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SPIRITUALITÉ. Jean Vanier : «Le monde est à l envers, l Évangile, c est le monde à l endroit» Domitille Farret d'astiès 16 setembro 2018

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Aleteia – França – 17.09.2018

SPIRITUALITÉ

Jean Vanier : « Le monde est à l’envers, l’Évangile, c’est le monde à

l’endroit »

Domitille Farret d'Astiès | 16 setembro 2018

Domitille Farret d'Astiès | ALETEIA

Por ocasião do seu nonagésimo aniversário, a Aletei foi ao encontro de Jean Vanier. Na sala da sua casinha de Trosly-Breuil, o nonagenário de olhar cintilante, fundador das comunidades da Arca e de Fé e Luz, falou-nos com simplicidade evocando as suas alegrias e as suas esperanças.

Aleteia : Bom dia Jean. Hoje acaba de festejar 90 anos. Que balanço faz destes últimos anos?

Jean Vanier :Quando fiz 75 anos, deixei de estar no Conselho Internacional da Arca. Mas continuei a aceitar fazer conferência por esse mundo fora. Depois mais ou menos aos 83 anos, apercebi-me que já não tinha forças para viajar. Em

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Outubro passado fui vítima duma crise cardíaca. Hoje em dia a minha vida é super. De manhã rezo e leio. Tomo uma refeição no meu lar duas vezes por semana e caminho 40 minutos por dia. A vida passa muito depressa. Esta crise cardíaca foi um choque… mas benfazejo. A partir de agora tenho que ter cuidado porque estou mais frágil. Mas creio que a cabeça ainda não funciona mal demais. Eu sei que este enfraquecimento vai continuar que eu queira ou não.

Isso não o inquieta ?

O meu princípio é que hoje já não tenho futuro, mas estou feliz no instante presente. Em cada momento. Isso não me inquieta. Talvez no dia em que ficar totalmente dependente fisicamente, considere isso difícil. Mas neste momento, tenho muita sorte. Acho que as nossas comunidades da Arca estão bem.

© Domitille Farret d'Astiès | ALETEIA A casa de Jean Vanier, rue d'Orléans, em Trosly Breuil.

Em que momento compreendeu que a fragilidade era

essencial?

Parece-me que o verdadeiro sentido da fragilidade surgiu quando comecei a aventura da Arca com o Raphaël e o Philippe. O Raphaël tinha tido uma meningite e não falava. O Philippe tinha tido uma encefalite e tinha uma perna paralisada… e falava demais. Era um mundo cheio de fragilidades… Mas

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sentíamo-nos tão felizes (exclama ele)! A alegria dos dois levava-me a encontrar a minha alegria. Vejo aqui duas coisas. Primeiro, eles souberam atrair a criança que havia em mim. Nós divertíamo-nos, ríamos e festejávamos. Depois, com eles, encontrei um home (diz ele com o seu imperdível sotaque canadiano), a minha casa, um lugar onde me sentia bem e onde me apetecia ficar. O Raphaël e o Philippe precisavam de mim e eu precisava deles, da sua alegria e da sua maneira de ser. O coração é ser amado. Se você visitar regularmente uma pessoa só, para ela você torna-se o messias. A relação é o lugar da felicidade. Mas por vezes, o sofrimento físico é demasiado. Não podemos fazer de conta que tudo é fácil. A fragilidade precisa de ser amada.

A fragilidade pode salvar o mundo?

A fragilidade existe no coração do mundo. Traduz-se por vezes pelo medo e a insegurança. Enfrentamos por vezes fragilidades que nos assustam muito. Algumas pessoas rejeitam toda a forma de relação e não sabemos como chegar a elas. É preciso encontrar pessoas que saibam como abordá-las. Por ocasião duma viagem a Calcutá, apresentaram-me um doente mental que gritava o tempo todo. Os enfermeiros evitavam-no um pouco. Com a minha pouca experiência, fui ter com ele com as mãos abertas (afasta as mãos). Ele veio ter comigo e colocou as duas mãos nas minhas. O mesmo se pode ver com a Samaritana. Jesus tocou-a porque precisava dela. Quando podemos começar uma relação precisando do outro, ele muda. Se Jesus tivesse começado a pregar, ela tinha fugido. Mas ele veio humildemente dizendo «preciso de ti».

Hoje fala-se muito das perturbações climáticas, há debates

sobre a eutanásia… Pensa que andamos a fazer o pino?

Sim, há muitas coisas que estão mal. O que podemos fazer em face disso é sermos nós próprios. Sendo nós próprios tornamo-nos um modelo. E a única maneira de sermos nós mesmos, é sermos muito humanos. Pode haver momentos em que entramos em depressão. Isso faz parte da nossa realidade. Mas o importante, é que cada um de nós se mantenha em pé, feliz e que possa inspirar os outros. Fico impressionado ao ver que há cada vez mais pessoas que fazem pequenas coisas : têm a preocupação de cultivar o seu jardim, de procurar ser o mais humanos

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possível. Tratar do seu jardim, gastar menos electricidade, criar na sua família um lugar de amor… Para que o planeta melhore um pouco, todas estas pequenas coisas que podemos fazer são importantes. Cada um pode fazer o que estiver à sua mão. Temos o Papa Francisco que é extraordinário. É duma beleza, duma clareza… Ele sente que a Igreja precisa de mexer. Acho-o muito belo. Ele sabe que são os mais pobres que nos levarão ao essencial que é amar.

Quando há uma perturbação geral, pode daí vir alguma

fecundidade?

É a minha esperança. A verdade virá como um pequeno fio de água que crescerá pouco a pouco. Vejo pessoas que se juntam para ajudar os refugiados ou os sem-abrigo, ou ao serviço dum movimento pela ecologia. Hoje em dia sente-se que há uma movimentação. Na Arca, há sempre jovens que aparecem. Tivemos assistentes maravilhosos. Sinto que há um desejo de ajudar. Antigamente oferecia-se café aos pobres. Neste momento, em algumas paróquias, põe-se uma mesa e são as pessoas da rua (os sem-abrigo) que tratam do serviço. Mesmo se as pessoas têm medo, vemos coisas que mexem.

© Domitille Farret d'Astiès | ALETEIA«Lázaro», é o nome da casa de Jean Vanier. Um nome que

recorda o amigo de Jesus que Ele ressuscitou dos mortos, ou o pobre coberto de chagas «levado pelos anjos para o seio de Abraão».

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Não tem medo de ser santo?

A santidade não me interessa. A única coisa que me interessa é ser amigo de Jesus (silêncio). Quero ficar com Ele algures, não sei onde. Jesus é pobre e humilde. Desejo ficar com ele na pobreza. Sempre na pobreza. É a única coisa. O segredo está sempre na descida e não na subida. É aceitar que somos frágeis. Não somos sempre o que gostaríamos de ser, mesmo com Jesus. Precisamos sempre dum Jesus que nos apanha, quando nos afastamos. Ele é extraordinário na sua capacidade de amar. O maior perigo hoje em dia é o fenómeno do sucesso, que começa logo nas escolas. Há um problema de luta entre o sucesso e a aceitação do que nós somos, com a nossa própria missão. Vemos uma espécie de contradição a sociedade e a vida cristã. Jesus, por seu lado, é tão humilde e pequeno. O mundo está do avesso. O Evangelho é o mundo do direito. É uma revolução copérnica.

Qual é para si o segredo para uma vida bem sucedida ?

Tem confiança em ti e escuta a pequena voz do teu coração. O que procuras no mais profundo de ti? Escuta aquilo que eu chamo a pequena voz interior. Ama a realidade e não a imagines.

A sua palavra de ordem para os próximos 10 anos ?

Ser feliz em cada instante.

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