeno.

Para a realização de um trabalho científico é necessário primeiramente verificar o que já foi falado sobre o tema. Para este tipo de pesquisa, dá-se o nome de levantamento bibliográfico onde se busca investigar sobre o tema através de livros, artigos, dicionários e enciclopédias, por exemplo. A pesquisa bibliográfica apresenta muitas vantagens, oferecendo uma grande quantidade de informações. Trata-se também de uma excelente opção quando o pesquisador encontra dificuldade de entrar em contato com seu instrumento de estudo, pois na revisão bibliográfica apenas se estuda o que os outros autores já falaram sobre o tema (MASCARENHAS, 2012).

Entende-se que a pesquisa bibliográfica, em termos genéricos, é um conjunto de conhecimentos reunidos em obras de toda natureza. Tem como finalidade conduzir o leitor à pesquisa de determinado assunto, proporcionando o saber. Ela se fundamenta em vários procedimentos metodológicos, desde a leitura até como selecionar, fichar, organizar, arquivar, resumir o texto; ela é a base para as demais pesquisas. (FACHIN 2012; p.120).

(21)

A pesquisa bibliográfica é elaborada através de consulta à materiais já existentes que são encontrados em livros e artigos científicos. Existem pesquisas que podem ser confeccionadas somente com material de fontes bibliográficas, porém quase todos os estudos exigem algum tipo de trabalho desta natureza. Este tipo de pesquisa se torna muito importante também em casos de estudos históricos, pois na maioria das vezes, não existe outra forma de conhecer acontecimentos do passado se não houver embasamento em dados secundários. (GIL, 2012).

É importante enfatizar que mesmo trabalhos inéditos vão exigir do pesquisador a busca e seleção de dados bibliográficos pertinentes, se tornando algo indispensável para se elaborar e caracterizar o objeto de estudo. (BARROS E LEHFELD, 2007).

A pesquisa bibliográfica é, por excelência, uma fonte inesgotável de informações, pois auxilia na atividade intelectual e contribui para o conhecimento cultural em todas as formas do saber. (FACHIN 2012, p. 119).

Podemos dizer que a pesquisa bibliográfica é considerada de extrema importância, pois constitui como ponto de partida na vida do estudante. É necessária concentração total durante o processo pesquisa/aprendizagem para que no final do projeto o estudante tenha um entendimento e compreensão referente ao tema a fim de obter o esperado conhecimento sobre o assunto. (FACHIN, 2012).

Na coleta de dados, foram utilizados livros e artigos que abordassem a temática central do estudo. Os artigos foram buscados nas bases de dados BVS, LILIACS, MEDLINE, SCIELO, SSOAR.INFO com os descritores inclusão de surdos, educação física escolar.

(22)

3 CAPÍTULO I - REFLEXÕES SOBRE A DEFICIÊNCIA AUDITIVA

Serão abordados neste capítulo conceitos importantes e cruciais para um melhor atendimento do tema em questão. Iniciaremos definindo o conceito desta linguagem utilizando o decorrer da sua história e definiremos também através da Lei n° 10.436, de 24 de Abril de 2002.

Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.

Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS a forma de comunicação e expressão, em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constitui um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil.

Art. 4o O sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, como parte integrante dos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, conforme legislação vigente.

Parágrafo único. A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.

Segundo esta Lei podemos perceber a importância da LIBRAS como meio de comunicação entre os Surdos e ouvintes, dando ênfase a sua inclusão na sociedade em que vivemos.

3.1 HISTÓRIA DA LIBRAS

O conceito sobre o tema será abordado a partir de ideias de alguns estudos da área sobre LIBRAS, educação e educação física.

Neste sentido, a tarefa de escrever sobre a história e o reconhecimento da Linguagem Brasileira de Sinais, mais conhecida como LIBRAS (Lei n° 10.436 de 24 de Abril de 2002), é muito difícil e complexa devido a sua trajetória e suas conquistas, tendo sua ênfase especial para os acontecimentos ocorridos no Brasil e mais precisamente no Rio de Janeiro.

(23)

A linguagem Brasileira de Sinais, é por sua vez reconhecida como meio legal de comunicação e expressão entre as comunidades de pessoas surdas no Brasil. Sendo assim podemos dizer que para se comunicar através de LIBRAS, não basta apenas conhecer os sinais e sim ter o conhecimento sobre sua trajetória e é necessário também conhecer a fundo sua gramática para combinar as frases estabelecendo assim a comunicação.

Os sinais, por sua vez, surgem da combinação de configurações de mão, movimentos e de pontos de articulação - locais, no espaço ou no corpo onde os sinais são feitos, juntamente com expressões faciais e/ou corporais. Quem tem o prazer de estudar e se aprofundar nessa língua, fica impressionado com a sutil complexidade e riqueza de expressão que nela há.

Ao se falar do histórico de LIBRAS, precisamos compreender que por um longo período o ensino de surdos foi um modelo baseado em técnicas fonoaudiológicas que por sua vez, consistiam o desenvolvimento da expressão oral, mantendo em segundo plano os aspectos relacionados ao ensino da LIBRAS. Onde as famílias ouvintes por muitas vezes optavam por essa maneira, pois tinham “vergonha” de ter concebido a um(a) filho(a) fora dos padrões consideráveis normais. Com isso os surdos se escondiam em suas casas ou saiam acompanhados de seus pais para não utilizar LIBRAS como meio de se comunicar na sociedade, por isso muitos pais se submetiam ao modelo pelas técnicas fonoaudiológicas.

Devido a essa trágica trajetória no início, os próprios surdos por sua vez não compreendiam a importância da comunicação através de LIBRAS, para intensificar o processo de construção de sua Identidade Cultural, tanto para o bom desenvolvimento da sua cognição quanto da linguagem. Devido a isso, houve na maioria das vezes um bloqueio no desenvolvimento desta língua causando assim por muitas vezes problemas sociais, emocionais e intelectuais na aquisição da linguagem de surdos.

Como o preconceito e a marginalização existentes na sociedade naquela época eram predominantemente fortes, acabavam por sua vez inviabilizando aos surdos de alcançarem as metas desejavas e seus objetivos, em relação a essa busca à construção da Identidade e Cultura Surda Brasileira. Acabavam se isolando e sendo descriminados.

Ao longo desta trajetória, uma das grandes vitórias dos surdos, foi o decreto n° 5626 de 22 de dezembro de 2005 que regulamenta a Lei n° 10.436, de 24 de Abril de 2002 e o art. 18 da Lei n° 10.098, de 19 de Dezembro de 2000. Este decreto por sua vez mostra a importância de LIBRAS dentro das escolas, sendo nas “instituições federais de ensino de maneira obrigatória esse acesso à comunicação, à informação e à educação nos

(24)

processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior.” (Presidência da República: DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.).

3.2 DEFICIENCIA AUDITIVA E INCLUSÃO

Ao se falar de surdez, precisamos ter o conhecimento de que há tipos de deficiências auditivas e que cada uma tem uma causa específica, podendo ser uma perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando em graus e níveis.

Segundo Brasil (MEC 1995, p.17), podemos classificar uma pessoa com deficiência de acordo com o seu grau de perda auditiva, avaliada em decibéis. É considerada audição normal quando há apenas uma diminuição em até 15 D.B., nos casos de 16 e 25 D.B., por sua vez é considerada uma deficiência auditiva suave. A surdez leve, propriamente dita, manifesta-se quando a perda vai de 26 a 40 D.B., a moderada entre 41 e 55 D.B e a severa varia entre 61 e 90 D.B.

Segundo Werner (1994, p.257), “Pelo menos uma em cada mil crianças nasce profundamente surda, o que é diagnosticada através de exames como audiometria e audiograma”, denomina-se assim como surdez congênita, pois a surdez aparece ainda na vida uterina, já a surdez adquirida após o nascimento, como consequência de algum acidente ou tipo de doença, é denominada de surdez adquirida.

Já a deficiência auditiva, é caracterizada pelo fato de haver uma perda parcial ou diminuição da percepção sonora, evidenciando um mau funcionamento do sistema vestibular. Portanto, é possível se dizer que pode haver a deficiência auditiva sem que haja a surdez.

Outra diferença perceptível entre a deficiência auditiva e a surdez, é que a perda auditiva é severa a ponto de impossibilitar o processamento da linguagem através da audição, utilizando outras maneiras de comunicação, já os deficientes auditivos por sua vez, conseguem utilizar o aparelho de surdez e a ajuda terapêutica na comunicação.

A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é a língua utilizada pela maioria dos surdos, além de ser reconhecida por lei. Não se trata apenas como uma simples forma de textualizar através de gestos a língua portuguesa. Mas sim, uma língua à parte, visto que somente o conhecimento dos sinais não é o suficiente para que uma comunicação aconteça em sua plenitude. É necessária uma combinação de sinais com expressão

(25)

corporal e facial que dá importância e significado a cada sinal, sendo assim denominada de modalidade gestual-visual, ou, espaço visual.

“...um modelo no qual o déficit auditivo não cumpra nenhum papel relevante, um modelo que se origine e se justifique nas interações normais e habituais dos surdos entre si, no qual a língua de sinais seja o traço fundamental de identificação sociocultural e no qual o modelo pedagógico não seja uma obsessão para corrigir o déficit mas a continuação de um mecanismo de compensação que os próprios surdos, historicamente, já demonstraram utilizar.” (SKLIAR, 1997, p. 140).

Segundo Gesueli (2006), a língua de sinais remete à identidade do sujeito que (con)vive, quase sempre, com as duas comunidades (surda e ouvinte). Neste contexto, importa analisar o modo que os sujeitos inseridos em escolas bilíngues se narram como sujeitos da comunidade surda. Com esse fato, é importante analisar e perceber o papel da linguagem como atividade constitutiva, enfatizando a relação língua identidade, entendendo por sua vez que o sujeito se constitui à medida que interage com os outros indivíduos.

Dizeu e Caporalli (2005) também enfatizam a importância do contato da criança surda desde os primeiros anos de idade com a comunidade surda, o que possibilitará que esta criança consiga entender o seu meio ajudando-a na construção da sua subjetividade. Segundo Vigotski apud Lacerda(2006), a linguagem é essencial para a construção do conhecimento do indivíduo pois quanto mais cedo a pessoa tiver contato com a sua linguagem, melhor vai ser o seu aprendizado, então quanto mais cedo o surdo for inserido na linguagem que ele tenha domínio estaremos proporcionando a ele condições de aprendizado.

A proposta da educação bilíngue nos sugere mudanças que se tornam necessárias e que nos possibilita e nos dá o direito de respeitar a língua de sinais como primeira e língua natural do surdo. Onde por sua vez a primeira língua é a língua de sinais, tendo contato por intermédio à comunidade surda e a segunda língua é a língua majoritária. Nesse contexto de bilinguismo percebe-se a dificuldade da maioria dos professores nessa inclusão, já que não são fluentes na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

A educação inclusiva é um processo social que direciona o pensamento para reflexão sobre a educação e o papel que a escola exerce nos tempos atuais. A inclusão de

(26)

alunos surdos nas aulas, se apresenta como um fato novo para a maioria dos professores e profissionais que estão ligados à educação, mostrando-se como um desafio para todos. Uma escola inclusiva deve oferecer ao aluno surdo, possibilidades reais de aprendizagem, caso contrário, estará realizando a exclusão e não a inclusão.

De acordo com D’Antino (1997) apud Borges et al (2013), qualquer indivíduo, independentemente do seu estado físico e mental, são membros de importância totalmente igualitária dentro de uma sociedade em que a diversidade e as diferenças existentes acabam enriquecendo e agregam valores ao meio escolar, possibilitando novas vivências e aprendizagens para as pessoas consideradas deficientes em que por algum motivo não se adaptaram ao sistema escolar e as que já estão adaptadas, compreenderem que nem todos são iguais.

Percebe-se que aprender a língua de sinais fortaleceria o papel do professor em sala, possibilitando uma relação professor-aluno criando não só um meio de comunicação, mas também um elo de vínculo com seus alunos, afinal o surdo é aluno do docente e não da intérprete, a intérprete seria apenas uma ponte para somar ao aluno e professor e não a única maneira de se comunicar com o aluno. O que nos faz refletir sobre a valorização de se aprender não só a LIBRAS de maneira instrumental e técnica mas sim com experiências ricas e com significado.

O espaço escolar por sua vez, possui a tarefa de criar meios educacionais onde os alunos possam aprender com o outro mesmo com suas diferenças. O professor não deve pensar em inserir a criança surda nas atividades propostas apenas para os ouvintes mas sim de pensar em atividades que possam ser integradoras e significativas para ambos, alunos surdos e ouvintes.

(27)

4 DEFICIENCIA AUDITIVA E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Neste capítulo iremos descrever, a partir dos dados encontrados nos artigos, as principais dificuldades para a inclusão do aluno surdo nas aulas de educação física, quais os principais problemas decorrentes da ausência nas aulas de educação física para o aluno surdo e que estratégias podem ser usadas para a inclusão deste aluno nas aulas de educação física.

A disciplina da Educação Física por sua vez, possui o papel fundamental no processo da inclusão do aluno surdo, principalmente com atividades que estimulam a motivação necessária para que se encaixe nessas atividades. O professor precisa ter cuidado ao planejar suas aulas de maneira inclusiva, pois assim como podem ser benéficas, também podem proporcionar ao aluno situações nas quais ele se exclua ou seja excluído das atividades por seus colegas de classe, causando assim nas aulas um espaço para segregação e discriminação.

A Educação Física utiliza a cultura corporal de movimento como uma forma de tornar o espaço propício para que os alunos possam expor suas opiniões, formas de se expressar e ideias não só através da comunicação oral e gestual, mas sim corporalmente também.

Dentre as dificuldades para a inclusão do aluno surdo nas aulas de educação física descritos pelos autores (ALVES; SALES; MOREIRA; DUARTE; COUTO, 2012), duas se destacaram:

1) A falta de capacitação do professor:

Estudos realizados por Silva e Sampaio (2010), relatam que a ausência dos alunos com deficiência auditiva nas aulas de educação física está no fato do professor não ter interesse significativo nesta capacitação especificamente, e não estar preparado para a inclusão do aluno.

Gorgatti et al (2004), também afirmam que o maior entrave para uma efetiva participação dos alunos com deficiência auditiva está no fato da capacitação deficitária do professor em relação à deficiência da surdez. Isto o impede de compreender o comportamento e as necessidades dos alunos.

2) Atividades coletivas nas aulas.

Silva e Sampaio (2010) destacam que as atividades coletivas podem dificultar a inclusão do aluno surdo, porque exigem que todos os demais alunos participem da vivência diferenciada destes alunos nas atividades grupais. No entanto, também destacam

(28)

que essa é uma inclusão necessária para que deixem de ser tratados como estranhos ou excluídos das aulas de Educação Física.

Para Doré et al (1997) estes alunos devem ser inseridos não somente nas aulas, mas também na vida social da escola.

No que diz respeito aos principais problemas percebidos nos alunos surdos pela ausência das aulas de Educação Física, duas situações se destacaram: a consequência motora e o isolamento.

A não participação dos alunos surdos nas aulas de Educação Física afeta de forma agravante e definitiva a área motora. Segundo Marchesi; Palácios; Coll (1995) e Winnick (2004), citados por Silva e Sampaio (2010), a deficiência nas aulas de Educação Física é marcante para o desenvolvimento motor das pessoas afetadas pela deficiência auditiva, uma vez que existe uma relação direta entre a perda do equilíbrio e a surdez em crianças, porque ocorre modificação do sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio. (LIMA, PEREIRA e MORAES, 2011)

Gorgatti et al (2004) também afirmam que a pessoa com deficiência pode até ter alguma dificuldade de coordenação motora, mas isso não é impeditivo da prática de atividade física, pois a mesma pode ajudá-los na melhora do desenvolvimento motor. Enfatizam, inclusive, que a ausência de experiências corporais diferenciadas acabam provocando problemas de equilíbrio, alteração da marcha e dificuldade de ritmo, o que reforça a importância das atividades das aulas de Educação Física..

Outro problema é o isolamento. Segundo Falkenbach (2008) e Mantoan (1997), citados por Silva e Sampaio (2010), a surdez por si só não limita a inteligência, a capacidade emocional ou o desenvolvimento e maturação normais, portanto não tem porque tratá-los como estranhos, ou pior, excluí-los das aulas de Educação Física.

A possibilidade de os alunos surdos terem vivências variadas com outros alunos é importante para que se sintam parte integrante da turma e da aula. Alunos que naturalmente se isolam por cauda da deficiência, podem participar ativamente das atividades coletivas. De acordo com Winnick (2004) e Gorgatti et al (2004), o aluno com deficiência auditiva, de modo geral, está apto para fazer as aulas naturalmente com os outros alunos, sendo necessárias apenas algumas adaptações e cuidados, feitas pelo professor, não privando o direto do aluno desenvolver suas potencialidades.

Para que o aluno surdo possa ser incluído de forma eficiente nas aulas de educação física, algumas estratégias podem ser desenvolvidas. Descreveremos, a seguir as sugeridas pelos autores dos artigos estudados.

(29)

Segundo Morley et al (2005) apud Alves et al (2012) os conteúdos programáticos em Educação Física devem levar em consideração a relevância social, a diversidade e as diferenças dos alunos, assim como a possibilidade de desenvolver neles a autonomia e liberdade de expressão com um repertório motor diversificado para proporcionar o desen-volvimento de suas competências.

A disciplina de Educação Física precisa referenciar os elementos importantes para os aspectos cognitivos, psicomotores e afetivo-sociais do movimento. Os conteúdos utili-zados pelo professor devem estimular o desenvolvimento da memória, diferenciação de fatos e conceitos, quantificação e a dimensão conceitual da área da Educação Física, que ainda precisa considerar o nível de escolarização e de desenvolvimento do educando.

No que diz respeito às estratégias utilizadas para a inclusão dos alunos com surdez nas aulas de Educação Física, Alves et al (2012) recomendam o uso de vídeos, slides informativos e ilustrativos, fotografias, desenhos no quadro, demonstrações e o uso de fotos.

A via de comunicação do surdo é a espaço-visual, então, são necessárias estratégias de ensino que utilizem mais as informações visuais nas aulas, para que se dê o processo de aprendizagem do aluno com surdez e a formação de sua concepção de mundo (SANTOS, 2010).

Uma outra estratégia que pode ser utilizada para maximizar a compreensão e aprendizado dos alunos surdos, segundo Greguol (2010) é o uso de demonstrações pelo professor ou de um aluno mais adiantado da atividade a ser executada e a exibição de figuras e vídeos que detalhem o movimento a ser aprendido.

Segundo Cidade e Freitas (2002), as estratégias adequadas de ensino permitem que os alunos tenham acesso aos conteúdos propostos e participem ativamente das aulas permitindo a não exclusão ou alienação dos envolvidos.

Uma metodologia adequada além de permitir a compreensão dos assuntos e a não exclusão do aluno, também pode despertar maior interesse e motivação, utilizando no processo de aprendizagem exemplos concretos vivenciados no dia-a-dia, estimulando a expressão e a capacidade de criar.

Para Rinaldi; Reali; Costa, (2007), os professores devem saber lidar com a diversidade que existe entre seus alunos e ter uma postura melhor em relação às especificidades de cada um.

É preciso reforçar que além das estratégias descritas nesse capítulo, o aluno surdo como de direito deve ter sempre em sala de aula um intérprete de Libras, que tem a função

(30)

de tornar os conteúdos acessíveis a ele. É importante que esses conteúdos sejam compreensíveis para garantir o seu aprendizado. Neste contexto, o interpretar e o aprender estão ligados e o intérprete da língua de sinais acaba por exercer o papel também de educador (GORGATTI et al., 2004)

Por possuir conhecimento e técnicas necessárias, o professor é o papel principal para que a inclusão se torne efetiva, contribuindo assim para a melhoria da formação, saúde e qualidade de vida de seus alunos, se comprometendo com o desenvolvimento social. Através de propostas como a ludicidade, expressão corporal, a liberdade de movimentos, jogos que estimulam a criatividade, são capazes de proporcionar aos seus alunos experiências que por sua vez favoreçam a cooperação, sociabilidade e o seu desenvolvimento psicomotor (ZUCHHETI, 2011)

(31)

5 CONSIDERAÇÕES

Este estudo tonar-se relevante pois tem como finalidade abranger e alertar sobre LIBRAS no âmbito da educação física escolar, através da inclusão numa sociedade excludente, desigual que com o passar dos anos vem se transformando. Neste contexto, a Educação Física por sua vez deverá ser pautada nos princípios de inclusão, onde há o aprendizado mútuo, já para os professores quanto para os alunos, tanto ouvintes quanto os surdos. Ensinando-os sobre o respeito pela diversidade e as diferenças, adquirindo conhecimento e autonomia através das vivencias ocorridas na sala de aula. O que favorecerá práticas de sociabilidade e integração entre todos os envolvidos.

Diante do exposto, esta pesquisa compreendeu em entender e mostrar a importância da Educação Física e do conhecimento do professor sobre LIBRAS, para os alunos surdos, na Educação Física Escolar. Com isso, compreende-se que a educação escolar deve proporcionar a todos os indivíduos o desenvolvimento social, cognitivo, psicológico e afetivo, de maneira integral, preparando os indivíduos para exercerem suas capacidades e funções de modo pleno na sociedade.

Em suma, todos os alunos possuem capacidade de adquirir o conhecimento, autonomia e atitudes referentes aos valores que são construídos socialmente. Através dessas práticas de sociabilidade e integração, é visível a melhoria na comunicação entre ouvintes e surdos, porém ainda notamos que as pessoas com deficiência são induzidas a se posicionarem como dependentes na sociedade, existindo ainda uma forte exclusão e rejeição. Por isso reforçamos a importância do trabalho do professor de Educação Física, através da ludicidade, quebrar esse paradigma.

(32)

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES, Tássia Pereira; SALES,Zenilda Nogueira; MOREIRA, Ramon Missias; DUARTE, Leonardo de Carvalho; COUTO, Edvaldo Souza. Inclusão de alunos com surdez na educação física escolar. Revista Eletrônica de Educação, v. 7, n. 3, p.192-204, 2012. Disponível em: http://www.reveduc.ufscar.br

BRASIL. Ministério da educação e do Desporto. Secretaria de Educação Especial. Subsídios para a organização e funcionamento de serviços de Educação Especial: área da deficiência auditiva. Brasília-DF: MEC SEESP. 1995.

______. Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000. . Acesso em: 07 out. 2017.

______. Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Disponível em . Acesso em: 07 out. 2017.

CIDADE, R, E, FREITAS, P, S. Educação Física e Inclusão: considerações para a prática pedagógica na escola. Revista Integração. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Ano14. Edição especial 2002 pg.26 – 30.

COSTA, Marco Antonio; COSTA, Maria de Fátima Barrozo; ANDRADE, Viviane Abreu. Caminhos (e descaminhos) dos objetivos em dissertações e teses: um olhar voltado para a coerência metodológica. Revista Práxis, ano VI, n.11, Junho de 2014

D’ANTINO, Rosita E. Removendo barreiras para a aprendizagem: educação inclusiva. Porto Alegre: Mediação, 1997.

FACHIN O. Fundamentos de Metodologia. 5ª Edição, São Paulo: Ed.: Saraiva, 2012. 210p.

(33)

GESUELI Z. M. Educ. Soc., Campinas, vol. 27, n. 94, p. 277-292, jan./abr. 2006 (http://www.scielo.br/pdf/es/v27n94/a14v27n94.pdf)

GIL A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª Edição, São Paulo: Ed.: Atlas, 2012. 200p.

GORGATTI, M. G. et al. Atitudes dos professores de educação física do ensino regular com relação a alunos portadores de deficiência. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v.12, n.2, p. 63 - 68, jun. 2004.

LIMA, Taize C.; PEREIRA, Maria C da Cunha e MORAES, Renato de. Influência da surdez no desenvolvimento motor e do equilíbrio em crianças. Brazillian Journal of Motor Behavior, 2011, v.6, n 1, 16-23.

MASCARENHAS S. A. Metodologia Científica. São Paulo: Ed.: Person, 2012.124p.

RINALDI, R. P.; REALI, A. M. M. R.; COSTA, M. P. R. Educação especial e formação de professores: onde estamos... para onde vamos? Horizontes(EDUSF), Itatibá, v. 25, n. 1, p. 87 - 98, jan./jun. 2007.

PAGNEZ, K. S.; SOFIATO, C. G. O estado da arte de pesquisas sobre a educação de surdos no Brasil de 2007 a 2011. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 52, p. 229-256, abr./jun. 2014. Editora UFPR

SANTOS, S. B. M. Gestão democrática: Abertura para a Acessibilidade do Sujeito de Identidade Surda Múltipla e Multifacetada nas Instituições de Ensino. RevistaEletrônica de Educação, São Carlos, v. 4, n. 1, p. 50 - 63, mai. 2010.

SILVA, Natal da e SAMPAIO, Tânia Mara. A formação docente e a inclusão da criança com deficiência auditiva nas aulas de educação física. Universidade Castelo Branco, Rio de Janeiro, 2010.

VIGOTSKI, L.S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

(34)

LACERDA, C. B. F. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. Cad. Cedes, Campinas, vol. 26, n. 69, p. 163-184, maio/ago. 2006

DORZIAT, A. Educação e surdez: o papel do ensino na visão de professores. Educar, Curitiba, n.23, p. 87-104, 2004. Editora UFPR

MONTEIRO, M. S. História dos movimentos dos surdos e o reconhecimento da LIBRAS no Brasil. Educação Temática Digital, Campinas, v.7, n.2, p.292-302, jun.2006

BARROS, Aidil J. da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de souza. Fundamentos de Metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

ROCHA, S. Edição Comemorativa 140 anos. Revista Espaço INES. Rio de Janeiro: Editora Litera. 1997, p.32

WERNER, D. Guia de deficiência e reabilitação simplificada. Brasília-D: Corde,1994.

ZUCCHETTI, D. T. A. (2011). Inclusão escolar vista sob a ótica de professores da escola básica. Educação em Revista, 27(2), 197-218.

SKLIAR, C. Uma perspectiva sócio-histórica sobre a psicologia e a educação dos surdos. In: SKLIAR, C. (Org.). Educação e exclusão: abordagens socioantropológicas em educação especial. Porto Alegre: Mediação, 1997. p. 140. (Cadernos de autoria, 2)

Referências

Documentos relacionados

Origem do direito tributário; origens das receitas públicas e sua classificação atual: o sistema constitucional brasileiro consoante reforma tributária do ano de

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Edvaldo Santana, disse ontem que o atual cenário de turbulências no setor elétrico “está caminhando para

De fato, a aplicação das propriedades da regra variável aos estudos lingüísticos além da fonologia não constitui assunto tranqüilo, seja porque a variável passa a ser

Se nesse período crítico, ela encontra alguém que, ignorante e inescrupulosamente, lhe fornece exercícios respiratórios, e se ela segue as instruções fidedignamente na esperança

- Se somente o município figura como devedor no título executivo judicial, não pode o ex-prefeito, que não participou do processo de conhecimento, ser parte na execução, não

S em qualquer sombra de dúvida, quando nosso Senhor Jesus Cristo nos ensina na oração do Pai Nosso a dizer que o nome de Deus deve ser santificado na Terra, do mesmo

Processo de se examinar, em conjunto, os recursos disponíveis para verificar quais são as forças e as fraquezas da organização.

Nossos olhos se arregalaram por um momento, até que alguém resolveu, corajosamente, questionar: “Mas por quê?” E a resposta veio pronta: “Porque, meu filho, por mais que nós