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Dançando com a diversidade

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE ARTES

DANÇANDO COM A DIVERSIDADE

LUANA RACHEL DE ARAÚJO LOPES

Natal/RN Junho / 2019

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LUANA RACHEL DE ARAÚJO LOPES

DANÇANDO COM A DIVERSIDADE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Licenciatura em Dança da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial de conclusão do curso.

Orientadora: Profª Ms Renata Celina de Morais Otelo

NATAL - RN Junho/ 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Departamento de Artes - DEART

Lopes, Luana Rachel de Araújo.

Dançando com a diversidade / Luana Rachel de Araújo Lopes. - 2019.

29 f.: il.

Monografia (licenciatura) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Licenciatura em Dança, Natal, 2019.

Orientadora: Prof.ª Ms. Renata Celina de Morais Otelo.

1. Dança. 2. Diversidade. 3. Educação. 4. Inclusão. 5. Transtorno do espectro autista. I. Otelo, Renata Celina de Morais. II. Título.

RN/UF/BS-DEART CDU 793.3

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE ARTES LICENCIATURA EM DANÇA

A Comissão abaixo assinada aprova o trabalho intitulado:

DANÇANDO COM A DIVERSIDADE

realizado como parte das exigências para a obtenção do título de Licenciatura em Dança.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________ Prof.ª Ms. Renata Celina de Morais Otelo – Orientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

_________________________________________________________ Prof. Dr. Marcílio de Souza Vieira - Examinador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

____________________________________________________ Profª. Esp. Francinete Marcolino da Silva Lima - Examinadora

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DEDICATÓRIA

Um sonho está prestes a ser concretizado, o de ser uma educadora e ter o poder de transformar vidas e traçar algumas histórias. Deus permitiu que eu chegasse aqui, mesmo com todas as dificuldades, porém com muitas certezas de que milagres acontecem!

Dedico este trabalho aos meus pais Regina e Lopes que sempre foram os meus maiores incentivadores, aos meus irmãos Ranyer e Lucas, a meu filho Luiz Otávio que é a Luz da minha vida e ao meu esposo Igor.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente ao Divino Criador, pela vida, Ele que me acolhe e conforta, aliviando todas as angústias e aflições.

Agradeço a Universidade Federal do Rio Grande do Norte por realizar o grande sonho da minha vida.

Agradeço à minha Prof.ª Orientadora Renata Otelo, por todos os momentos compartilhados com a mestra, que com muita sabedoria reconstruiu meu equilíbrio, doando sua coragem nos momentos difíceis, para que eu elaborasse meu projeto final.

Meu profundo agradecimento aos professores do curso que me incentivaram durante a graduação e foram os meus mediadores do conhecimento e desenvolvimento a respeito da dança e da vida.

Agradeço a todos os colegas de curso, que sempre contribuíram para que eu conseguisse chegar até o final, compartilhando conhecimentos e alguns passos de dança.

Agradeço aos meus irmãos que a dança me proporcionou a criar laços fraternos: Leonardo Macedo e Luciano Teixeira pelas lições do grupo de estudo, pelo conhecimento compartilhado e as chances de sempre estarmos unidos pelo mesmo ideal. Obrigada pelas aflições e alegrias compartilhadas, pelas mãos estendidas no lugar de julgamentos.

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RESUMO

É notável as demandas e as indagações sobre o autismo que ainda é um campo desconhecido para educadores e familiares. O espectro possui graus diversos e uma infinidade de sintomas que se tornam diferentes para cada unidade enquanto organismo. A síndrome pode se apresentar nos primeiros anos da vida e não sabemos as causas e sua origem, pois seu surgimento é complexo, o que pode adiar o seu diagnóstico precoce, e apresenta vários quadros comportamentais, tais como a inabilidade no relacionamento interpessoal, atraso na aquisição da fala e dificuldades motoras. Em relação ao convívio social e educacional, temos a LDB 9.394/96 utilizada como dispositivo legal que defende o ensino regular disponível para educandos com transtornos globais de desenvolvimento, para que os autistas tenham acesso à escola e possam desenvolver habilidades sociais e intelectuais de acordo com seus limites. O objetivo desse estudo é verificar as possibilidades de vivenciar a dança na perspectiva inclusiva com alunos com transtornos do espectro autista e perceber como os conteúdos de dança podem ser aplicados e que tipos de estratégias poderiam ser utilizadas. Para isto, realizamos uma revisão bibliográfica a qual vários autores dialogam sobre a importância da dança inclusiva para o desenvolvimento de alunos com TEA (Transtorno do Espectro Autista). Nesse dialogo conclui-se que a dança é uma ferramenta potente que transforma a rotina em um diálogo entre o indivíduo e o meio externo e até mesmo com as pessoas que compartilham este espaço. As escolas precisam investir nas vivências em dança com a finalidade de estabelecer a comunicação, tentando efetivar uma relação com o meio externo e com as pessoas que estão inseridas nele. Dançar é aprender a vivenciar, se reconhecer como potência. Descobrir sem regras impostas e dialogar com o mundo em via dupla, interpretando as proposições que nos são dadas e dizendo sim para as diversidades.

Palavras-chave: Dança. Diversidade. Educação. Inclusão. Transtorno do Espectro Autista (TEA).

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ABSTRACT

It is notable the demands and the inquiries about the autism that is still a unknown field for educators and family. The spectrum has diverge degrees and an infinity of symptoms that become different for each unity as organism. The syndrome can show up in the first years of the life and we do not know the causes and their origin, because its appearance is a complex, wich can delay its early diagnosis, and presents several behavioral frameworks, such as the inability in the interpersonal relationship, delay in acquisition of the speech and motor difficulties. In relation to social and education living, we have the LDB 9.394/96 used as a legal device that the available regular teaching defends for learners with global developmental disorders, so that the autistic persons have access to the school and can develop social and intellectual skills in accordance with his limits. The objective of this study is to verify the possibilities of experiencing dance in an inclusive perspective with students how dance contents can be applied and what type of strategies could be used. So, we realized a literature review was elaborated to which several authors discuss the importance of inclusive dance for the development of students with ASD (Autism Spectrum Disorder). In this dialogue it is concluded that the dance is a powerful tool that transforms the routine into a dialogue between the individual and the external environment and even with the people who share this space. The schools need to invest in dance experiences in order to establish communication, trying to effect a relationship with the external environment and with the people who are part of it. To dance is to learn to experience, to recognize oneself as a power. To discover without imposed rules and to dialogue with the world in double way, interpreting the propositions that are given to us and saying yes to the diversities.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 8

2. MEU LUGAR NO MUNDO ... 16

3. O AUTISTA, A ESCOLA E OS DISPOSITIVOS LEGAIS ... 18

4. EFEITOS POSITIVOS ... 20

5. BENEFICIOS PARA OS PROFESSORES E PARA A SOCIEDADE .... 21

6. A DANÇA E TEA ... 22

7. QUE DANÇA É ESSA? ... 24

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 26

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O presente trabalho tem por objetivo investigar as possibilidades de vivenciar a dança na perspectiva inclusiva com alunos que apresentam Transtorno de Espectro Autista (TEA). A existência de um membro familiar com transtornos cognitivos graves que culminam em uma capacidade bem aquém da normal nos processos de aprendizagem acendeu uma luz para a idealização e pesquisa de alternativas que auxiliassem no aprendizado. Eis aí o norte fundamental para o desenvolvimento deste trabalho.

Esta escrita visa ainda motivar outros trabalhos nessa área desconhecida – TEA e Dança - e pouco experimentada no intuito de provocar novas possibilidades de aprendizagens ao corpo daquele que apresenta desordens do neurodesenvolvimento por apresentar TEA e que sua análise negativa antecede qualquer tentativa de aproximação com a área da dança por parte de vários profissionais de áreas ligadas a psicologia e pedagogia, por exemplo, ainda que nem tenha sido experimentado.

O primeiro passo é andar pelos vales desconhecidos e complexos do autismo, lugar onde devemos dissolver seus mitos, pois nenhum caso é igual ao outro. O importante é olhar para nossas crianças, antes de tudo, com uma pequena gota de amor e tudo se transformará, deixando de lado o ranço, o medo do desconhecido e compreendendo as dificuldades que cercam as crianças autistas.

O segundo passo é preparar o nosso arsenal tentando conhecer e identificar a prática de ensino. Nós como educadores precisamos nos motivar e construir com essas crianças; mostrar e apontar o caminho facilitando o conhecimento da escola, da família, buscando promover um ambiente inclusivo e indicar os profissionais que se movem para contribuir com o desenvolvimento do autista.

A luta é árdua. Lutar, fazer, mas nunca retroceder, não desanimar e pensar que podemos contribuir na construção dos objetivos que pretendemos. A pesquisa relaciona Educação Especial e Dança como forma de inclusão e desenvolvimento cognitivo, buscando efetivar o aluno com deficiência de forma inclusiva e educando através da dança.

Viemos para esse mundo para aprender e ampliar nossas relações com os outros. Aprendemos de acordo com o que experienciamos no meio ambiente. Assim é o processo de aprendizagem, um processo cultural que para seu desenvolvimento efetivo, precisa do processo de ensino-aprendizagem de acordo com as atitudes que

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nos servem de referência. Para uma criança autista, as funções não ocorrem assim, por isso fomos em busca deste entendimento: das relações entre o cérebro e os sentidos. A grande sacada deve estar dentro dos processos de aprendizagem, e quanto aos resultados, estes nem sempre virão da forma como queremos ou esperamos.

A busca de permissão para desenvolver as atividades com crianças com deficiência em espaços especializados foi uma das primeiras dificuldades encontradas para meu desejo inicial de tratar de práticas efetivas e do acompanhamento de alguns casos, elaborando e realizando aulas individualizadas para um número de crianças sendo observados fatores de aceitabilidade, avanços e recuos; entretanto, após buscar alguns órgãos na cidade de Natal-RN e receber de imediato a negativa dessa possibilidade de investigação, optei por contornar um outro caminho estabelecido no campo epistemológico, acreditando retomar a ideia inicial em momentos futuros, haja vista que esta pesquisa me motiva e me encoraja enquanto escolha movente e que pretendo dar continuidade.

Para a compreensão do espectro autista, nos valemos do conceito de Fación (2005, p.17)

Mas o que é realmente o autismo? Essa pergunta não é tão fácil de responder, pois não se conseguiu, até hoje, uma definição e uma delimitação consensual das terminologias sobre ele. A multiplicidade das terminologias fenomenológicas e, respectivamente, seus sinônimos demonstram a complexidade do problema e a diversidade dos princípios de esclarecimento existentes até hoje. (FACION, 2005, p.17)

O psiquiatra Dr. Leo Kanner (1943) em seu artigo Transtorno autistas do contato afetivo, conseguiu identificar que o transtorno se diferenciava de outros distúrbios psicóticos. No atendimento de onze crianças, Dr. Kanner constatou características específicas em cada caso, de acordo com os níveis de linguagem, de incapacidade de relacionamentos e resistência à mudança de rotinas.

A figura 1.1 faz uma projeção sobre a ideia dos níveis e das especificidades das características dos autistas, conforme compreendidas e nos faz pensar nas peculiaridades que cada indivíduo traz consigo.

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Figura 1.1 – Espectro Autista.

Fonte: http://professoraalbalucena.blogspot.com/2017/10/resposta-ha-quantos-agentes-para.html

O Transtorno de Espectro Autista ainda tem condição clínica enigmática, não sabemos da causa específica, porém a literatura apresenta várias reflexões sobre os aspectos genéticos e ambientais. Nos primeiros estudos o autismo foi relacionado à esquizofrenia, transtornos neurobiológicos, falhas nas funções executivas como as falhas cognitivas, agentes externos como vacinas e fatores hereditários. MONTE (2004) apud FERREIRA (2016, p. 30)

O autismo se apresenta nos primeiros meses de vida, mas os sintomas específicos se agravam por volta dos três anos de idade. Podemos perceber a partir da falta de reciprocidade afetiva. A criança não utiliza a comunicação social, a comunicação não verbal e as expressões gestuais, não aponta e não faz gestos que expressem um pedido e mesmo sendo estimulada não se expressa mimicamente. Não temos a clareza a respeito do autismo e os sintomas também podem exibir variações de uma criança para outra, o que dificulta o traço de um perfil do transtorno. Os sintomas apresentados pelos autistas são: ausência de linguagem verbal ou linguagem verbal pobre, ecolalia (repetição de palavras fora do contexto), hiperatividade ou extrema passividade, contato visual deficiente, ausência de interação social, interesse fixado em algum objeto ou tipos de objetos. O autismo refere-se ao conjunto de características, podendo ser encontrados em sujeitos afetados desses distúrbios sociais leves sem deficiência mental, até deficiência mental severa, conforme nos esclarece MONTE (2004) apud FERREIRA (2016, p. 30).

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As manifestações do TEA, as quais variam por sujeito, se expressam em um acentuado comprometimento no contato visual, direto, expressão facial, postura e linguagem corporal. Esses fatores são o que regulam as interações sociais e a comunicação. Pode ocorrer atraso do desenvolvimento da linguagem falada e os que conseguem desenvolver a fala, não conseguem traçar uma conversação havendo repetição de palavras ou frase (ecolalia). A capacidade de jogos imaginativos e simbolização também são prejudicadas assim como as qualidades sensoriais: audição, visão e tato. O autista é dominado pela compulsão, repetição e manuseio de objetos de forma inapropriada, por exemplo, em alguns casos ao invés de brincar com o carrinho de forma certa, a criança foca somente na rodinha do carrinho, ficando por horas “rodando a roda”.

O comprometimento da comunicação é a característica comum em pessoa com TEA, portanto o isolamento de crianças autistas pode ser decorrente por causa das incompreensões que surgem diante do que é solicitado.

A figura abaixo nos apresenta as características que são afetadas pelo TEA, comunicação, comportamento e interação social, as quais estão totalmente interligadas, haja vista que uma afeta a outra.

Figura 1.2 – Características afetadas pelo TEA.

Fonte: http://mundodami.com/2010/09/20/autismo-e-interacao-social/

A criança com TEA cria formas próprias de relacionamento com o meio externo, mas não consegue interagir normalmente com os outros prejudicando a interação

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social. É quando surgem as dificuldades para simbolizar e nomear objetos, porque o mundo externo é quem estimula para o aprendizado.

Analisando a prática da inclusão estabelecida no mundo dos autistas, deparamo-nos com alguns questionamentos fundamentais, tais como: A partir dessa individualidade de que forma podemos construir a negação da exclusão na dança? Como ter aceitação de si mesmo e o fato de se colocar no mundo como ser humano diferente e capaz de dançar? Quais estratégias podemos utilizar para que se extraia boas perspectivas na relação ensino/aprendizagem desse aluno autista na dança? O conceito se expande a partir de quando devemos nos posicionar no mundo independente da condição em que nascemos.

No intuito de encontrar um agente auxiliador que atue como base educativa neste processo de inclusão e aprendizado do indivíduo, a dança, como linguagem universal, surge como uma possibilidade de transformação direta no bem-estar social do ser humano e, por isso, foi adotada como via principal para atingir o objetivo de pesquisa deste trabalho.

A dança poderá servir de suporte pedagógico facilitando o desenvolvimento corporal e cognitivo e permitir uma melhor socialização através dos movimentos.

A partir dessa concepção, nos propomos a pensar o quanto esta linguagem artística pode trazer benefícios aos corpos de crianças que apresentam o TEA, sabendo que esta provocação não se esgota em respostas rápidas e aligeiradas com base em algumas experiências pontuais, mas requer profundidade e serenidade na busca de resultados que podem, inclusive, não serem satisfatórios ao pesquisador.

Assim, nos dispomos a realizar essa travessia de fazeres e afetos através deste estudo, analisando como ocorre a aprendizagem do aluno com TEA, assim também como o desenvolvimento das atividades através de técnicas corporais realizada por eles. Nos interessa compreender os processos da dança em crianças com autismo em sua evolução e analisar quais formas de ensino serão viáveis para aprendizagem de crianças com Transtornos de Espectro Autista.

A partir desse contexto será pesquisado a utilização da dança como suporte pedagógico para inclusão de alunos com Transtornos de Espectro Autista e nessa forma de linguagem, trabalhando o físico e o psicológico, sustentando a estimulação de novas habilidades ligadas à interpretação e organização de informações, assim o aluno poderá aprender a controlar seus comportamentos e conviver com seus pares adaptando sua conduta e hábitos.

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Nos últimos anos a discussão sobre a inclusão de alunos com Transtornos de Espectro Autista (TEA) nas salas de aula do ensino regular, tem se intensificado. O incentivo da inclusão em redes regulares de ensino dos indivíduos com TEA foi contemplado pela lei nº 12.764 que institui a Política Nacional de Proteção dos direitos de pessoas com Transtorno de Espectro Autista (BRASIL, 2012). A partir dessa lei a pessoa com espectro autista é considerada pessoa com deficiência.

Poucas pesquisas retratam metodologias voltadas a relação didático pedagógica que envolvem pessoas com TEA, entretanto, o pensar sobre esses fazeres precisa estar atrelado aos docentes enquanto demanda profissional, haja vista que o direito de inclusão de pessoas com TEA está na Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional que estabelece a oferta da Educação Especial preferencialmente nas classes das redes comum de ensino (BRASIL, 1996) e na Lei Nº 13.146 de 06 de Julho de 2015 (LBI-Lei Brasileira de Inclusão).

A importância do ensino da dança como desenvolvedor das várias habilidades que podem ser estruturadas nos alunos autistas, depende especificamente da experiência do movimento. Os recursos utilizados e a mediação dos tipos de aprendizagem na dança, como os condicionamentos, os ensaios-erro, a imitação, o

insight e o raciocínio são os estímulos feitos para que aflorem possibilidades que

forneçam fonte de associação para a lógica dialética do autista, melhorando suas relações interpessoais, a qualidade no círculo social e consequentemente na sua rotina escolar e familiar. Estes processos auxiliam também na estruturação sensorial e despertam estímulos em suas vidas.

Referente a dados estatísticos, podemos dizer que é incerto o número de autistas em relação a cada nascimento, mas segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde a estimativa é de uma criança autista para cada 160 nascimentos.

Oliveira (2015) nos relata que segundo dados do CDC (Center of Deseases

Control and Prevention) órgão ligado ao Estados Unidos, existe hoje um caso de

autismo a cada 110 pessoas. Dessa forma estima-se que o Brasil com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas. São mais de 300 mil ocorrências de autismo apenas no estado de São Paulo. De acordo com os estudo de Cunha (2017, p.25) “Algumas pesquisas apontam um caso a cada 150 a 100 nascimentos, sendo quatro a cinco vezes mais comum em meninos”.

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De acordo com o psiquiatra Estevão Vadsz, coordenador do Projeto Autismo do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo1, existem cerca de 2

milhões de autistas no país. Destes, 95% estão desassistidos, não têm diagnósticos. A lei garante que eles tenham os mesmos direitos dos indivíduos que têm alguma deficiência, entretanto, não é mencionada a capacitação de profissionais que tenham idoneidade para tratar especificamente de pessoas com TEA. O maior agravante é a falta de profissionais capacitados para lidar com especificidades do indivíduo autista. Segundo dados de Atlanta (2019) que nos municia com informações sobre a progressão de casos de autistas nos EUA (Estados Unidos da América) pesquisadas pelo CDC, temos que a quantidade de autistas nascidos diagnosticados praticamente dobrou em relação a 2006, e triplicou se compararmos com os anos 2000. Em 2014, último ano dos dados da pesquisa, a quantidade de autistas nascidos era de 1 para 59. Isto pode significar que mais pessoas com a deficiência nasceram ou que o diagnóstico da síndrome passou a abranger mais pessoas, ou até mesmo que as duas coisas ocorreram no período analisado.

Figura 1.3 – Quantidade de autistas para cada nascimento nos EUA.

Fonte: Elaborada a partir de dados de Atlanta, 2019.

As estimativas não são confiáveis, o quadro de TEA quase sempre se apresenta nas crianças a partir do segundo ano de idade, assim como também muitos

1 Programa Estação Espacial é um clube social, onde os autistas se reúnem para falar sobre seu dia a

dia, expressar seus interesses, desafios e descobertas. Aprendem técnicas para se relacionar melhor entre eles e com outras pessoas.

2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 1 em 150 1 em 150 1 em 125 1 em 110 1 em 88 1 em 68 1 em 69 1 em 59

QUANTIDADE DE CASOS DE AUTISTAS

PARA CADA NASCIMENTO NOS EUA

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jovens até os 18 anos não conseguem ser diagnosticados nos EUA. No Brasil essa prevalência é desconhecida, já que não há políticas públicas que abrangem e fornecem informações sobre o autismo nos censos demográficos.

Na cidade do Natal, no estado do Rio Grande do Norte, a câmara municipal aprovou o projeto de Lei 41/2016 no dia 06/06/2017, que basicamente trata do Programa Censo de Inclusão do Autista. Este busca criar o censo para determinar a quantidade e localização dos autistas da capital potiguar, o que facilitaria a aplicação de políticas públicas específicas para o TEA. Entretanto até o término deste trabalho este projeto do censo não foi regulamentado.

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Figura 2.1 – O mundo autista.

Fonte: http://atividadeparaeducacaoespecial.com/inclusao-material-sobre-autismo-em-portugues/

Monta, monta o quebra-cabeça Uma peça nunca se encaixa Monta, monta o quebra-cabeça Uma peça sempre está fora da caixa.

Quebro, quebro a minha cabeça Mas eu não consigo entender Quebro, quebro a minha cabeça

E ainda não entendo você.

Mexe, mexe a cabeça Balança pra lá e pra cá

Mexe, mexe a cabeça Grita com força: Aaaah!!!

São muitas, são muitas cabeças Que não entendem você São muitas, são muitas cabeças

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Que também rejeitam você.

Cabeças, cabeças ordenando E você faz o que quer

Cabeças, cabeças apenas cabeças Não vibram como teu coração Cabeças, cabeças apenas cabeças Não se expressam como o corpo quer.

Achei a tal peça do quebra-cabeça Que parecia não existir Vezes sim, vezes não ela some

Mas ela sempre está aí

Dançam, dançam, dançam as cabeças E o corpo responde por si.

Autor: Antônio Igor

O texto acima representa a relação entre pessoas com e sem TEA. As impossibilidades de comunicação geram angústia que consequentemente originam comportamentos adversos: agressividade e isolamento. No entanto, o mundo introspectivo autista que se forma poderá ser acessado não de forma invasiva, mas por permissão do próprio indivíduo através de laços que só podem ser obtidos através de algum tipo de comunicação. Esta comunicação só se faz real por meio de uma escolha sensível, humana, paciente e incansável por parte de quem se relaciona com um ser autista.

O pensamento de que os autistas não podem interagir é mito. Talvez seja mais fácil acreditar nisso se você não conhece ou não tem contato com um autista. A maioria age como se este fosse um ser invisível que não interage de forma nenhuma com o mundo, incapaz de ter sentimentos. Entretanto, existem outras vias de comunicação que permitem que autistas se relacionem de sua maneira para com o mundo.

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O autismo se manifesta de forma variada de acordo com o nível do desenvolvimento do crescimento nos aspectos físico e mental da criança. Algumas apresentam déficit cognitivo em algumas áreas apesar de terem desempenho extraordinários em outros campos específicos, como por exemplo, crianças que não conseguem aprender a ler, mas conseguem fazer a leitura de uma partitura musical. É importante apontar que “[...] o Autismo não pode ser definido como uma forma de deficiência intelectual, embora 75% dos quadros apresentem inteligência abaixo da média [...]” (BOATO, 2014, p. 51).

No contexto escolar a criança autista tem a oportunidade de conviver com crianças da mesma idade, estimulando as capacidades de interagir com as outras crianças e com o mundo, aumentando a possibilidade de trocas de experiências e favorecendo o contato social. Nesse aspecto surge a proposta pedagógica nas escolas regulares promovendo currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicas para atender as necessidades dos alunos com transtornos globais de desenvolvimento.

Algum tempo atrás a prática de isolamento de pessoas com NEE (Necessidades Educacionais Especiais) era comum, a própria família em um instinto protecionista, guardavam para si as crianças e acabavam por impossibilitar qualquer interação destas para com a sociedade, isolando-as do resto do mundo e provocando maior vulnerabilidade à distúrbios mais extremos, o que causa condicionantes desfavoráveis ao aprendizado.

Hoje o direito à educação é assegurado através da LDB nº 9.394/96 em que encontramos as resoluções referentes a Educação Especial, a qual é composta por somente três parágrafos que dizem o seguinte:

Art.58.Entende-se por educação especial, para todos os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.

§1º Haverá, quando necessário serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. §2º O atendimento educacional será feito em classes, escola ou serviço especializados, sempre em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular. §3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos durante a educação infantil. (Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 1996, p. 25)

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Podemos notar que o parágrafo citado não especifica que ensino deve ser feito à parte. Já o segundo parágrafo aborda que quando houver necessidade de um atendimento educacional complementar ou suplementar-serviço, esse deve ser realizado além do ensino regular.

Em continuidade, a referida lei prevê que:

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos para atender às suas necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para integração desses educandos em classes comuns;(Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 1996 p.25)

No artigo 59 o texto salienta que o sistema de ensino deve assegurar ao educando os recursos necessários para seu aprendizado, incluindo recursos e organização de métodos e técnicas adequadas, com professores especializados e capacitados para integrar o aluno na vida social.

As leis garantem aos alunos com NEE o direito a serem assistidos por profissionais com estudo na área e que concebem o Espectro Autista como uma síndrome e conhecedores do comportamento autístico, a fim de que possam, como conhecedores, potencializar a capacidade de aprendizagem desses alunos a partir da compreensão de suas especificidades.

Vale ressaltar que grande parte das descobertas a respeito desse aluno parte dos próprios docentes e pedagogos que percebem a sua interação social prejudicada. Desse modo, é perceptível que “A atuação dos profissionais da escola é fundamental uma vez que muitos casos de autismo foram percebidos primeiramente no ambiente escolar.” (CUNHA, 2017, p. 29)

De acordo com o autor citado, a escola precisa utilizar os afetos próprios do aluno autista para conduzi-lo ao aprendizado, porque quem mostra o caminho é quem aprende e não quem ensina.

A educação deve prever, entre outras coisas, o desenvolvimento do sujeito de modo integral, assim como a preparação para o trabalho como via de emancipação e

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autonomia social. Não obstante, é também necessário pensar e efetivar vias de desenvolvimento para que sejam também um modo de preparação dos indivíduos

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos do oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artísticas, intelectual ou psicomotora. ;(Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 1996, p.25)

Ao unir os propósitos de Leis formuladas e o contexto do ensino da dança, percebe- se a necessidade da adequação do quadro docente, capacitando este para o atendimento do público com necessidades educacionais especiais. As condições mínimas de acolhimento para que o trabalho em desenvolvimento do aluno seja realizado, são essenciais para possibilitar que o discente alcance qualidade de vida. Nesse sentido não podemos deixar de querer qualidades humanas nas práticas com a demanda desse público.

Uma vez incluído à sala de aula regular, o aluno com NEE tem possibilidade de aprender com outras crianças, pois elas percebem potencialidades e aptidões a partir das diferenças, construindo atitudes e valores que são necessários para apoiar a inclusão diante a sociedade.

Susan Stainback e William Stainback (1999) defendem que a simples inclusão de alunos com deficiência em salas de aula de ensino regular não resulta benefícios de aprendizagem. Não obstante que esses alunos se desenvolvem em turmas regulares quando existe programas adequados a inclusão, precisa ser pensada para todos os alunos com e sem deficiências. Os alunos desenvolvem-se efetivamente a partir de ganhos de habilidades acadêmicas, sociais e preparação para vida em comunidade.

Nesta obra, os Stainbacks ainda inserem a certeza de que a segregação é mais prejudicial porque alienam os alunos, impedindo que recebam pouca educação útil para a vida real, ensinando aos alunos sem deficiência a valorização da diversidade a cooperação e o respeito daqueles que são diferentes.

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Figura 4.1 – Exclusão, segregação, integração e inclusão social.

Fonte: https://deskgram.net/p/2024970292581047583_7065987336

Não é somente pensar e discutir como os alunos podem receber um ensino especializado de pedagogos em alto nível de qualificação em técnicas especializadas das quais realmente tem necessidade, mas a prioridade está em oferecer a esse aluno um ambiente integrado e também proporcionar aos professores capacitação de suas habilidades profissionais.

Em tempos de reforma das novas facetas das escolas, o professor precisa adquirir novas habilidades para trabalhar com alunos dentro dos variados espectros, tanto academicamente como socialmente. Nessa transformação os professores tem a oportunidade de desenvolver suas habilidades profissionais gerando uma atmosfera de colaboração.

Essas habilidades surgem com o trabalho diário. As necessidades são percebidas pelo profissional que deve utilizar grande capacidade do exercício da sensibilidade e empatia. Alguns profissionais, mesmo com formação em educação por não conhecerem não se sentem à vontade para educar os alunos do espectro. Muitos, por não conhecerem o transtorno, tem medo da aproximação, ou esse fator não está

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dentro dos seus limites de entendimento para promover a troca entre aluno e professor.

O ato de planejar e conduzir a educação como parte da equipe, traz ao professor uma ligação direta com os outros membros da escola, o apoio e a cooperação entre esses, proporciona a melhoria das habilidades com efeitos visíveis sobre a aprendizagem dos alunos.

A vida escolar comunitária é direito de todos, quando a escola inclui todos os alunos, a igualdade é respeitada e promovida como um valor na sociedade. A integração aprofunda o conhecimento sobre a diversidade das condições humana, amplia o grau de empatia e o melhor acontece, abriga o senso de responsabilidade de ser útil. A aceitação das diferenças é um fator que nos ajuda a pensar o que não devemos temer ou depreciar, é uma parte da vida!

Quando a aceitação não prevalece, o preconceito se insere na consciência daquelas crianças que um dia se tornarão adultos, causando um conflito de ordem social provocando as competições desumanas.

Para o TEA, a dança pode se tornar uma grande lição quando as atividades estão voltadas para as dificuldades desse aluno. A primeira delas seria possibilitar o conhecimento do instrumento de trabalho na dança, que é o corpo. Esse instrumento é muitas vezes desconhecido e imperceptível no caso dos autistas. O conhecimento corporal, enquanto matéria e morada do espírito é imprescindível, viabilizando um sentido maior da existência levando em consideração que todo ser humano pode aprender. É possível também pensar neste contexto em que a aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades poderão acontecer.

Os estudos com vista ao desenvolvimento corporal para pessoas com Autismo ainda são escassos, com poucos estudos e pesquisas desenvolvidos, principalmente nas áreas da Arte e da Educação Física existindo aí uma lacuna a ser preenchida de forma a oferecer a esses alunos, condições favoráveis para uma educação efetiva, que contemple todas as áreas do desenvolvimento.

Anna Maria Figueira (2011, p. 02) aponta o caminho da “valorização das significações não-verbais enquanto gesto, expressão facial e comunicação por meio do corpo”, como forma de interpretar, significar e propiciar um melhor viver. Assumir

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o corpo como centro não é parte apenas dos estudos que conversam acerca das crianças e das pessoas comuns, mas o existir dá-se pelo corpo para todos os viventes e suas significações e arranjos ganham ênfase na Educação, sobretudo na Educação Especial e podem ser o mecanismo de acesso e contato com o mundo e com os outros através do movimento e da pele como via de percepção.

A ideia emerge da consideração do corpo a partir das potencialidades que este possui e não das dificuldades que ele apresenta, sendo assim um “corpo que se move, que se expressa, que se manifesta, que quer e precisa ser aceito, compreendido e respeitado” conforme nos auxilia Diniz (2003, p. 148).

A dança possibilita evoluções nos campos social, comportamental, físico e emocional e, além disso, considera e respeita a peculiaridade de cada ser de forma saudável.

A importância da vivência da dança como suporte pedagógico implica no que está relacionado a interação e comunicação, o que se torna benéfico para os autistas que têm dificuldades na sociabilização. Dançar é a forma de expressar e comunicar mais primitiva entre os grupos sociais, existe desde antes da formação das primeiras sociedades Mesopotâmicas, comunicando de forma eficiente e significativa de acordo com as necessidades dos povos.

É através da dança que podemos ativar nossas conexões nervosas, elaborar, produzir e executar nossos movimentos. Podemos despertar habilidades de atenção, concentração e memorização, além de desenvolver nossas múltiplas inteligências, tais como as habilidades linguística, espacial, corporal-cinestésica e musical, o que nos permite ativar em escala crescente o desenvolvimento psicomotor. É na fase motora da criança (primeira fase de crescimento) que o desenvolvimento motor é crucial para o futuro do indivíduo.

Um tópico relevante para esse desenvolvimento é trabalhar a musicoterapia somado a objetos que visam tratar a sensibilidade tátil. Também podemos utilizar a música para o aumento de repertório da linguagem falada.

O fato é que é necessário criar novas formas de comunicação para o sujeito autístico uma vez que as pessoas que apresentam estereotipias ou auto agressividade diminuem ou deixam de apresentar essas condutas quando descobrem outras formas alternativas de comunicar seus desejos, podendo ser a dança uma atividade que favoreça ampliação de movimentos e de expressão das crianças autistas, com vistas a uma melhor comunicação nos seus posteriores anos de vida.

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Todas as danças podem ser modificadas para incluir alunos com diferentes níveis e aptidões. Os professores precisam conhecer seus alunos e também o estilo e interesse de cada um deles. As adaptações são um modo de fazer com que todos os alunos, independentemente de qualquer diferença, consigam participar de uma aula de dança.

Não há dúvidas de que algumas crianças não tem consciência de que gostam ou que podem dançar à sua maneira, mas se trata de uma oportunidade de experimentar ou comunicar-se ressignificando seus movimentos. A dança traz benefícios a todos, melhora o sentimento da criança em relação aos outros propiciando a consciência dela mesma de que existem outras pessoas que querem ajudá-la na integração como forma de inclusão e melhoria da condição física, interações com o coletivo, capacidade de decidir e desenvolvimento motor.

O corpo mostra os nossos sentimentos: alegria, agitação, medo ou qualquer atitude antes mesmo de expressar de forma verbal nossas vontades. Nas crianças não poderia ser diferente. A dança é a forma de oportunizar a experiência do movimento com objeto funcional ou de expressão.

A partir do desenvolvimento oral as crianças utilizam os movimentos para enfatizar as suas necessidades, tecendo de forma natural suas expressões e ampliando suas habilidades motoras. Essas experiências são partes integrais que influenciam em seu modo de vida, no conhecimento de si mesma e acerca do mundo em que vivem. “A expressão das ideias através do movimento é um recurso que elas conhecem bem.” (CONE; CONE, 2015, p. 9)

A dança pode contribuir da melhor maneira no processo de desenvolvimento das capacidades cognitiva e motora, trazendo a diferenciação da força, da flexibilidade promovendo tonicidade aos músculos e resistência cardiorrespiratória, assim como também se configura como exercício para tentativa de resgate mental, aumento da autoestima e entendimento sobre si mesma. Quanto aos benefícios psicomotores um dos principais está na possibilidade de incrementar a consciência corporal e espacial. Crianças com TEA tem condições de expandir o espectro do movimento como forma de interagir e de explorar maneiras de conhecer e tomar consciência do mundo que nos rodeia sem rotulações, respeitando suas limitações e enaltecendo suas habilidades.

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Cone e Cone (2011, p. 24) afirmam que: “A singularidade de cada aluno contribui para experiência e aprendizagem de todos. Quando os alunos entendem que existem muitas variações de uma dança e muitas formas diferentes de se executar um movimento, a aceitação das diferenças é valorizada e o estereótipos são descartados”.

O objetivo da dança para crianças que têm autismo é desenvolver o estilo particular de movimentos a partir da estética das diferenças, isso significa dizer que cada aluno tem sua preferência em termo de música, movimentos e texturas que fomentam a sensibilidade do aluno, elevando a percepção como uma ponte para o desenvolvimento.

Estabelecendo o ambiente propício na tentativa de que o aluno escolha seus movimentos, modificando-se e incluindo-se de forma efetiva e desse jeito se reconhecendo como parte integrante de um coletivo que pode fazer dança em conformação ao seu corpo e as suas limitações. Neste momento, trabalha-se a capacidade de adaptação. Esta habilidade poderá ser trabalhada em qualquer criança, desde que seja assegurada a singularidade de cada alunos com TEA.

A dança criativa2 é uma boa estratégia para inclusão e pode ser aplicada em

turmas de crianças com qualquer deficiência e cada um poderá dançar ao seu modo, porque o incentivo acontece através das múltiplas respostas. Para os autistas, a dança criativa pode promover a construção do conhecimento próprio, fazer com que ele possa acreditar no seu potencial, buscar formas próprias do movimento, explorando sua criatividade, tornando- se independente.

Utilizado o princípio do desenho universal, é adequado o uso da rotina e uma programação visual que pode ser fixa e que ajude as crianças a seguir uma ordem em que as atividades serão apresentadas. Nessa programação serão incluídas uma figura, um número e uma palavra que descreva a figura. Esta forma ajudará a criança a se manter mais organizada e segura.

2 A dança criativa é uma prática de dança que tem o foco voltado para instigar a capacidade de

criação. Baseia-se na organização espacial do movimento e na sua qualidade, ritmo e dinâmica. É uma forma de comunicação através do movimento.

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Acreditar sempre que nunca devemos desistir de ninguém é um ato de quem tem fé e acredita nos milagres, pois acreditar realmente naquilo que é feito com amor e gratidão é demonstrar que podemos fazer acontecer. Aprendi que não existe o fundo do poço e que as saídas existem, basta querermos. É só desejar! Abrir os olhos e entender que essa causa existe e que podemos buscar meios e alternativas para melhor qualidade de vida dos nossos anjos. Os obstáculos não deixarão de existir, mas devemos aprender a buscar a saída contornando tudo e todos que nos passam a ideia de que nossos esforços não nos darão o retorno esperado.

Rudolf Laban sistematizou a dança/educação inclusiva levando em consideração o contexto da história da humanidade e oferece ao homem outros conhecimentos como visão de mundo, angústias, diferenças e conflitos. Quando tratamos de educação voltada para alunos especiais, estamos lidando com capacidades e potencialidades que muitas vezes são submetidas à negligência.

Contudo a dança vem para desmistificar que princípios necessários para a expressão, a verbalização e a atuação de forma crítica e criativa não seria possível para pessoas com TEA.

No que diz respeito a Dança, refletimos que as instituições precisam propiciar mais experiências em dança a fim de que o aluno autista tenha condições de se comunicar e se relacionar como meio a partir de uma outra linguagem que não seja oral, desde que respeitadas suas possibilidades, e de se propor a verificar de como a dança pode ser um meio efetivo na construção de perspectivas para sua definitiva inclusão educacional e social.

Trabalhar a prática corporal é uma ferramenta potente que transforma o cotidiano em um diálogo consigo mesmo e com o espaço e até mesmo com as pessoas que compartilham este espaço. Dançar é aprender a brincar, vivenciar, se conhecer e se reconhecer como potência. É descobrir o que pode ser certo e o que pode ser errado, sem regras impostas. Dançar é dialogar com o mundo de dentro para fora e de fora para dentro, saber interpretar as proposições que nos são dadas e dizer sim para as diversidades.

Segundo Laban (1990), a dança na educação tem por objetivo ajudar o ser humano a achar uma relação corporal com a totalidade da existência. Por isso, na escola, não se deve procurar a perfeição ou a execução de danças sensacionais, mas

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a possibilidade de conhecimento que a atividade criativa da dança traz ao aluno. Não precisamos ser perfeitos para nos expressarmos.

Esse processo ainda é emergente no campo de educação, os docentes procuram um meio para garantir a igualdade de oportunidades e assegurar que as pessoas com TEA tenham os mesmos direitos e obrigações construindo sua autonomia. A dança possibilita a integração entre os alunos, auxilia nos processos criativos e interpretativos, proporcionando a aceitação e a valorização dos diferentes corpos.

O desenvolvimento deste trabalho foi fundamental para gerar discussões e incentivar os próximos passos para que pesquisadores e educadores lapidem e aumentem o leque de estratégias para este tema e efetivamente o apliquem na realidade das escolas e nos demais meios em que os indivíduos autistas estejam ou possam estar inseridos.

A contribuição deste trabalho de conclusão de curso também atuou como ponto de partida para imersão mais profunda da autora na realidade da educação inclusiva, interligando duas grandes paixões: dança e ensino. A interligação destes dois temas se bem aplicada pode e deve ser sinérgica de forma a garantir mais qualidade de vida para os autistas e seu familiares.

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