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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO. DENILSON GRECCHI. SAÚDE MENTAL EM SALA DE AULA: A PERCEPÇÃO DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS. São Bernardo do Campo 2009.

(2) DENILSON GRECCHI. SAÚDE MENTAL EM SALA DE AULA: A PERCEPÇÃO DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Psicologia da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Manuel Morgado Rezende.. São Bernardo do Campo 2009.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA. G799s. Grecchi, Denilson Saúde mental em sala de aula: a percepção de professores universitários / Denilson Grecchi. 2009. 214 f. Dissertação (mestrado em Psicologia da Saúde) – Faculdade de Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2009. Orientação de: Manuel Morgado Rezende 1. Saúde mental 2. Professores universitários 3. Promoção da saúde 4. Ambiente de sala de aula I. Título CDD 157.9.

(4) DENILSON GRECCHI. SAÚDE MENTAL EM SALA DE AULA: A PERCEPÇÃO DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS. Banca Examinadora. ___________________________________________ Presidente: Prof. Dr. Manuel Morgado Rezende. ___________________________________________ Titular (UMESP): Profa. Dra. Hilda Rosa Capelão Avoglia. ___________________________________________ Titular (UNICAMP): Profa. Dra. Soely Aparecida Jorge Polydoro. UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde São Bernardo do Campo 2009.

(5) AGRADECIMENTOS. Agradeço a DEUS, em primeiro lugar, por ter permitido que eu realizasse esse trabalho.. Agradeço à minha mãe por se preocupar e cuidar de tudo que aquilo que não pude cuidar durante a realização deste trabalho.. Agradeço à minha namorada, pela compreensão nos momentos de ausência e força nos momentos decisivos.. Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Manuel Morgado Rezende, por ter me acolhido, me incentivado, me acalmado nos momentos de maior tensão e mantido o clima sempre leve e bem humorado durante todo o processo.. Agradeço à Profa. Dra. Hilda Rosa Capelão Avoglia pelos primeiros incentivos para o início desse processo.. Agradeço à Profa. Marília Martins Vizzoto pelo incentivo permanente e pelas conversas tão esclarecedoras e motivadoras.. Agradeço à Ivair José Taino pela compreensão e paciência nos momentos em que fui solicitado pelos estudos.. Agradeço aos demais professores do programa de pós-graduação pela dedicação e paciência.. Agradeço aos colegas alunos do programa pelos momentos compartilhados que tornaram todo o trajeto do mestrado muito mais agradável..

(6) RESUMO GRECCHI, D. Saúde mental em sala de aula: a percepção de professores universitários. 2009. 214f. Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) – Faculdade de Saúde, Universidade Metodista de São Paulo, 2009.. A presente dissertação de mestrado aborda a percepção de professores universitários a respeito da Saúde Mental no contexto da sala de aula. O objetivo geral do trabalho é compreender como o professor universitário percebe e lida com a sua saúde mental e a dos seus alunos em sala de aula. O autor utiliza as entrevistas de um total de 11 professores de primeiro e segundo semestres dos cursos de fisioterapia, jornalismo e sistemas de informação da Universidade Metodista de São Paulo UMESP. Com base no método da Ground Theory, são realizadas as codificações aberta, axial e seletiva dos dados que por final são agrupados em nove categorias, sendo essas: percepção da saúde mental dos professores; percepção da saúde mental dos alunos; manejo da saúde mental do professor; manejo da saúde mental dos alunos; conceito de saúde; conceito de promoção da saúde; contextos promotores da saúde; contextos não promotores da saúde e manejo de alunos geradores de desconforto. O fenômeno central levantado a partir dos dados observado indica uma prática solitária, onde o professor considera apenas seus recursos psicológicos, seus valores e crenças pessoais como instrumentos para lidar com as adversidades emergentes em sala de aula. Observase também uma super valorização da aula expositiva e da cultura do dar aula, práticas que não estimulam uma participação mais democrática, autônoma e ativa por parte dos alunos. Nesse ambiente, o aluno surge como o maior problema à prática docente, na medida em que com sua imaturidade e conflitos inerentes a adolescência não permite que o professor transmita os conteúdos planejados sendo este motivo de frustrações e desmotivação no trabalho. A falta de um espaço institucional onde os professores possam trocar experiências, expor suas angústias e buscar apoio psicológico denuncia o distanciamento dos docentes das demais instâncias da instituição. A sala de aula também não é entendida pelos docentes como um espaço possível para a promoção da saúde, sendo esta compreendida mais como uma disciplina do que um conjunto de ações e práticas passíveis de serem aplicadas e incentivadas em sala de aula.. Palavras-chave: Saúde Mental – Professor Universitário – Promoção da Saúde – Sala de Aula.

(7) ABSTRACT. This dissertation deals with the perception of academics about Mental Health in the context of the classroom. The general objective of this study is to understand as the academical teachers discerns and struggles with their mental health and the one of their students in classroom. The author uses the interviews of 11 teachers of first and second semesters of the courses of the physiotherapy, journalism and systems of information of the Methodist University of São Paulo - UMESP. With base in Ground Theory method, the codes are accomplished opened, axial and selective of the data that they are contained in nine categories by end, being those: perception of the teachers' mental health; perception of the students' mental health; I handle of the teacher's mental health; I handle of the students' mental health; concept of health; concept of promotion of the health; contexts promoters of the health; contexts no promoters of the health and generating students' of discomfort handling. The central phenomenon gotten up starting from the data observed indicates a lonely practice, where the teacher just considers their psychological resources, their values and personal faiths as instruments to work with the emerging adversities in classroom. It is also observed a super valorization of the expository class and of the culture of giving class, practices that you/they don't stimulate a participation more democratic, autonomous and active on the part of the students. In that it adapts, the student appears as the largest problem to the educational practice, in the measure in that with his/her immaturity and inherent conflicts the adolescence doesn't allow the teacher to transmit the planned contents being this reason of frustrations and demotivation in the work. The lack of an institutional space where the teachers can change experiences, to expose their anguishes and to look for psychological support denounce the teachers' of the other instances of the institution estrangement. The classroom is not also noticed by the teachers as a possible space for the promotion of the health, being this understood more as a discipline than a group of actions and susceptible to practices be applied and motivated in classroom.. Word-keys: Mental health - Academical Teacher – Health Promotion - Classroom.

(8) SUMÁRIO 1. APRESENTAÇÃO ..................................................................................................................... 10 2. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 11 2.1. Saúde, Saúde Mental e Promoção da Saúde ..................................................................................11 2.2. A Universidade Brasileira ..................................................................................................................23 2.3. Professor Universitário ......................................................................................................................27 2.4. Fenômenos grupais em sala de aula. ...............................................................................................37. 3. MÉTODO ................................................................................................................................ 40 3.1. Participantes .....................................................................................................................................40 3.2. Data e Local ......................................................................................................................................41 3.3. Instrumento .......................................................................................................................................41 3.3.1. Questionário de identificação ....................................................................................................41 3.3.2. Entrevista semi-estruturada .......................................................................................................41 3.4. Procedimento ....................................................................................................................................42 3.5. Tratamento dos Dados .....................................................................................................................42 3.6. Aspectos Éticos .................................................................................................................................44. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................... 45 4.1. Categoria 1: Percepção da Saúde Mental dos Professores .............................................................45 4.2. Categoria 2: Percepção da Saúde Mental dos Alunos .....................................................................51 4.3. Categoria 3: Manejo da Saúde Mental do Professor ........................................................................56 4.4. Categoria 4: Manejo da Saúde Mental do Aluno ..............................................................................62 4.5. Categoria 5: Conceito de Saúde .......................................................................................................66 4.6. Categoria 6: Conceito de Promoção da Saúde ................................................................................69 4.7. Categoria 7: Contextos Promotores da Saúde ................................................................................70 4.8. Categoria 8: Contextos Não Promotores da Saúde .........................................................................75 4.9. Categoria 9: Manejo de Alunos Geradores de Desconforto .............................................................83. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 88 6. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 92 7. ANEXOS ................................................................................................................................. 99 Anexo A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................................................................... 100 Anexo B - Declaração de Responsabilidade do Pesquisador ............................................................ 101 Anexo C - Declaração de Identidade de Conteúdo............................................................................. 102.

(9) Anexo D - Questionário de Identificação ............................................................................................. 103 Anexo E - Entrevista Semi-Estruturada .............................................................................................. 104 Anexo F - Entrevista Nr. 1 ................................................................................................................... 105 Anexo G - Entrevista Nr. 2 .................................................................................................................. 117 Anexo H - Entrevista Nr. 3 ................................................................................................................... 125 Anexo I - Entrevista Nr. 4 .................................................................................................................... 135 Anexo J - Entrevista Nr. 5 ................................................................................................................... 150 Anexo K - Entrevista Nr. 6 ................................................................................................................... 160 Anexo L - Entrevista Nr. 7 ................................................................................................................... 169 Anexo M - Entrevista Nr. 8 .................................................................................................................. 176 Anexo N - Entrevista Nr. 9 ................................................................................................................... 184 Anexo O - Entrevista Nr. 10 ................................................................................................................ 196 Anexo P - Entrevista Nr. 11 ................................................................................................................. 206.

(10) 10. 1. APRESENTAÇÃO O meu interesse no contexto universitário e, primeiramente no estudante universitário, tem início na minha experiência pessoal como estudante de graduação. A escolha de uma profissão que não contemplava minhas expectativas pessoais e profissionais me conduziram a uma reavaliação do caminho escolhido. Este foi, sem dúvidas, um longo e árduo percurso, repleto de dúvidas e angústias, que não encontraram, na universidade que freqüentava, qualquer tipo de acolhida. A escolha por uma nova profissão me consumiu alguns meses até que, finalmente, encontrei na Psicologia a oportunidade de satisfazer minhas demandas pessoais e profissionais sem que para isso corresse o risco de perder a minha identidade.. Durante o transcorrer da graduação, minhas inquietações a respeito da escolha de uma profissão e da experiência universitária se fizeram presentes e foi nos estágios obrigatórios de Psicologia Escolar e Psicologia Comunitária e da Saúde, que encontrei a oportunidade e o desafio de melhor compreendê-las.. Os primeiros contatos com estudantes universitários e suas experiências acadêmicas aconteceram no segundo semestre de 2005, no cumprimento do estágio obrigatório em Psicologia Escolar nas Faculdades de Fisioterapia e Ciências Econômicas da UMESP. Durante a realização destes estágios, deparei-me com questões subjetivas que permeavam as relações de ensinoaprendizagem dos alunos e que, por não serem devidamente acolhidas e tratadas pela universidade, se apresentavam como grandes barreiras no desenvolvimento acadêmico desses estudantes.. Posteriormente, por ocasião da realização do trabalho de conclusão de curso e da pesquisa para obtenção do grau de bacharel, me aproximei novamente dos universitários e realizei outros dois estudos nas Faculdade de Ciências Administrativas e Faculdade de Fisioterapia e Educação Física da UMESP. Tais estudos tinham como objetivo compreender o sentido de aprender Psicologia para alunos de graduação em Administração e Fisioterapia.. A oportunidade de vivenciar o contexto acadêmico e conviver com universitários de outros cursos que não somente de Psicologia, me permitiu responder algumas das minhas inquietações iniciais, mas por outro lado, me mostrou outro mundo, muito mais amplo e complexo. Naturalmente muitas outras inquietações surgiram e me motivaram a aprofundar meus estudos sobre os aspectos psicológicos intrínsecos ao contexto acadêmico, mas agora de outro ponto de vista: o do professor universitário. Meu foco neste momento se volta para como o professor universitário se percebe e lida com as adversidades de sua prática. A partir destas questões lanço-me em um novo desafio, na tentativa de contribuir com um processo de formação acadêmica mais humano e adequado as demandas atuais da nossa sociedade..

(11) 11. 2. INTRODUÇÃO 2.1. SAÚDE, SAÚDE MENTAL E PROMOÇÃO DA SAÚDE Vinculado a questões culturais e religiosas, o termo saúde assumiu inicialmente diferentes significados para diferentes povos e sua compreensão se tornou ainda mais complexa com o passar dos anos. Tomando como base sua etimologia, o termo saúde denota uma qualidade dos seres intactos, indenes, com sentido vinculado às propriedades de inteireza e totalidade. No entanto, é possível verificar outras vertentes que, encontram no mesmo termo, um sinônimo de solidez, firmeza e força. Nas línguas ocidentais modernas, mais ligadas à religião, saúde assume conotações de perfeição e santidade. Dessa forma, parece natural que historicamente a definição clara da idéia de saúde tenha se mostrado um problema material, científico e social que tanto afeta a nossa população mais carente por dificultar o estabelecimento de políticas públicas e ações efetivas para que se alcance níveis satisfatórios de saúde (ALMEIDA FILHO, 2000).. No entanto, uma nova concepção de saúde surgiu com o fim da Segunda Guerra Mundial. Ao término da guerra, novas configurações políticas e econômicas surgiram e impuseram o estabelecimento de conceitos de direitos humanos, de igualdade social e de desenvolvimento econômico. Neste momento surge a Organização das Nações Unidas – ONU, com seus vários organismos especializados criados para manter a paz e a segurança no mundo, fomentar relações cordiais entre as nações, promover progresso social, melhores padrões de vida e direitos humanos. Em 1948, um desses órgãos especializados da ONU, a Organização Mundial da Saúde – OMS, cria sua primeira definição de saúde, levando em conta a cultura de toda a sociedade da época, considerando especialistas e leigos, cultos e incultos, analfabetos e instruídos. Ficou definido então um novo modo de conceber Saúde resultante da assembléia constituinte da OMS, no qual “saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença ou incapacidade” (WHO, 1948).. Para Ribeiro (2005) essa nova visão de saúde chamava a atenção por romper com as idéias tradicionais acerca da saúde que, em sua grande maioria, se originavam de categorias de doenças ou mortalidades, que ocupavam um lugar importante nas estatísticas de saúde. A nova definição coloca a saúde num contexto alargado de bem estar humano em geral. No entanto, essa mesma definição tem sofrido muitas críticas pois, do ponto de vista prático, se mostra estéril, inócua e sem efeito para os técnicos da área da saúde, constituindo-se mais como um ideal do que um instrumento de trabalho. Para o autor, na definição da OMS está implícito ou explícito que a saúde:. 1) é o estado habitual dos indivíduos, e está subjacente à capacidade das pessoas executarem ações de rotina, como, por exemplo e entre outras, comer, fazer exercício, relaxar, relacionar-se com os outros; 2) não é apenas ausência de doença;.

(12) 12. 3) exprime-se ao nível do bem-estar e da funcionalidade; 4) manifesta-se nos níveis mental, social e físico; 5) existe num contínuo temporal dinâmico, flutuando como resposta adaptativa, às exigências percebidas pelo indivíduo, sejam as exigências internas ou externas, que decorrem ao longo do tempo; 6) engloba os aspectos físico, mental e social, considerados numa coalescência sistêmica que os torna independentes; 7) define-se por uma configuração de bem-estar resultante de uma auto-avaliação, ou seja, da expressão da percepção do que o indivíduo sente sobre si próprio; 8) envolve a energia disponível para realizar determinadas tarefas com sucesso; 9) fica debilitada quando há insuficiente energia e/ou perícias para satisfazer as exigências da vida do dia a dia e para manter um sentimento de equilíbrio e harmonia. 10) Não pode ser compreendida sem ser como parte de um equilíbrio ecológico global que abrange todos os elementos constituintes do planeta e a dinâmica existente entre eles. Da mesma forma, Segre e Ferraz (1997) criticam a atual definição do termo saúde. Na visão dos autores, a definição cunhada pela OMS, até avançada para a época de sua criação, foi, com o passar do tempo e da ampliação da compreensão do que é saúde, tornando-se irreal, ultrapassada e unilateral. Para os autores, alcançar a situação do perfeito bem-estar é algo inatingível, utópico. Também, a própria condição do homem dentro da sociedade já estabelece uma situação de tensão, onde parte de seus desejos são renunciados em nome de certa segurança. A definição de saúde da OMS também não leva em conta questões subjetivas, influenciadas em grande parte por um contexto cultural dominante, que demonstra fragilidades na construção de vínculos saudáveis entre indivíduos, especialmente entre os profissionais da saúde e seus clientes, principais protagonistas do contexto popular vinculado a saúde. Assim, em busca de uma definição mais realista de saúde, os autores sugerem uma nova definição, na qual “saúde é um estado de razoável harmonia entre o sujeito e a sua própria realidade” (p.542).. Como visto, nas sociedades ocidentais a compreensão de saúde sempre se mostrou muito diversa, raramente se chegando a algum consenso a respeito. Embora seja evidente o maior número de pesquisas e documentos internacionais que tratem do tema, ainda se constata que o número de estudos que privilegiam o saber sobre a doença prevalece, reafirmando a forte influência do modelo médico de compreensão da saúde. O estudo da doença mostra-se mais objetivo e eficiente, enquanto o conceito de saúde ainda mostra-se complexo, subjetivo e de difícil aplicação prática. Popularmente, a compreensão da saúde tem assumido diferentes possibilidades, tais como: a ausência de mal estar ou sintomas; a simples ausência de doença; algo que se deve ser estocado para uso futuro; como um comportamento; como resultado de exercícios físicos; como vitalidade ou presença de energia; como resultado de um estado mental de bem-estar psicossocial; como relacionamentos sociais ou como a.

(13) 13. possibilidade de realizar tarefas do cotidiano, como caminhar ou trabalhar (LYONS; CHAMBERLAIN, 2006).. Segundo Lyons e Chamberlain (2006), o corpo assume um papel central no modo como se deve entender saúde. Para as autoras, as experiências de saúde e doença vivenciadas pelo indivíduo, suas características filogenéticas, sua cultura e posição social influenciam seu conceito e sua percepção de saúde. Outros fatores exercem importante influência na construção individual e coletiva do conceito de saúde. Os meios de comunicação freqüentemente estabelecem novos parâmetros de saúde e afetam o modo como os indivíduos se percebem e se compreendem. Os avanços da medicina que permitem uma melhor compreensão do corpo humano e dos agentes causadores de enfermidades, permitindo assim o estabelecimento de novas regras de comportamento individual e social.. Para Vieira e Jesus (2007), a saúde dos indivíduos também está relacionada a sua felicidade ou ao modo como estes avaliam suas próprias vidas. Na literatura científica, a esta auto-avaliação da própria vida é dado o nome de Bem-Estar Subjetivo (BES), cujo constructo teórico corresponde a um dos conceitos centrais da Psicologia Positiva (SELIGMAN; CSIKSZENTMIHALYI, 2000). O BES pode ser entendido como a análise dos indivíduos a respeito de seus aspectos emocionais, divididos em afetos positivos (ex. alegria, entusiasmo, orgulho e felicidade) e afetos negativos (ex. culpa, vergonha, tristeza, ansiedade e depressão) e cognitivos (ex. satisfação conjugal, satisfação com a vida). Embora a BES possa sofrer variações a partir da personalidade de um indivíduo, questões circunstanciais e culturais também podem ser responsáveis por variações a longo prazo no BES de uma população (DIENER; SUH; OISHI; 1997; DIENER; OISHI; LUCAS, 2003).. Os afetos positivo e negativo são importantes elementos constituintes do conceito de bemestar. São independentes, de forma que, ao se conhecer o nível de um não se pode predizer o nível do outro. Breadburn (1969) afirma que o afeto negativo parece estar primariamente relacionado a variáveis associadas a questões de saúde mental. Variações em afeto negativo estão associadas a dificuldades no casamento, adaptação ao trabalho, problemas de relacionamento interpessoal e sentimentos de estar sofrendo um colapso nervoso, bem como alguns indicadores de ansiedade e preocupação. Nenhuma dessas variáveis está associada a afeto positivo. Por outro lado, afeto positivo parece estar associado a uma série de fatores condizentes ao grau de envolvimento que uma pessoa possui com o contexto em que vive, com seus contatos sociais e o seu ativo interesse no mundo.. A partir dos estudos de estrutura de afetividade de Watson et al (1988), emergiram duas dimensões dominantes chamadas de afetos positivos e afetos negativos. Esses dois fatores de humor correspondem a traços individuais de emotividade positiva e negativa.. Afeto Positivo (PA) reflete a extensão na qual uma pessoa sente-se entusiasmada, ativa e alerta. Elevado afeto positivo é um estado de alta energia, plena concentração e prazeroso.

(14) 14. envolvimento, enquanto baixo afeto positivo é caracterizado por tristeza e apatia. De forma contrária, Afeto Negativo (NA) é uma dimensão geral de angústia e desprazeroso envolvimento que inclui uma variedade de estados de humor aversivos, incluindo raiva, desprezo, desgosto, culpa, medo e nervosismo, com baixo Afeto Negativo sendo um estado de tranqüilidade e serenidade (p.1).. Outro fator que pode conduzir um indivíduo à felicidade ou a um alto índice de BES é sua capacidade de estabelecer relações interpessoais. Os seres humanos são seres sociais por natureza e dessa forma relações interpessoais, vida social e sentimentos de apego são componentes essenciais da vida humana. Assim, entende-se que o relacionamento interpessoal tem uma importância capital na saúde e na qualidade de vida dos indivíduos (VIEIRA; JESUS, 2007). Estudos mostram que existe uma estreita associação entre relações interpessoais e felicidade, ao sugerirem que pessoas mais felizes ou com um BES mais alto são pessoas que revelam maior facilidade de relacionamento com os progenitores, família, amigos e grupos afins, manifestando-se mais acessíveis, de fácil convívio, divertidas e mais direcionadas para o outro. Por outro lado, pessoas infelizes ou com um BES mais baixo tendem a manifestar maior exclusão social, maior irritabilidade e se mostram muito mais voltadas para si mesmas (COOPER; OKAMURA; GURKA, 1992; MYERS, 1999). Ao se refletir a atuação do professor, verifica-se que a sua prática é marcada por diferentes atividades, cujo ponto de interseção entre essas é o relacionamento interpessoal. A felicidade ou um alto nível de BES dos professores mostra-se importante para o estabelecimento de uma relação professor-aluno mais saudável e contribui positivamente com o processo de ensino-aprendizagem.. O conceito de BES mostra-se um conceito chave no campo de estudo e atuação da Psicologia da Saúde ou Psicologia Positiva. Esta última teria como objetivo estudar o lado positivo do ser humano e intervir para ajudar as pessoas a aumentar suas forças e desenvolver seu potencial para uma maior alegria e satisfação com a vida. Outra vertente de bem-estar, o chamado Bem-Estar Psicológico (BEP), também pode ser encontrada na literatura (RYFF, 1989; RYFF; KEYES, 1995). Enquanto o BES é concebido a partir de avaliações de satisfação com a vida e num balanço entre afetos positivos e afetos negativos que revelam felicidade, o BEP se estabelece a partir de concepções acerca do desenvolvimento humano e dimensionadas em capacidades para enfrentar os desafios da vida (SIQUEIRA; PADOVAM, 2008). O modelo de BEP proposto por Ryff e Keyes (1995) se organizou a partir de seis componentes principais, sendo: auto-aceitação, relacionamento positivo com outras pessoas, autonomia, domínio do ambiente, propósito de vida e crescimento pessoal. Uma terceira vertente do conceito de bem-estar diz respeito ao Bem-Estar no Trabalho (BET). Segundo Siqueira e Gomide Jr. (2004), o BET é concebido como um conceito integrado por três componentes: satisfação no trabalho, envolvimento com o trabalho e comprometimento organizacional afetivo. Esses três conceitos, representam vínculos positivos com o trabalho (satisfação e envolvimento) e com a organização (comprometimento afetivo).. O conceito de bem-estar também é tido como um elemento essencial para a qualidade de vida de um indivíduo (COMPTON, 2005; JESUS; REZENDE, 2009). O conceito de Qualidade de Vida tornou-se um conceito muito popular, cuja divulgação tem se dado em larga escala, seja nos meios acadêmicos ou no senso comum. Se por um lado, observa-se atualmente uma ampla discussão em.

(15) 15. torno do tema, de outro é justamente a popularidade do conceito que aparece como um dos grandes obstáculos para a sua discussão científica (RIBEIRO, 2009). De acordo com McGuire (1991, p.13), “todos têm a sua própria idéia do que é a Qualidade de Vida, e é nisso que reside o problema”. Assim, segundo Souza (2007, p.139),. Qualidade de Vida é a medida do grau de satisfação das pessoas com os aspectos físicos, emocionais, bem-estar social, estilo de vida moradia e situação econômica. Envolve sistemas de valores, expectativas e perspectivas pessoais que variam de acordo com a cultura e o grupo e podem ser definidos como a sensação de bem-estar.. Como visto nos conceitos de saúde, bem-estar e qualidade de vida apresentados, o estado geral de saúde de um indivíduo traz em si um componente subjetivo extremamente importante. A capacidade de se auto-avaliar e expressar essa subjetividade pode contribuir, seja no nível individual ou coletivo, para a modificação de um determinado contexto social, de forma a se alcançar níveis de bem-estar e qualidade de vida cada vez maiores. Sendo assim, fica clara a importância de se obter níveis adequados de saúde mental em uma população, com o quais poderão ser estabelecidas as condições necessárias para uma postura ativa e participativa dos indivíduos dentro de suas comunidades.. Mas, do que exatamente falamos quando nos referimos à saúde mental de um indivíduo ou de uma população? A literatura mostra que conceituar saúde mental tem se mostrado uma difícil tarefa para muitas áreas do conhecimento que, apesar de suas inúmeras formas de compreensão do termo, não tem conseguido descrever saúde sem tomar como referência a doença. No entanto, dentre as inúmeras maneira de se compreender saúde mental, encontra-se aquela que pretende tornar a saúde um conceito de perspectiva transdisciplinar e totalizadora, na qual saúde mental significa um. socius saudável; ela implica emprego, satisfação no trabalho, vida cotidiana significativa, participação social, lazer, qualidade de redes sociais, equidades, enfim, qualidade de vida. (...) O conceito de saúde mental vincula-se a uma pauta emancipatória do sujeito, de natureza inapelavelmente política (ALMEIDA FILHO et al, 1999, p.101).. Da mesma forma, para efeitos deste estudo, adotaremos como conceito de Saúde Mental aquele divulgado pela OMS, onde:. Saúde Mental não é somente a ausência de um transtorno mental. É definido como um estado de bem-estar no qual cada indivíduo pode realizar seu próprio potencial, pode enfrentar o estresse normal da vida, pode trabalhar de forma produtiva e frutífera e está apto a contribuir com a sua comunidade (WHO, 2008b).. Apesar da importância do tema, observa-se que, especialmente nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, os recursos destinados aos serviços de saúde mental, sejam humanos ou financeiros, são escassos. Dessa forma, acaba-se por priorizar os cuidados especializados com os doentes mentais, abrindo-se mão de um sistema mais amplo e integrado de saúde mental, capaz de realizar medidas de prevenção primária nos hospitais gerais e comunidades. Com cada vez menos recursos disponíveis é necessário desenvolver estratégias para que se consiga um efeito positivo.

(16) 16. sobre a saúde mental. Dentre as estratégias utilizadas estão o encorajamento de recursos e competências individuais, além de melhorias no ambiente sócio-econômico. A promoção da saúde mental requer ação multi-setoriais, envolvendo uma série de setores governamentais e nãogovernamentais ou organizações de base comunitária. O foco deve ser na promoção da saúde mental em toda a vida para garantir um começo de vida saudável para as crianças e para evitar transtornos mentais na idade adulta e velhice (WHO, 2008 - site).. Além dos fatores biológicos e psicológicos, a saúde mental também pode ser afetada por fatores socioeconômicos e ambientais. Nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, o risco de saúde mental está associado a indicadores de pobreza, baixos níveis de educação e má habitação. A maior vulnerabilidade das pessoas para doenças mentais em cada comunidade pode ser explicada por fatores como a experiência de insegurança e desespero, a rápida mudança social e os riscos de violência física e problemas de saúde. Sabe-se também que situações de abuso de substâncias psicoativas, violência, abuso de mulheres e crianças, depressão e ansiedade são mais prevalentes e mais difíceis de serem enfrentadas em situações de alto desemprego, baixa renda, baixa educação, condições de trabalho estressantes, discriminação de gênero, estilo de vida não saudável e violação de direitos humanos (WHO, 2005).. Por este motivo, acredita-se que políticas públicas de saúde isoladas não sejam o único caminho para a melhoria das condições de saúde mental. Apesar de falta de dados mais confiáveis, acredita-se que ações em áreas de não-saúde, como na área social, também possam colaborar para a promoção da saúde mental. Da mesma forma é fundamental para a promoção da saúde mental um ambiente onde sejam respeitados e protegidos os direitos civis básicos, os direitos políticos, sociais e culturais. Assim, entende-se que a promoção da saúde mental requer esforços e políticas intersetoriais, tanto do setor público como do setor privado, e que incluam as áreas da educação, trabalho, justiça, transporte, meio-ambiente, moradia e bem-estar, bem como, ações específicas na área da saúde destinadas a prevenção e tratamento de problemas de saúde. No entanto, todos podem fazer algo no sentido de promover a saúde mental. Especialmente os tomadores de decisão nos governos de nível local e nacional, cujas ações afetam a saúde mental de maneira indireta. Os organismos internacionais também podem assegurar que os países em todas as fases de desenvolvimento econômico estejam conscientes da importância da saúde mental para o desenvolvimento da comunidade. Eles também podem incentivá-los a avaliar as possibilidades e meios de intervir para melhorar a saúde mental da população (WHO, 2005).. Todo esse esforço para se promover saúde mental se torna ainda mais urgente quando verificamos e comparamos o DALYs (Disability-Adjusted Life Year) de doenças neuropsiquiátricas no mundo com as demais, ou seja, quando olhamos para a quantidade de anos perdidos de vida e os anos vividos sob o espectro incapacitante de uma doença de severidade e duração específica na população mundial. No último levantamento realizado pela OMS no ano de 2004 sobre as doenças que mais mataram ou incapacitaram severamente os povos dos cinco continentes, observamos que.

(17) 17. os distúrbios neuropsiquiátricos ocupam a segunda posição, representando cerca de 13,08% de todos os anos perdidos devido a doenças, perdendo apenas para as doenças infecciosas e causadas por parasitas, conforme demonstrado no Quadro 1 abaixo.. Quadro 1: Ten leading causes of burden of disease, world, 2004 (WHO, 2005). CAUSE. DALYs*. % of total DALYs#. Infectious and parasitic diseases. 302.144. 19,84. Neuropsychiatric disorders. 199.280. 13,08. Cardiovascular disorders. 151.377. 9,94. Unintentional injuries. 138.564. 9,10. Perinatal conditions. 126.423. 8,30. Respiratory infections. 97.786. 6,42. Sense organ disorders. 86.883. 5,70. Malignant neoplasms. 77.812. 5,11. Respiratory diseases. 59.039. 3,88. Digestive diseases. 42.498. 2,79. * DALY (Disability-Adjusted Life Year) # Total de anos de vida perdidos para todas as doenças 1.523.259 em 2004.. Dos distúrbios neuropsiquiátricos mais relevates do ponto de vista estatístico para a OMS, os distúrbios depressivos representam 4,30% do total de DALYs, denuncinado quase três vezes mais anos perdidos de vida e anos perdidos sob o espectro incapacitante do que a segunda maior, os distúrbios relacionados ao abuso de álcool, conforme demonstrado no Quadro 2..

(18) 18. Quadro 2: Neuropsychiatric disorders leading causes of disease, world, 2004 (WHO, 2005). Neuropsychiatric disorders. DALYs. % of total DALYs. Unipolar depressive disorders. 65.472. 4,30. Alcohol use disorders. 23.738. 1,56. Schizophrenia. 17.769. 1,17. Bipolar affective disorders. 14.425. 0,95. Alzheimer and other dementias. 11.158. 0,73. Drug use disorders. 8.370. 0,55. Epilepsy. 7.854. 0,52. Migraine. 7.765. 0,51. Panic disorder. 6.991. 0,46. Obsessive-compulsive disorder. 5.104. 0,34. Insomnia (primary). 3.623. 0,24. Post-traumatic stress disorder. 3.468. 0,23. Parkinson disease. 1.710. 0,11. Multiple sclerosis. 1.527. 0,10. Como mencionado, vários fatores, tais como habitação, educação e renda, podem exercer influência na saúde mental de uma população. Levando em conta as previsões socioeconômicas dos próximos anos, a OMS calcula que os DALYs de doenças em nível mundial será reduzido dos atuais 1.53 bilhões (levantamento 2004) para 1.36 bilhões em 2030, um declínio geral da ordem de 10%. Considerando que a previsão de crescimento da população mundial no mesmo período é da ordem de 25%, tem-se uma redução significativa da carga de doenças per capita. No entanto, no que diz respeito as doenças relacionadas à saúde mental, espera-se um crescimento de DALYs motivados por depressão unipolar de 4.3% para 6.2%, deixando o terceiro lugar e ocupando o primeiro lugar, como o transtorno que mais motiva anos de incapacidade dentre todas as outras doenças e transtornos, conforme mostra o Quadro 3 abaixo..

(19) 19. Quadro 3: Ten leading causes of burden of disease, world, 2004 and 2030 (WHO, 2005, p.51). As % of total DALYS. Rank. Rank. As % of total DALYS. Lower respiratory infections. 6.2. 1. 1. 6.2. Unipolar depressive disorders. Diarrhoeal diseases. 4.8. 2. 2. 5.5. Ischaemic heart disease. Unipolar depressive disorders. 4.3. 3. 3. 4.9. Road traffic accidents. Ischaemic heart disease. 4.1. 4. 4. 4.3. Cerebrovascular Disease. HIV/AIDS. 3.8. 5. 5. 3.8. COPD. Cerebrovascular Disease. 3.1. 6. 6. 3.2. Lower respiratory infections. Prematurity and low birth weight. 2.9. 7. 7. 2.9. Hearing loss, adult onset. Birth asphyxia and birth trauma. 2.7. 8. 8. 2.7. Refractive errors. Road traffic accidents. 2.7. 9. 9. 2.5. HIV/AIDS. Neonatal infections and other. 2.7. 10. 10. 2.3. Diabetes mellitus. COPD*. 2.0. 13. 11. 1.9. Neonatal infections and other. Refractive errors. 1.8. 14. 12. 1.9. Prematurity and low birth weight. Hearing loss, adult onset. 1.8. 15. 15. 1.9. Birth asphyxia and birth trauma. Diabetes mellitus. 1.3. 19. 18. 1.6. Diarrhoeal diseases. 2004 Disease or Injury. 2030 Disease or Injury. * COPD, chronic obstructive pulmonary disease.. Como vimos até aqui, a saúde é um fator crítico no desenvolvimento humano e deve estar presente durante todo o ciclo de vida das pessoas. Visto do ponto de vista do desenvolvimento, a saúde deve considerar a interação de dois importantes processos biológicos: os processos de desequilíbrio, que se referem à estimulação do organismo, e os processos homeoréticos ou heterostáticos, que diferente dos processos homeostáticos onde há a idéia de um estado constante, se referem às constantes reações adaptativas do corpo ao ambiente onde vive (RIBEIRO, 1998)..

(20) 20. Nicholas e Gobble (1990), ao constatarem em seu estudo uma diferença considerável na saúde de indivíduos que se mantinham ativos e de indivíduos inativos concluíram que, com o passar do tempo e a chegada da velhice, o corpo parece demonstrar uma dificuldade na auto-regulação e manutenção do equilíbrio de seus sistemas. Assim, sua freqüente estimulação provocaria desequilíbrios que desencadeariam novos processos adaptativos restaurando e conduzindo o equilíbrio corporal a um nível mais adequado do que se encontrava antes da estimulação.. O conceito de Promoção da Saúde tem implícita a idéia que esta pode desenvolver-se ao longo do ciclo de vida, e que esta evolução é qualitativa. (...) Pressupõe a idéia que a saúde é um processo em vez de um estado, processo dependente do jogo de estimulação-reacção constante do organismo (RIBEIRO, 1998, p.19).. Considerando a importância das inter-relações entre os organismos e o seu meio ambiente, para que a promoção da saúde seja possível num determinado contexto, deve-se observar que a situação que conduz à saúde é influenciada por fatores físicos, como por exemplo, a geografia, a arquitetura e tecnologia, por fatores sociais, como cultura, economia e política, e fatores pessoais, como biologia e psicologia. Tal contexto deve também levar em conta a complexidade multidimensional dos ambientes humanos, em seus componentes físicos e sociais, nas suas qualidades objetivas e subjetivas, imediatas e de longo prazo, individual e coletiva. Da mesma forma, deve considerar os ambientes em vários níveis, assim como o indivíduo também é visto em níveis de agrupamento, do indivíduo, família, pequeno grupo, organizações, até os grandes aglomerados populacionais (STOKOLS, 1992).. No sentido de alcançar as características de saúde mencionadas, o conceito Promoção da Saúde é instituído em 1986, na I Conferência Internacional de Promoção da Saúde, e oficialmente divulgado pela OMS através da Carta de Ottawa, como segue:. “Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global” (OTTAWA, 1986, p.1).. A partir da definição acima, percebe-se a complexidade das alterações políticas e sociais necessárias para que seja alcançado um estado de saúde adequado. Tais alterações devem ocorrer não somente em um âmbito individual, mas também em um âmbito coletivo, através dos governos, das organizações públicas e privadas. Muitas vezes, porém, os interesses capitalistas se sobrepõem aos interesses coletivos e os investimentos necessários para uma melhor nos níveis de saúde da população em geral são relegados à segundo plano. O conceito de Promoção de Saúde, deve ser compreendido numa dimensão maior, cuja implantação requer uma profunda modificação nas estruturas sociais, em todos os níveis, caracterizando-se como elemento instituinte de uma nova realidade (Fernandez et al, 2008). Da mesma forma, a promoção da saúde representa uma estratégia.

(21) 21. promissora para a melhoria da qualidade de vida e o enfrentamento dos problemas de saúde que afetam as populações de todo o mundo nos dias atuais. Partindo de uma concepção ampla do processo saúde-doença e de seus determinantes e, incorporando uma abordagem holística, a promoção da saúde propõe a articulação de saberes técnicos e populares, a mobilização de recursos públicos e privados no sentido de buscar novas alternativas e soluções para as complexas questões da saúde pública (BUSS, 2000; RIOS et al, 2007).. De acordo com Carvalho (2004), as idéias contidas no conceito de Promoção da Saúde contêm aspectos contraditórios, pois podem, ao mesmo tempo, promover mudanças profundas nas estruturas e sociais e no sistema de saúde público, bem como privilegiar o status quo, uma vez que a amplitude e indefinição de suas idéias possam ser interpretadas como “tudo para todos”, reincidindo no ineficiente modelo social e de saúde já existentes.. No entanto, o autor fortalece a idéia da. promoção da saúde como agente de mudança social e alerta que seu sucesso depende, em grande parte, da garantia de acesso pela população a bens e serviços de saúde de qualidade, da produção de sujeitos autônomos e socialmente responsáveis e de uma democratização do poder político.. Colocar em prática a promoção da saúde não é tarefa somente da área da saúde, exige a participação de toda a sociedade em seus diversos segmentos. As instituições de ensino têm um papel fundamental neste processo, dada a importância que estas instituições assumem na formação e no desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade (IERVOLINO, 2000). A OMS reconhece a importância da escola na promoção da saúde e incentiva esta prática através do conceito de Escola Promotora de Saúde. Para a OMS, “uma escola promotora de saúde é aquela que constantemente fortalece sua capacidade de estabelecer ambientes saudáveis para se viver, aprender e trabalhar” (WHO, 2008a).. Ainda de acordo com a OMS, uma Escola Promotora de Saúde:. - Cuida da saúde e do aprendizado com todas as medidas à disposição;. - Envolve autoridades da saúde e educação, professores, associação de professores, estudantes, pais, instituições de saúde e líderes de comunidade em esforços para fazer da escola um lugar saudável;. - Empenha-se para prover um ambiente saudável, educação em saúde na escola e serviços de saúde na escola com projetos ou disseminação de idéias da escola ou comunidade, programas de promoção de saúde para funcionários, programas de nutrição e alimentação seguros, oportunidades para educação física e recreação e programas de aconselhamento, suporte social e promoção de saúde mental..

(22) 22. - Implementa políticas e práticas que respeitem o bem estar e a dignidade individuais, proporcional múltiplas oportunidades para o sucesso e reconhece bons esforços e intenção bem como a realizações pessoais.. - Empenha-se em melhorar a saúde dos funcionários, suas famílias e membros da comunidade, bem como de seus alunos e trabalha com líderes comunitários para ajudá-los a compreender como a comunidade pode contribuir ou prejudicar a saúde e a educação.. É também, a partir do conceito de Escola Promotora de Saúde, que encontramos na universidade um agente de promoção da saúde. Tanto a escola (ensino fundamental e médio), quanto a universidade (ensino superior) estão comprometidas com o ensino, com a formação de cidadãos e a democracia. “Educação, democracia e cidadania estão tão intimamente vinculadas que educação fora de um contexto democrático perde seu sentido essencial e que democracia e cidadania sem muita educação se auto-contradizem” (SEVERINO, 2004, p. 27). No que diz respeito à universidade, é a partir das suas três funções principais - ensino, pesquisa e extensão, que a promoção da saúde deve ocorrer. Além do compromisso primordial com a geração de conhecimento, sua disseminação no ensino e aplicação na extensão, a universidade também deve se comprometer em estabelecer ambientes saudáveis para se viver, aprender e trabalhar.. Atualmente, temas relacionados aos jovens têm recebido cada vez mais atenção da sociedade. No Brasil, a população entre 10 e 24 anos, representa um terço da população geral, o que significa mais de 51 milhões de jovens. As estatísticas apontam um constante crescimento do número de mortes decorrentes da violência, do aumento do desemprego, da gravidez precoce, do número de casos de doenças sexualmente transmissíveis e do envolvimento dessa população com drogas e seu tráfico. Qualquer estratégia direcionada a esta população que pretenda ter um alcance significativo precisa estar associada à escola e as universidades (BRASIL, 2002).. “No entanto, a educação e a saúde, como campos de conhecimentos e de práticas, têm sido consideradas a partir de suas especificidades, em que a educação está associada à escola e aos processos de aprendizagem e a saúde é identificada com os serviços de saúde e processos de adoecimento” (BRASIL, 2002, p. 534).. O Brasil aprovou, através da Portaria nr. 687, de 30 de março de 2006, sua Política Nacional de Promoção da Saúde, com o objetivo de “promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais” (p.17). Dentre as temáticas contempladas na política nacional, estão a alimentação saudável, prática corporal/atividade física, prevenção e controle do tabagismo, redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas, redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito, prevenção da violência e estímulo à cultura de paz, promoção do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2006)..

(23) 23. Tentou-se esclarecer nesta seção os atuais conceitos de saúde, promoção da saúde e saúde mental. A seguir, entendermos de que forma a estrutura do ensino superior no Brasil se constituiu e qual a sua atual configuração, bem como seus principais problemas e desafios.. 2.2. A UNIVERSIDADE BRASILEIRA As primeiras atividades educacionais registradas no Brasil remontam ao período Colonial, com a chegada da Ordem dos Jesuítas em 1549 e a tentativa de catequização dos índios. Nos quatro séculos seguintes, a predominância de uma economia agroexportadora no país, privilegiou uma educação voltada as camadas superiores da população, visando prepará-las para as atividades político-burocráticas e para as profissões liberais, quase sempre a cargo ou sob influência da “iniciativa privada” religiosa. Com a substituição do modelo econômico agrário-exportador por um modelo parcialmente urbano-industrial, motivado por um incremento na industrialização e urbanização, viu-se um aumento nos extratos médios e populares e conseqüentes aumentos das demandas sociais pela educação, culminando anos mais tarde, na organização de um sistema nacional de ensino. No entanto, mesmo após a promulgação da Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, por João Goulart em 1961 foi, somente após 1990, durante os dois governos do expresidente Fernando Henrique Cardoso, que a educação brasileira perde o seu caráter mais elitista e promove uma ampla reforma educacional, na tentativa de oferecer acesso a toda a população aos ensinos médio e superior (OLIVEIRA, 2004).. De acordo com Luchmann (2007) e Martins (2000), as ações do governo federal para atender as demandas educacionais da população nos anos 90, o aumento de vagas em instituições de ensino superior foram também patrocinados, em grande parte, pelo setor privado, juntamente com as instituições laicas, deixando clara a limitação do poder público em investir e ampliar suas instituições, especialmente aquelas que realizavam atividades de pesquisa. Embora tenha de fato havia um aumento expressivo na oferta de vagas nas universidades, sejam elas públicas ou privadas, a cultura educacional brasileira mantém traços de histórica falta de universalidade. Nos últimos anos, foram introduzidos novos mecanismos de discriminação e distinção social, especialmente aqueles ligados ao recorde público/privado, universidade/instituição isolada, ensino de elite/ensino de massa, cursos dominados. por. camadas. privilegiadas. socialmente/cursos. de. caráter. mais. heterogêneo,. graduação/pós-graduação, etc. Somando-se atualmente às estas questões, as atuais políticas de cotas e inclusão/acesso de deficientes físicos nas universidades (BRANDÃO; MARINS, 2007; CRUZ; DIAS, 2009; MANENTE et al, 2007; QUEIROZ; SANTOS, 2006;. Para além das questões quantitativas, foi também na metade da década de 90 que alterações na política educacional criaram condições favoráveis para a diversificação institucional do ensino superior, permitindo as instituições se desenvolverem em suas áreas de especialização, privilegiando a qualidade do ensino superior brasileiro. No entanto, a demanda social por mais assentos nas universidades é urgente, assim como, a continuidade de ações que melhorem sua qualidade e os índices de permanência dos alunos nas mesmas (FELICETTI; MOROSINI, 2009; LUCHMANN, 2007;.

(24) 24. MARTINS, 2000). Pois, o fato de estudantes de camadas sociais diferentes ingressarem em uma mesma instituição de ensino não elimina as reais diferenças sociais presente entre eles, fato que pode causar dificuldades no decorrer de suas vidas academias, em suas mais variadas dimensões, de forma a, muitas vezes, inviabilizar a conclusão de um curso superior para os menos privilegiados socialmente, aumentando as taxas de evasão e trancamento de matrícula (MESADRI, 2008; POLYDORO, 2000; SILVA FILHO et al, 2007; ZAGO, 2006).. Segundo Severino (2002), a função de uma instituição de ensino superior se resume em três práticas essenciais: pesquisa, ensino e extensão.. Para o autor, a atividade de pesquisa é. fundamental para a geração de conhecimento, entendido também necessariamente como construção dos objetos de que se precisa apropriar humanamente. Da mesma forma, a pesquisa tem uma importância ímpar no processo de extensão dos serviços que esta deve prestar a comunidade, diferenciando esse serviço de um mero assistencialismo. Obviamente, “o conhecimento produzido, para se tornar ferramenta apropriada da intencionalização das práticas mediadoras da existência humana, precisa ser disseminado e repassado, colocado em condições de universalização” (p.123). Assim, a atividade de ensino também se torna essencial dentro do contexto universitário, pois é no ensino que a universidade assegura a universalização de seus produtos e a reposição de seus produtores. A atividade de extensão por sua vez deve ser encarada como uma exigência do processo formativo do jovem universitário. É a partir do contato do estudante com a comunidade que poderá desenvolver uma nova consciência social, além de ser este um dos caminhos que possibilitará a troca entre instituição e comunidade, viabilizando assim as mudanças sociais desejadas.. A universidade ou, de forma mais ampla, o ensino superior, também é entendida como uma via de acesso à cidadania. Nesse sentido, além de colaborar para o desenvolvimento do país qualificando uma mão de obra mais especializada e competitiva no atual contexto socioeconômico mundial, a universidade serve, muitas vezes, como elo entre as classes menos privilegiadas e sua plena atividade cidadã, contribuindo diretamente para a formação de uma população mais crítica e participativa, menos apática e dependente de programas assistencialistas governamentais (OLIVO, 2008).. Silva (2007) reforça o papel da universidade como ponte entre a realidade das classes menos favorecidas e um futuro mais promissor. Segundo a autora, esta é a compreensão de universidade de alunos ingressantes no ensino superior através de programas sociais como o ProUni, por exemplo. Para os alunos entrevistados pela autora, a universidade é um campo de formação social, profissional e pessoal, bem como portadora de um conhecimento e valores universais que ao serem compartilhado, os instrumentalizará e os habilitará a alcançar sua realização pessoal (LOURENÇO, 2005).. Se uma das funções essenciais da universidade é servir de ponte à cidadania, podemos, diante do atual quadro do ensino superior brasileiro, supor que esta instituição não tem cumprido este.

(25) 25. objetivo a contento. Como afirma Martins (2009), a grande demanda nacional por uma universalização do ensino superior foi, em partes, atendida pela iniciativa pública. Uma vez que as instituições públicas continuaram, mesmo depois da Reforma de 1968, a privilegiar uma estrutura seletiva, acadêmica e socialmente, a instituições de ensino privadas tornaram-se verdadeiras empresas educacionais. Se por um lado a forte presença das instituições particulares aumentou significativamente a oferta de assentos no país, por outro, a educação considerada um direito inalienável do cidadão moderno foi transformada num privilégio individual, “convertendo sua clientela em consumidores educacionais, impondo pesados custos financeiros e humanos a uma parte expressiva de seus estudantes” (p.29). Na visão de Emerick (2006) a proliferação das instituições particulares de ensino trouxe a tona uma importante discussão sobre a qualidade do ensino oferecido. Estas instituições têm privilegiado a formação profissional, deixando a pesquisa, um dos pilares básicos de sustentação de uma universidade, em segundo plano. Dessa forma, muito tem a perder o país, que ainda continua a ver seu potencial de crescimento cada vez mais limitado por falta de investimento em novas tecnologias e falta de mão-de-obra especializada.. Essa compreensão da atual situação do ensino superior brasileiro é também corroborada por outros autores (FERNANDES, 2001; MORGADO, 2009; NUNES, 2007; SAVIANI, 2004; SEVERINO, 2008, SILVA, 2008) que, além de pontuar e reforçar as fragilidades das atuais políticas nacionais de educação superior destacam alguns caminhos para que os atuais problemas sejam superados. Nesse sentido, é sugerido uma urgente reversão nas tendências das atuais políticas educacionais, de forma a priorizar a forma da universidade em sua essência, ou seja, num ambiente de pesquisa, em detrimento das instituições isoladas. Também se sugere uma priorização dos investimentos nas instituições públicas ao invés das privadas, bem como, que as instituições sejam apoiadas num aparato supostamente neutro e acima da política e que as práticas acadêmicas sejam revistas.. Durhan e Sampaio (2000) constataram em seu estudo que o predomínio das instituições de ensino particulares em detrimento as instituições públicas não é uma característica exclusivamente brasileira, mas que também acontece em outros países da América Latina, tais como Argentina, Chile, Colômbia e México. Para as autoras, a impossibilidade de se controlar a qualidade do ensino com os instrumentos disponíveis, tem levado os Estados a adotarem novos instrumentos de controle da qualidade do ensino superior, não meramente normativos, mas institucionais. No setor público, a avaliação institucional além de controlar a qualidade, tem a função de orientar a política de financiamento das instituições que compõe o setor, controlando o controle governamental sobre ele. Da mesma forma no setor privado, tal controle visa diminuir o excesso de autonomia que caracteriza as instituições de ensino particulares.. Dada a forte presença de instituições particulares de ensino superior no cenário nacional, e considerando que em sua maioria não se tratam de instituições filantrópicas, é natural que essas instituições se coloquem no mercado como empresas prestadoras de serviço, e como tal, e se utilizem as mais variadas estratégias de promoção para atrair novos aluno ou clientes. Bronnemann.

(26) 26. (2002) descreve em sua dissertação algumas das estratégias utilizadas por uma instituição particular para promover seu vestibular. Segundo a autora, um plano de marketing adequado deve contemplar uma pesquisa junto aos atuais alunos e os potenciais alunos, a fim de identificar suas percepções e necessidades, bem como, outras ações junto à comunidade para que os pontos fortes das instituições sejam percebidos pela comunidade. Já para Iotti Neto (2004), uma IES deve antes de conduzir uma ação de promoção, não olhar apenas para dentro de si mesma, mas verificar junto às suas esferas de relacionamento os pontos valorizados para que possa se concentrar em questões cujo valor sejam percebidos pelo seu público de interesse. Gramani (2008) chama a atenção para a relação entre qualidade e rentabilidade de uma instituição particular. Em primeiro lugar são elencados os objetivos essenciais que uma IES deveria seguir a fim de colaborar com o desenvolvimento do país. São eles: 1) geração de pesquisa alta qualidade, 2) geração de pesquisa aplicada e integração com outros pesquisadores e usuários da pesquisa aplicada, 3) produção de ensino de alta qualidade em ambos os níveis: médio e superior e 4) selecionar os melhores estudantes e pesquisadores a fim de perpetuar o sistema. Para a autora, cinco itens podem influenciar a qualidade de uma IES: 1) imagem institucional, 2) captação de recursos, 3) transparência, 4) gestão profissional e 5) avaliação positiva do Ministério da Educação.. Em seu estudo sobre valor em serviços educacionais, Veludo-de-Oliveira e Ikeda (2006) sugerem cinco maneiras pelas quais as IES podem agregar valor aos seus serviços: 1) proporcionar trocas entre o aluno e diferentes públicos, 2) garantir as condições de aprendizado ao aluno e o comprometimento do professor com a instituição e com o desenvolvimento do educando, 3) fomentar a idéia de obtenção do título ou da certificação associada ao diferencial de imagem proporcionado pela instituição, 4) evidenciar os motivos que justificam a boa reputação da instituição de ensino e 5) reconhecer perante o educando o seu esforço em cumprir e administrar os compromissos para realização do curso. Na visão das autoras, o valor não é criado somente em curto prazo, por este motivo os profissionais da educação não devem render-se à idéia da satisfação momentânea do estudante, pois passado o momento de sacrifício, o educando tende a reconhecer positivamente a exigência a que foi submetido na escola, por associá-la por futuras recompensar advindas desse esforço. “Quando um estudante se inscreve em um curso, não está simplesmente buscando as aulas, o acesso à biblioteca ou o diploma; está buscando instrução, desenvolvimento pessoal, reputação, possibilidades de ascensão social e de carreira” (p.20).. Em complemento ao estudo mencionado no parágrafo anterior, Guimarães (2006) analisa as relações de trabalho e o ensino superior noturno. Sua conclusão corrobora com os achados de Veludo-de-Oliveira e Ikeda (2006) no sentido de que para o trabalhador brasileiro, principal usuário das IES particulares, concluir um curso superior significa uma “forma de ascenção social e financeira, realização e valorização, as escolhas, da instituição e do curso são limitadas pelos mecanismos de controle presentes na sociedade e o estudo superior é um meio de ascender à categoria mais bem posicionada da classe trabalhadora” (p.8)..

(27) 27. Vimos nos parágrafos anteriores um panorama geral e atual sobre o contexto universitário brasileiro. Inserido nesta realidade está o professor universitário. Na seção seguinte, visitaremos questões pertinentes à sua formação, sua prática e sua saúde nesta realidade mencionada.. 2.3. PROFESSOR UNIVERSITÁRIO No que diz respeito à pedagogia universitária, esta é hoje exercida no Brasil por professores que não têm uma identidade única. Segundo Morosini (2001), suas características são extremamente complexas, como complexo e variado é o sistema de educação superior brasileiro com instituições públicas e privadas, universidade e não universidades.. Como visto na seção anterior, a necessidade de ampliação do número de vagas no ensino superior imposta pelo modelo neoliberal, pôs fim à legislação que determinava o modelo único para a educação superior no Brasil, assumindo e estimulando a diversidade institucional (especialização de serviços). Desta maneira, as propostas de diferenciações de IES e a diversificação de fontes de financiamento foram pautadas neste modelo. Na lógica proposta, os centros de excelência seriam privilégio de poucos que constituiriam a elite intelectual, enquanto a maioria seria treinada para o mercado de trabalho (MENEGHEL, 2002).. Assim, encontramos exercendo a docência universitária, conforme Morosini (2001), professores com formação didática obtida em curso de licenciaturas; outros que trazem sua experiência profissional para a sala de aula; e, outros sem experiências didáticas ou profissionais, oriundos do curso de especialização e strictu sensu. Segundo Meneghel (2002) e Chauí (2001), este contexto limita a formação de cientistas por estar desinteressado em realizar pesquisa de qualidade e privilegia o treinamento de mão-de-obra.. Para Behrens (2002), o magistério nas universidades tem sido exercido por profissionais das mais variadas áreas de conhecimento. O autor destaca que se encontram exercendo a função docente na educação superior quatro grupo de professores:. a) os profissionais de várias áreas de conhecimento que se dedicam à docência em tempo integral; b) os profissionais que atuam no mercado de trabalho específico e se dedicam ao magistério algumas horas por semana; c) os profissionais docentes da área pedagógica e das licenciaturas que atuam na universidade e, paralelamente, no ensino básico; d) os profissionais da área da educação e das licenciaturas que atuam em tempo integral..

Referências

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