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Contrarrazões do autor, às fls. 353/362.

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Academic year: 2021

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PROCESSO: 0179100-38.2009.5.01.0262 - RO Acórdão

5ª Turma

DANO MORAL – USO DE BOTTONS COM CORES PARA DISTINGUIR QUEM VENDE MAIS – CASA BAHIA

No presente caso, restou comprovado que os vendedores eram obrigados a usar bottons com cores variáveis de acordo com as vendas e o vendedor que estivesse em pior colocação era obrigado a usar botton de cor vermelha. Conforme constou registrado pelo Ilustre Magistrado a quo, até mesmo a testemunha da ré confirmou a utilização dos bottons, embora tenha alegado que não possuíssem o intuito ofensivo.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de

RECURSO ORDINÁRIO, interposto em face da sentença de fls.

311/317, proferida pelo M.M. Juízo da 2ª Vara do Trabalho de São Gonçalo, na pessoa do Juiz Ronaldo Callado, em que figuram como partes CASA BAHIA COMERCIAL LTDA, recorrente e JORGE

LUIS SOARES DOS SANTOS, recorrido.

Insurge-se a reclamada, às fls. 318/347, contra sentença de fls. 311/317, que julgou procedente em parte o pedido. Alega a autenticidade dos cartões de ponto, que não havia pagamento “por fora”, que é incabível a condenação em indenização por dano moral e multa do artigo 477 da CLT. Por fim, aduz ser indevida a expedição de ofícios à DRT e Secretaria da Receita Federal, entendendo que a Justiça do Trabalho não possui poder fiscalizatório.

Contrarrazões do autor, às fls. 353/362.

Não houve remessa dos autos ao douto Ministério Público do Trabalho, por não se vislumbrar qualquer das hipóteses

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PROCESSO: 0179100-38.2009.5.01.0262 - RO

previstas no anexo ao Ofício PRT/1ª Reg. Nº 27/08-GAB, de 15.01.2008.

É o relatório.

CONHECIMENTO

Presentes os pressupostos recursais, conheço o recurso.

MÉRITO

AUTENTICIDADE DOS CARTÕES DE PONTO

O autor alegou que era vendedor e prestava horas extraordinárias, laborando em diversos horários, sempre com 1 hora para refeição e descanso.

A ré contestou o pedido, aludindo que a jornada laborada era corretamente consignada nos cartões de ponto.

Os controles de frequência foram juntados pela ré às fls. 143/196, tendo sido impugnados parcialmente pelo autor à fl. 310, afirmando que os referidos controles não retratam o horário correto de entrada, que era 1 hora mais cedo.

O Juízo de primeiro grau, na sentença de fls. 311/317, julgou procedente em parte o pedido, condenando a ré ao pagamento de horas extraordinárias, considerando o horário de entrada como sendo o de 1 hora de antecedência.

De fato, as testemunhas indicadas pelo reclamante, em seus depoimentos às fls. 307/308, comprovaram o horário aludido, tendo a primeira testemunha afirmado que: “os controles de frequência não refletem a jornada laborada uma vez que tinham que chegar antes para arrumar o local de trabalho; que na filial 178, tinham que chegar às 07 pois tal loja abria às 08 horas”. A segunda testemunha também afirmou que: “era necessário chegar na loja às

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PROCESSO: 0179100-38.2009.5.01.0262 - RO

07 horas já que havia reuniões, além de, havendo eventos, arrumar a loja”.

Portanto, apenas tendo sido impugnados os controles de frequência quanto ao horário de entrada e, tendo as testemunhas comprovado o horário alegado pelo autor, nada há a reformar na sentença de primeiro grau.

Incabível o argumento de que as provas documentais devem prevalecer diante das demais provas, pois o artigo 131 do CPC dispõe que é livre apreciação das provas pelo juiz, não havendo, no direito pátrio, previsão de hierarquia entre as provas.

Igualmente não procede a afirmação de que o fato dos controles possuírem marcação além ou aquém da jornada é suficiente para demonstrar sua autenticidade, pois se assim ocorresse, bastaria o empregador assinalar horários variáveis para que os controles de frequência fossem sempre considerados autênticos

Também não procede o argumento de que é incabível invalidar os cartões de ponto por não conterem a assinatura do empregado, pois o autor não os impugnou por ausência de assinatura e, sim, pela marcação incorreta do horário de entrada.

O fato de a reclamada ter juntado laudo pericial, às fls. 103/108, relativo a outro processo, de número 01162-2006-015-01-00-2, em que o perito atesta que os controles de frequência da ré não podem ser alterados, também não se configura argumento suficiente, pois se realmente for certo que os referidos documentos não podem ser alterados, também não é menos certo que a empregadora pode impedir seus empregados de os assinalarem no horário correto.

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PROCESSO: 0179100-38.2009.5.01.0262 - RO PAGAMENTO “POR FORA”

Aduziu o autor que recebia salário fixo mais salário por “por fora”, referentes às vendas de seguro de vida e outras rubricas, que era feito diretamente no caixa da empresa , fato negado pela ré em sua contestação.

O Juízo de primeiro grau julgou o pedido procedente, ao fundamento de que a testemunha do autor foi convincente e demonstrou o alegado.

Consultando-se os depoimentos, constata-se que a testemunha indicada pelo reclamante, em seu depoimento de fl. 307/308, realmente confirmou que o pagamento “por fora” ocorria com todos os vendedores.

Cabe observar que o fato de constar, em alguns recibos da reclamada, o pagamento de comissões denominadas “garantia complementar” e “seguros”, não invalida a prova do autor, pois como restou afirmado pela testemunha, metade das comissões eram pagas “por fora” e a outra metade, eram pagas no contracheque.

Nego Provimento. DANO MORAL

O autor requereu o pagamento de indenização por danos morais, ao argumento de que quem não alcançasse as metas determinadas pela empresa, sofria constrangimento, desde recebimento de bonecos “pangarés”, que eram colocados em suas mesas, assim como adesivos nas roupas com diferentes cores, fatos, evidentemente, negados pela reclamada.

No presente caso, restou comprovado que os vendedores eram obrigados a usar bottons com cores variáveis de acordo com as vendas e o vendedor que estivesse em pior colocação era obrigado a usar botton de cor vermelha. Conforme constou registrado pelo Ilustre Magistrado a quo, até mesmo a

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PROCESSO: 0179100-38.2009.5.01.0262 - RO

testemunha da ré confirmou a utilização dos bottons, embora tenha alegado que não possuíssem o intuito ofensivo.

Também foi comprovado que havia reuniões para cobrança de metas, tanto de venda de produtos como de vendas de seguros e garantias, e que os vendedores que não obtivessem resultados esperados recebiam um “pangaré” de brinquedo. A testemunha do autor afirmou que recebeu um desses brinquedos e que tinha quase certeza de que o autor também tivesse recebido.

Assim, restou evidente o constrangimento causado. A busca pela obtenção dos resultados não dá direito à empresa de expor seus trabalhadores à situações tão vexatórias.

É lógico que o dano moral dispensa prova em concreto, eis que atinge o aspecto mais íntimo da personalidade humana, não sendo possível a ninguém sentir a dor do outro, mas apenas presumir que passível de causar abalo. A prova que se espera obter é a de efetiva existência do fato ilícito ensejador da reparação, fato que foi comprovado.

A indenização por dano moral, não á capaz de apagar o sofrimento experimentado pela vitima, mas deve ser arbitrada em um valor suficiente para acarretar um efeito pedagógico ao agente causador do dano, considerando sua situação econômico-financeira.

Dessa forma, considero o valor atribuído pela sentença, de R$ 10.000,00 dentro dos padrões de razoabilidade e proporcionalidade.

Nego provimento. MULTA DO ARTIGO 477 DA CLT

Consultando-se o TRCT de fls. 21, constata-se que a autora foi imotivadamente dispensada em 09.03.2009, e que a homologação pelo sindicato somente ocorreu em 27.03.2009, restando evidente que o pagamento não foi efetuado no decêndio legal. Considerando que o pagamento deve ser feito no ato da

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PROCESSO: 0179100-38.2009.5.01.0262 - RO

homologação (§4º do art. 477 da CLT), verifica-se que houve mora.

Nego Provimento. EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS

O Juízo a quo determinou a expedição de ofícios à Delegacia Regional do Trabalho, Secretaria da Receita Federal, Instituto Nacional de Seguridade Social, Caixa Econômica Federal, Ministério Público Estadual e Federal, Superintendência da Polícia Federal e Estadual, ao perceber a possibilidade de cometimento de crime de sonegação fiscal e previdenciária.

A ré se insurge quanto a esta determinação, ao argumento de que a Justiça do Trabalho não detém poder fiscalizatório.

Trata-se de ato exercido dentro da jurisdição administrativa do juiz, que sequer diz respeito à lide.

Nego Provimento. CONCLUSÃO

PELO EXPOSTO, CONHEÇO do recurso e

NEGO-LHE PROVIMENTO.

ACORDAM os Desembargadores que compõem a 5ª

Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, CONHECER do recurso e NEGAR-LHE

PROVIMENTO.

Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2011.

JUIZ IVAN DA COSTA ALEMÃO FERREIRA

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